655 Os Limites do Método Analítico em Tugendhat V Mostra de Pesquisa da PósGraduação Rogério Vaz Trapp, Ernildo Stein (orientador) Programa de Pós-Graduação em Filosofia, PUCRS, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas Resumo Nas Lições Introdutórias à Filosofia Analítica da Linguagem, Tugendhat apresenta o Método Analítico-Lingüístico como sendo o único método adequado tanto para a solução dos problemas filosóficos, quanto para a interpretação de toda a História da Filosofia. Posteriormente, sem abandonar o método de análise da linguagem, este é ampliado pela introdução da dimensão hermenêutica, que parece ligada àquilo que Tugendhat chamará, na esteira da fenomenologia de Heidegger, de dimensão de profundidade. Nosso texto, neste sentido, irá tentar explorar as implicações da relativização do método analítico frente às pretensões da Semântica formal, na medida em que esta se coloca no interior da tradição que, iniciada com Kant, dimensiona a Ontologia a partir da transcendentalidade das condições de possibilidade dos objetos. Com isto, na medida em que transcendentalmente método e objeto não se separam, também exploraremos as conseqüências da ampliação do método analítico sobre a própria condição de possibilidade dos objetos e, neste sentido, sobre a própria noção de objetividade. Por meio deste passo, pensamos que também será proveitoso o cotejamento das teses inerentes ao Método Analítico-Lingüístico com a principal tese de T. Kuhn, acerca das revoluções científicas, bem como com o seu conceito central: o conceito de paradigma. Introdução O objetivo deste texto é explorar as mudanças na concepção de método filosófico em Tugendhat e suas implicações para o projeto de uma Semântica formal, que se quer a mais nova reedição da Ontologia clássica. V Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2010 656 Discussão No prefácio de Autoconsciência e Autodeterminação, obra que forma uma unidade com as Lições Introdutórias à Filosofia Analítica da Linguagem, Tugendhat afirma que o método analítico-lingüístico é o único método genuinamente filosófico. Isto implica, segundo nosso autor, que este método também é o único adequado à interpretação de toda a história da filosofia. Deve-se atentar que esse ‘interpretar’, ao qual Tugendhat se refere, quer dizer: o método analítico-lingüístico é o único método legítimo para ler e corrigir a tradição. A origem da legitimidade do Método analítico-lingüístico pode ser localizada no pressuposto inerente à filosofia contemporânea, que toma a linguagem como único objeto de análise filosófica. Mais precisamente, na medida em que toma toda a dimensão considerada objetiva como dimensão lingüística. Em Tugendhat, este movimento de legitimação é realizado no sentido de demonstrar que a totalidade do entendimento é delimitada pela totalidade das formas sentenciais. Seu caráter absoluto, todavia, como único método adequado para a interpretação, e correção, de toda a história da filosofia, deve ser deduzido de duas premissas. A primeira reside precisamente neste alinhamento entre a totalidade do entendimento e a totalidade das sentenças, de tal forma que nenhum possível objeto filosófico encontrar-se-ia fora da dimensão lingüística. A segunda, que o equívoco da divisão das sentenças em sujeito e predicado foi a causa de todas as tentativas feitas pela tradição para encontrar uma mediação, uma ponte entre o sujeito cognoscente e o objeto conhecido. Isto equivale a dizer que um erro metodológico conduziu a um erro de justificação ao nível tanto ontológico, quanto epistemológico. O método analítico-lingüístico seria, pois, o único método adequado para resolver os problemas filosóficos porque se desdobra dentro da dimensão lingüística, evitando, com isto, em cair nos mesmos erros de justificação que a tradição. Por sua vez, ele teria condições de corrigir a tradição porque, ao interpretá-la, realiza também uma depuração metodológica e, com isto, uma alteração ao nível ontológico e epistemológico. Resultados Possíveis Frente à rigidez do método analítico-lingüístico, tal como elaborado por Tugendhat, o que nos salta aos olhos é a sua franca discordância com relação às afirmações, feitas sobre o mesmo método, nas obras tardias de nosso filósofo. Por isto, na versão completa deste resumo, desdobraremos o projeto de uma Semântica formal, de tal forma que possamos colher elementos que nos permitam compreender essas mudanças. V Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2010 657 Referências TUGENDHAT, Ernst. Vorlesungen zur Einführung in die sprachanalytische Philosophie. Frankfurt: Suhrkamp Verlag. 1976. TUGENDHAT, Ernst. Selbstbewusstsein und Selbstbestimmung. Frankfurt: Suhrkamp Verlag. 1979. TUGENDHAT, Ernst. Autoconsciencia y autodeterminación. México: Fondo de Cultura Económica. 1993. TUGENDHAT, Ernst. Lições Introdutórias à Filosofia Analítica da Linguagem. Ijuí: Ed. Unijuí. 2006. V Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2010