CRESCIMENTO INICIAL DA CULTIVAR CATISSOL IRRIGADO COM ÁGUA RESIDUÁRIA H. M. M. Barros1; K. D. Travassos1; L. O. de Andrade2; M. S. Santos2; P. H. R. Pinto3; L. H. G. Chaves4 RESUMO: O girassol é uma das poucas plantas das quais o homem pode explorar quase todas as suas partes. O presente trabalho teve como objetivo avaliar o índice velocidade de emergência, a porcentagem de germinação, número de folhas, diâmetro e comprimento da cultura quando irrigado com água residuária oriunda de esgoto doméstico em ambiente protegido (casa de vegetação) na Universidade Federal de Campina Grande, Campus I, em Campina Grande, PB. O delineamento experimental adotado foi inteiramente casualizado. Os tratamentos constaram de dois tipos de água: A1 – Água de abastecimento e A2 – Água residuária tratada; e 1 genótipo de girassol: G1 – Catissol em 14 repetições, totalizando em 28 parcelas, sendo cada constituída por dois tubetes. num total de 56 unidades. As variáveis analisadas foram: porcentagem de germinação (PG), número de folhas (NF), altura da planta (AP), diâmetro caulinar (DC), porcentagem de germinação (PG) foi determinada pelas plantas emitidas (NPE) em relação ao número de plantas plantadas (NPP). As plantas irrigadas com água residuária apresentaram um melhor desempenho no vigor e crescimento inicial em comparação aos irrigados com água de abastecimento. A cultivar Catissol obteve a melhor altura, irrigado com água de abastecimento. Recomenda-se a utilização de água residuária na produção de mudas e na fase de crescimento inicial de girassol. PALAVRAS-CHAVE: Helianthus annuus, esgoto doméstico, mudas THE GROWING CROP CATISSOL GROWTH WITH WASTEWATER SUMMARY: Sunflower is one of the few plants of which man can explore almost all of its parts. This study aimed to assess the speed of emergence index, germination percentage, number of leaves, diameter and length of the crop when irrigated with wastewater originating from domestic sewage in a protected environment (greenhouse) at the Federal University of Campina Grande Campus I, in Campina Grande, PB. The experimental design was completely randomized. Treatments consisted of two types of water: A1 - Water Supply and A2 Wastewater treated, and a sunflower genotype: G1 - Catissol in 14 repetitions, totaling 28 plots, each consisting of two tubes., a total of 56 units. The variables studied were: percentage of germination (PG), number of leaves (NL), plant height (PH), stem diameter (DC), germination 1 Doutorando em Engenharia Agrícola. Bolsista CNPq, UAEA/UFCG - Rua Manoel Joaquim Ribeiro, 701, Bodocongo, CEP 58430475 Campina Grande/PB; (83)33331923. E-mail: [email protected]. 2 Prof. Doutor. Depto de Agroecologia. UEPB Campina Grande/PB 3 Mestrando em Engenharia Agrícola. Bolsista CNPq, UAEA/UFCG Campina Grande/PB 4 Dr. Prof. Titular, UAEA/ UFCG, Campina Grande - PB H. M. M. Barros et al. percentage (PG) was determined by number of plants emitted (NPE) in relation to the number plantedplants (NPP). Plants irrigated with wastewater showed a better performance in the vigor and early growth compared to plants irrigated with water supply. Cultivar Catissol got the best time, irrigated with water supply. It is recommended The use of wastewater in the production of seedlings and the initial growth phase of sunflower is recommended. KEYWORDS: Helianthus annuus, domestic sewage, seedlings INTRODUÇÃO O girassol é uma das poucas plantas das quais o homem pode explorar quase todas as suas partes (Ungaro, 1986). A cultura do girassol é bastante valorizada por se tratar de uma fonte rica em óleo, extraída de sua semente, para a produção melífera e também por ser utilizada como silagem para a alimentação animal. (Schoellhorn et al., 2003). Esta oleaginosa apresenta características agronômicas importantes, como resistência à seca, ao frio e ao calor, assim como a maioria das espécies normalmente cultivadas no Brasil (Leite et al., 2007), permitindo que seja cultivado também no Nordeste brasileiro. A experimentação na área da floricultura sobre a viabilidade do uso de água residuária, apesar de ser escasso, tem demonstrado bons resultados nesta prática alternativa e ecológica como observado por Medeiros et al. (2007) que estudaram os efeitos desta irrigação na cultura da gérbera obtendo resultados que comprovaram a importância como recurso de suprimento potencializador de produtividade compatível. Outros experimentos com o cultivo do girassol foram desenvolvidos por Andrade et al. (2007), comprovando a eficiência do uso da água residuária como instrumento de irrigação que, além de suprir as necessidades hídricas da cultura ainda serve como fonte de nutrientes para o desenvolvimento da mesma. Neste trabalho objetivou avaliar a porcentagem de germinação, número de folhas, diâmetro e comprimento da cultura quando irrigado com água residuária oriunda de esgoto doméstico. MATERIAL E MÉTODOS Este experimento foi conduzido no período de 25 de Outubro a 11 de Dezembro de 2011 em condição de casa de vegetação, pertencente à Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola, do Centro de Tecnologia e Recursos Naturais, da Universidade Federal de Campina Grande, Campus I, Campina Grande, PB, cuja localização é dada pelas coordenadas geográficas 7º15´18´´ S e 35º52´28´´ W com altitude de 550 m. O delineamento experimental adotado foi inteiramente casualizado. Os tratamentos constaram de dois tipos de água: A1 – Água de abastecimento e A2 – Água residuária tratada; e 1 genótipo de girassol: G1 – Catissol em 14 repetições, totalizando em 28 parcelas, sendo cada constituída por dois tubetes, num total de 56 unidades. O genótipo foi desenvolvido e, gentilmente cedido pela EMBRAPA SOJA, localizado em Londrina - PR. A metodologia será semelhante à que vem sendo utilizada nos estudos anteriores com espécies frutíferas e oleaginosas (Nobre et al., 2003). A água residuária tratada utilizada na irrigação do experimento foi originária do córrego de Monte Santo (bairro da cidade de Campina Grande), esgoto de origem doméstica, onde foi H. M. M. Barros et al. captada e tratada, primeiro, por sistema de wetland, lagoa de estabilização durante 24 horas e depois tratada em Reator Anaeróbio de Manta de Lodo (UASB – Upflow Anaerobic Sludge Blanket). Após o tratamento a água residuária foi bombeada para o reservatório de 5000 L de capacidade localizado no interior da casa de vegetação, de onde era utilizada. O material de solo empregado foi proveniente do distrito de São José da Mata, municipio de Campina Grande e as águas (abastecimento e residuárias) usadas no experimento foram analisadas quanto no Laboratório de Irrigação e Salinidade (LIS) da UFCG, seguindo as metodologias propostas pela EMBRAPA (1997). Os Girassóis foram plantados em tubetes plásticos de cor preta, específicos para a produção de mudas de espécies florestais, de capacidade de 285 mL, os quais foram preenchidos com o respectivo solo e 50% de esterco curtido. Após a identificação dos tubetes os mesmos foram levados à capacidade de campo com a respectiva água do tratamento, com volume conhecido. Foram plantadas 2 sementes de girassol em uma profundidade de 3 cm por tubete. A irrigação com os dois tipos de água foi realizada desde o semeio; buscando-se a manutenção da capacidade de campo ao se aplicar diariamente. O desbaste ocorrerá após 10 dias após a emergência. As variáveis analisadas foram: porcentagem de germinação (PG), número de folhas (NF), altura da planta (AP) e diâmetro caulinar (DC). A porcentagem de germinação (PG) foi determinada pelas plantas emitidas (NPE) em relação ao número de plantas plantadas (NPP) (Eq. 1). %PG = (NPE / NPP) x 100 (eq.1) Obteve-se o número de folhas (NF) por girassol, considerando as que apresentavam comprimento mínimo de 3,0 cm, sendo obtido no final do experimento, aos (45 dias após o plantio). A altura de planta (AP) foi mensurada do colo da planta à gema apical utilizando uma régua de 50 cm. Para medição do diâmetro caulinar (DC) foi utilizado um paquímetro digital, com leituras a cinco centímetros acima do colo da planta. Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância e as águas comparadas pelo teste de Tukey ao nível de 0,01 de probabilidade. Todas as análises foram realizadas utilizandose o programa estatístico SISVAR-ESAL (Ferreira, 2008). RESULTADOS E DISCUSSÃO Para a porcentagem de germinação (PG), verificou-se que a cultivar Catissol obteve melhor desempenho irrigado com água residuária, com 91,96 % , observando que esta cultivar possuem um bom poder germinativo sento irrigado com água residuária. No resumo da análise de variância (Tabela 01), verifica-se que houve efeito significativo (p < 0,01) entre os tipos de águas para a variável de número de folhas (NF) aos 20 DAP. Podendo observar, através das médias, que as mudas irrigadas com água residuária obtiveram número de folhas (NF) superiores ao das plantas irrigadas com água de abastecimento. Andrade et al. (2007) trabalhando com a cultura do girassol, também obteve o numero de folhas irrigado com água residuária superior ao irrigado com água de abastecimento. Para a variável da Altura da planta (AP), observou que houve efeito significativo (p< 0,01) entre os tipos de águas aos 10 e 20 DAP. Irrigados com água de abastecimento, as mudas da cultivar Catissol tiveram um melhor desenvolvimento em comparação com as que foram H. M. M. Barros et al. irrigadas com água residuária. Augusto et al. (2007), trabalhando com produção de mudas de eucalipto, observaram, em AP efeitos significativos superiores em tratamento de fertirrigação utilizando água de abastecimento com adição de fertilizantes minerais, o que chamaram de tratamento convencional, quando comparado ao tratamento de fertirrigação com água residuária de esgoto doméstico tratado. Não foram observados efeitos significativos, a p ≤ 0,01 de probabilidade, de nenhum dos tratamentos sobre a variável diâmetro caulinar (DC), entretanto, observa-se conforme as médias da plantas irrigadas com água residuária uma superioridade as que foram irrigadas com água de abastecimento. Filho et al. (2002), trabalhando também com a cultura do girassol, observaram DC superior para as plantas do tratamento de irrigação utilizando esgoto tratado quando comparado ao uso água de poço de adição de nutrientes. CONCLUSÃO As plantas irrigadas com água residuária apresentaram um melhor desempenho no vigor e crescimento inicial em comparação aos irrigados com água de abastecimento. A cultivar CATISSOL obteve a melhor altura, irrigado com água de abastecimento. Recomenda-se a utilização de água residuária na produção de mudas e na fase de crescimento inicial de girassol. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem ao CNPQ pela conceção da bolsa de estudos, a Universidade Federal de Campina Grande e a EMBRAPA SOJA por ter cedido as sementes do Girassol. REFERÊNCIAS ANDRADE, L.O.; NOBRE, R.G.; SOARES, F.A.L.; GHEYI, H.R.; FIGUEIREDO, G.R.G.;SILVA, L.A. Germinação e crescimento inicial de plantas de girassol (Helianthus annuus L.) irrigadas com água residuária. Revista Educação Agrícola Superior. v.22, n.2, p.48-50, 2007. AUGUSTO, D. C. C.; GUERRINI, I. A.; ENGEL, V. L.; ROUSSEAU, G. X. Utilização de águas residuárias provenientes do tratamento biológico de esgotos domésticos na produção de mudas de Eucalyptus grandis Hill. Ex. Maiden. Revista. Árvore. Viçosa, MG, v.31, n.4, p.745-751, 2007. FERREIRA, D.F. Programa Sisvar versão 5.1. – programa de análises estatísticas. Lavras: DEX/UFLA, 2008. FILHO, M. L.; PEREIRA, M.G.; SILVA, D. A.; NETO, C. O. A.; MELO, H. N. S.; SILVA, G. B. Águas residuárias – Alternativa de reuso na cultura de girassol (Helianthus annus). VI Simpósio Ítalo Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental. Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental. Vitória. ES, 2002 LEITE, R.M.V.B.C.; CASTRO, C.; BRIGHENTI, A.M.; OLIVEIRA, F.A.; CARVALHO, C.G.P.; OLIVEIRA, A.C.B. Indicações para o cultivo de girassol nos Estados do Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Roraima. Comunicado Técnico 78. Fev. Londrina, PR. 2007. 4p. MEDEIROS, S.S.; SOARES, F.A.L.; GHEYI, H.R.; FERNANDES, P.D. Uso de água residuária de origem urbana no cultivo de gérberas: efeito nos componentes de produção. Revista Engenharia. Agrícola, Jaboticabal, v.27, n.2, p.569-578, maio/ago. 2007. H. M. M. Barros et al. NOBRE, R. G.; FERNANDES, P. D. ; GHEYI, H. R.; SANTOS, F. J. S.; BEZERRA, I. L.; GURGEL, M. T. Germinação e formação de mudas enxertadas de gravioleira sob estrsse salino. Pesquisa Agropecaria Brasileira, Brasília DF, v.38, n.12, p.1365-1371, 2003 SCHOELLHORN, R.; EMINO, E.; ALVAREZ, E. Specialty cut flower production guides for Florida: sunflower. Gainesville: University of Florida, IFAS Extension, 2003. 3p. UNGARO, M.R.G. Instruções para a cultura do Girassol. Campinas : Instituto Agronômico de Campinas. 1986, 26 p., (Boletim Técnico n. 105). Tabela 1. Resumo das análises de variância do Número de Folhas (NF), Altura da Planta (AP) e Diâmetro Caulinar (DC) de plantas de girassol aos 10 e 20 dias após a emergência, irrigados com águas de abastecimento e residuária. Campina Grande – PB, 2012. Quadrados Médios AP (cm) DC (mm) GL 10 DAP 20DAP 10 DAP 20DAP 10 DAP 20DAP Água (A) 1 0,160 ns 2,161 ** 14,10 ** 18,05** 0,001 ns 0,378 ns Resíduo 27 0,790 0,901 2,38 4,06 0,196 0,179 CV % 19,83 12,39 13,73 11,96 11,76 11,42 Água Médias Abastecimento 4,428 a 7,464 a 11,750 b 17,400 b 3,060 a 3,621 a Residuária 4,536 a 7,857 b 10,746 a 16,264 a 3,063 a 3,785 a GL = grau de liberdade; CV = coeficiente de variação; **= significativo a 1% de probabilidade; ns = não significativo Fonte de Variação NF