FUNDAÇÃO ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLÍTICA DE SÃO PAULO III SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA FESPSP 05 A 09 DE DEZEMBRO DE 2011 UMA CONTRIBUIÇÃO DA ÁREA DE FINANÇAS PARA A ESTRATÉGIA DAS ORGANIZAÇÕES Aluno: John Eduardo Pereira Faustino – Email: [email protected] Orientador: Silvio José Moura e Silva – Email: [email protected] Resumo Esta pesquisa tem como objetivo principal mostrar como as estratégias organizacionais estão relacionadas com os resultados dos índices contábeisfinanceiros. Para a conclusão da pesquisa procuramos identificar e avaliar como a área de Finanças pode fornecer aos gestores informações relevantes através dos índices econômicos financeiros e analisar a relação dos índices econômicos financeiros com as estratégias organizacionais, especificamente com as estratégias operacionais e de financiamento. O trabalho traz conceitos de estratégia, administração estratégica, finanças, administração financeira e indicadores escolhidos para este estudo. Foram escolhidas trinta empresas listadas na bolsa de valores, para assim facilitar na extração dos relatórios financeiros. Selecionamos sete índices-financeiros para aplicarmos nas trinta empresas. Com estes dados foi possível analisarmos os indicadores individualmente mostrando como os resultados podem ser úteis para o processo de tomadas de decisão nas organizações. Com esses conceitos, o trabalho tem como objetivo demonstrar como os administradores ou gestores podem utilizar os índices-financeiros para a formulação ou acompanhamento das estratégias nas organizações. Nos dias de hoje é crescente a necessidade de criar estratégias diferenciadoras e responsáveis por criar valor aos acionistas. Os administradores tem que ter informações que mostrem a realidade da empresa, podendo-se utilizar de indicadores selecionados e com eles obter resultados que traduzam a realidade e as necessidades da empresa, desta forma ele poderá elaborar uma estratégia para a criação de valor. Palavras chaves: Gestão Estratégica, Índices Econômico-Financeiros, Análise das Demonstrações Financeiras. 1 INTRODUÇÃO Um dos fatores mais importantes a ser considerado hoje no ambiente empresarial é a forma as organizações desenvolvem estratégias para a criação de valor. Novas empresas nascem a cada dia, aumentando assim a competitividade no mercado e as necessidades de diferenciação para atingir a maximização de valor para os acionistas. A melhor forma de fazer isso é conhecendo os resultados da empresa e criando estratégias competitivas. Um planejamento estratégico serve para que as organizações possam atingir seu crescimento, definindo seus negócios visando criar valor à curto, médio e a longo prazos. Para as organizações definirem estratégias necessárias para crescimento e criação de valor, elas analisam todos seus recursos. Existem muitas possibilidades de se analisar o desempenho de uma empresa, sendo uma delas a forma financeira. As demonstrações contábeis- financeiras apresentam uma série de dados sobre a empresa, inclusive sobre as estratégias de uma organização, notadamente com foco na análise da tomada de decisão sob os pontos de vista financeiro, operacional ou de investimento. Partindo desta premissa, a pesquisa traz um problema: Como as estratégias organizacionais estão relacionadas com os resultados dos índices contábeis-financeiros ? Os objetivos da pesquisa são: 1. Identificar e avaliar como a área de Finanças pode fornecer aos gestores informações relevantes através dos índices contábeisfinanceiros; 2. Analisar a relação dos índices contábeis-financeiros com as estratégias organizacionais, especificamente com as estratégias operacionais e de financiamento. Para a conclusão do estudo analisamos empresas, através da aplicação de índices e da analise dos resultados obtidos, enfatizamos a importância do tema para os administradores e mostramos uma das ferramentas que pode ser utilizada para tomada de decisão. 2 2.1 REFERENCIAL TEÓRICO ESTRATÉGIA O conceito de estratégia teve seu inicio na época das guerras, onde um general conduzia um exército para seguir seu objetivo, Sun Tzu, um estrategista chinês, foi um exemplo de general que levou seus exércitos ao campo de batalha usando conceitos de estratégia. A estratégia teve várias fases e significados, evoluindo de um conjunto de ações e manobras militares para uma disciplina do conhecimento administrativo, a Administração Estratégica, dotada de conteúdo, conceitos e razões práticas, e que vem conquistando espaço tanto no âmbito acadêmico como no empresarial. Estratégia é uma das palavras mais usadas no meio corporativo, ela pode ser definida por diversos autores e usadas em diversos cenários. Existem muitas definições para estratégia, isso depende da época em que foi estudada e a ênfase que o autor á direciona. Chandler (1962) define estratégia como uma determinação dos objetivos básicos de longo prazo de uma empresa e a adoção das ações adequadas a afeição de recursos para atingir esses objetivos, isso mostra que o autor tem em mente que estratégia é algo bem a frente e que para isso é preciso definir ações para chegar a este objetivo. Para Ansoff (19775), estratégia é um conjunto de regras de tomadas de decisão em condições de desconhecimento parcial. As decisões estratégicas dizem respeito à relação entre a empresa o seu ecossistema, dessa forma podemos entender que o autor mostra que a estratégia é algo a ser usado na tomada de decisões. Estratégia é uma força mediadora entre a organização e seu meio envolvente: um padrão no processo de tomada de decisões organizacionais para fazer face ao meio envolvente, segundo Mintzberg (2001). Hoje a administração estratégica é utilizada por qualquer empresa, conscientemente ou não, por necessidade ou puro reflexo ao ambiente. Com o crescimento das organizações, surgiu a necessidade de reestruturação das empresas, para se diferenciarem e conquistar espaço no mercado, podemos até comparar esta situação com a época de guerra, onde para se vencer uma batalha era necessária uma estratégia, para poder ter êxito contra o inimigo. Ansoff (1990), diz que estratégia refere-se aos planos da alta administração das organizações, tudo e definido pela elite gerencial e então transmitido para a base gerencial. Assim acredita se que a base operacional é responsável pela tática. Com o desenvolvimento do assunto estratégia, alguns autores começam a criar funções tais como os estrategistas, que são responsáveis pela estratégia da organização. Segundo Mintzberg (2001) qualquer um na organização, que venha a controlar ações importantes ou estabelecer precedentes, pode ser um estrategista. A função estratégica também pode ser de um grupo de pessoas. Os gerentes são obviamente os primeiros candidatos a tal papel, pois sua perspectiva é geralmente mais ampla do que a de qualquer outra pessoa que se reporte para eles e porque eles naturalmente têm muito poder. AUTORES CONCEITO Estratégia é a determinação dos objetivos básicos de longo prazo de Chandler (1962) uma empresa e a adoção das ações adequadas e afetação de recursos para atingir esses objetivos Learned, Andrews, Christensen, Guth (1965) Andrews (1971) Estratégia é o padrão de objetivos, fins ou metas e principais políticas e planos para atingir esses objetivos, estabelecidos de forma a definir qual o negocio em que a empresa esta e o tipo de empresa esta e o tipo de empresa que é ou vai ser Estratégia é um conjunto de regras de tomada de decisão em condições Ansoff (1977) de desconhecimento parcial. As decisões estratégicas dizem respeito à relação entre a empresa e o seu ecossistema Estratégia refere-se à relação entre a empresa e o seu meio envolvente: Katz (1970) relação atual (situação estratégica) e relação futura (plano estratégico), que é um conjunto de objetivos e ações a tomar para atingir esses objetivos. Estratégia é o forjar de missões da empresa, estabelecimento de Steiner e Miner (1977) objetivos à luz das forças internas e externas, formulação de políticas especificas e estratégias para atingir objetivos e assegura a adequada implantação de forma a que os fins e objetivos sejam atingidos. Hofer & Schandel (1978) Estratégia é o estabelecimento dos meios fundamentais para atingir os objetivos, sujeito a um conjunto de restrições do meio envolvente Estratégia competitiva são ações ofensivas ou defensiva para crias uma Porter (1980) posição defensável numa indústria, para enfrentar com sucesso as forças competitivas e assim obter um retorno maior sobre o investimento. Estratégia é um plano unificado, englobante e integrado relacionado as Jauch e Gluek (1980) vantagens estratégicas com os desafios do meio envolvente. É elaborado para assegurar que os objetivos básicos da empresa são atingidos. Quimm (1980) Thietart (1984) Estratégia é um modelo ou plano que integra os objetivos, as políticas e a seqüência de ações num todo coerente Estratégia e o conjunto de decisões e ações relativas a escolha dos meios e a articulação de recursos com vista a tingir um objetivo Estratégia designa o conjunto de critérios de decisão escolhido pelo Martinet (1984) núcleo estratégico para orientar de forma determinante e durável as atividades e a configuração da empresa Remanantsoa ( 1984) Estratégia é o problema da afecção de recursos envolvendo de forma durável o futuro da empresa Estratégia é uma força mediadora entre a organização e o sei meio Mintizberg (1988ª) envolvente: um padrão no processo de tomada de decisões organizacionais para fazer face ao meio envolvente Estratégia é o conjunto de decisões coerentes, unificadoras e integradas Hax e Majluf (1988) que determina e revela a vontade da organização em termos de objetivos de longo prazo, programa de ações e prioridade na fixação de recursos Quadro 1 Conceitos de Estratégia Fonte: Nicolau (2001, p.4-5-6). Nota Adaptações feitas pelo autor. 2.1.1 ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA Segundo Moreira (2002), existem estudos que mostram que mais de 70% de empresas fracassam com suas estratégias, isso mostra uma deficiência com os processos, existem diversos motivos para que questões estratégicas fracassem no caminho ou até antes mesmo de sair do nível estratégico ou alta administração. Com o estudo se pode perceber que em todas as organizações há três níveis, independente de seu porte, conforme a Figura 1. Com o ritmo acelerado das transformações do mercado e necessidade de diferenciação e evolução das organizações surgiu a administração estratégica. Administração estratégica é uma administração do futuro que, de forma estruturada, sistêmica e intuitiva, consolida um conjunto de princípios, normas e funções para alavancar harmoniosamente o processo de planejamento da situação futura desejada da empresa como um todo e seu posterior controle perante os fatores ambientais bem como a organização e direção dos recursos empresariais de forma otimizada com a realidade ambiental, com a maximização das relações interpessoais. (OLIVEIRA, 1995, p. 28). Figura 1 - Níveis Organizacionais A administração estratégica surgiu com a importância da implantação da estratégia e não apenas do processo pelo qual elas foram formuladas, ela trouxe métodos de avaliação e controle da estratégia. Administração estratégica é um processo sistemático para a tomada de decisões, visando garantir o sucesso da empresa em seu ambiente futuro. Em 1999, uma pesquisa realizada pela Symnetics com 100 empresas brasileiras mostrou que somente 10% das estratégias são implementadas com sucesso. As principais razões encontradas nas falhas de implementação de 90% das estratégias não estavam na formulação em si: • Barreira da visão – somente 5% do nível operacional compreende a estratégia • Barreira das pessoas – somente 25% do nível gerencial possuem incentivos vinculados ao alcance das estratégias • Barreira de recursos – 60% das empresas não vinculam recursos financeiros a estratégia • Barreira de gestão – 85% dos gestores gastam menos de uma hora por mês discutindo estratégia Segundo Prado (2002), Kaplan e Norton são responsáveis por uma das ferramentas mais importantes, que mudou a forma de gestão das estratégias em meados de 1990, desenvolvendo um grupo de indicadores que ajudam a alta direção com uma abrangência da visão estratégica dos negócios, sendo um instrumento de gestão que transforma a estratégia da empresa num conjunto de indicadores, sejam eles financeiros ou não-financeiros. O Balanced Scorecard traz um método organizado para selecionar os indicadores que implica o gerenciamento da organização. Em instrumento utilizado para permitir uma análise do desempenho da organização com base em sua gestão estratégica, Buscando o alinhamento das unidades de negócios e dos recursos financeiros e físicos aos valores, a cultura e a estratégia da empresa. A proposta da criação do método de Kaplan e Norton assume a intenção básica de que os fatores necessários para o desempenho não são plenamente retratados pelas medidas contábeis e financeiras, mas sim devendo haver um alinhamento entre indicadores financeiros e operacionais. Esta relação de causa efeito estabelecida pelo sistema o Balanced Scorecard proporciona melhor alinhamento organizacional com a Visão-Missão da empresa, na medida em que estabelece uma base de indicadores interligados em quatro perspectivas estratégicas, identificadas como: Perspectiva do Cliente; Perspectiva Interna; Perspectiva de Inovação e Aprendizado e Perspectiva Financeira (KAPLAN e NORTON, 2000), conforme a Figura 2. A visão de uma organização, entendida como situação futura desejada, tem como propósito orientar, controlar e estimular uma organização inteira a conseguir esse fim no futuro. Esta visão global é descrita e detalhada segundo quatro perspectivas. Quadro 2 Balanced Scorecard O BSC (Balanced Scorecard) foi apresentado inicialmente como um modelo de avaliação e performance empresarial, porém, a aplicação em empresas proporcionou seu desenvolvimento para uma metodologia de gestão estratégica. 2.2 FINANÇAS Nas organizações fica a cargo das finanças planejar e controlar todas as atividades referentes a geração de informações financeiras necessárias a administração que incluem registros contábeis e fiscais, estoques, custos, fluxo de caixa, orçamentos financeiros e bens patrimoniais. De acordo com Gitman (2004, p.4) “Podemos definir finanças como a arte e a ciência de administrar fundos. Praticamente todos os indivíduos e organizações obtêm receitas ou levantam fundos, gastam ou investem. Finanças ocupa-se do processo, instituições, mercados e instrumentos evolvidos na transferência de fundos entre pessoas, empresas e governo.” Figura 2 - Os segmentos de Finanças. Fonte: Gitman (2004, p.5-6). Nota Adaptações feitas pelo autor. O tema finanças abrange toda a organização, ou seja, falar em finanças se restringe em uma visão macro ou única, pois dentro de finanças existem diversos ramos, os principais são: serviços financeiros e administração financeira, que por sua vez também se ramificam, conforme a Figura 2. 2.2.1 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA O principal objetivo da administração financeira é criar valor para empresa através das atividades de orçamento de capital, financiamento e liquidez da empresa. Assim, a administração financeira proporciona conceitos para que a empresa venha a adquirir ativos que gerem recursos que superem o seu custo e vender obrigações e ações que gerem mais recursos do que gastem. 2.2.2 GESTÃO FINANCEIRA Um dos assuntos importantes para este estudo é a gestão financeira que é um dos ramos da administração financeira. A gestão financeira está relacionada à analise e ao controle da rentabilidade efetiva das aplicações financeiras, de forma a decidir qual o investimento ou financiamento usado pela empresa e como fazê-los . A gestão financeira é segmentada por estratégia financeira e gestão de tesouraria Figura 3. A tesouraria está relacionada com operações de curto prazo enquanto a estratégia financeira de médio e longo prazo. Figura 3 - Os segmentos de gestão financeira Fonte: Neves (1994, p.16) 2.3 ESTRATÉGIA FINANCEIRA Assaf (2008), “O principal indicador de agregação de riqueza é a criação de valor econômico, que se realiza mediante a adoção eficiente de estratégia financeira...”, A estratégia financeira está relacionada ao objetivo da empresa de criar valor aos seus acionistas. As estratégias são divididas em três áreas, a saber: financiamento, operacionais e de investimento. Em síntese, representam: - Financiamento: procura substituir o capital próprio pelo de terceiros. - Operacionais: distribuição e logística mais eficiente, com um maior giro de estoque. - Investimento: a busca de novas oportunidades de mercado criadoras de valor Para Assaf Neto (2008, p. 197) as seguintes estratégias devem ser consideradas nas organizações; conforme a Figura 5: - estratégias de investimentos: maior giro dos investimentos, identificação de oportunidades de crescimento, eliminação de ativos destruidores de valor; - estratégias de financiamentos: melhor alavancagem financeira; - estratégias operacionais: preços competitivos, logística e distribuição, escala de produção, qualidade e custos. Figura 4 – Finanças Corporativas e Valor. Fonte: Assaf Neto (2008, p.184). Logo, este estudo não tem por objetivo analisar as estratégias de investimento nas organizações e nem os índices relacionados à análise dos investimentos, podendo ser objeto de outro estudo. 2.4 INDICADORES Para Assaf Neto (2000, p. 97), a “análise das demonstrações financeiras visa o estudo do desempenho econômico-financeiro de uma empresa em determinado período passado, para diagnosticar, em conseqüência, sua posição atual e produzir resultados que sirvam de base para a previsão de tendências futuras. O que se pretende avaliar na realidade são os reflexos que as decisões tomadas por uma empresa determinam sobre sua liquidez, estrutura patrimonial e rentabilidade.” A técnica mais comum empregada de análise baseia-se na apuração de resultados dos indicadores. A análise de índices envolve métodos de cálculos e interpretação de índices visando analisar e acompanhar o desempenho da empresa. Os elementos principais para uma análise de indicadores são a demonstração de resultado e o balanço patrimonial, com eles é possível extrair informações necessárias para apuração dos resultados dos diversos indicadores. A seguir serão apresentados alguns dos índices, sendo sob o ponto de vista financeiro: índices de liquidez e de estrutura de capital; e sob a ótica operacional, os índices de atividade e rentabilidade. 2.4.1 ÍNDICES DE LIQUIDEZ Segundo Matarazzo (1998, p. 95), “o índice de liquidez é o termômetro que mede quão sólida é a base financeira da empresa, conseqüentemente a empresa com uma base sólida dispõe de condições muito favoráveis para honrar seus compromissos, porém não dá uma garantia de que o pagamento das dívidas ocorra no prazo acertado.” Os índices de liquidez servem para medir a capacidade de uma empresa, ou seja, mostrar a habilidade que ela tem para saldar seus débitos em um determinado tempo, tendo como finalidade básica verificar a saúde financeira da empresa. Os índices de liquidez selecionados são: liquidez geral, liquidez corrente, liquidez seca e liquidez imediata, sendo a explicação de cada um deles a seguir. 2.4.1.1 ÍNDICE DE LIQUIDEZ GERAL Este índice reflete a situação financeira de forma global, servindo como base para se detectar a capacidade de pagamento de longo prazo da empresa. Para Assaf Neto (2008, p. 120), sua formulação é dada abaixo: Liquidez Geral = Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo 2.4.2 ÍNDICES DE ATIVIDADE Os índices de atividade são aqueles relacionados aos prazos que a empresa, em sua operação, realmente paga seus fornecedores, vende seus estoques e recebe dos seus clientes. Esses índices buscam evidenciar a dinâmica operacional da empresa, em seus principais aspectos refletidos no balanço patrimonial e na demonstração de resultados. Os índices de atividade visam à mensuração das diversas etapas de um “ciclo operacional”, o qual envolve todas as fases operacionais típicas de uma empresa, que vão desde a aquisição de insumos básicos ou mercadorias, até o recebimento das vendas realizadas. (ASSAF NETO, 2008, p. 122) Os índices de atividade selecionados são: prazo médio de cobrança, prazo médio de pagamento a fornecedores e prazo médio de estocagem, sendo cada um deles explicados abaixo. 2.4.2.1 PRAZO MÉDIO DE ESTOCAGEM O prazo médio de estocagem indica o tempo médio necessário para a completa renovação dos estoques da empresa. (ASSAF NETO, 2008, p. 123) Prazo médio de estocagem = Estoque Custo dos Produtos Vendidos x 360 2.4.3 ÍNDICES DE ESTRUTURA DE CAPITAL Estes índices permitem compreender as decisões financeiras de uma empresa em relação à obtenção e aplicação de recursos financeiros, indicando a relação da dependência da empresa em função dos recursos de terceiros. Os indicadores previamente selecionados são: relação de capital de terceiros sobre o capital próprio e relação de capital de terceiros sobre o passivo total. 2.4.3.1 RELAÇÃO CAPITAL DE TERCEIROS SOBRE PASSIVO TOTAL Segundo Assaf Neto (2008, p. 123), este índice mensura a porcentagem dos recursos totais que são financiadas por capital de terceiros. Sua formulação é: Relação Capital de Terceiros sobre o Passivo Total = Exigível Total Passivo Total 2.4.4 INDICADORES DE RENTABILIDADE Como um todo, "essas medidas permitem a quem analisa, avaliar os lucros da empresa em confronto com um dado nível de vendas, um certo nível de ativos, o investimento dos proprietários, ou o valor da ação." GITMAN (2004, p. 120).” Os indicadores selecionados neste estudo são: margem operacional, retorno sobre o investimento (ROI), retorno sobre o ativo (ROA) e retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) e serão explicados a seguir. 2.4.4.1 MARGEM OPERACIONAL Para Gitman (2004, p. 122), "a margem operacional mede o que, com frequência, se denomina lucros puros, obtidos em cada unidade monetária de venda. O lucro operacional é puro, no sentido de que ignora quaisquer despesas financeiras ou obrigações (juros ou impostos de renda) e considera somente os lucros auferidos pela empresa em suas operações." Margem operacional = Lucro Operacional Vendas Líquidas 2.4.4.2 RETORNO SOBRE O INVESTIMENTO (ROI) Segundo Padoveze (1997, p. 174), é uma das formulações mais utilizadas pelas organizações, pois relaciona os investimentos efetuados com o lucro anual obtido. O ROI permite avaliar o retorno produzido pelo total dos recursos aplicados por acionistas e credores nos negócios (ASSAF NETO, 2008, p. 124). ROI = Lucro gerado pelos Ativos Investimento 2.4.4.3 RETORNO SOBRE O PATRIMÔNIO LÍQUIDO (ROE) O ROE é considerado o principal quociente de rentabilidade utilizado pelos analistas, representa a medida geral de desempenho da empresa. ROE = Lucro Líquido Patrimônio Líquido Esses são os índices financeiros usados para analises, eles são os responsáveis de trazer respostas aos acionistas, executivos, administradores, estrategistas, etc. Para fazer a analise de 30 empresas selecionadas mediantes alguns critérios, selecionamos sete indicadores que são: liquidez geral, prazo médio de estocagem, relação capital de terceiros sobre passivo total, retorno sobre o investimento (ROI), patrimônio sobre o patrimônio liquido (ROE), margem operacional e líquida. Apesar de termos escolhidos alguns indicadores, isso não quer dizer que os outros não são importantes, mas sim que não são necessários para este trabalho, e lembrando que todos tem seu objetivo e sua aplicação varia de acordo com a necessidade de análise de empresa. 3 3.1 ESTUDO DE CASO EMPRESAS Foi escolhida uma amostra de 30 empresas listadas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), conforme o Quadro 3, para realização de um estudo com o objetivo de apresentar a situação financeira, com base nos índices utilizados como instrumento de análise. Para a escolha das empresas foram aplicados dois critérios obrigatórios: - Ser listada na Bolsa de Valores de São Paulo desde 2004; - Disponibilizar o relatório da administração dos anos de 2005 até 2009. Esses critérios foram considerados para auxiliar na extração dos relatórios contábeis, com os critérios podemos aumentar a chances das empresas terem os relatórios disponíveis. 1. CYRELA BRAZIL REALTY AS 2. GAFISA 3. KLABIN PREF.SHS 4. PDG REALTY S.A. EMPREEND E PAR Construção e Transporte / Construção e Engenharia / Construção Civil Construção e Transporte / Construção e Engenharia / Construção Civil Construção e Transporte / Construção e Engenharia / Construção Civil Construção e Transporte / Construção e Engenharia / Construção Civil Construção e Transporte / Construção e Engenharia / 5. ROSSI RESIDENCIAL 6. GOL LINHAS AEREAS PFD Construção e Transporte / Transporte / Transporte Aéreo 7. TAM PREF SHS Construção e Transporte / Transporte / Transporte Aéreo 8. AMERICA LATINA UNITS Construção e Transporte / Transporte / Transporte Ferroviário 9. NET SERVICOS COMUNIC. PRF SHS Construção Civil Consumo Cíclico / Mídia / Televisão por Assinatura Consumo não Cíclico / Alimentos Processados / Carnes e 10. BRF - BRASIL FOODS AS 11. ITAUSA INVESTIMENTOS PREF Financeiro e Outros / Intermediários Financeiros / Bancos 12. BANCO BRADESCO PFD Financeiro e Outros / Intermediários Financeiros / Bancos 13. BANCO DO BRASIL Financeiro e Outros / Intermediários Financeiros / Bancos Derivados 14. ITAU UNIBANCO HOLDING SA JBS 15. REDECARD S.A. 16. MMX MINERAO E METLICOS S.A. Materiais Básicos / Mineração / Minerais Metálicos 17. VALE Materiais Básicos / Mineração / Minerais Metálicos 18. GERDAU PREF. Materiais Básicos / Siderurgia e Metalurgia / Siderurgia 19. SID NACIONAL Materiais Básicos / Siderurgia e Metalurgia / Siderurgia 20. USIMINAS PREF.SHS A Materiais Básicos / Siderurgia e Metalurgia / Siderurgia 21. CIA BANDEIRANTES 22. PETROLEO Financeiro e Outros / Serviços Financeiros Diversos / Serviços Financeiros Diversos Construção e Transporte / Transporte / Serviços de Apoio e Armazenagem BRASILEIRO PREF.SHS 23. Financeiro e Outros / Intermediários Financeiros / Bancos Petróleo, Gás e Biocombustíveis / Petróleo, Gás Biocombustíveis / Exploração e/ou Refino TELE NORTE LESTE PARTICIP PRF Telecomunicações / Telefonia Fixa / Telefonia Fixa 24. TIM PARTICIPACOES PREF SHS Telecomunicações / Telefonia Móvel / Telefonia móvel 25. VIVO PARTICIPAÇÕES S.A Telecomunicações / Telefonia Móvel / Telefonia móvel 26. NATURA COSMETICOS S.A 27. CIA BRASILEIRA Consumo não Cíclico / Produtos de Uso Pessoal e de Limpeza / Produtos de Uso Pessoal DE DISTRIBUIÇÃO Consumo não Cíclico / Comércio e Distribuição / Alimentos 28. PORTO SEGURO S.A Financeiro e Outros / Previdência e Seguros / Seguradoras 29. COBRASMA S.A Bens Industriais / Material de Transporte / Material Ferroviário 30. CIA BEBIDAS DAS AMERICAS – AMBEV Consumo não Cíclico / Bebidas / Cervejas e Refrigerantes Quadro 3 Empresas Selecionadas Com base nos critérios obrigatórios e alguns quesitos aleatórios definimos as 30 empresas, procuramos escolher empresas que atuassem em segmentos diferentes, como e financeiro, telecomunicações, construção, e algumas conhecidas e desconhecidas em relação a mídia, assim sendo foi possível analisar os relatório financeiros de diversas empresas de diversos segmentos. 3.2 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Para Assaf Neto (2000, p. 97), a Análise das demonstrações financeiras visa o estudo do desempenho econômico-financeiro de uma empresa em determinado período passado, para diagnosticar, em conseqüência, sua posição atual e produzir resultados que sirvam de base para a previsão de tendências futuras. O que se pretende avaliar na realidade são os reflexos que as decisões tomadas por uma empresa determinam sobre sua liquidez, estrutura patrimonial e rentabilidade. O objetivo principal das empresas é criar valor, sempre a procura da riqueza e para que isso seja possível existem diversas estratégias para pode auxiliar na execução de seus objetivos, uma delas são as estratégias financeiras. Ao observar os resultados dos índices notamos que existem alguns erros, #DIV/0! e #N/D, esses erros trazem o significado de que não foi possível trazer um resultado real, por conta de falta de valor que compõem a formula. Na parte de análise das empresas podemos perceber que nem sempre as empresas adotam o mesmo sistema de lançamento contábil e nem todos os indicadores servem para todas as empresas, um exemplo é: não é possível aplicar o índice “prazo de estocagem” em uma empresa financeira, como um banco, pois este tipo de empresa não trabalha com estoque, tornando inviável o uso deste índice. Para ilustrar a forma que os administradores podem usar os índices pegamos uma empresa onde todos os indicadores que escolhemos tivessem resultado. A empresa que vamos analises é a CIA BRASILEIRA DE DISTRIBUIÇÃO mais conhecida como o Grupo Pão de Açúcar. Após a escolha da empresa vamos analisar como foi seu desempenho: Liquidez Geral: Os resultados mostram que a longo prazo a empresa não conseguiria saldar suas dividas, isso porque os resultados estão abaixo de 1. Prazo médio de estocagem: Os resultados mostram que os produtos ficam por um curto período nos estoques, consequentemente o giro de estoque é grande. Relação de capital dos terceiros: Os resultados obtidos com este índice mostram que a empresa não é dependente do capital dos acionistas. A principio, um resultado maior que 1 mostraria que a empresa tem maior grau de dependência financeira dos recursos de terceiros. ROI / ROE: Analisando estes índices notamos que os valores são próximos, mas o ROE é menor que o ROI, mostrando que na empresa tem uma presença maior dos recursos próprios. Margem Operacional: Ignorando as despesas financeiras temos uma queda nos resultados em 2005 2006 e 2007, nos anos seguintes houve um crescimento. Margem Liquida: A margem liquida nos mostra o resultado após as deduções fiscais, tendo a mesma oscilação da margem operacional, notamos que houve uma queda e após 3 anos uma crescente evolução. Com esta breve análise, procuramos demonstrar que é possível obter indicadores a partir dos dados dos relatórios contábeis-financeiros. Salienta-se que este trabalho não tem por objetivo analisar todos os indicadores, mas sim identificar possíveis relações das estratégias com os indicadores. 4 CONCLUSÃO Como as estratégias organizacionais estão relacionadas com os resultados dos índices contábeis - financeiros? Para respondermos a questão proposta tivemos dois objetivos com a pesquisa: 1. Identificar e avaliar como a área de Finanças pode fornecer aos gestores informações relevantes através dos índices contábeis financeiros; 2. Analisar a relação dos índices contábeis - financeiros com as estratégias organizacionais, especificamente com as estratégias operacional e de financiamento. Os índices financeiros são responsáveis em transformar números de relatórios financeiros em resultados, serão fundamentais para os administradores tomarem decisões estratégicas. As estratégias financeiras trazem ferramentas para os administradores criarem maneiras diferenciadoras para o aumento de valor das empresas. Dos indicadores operacionais, verifica–se que os indicadores ajudam os administradores a criarem estratégias para aumentar as vendas e a margem de lucro, através de ações gerenciais que visam maximizar a eficiência das decisões operacionais. Os índices que auxiliam nesta estratégia são os índices de atividades. Em relação com os indicadores de financiamento, sua função das estratégias tem como objetivo auxiliar na forma de criação de valor, onde os indicadores trazem resultados para serem analisados pelos administradores. Assim eles serão capazes de estruturar a forma que usam o capital para a eficiência de seus objetivos, analisando alternativas de financiamentos e os projetos de investimento. Os índices que auxiliam os administradores nesta estratégia são os de rentabilidade. Evidencia-se que os resultados dos índices econômicos financeiros demonstram, através da análise de seus resultados, algumas das estratégias adotadas pelas organizações, sejam de natureza operacional ou de financiamento. Após responder as questões da pesquisa é importante dizer que ela não é conclusiva e sim um estudo que traz conceitos, ferramentas e informações que podem ser utilizadas por gestores, administradores ou qualquer pessoa que possa tomar decisões para aumento de desempenho nas organizações. Apresentamos índices financeiros e escolhemos um grupo para o estudo, isso não quer dizer que são os melhores para análise das empresas. Para a escolha de índices é necessário saber a necessidade das empresas, e como a pesquisa mostrou precisamos saber como a empresa trabalha com seus lançamentos contábeis e qual o ramo de atuação. Evidenciamos também estratégias e formas de diferenciação para maximização e eficiência de seus objetivos. O trabalho mostra pontos e questões que podem ser melhoradas e aprofundadas em um próximo trabalho acadêmico. 5 BIBLIOGRAFIA ANSOFF, I. Estratégia Empresarial, McGraw-hill, S. Paulo, 1977. ANSOFF, Igor, DECLERCK, Roger P., HAYES, Robert L. Do planejamento estratégico à administração estratégica. São Paulo: Atlas, 1990. ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico-financeiro. 5. Ed. - São Paulo: Atlas, 2000. ______. Finanças corporativas e valor. 3. Ed. - São Paulo: Atlas, 2008. 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