Depa artamento de d Engenh haria Inform mática Universsidade de Coimbra C Alg goritmoos de Diagnós D stico da D Doença d Hun de ntingtoon Algoritmos de Dia agnóstico e de d Auto-Regu ulação (ADAR) Grupo o 4: Ca arla Susan na Silva Per reira Lar ra Cristina Cordeiro Aires A ado em Enge enharia Biom médica Mestrado Integra Coimbra, 19 de Fevere eiro de 2008 Algoritmos de Diagnóstico da Doença de Huntington Objectivo O principal objectivo deste trabalho é uma introdução aos algoritmos de diagnóstico, essencialmente no que diz respeito à sua utilização e modo de funcionamento. Para isso, foi consultado o site http://www.Medal.org que contém diversos algoritmos médicos organizados por especialidades. De entre todas, a especialidade escolhida foi Genética Médica, uma vez que esta tem vindo a obter uma importância cada vez maior em vários domínios da Medicina. As anomalias congénitas e as doenças genéticas assumem cada vez mais um papel bastante relevante para os Serviços de Saúde e para a própria Sociedade, como consequência da diminuição da mortalidade infantil pelo melhoramento dos cuidados de saúde. [1] O peso da Genética demonstra-se ainda por um número cada vez maior de doenças comuns da vida adulta e doenças degenerativas. Actualmente a evolução tecnológica permite o diagnóstico clínico e laboratorial com qualidade e a sua aplicação no diagnóstico da doença, no diagnóstico pré-natal e ainda na detecção de portadores em risco. Para isso contribuem também os algoritmos de diagnóstico posteriormente abordados. Algoritmos de diagnóstico Um algoritmo de diagnóstico é qualquer computação, fórmula, estatística, nomograma1, ou tabela, útil em cuidados de saúde. [2] Um algoritmo de diagnóstico pode codificar diferentes conjuntos de conhecimento usado para resolver problemas clínicos, partindo de regras simples, que progressivamente vão sendo sofisticadas. Incluem aproximações de árvores de decisão em cuidados de saúde (isto é, se os sintomas A, B e C são evidentes, então usar o tratamento X) e também ferramentas menos claras destinadas a reduzir ou definir incertezas. Os algoritmos de diagnóstico fazem parte de um campo mais vasto que entram no âmbito da informática médica e da decisão médica. As 1 Nomograma – consultar a página http://en.wikipedia.org/wiki/Nomogram MEB – Algoritmos de Diagnóstico e de Auto-Regulação 2 Algoritmos de Diagnóstico da Doença de Huntington decisões médicas ocorrem em diversas áreas da actividade médica incluindo selecção de exames médicos, diagnósticos, terapia e controlo automático de equipamento médico. São exemplo de algoritmos de diagnóstico: → Calculadoras, por exemplo, uma calculadora on-line para o cálculo do índice de massa corporal quando são dados a altura e o peso. → Fluxogramas, por exemplo, uma árvore de decisão binária para decidir qual é a etiologia da dor no peito. → Tabelas, por exemplo, para procurar a energia contida e a constituição nutricional de um alimento. É neste tipo que se inserem os algoritmos que iremos abordar um pouco mais à frente. → Nomogramas, por exemplo, para calcular a área de superfície dum organismo ou a dosagem de uma determinada substância. O objectivo dos algoritmos de diagnóstico é melhorar e estandardizar decisões tomadas em cuidados médicos. Visam por um lado reduzir a possível introdução de erros e por outro, prever resultados aumentando a eficiência e rapidez de comunicação. Genética Médica De origem grega, a palavra genética define uma ciência do ramo da biologia, ciência essa dos genes, da hereditariedade e da variação dos organismos. De uma forma sintética estuda a transmissão de características biológicas ao longo das gerações, apresentando ferramentas importantes para a investigação das funções dos genes, bem como para a sua interacção genética. [3] A informação genética, comummente os genes, está contida nos cromossomas, que se encontram na molécula ADN e codifica a informação necessária para a síntese de novos elementos como por exemplo proteínas, influenciando assim o fenótipo2 final de um organismo. Após alguns anos de investigação e desenvolvimento, iniciados por Mendel, foi possível concluir que a aplicação da estatística à genética é de grande utilidade, pois é possível demonstrar padrões complexos de hereditariedade. 2 Fenótipo ‐ Aparência do indivíduo, em parte como consequência da sua constituição genética e ambiente. MEB – Algoritmos de Diagnóstico e de Auto-Regulação 3 Algoritmos de Diagnóstico da Doença de Huntington É diverso o âmbito da aplicação da genética, no entanto a genética médica consiste na prevenção, detecção e tratamento de doenças, substituindo ou eliminando determinados genes, melhorando o bem-estar do indivíduo. Desta forma, a actuação da genética médica estende-se além dos distúrbios genéticos hereditários, devido à crescente percepção do importante papel do gene na determinação da saúde do indivíduo. [4] ¾ ADN – Ácido desoxirribonucleico O ADN é uma molécula orgânica, descoberta em 1953, que contém a informação necessária à coordenação, desenvolvimento e funcionamento dos organismos. É composto por segmentos que contêm a informação genética, ou seja, os genes, e é o responsável pela transmissão das características às gerações seguintes. [5] O ADN é um polímero formado por unidades repetidas chamadas nucleótidos, que são monómeros com aproximadamente 0,33 nm, extremamente ricos em energia. Os nucleóttdos têm uma base nitrogenada, uma pentose e um grupo fosfato. São eles a adenina, a guanina, a citosina e a timina. [6] Uma característica do ADN é que não se encontra como uma molécula única (chamada fita simples), mas sim como um par de moléculas firmemente associadas, formando duas fitas que se entolam como uma trepadeira formando uma dupla hélice. Os problemas associados ao material genético são derivados de mutações, que ocorrem ao acaso e resultam do processo evolutivo, alterando a sequência de nucleótidos, que vão sendo transmitidos e que provocam alterações daas características dos indivíduos. Resumidamente, as mutações podem ser originadas por substituição, inserção e eliminação de nucleótidos. Essas alterações podem ser fatais no caso em que afectem a produção de enzimas e proteínas essenciais. MEB – Algoritmos de Diagnóstico e de Auto-Regulação 4 Algoritmos de Diagnóstico da Doença de Huntington Algoritmos em Genética Médica Como o objectivo deste trabalho passa pelo estudo de algoritmos de diagnóstico relacionados com a genética médica, seleccionamos apenas alguns de entre a vasta gama disponível. Geralmente os algoritmos são extremamente simples e eficientes, normalmente com expressões simples e fórmulas aritméticas, existindo por vezes variações de um algoritmo básico cujo objectivo é a obtenção de melhores resultados, ou novas abordagens a um problema. ¾ Doença de Huntington (Coreia de Huntington) A doença de Huntington, cujo nome deriva do médico George Huntington, é uma rara desordem neurológica hereditária que se desenvolve lenta e progressivamente afectando indivíduos por volta dos 35-40 anos de idade, predominantemente do sexo masculino, provocada por uma mutação genética que afecta o sistema nervoso central (degenerando o cérebro) provocando movimentos corporais involuntários e falta de coordenação. [7] [8] Esta mutação afecta cerca de uma em 10000 pessoas na Europa Ocidental, e uma em cada 1000000 na Ásia e África. Apesar da sua baixa incidência, segundo o Plano Nacional de Saúde para 2004/2010, prevê-se um aumento significativo da prevalência das doenças neurodegenerativas, entre as quais consta a Coreia de Huntington, em associação com o prolongamento da esperança média de vida. [9] É referida também a existência de uma elevada deficiência de dados epidemiológicos nacionais, sobretudo no que diz respeito a valores de prevalência, incidência, distribuição pelos diferentes estádios de doença, estratégias de recurso a cuidados de saúde e dados sobre custos indirectos para as famílias e serviços de saúde. Actualmente decorrem vários ensaios clínicos que testam a possibilidade de intervenções farmacológicas poderem atrasar a progressão das doenças neurodegenerativas. Estes ensaios têm incidido, entre outros, em doentes com formas iniciais de doença de Huntington. Se alguns destes medicamentos se revelarem eficazes no atraso da progressão para a incapacidade, a detecção e tratamento precoce destes pacientes assumirá extraordinária importância num futuro breve. A repercussão que esta terapêutica assumirá em termos de atenuação do MEB – Algoritmos de Diagnóstico e de Auto-Regulação 5 Algoritmos de Diagnóstico da Doença de Huntington sofrimento dos pacientes com doenças degenerativas e suas famílias, e de redução dos custos associados à doença, poderá ser extraordinário. Esta doença pode ser facilmente diagnosticada através de um simples teste de sangue, contudo os seus sintomas manifestam-se habitualmente já na meia-idade. [10] Como se pode perceber, a detecção precoce desta doença poderá ser de extrema importância, sendo que os algoritmos de diagnóstico que a seguir abordaremos terão um papel fundamental a este nível, no caso de indivíduos com familiares que apresentam a doença. A mutação genética caracteriza-se por repetições anormais (número de repetições superiores a 36, onde o normal é menos de 20 repetições) na sequência dos nucleótidos citosina, adenina e guanina (CAG) que codificam o aminoácido glutamina. Embora não seja uma doença terminal, as complicações por ela induzidas reduzem as expectativas de vida, até que na fase final da doença as condições são tais, que uma simples queda pode ser fatal. Por ser uma doença genética, actualmente não tem cura, mas os sintomas são controlados com medicações. Como se trata de uma doença hereditária, se uma geração não adquirir o gene, a geração seguinte não a adquirirá, perdendo-se assim ao longo das gerações. ¾ Algoritmos Um dos objectivos actuais da medicina e dos profissionais de saúde em geral, é tentar de certa forma prever, ou ter uma probabilidade associada a cada indivíduo sobre determinado assunto, podendo optar pela prevenção, e a doença de Huntington não é excepção. Sendo assim foram desenvolvidos algoritmos de diagnóstico, cujo principal objectivo é atribuir, e de certa forma prevenir para a realidade de ser, ou não, portador de doença. Sendo assim foram desenvolvidos algoritmos de forma a prever a probabilidade de estar afectado pela doença de Huntington, sabendo à priori se existe ou não algum parente que apresente a doença. MEB – Algoritmos de Diagnóstico e de Auto-Regulação 6 Algoritmos de Diagnóstico da Doença de Huntington Risco de doença de Coreia de Huntington num indivíduo saudável com progenitor afectado (Risk of Huntington's Chorea in a Healthy First Degree Relative with an Affected Parent) Este algoritmo pretende estimar o risco de um indivíduo aparentemente saudável, cujo progenitor apresente a doença, poder ser afectado com a mesma. Para isso, é apenas necessário conhecer a idade do indivíduo a analisar e dados recolhidos através de estudos populacionais para comparação. Como já foi referido, os parâmetros de entrada serão: • Ter progenitor com a doença (caso não tenha o teste é inválido); • Ser aparentemente saudável; • Idade. É então estimado o risco do paciente desenvolver a doença através dos polinómios de segundo grau que se apresentam de seguida e que têm em conta os intervalos de idade. Idade entre 20 e 40 anos: 0.000155 0.0058195 0.4413463 Idade entre 40 e 60 anos: 0.000077 0.004464 0.7309221 0.034305 1.6283243 Idades entre 60 e 72.5: 0.0001716 Pela análise dos resultados obtidos em estudos populacionais, elaborámos um gráfico (Gráfico 1) no qual se pode verificar a evolução do risco de ser afectado pela doença em função da idade do paciente. MEB – Algoritmos de Diagnóstico e de Auto-Regulação 7 Algoritmos de Diagnóstico da Doença de Huntington Risco de desenvolvimento da doença em função da idade 0,6 0,5 Risco 0,4 0,3 0,2 0,1 0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 Idade (anos) Gráfico1: Risco de desenvolvimento da doença, em função da idade, em anos. Risco de doença de Coreia de Huntington num indivíduo saudável com progenitor não afectado e parente em segundo grau afectado (Risk of Huntington's Chorea in a Health Second Degree Relative with Unaffected Parent) É usado para determinar o risco de um indivíduo aparentemente saudável apresentar doença de Huntington cujos progenitores não apresentam a doença mas que têm um parente em segundo grau que a apresenta. Este risco é determinado por análise de tabelas constituídas por dados adquiridos em estudos populacionais. Determinação do risco: • Parâmetros de entrada: o Ter familiar em segundo grau que apresente a doença o Idade do paciente o O paciente não apresenta sintomas da doença o Se o familiar está ou não vivo: Se sim: • Idade do familiar • Familiar apresenta ou não sintomas da doença Se não: • MEB – Algoritmos de Diagnóstico e de Auto-Regulação Idade do familiar quando faleceu 8 Algoritmos de Diagnóstico da Doença de Huntington • Familiar apresentava ou não sintomas da doença • Como os dados estão organizados em intervalos de 5 anos, se a idade a analisar não estiver tabelada, há que realizar uma interpolação de modo a determinar o seu valor. Previsão da idade de início de manifestação da doença de Huntington tendo por base o número de repetições de CAG (Age of Onset of Huntington's Chorea Based on the CAG Repeat Size) A Coreia de Huntington é associada com uma expansão instável do trinucleótido CAG. A idade de início de manifestação da doença e a incidência são afectadas pelo número de repetições de CAG, aumentando com estas. • Parâmetros de entrada: o • Número de repetições de CAG no paciente. Parâmetros de saída: o Incidência estimada o Menor idade estimada de início de manifestação da doença o Idade média de início de manifestação da doença o Maior idade estimada de início de manifestação da doença Abaixo, é apresentado um gráfico tendo por base dados obtidos de estudos populacionais, no qual se verifica a relação entre o número de repetições de CAG, a idade (Gráfico 2) e a incidência (Gráfico 3). MEB – Algoritmos de Diagnóstico e de Auto-Regulação 9 Algoritmos de Diagnóstico da Doença de Huntington Relacão entre a idade do indivíduo e o nº de repetições de CAG 70 Idade (anos) 60 50 40 30 20 10 0 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 Nº de repetições de CAG GRÁFICO 2: Relação entre a idade do individuo e o número de repetições de CAG. Relação entre a incidência da doença e o nº de repetições de CAG 120 Incidência (%) 100 80 60 40 20 0 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 Nº de repetições de CAG GRÁFICO 3: Relação entre a incidência da doença e o número de repetições de CAG. MEB – Algoritmos de Diagnóstico e de Auto-Regulação 10 Algoritmos de Diagnóstico da Doença de Huntington Conclusões Após a análise dos algoritmos anteriormente apresentados pudemos fazer algumas observações acerca dos mesmos. O facto de os dados usados como referência serem dados obtidos em estudos populacionais, que apesar de serem realizados com uma amostra significativa da população, podem não representar a realidade para um determinado indivíduo, pois todos os organismos respondem de maneira diferente a uma mesma realidade. Relativamente ao segundo algoritmo apresentado, pudemos constatar algumas limitações entre elas: - a exclusão de indivíduos com idades inferiores a 20 anos e superiores a 70 anos; - o risco de ser afectado poderá não ser exacto, uma vez que o valor obtido é determinado através de uma interpolação linear, o que obriga a alguns arredondamentos, e por isso mesmo, a alguma incerteza. Um dos factores mais importantes na utilização dos algoritmos de diagnóstico associados à genética médica é poder de certa forma alertar/informar para o facto de um indivíduo portador da doença poder transmiti-la aos seus descendentes. Actualmente, é discutida a ética associada aos estudos desenvolvidos para a detecção da doença, sabendo que esta não tem ainda um tratamento efectivo. [11] MEB – Algoritmos de Diagnóstico e de Auto-Regulação 11 Algoritmos de Diagnóstico da Doença de Huntington Bibliografia [1] http://www.espigueiro.pt/destaque_semanal/b6d767d2f8ed5d21a44b0e5886680cb9.html [2] http://en.wikipedia.org/wiki/Medical_algorithm [3] http://pt.wikipedia.org/wiki/Gen%C3%A9tica [4]http://paginas.terra.com.br/educacao/biolmol/GeneticaMedicina/Papel_da_Genetica_na_Medicina.htm [5] http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81cido_desoxirribonucleico [6] http://pt.wikipedia.org/wiki/Nucleot%C3%ADdeo [7] http://en.wikipedia.org/wiki/Huntington's_disease [8] http://www.saudeemmovimento.com.br/conteudos/conteudo_exibe.asp?cod_noticia=802 [9] http://www.dgsaude.min-saude.pt/pns/vol2_226.html [10] http://www.news-medical.net/?id=21171 [11] http://www.pubmedcentral.nih.gov/picrender.fcgi?artid=1785891&blobtype=pdf MEB – Algoritmos de Diagnóstico e de Auto-Regulação 12