uma contribuição da área de finanças para a estratégia

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FUNDAÇÃO ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLÍTICA DE SÃO PAULO
III SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA FESPSP
05 A 09 DE DEZEMBRO DE 2011
UMA CONTRIBUIÇÃO DA ÁREA DE FINANÇAS PARA A
ESTRATÉGIA DAS ORGANIZAÇÕES
Aluno: John Eduardo Pereira Faustino – Email: [email protected]
Orientador: Silvio José Moura e Silva – Email: [email protected]
Resumo
Esta pesquisa tem como objetivo principal mostrar como as estratégias
organizacionais estão relacionadas com os resultados dos índices contábeisfinanceiros. Para a conclusão da pesquisa procuramos identificar e avaliar
como a área de Finanças pode fornecer aos gestores informações relevantes
através dos índices econômicos financeiros e analisar a relação dos índices
econômicos financeiros com as estratégias organizacionais, especificamente
com as estratégias operacionais e de financiamento. O trabalho traz
conceitos de estratégia, administração estratégica, finanças, administração
financeira e indicadores escolhidos para este estudo. Foram escolhidas trinta
empresas listadas na bolsa de valores, para assim facilitar na extração dos
relatórios financeiros. Selecionamos sete índices-financeiros para aplicarmos
nas trinta empresas. Com estes dados foi possível analisarmos os
indicadores individualmente mostrando como os resultados podem ser úteis
para o processo de tomadas de decisão nas organizações. Com esses
conceitos, o trabalho tem como objetivo demonstrar como os administradores
ou gestores podem utilizar os índices-financeiros para a formulação ou
acompanhamento das estratégias nas organizações. Nos dias de hoje é
crescente a necessidade de criar estratégias diferenciadoras e responsáveis
por criar valor aos acionistas. Os administradores tem que ter informações
que mostrem a realidade da empresa, podendo-se utilizar de indicadores
selecionados e com eles obter resultados que traduzam a realidade e as
necessidades da empresa, desta forma ele poderá elaborar uma estratégia
para a criação de valor.
Palavras chaves: Gestão Estratégica, Índices Econômico-Financeiros,
Análise das Demonstrações Financeiras.
1
INTRODUÇÃO
Um dos fatores mais importantes a ser considerado hoje no ambiente empresarial é a
forma as organizações desenvolvem estratégias para a criação de valor. Novas
empresas nascem a cada dia, aumentando assim a competitividade no mercado e as
necessidades de diferenciação para atingir a maximização de valor para os acionistas.
A melhor forma de fazer isso é conhecendo os resultados da empresa e criando
estratégias
competitivas.
Um
planejamento
estratégico
serve
para
que
as
organizações possam atingir seu crescimento, definindo seus negócios visando criar
valor à curto, médio e a longo prazos.
Para as organizações definirem estratégias necessárias para crescimento e criação de
valor, elas analisam todos seus recursos. Existem muitas possibilidades de se analisar
o desempenho de uma empresa, sendo uma delas a forma financeira. As
demonstrações contábeis- financeiras apresentam uma série de dados sobre a
empresa, inclusive sobre as estratégias de uma organização, notadamente com foco
na análise da tomada de decisão sob os pontos de vista financeiro, operacional ou de
investimento.
Partindo desta premissa, a pesquisa traz um problema:
Como as estratégias organizacionais estão relacionadas com os
resultados dos índices contábeis-financeiros ?
Os objetivos da pesquisa são:
1. Identificar e avaliar como a área de Finanças pode fornecer aos
gestores informações relevantes através dos índices contábeisfinanceiros;
2. Analisar a relação dos índices contábeis-financeiros com as
estratégias organizacionais, especificamente com as estratégias
operacionais e de financiamento.
Para a conclusão do estudo analisamos empresas, através da aplicação de índices e
da analise dos resultados obtidos, enfatizamos a importância do tema para os
administradores e mostramos uma das ferramentas que pode ser utilizada para
tomada de decisão.
2
2.1
REFERENCIAL TEÓRICO
ESTRATÉGIA
O conceito de estratégia teve seu inicio na época das guerras, onde um general
conduzia um exército para seguir seu objetivo, Sun Tzu, um estrategista chinês, foi um
exemplo de general que levou seus exércitos ao campo de batalha usando conceitos
de estratégia.
A estratégia teve várias fases e significados, evoluindo de um conjunto de ações e
manobras
militares
para
uma
disciplina
do
conhecimento
administrativo,
a
Administração Estratégica, dotada de conteúdo, conceitos e razões práticas, e que
vem conquistando espaço tanto no âmbito acadêmico como no empresarial.
Estratégia é uma das palavras mais usadas no meio corporativo, ela pode ser definida
por diversos autores e usadas em diversos cenários. Existem muitas definições para
estratégia, isso depende da época em que foi estudada e a ênfase que o autor á
direciona.
Chandler (1962) define estratégia como uma determinação dos objetivos básicos de
longo prazo de uma empresa e a adoção das ações adequadas a afeição de recursos
para atingir esses objetivos, isso mostra que o autor tem em mente que estratégia é
algo bem a frente e que para isso é preciso definir ações para chegar a este objetivo.
Para Ansoff (19775), estratégia é um conjunto de regras de tomadas de decisão em
condições de desconhecimento parcial. As decisões estratégicas dizem respeito à
relação entre a empresa o seu ecossistema, dessa forma podemos entender que o
autor mostra que a estratégia é algo a ser usado na tomada de decisões.
Estratégia é uma força mediadora entre a organização e seu meio envolvente: um
padrão no processo de tomada de decisões organizacionais para fazer face ao meio
envolvente, segundo Mintzberg (2001).
Hoje a administração estratégica é utilizada por qualquer empresa, conscientemente
ou não, por necessidade ou puro reflexo ao ambiente.
Com o crescimento das organizações, surgiu a necessidade de reestruturação das
empresas, para se diferenciarem e conquistar espaço no mercado, podemos até
comparar esta situação com a época de guerra, onde para se vencer uma batalha era
necessária uma estratégia, para poder ter êxito contra o inimigo.
Ansoff (1990), diz que estratégia refere-se aos planos da alta administração das
organizações, tudo e definido pela elite gerencial e então transmitido para a base
gerencial. Assim acredita se que a base operacional é responsável pela tática.
Com o desenvolvimento do assunto estratégia, alguns autores começam a criar
funções tais como os estrategistas, que são responsáveis pela estratégia da
organização.
Segundo Mintzberg (2001) qualquer um na organização, que venha a controlar ações
importantes ou estabelecer precedentes, pode ser um estrategista. A função
estratégica também pode ser de um grupo de pessoas. Os gerentes são obviamente
os primeiros candidatos a tal papel, pois sua perspectiva é geralmente mais ampla do
que a de qualquer outra pessoa que se reporte para eles e porque eles naturalmente
têm muito poder.
AUTORES
CONCEITO
Estratégia é a determinação dos objetivos básicos de longo prazo de
Chandler (1962)
uma empresa e a adoção das ações adequadas e afetação de recursos
para atingir esses objetivos
Learned,
Andrews,
Christensen,
Guth
(1965)
Andrews (1971)
Estratégia é o padrão de objetivos, fins ou metas e principais políticas e
planos para atingir esses objetivos, estabelecidos de forma a definir qual
o negocio em que a empresa esta e o tipo de empresa esta e o tipo de
empresa que é ou vai ser
Estratégia é um conjunto de regras de tomada de decisão em condições
Ansoff (1977)
de desconhecimento parcial. As decisões estratégicas dizem respeito à
relação entre a empresa e o seu ecossistema
Estratégia refere-se à relação entre a empresa e o seu meio envolvente:
Katz (1970)
relação atual (situação estratégica) e relação futura (plano estratégico),
que é um conjunto de objetivos e ações a tomar para atingir esses
objetivos.
Estratégia é o forjar de missões da empresa, estabelecimento de
Steiner e Miner (1977)
objetivos à luz das forças internas e externas, formulação de políticas
especificas e estratégias para atingir objetivos e assegura a adequada
implantação de forma a que os fins e objetivos sejam atingidos.
Hofer & Schandel (1978)
Estratégia é o estabelecimento dos meios fundamentais para atingir os
objetivos, sujeito a um conjunto de restrições do meio envolvente
Estratégia competitiva são ações ofensivas ou defensiva para crias uma
Porter (1980)
posição defensável numa indústria, para enfrentar com sucesso as forças
competitivas e assim obter um retorno maior sobre o investimento.
Estratégia é um plano unificado, englobante e integrado relacionado as
Jauch e Gluek (1980)
vantagens estratégicas com os desafios do meio envolvente. É elaborado
para assegurar que os objetivos básicos da empresa são atingidos.
Quimm (1980)
Thietart (1984)
Estratégia é um modelo ou plano que integra os objetivos, as políticas e
a seqüência de ações num todo coerente
Estratégia e o conjunto de decisões e ações relativas a escolha dos
meios e a articulação de recursos com vista a tingir um objetivo
Estratégia designa o conjunto de critérios de decisão escolhido pelo
Martinet (1984)
núcleo estratégico para orientar de forma determinante e durável as
atividades e a configuração da empresa
Remanantsoa ( 1984)
Estratégia é o problema da afecção de recursos envolvendo de forma
durável o futuro da empresa
Estratégia é uma força mediadora entre a organização e o sei meio
Mintizberg (1988ª)
envolvente:
um
padrão
no
processo
de
tomada
de
decisões
organizacionais para fazer face ao meio envolvente
Estratégia é o conjunto de decisões coerentes, unificadoras e integradas
Hax e Majluf (1988)
que determina e revela a vontade da organização em termos de objetivos
de longo prazo, programa de ações e prioridade na fixação de recursos
Quadro 1 Conceitos de Estratégia
Fonte: Nicolau (2001, p.4-5-6).
Nota Adaptações feitas pelo autor.
2.1.1 ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA
Segundo Moreira (2002), existem estudos que mostram que mais de 70% de
empresas fracassam com suas estratégias, isso mostra uma deficiência com os
processos, existem diversos motivos para que questões estratégicas fracassem no
caminho ou até antes mesmo de sair do nível estratégico ou alta administração.
Com o estudo se pode perceber que em todas as organizações há três níveis,
independente de seu porte, conforme a Figura 1.
Com o ritmo acelerado das transformações do mercado e necessidade de
diferenciação e evolução das organizações surgiu a administração estratégica.
Administração estratégica é uma administração do futuro que, de forma estruturada,
sistêmica e intuitiva, consolida um conjunto de princípios, normas e funções para
alavancar harmoniosamente o processo de planejamento da situação futura desejada
da empresa como um todo e seu posterior controle perante os fatores ambientais bem
como a organização e direção dos recursos empresariais de forma otimizada com a
realidade ambiental, com a maximização das relações interpessoais. (OLIVEIRA,
1995, p. 28).
Figura 1 - Níveis Organizacionais
A administração estratégica surgiu com a importância da implantação da estratégia e
não apenas do processo pelo qual elas foram formuladas, ela trouxe métodos de
avaliação e controle da estratégia. Administração estratégica é um processo
sistemático para a tomada de decisões, visando garantir o sucesso da empresa em
seu ambiente futuro.
Em 1999, uma pesquisa realizada pela Symnetics com 100 empresas brasileiras
mostrou que somente 10% das estratégias são implementadas com sucesso.
As principais razões encontradas nas falhas de implementação de 90% das
estratégias não estavam na formulação em si:
•
Barreira da visão – somente 5% do nível operacional compreende a estratégia
•
Barreira das pessoas – somente 25% do nível gerencial possuem incentivos
vinculados ao alcance das estratégias
•
Barreira de recursos – 60% das empresas não vinculam recursos financeiros a
estratégia
•
Barreira de gestão – 85% dos gestores gastam menos de uma hora por mês
discutindo estratégia
Segundo Prado (2002), Kaplan e Norton são responsáveis por uma das ferramentas
mais importantes, que mudou a forma de gestão das estratégias em meados de 1990,
desenvolvendo um grupo de indicadores que ajudam a alta direção com uma
abrangência da visão estratégica dos negócios, sendo um instrumento de gestão que
transforma a estratégia da empresa num conjunto de indicadores, sejam eles
financeiros ou não-financeiros.
O Balanced Scorecard traz um método organizado para selecionar os indicadores que
implica o gerenciamento da organização. Em instrumento utilizado para permitir uma
análise do desempenho da organização com base em sua gestão estratégica,
Buscando o alinhamento das unidades de negócios e dos recursos financeiros e
físicos aos valores, a cultura e a estratégia da empresa.
A proposta da criação do método de Kaplan e Norton assume a intenção básica de
que os fatores necessários para o desempenho não são plenamente retratados pelas
medidas contábeis e financeiras, mas sim devendo haver um alinhamento entre
indicadores financeiros e operacionais. Esta relação de causa efeito estabelecida pelo
sistema o Balanced Scorecard proporciona melhor alinhamento organizacional com a
Visão-Missão da empresa, na medida em que estabelece uma base de indicadores
interligados em quatro perspectivas estratégicas, identificadas como: Perspectiva do
Cliente; Perspectiva Interna; Perspectiva de Inovação e Aprendizado e Perspectiva
Financeira (KAPLAN e NORTON, 2000), conforme a Figura 2.
A visão de uma organização, entendida como situação futura desejada, tem como
propósito orientar, controlar e estimular uma organização inteira a conseguir esse fim
no futuro. Esta visão global é descrita e detalhada segundo quatro perspectivas.
Quadro 2 Balanced Scorecard
O BSC (Balanced Scorecard) foi apresentado inicialmente como um modelo de
avaliação e performance empresarial, porém, a aplicação em empresas proporcionou
seu desenvolvimento para uma metodologia de gestão estratégica.
2.2
FINANÇAS
Nas organizações fica a cargo das finanças planejar e controlar todas as atividades
referentes a geração de informações financeiras necessárias a administração que
incluem registros contábeis e fiscais, estoques, custos, fluxo de caixa, orçamentos
financeiros e bens patrimoniais. De acordo com Gitman (2004, p.4)
“Podemos definir finanças como a arte e a ciência de
administrar fundos. Praticamente todos os indivíduos e
organizações obtêm receitas ou levantam fundos, gastam ou
investem.
Finanças
ocupa-se
do
processo,
instituições,
mercados e instrumentos evolvidos na transferência de fundos
entre pessoas, empresas e governo.”
Figura 2 - Os segmentos de Finanças.
Fonte: Gitman (2004, p.5-6).
Nota Adaptações feitas pelo autor.
O tema finanças abrange toda a organização, ou seja, falar em finanças se restringe
em uma visão macro ou única, pois dentro de finanças existem diversos ramos, os
principais são: serviços financeiros e administração financeira, que por sua vez
também se ramificam, conforme a Figura 2.
2.2.1
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
O principal objetivo da administração financeira é criar valor para empresa através das
atividades de orçamento de capital, financiamento e liquidez da empresa. Assim, a
administração financeira proporciona conceitos para que a empresa venha a adquirir
ativos que gerem recursos que superem o seu custo e vender obrigações e ações que
gerem mais recursos do que gastem.
2.2.2 GESTÃO FINANCEIRA
Um dos assuntos importantes para este estudo é a gestão financeira que é um dos
ramos da administração financeira. A gestão financeira está relacionada à analise e ao
controle da rentabilidade efetiva das aplicações financeiras, de forma a decidir qual o
investimento ou financiamento usado pela empresa e como fazê-los .
A gestão financeira é segmentada por estratégia financeira e gestão de tesouraria
Figura 3. A tesouraria está relacionada com operações de curto prazo enquanto a
estratégia financeira de médio e longo prazo.
Figura 3 - Os segmentos de gestão financeira
Fonte: Neves (1994, p.16)
2.3
ESTRATÉGIA FINANCEIRA
Assaf (2008), “O principal indicador de agregação de riqueza é a criação de valor
econômico, que se realiza mediante a adoção eficiente de estratégia financeira...”,
A estratégia financeira está relacionada ao objetivo da empresa de criar valor aos seus
acionistas. As estratégias são divididas em três áreas, a saber: financiamento,
operacionais e de investimento. Em síntese, representam:
- Financiamento: procura substituir o capital próprio pelo de terceiros.
- Operacionais: distribuição e logística mais eficiente, com um maior giro de estoque.
- Investimento: a busca de novas oportunidades de mercado criadoras de valor
Para Assaf Neto (2008, p. 197) as seguintes estratégias devem ser consideradas nas
organizações; conforme a Figura 5:
-
estratégias de investimentos: maior giro dos investimentos, identificação
de oportunidades de crescimento, eliminação de ativos destruidores de
valor;
-
estratégias de financiamentos: melhor alavancagem financeira;
-
estratégias operacionais: preços competitivos, logística e distribuição,
escala de produção, qualidade e custos.
Figura 4 – Finanças Corporativas e Valor.
Fonte: Assaf Neto (2008, p.184).
Logo, este estudo não tem por objetivo analisar as estratégias de investimento nas
organizações e nem os índices relacionados à análise dos investimentos, podendo ser
objeto de outro estudo.
2.4
INDICADORES
Para Assaf Neto (2000, p. 97), a
“análise das demonstrações financeiras visa o estudo do desempenho
econômico-financeiro de uma empresa em determinado período passado, para
diagnosticar, em conseqüência, sua posição atual e produzir resultados que
sirvam de base para a previsão de tendências futuras. O que se pretende
avaliar na realidade são os reflexos que as decisões tomadas por uma
empresa determinam sobre sua liquidez, estrutura patrimonial e rentabilidade.”
A técnica mais comum empregada de análise baseia-se na apuração de resultados
dos indicadores.
A análise de índices envolve métodos de cálculos e interpretação de índices visando
analisar e acompanhar o desempenho da empresa. Os elementos principais para uma
análise de indicadores são a demonstração de resultado e o balanço patrimonial, com
eles é possível extrair informações necessárias para apuração dos resultados dos
diversos indicadores.
A seguir serão apresentados alguns dos índices, sendo sob o ponto de vista
financeiro: índices de liquidez e de estrutura de capital; e sob a ótica operacional, os
índices de atividade e rentabilidade.
2.4.1 ÍNDICES DE LIQUIDEZ
Segundo Matarazzo (1998, p. 95), “o índice de liquidez é o termômetro que mede quão
sólida é a base financeira da empresa, conseqüentemente a empresa com uma base
sólida dispõe de condições muito favoráveis para honrar seus compromissos, porém
não dá uma garantia de que o pagamento das dívidas ocorra no prazo acertado.”
Os índices de liquidez servem para medir a capacidade de uma empresa, ou seja,
mostrar a habilidade que ela tem para saldar seus débitos em um determinado tempo,
tendo como finalidade básica verificar a saúde financeira da empresa.
Os índices de liquidez selecionados são: liquidez geral, liquidez corrente, liquidez seca
e liquidez imediata, sendo a explicação de cada um deles a seguir.
2.4.1.1 ÍNDICE DE LIQUIDEZ GERAL
Este índice reflete a situação financeira de forma global, servindo como base para se
detectar a capacidade de pagamento de longo prazo da empresa. Para Assaf Neto
(2008, p. 120), sua formulação é dada abaixo:
Liquidez Geral =
Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo
Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo
2.4.2 ÍNDICES DE ATIVIDADE
Os índices de atividade são aqueles relacionados aos prazos que a empresa, em sua
operação, realmente paga seus fornecedores, vende seus estoques e recebe dos seus
clientes.
Esses índices buscam evidenciar a dinâmica operacional da empresa, em seus
principais aspectos refletidos no balanço patrimonial e na demonstração de resultados.
Os índices de atividade visam à mensuração das diversas etapas de um “ciclo
operacional”, o qual envolve todas as fases operacionais típicas de uma empresa, que
vão desde a aquisição de insumos básicos ou mercadorias, até o recebimento das
vendas realizadas. (ASSAF NETO, 2008, p. 122)
Os índices de atividade selecionados são: prazo médio de cobrança, prazo médio de
pagamento a fornecedores e prazo médio de estocagem, sendo cada um deles
explicados abaixo.
2.4.2.1 PRAZO MÉDIO DE ESTOCAGEM
O prazo médio de estocagem indica o tempo médio necessário para a completa
renovação dos estoques da empresa. (ASSAF NETO, 2008, p. 123)
Prazo médio de estocagem =
Estoque
Custo dos Produtos Vendidos
x 360
2.4.3 ÍNDICES DE ESTRUTURA DE CAPITAL
Estes índices permitem compreender as decisões financeiras de uma empresa em
relação à obtenção e aplicação de recursos financeiros, indicando a relação da
dependência da empresa em função dos recursos de terceiros.
Os indicadores previamente selecionados são: relação de capital de terceiros sobre o
capital próprio e relação de capital de terceiros sobre o passivo total.
2.4.3.1 RELAÇÃO CAPITAL DE TERCEIROS SOBRE PASSIVO TOTAL
Segundo Assaf Neto (2008, p. 123), este índice mensura a porcentagem dos recursos
totais que são financiadas por capital de terceiros. Sua formulação é:
Relação Capital de Terceiros sobre o Passivo Total =
Exigível Total
Passivo Total
2.4.4 INDICADORES DE RENTABILIDADE
Como um todo, "essas medidas permitem a quem analisa, avaliar os lucros da
empresa em confronto com um dado nível de vendas, um certo nível de ativos, o
investimento dos proprietários, ou o valor da ação." GITMAN (2004, p. 120).”
Os indicadores selecionados neste estudo são: margem operacional, retorno sobre o
investimento (ROI), retorno sobre o ativo (ROA) e retorno sobre o patrimônio líquido
(ROE) e serão explicados a seguir.
2.4.4.1 MARGEM OPERACIONAL
Para Gitman (2004, p. 122), "a margem operacional mede o que, com frequência, se
denomina lucros puros, obtidos em cada unidade monetária de venda. O lucro
operacional é puro, no sentido de que ignora quaisquer despesas financeiras ou
obrigações (juros ou impostos de renda) e considera somente os lucros auferidos pela
empresa em suas operações."
Margem operacional =
Lucro Operacional
Vendas Líquidas
2.4.4.2 RETORNO SOBRE O INVESTIMENTO (ROI)
Segundo Padoveze (1997, p. 174), é uma das formulações mais utilizadas pelas
organizações, pois relaciona os investimentos efetuados com o lucro anual obtido.
O ROI permite avaliar o retorno produzido pelo total dos recursos aplicados por
acionistas e credores nos negócios (ASSAF NETO, 2008, p. 124).
ROI = Lucro gerado pelos Ativos
Investimento
2.4.4.3 RETORNO SOBRE O PATRIMÔNIO LÍQUIDO (ROE)
O ROE é considerado o principal quociente de rentabilidade utilizado pelos analistas,
representa a medida geral de desempenho da empresa.
ROE =
Lucro Líquido
Patrimônio Líquido
Esses são os índices financeiros usados para analises, eles são os responsáveis de
trazer respostas aos acionistas, executivos, administradores, estrategistas, etc.
Para fazer a analise de 30 empresas selecionadas mediantes alguns critérios,
selecionamos sete indicadores que são: liquidez geral, prazo médio de estocagem,
relação capital de terceiros sobre passivo total, retorno sobre o investimento (ROI),
patrimônio sobre o patrimônio liquido (ROE), margem operacional e líquida.
Apesar de termos escolhidos alguns indicadores, isso não quer dizer que os outros
não são importantes, mas sim que não são necessários para este trabalho, e
lembrando que todos tem seu objetivo e sua aplicação varia de acordo com a
necessidade de análise de empresa.
3
3.1
ESTUDO DE CASO
EMPRESAS
Foi escolhida uma amostra de 30 empresas listadas na Bolsa de Valores de São Paulo
(Bovespa), conforme o Quadro 3, para realização de um estudo com o objetivo de
apresentar a situação financeira, com base nos índices utilizados como instrumento de
análise.
Para a escolha das empresas foram aplicados dois critérios obrigatórios:
- Ser listada na Bolsa de Valores de São Paulo desde 2004;
- Disponibilizar o relatório da administração dos anos de 2005 até 2009.
Esses critérios foram considerados para auxiliar na extração dos relatórios contábeis,
com os critérios podemos aumentar a chances das empresas terem os relatórios
disponíveis.
1.
CYRELA BRAZIL REALTY AS
2.
GAFISA
3.
KLABIN PREF.SHS
4.
PDG REALTY S.A. EMPREEND E
PAR
Construção e Transporte / Construção e Engenharia /
Construção Civil
Construção e Transporte / Construção e Engenharia /
Construção Civil
Construção e Transporte / Construção e Engenharia /
Construção Civil
Construção e Transporte / Construção e Engenharia /
Construção Civil
Construção e Transporte / Construção e Engenharia /
5.
ROSSI RESIDENCIAL
6.
GOL LINHAS AEREAS PFD
Construção e Transporte / Transporte / Transporte Aéreo
7.
TAM PREF SHS
Construção e Transporte / Transporte / Transporte Aéreo
8.
AMERICA LATINA UNITS
Construção e Transporte / Transporte / Transporte Ferroviário
9.
NET SERVICOS COMUNIC. PRF
SHS
Construção Civil
Consumo Cíclico / Mídia / Televisão por Assinatura
Consumo não Cíclico / Alimentos Processados / Carnes e
10.
BRF - BRASIL FOODS AS
11.
ITAUSA INVESTIMENTOS PREF
Financeiro e Outros / Intermediários Financeiros / Bancos
12.
BANCO BRADESCO PFD
Financeiro e Outros / Intermediários Financeiros / Bancos
13.
BANCO DO BRASIL
Financeiro e Outros / Intermediários Financeiros / Bancos
Derivados
14.
ITAU UNIBANCO HOLDING SA JBS
15.
REDECARD S.A.
16.
MMX MINERAO E METLICOS S.A.
Materiais Básicos / Mineração / Minerais Metálicos
17.
VALE
Materiais Básicos / Mineração / Minerais Metálicos
18.
GERDAU PREF.
Materiais Básicos / Siderurgia e Metalurgia / Siderurgia
19.
SID NACIONAL
Materiais Básicos / Siderurgia e Metalurgia / Siderurgia
20.
USIMINAS PREF.SHS A
Materiais Básicos / Siderurgia e Metalurgia / Siderurgia
21.
CIA BANDEIRANTES
22.
PETROLEO
Financeiro e Outros / Serviços Financeiros Diversos / Serviços
Financeiros Diversos
Construção e Transporte / Transporte / Serviços de Apoio e
Armazenagem
BRASILEIRO
PREF.SHS
23.
Financeiro e Outros / Intermediários Financeiros / Bancos
Petróleo,
Gás
e
Biocombustíveis
/
Petróleo,
Gás
Biocombustíveis / Exploração e/ou Refino
TELE NORTE LESTE PARTICIP
PRF
Telecomunicações / Telefonia Fixa / Telefonia Fixa
24.
TIM PARTICIPACOES PREF SHS
Telecomunicações / Telefonia Móvel / Telefonia móvel
25.
VIVO PARTICIPAÇÕES S.A
Telecomunicações / Telefonia Móvel / Telefonia móvel
26.
NATURA COSMETICOS S.A
27.
CIA
BRASILEIRA
Consumo não Cíclico / Produtos de Uso Pessoal e de Limpeza
/ Produtos de Uso Pessoal
DE
DISTRIBUIÇÃO
Consumo não Cíclico / Comércio e Distribuição / Alimentos
28.
PORTO SEGURO S.A
Financeiro e Outros / Previdência e Seguros / Seguradoras
29.
COBRASMA S.A
Bens Industriais / Material de Transporte / Material Ferroviário
30.
CIA BEBIDAS DAS AMERICAS –
AMBEV
Consumo não Cíclico / Bebidas / Cervejas e Refrigerantes
Quadro 3 Empresas Selecionadas
Com base nos critérios obrigatórios e alguns quesitos aleatórios definimos as 30
empresas, procuramos escolher empresas que atuassem em segmentos diferentes,
como
e
financeiro,
telecomunicações,
construção,
e
algumas
conhecidas
e
desconhecidas em relação a mídia, assim sendo foi possível analisar os relatório
financeiros de diversas empresas de diversos segmentos.
3.2
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
Para Assaf Neto (2000, p. 97), a
Análise das demonstrações financeiras visa o estudo do desempenho
econômico-financeiro de uma empresa em determinado período passado, para
diagnosticar, em conseqüência, sua posição atual e produzir resultados que
sirvam de base para a previsão de tendências futuras. O que se pretende
avaliar na realidade são os reflexos que as decisões tomadas por uma
empresa determinam sobre sua liquidez, estrutura patrimonial e rentabilidade.
O objetivo principal das empresas é criar valor, sempre a procura da riqueza e para
que isso seja possível existem diversas estratégias para pode auxiliar na execução de
seus objetivos, uma delas são as estratégias financeiras.
Ao observar os resultados dos índices notamos que existem alguns erros, #DIV/0! e
#N/D, esses erros trazem o significado de que não foi possível trazer um resultado
real, por conta de falta de valor que compõem a formula.
Na parte de análise das empresas podemos perceber que nem sempre as empresas
adotam o mesmo sistema de lançamento contábil e nem todos os indicadores servem
para todas as empresas, um exemplo é: não é possível aplicar o índice “prazo de
estocagem” em uma empresa financeira, como um banco, pois este tipo de empresa
não trabalha com estoque, tornando inviável o uso deste índice.
Para ilustrar a forma que os administradores podem usar os índices pegamos uma
empresa onde todos os indicadores que escolhemos tivessem resultado. A empresa
que vamos analises é a CIA BRASILEIRA DE DISTRIBUIÇÃO mais conhecida como o
Grupo Pão de Açúcar.
Após a escolha da empresa vamos analisar como foi seu desempenho:
Liquidez Geral: Os resultados mostram que a longo prazo a empresa não conseguiria
saldar suas dividas, isso porque os resultados estão abaixo de 1.
Prazo médio de estocagem: Os resultados mostram que os produtos ficam por um
curto período nos estoques, consequentemente o giro de estoque é grande.
Relação de capital dos terceiros: Os resultados obtidos com este índice mostram que
a empresa não é dependente do capital dos acionistas. A principio, um resultado maior
que 1 mostraria que a empresa tem maior grau de dependência financeira dos
recursos de terceiros.
ROI / ROE: Analisando estes índices notamos que os valores são próximos, mas o
ROE é menor que o ROI, mostrando que na empresa tem uma presença maior dos
recursos próprios.
Margem Operacional: Ignorando as despesas financeiras temos uma queda nos
resultados em 2005 2006 e 2007, nos anos seguintes houve um crescimento.
Margem Liquida: A margem liquida nos mostra o resultado após as deduções fiscais,
tendo a mesma oscilação da margem operacional, notamos que houve uma queda e
após 3 anos uma crescente evolução.
Com esta breve análise, procuramos demonstrar que é possível obter indicadores a
partir dos dados dos relatórios contábeis-financeiros.
Salienta-se que este trabalho não tem por objetivo analisar todos os indicadores, mas
sim identificar possíveis relações das estratégias com os indicadores.
4
CONCLUSÃO
Como as estratégias organizacionais estão relacionadas com os
resultados dos índices contábeis - financeiros?
Para respondermos a questão proposta tivemos dois objetivos com a pesquisa:
1. Identificar e avaliar como a área de Finanças pode fornecer aos
gestores informações relevantes através dos índices contábeis financeiros;
2. Analisar a relação dos índices contábeis - financeiros com as
estratégias organizacionais, especificamente com as estratégias
operacional e de financiamento.
Os índices financeiros são responsáveis em transformar números de relatórios
financeiros em resultados, serão fundamentais para os administradores tomarem
decisões estratégicas.
As estratégias financeiras trazem ferramentas para os administradores criarem
maneiras diferenciadoras para o aumento de valor das empresas.
Dos
indicadores
operacionais,
verifica–se
que
os
indicadores
ajudam
os
administradores a criarem estratégias para aumentar as vendas e a margem de lucro,
através de ações gerenciais que visam maximizar a eficiência das decisões
operacionais. Os índices que auxiliam nesta estratégia são os índices de atividades.
Em relação com os indicadores de financiamento, sua função das estratégias tem
como objetivo auxiliar na forma de criação de valor, onde os indicadores trazem
resultados para serem analisados pelos administradores. Assim eles serão capazes de
estruturar a forma que usam o capital para a eficiência de seus objetivos, analisando
alternativas de financiamentos e os projetos de investimento. Os índices que auxiliam
os administradores nesta estratégia são os de rentabilidade.
Evidencia-se que os resultados dos índices econômicos financeiros demonstram,
através da análise de seus resultados, algumas das estratégias adotadas pelas
organizações, sejam de natureza operacional ou de financiamento.
Após responder as questões da pesquisa é importante dizer que ela não é conclusiva
e sim um estudo que traz conceitos, ferramentas e informações que podem ser
utilizadas por gestores, administradores ou qualquer pessoa que possa tomar
decisões para aumento de desempenho nas organizações.
Apresentamos índices financeiros e escolhemos um grupo para o estudo, isso não
quer dizer que são os melhores para análise das empresas. Para a escolha de índices
é necessário saber a necessidade das empresas, e como a pesquisa mostrou
precisamos saber como a empresa trabalha com seus lançamentos contábeis e qual o
ramo de atuação. Evidenciamos também estratégias e formas de diferenciação para
maximização e eficiência de seus objetivos.
O trabalho mostra pontos e questões que podem ser melhoradas e aprofundadas em
um próximo trabalho acadêmico.
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