universidade candido mendes pós

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
OS EFEITOS DO DIVÓRCIO SOBRE O FILHO
ADOLESCENTE
Por: Silvio dos Santos Nogueira
Orientador
Prof. Ms. Nilson Guedes de Freitas
Rio de Janeiro
2004
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
OS EFEITOS DO DIVÓRCIO SOBRE O FILHO
ADOLESCENTE
Apresentação
de
monografia
Universidade
Candido
Mendes
à
como
condição prévia para a conclusão do Curso
de
Pós-Graduação
“Lato
Sensu”
Terapia de Família.
Por: Silvio dos Santos Nogueira
em
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço em primeiro lugar a Deus, e
seguindo, aos professores que tão
pacientes e sabiamente conduziram os
ensinos das matérias; aos
colegas
que
amigos e
deram-me
encorajando-me
durante
incentivo
o
tempo
destinado a realização deste curso de
especialização.
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a duas pessoas
muito importante na minha vida. A minha
esposa Andréa e ao meu filho Gabriel. O
brigado por existirem e fazerem parte da
minha vida. Amo vocês.
5
RESUMO
Entre todos os problemas e dificuldades do processo de separação, sem
dúvida nenhuma a questão mais angustiante e mais delicada diz respeito aos
filhos. A responsabilidade da vida e do futuro, o medo de errar, de causar
traumas ou interromper o desenvolvimento sadio são fatores que levam a
pensar se a separação deve ou não acontecer. A decisão de separar-se é
muito difícil, mas engana-se quem acredita que é melhor para a criança ter os
pais morando juntos, independente do tipo e da qualidade de relação. Na
verdade, tem sido sugerido que os problemas permanentes resultantes da
infância de filhos de pais separados, não é determinado pela separação em si,
mas por toda situação de conflito e tensão no período pré-separação. Sem
sombra de dúvida, os filhos vivem e crescem melhor com apenas um dos pais
em um ambiente tranqüilo do que com ambos em conflito constante , separarse pode ser a única solução sensata para toda família. Hoje em dia, filhos de
pais divorciados não são mais uma minoria nas escolas, entretanto a dor
experimentada não é menor por conhecerem outros filhos de pais divorciados,
qualquer que seja a idade da criança a separação dos pais representa um
período difícil para ela. Não existe uma fórmula que possa ser válida para
todos, mas uma forma de ajudar os filhos é dar a eles a oportunidade de falar
sobre a separação, de fazer perguntas, dizer o que sentem e de expressar
suas angústias. A maneira de falar e os detalhes explicados dependem da
idade e do grau de maturidade da criança, mas jamais a verdade deve ser
omitida, pois tira-lhe a opção de refletir sobre os fatos e conviver com sua
realidade, além de quebrar a confiança nos pais. Os filhos, quando não
convenientemente tranqüilizados, julgam-se responsáveis pelo que acontece
com seus pais. O ajustamento dos filhos após o divórcio é paralelo ao dos pais,
isto é, se os pais conseguirem enfrentar bem a situação, o mesmo acontecerá
com os filhos. Deve-se evitar passar para a criança os problemas que estão
vivendo, o ideal é distanciá-la do conflito conjugal, de forma que a rotina dela
seja mantida, isso auxilia a criança a se sentir protegida. É da maior
importância que os pais não envolvam os filhos em disputas sobre custódia ou
em partilha, pois escolher um dos pais significa não escolher o outro e força a
criança a violar seu próprio sentimento de lealdade a ambos, o que pode trazer
culpa e ansiedade. Os filhos precisam de ambos os pais, para eles não existe o
mais e o menos importante.
6
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
7
1DESDESVIOS DE CONDUTA
8
1.1 . Drogas
1.2 . Roubo
2 DIFUICULDADE ESCOLAR
14
2.1 . Concentração
2.2 . Relacionamento
3 ENTRADA PREMATURA NA VIDA ADULTA
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3.1. Relações sexuais precoces
3.2 . Responsabilidade no lar
4 DESCONTROLE EMOCIONAL
33
4.1. Depressão
4.2 . Raiva
CONCLUSÃO
46
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
47
7
INTRODUÇÃO
O
Divórcio é um momento de crise importante na vida da pessoa. Em
geral, ocorre uma reação de luto pelo fim da união. A maioria das pessoas
relata sentimentos de depressão e angústia intensa, relacionada a dúvidas e
mudança constante no humor na época do divórcio (às vezes alegre, eufórico,
às vezes triste, outras irritado). Apesar de uma separação poder ocorrer de
forma rápida, estudos mostram que o processo de recuperação psicológica da
crise do divórcio leva cerca de dois anos para ter uma resolução satisfatória,
quando torna-se possível que o ex-cônjuge seja visto de modo neutro (sem
raiva ou rancor intensos ou, pôr outro lado, quando deixa de ser visto como
"uma paixão insubstituível e perfeita"), com cada um dos separados aceitando
sua nova identidade de pessoa solteira ou descasada.
A separação de um casal pode se transformar em uma odisséia, ou
pode ser simplesmente um período de mudanças em que cada membro da
família, adulto ou criança, tem a oportunidade de recomeçar a vida. Mas é uma
empreitada de risco, uma travessia, que precisa ser bem acompanhada para
não deixar seqüelas.
Entre todos os problemas e dificuldades do processo de separação, sem
dúvida nenhuma a questão mais angustiante e mais delicada diz respeito aos
filhos. Qualquer que seja a idade dos filhos a separação dos pais representa
um período difícil para ela. O divórcio estabelece uma série de eventos
penosos e trágicos que força ajustes e mudanças que os filhos nem sempre
são capazes de fazer. Esses ajustes deixam sempre a sua marca; trata-se
apenas de uma questão de quão grande é a marca que permanece quando a
poeira assenta. É nesse ponto que as verdadeiras dificuldades surgem. A
maioria dos períodos pós-divórcio é ácida e no geral prejudica mais do que o
próprio divórcio, deixando quase sempre cicatrizes emocionais permanentes
em todos os envolvidos, mas especialmente nos filhos.
8
1.DESVIOS DE CONDUTA
A separação é uma experiência tremendamente negativa, é um sinal de
que um grande investimento não deu certo e acarreta perdas em diversos
setores. Perdas familiares, pessoais, financeiras, sociais. São diversos fatores
de stress que, reunidos, formam um entrave substancial para seguir adiante, se
não forem bem analisados e administrados.
A separação dos pais tem, obviamente, repercussão na esfera
emocional dos filhos. A ruptura pode ser muito dolorosa; pode provocar no
adolescente uma desorganização psíquica grave e, as vezes, longa , já que á
vivência da separação e da perda dos sonhos e projetos vêm se somar
reações de ódio, de humilhação, de culpa etc. Os sentimentos de amor e de
ódio se misturam com maior ou menor consciência e violência. Diante desse
quadro confuso
o adolescente poderá reagir com atitudes antisociais,
apresentando desta forma alguns desvios de conduta.
1.1. As drogas
A adolescência é conhecido como o período de transição da dependência
infantil para auto-suficiência adulta. Psicologicamente é considerado uma
situação marginal na qual tem que ser feitos ajustamentos, que distinguem o
comportamento de crianças e o comportamento de adultos, em uma
determinada sociedade. Cronologicamente este período se estende dos 12 aos
21 anos, podendo haver grandes variações individuais e culturais. É importante
ressaltar que este período tende a ocorrer primeiro para as moças que para os
rapazes.
Na adolescência há uma total revolução do ponto de vista "fisiológico,
cultural, emocional e social" e em sua grande maioria essa revolução vem
acompanhada pôr uma total incerteza dos papéis adultos a sua frente.
Juntamente com as mudanças fisiológicas do amadurecimento sexual
9
caminham componentes psicológicos tais como o instinto sexual (energias da
libido
procurando
extravasamento),
dentre
outros
fenômenos.
Os valores, a ética, a moralidade e a religião muitas vezes estabelecem
questões difíceis para os jovens que parecem extremamente preocupados com
o que possam parecer aos olhos dos outros, em comparação com o que eles
próprios julgam ser, e com a questão de como associar os papéis e aptidões
cultivados anteriormente aos protótipos ideais do presente. É na fase transitória
da adolescência que de fato ocorre o início da formação da identidade dos
indivíduos.
A passagem pôr esta fase nem sempre se faz de modo simples e fácil,
afinal o adolescente apesar de estar "crescendo" (a palavra adolescência vem
do latim "adolescere" que significa "crescer" ou "tomar-se forte") e se tomando
um adulto, ainda apresenta características psicológicas um tanto quanto
infantis. Assim, não sendo criança e não chegando a ser adulto, o adolescente
vê-se tratado injustamente, uma vez que lhe exigem mais deveres e lhe
reconhecem menos direitos. Eis pôr que os conflitos entre os desejos e a
realidade são mais agudos, podendo este jovem propender a rebeldia.
Na cultura ocidental a adolescência tem sido tipicamente encarada como uma
fase de turbulência na qual podem surgir inúmeros problemas que podem
algumas vezes perdurar pôr longo tempo na vida do indivíduo.
Embora o indivíduo se desenvolva socialmente durante toda sua vida, a
fase mais difícil de todos os ajustamentos sociais encontra-se na adolescência.
A família começa a ceder terrenos a outras fontes de influência na vida do
adolescente. Sobretudo, no início da adolescência, esta influência da
sociedade se intensifica devido ao desejo que o adolescente tem de ser
socialmente aceito e pelo conseqüente esforço em conformar-se com os
padrões aprovados pêlos grupos a que pertence (como a classe que estuda, os
vizinhos da rua.
A maior parte dos adolescentes se caracteriza pôr atitudes sociais
positivas, como a simpatia pêlos fracos e oprimidos, interesse pôr causas
10
sociais, impaciência perante restrições, desejo de reformar os outros. De
acordo com tais princípios o adolescente determina os amigos que serão mais
próximos, íntimos e os que serão mais afastados. Quando bem aceito pêlos
outros, ele se sente feliz e seguro.
Durante a adolescência os rapazes, principalmente, apresentam uma
extrema necessidade de emancipação familiar, mas esta só é obtida através da
independência
econômica.
Tal
situação
é
uma
causa
freqüente
de
desajustamento de adolescentes, já que devido a complexidade dos estudos
para que se tenha um nível médio de cultura este vê-se obrigado a passar anos
como estudante, em total dependência, "como na infância". Alguns se rebelam
contra esta situação e desenvolvem algumas atividades que lhes traga algum
retomo financeiro. Já as moças apresentam uma menor necessidade da
independência econômica, isto pode ser explicado pelo papel de obediência e
submissão que a mulher desempenhou e até hoje ainda desempenha em
nossa sociedade. Assim, uma moça não "fica mal" se tem um comportamento
acriançado, contudo, esta característica num rapaz é extremamente criticada,
já que aos rapazes é imposto a missão de adquirir, produzir e servir, em seus
aspectos sociais, econômicos e políticos.
A adolescência é uma crise psicológica inevitável, já que se trata da
passagem do estado infantil para o estado adulto; é, portanto, posição entre
duas coisas, sempre desconfortável. O adolescente é frágil psiquicamente, e o
seu ajustamento vai depender do suporte familiar para que ele possa encontrar
apoio e assim vencer os obstáculos. Entretanto, quando um casal se separa,
há necessariamente uma “crise” , já que há a ruptura de um equilíbrio. Pôr
vezes
a
criança
sente-se
envergonhada
com
o
divórcio
dos
pais,
especialmente os adolescentes. Ela pode ter dificuldade em conversar sobre
isso com os seus amigos, especialmente aqueles que não tenham passado por
isso. Pode sentir-se como um falhado pôr vir de um lar partido. Os
adolescentes, em particular, podem pôr uma máscara de fortaleza, como por
exemplo dizerem que não lhes preocupa ou afeta o divórcio. Em geral, as
11
crianças com esta atitude são as que estão a sofrer mais e a precisarem de
mais ajuda.
Dessa forma, o divórcio pôr vezes trás problemas de comportamento no
adolescente, como o desobedecer, não respeitar, também o beber, fumar e
tomar droga. O adolescente pode sentir a necessidade de tolher o seu
sofrimento porque se sente dominado pela dor. Logicamente, esta maneira de
lidar com o problema só agrava a situação e não resolve nada. O álcool pode
anestesiar a dor mas é um depressionante e eventualmente agrava a
depressão. As drogas interferem com o processo curativo e os momentos de
alívio só agravam a situação porque aumentam a depressão e destoem a
mente. O beber, fumar e tomar drogas, pode levantar os espíritos
temporariamente, mas a longo prazo pode trazer mais problemas.
As drogas certamente, tem sido uns dos maiores problemas que as
famílias tem enfrentado. Os malditos traficantes tem extrema competência para
seduzir os jovens a usarem as drogas. Diante da facilidade de adquiri-las,
muitos adolescentes vão buscá-las como revide contra os pais ou válvulas de
escape.
A maioria dos que tem problemas com o abuso de drogas são produtos
de lares instáveis e inadequados. Quando um jovem toma álcool ou outra droga
ele tem uma sensação de euforia, sente-se tranqüilo, menos nervoso mais
12
adequado e à vontade na companhia de outros. Seus problemas parecem
menos graves e o mundo lhe sorri. Podem haver ressacas ou remorso
periódicos em fases de sobriedade, mas o uso da droga continua porque a
mudança de disposição é tão agradável e o perigo parece pequeno.
O grande problema é que as drogas provocam a degeneração física e
psíquica do indivíduo e causam dependência. Para voltar a Ter as mesmas
sensações, a pessoa precisa usá-las novamente e , em geral , em doses
maiores. A pessoa que começou a usar a droga para fugir dos problemas,
tornou-se agora um viciado. Afim de escapar temporariamente às pressões e
gozar de um sentimento de tranqüilidade ou euforia, a pessoa começa com
quantidade limitadas de drogas e as toma apenas ocasionalmente. A medida
que o vício cresce, a necessidade da droga aumenta, diminui autocontrole
prejudicando ainda mais o relacionamento familiares e sociais.
Todas as crianças experimentam com o divórcio dos pais um sentimento
de abandono que pode ser tormentosamente intensificado quando se
culpabilizam com um sentimento de culpa irremediável de serem eles a causa
da separação dos pais. Situações vividas, diálogos plenos de hostilidade em
que as crianças escutam frases como por exemplo: "se não fossem os filhos,
13
não tinha que aturar-te e podia viver a minha vida ..." e outras semelhantes
conduzem as crianças ao desespero da culpa. Quando têm consciência do
abandono dos pais, arrastam um trauma, com dificuldade de aceitação da nova
situação imposta, e mais tarde as conseqüências manifestam-se infalivelmente
numa rebeldia agressiva, e uma desmotivação por regras sejam quais forem.
O egocentrismo inflou, avolumou intensamente e instalou-se como mais
um agente deformador das sociedades, que leva os seres humanos a
considerarem que a educação e formação dos filhos, que exigem sacrifícios e
renúncias é menos importante que a solução dos seus conflitos pessoais,
sobretudo os sentimentais e as suas realizações individuais.
Da mesma forma, o divórcio ou a separação, mesmo quando acontecem
de forma calma, sempre representam o fim de uma história comum e,
fatalmente, desilusão e um sentimento de vazio. Cada um tem sua forma de
resolver o seu problema. Al guns partem para o trabalho e outras realizações.
Outros afundam em depressão. Quando a criança fica frustrada pelo ambiente,
algumas vezes age de maneira delinqüente, apresentando outras vezes
comportamento reprovado pela sociedade. Neste caso, a pessoa reage a
frustração agredindo outros, no geral sem qualquer sentimento de remorso.
O adolescente muitas vezes manifestam seus problemas de maneira não
aceitável pela sociedade. Excesso de mentiras, violência, crime e roubo dão ao
14
adolescente uma sensação de poder, um sentimento de independência, um
meio de enfrentar os pais. A maioria dos adolescentes envolvidos com a
criminalidade, entram nesta vida porque querem chamar a atenção e serem
notados. Infelizmente, o meio usado para serem notados pêlos seus pais, aos
poucos começa a se tornar um problema que muitas vezes se torna um vício.
Assim, a pratica do roubo gera problemas muito serio para a família
envolvida. As conseqüências são desastrosas, podendo até
pôr em risco a
vida do próprio adolescente ou a de terceiro. Quando os problemas, sobretudo
os mais graves, aparecem a pessoa se entrega ao desespero e se sente
impotente diante da situação. Obviamente ela não precisava passar pôr tal
experiência, mas o fato de tentar chamar a atenção dos seus pais praticando o
roubo desencadeou tais situações angustiante gerando medo e dor.
15
2. DIFUICULDADE ESCOLAR
O objetivo primeiro do grupo familiar deve ser manter a estabilidade de
equilíbrio, já que a instabilidade engendra ansiedade e até mesmo angústia. Na
vida em família, como no teatro, cada um tem um lugar e um papel a
desempenhar, o que vai permitir conservar o equilíbrio. O lugar depende da
idade, do sexo, das ordem do nascimento dos irmãos etc. A cada lugar
corresponde um papel.
Quando o equilíbrio familiar é abalado por algum motivo, há
necessariamente uma crise e a criança não poderá ficar indiferente a essa
transformação.
Tudo
isso
poderá
refletir
na
escola,
prejudicando
a
concentração do adolescente durante as aulas. A intensidade desta reação vai
variar Segunda a personalidade e a sensibilidade de cada um.
çã
A separação de um casal pode se transformar em uma odisséia, ou pode
ser simplesmente um período de mudanças em que cada membro da família,
adulto ou criança, tem a oportunidade de recomeçar a vida. Mas é uma
empreitada de risco, uma travessia, que precisa ser bem acompanhada para
não deixar seqüelas.
Assim, quando um casal decide separar-se, surge uma fase de
turbulência durante o período de negociação que os pares travam para
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decidirem como será a nova vida de cada um deles. Mesmo que o casal tenha
decidido romper o vínculo de comum acordo, esta fase significa muito mais que
uma simples separação. É a fase em que as vidas de ambos saem do
equilíbrio anterior (bom ou ruim), como toda fase de mudança, onde tudo está
fora de lugar.
O equilíbrio familiar é o período em que existe uma harmonia, uma
rotina, onde tudo é conhecido e mais ou menos previsível. A ruptura do
equilíbrio familiar significa uma crise, que pode ser superada ou, ao contrário,
pode ser mantida causando sofrimentos a ambos os parceiros. Em geral, a
separação é o resultado de uma seqüência de pequenas crises de
desequilíbrio entre o casal, desorganizando o ambiente à sua volta. Se esta
fase é superada com êxito, mesmo que um dos parceiros (ou ambos) no íntimo
não desejassem separar-se, ainda assim a nova vida significa uma nova rotina,
uma fase diferente de um novo equilíbrio. É quando, cada um diz ‘Enfim, sós.
Mas agora, eles estão sós consigo mesmos, e não os dois (marido e mulher)
sós em relação ao mundo, quando se uniram pela primeira vez. Esse "enfim
sós", porém, muda bastante de figura quando o casal tem filhos.
Existem questões delicadas a serem revistas, tanto do lado dos adultos
quanto do lado das crianças. Além das questões resolvidas no âmbito jurídico,
existem as questões emocionais. Como ficam os filhos?
Um dos grandes problemas nas escolas são os transtornos do
aprendizados e os transtornos da conduta. Ambos podem ser de origem
orgânica ou emocional e são facilmente identificáveis.
A população de risco para baixo desempenho escolar e risco de
repetência (um dos grandes causadores do abandono da escola no ensino
regular) é muito conhecida de professores e orientadores pedagógicos, que
fazem o que podem. Sabem-se que o que afeta a mente afeta o
comportamento e vice-versa, como se fosse um retângulo, dividido ao meio por
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uma linha imaginária, onde na parte superior se escreveria mente e na inferior
corpo. É apenas uma questão de intensidade da interferência de um no outro.
E o que se pode fazer a esse respeito?
É preciso tentar encontrar uma solução através da compreensão e não do
julgamento, da procura de culpados.
O estresse emocional causado pêlos conflitos familiares é um dos
grandes causadores dessa situação que leva a um desajuste na escola.
Neste sentido, quando ocorre a separação ou o divórcio, além de as
crianças repetirem na escola o que vêem acontecer em casa – como
descontroles, brigas, abusos psicológicos -, elas também perdem a capacidade
de concentração e de prestar atenção nas aulas.
A incidência de repetência escolar e de baixa auto-estima é muito maior
nos filhos do divórcio como um todo. Não seria benéfico se nas escolas
houvesse grupos de atendimento para essa população? E se existisse a
formação, através das ONGs, de grupos de apoio às famílias afetadas pelo
divórcio que pudessem compartilhar experiência e se ajudarem mutuamente?
Há muitas questões em comum: a diminuição da renda, a troca de
escola, de casa, de amigos. É uma ferida no amor-próprio de todos que reabre
inúmeras vezes, antes de cicatrizar.
A maior causa de depressão na infância e adolescência é baixa-estima,
que precisa ser ressegurada constantemente durante os anos juvenis , através
de boas notas, bom desempenho nas relações vinculares, com os pais e avós;
o relacionamento é uma fonte de alimentação para o sentir-se assegurado e
aceito. Como trabalhar isso nas salas de aula? Se uma criança ou adolescente
deprime-se, os colegas ajudam, mas depois se cansam. Se esse mesmo
jovem tornar-se agressivo, todos se afastam dele. A situação requer medidas
18
imediatas e eficazes. A escola pode ser um segundo lar se todos cooperarem.
A dificuldade de aprendizagem pode não ser necessariamente resultado
de um baixo nível de inteligência ou educação, a causa pode esta relacionada
com a falta de afetividade.
2.2- Relacionamento
Uma atenta observação do comportamento da criança pode bastar para
compreender que eles podem apresentar alguns sintomas de desequilíbrio
emocional diante da separação dos seus pais. Esses sintomas consistiam em
maior agressividade e baixa auto- estima, resultando em comportamentos antisociais, menor desempenho escolar, maior recorrência a consultas de
psicologia e psiquiatria, maior abandono escolar, maior tendência para o
consumo de drogas e para problemas com a justiça, etc.
O divórcio é acompanhado por uma gama quase infindável de emoções,
incluindo ansiedade, culpa, medo, amargura, tristeza e frustração. O divórcio
envolve
a perda de uma estabilidade emocional e a morte de um
relacionamento. A reação, portanto, é de tristeza com todas as emoções que
esta acarreta. O divórcio não afeta apenas os sentimentos, mas influencia
aquilo que o adolescente faz. Comer , resolver problemas diários, cuidar dos
seus afazeres- essas e outras atividades rotineiras ficam prejudicadas diante
desta situação tão angustiante.
Os filhos do divórcio muitas vezes sentem solidão, insegurança e
perplexidade em meio aos problemas causados pela separação dos seus
progenitores. Assim sendo, ocasionará uma série de dificuldades nos seus
relacionamentos interpessoais.
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A adolescência é um período em que a pessoa está se modificando
em suas relações com os pais, companheiros da mesma idade e outros em
seu grupo social. É importante ser apreciado e aceito pêlos companheiros,
especialmente os dos sexo oposto, mas mesmo quando se afasta dos pais,
o adolescente necessita sentir que seu ambiente é estável. É importante
para uma criança e para um adolescente a segurança que lhe dá ter o seu
espaço próprio, os seus pontos de referência, o seu quarto, a sua casa, o
seu lar. Para a criança, a família é o centro do mundo, sua única fonte de
proteção. É por meio da união dos pais que ela se sente completa. Durante
seu desenvolvimento, ela vai fortalecendo esse sentimento de unidade e,
assim, construindo seu ser mais íntimo. De repente, a relação triangular
securizante que viviam se vê ameaçada. Elas assistem ao desmoramento
dos alicerces de seu castelo familiar, causando um desequilíbrio e gerando
um sentimento de insegurança.
Os conflitos e tensões que se originam em decorrência desta
instabilidade familiar, poderão provocará no adolescente, comportamentos
antisociais, dificultando assim, o seu relacionamento na sociedade onde
estão inseridos.
20
3. ENTRADA PREMATURA NA VIDA ADULTA
Após uma pré-adolescência vem um período chamado adolescência
anterior.
Esta
fase
é
caracterizada
pelo
desenvolvimento
da
heterossexualidade. As mudanças fisiológicas da puberdade são vistas, pelo
jovem, como experiências de prazer. Destes sentimentos, surge o dinamismo
do prazer que começa a afirmar-se na personalidade. O dinamismo do prazer
envolve, principalmente, a zona genital, porém outras zonas de interação, tais
como boca e as mãos também participam do comportamento sexual. Nesta
fase ocorre a separação entre a necessidade erótica e a necessidade da
intimidade. A necessidade erótica tem por objeto um membro do sexo oposto,
enquanto a necessidade da intimidade se fixa em um membro do mesmo sexo.
Desta forma, quando essas necessidades não se separam, o jovem
apresenta tendência homossexual, em lugar da heterossexual. Esta fase inicial
da adolescência persiste, até que a pessoa encontre maneira de exprimir seus
impulsos sexuais.
Por último vem o período final da adolescência, que inicia os privilégios,
deveres, satisfações e responsabilidades da vida social. Essa fase final da
adolescência estende-se de uma atividade genital qualquer, passando por
inúmeras experiências, até o estabelecimento de um repertório amadurecido de
relações que as próprias condições pessoais e culturais tomarem possíveis".
21
Para alguns antropólogos, com efeito, as sociedades que negam, adiam
ou regulam o sexo e outras atividades, apresentam mais marcantes os
problemas da adolescência, a que se classificou como o período de "storm and
stress". É esse o caso da sociedade latino-americana, onde o sexo ainda é
considerado um tabu. Entre tais problemas relacionados aos conflitos do
adolescente está a crise da intimidade.
A crise da intimidade é um período onde o jovem precisa estar
desenvolvendo a formação de sua identidade. O jovem que não está seguro de
sua identidade furta-se à intimidade ou lança-se em atos promíscuos, sem uma
verdadeira fusão ou real entrega de si próprio. Quando o indivíduo não
consume relações íntimas com outros utilizando seus próprios recursos
internos, ele poderá desenvolver no final da adolescência e início da vida
adulta um profundo sentimento de isolamento podendo gerar na vida adulta
homens com graves problemas de caráter, pois ele nunca se sentirá ele
próprio.
O adolescente enfrenta atualmente um grande problema que é a falta de
esclarecimentos sexuais. As jovens estão engravidando cada vez mais novas e
consequentemente devido ao fato de não estarem maduras o suficiente,
assumem responsabilidades que deveriam estar sendo conferida à adultos.
A contraparte da intimidade é o distanciamento, a facilidade em repudiar,
isolar e se necessário, destruir aquelas forças pessoais cuja essência pareça
perigosa para o indivíduo. Assim, a conseqüência duradoura da necessidade
de distanciamento fortifica o território da própria intimidade e solidariedade,
valorizando todas as diferenças entre os indivíduos podendo criar preconceitos,
onde pessoas fanáticas estão prontas a matar mostrando lealdade a sua
proposta ou à alguém. Mas a medida que as áreas da responsabilidade adulta
são delineadas surge um sentimento ético onde se passa a aceitar as
diferenças entre as pessoas, essa certeza sucede á convicção ideológica da
adolescência e, é a marca do adulto.
22
Perguntaram a Freud o que uma pessoa normal poderia fazer bem, e ele
respondeu com palavras bem simples: "Amar e trabalhar". Seria esta a fórmula
mais simples, porém quando aprofundamos nosso pensamento enxergamos a
real complexidade. Pois quando Freud disse "amor", este significa tanto o amor
íntimo (genital) como a generosidade da intimidade; quando disse amar e
trabalhar, significava uma produtividade geral do trabalho que não preocupasse
o indivíduo ao ponto em que pudesse perder o seu direito ou capacidade para
ser uma criatura sexual e amorosa. Um indivíduo só atingirá a total maturidade
sexual quando este amadurecimento da intimidade sexual com a plena
sensibilidade genital estiver relacionada com a capacidade de descarga de
tensão do corpo, sendo esta característica uma marca adulta.
3.1 . Relações sexuais precoces
Atualmente o divórcio é uma constante social. O rompimento familiar
afeta os filhos em qualquer idade. Porém a maioria dos filhos de pais
divorciados, imaginam, sonham que os seus pais voltarão um dia a reunir-se
refazendo o lar há muito perdido, sonho esse que é brutal e violentamente
contrariado quando um deles casa de novo, e muitas vezes o outro se lhe
segue também com novo casamento.
Em qualquer idade, diante dos conflito vivido entre os pais, os filhos
podem experimentar um sentimento de culpa que pode provocar diversas
preocupações e sintomas. Dos 12 aos 16 anos, o adolescente começa a
descobrir a sua própria identidade. Adquire uma consciência de si mesmo e do
sexo oposto. Tem noção das diferenças sociais. As amizades são mais
duradouras. Valorizam a lealdade e a confiabilidade. Há um maior
desenvolvimento da independência. Os filhos desta idade precisam de
estabilidade em seu lar e muita paciência e compreensão por parte de seus
pais, coisa que
separação.
na maioria das vezes não
acontece quando ocorre a
23
Normalmente o período da separação, causa um mal estar e gera um
desconforto para todos os envolvidos. Assim sendo, o divórcio dos pais pode
representar uma dificuldade a mais na vida do adolescente.
A partir dos 17 anos, o jovem continua debaixo do cuidado paternal, mas
leva uma vida mais independente. Estes podem ser anos de grande
companheirismo com os pais ou, de maior distanciamento. Os pais têm que
saber administrar bem esta fase . Esta etapa pode ser de profunda relação com
os seus progenitores. É indispensável, nessa fase, haver uma boa
comunicação entre pais e filhos. É um tempo de idealismo, ilusões, sonhos e
fantasias. O jovem precisa de modelos dignos, e com alvos definidos para a
vida. É um tempo para fixar metas, estabelecer relações e determinar o nível
de compromisso onde irá desenvolver sua vida. Se o adolescente não
conseguir encontrar nos seus pais a satisfação destas necessidades, poderão
diante dos conflitos manifestarem alguns comportamentos que poderão ser
prejudicial para todos os envolvidos.
O adolescente poderá entrar mais sedo na vida adulta e envolver-se em
relações sexuais precoces como forma de busca de conforto e intimidade, ou
até mesmo, para contrariar os seus pais. O comportamento sexual, pode ser
algumas vezes um meio de fugir do tédio, aliviar a tensão e evitar
temporariamente as pressões da vida. Em outra ocasiões, este comportamento
sexual indica uma rebelião contra a autoridade dos pais, uma declaração de
independência, ou uma expressão de ira e desafio contra os seus progenitores.
O sexo pode levantar os espíritos temporariamente, mas a longo prazo
pode trazer mais problemas. As experiências sexuais dos adolescentes, podem
causar uma série de efeitos emocionais, culpa, medo, ciúme, ansiedade etc. e
criar um desastre psicológico.
O risco que os adolescentes correm são os mais diversos possíveis.Com
o início da vida sexual sem qualquer planejamento, eles ficam vulneráveis
diante de uma situação que só trará para eles um desconforto em um profundo
24
mal estar. Assim sendo, as suas vidas estarão diante de sérios problemas, que
poderão perdurar pôr toda sua vida.
As conseqüências de uma relação sexual precoce, poderão ser
diversas. No caso específico da menina, poderá ocorrer uma gravides
indesejada que possivelmente causará
um dano irreparável na vida desta
adolescente, ou até mesmo, na vida da criança quando nascer. Ainda mais o
aborto pode ser escolhido como forma de solucionar o problema e, assim,
causar outros problemas mais sérios, como por exemplo, colocar em risco a
vida da adolescente.
É inegável a certeza de que o aborto é praticado atualmente no Brasil
em larga escala. Mesmo com a Lei Penal coibindo e tipificando como crime a
prática do aborto, milhares de mulheres fazem parte da parte da sociedade que
praticou o aborto. Mulheres sem suporte sócio-econômico e psicológico.
Mulheres carentes de tudo. Ironicamente só não lhes falta fertilidade. Mulheres
que não têm condições de ter filhos, mas se engravidam. Então só há duas
saídas: Renegar o filho antes dele nascer ou abandoná-lo, depois de nascido.
Hoje em dia, ocorrem vários casos em que a gravidez é indesejável.
Vários são os motivos: a qualidade de vida sócio-econômica da maior parte
população, o nível de instrução das pessoas, a não prevenção da gravidez
através de métodos anticoncepcionais, entre outros.
A partir dessa gravidez indesejada é que surge a idéia de praticar o
aborto, pois como poderia uma mulher trazer ao mundo um ser que ela julgue
repugnante, maléfico? É aí que entra o aborto clandestino, uma maneira fácil e
ao mesmo tempo perigosa de se livrar desse grande problema.
Para agravar mais a situação, o aborto provocado, por ser clandestino,
muitas vezes é praticado sob condições mínimas de higiene e limpeza. Em
conseqüência, é muito grande o número de mulheres que chegam aos
hospitais
com
infecções,
hemorragias,
choques
sépticos
e
outras
25
complicações. Infelizmente, por maior que seja o esforço das equipes de
saúde, geralmente não há como salvar a vida dessas mulheres, o que acaba
por transformar o aborto numa das principais causas de morte materna no
Brasil.
“...A camada mais rica da população escolhe ter ou não o filho. E, se
opta por não tê-lo, aborta pagando caro em dinheiro mas sem riscos
para a saúde. A mulher pobre nem opta. Ela muitas vezes quer ter o
filho mas não tem condições de mantê-lo: é o desemprego, a nãoexistência de infra-estrutura social, possibilidade de dar comida e
educação a mais um. Como não vê condições de ter, ela resolve não
ter. E aí? O aborto é caro e ela então se volta para a vizinha, a colega
etc., com as conseqüências já descritas. No caso de adolescente,
uma pesquisa efetuada pelo prof. Nelson Vitielo, da Faculdade de
Medicina da Fundação Universitária do ABC, de Santo Amaro, entre
2.800 parturientes atendidas em 1.980, 383 tinham entre 12 e 18
anos. Todas estas adolescentes provinham das camadas mais
pobres da população. O prof. Vitielo concluiu que ‘esses números
revelam que as jovens mais pobres chegam ao final da gestação, não
por ter assumido a gravidez, mas porque não foram orientadas para o
aborto, que nas camadas de mais recursos é praticado em grande
escala’. Com essa gravidez, surgem outros problemas de grande
custo social e emocional”. (Suplicy, Marta; Conversando sobre sexo;
17ª Edição/91; Editora Vozes)
Além da gravidez os adolescentes ainda correm o risco de contraírem
algum tipo de doenças sexualmente transmissível.
As Doenças sexualmente transmissíveis são transmitidas de pessoa a
pessoa através do contato sexual, portanto é possível evitá-la, bastando, para
isso, não manter relação sexual com pessoas portadoras de tais doenças.
Algumas pessoas não sabem que são portadoras dessas moléstias, pois
não apresentam manifestações evidentes no corpo e por vezes desconhecem
estas manifestações. As principais doenças sexualmente transmissíveis serão
descritas de maneira bem reduzida.
26
Em muitos casos, o médico diagnostica a doença no momento da
consulta; são solicitados exames laboratoriais para confirmação diagnostica.
Sempre que possível, os parceiros sexuais devem comparecer à
consulta para investigação clínica. Na maioria dos casos, o tratamento é fácil e
normalmente as manifestações clínicas desaparecem em curto espaço de
tempo
SÍFILIS
Também conhecida com Lues, começa com uma discreta lesão
(pequena ferida) nos órgãos genitais (pênis, vulva, vagina, colo uterino) que
não causa dor, geralmente única, que aparece 20 a 30 dias após a relação
sexual contaminada. Esta pequena lesão é chamada de Cancro Duro, que
desaparece espontaneamente em 1 mês. Depois de aproximadamente 10 dias
do aparecimento do Cancro Duro, surgem caroços nas virilhas (as ínguas) que
somem, apesar de não tratadas. Fica-se algum tempo (30 dias) sem
manifestações para então aparecerem manchas avermelhadas na pele, que
parecem uma alergia, porém com uma diferença: geralmente não coçam. Daí,
então, a doença evolui com aparecimento eventual de alterações na pele e
mucosa, principalmente ao redor dos órgãos genitais. Depois de 1 a 2 anos de
evolução, a doença entra na fase de latência (ausência de manifestações no
corpo). Depois desse período, a doença pode evoluir para fase tardia,
principalmente com lesões no coração e cérebro. A doença só continua quando
não ocorre tratamento adequado. As gestantes com Sífilis podem abortar ou
gerar crianças com graves problemas ou mesmo mortas, quando não tratadas.
A Sífilis tem como agente causador uma bactéria. Existe um exame de
sangue (sorologia) que serve para fazer o diagnóstico e controlar a cura da
doença. O importante é que este exame só fica positivo após 5 semanas do
contato sexual contaminante e sua negativação, em muitos casos, só ocorre
27
vários meses após o tratamento. Em algumas pessoas, este exame pode ficar
positivo (em concentração muito baixa) por toda a vida, mesmo depois da cura
completa da doença. É sempre necessário orientação do médico, pois só ele
sabe interpretar os resultados de sorologia para Sífilis.
GONORRÉIA
No homem inicia-se após um período que varia de 2 a 10 dias do
contato sexual, com uma secreção amarelada e viscosa na uretra (canal do
pênis), seguida de ardência e dor ao urinar. Já na mulher pode não haver
manifestações (forma assintomática), contudo, quando os apresenta, os
problemas são traduzidos por corrimento vaginal amarelado, bem viscoso e
quase sempre com odor desagradável. Não sendo prontamente tratada, pode
haver complicações. No homem leva à infeção na próstata e nos testículos. Na
mulher, freqüentemente é causa de salpingite (infeção nas trompas), que causa
fortes dores na barriga. A salpingite pela Gonorréia complica-se com obstrução
das
trompas,
sendo
causa
de
esterilidade
(impossibilidade
de
ficar
grávida).Embora seja raro a Gonorréia pode evoluir para causar lesões em
articulações, fígado e até no cérebro. Durante o parto, a mulher com Gonorréia
transmite a doença ao bebê, podendo a criança apresentar problemas nos
olhos. A Gonorréia é uma das Doenças Sexualmente Transmissíveis mais
freqüente. O causador é uma bactéria.
CANCRO MOLE
Popularmente chamado Cavalo, é causado por uma bactéria, e
apresenta nos órgãos genitais várias feridas ulceradas, dolorosas, que são
acompanhadas de (íngua na virilha (bubão) e desaparecem quando são
tratadas. O bubão geralmente se rompe com orifício único.
28
CONDILOMA ACUMINADO
Ou Crista de Galo, é uma doença causada por um vírus, o
Papillomavírus humano. As lesões do Condiloma, também nos órgãos genitais,
são
do
tipo
verrugas,
lembrando
couve-flor.
Contudo,
em
algumas
manifestações clínicas podem ser bem diferentes. Em outras ocasiões, um dos
parceiros pode apresentar lesões típicas (tipo couve-flor), enquanto o outro
parceiro pode não ter lesão evidente, mas ser portador do vírus, também
conhecido como HPV.O tratamento do Condiloma Acuminado é feito com
substâncias ou intervenções que só os médicos devem manusear, pois podem
causar sérios problemas quando usadas sem os cuidados necessários.
LINFOGRANULOMA VENÉREO
Também chamado Mula, é causado por uma bactéria. Inicia-se com
discreta lesão nos órgãos genitais, que na maioria dos casos nem é percebida.
Causa grande íngua na virilha (bubão), que tende a se romper em múltiplos
orifícios. Sua evolução é muita lenta e pode causar elefantíase, que é um
aumento acentuado dos órgãos genitais externos. Na mulher, na fase bem
avançada da doença, pode também causar estreitamento do ânus.
HERPES GENITAL
É causado por um vírus e sua manifestação maior é a formação de
vesículas (pequenas bolhas) que se rompem causando dor, tipo queimação e
ardência
nos
órgãos
genitais.
A
doença
aparece
e
desaparece
espontaneamente, estando ligada a fatores desencadeantes como o Stress.
Apesar de não se ter, até hoje, uma medicação para o tratamento do
Herpes, é errado pensar que a doença não tem cura. É relatado que, afastando
os fatores irritantes e traumático, a doença pode ficar sob controle, até que o
próprio organismo desenvolva um mecanismo interno de defesa.
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URETRITE NÃO GONOCÓCICA
Infeção na uretra mas que não é gonorréia pode ser causada por vários
germes. A maioria dos homens com Uretrite não gonocócica apresenta uma
leve secreção na uretra (canal do pênis), sente pouca dor e discreta ardência
ao urinar. Pode ser uma doença grave quando não tratada. A maior parte das
mulheres não possui sintomas da doença; porém, elas podem transmitir a
moléstia a seu parceiro.
INFECÇÕES VAGINAIS
São causadas por diferentes germes que provocam corrimento brancoamarelado ou acinzentado, coceira, dor durante a relação sexual, ardor e odor
ativo. Na maioria das vezes, os parceiros sexuais não apresentam sintomas,
mas podem ser portadores de tais germes. Por isso, pode ser indicado exame
médico e conseqüente tratamento dessas pessoas.
CANDIDÍASE
A candidíase é uma infecção causada por fungo do gênero Cândida. A
candidíase é uma micose que tem aumentado muito a sua freqüência nos
últimos tempos. Constitui-se atualmente em um dos tipos mais comuns de
vulvovagininite e é mais frequente na mulher grávida.
Atualmente, aceita-se como frequente a transmissão pela via sexual,
embora contaminação, a partir do sistema gastrintestinal, seja bastante
comum.
A recidiva ou reinfecção constitui-se um problema crucial da candidíase
vulvovaginal.
Aceita-se
como
causas
importantes
de
reinfecção
contaminação a partir do sistema digestivo ou a partir do parceiro sexual.
a
30
Na candidíase vulvovaginal recidivante recomenda-se o tratamento da
forma vaginal e intestinal e do parceiro
Visando melhorar a eficácia da terapêutica, devem ser observadas:
higiene íntima diária com sabão neutro e água, ferver roupas íntimas,
proporcionar boa aeração vulvar, evitar uso de roupas de fibras sintéticas ou
vestimentas
apertadas,
e
afastar
tanto
quanto
possível,
os
fatores
predisponentes.
O sofrimento e a angústia, causados pela recidiva ou persistência dos
sintomas,
podem
produzir
desajuste
conjugal
e
necessitar
apoio
psicoprofilático.
TRICOMONÍASE
A tricomoníase é uma infecção causada por um protozoário no trato
gênito-urinário da mulher e do homem. É o tipo mais frequente de vulvovaginite
na mulher adulta.
A via de transmissão principal é o contato sexual, em condições
especiais
é
possível
outras
formas
de
transmissão,
contudo
são
estatisticamente desprezíveis.
A tricomoníase é a infecção que mais se associa a outras D.S.T.
No homem – Na quase totalidade dos casos é assintomático, mas
alguns apresentam quadro clínico típico de uma uretrite não gonocócica
acrescido de prurido no meato uretral ou sensação de fisgadas na uretra.
Na mulher – A ausência de sintomas ocorre com freqüência nas
mulheres infectadas de Tricomonas. Entretanto como estas são capazes de
transmitir a doença e a maioria apresentarão manifestações clínicas, devem
ser tratadas.
31
O tratamento deve ser simultâneo para os parceiros sexuais. Procure
serviços de saúde em caso de duvidas.
SIDA/AIDS
A Sida/Aids (Síndrome de Imunodeficência Adquirida), é uma doença
causada pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH ou HIV) que infecta
principalmente as células necessárias à defesa do organismo, permitindo que
outros vírus, fungos, bactérias ou protozoários causem a morte do indivíduo.
O HIV transmite-se através da relação sexual sangue contaminado e por
via placentária.
Adoecem mais facilmente: os homens com hábitos homossexuais
porque a mucosa do intestino, inclusive o reto, tem receptores para o vírus. As
pessoas transfundidas com sangue e derivados contaminados, já que uma
única transfusão é suficiente para infectar o indivíduo. Os usuários de drogas
por via venosa que fazem uso em grupo (cocaína, heroína, etc., suprimem
fortemente a imunidade); os parceiros sexuais dos pacientes contaminados HIV
positivos; as crianças que nascem de mães infectadas.
As mulheres mesmo não sendo boas transmissora do vírus podem
contaminar seus parceiros, contudo são receptoras naturais do esperma
contaminado.
O período de incubação varia de algumas semanas a alguns meses,
dependendo da via de contaminação. Após este prazo o doente pode
apresentar a fase aguda cujos sintomas variam desde uma simples gripe até
formas com febre, diarréia, aumento de gânglios, infecções de garganta, fígado
e baço aumentados, meningites, etc.
Depois de trinta dias, aparecem os anticorpos contra o HIV e o paciente
fica sem sintomas, apesar de contaminante, por vários anos, até que fatores
32
externos (outras viroses, outras causas) diminuam a sua resistência, facilitando
as infecções oportunistas e os cânceres característicos da Aids.
Os primeiros sintomas desta síndrome podem ser febre elevada e
contínua, diarréias intermitentes e prolongadas, emagrecimento acentuado e
mais tarde o aparecimento das outras infecções, sendo a mais comum a
candidíase oral (sapinho na boca).
Não há até o momento nenhum medicamento que elimine o HIV.
3.2.Responsabilidade no lar
Com o divórcio, as mulheres geralmente detêm a guarda das crianças. A
mãe que se vê sozinha é confrontada, na maioria dos casos, com uma queda
em seu nível de vida. A atividade profissional da mulher ainda é , muitas vezes,
responsável apenas pelo segundo salário da família. Então acabam
aparecendo os problemas financeiros, obrigando-a a investir mais na atividade
profissional. Mais diminuir o tempo dedicado aos filhos acentua as dificuldades
de administrar a vida doméstica.
A criança normalmente é obrigada a amadurecer mais rapidamente, pois
logo lhe é exigido que seja autônoma. Porém uma independência por demais
precoce pode angustiá-la. Sufocada pelas responsabilidades que deve
assumir, ela pode se tornar agressiva: voltar-se contra o pai ou mãe que a
deixam sempre só e exigem tanto. Algumas, fugirão dessa situação, procurarão
refúgio fora.
Também acontece de algumas crianças se investirem demais nesse
papel e se tornarem, aparentemente, hipermaduras . É muito prático Ter uma
criança autônoma, mas é importante medir até onde ela pode suportar essa
carga de liberdade. Ao mesmo tempo, deve haver tarefas que ela seja capaz
de realizar. Aos mais velhos, sempre se vêem atribuir tarefas como cuidar dos
33
menores, fazer compras, preparar alguma coisas na cozinha etc. porém tarefas
muito pesadas podem atrapalhar seu desenvolvimento.
Há pais, ou mães, que entram
em depressão e ficam angustiados,
tendo muita dificuldade em estabelecer relações externas. A criança se vê na
obrigação de cuidar deles, tornando-se o “o pai do pai”, ou da mãe, ou “mãe do
pai “, ou da mãe. Sentindo-se responsável pelo estado em que seu pai se
encontra,
vai
passar
a
lhe
evitar
qualquer
preocupação,
qualquer
contrariedade, e fazer como se tudo estivesse bem, como se estivesse feliz.
Assim sendo, Põe de lado todos os seu sentimentos, todas as suas
exigências, todos os seus pensamentos pessoais, a fim de só se preocupar
com o pai deprimido. As crianças torna-se passiva e submissa. Esse filho, ou
filha, devotado, não tendo construído sua vida psíquica, estará completamente
despreparado diante das situações que deve enfrentar.
Muitas vezes, é o mais velho que toma o lugar de chefe de família,
cuidando dos irmãos
menores, e na maioria das vezes, assumindo a
responsabilidade de prover o sustento do lar. Alguns pais ficam encantados
com essa situação, pois querem aproveitar o máximo de sua liberdade, levando
em conta somente seu interesse e prazer.
Essas crianças podem se tornar desembaraçadas, hipermaduras, pelo
menos aparentemente, mas se arriscam a exprimir mais tarde suas angústias,
sob forma de somatização, delinqüência, toxicomania etc.
Cuidar de seu pai ou mãe é uma carga muito pesada para uma criança,
qualquer que seja a idade.
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O Esgotamento tem origem em duas ocasiões: primeiro, quando a
situação à qual o indivíduo terá que adaptar-se (estímulo externo ou interno) for
indesejável ou desagradável e persistir por muito tempo. Nesse caso há um
esgotamento por falência adaptativa devido aos esforços (emocionais) para
superar uma situação indesejável persistente, seja considerada indesejável do
ponto de vista subjetivo ou objetivo.
Isso quer dizer que o estímulo para o stress seria ameaçador tanto para a
pessoa que à ele reage quanto para terceiros, se esses fossem submetidos ao
mesmo estímulo.
Em segundo lugar, quando a pessoa não dispõe de uma estabilidade
emocional suficientemente adequada para adaptar-se à estímulos não tão
traumáticos, objetivamente falando. Isso quer dizer que a pessoa sucumbiria
emocionalmente à situações não tão agressivas à outros colocados na mesma
situação mas, não obstante, agressivas particularmente à ela.
35
4.1 . DEPRESSÃO
As pessoas reagem diferentemente às emoções em geral e à
Depressão, em particular, inclusive em termos de eventuais doenças
psicossomáticas.
Ao se estudar o Afeto, entendem-se haver uma espécie de filtro
(exemplificados como lentes de óculos hipotéticos) através do qual os fatos e
eventos são percebidos pelo indivíduo. Isto faria distinguir situações percebidas
como estress antes por alguns e não por outros.
A sensibilidade afetiva pessoal diante da vida exerce um efeito
atenuante ou agravante aos eventos, efeito este que depende mais da própria
personalidade que das circunstâncias. Isso definirá o modo de ser, de reagir,
de enfrentar e de se adaptar ao estresse.
Assim sendo, pode-se dizer que a elevação da pressão arterial diante do
estresse, por exemplo, parece depender mais da avaliação pessoal (subjetiva)
que o indivíduo faz da situação do que da própria situação, objetivamente
considerada.
Alguns
observadores
notaram
que
os
hipertensos
tendem
ao
pessimismo, antecipando conseqüências negativas dos fatos, a interação
interpessoal e social é por eles vivida como fonte de ansiedade e estresse.
O termo Depressão, mais comumente usado que Hipotimia, pode
significar um sintoma que faz parte de inúmeros distúrbios emocionais sem ser
exclusivo de nenhum deles, pode significar uma síndrome traduzida por muitos
e variáveis sintomas somáticos ou ainda, pode significar uma doença,
caracterizada por marcantes alterações afetivas. Portanto, não está errado
dizer que o termo Depressão seja por demais descritivo e muito pouco
explicativo.
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Há sempre uma estranha expectativa do público ao ouvir, do psicólogo
ou do psiquiatra, com freqüência, que isso ou aquilo é Depressão, sem muito
zelo com maiores explicações sobre este misterioso fenômeno.
O termo Depressão pode significar um sintoma que faz parte de
inúmeros distúrbios emocionais sem ser exclusivo de nenhum deles, pode
significar uma síndrome traduzida por muitos e variáveis sintomas somáticos
ou ainda, pode significar uma doença, caracterizada por marcantes alterações
afetivas.
O público está certo ao estranhar a ostensiva e constante presença
desta tal Depressão em quase tudo que diz respeito à transtornos emocionais,
e os psiquiatras não estão menos certos ao procurarem descobrir uma ponta
de Depressão em quase tudo que lhes aparece pela frente.
Do ponto de vista clínico seria extremamente fácil e cômodo se a
Depressão fosse caracterizada, exclusivamente, por um rebaixamento do
humor com manifestação de tristeza, choro, abatimento moral, desinteresse, e
tudo aquilo que todos sabemos que uma pessoa deprimida apresenta.
Desta forma até o amigo íntimo, o vizinho ou o dono da bar da esquina
poderiam diagnosticá-la. A parte mais difícil e trabalhosa da psiquiatria ou da
psicologia, está no diagnóstico dos muitos casos de Depressão atípica,
incaracterística ou mascaradas, bem como, perceber traços depressivos em
outras patologias emocionais, como por exemplo, nos casos de Pânico, Fobia,
etc.
Entre as emoções, aquelas decorrentes do estado de humor são as mais
estudadas e, entre essas, a mais pesquisada é a Depressão.
A sintomatologia depressiva é muito variada e muito diferente entre as
diferentes pessoas. Para entender melhor essa diversidade de sintomas
37
depressivos, deve-se considerar que, entre as pessoas, a Depressão seria
como uma bebedeira geral, onde cada pessoa alcoolizada ficasse de um jeito;
uns alegres, outros tristes, irritados, engraçados, dorminhocos, libertinos...
A única coisa que todos teriam em comum é o fato de estarem sob efeito
do álcool, todos estariam tontos, com os reflexos diminuídos, etc. Na
Depressão também; cada personalidade se manifestará de uma maneira.
A psicopatologia recomenda como válida a existência de três sintomas
depressivos básicos, os quais darão origem a variadíssimas manifestações
desta alteração afetiva. Essa tríade sintomática da Depressão seria:
1 - Sofrimento Moral,
2 - Inibição Global e,
3 - Estreitamento Vivencial.
Compete à sensibilidade do observador, relacionar um sentimento, um
comportamento, um pensamento ou sentimento, como a expressão individual
de um desses três sintomas básicos, como sendo a expressão pessoal e
adequada da personalidade de cada um diante da Depressão.
Alguns deprimidos podem apresentar sintomas somáticos (físicos),
juntamente ou ao invés dos sintomas emocionais de tristeza, angústia, medo,
etc. Esses sintomas físicos podem ser, por exemplo, dores vagas e imprecisas,
tonturas, cólicas, falta de ar, e outras queixas de caracterização clínica
complicada.
Para estes pacientes somáticos, talvez seja mais fácil comunicar sua
aflição e desespero através dos órgãos do que do discurso. Também em
crianças e adolescentes a Depressão pode se dissimular sob a forma de um
humor irritável ou rabugento, revoltado e irrequieto, ao invés da tristeza e
abatimento.
38
Outras pessoas podem manifestar sua Depressão com irritabilidade
aumentada, como por exemplo, crises de raiva, explosividade, sentimentos
exagerados de frustração, tendência para responder a eventos com ataques de
ira ou culpando os outros.
Na Depressão também é muito freqüente um certo prejuízo na
capacidade de pensar, de se concentrar ou de tomar decisões. Os depressivos
podem se queixar de enfraquecimento da memória ou mostrar-se facilmente
distraídas. A produtividade ocupacional costuma estar também prejudicada,
notadamente
nas
profissões
intelectualmente
exigentes.
Em
crianças
deprimidas pode haver uma queda abrupta no rendimento escolar, como
resultado da dificuldade de concentração.
Freqüentemente existem pensamentos sobre a morte nos quadros
depressivos. Trata-se, não apenas da ideação suicida típica mas, sobretudo,
da preferência em estar morto a viver "desse jeito".
Para entender porque e como existem sintomas de Depressão atípica,
sintomas que sugerem apenas indiretamente a presença de Depressão, é
preciso falar da coexistência da Depressão com a ansiedade, sabendo que
essa última sim, é pródiga em sintomatologia somática e emocional atípica.
Muito embora os atuais manuais de classificação de doenças mentais
tratem separadamente os quadros ansiosos dos afetivos, pesquisas e autores
têm se preocupado em estabelecer relações entre esses dois estados
psíquicos. Ao longo de cinco anos de observação constatou que o diagnóstico
de Depressão passa para Ansiedade em 2% dos casos e, em sentido contrário,
da Ansiedade para a Depressão, em 24% dos casos. Pode-se constatar
também que antigos quadros ansiosos costumam evoluir no sentido da
Depressão . sustenta-se ainda a idéia da evolução do estresse para Ansiedade
e em seguida para Depressão.
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Ansiedade e Depressão exigem terapias diferentes dos grupos de
pacientes que apresentam esses quadros isoladamente. Observa que quando
as duas síndromes coexistem a evolução é mais crônica, a resposta é menor
às terapias convencionais e o prognóstico é pior.
Na Depressão, verifica-se o aumento da reatividade e sensibilidade para
os sentimentos desagradáveis, podendo variar desde o simples mal-estar, até
o estupor melancólico, ou seja, uma apatia extrema por melancolia.
Esse estado de Hipotimia ou Depressão se caracteriza, essencialmente
por uma tristeza profunda, normalmente imotivada, que se acompanha de
lentidão e inibição de todos os processos psíquicos. Em suas formas leves a
Depressão se revela por um sentimento de mal-estar, de abatimento, de
tristeza, de inutilidade e de incapacidade para realizar qualquer atividade.
Os pacientes hipotímicos estão dominados por um profundo sentimento
de tristeza imotivada. No doente deprimido, as percepções são acompanhadas
de uma tonalidade afetiva desagradável: tudo Ihe parece negro. Os doentes
perdem completamente o interesse pela vida. Nada lhes interessa do presente
nem do futuro e, do passado, são rememorados apenas os acontecimentos
desagradáveis. As percepções são lentas, monótonas, descoloridas. Ao
paciente parece que os alimentos perderam o sabor habitual. Nos estados
depressivos, as ilusões são mais freqüentes do que as alucinações.
As idéias deliróides nos pacientes hipotímicos são comuns, expressando
geralmente idéias de culpa, de indignidade, ruína, pecado e de auto-acusação.
O pensamento é lento e o próprio ato de pensar é acompanhado de um
sentimento desagradável. O conteúdo do pensamento exprime motivações
dolorosas. O paciente é incapaz de livrar-se de suas idéias tristes pela simples
ação de sua vontade ou dos pensamentos positivos, como se diz.
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O quadro clínico do estado afetivo depressivo é caracterizado pela
inibição geral da pessoa, pela baixa performance global refletida pela lentidão e
pobreza dos movimentos, pela mímica apagada, pela linguagem lenta,
monótona e pelas dificuldades pragmáticas.
Os
sintomas
somáticos
são
bastante
evidentes
nos
pacientes
hipotímicos. Os distúrbios vasomotores se traduzem em mãos frias, algumas
vezes pálidas e cianosadas, pela palidez dos lábios e hipotermia. São
freqüentes os espasmos ou dilatações vasculares, com conseqüente oscilação
da pressão arterial. Os pacientes deprimidos dão a impressão de mais velhos.
As perturbações digestivas também são constantes, a língua pode se
apresentar saburrosa, há alterações do apetite, tanto com inapetência quanto
com hiperfagia e constipação intestinal. Os distúrbios circulatórios ocasionam
um sentimento subjetivo de opressão na região cardíaca, causando a chamada
angústia precordial.
Em determinados casos, sob a influência de fatores externos ou em
conseqüência de causas internas temporárias, a Depressão pode aumentar de
modo considerável, determinando um estado de excitação ansiosa. Quando o
paciente, não encontra solução para seu sofrimento costuma pensar no
suicídio.
A Depressão patológica é um dos sintomas fundamentais do Transtorno
Afetivo Bipolar, em sua fase depressiva. Estados depressivos também podem
ser observados em todas as psicoses e neuroses. No Transtorno Afetivo
Bipolar, entretanto, a Depressão tem uma origem ligada a fatores afetivos
internos (sentimentos vitais), que escapam à compreensão do doente e de
seus familiares.
Nas Distimias, nas reações agudas ao estresse e nas neuroses de modo
geral, a Depressão costuma ser mais reativa, isto é, mais psicogênica (mais
41
anímica
que
vital),
originando-se
de
situações
psicologicamente
compreensíveis e de experiências desagradáveis. A anormalidade do
sentimento depressivo nesses quadros psicogênicos está na intensidade e na
duração desse afeto em comparação às pessoas normais e não em sua
qualidade, como acontece nos Transtornos Afetivos Bipolares.
Os afetos depressivos podem aparecer como uma resposta a situações
reais, através de uma Reação vivencial depressiva, quando diante de fatos
desagradáveis, aborrecedores, frustrações e perdas. Trata-se, neste caso, de
uma resposta a conflitos íntimos e determinados por fatores vivenciais. Daí
denominação Depressão reativa, ou seja, em reação a alguma coisa real e
acontecida, à uma fonte exógena que pode ser casualmente relacionada
àquela reação.
Esta Depressão Reativa, embora compreensiva por tratar-se de uma
reação afetiva à uma vivência desagradável, não deve ser entendida como
normal e fisiológica mas apenas compreensível. Diante de fatos desagradáveis
pode-se esperar, fisiologicamente, a tristeza e não a Depressão e, quanto à
isso, não deve-se fazer nenhuma confusão.
Esta última, a Depressão, deve ser uma denominação reservada para as
reações vivenciais Anormais proporcionadas por circunstâncias vivenciais
desagradáveis, ou seja, reações desproporcionais em quantidade, qualidade e
temporalmente ao agente causal. Os sentimentos de tristeza que normalmente
acompanham situações frustrantes são diferenciados da Depressão por não
comportarem a tríade sintomática de Inibição Psíquica, Estreitamento de
Campo vivencial e Sofrimento Moral.
A Depressão pode aparecer ainda acompanhado, ou aparentemente
motivada, por situações anímicas. Neste caso, certas perspectivas futuras,
certos anseios e objetivos de vida estão representados intrapsiquicamente de
maneira negativa. Há um sentimento depressivo associado às conjecturas
42
irreais de tal forma que o panorama atual dos acontecimentos e a expectativa
do porvir são funestamente valorizados. Sofre-se por aquilo que não existe
ainda ou, muito possivelmente, nem existirá. Um exemplo disso é a Depressão
experimentada diante da possibilidade da perda de um emprego, ou da
perspectiva de vir a sofrer de grave doença e assim por diante.
Evidentemente, não se trata aqui, de que tais perspectivas sombrias
estejam a alimentar a Depressão, mas muito pelo contrário, ou seja, a
Depressão é quem confere um significado lúgubre às possibilidades do futuro.
Não se pode acreditar que, neste caso, exista uma relação causal vivencial
solidamente vinculada à Depressão, pois, de qualquer forma, as situações
referidas como promovedoras e alimentadoras da Depressão não aconteceram
ainda.
Em outros termos e de acordo com que se sabe sobre reações
vivenciais , falta o elemento estressor, o qual existe apenas na imaginação do
paciente. Portanto, é lícito pensar já numa Depressão mais profundamente
arraigada no ser, a qual, embora atrelada à personalidade, utiliza os elementos
vivenciais apenas para nutrir sua necessidade de sofrimento (uma vez que,
ainda não aconteceram concretamente).
Há, finalmente, casos de Depressão procedentes de um temperamento
francamente depressivo ou seja, a nível de sentimentos vitais. São, neste caso,
transtornos da afetividade emancipados dos elementos vivências quanto à
causalidade. Isso não impede que sejam desencadeados por vivências
traumáticas. Trata-se de uma Tonalidade Afetiva Básica rebaixada e,
evidentemente, talhada à reagir sempre depressivamente à vida.
As pessoas que se encontram depressivas durante uma fase de suas
vidas, cujo contexto vivêncial sugere uma circunstância sofrível, quer como
conseqüência de um fato único, quer como uma somatória de fatos traumáticos
sucessivos, sem que se possa detectar um temperamento depressivo prévio,
provavelmente estarão apresentando uma Depressão Reativa. Neste caso,
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esta reação depressiva não pode ser tida como decorrência de uma tonalidade
Afetiva Depressiva de Base, mas como uma resposta emocional à uma
circunstância de vida. Daí empregar-se, antigamente, a denominação de
depressão exógena, ou seja, dependente de fatores externos à personalidade
da pessoa.
Depois de estabelecido nesta pessoa o estado depressivo, ainda que,
conseqüente a fatores reais e externos à sua personalidade, tudo mais em sua
vida parecerá depressivo, até que saia desta fase afetiva. Assim sendo, poderá
também ser pessimista quanto à sua situação futura, portanto, depressivo
quanto à Situações Imaginárias.
Da mesma forma, os pacientes portadores de Tonalidade Afetiva
depressiva de Base, por possuírem um temperamento previamente depressivo,
independentemente dos fatos vividos, sempre estarão tingindo de negro suas
perspectivas
futuras.
São
portadores
da,
anteriormente
denominada,
depressão endógena e, como se viu, relacionada não apenas ao Sentimentos
Vitais como também às Situações Imaginárias.
A questão em se saber a natureza endógena ou exógena do estado
depressivo, hoje em dia, parece não despertar o mesmo interesse de antes. Os
indivíduos
com
características
afetivas
depressivas
(anteriormente
denominados de depressivos endógenos) reagirão sempre aos estímulos da
vida de uma forma consoante ao seu afeto depressivo, portanto, dando a falsa
impressão de apresentarem Depressão reativa: a maioria dos eventos, para
eles, terá uma conotação negativa. Por outro lado, a clínica tem mostrado, com
freqüência,
determinadas
vivências
bastante
suportáveis
para
alguns,
ocasionando, em outros, verdadeiras reações Depressivas. Isso sugere que tal
reação Depressiva não deve ser legada apenas aos elementos vivenciais.
No fundo, considerando o estado afetivo no qual o indivíduo se encontra
no momento, tem sido tarefa muito penosa estabelecer a natureza de sua
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depressão. Nestes casos, recorre-se quase sempre à personalidade pregressa
do paciente; se a tonalidade afetiva era, anteriormente, depressiva, há
possibilidade deste estado depressivo atual ser de natureza endógena, mas
mesmo assim não será uma implicação obrigatória.
Outras vezes, também de acordo com exemplos cotidianos da prática
clínica, personalidades previamente bem adaptadas e sugerindo uma boa
adequação afetiva poderão, não obstante, apresentar fases de profunda
depressão sem motivação vivencial. Procura-se, nestes casos de Depressão
sem motivação ambiental ou, talvez, em atenção a um conforto do terapeuta,
justifica-la
como
decorrência
da
eventual
somatória
de
vivências
passadas.Certeza disso, entretanto, ninguém pode ter.
Quando as crianças perdem os principais referenciais pai e mãe, e a
desordem reina nas suas mentes confusas, podem surgir depressões infantis
de bastante gravidade e de preocupantes conseqüências futuras.
4.2 . RAIVA
Ódio é um termo que se origina do latim odiu, que é a paixão que impele
a causar ou desejar mal a alguém; execração, rancor, raiva, ira: aversão a
pessoa, atitude, coisa, etc.; repugnância, antipatia, desprezo, repulsão rancor
profundo e duradouro que se sente por alguém; aversão ou repugnância,
antipatia, etc. .
O ódio pode estar voltado a inúmeros fatores como por exemplo aos
desonestos, à violência, aos pobres, ricos, etc.
É um sentimento que abala relacionamentos, e cria vínculos a serem
reparados, sendo encontrado, em suas várias modalidades de manifestação e
em seus variados graus de intensidade.
O ódio solapa o ser humano considerado verdadeiro flagelo psicológico.
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Com muita propriedade a filosofia chinesa assevera: "sentir ódio é como beber
água salgada, aumenta mais a sede".
O ódio coabitando com os sentimentos não leva a nada; muito pelo
contrario juntamente com o rancor é um grande fábrica geradora de distúrbios
psicossomáticos
As raízes do comportamento agressivo começam na infância e estão
alicerçadas na relação de afeto com as figuras materna e paterna. Para a
menina a mãe é a figura de molde o pai o modelo teórico. Ela procura ser como
ou o oposto da mãe e procura alguém igual ou o oposto do pai. Para o menino
o pai é a figura de molde a mãe o modelo teórico. Ele procura ser como ou o
oposto do pai e procura alguém igual ou o oposto da mãe. Isto vai depender da
relação afetiva entre pais e filhos.
O relacionamento afetivo entre pais e filhos é de extrema importância na
formação da personalidade da criança. Ele pode criar marcas altamente
positivas, como pode deixar registros negativos que influenciarão na formação
do caráter.
A falta de relação afetivo/corporal entre pais e filhos é o primeiro passo
para o estabelecimento de um comportamento agressivo. Pais distantes que
tem pouco ou nenhum contato afetuoso, podem desenvolver em seus filhos
uma relação de afastamento com a figura de poder gerando em seus filhos
uma relação amor/ódio muito forte. Esta relação amor/ódio é um dos principais
fatores da agressividade.
O amor geralmente é dirigido a objetos, ou melhor, na posse material, e
o ódio à quem tem (materialmente ou hierarquicamente). Ter significa poder.
ser é secundário, ele é na medida que tem. Quanto mais tem mais existe.
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Acontece que na maioria dos casos estas crianças, por falhas em sua
formação tem dificuldades em investir de si para obter ou atingir algum objetivo.
Assim podem partir para comportamentos sociopáticos na vida
adolescente e/ou adulta. É uma porta para o uso de drogas ( criar um mundo
artificial), para os comportamentos de tirar dos outros aquilo que deseja ( furtar,
roubar, etc.), para a necessidade do uso de armas (sentir-se mais forte, mais
poderoso, etc.).Tira do mundo aquilo que lhe foi negado, tudo que é contrário
aos seus interesses ou sua ideologia tem que ser lesado pois esta errado.
Pais extremamente presentes que superprotegem e inibem a liberdade
de expressão dos filhos podem gerar a idéia de que eles são inatingíveis, são o
centro do mundo. Este egocentrismo gera quase sempre um comportamento
agressivo contra as figuras hierarquicamente superiores, pois é difícil seguir ou
obedecer regulamentos. Eles o impedem ou dificultam fazer o que querem, da
forma que eles querem, na hora que querem.
Com o advento do divórcio, os pais tendem agir exatamente como o
apresentado em linhas anteriores. Podem se tornarem distantes, ou
extremamente presentes, prejudicando desta forma, o desenvolvimento dos
seu filhos e podendo gerar neles um sentimento de ódio.
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CONCLUSÃO
Divorciar é uma decisão individual, única da pessoa. E, com certeza,
uma decisão pesada de ser tomada sozinha, pois as conseqüências são
drásticas. Por isso o tema é tão discutido, ao ponto de não se saber o que é
melhor: o divórcio ou a continuidade do quadro atual vigente?
O maior problema é que enquanto estão discutindo se a separação deve
ou não ser o melhor remédio, milhares de pessoas continuam sofrendo diante
deste quadro tão complexo.
Para mim, a realização do divórcio poderia ser uma alternativa viável
para a resolução do problema. Mas até que ponto isto seria bom? Não se sabe
e, muito menos eu sou capaz de prever. Mas, o divórcio, com uma
responsabilidade séria, com a conscientização dos cônjuges, para que tudo se
resolva de um modo civilizado, poderá diminuir a gravidade do problema.
Fica aí uma exposição do problema que o divórcio pode ser para a
família envolvida e também um alerta para as autoridade competentes, pois,
como ficou demonstrado nos capítulos posteriores, o divórcio envolve muito
mais questões do que uma mera discussão sobre a sua legalidade ou não. Não
só as autoridades, mas todos nós. Que todos pensem bem antes de realizar o
divórcio, analisem as conseqüências e, se mesmo assim, pratiquem-no de
forma consciente, e depois arquem com as conseqüências e seqüelas.
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BIBLIOGRAFIA
ARIES Fhilippe. História Social da Criança e da Família. Rio de Janeiro: Livros
Técnicos e Científicos Editora AS, 2º Edição, 1981.
COLLINS Sérgio. A Família Moderna. São Paulo: Casa Publicadora Brasileira,
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MEYER Luiz. Família: Dinâmica e Terapia. São Paulo: Editora Brasiliense,
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PAUL Watzlawick. JANET Helmick Beavin. D. Jackson Don. Pragmática da
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SHINYASHIKI, Roberto. Pais e Filhos, Companheiro de Viagem. São Paulo:
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COLINS, Gary R. tradução Neyd Siqueira. Aconselhamento cristão. São Paulo:
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TIBA Içami. Limite na Medida certa. São Paulo: Editora Gente, 1996
LIMA, Delcir de Souza. Ajuda para líderes Cristão. Niterói: STBN, 2001
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ANEXOS
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FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes
Título da Monografia: Os efeitos do divórcio sobre o filho adolescente
Autor: Silvio dos Santos Nogueira
Data da entrega: 27/01/04
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