Os Limites do Método Analítico em Tugendhat

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Os Limites do Método Analítico em Tugendhat
V Mostra de
Pesquisa da PósGraduação
Rogério Vaz Trapp, Ernildo Stein (orientador)
Programa de Pós-Graduação em Filosofia, PUCRS, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas
Resumo
Nas Lições Introdutórias à Filosofia Analítica da Linguagem, Tugendhat apresenta o Método
Analítico-Lingüístico como sendo o único método adequado tanto para a solução dos
problemas filosóficos, quanto para a interpretação de toda a História da Filosofia.
Posteriormente, sem abandonar o método de análise da linguagem, este é ampliado pela
introdução da dimensão hermenêutica, que parece ligada àquilo que Tugendhat chamará, na
esteira da fenomenologia de Heidegger, de dimensão de profundidade. Nosso texto, neste
sentido, irá tentar explorar as implicações da relativização do método analítico frente às
pretensões da Semântica formal, na medida em que esta se coloca no interior da tradição que,
iniciada com Kant, dimensiona a Ontologia a partir da transcendentalidade das condições de
possibilidade dos objetos. Com isto, na medida em que transcendentalmente método e objeto
não se separam, também exploraremos as conseqüências da ampliação do método analítico
sobre a própria condição de possibilidade dos objetos e, neste sentido, sobre a própria noção
de objetividade. Por meio deste passo, pensamos que também será proveitoso o cotejamento
das teses inerentes ao Método Analítico-Lingüístico com a principal tese de T. Kuhn, acerca
das revoluções científicas, bem como com o seu conceito central: o conceito de paradigma.
Introdução
O objetivo deste texto é explorar as mudanças na concepção de método filosófico em
Tugendhat e suas implicações para o projeto de uma Semântica formal, que se quer a mais
nova reedição da Ontologia clássica.
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Discussão
No prefácio de Autoconsciência e Autodeterminação, obra que forma uma unidade
com as Lições Introdutórias à Filosofia Analítica da Linguagem, Tugendhat afirma que o
método analítico-lingüístico é o único método genuinamente filosófico. Isto implica, segundo
nosso autor, que este método também é o único adequado à interpretação de toda a história da
filosofia. Deve-se atentar que esse ‘interpretar’, ao qual Tugendhat se refere, quer dizer: o
método analítico-lingüístico é o único método legítimo para ler e corrigir a tradição.
A origem da legitimidade do Método analítico-lingüístico pode ser localizada no
pressuposto inerente à filosofia contemporânea, que toma a linguagem como único objeto de
análise filosófica. Mais precisamente, na medida em que toma toda a dimensão considerada
objetiva como dimensão lingüística. Em Tugendhat, este movimento de legitimação é
realizado no sentido de demonstrar que a totalidade do entendimento é delimitada pela
totalidade das formas sentenciais. Seu caráter absoluto, todavia, como único método adequado
para a interpretação, e correção, de toda a história da filosofia, deve ser deduzido de duas
premissas. A primeira reside precisamente neste alinhamento entre a totalidade do
entendimento e a totalidade das sentenças, de tal forma que nenhum possível objeto filosófico
encontrar-se-ia fora da dimensão lingüística. A segunda, que o equívoco da divisão das
sentenças em sujeito e predicado foi a causa de todas as tentativas feitas pela tradição para
encontrar uma mediação, uma ponte entre o sujeito cognoscente e o objeto conhecido. Isto
equivale a dizer que um erro metodológico conduziu a um erro de justificação ao nível tanto
ontológico, quanto epistemológico. O método analítico-lingüístico seria, pois, o único método
adequado para resolver os problemas filosóficos porque se desdobra dentro da dimensão
lingüística, evitando, com isto, em cair nos mesmos erros de justificação que a tradição. Por
sua vez, ele teria condições de corrigir a tradição porque, ao interpretá-la, realiza também uma
depuração metodológica e, com isto, uma alteração ao nível ontológico e epistemológico.
Resultados Possíveis
Frente à rigidez do método analítico-lingüístico, tal como elaborado por
Tugendhat, o que nos salta aos olhos é a sua franca discordância com relação às afirmações,
feitas sobre o mesmo método, nas obras tardias de nosso filósofo. Por isto, na versão completa
deste resumo, desdobraremos o projeto de uma Semântica formal, de tal forma que possamos
colher elementos que nos permitam compreender essas mudanças.
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Referências
TUGENDHAT, Ernst. Vorlesungen zur Einführung in die sprachanalytische Philosophie. Frankfurt:
Suhrkamp Verlag. 1976.
TUGENDHAT, Ernst. Selbstbewusstsein und Selbstbestimmung. Frankfurt: Suhrkamp Verlag. 1979.
TUGENDHAT, Ernst. Autoconsciencia y autodeterminación. México: Fondo de Cultura Económica. 1993.
TUGENDHAT, Ernst. Lições Introdutórias à Filosofia Analítica da Linguagem. Ijuí: Ed. Unijuí. 2006.
V Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2010
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