Facilita piada a BEIJO na mesma medida que beijo a PIADA?

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7º Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Psicologia Experimental (APPE), 16-17 Março, 2012. Universidade de Lisboa, Portugal
Facilita piada a BEIJO na mesma medida que beijo a PIADA?
Testando a reversibilidade do efeito de priming afectivo
University of Minho, School of Psychology
Psycholinguistic Research Group
Comesaña, M.1, Valente, D.1, Pacheco, S. 1, Soares, A1., Ferré, P. 2, Fraga, I.3 e Sánchez-Casas, R. 2
1 Universidade
do Minho (Portugal), 2Universitat Rovira I Virgili (Espanha), 3Universidade de Santiago de Compostela (Espanha)
I. INTRODUÇÃO
O efeito de priming afectivo tem sido considerado como um índice da avaliação automática do conteúdo emocional dos estímulos (Hermans & Eelen, 1997). Este efeito
emerge quando as respostas a estímulos targets diferem dependendo de se prime-target são afectivamente congruentes [positivo-positivo (PP)/negativo-negativo
(NN)] vs. incongruentes [positivo-negativo (PN)/negativo-positivo (NP)]. No entanto, a questão de se o efeito deve ser derivado a partir do prime (PN-PP vs. NP-NN) ou
a partir do target (NP-PP vs. PN-NN) é uma questão controversa (e.g., Hermans & Eelen, 1997; Storbeck & Robinson, 2004). Esta questão metodológica está
estreitamente relacionada com outra de índole mais teórica, ou seja, é o efeito de priming afectivo um efeito puramente afectivo ou também semântico? (Storbeck &
Robinson, 2004; Zajonc, 1984).
II. OBJECTIVO E HIPÓTESE
Explorar a natureza do efeito de priming afectivo manipulando a reversibilidade prime-target (i.e., beijo-PIADA, experiência 1 vs. piada-BEIJO, experiência 2). Se o efeito
de priming afectivo for um efeito puro e independente do conteúdo semântico, então este não deveria ser afectado pela reversibilidade prime-target (i.e., beijo-PIADA vs.
piada-BEIJO). Adicionalmente, o efeito deveria aparecer tanto se for derivado a partir do prime como a partir do target.
III. MÉTODO
Participantes:
38 estudantes universitários portugueses do sexo feminino (M=21.7, DP=1.6)
nativos do português europeu. Todos os participantes preencheram o BDI
(Inventário de Depressão de Beck) e avaliaram, após a experiência, o conteúdo
emocional das palavras experimentais. Nenhum dos participantes possuía
perturbações de depressão e tinham uma visão normal ou corrigida.
Materiais:
96 palavras target retiradas da adaptação para o português europeu da
Affective Norms for English Words –ANEW (Soares et al., 2012): 48 positivas e
48 negativas equiparadas quanto ao nível de activação, extensão, frequência,
extremidade afectiva, classe gramatical e concreteza. Não existia relação de
associação semântica entre os pares de primes e targets criados.
Desenho:
2 (reversibilidade: experiência 1 e experiência 2) x 2 (valência do target: positivo vs.
negativo) x 2 (valência do prime: positivo vs. negativo) x 2 (Listas: lista 1 vs. lista 2).
Tarefa:
Tarefa de categorização afectiva combinada com o paradigma de priming.
IV. RESULTADOS
ANOVA TRs
Valência do target: F(1,34)= 10.89; p= .002; η2= .24; MSE= 59498.15
Valência do prime x valência do target x reversibilidade: F(1,34)= 40.72; p= .000; η2= .55; MSE= 40834.99
Experiência 2
Experiência 1
BEIJO
#####
piada
#####
Até o participante
responder ou
passados 1500 ms.
#####
16.67 ms
beijo
100,02 ms
#####
500 ms
Figura 1 – Procedimento da experiência 1.
*
100
80
16.67 ms
100,02 ms
500 ms
Figura 2 – Procedimento da experiência 2.
100
*
80
*
*
*
*
60
60
*
40
40
Target constante
Prime constante
20
*
0
-20
PIADA
Até o participante
responder ou
passados 1500 ms.
Positivos
*
*
20
Target constante
Prime constante
0
Positivos
Negativos
Negativos
-20
-40
-40
-60
-60
Figura 3 – Tamanho do efeito de priming observado na experiência 1 em
função do estimulo constante (prime vs. target).
Figura 4 – Tamanho do efeito de priming observado na experiência 2 em
função do estimulo constante (prime vs. target).
V. CONCLUSÃO
-O tamanho de priming afectivo foi modulado pela reversibilidade prime-target, sendo que na experiência 1 observou-se efeito de facilitação para pares congruentes positivos e
de inibição para pares congruentes negativos, enquanto que na experiência 2 os resultados inverteram-se.
-O padrão de resultados foi semelhante quando derivamos o efeito de priming a partir do prime vs. a partir do target.
-Os dados parecem apoiar a ideia de que o efeito de priming afectivo depende das propriedades semânticas dos estímulos prime-target (Storbeck & Robinson, 2004).
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