Fitoterapia Ayurvédica Neste momento do nosso estudo

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Cikitsa dravya guna
Fitoterapia Ayurvédica
Neste momento do nosso estudo iremos iniciar a análise única da farmacologia ayurvédica.
Como já foi dito anteriormente, ervas, plantas medicinais e demais alimentos como cereais
e etc, são vistos sob a mesma ótica dentro deste sistema. Assim, todas as substâncias
presentes estão sujeitas a classificações de acordo com suas propriedades de sabor,
potência, pós-sabor e efeito específico como descrito na seção sobre alimentação.
O raciocínio é o mesmo ao trabalhar com as ervas. O diferencial está no fato de
encontrarmos nas plantas e ervas um universo impressionante de agentes naturais de
fortíssimos prabhav. Isto torna o reino das plantas medicinais bastante atrativo e eficaz para
o trabalho ayurvédico. O cuidado deve ser tomado para que o exercício da fitoterapia não se
torne algo centrado apenas nas queixas sintomáticas, anulando assim a rica contribuição do
ayurveda que é justamente a busca pela causa de toda uma complicação patológica. Buscar
utilizar ervas para aliviar/tratar certas condições de doença no paciente direcionando-se
apenas pelo fato de uma planta ser “boa” para esta ou aquela doença é no mínimo
“alopatizar” o tratamento com algo natural mas que de longe não estará tratando o ser de
forma holística e verdadeira. Logo, busque sempre a causa e não se deixe impressionar
pelos sintomas que invariavelmente assustam. Procure enxergar sempre os doshas fluindo
no paciente como em toda a natureza e busque apontar onde estar vikrti, ou desequilíbrio.
Se este processo de definição de Natureza(prakrti) e Desvio(vikrti) for feito com precisão, o
tratamento tem grandes chances de ser exitoso. Do contrário, a complicação pela qual o
paciente sofre, indubitavelmente, irá agravar-se.
Está sendo fornecido, em anexo, um fichário com algumas plantas medicinais conhecidas e
presentes no solo brasileiro. Nesta ficha as plantas/ervas estão classificadas sob a ótica
ayurvédica e com todas as informações pertinentes sobre suas propriedades destacadas.
Utilize este material em apêndice para auxiliá-lo no seu trabalho combinado-o com o
procedimento que segue:
Farmacologia Ayurvédica
A ciência da farmacologia inclui o conhecimento de Rasa, Virya, Vipak e Prabhav das
ervas que também formam a base da nutrição terapêutica.
Rasayanas é um eficaz e objetivo método para proteger e incrementar Ojas no corpo. O
experiente vaidya torna-se familiar com fórmulas tônicas para as diferentes constituições e
com específicas fórmulas para os sete dhatus e os strotas.
Diferentes partes das plantas medicinais demonstram afinidade com os dhatus através de
um similaridade constitucional:
Rasa
Rakta
Mamsa
Meda
Asthi
Majja
shukra
Suco
Seiva
Madeira
resinas
Casca
Folhas
Flores/frutos
Cikitsa dravya guna
As ervas também são classificadas de acordo com suas ações(karma):
 rakta sodhana (depurativos);
 krmighna (germicidas);
 stambhana (adstringente);
 jvarahara (antipirético);
 vatanuloman (carminativo);
 svedana (diaforético);
 mutrala (diurético);
 raktabhisarana (emenagogo);
 kasa svasahara (expectorante);
 virechana (purgativo);
 vikasi (antiespasmódico);
 dipanapacana (digestivo);
 brmhana (nutritivas);
 rasayana (rejuvenescedoras);
 vajikarana (energéticas).
Vishwabhesaja
Sunthi(gengibre) atua sobre todos os dhatus e é o mais sattvik das ervas. Os antigos mestres
chamavam-no de Vishwabhesaja ou o remédio universal. É uma preparação simples mas
plenamente eficaz e é feita pela combinação de 4 partes do suco do gengibre fresco para 1
parte do pó do gengibre, misturando tudo em um pilão(khalbhata) e então rolando
manualmente até se obter bolinhas(guti) próximas do tamanho de uma ervilha.
Vishwabhesaj guti são tomadas oralmente até três vezes por dia, sendo duas por vez, ou
seja, até seis por dia. Com mel aliviam kapha, com açúcar em pedra(rapaduras...) aliviam
Pitta e com sal em pedra(rock salt) aliviam vata.
Pancha Kasaya
Os cinco métodos principais para preparações herbais são:
 svarasa (suco);
 kalka (pasta);
 kvatha (decocção);
 phanta (infusão quente);
 hima (infusão fria).
Svarasa é mais forte e concentrada seguida pelas outras, listadas acima, em ordem
decrescente. Segue abaixo algumas ilustrações sobre diferentes fases do processo de
preparação:
Cikitsa dravya guna
Cikitsa dravya guna
Compostos
A arte de combinar ervas é uma ciência bem complexa e que necessita de longo estudo. Ela
é tão sofisticada que se tornou uma disciplina separada; isto porque muitas ervas e minerais
usados em várias fórmulas são irritantes e até mesmo tóxicas.
Assim iremos nos referir somente a ervas que são nutritivas e moderadas. Para tal, iremos
descrever um regra geral para a composição ou formulação de ervas:
Regra geral:
Iremos assumir que dividiremos o composto em dez partes, pelo peso total. Então, se
teremos um total de 750mg, cada parte será de 75mg, mas qualquer quantidade desejada
poderá ser feita proporcionalmente apartir destas diretrizes.
Selecione a erva que seja mais apropriada para o paciente na atual situação; esta será
chamada de Mula-dravya(substância principal). Se um composto tem 10 partes, a Muladravya deverá constituir entre 4 e 6 partes.
Mula-dravya deve opor-se diametralmente ao vikrti em termos de rasa, virya e vipaka. Se,
por exemplo, a desordem, vikrti, for de ordem Vata o sabor, rasa, deverá ser doce, ácido ou
salgado; virya deverá ser quente; vipak deverá ser doce ou ácido.
Se por alguma razão, talvez porque a Mula-dravya foi selecionada principalmente em
relação a força de sua prabhav(efeito específico), o rasa, virya e vipak da Mula-dravya não
formam oposição ao dosha desequilibrado. Então precisamos de adicionar uma Samandravya(substância equalizadora) com rasa, virya e vipak claramente definidos e que forcem
uma oposição ao vikrti. Quando necessário, Samana-dravya deverá constituir-se entre 2 e 4
partes das 10 partes que totalizam a fórmula. E quando usa-se Samana-dravya para
equilibrar o composto, Mula-dravya deverá ficar somente com 4 partes.
Quando não é necessário adicionar Samana-dravya, e isto acontece sempre que Muladravya atua diretamente no vikrti, então pode-se adicionar Samlaksyakrama-dravya que
literalmente quer dizer “aquele que conduz” e refere-se aquelas ervas que auxiliam Muladravya a alcançar o efeito desejado.
Por exemplo, se Mula-dravya é doce em vipak e levemente fria em virya, mas seria
necessário que ela fosse intensamente fria em virya, você poderia então adicionar uma
Samlaksyakrama-dravya que teria um sabor doce e um virya bem frio. OU poderia
adicionar uma substância que aumentaria o rasa, virya ou vipak, simplesmente por
redundância. OU poderíamos adicionar uma outra substância que tivesse um similar
prabhav ao de Mula-dravya. Samlaksyakrama-dravya deve compor entre 2 ou 3 partes do
composto e não deve ser mais de três ervas.
O restante da fórmula será, geralmente, composto por um transportador, Vahana-dravya.
Esta erva irá ajudar na digestão ou assimilação do composto. Gengibre, pimenta-do-reino,
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ghee ou açúcar mascavo. Esta substância não deve compor mais do que 2 partes da
composição.
Daremos dois exemplos básicos de fórmulas, com e sem Samana-dravya:
 Sem Samana-dravya:
6 partes Mula-dravya
3 partes Samlaksyakrama-dravya
1 parte Vahana-dravya
_________________________
10 partes
 Com Samana-dravya:
4 partes Mula-dravya
2 partes Samana-dravya
2 partes Samlaksyakrama-dravya
2 partes Vahana-dravya
_________________________
10 partes (Já que este é uma fórmula mais complexa, será preciso mais Vahana-dravya.)
Obs.: Fórmulas tradicionais não necessariamente seguem a regra detalhada acima. Por
exemplo, compostos clássicos como Triphala usam somente 3 Mula-dravyas e todas em
igual proporção.
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