1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE OS EFEITOS DO DIVÓRCIO SOBRE O FILHO ADOLESCENTE Por: Silvio dos Santos Nogueira Orientador Prof. Ms. Nilson Guedes de Freitas Rio de Janeiro 2004 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE OS EFEITOS DO DIVÓRCIO SOBRE O FILHO ADOLESCENTE Apresentação de monografia Universidade Candido Mendes à como condição prévia para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” Terapia de Família. Por: Silvio dos Santos Nogueira em 3 AGRADECIMENTOS Agradeço em primeiro lugar a Deus, e seguindo, aos professores que tão pacientes e sabiamente conduziram os ensinos das matérias; aos colegas que amigos e deram-me encorajando-me durante incentivo o tempo destinado a realização deste curso de especialização. 4 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a duas pessoas muito importante na minha vida. A minha esposa Andréa e ao meu filho Gabriel. O brigado por existirem e fazerem parte da minha vida. Amo vocês. 5 RESUMO Entre todos os problemas e dificuldades do processo de separação, sem dúvida nenhuma a questão mais angustiante e mais delicada diz respeito aos filhos. A responsabilidade da vida e do futuro, o medo de errar, de causar traumas ou interromper o desenvolvimento sadio são fatores que levam a pensar se a separação deve ou não acontecer. A decisão de separar-se é muito difícil, mas engana-se quem acredita que é melhor para a criança ter os pais morando juntos, independente do tipo e da qualidade de relação. Na verdade, tem sido sugerido que os problemas permanentes resultantes da infância de filhos de pais separados, não é determinado pela separação em si, mas por toda situação de conflito e tensão no período pré-separação. Sem sombra de dúvida, os filhos vivem e crescem melhor com apenas um dos pais em um ambiente tranqüilo do que com ambos em conflito constante , separarse pode ser a única solução sensata para toda família. Hoje em dia, filhos de pais divorciados não são mais uma minoria nas escolas, entretanto a dor experimentada não é menor por conhecerem outros filhos de pais divorciados, qualquer que seja a idade da criança a separação dos pais representa um período difícil para ela. Não existe uma fórmula que possa ser válida para todos, mas uma forma de ajudar os filhos é dar a eles a oportunidade de falar sobre a separação, de fazer perguntas, dizer o que sentem e de expressar suas angústias. A maneira de falar e os detalhes explicados dependem da idade e do grau de maturidade da criança, mas jamais a verdade deve ser omitida, pois tira-lhe a opção de refletir sobre os fatos e conviver com sua realidade, além de quebrar a confiança nos pais. Os filhos, quando não convenientemente tranqüilizados, julgam-se responsáveis pelo que acontece com seus pais. O ajustamento dos filhos após o divórcio é paralelo ao dos pais, isto é, se os pais conseguirem enfrentar bem a situação, o mesmo acontecerá com os filhos. Deve-se evitar passar para a criança os problemas que estão vivendo, o ideal é distanciá-la do conflito conjugal, de forma que a rotina dela seja mantida, isso auxilia a criança a se sentir protegida. É da maior importância que os pais não envolvam os filhos em disputas sobre custódia ou em partilha, pois escolher um dos pais significa não escolher o outro e força a criança a violar seu próprio sentimento de lealdade a ambos, o que pode trazer culpa e ansiedade. Os filhos precisam de ambos os pais, para eles não existe o mais e o menos importante. 6 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 7 1DESDESVIOS DE CONDUTA 8 1.1 . Drogas 1.2 . Roubo 2 DIFUICULDADE ESCOLAR 14 2.1 . Concentração 2.2 . Relacionamento 3 ENTRADA PREMATURA NA VIDA ADULTA 19 3.1. Relações sexuais precoces 3.2 . Responsabilidade no lar 4 DESCONTROLE EMOCIONAL 33 4.1. Depressão 4.2 . Raiva CONCLUSÃO 46 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 47 7 INTRODUÇÃO O Divórcio é um momento de crise importante na vida da pessoa. Em geral, ocorre uma reação de luto pelo fim da união. A maioria das pessoas relata sentimentos de depressão e angústia intensa, relacionada a dúvidas e mudança constante no humor na época do divórcio (às vezes alegre, eufórico, às vezes triste, outras irritado). Apesar de uma separação poder ocorrer de forma rápida, estudos mostram que o processo de recuperação psicológica da crise do divórcio leva cerca de dois anos para ter uma resolução satisfatória, quando torna-se possível que o ex-cônjuge seja visto de modo neutro (sem raiva ou rancor intensos ou, pôr outro lado, quando deixa de ser visto como "uma paixão insubstituível e perfeita"), com cada um dos separados aceitando sua nova identidade de pessoa solteira ou descasada. A separação de um casal pode se transformar em uma odisséia, ou pode ser simplesmente um período de mudanças em que cada membro da família, adulto ou criança, tem a oportunidade de recomeçar a vida. Mas é uma empreitada de risco, uma travessia, que precisa ser bem acompanhada para não deixar seqüelas. Entre todos os problemas e dificuldades do processo de separação, sem dúvida nenhuma a questão mais angustiante e mais delicada diz respeito aos filhos. Qualquer que seja a idade dos filhos a separação dos pais representa um período difícil para ela. O divórcio estabelece uma série de eventos penosos e trágicos que força ajustes e mudanças que os filhos nem sempre são capazes de fazer. Esses ajustes deixam sempre a sua marca; trata-se apenas de uma questão de quão grande é a marca que permanece quando a poeira assenta. É nesse ponto que as verdadeiras dificuldades surgem. A maioria dos períodos pós-divórcio é ácida e no geral prejudica mais do que o próprio divórcio, deixando quase sempre cicatrizes emocionais permanentes em todos os envolvidos, mas especialmente nos filhos. 8 1.DESVIOS DE CONDUTA A separação é uma experiência tremendamente negativa, é um sinal de que um grande investimento não deu certo e acarreta perdas em diversos setores. Perdas familiares, pessoais, financeiras, sociais. São diversos fatores de stress que, reunidos, formam um entrave substancial para seguir adiante, se não forem bem analisados e administrados. A separação dos pais tem, obviamente, repercussão na esfera emocional dos filhos. A ruptura pode ser muito dolorosa; pode provocar no adolescente uma desorganização psíquica grave e, as vezes, longa , já que á vivência da separação e da perda dos sonhos e projetos vêm se somar reações de ódio, de humilhação, de culpa etc. Os sentimentos de amor e de ódio se misturam com maior ou menor consciência e violência. Diante desse quadro confuso o adolescente poderá reagir com atitudes antisociais, apresentando desta forma alguns desvios de conduta. 1.1. As drogas A adolescência é conhecido como o período de transição da dependência infantil para auto-suficiência adulta. Psicologicamente é considerado uma situação marginal na qual tem que ser feitos ajustamentos, que distinguem o comportamento de crianças e o comportamento de adultos, em uma determinada sociedade. Cronologicamente este período se estende dos 12 aos 21 anos, podendo haver grandes variações individuais e culturais. É importante ressaltar que este período tende a ocorrer primeiro para as moças que para os rapazes. Na adolescência há uma total revolução do ponto de vista "fisiológico, cultural, emocional e social" e em sua grande maioria essa revolução vem acompanhada pôr uma total incerteza dos papéis adultos a sua frente. Juntamente com as mudanças fisiológicas do amadurecimento sexual 9 caminham componentes psicológicos tais como o instinto sexual (energias da libido procurando extravasamento), dentre outros fenômenos. Os valores, a ética, a moralidade e a religião muitas vezes estabelecem questões difíceis para os jovens que parecem extremamente preocupados com o que possam parecer aos olhos dos outros, em comparação com o que eles próprios julgam ser, e com a questão de como associar os papéis e aptidões cultivados anteriormente aos protótipos ideais do presente. É na fase transitória da adolescência que de fato ocorre o início da formação da identidade dos indivíduos. A passagem pôr esta fase nem sempre se faz de modo simples e fácil, afinal o adolescente apesar de estar "crescendo" (a palavra adolescência vem do latim "adolescere" que significa "crescer" ou "tomar-se forte") e se tomando um adulto, ainda apresenta características psicológicas um tanto quanto infantis. Assim, não sendo criança e não chegando a ser adulto, o adolescente vê-se tratado injustamente, uma vez que lhe exigem mais deveres e lhe reconhecem menos direitos. Eis pôr que os conflitos entre os desejos e a realidade são mais agudos, podendo este jovem propender a rebeldia. Na cultura ocidental a adolescência tem sido tipicamente encarada como uma fase de turbulência na qual podem surgir inúmeros problemas que podem algumas vezes perdurar pôr longo tempo na vida do indivíduo. Embora o indivíduo se desenvolva socialmente durante toda sua vida, a fase mais difícil de todos os ajustamentos sociais encontra-se na adolescência. A família começa a ceder terrenos a outras fontes de influência na vida do adolescente. Sobretudo, no início da adolescência, esta influência da sociedade se intensifica devido ao desejo que o adolescente tem de ser socialmente aceito e pelo conseqüente esforço em conformar-se com os padrões aprovados pêlos grupos a que pertence (como a classe que estuda, os vizinhos da rua. A maior parte dos adolescentes se caracteriza pôr atitudes sociais positivas, como a simpatia pêlos fracos e oprimidos, interesse pôr causas 10 sociais, impaciência perante restrições, desejo de reformar os outros. De acordo com tais princípios o adolescente determina os amigos que serão mais próximos, íntimos e os que serão mais afastados. Quando bem aceito pêlos outros, ele se sente feliz e seguro. Durante a adolescência os rapazes, principalmente, apresentam uma extrema necessidade de emancipação familiar, mas esta só é obtida através da independência econômica. Tal situação é uma causa freqüente de desajustamento de adolescentes, já que devido a complexidade dos estudos para que se tenha um nível médio de cultura este vê-se obrigado a passar anos como estudante, em total dependência, "como na infância". Alguns se rebelam contra esta situação e desenvolvem algumas atividades que lhes traga algum retomo financeiro. Já as moças apresentam uma menor necessidade da independência econômica, isto pode ser explicado pelo papel de obediência e submissão que a mulher desempenhou e até hoje ainda desempenha em nossa sociedade. Assim, uma moça não "fica mal" se tem um comportamento acriançado, contudo, esta característica num rapaz é extremamente criticada, já que aos rapazes é imposto a missão de adquirir, produzir e servir, em seus aspectos sociais, econômicos e políticos. A adolescência é uma crise psicológica inevitável, já que se trata da passagem do estado infantil para o estado adulto; é, portanto, posição entre duas coisas, sempre desconfortável. O adolescente é frágil psiquicamente, e o seu ajustamento vai depender do suporte familiar para que ele possa encontrar apoio e assim vencer os obstáculos. Entretanto, quando um casal se separa, há necessariamente uma “crise” , já que há a ruptura de um equilíbrio. Pôr vezes a criança sente-se envergonhada com o divórcio dos pais, especialmente os adolescentes. Ela pode ter dificuldade em conversar sobre isso com os seus amigos, especialmente aqueles que não tenham passado por isso. Pode sentir-se como um falhado pôr vir de um lar partido. Os adolescentes, em particular, podem pôr uma máscara de fortaleza, como por exemplo dizerem que não lhes preocupa ou afeta o divórcio. Em geral, as 11 crianças com esta atitude são as que estão a sofrer mais e a precisarem de mais ajuda. Dessa forma, o divórcio pôr vezes trás problemas de comportamento no adolescente, como o desobedecer, não respeitar, também o beber, fumar e tomar droga. O adolescente pode sentir a necessidade de tolher o seu sofrimento porque se sente dominado pela dor. Logicamente, esta maneira de lidar com o problema só agrava a situação e não resolve nada. O álcool pode anestesiar a dor mas é um depressionante e eventualmente agrava a depressão. As drogas interferem com o processo curativo e os momentos de alívio só agravam a situação porque aumentam a depressão e destoem a mente. O beber, fumar e tomar drogas, pode levantar os espíritos temporariamente, mas a longo prazo pode trazer mais problemas. As drogas certamente, tem sido uns dos maiores problemas que as famílias tem enfrentado. Os malditos traficantes tem extrema competência para seduzir os jovens a usarem as drogas. Diante da facilidade de adquiri-las, muitos adolescentes vão buscá-las como revide contra os pais ou válvulas de escape. A maioria dos que tem problemas com o abuso de drogas são produtos de lares instáveis e inadequados. Quando um jovem toma álcool ou outra droga ele tem uma sensação de euforia, sente-se tranqüilo, menos nervoso mais 12 adequado e à vontade na companhia de outros. Seus problemas parecem menos graves e o mundo lhe sorri. Podem haver ressacas ou remorso periódicos em fases de sobriedade, mas o uso da droga continua porque a mudança de disposição é tão agradável e o perigo parece pequeno. O grande problema é que as drogas provocam a degeneração física e psíquica do indivíduo e causam dependência. Para voltar a Ter as mesmas sensações, a pessoa precisa usá-las novamente e , em geral , em doses maiores. A pessoa que começou a usar a droga para fugir dos problemas, tornou-se agora um viciado. Afim de escapar temporariamente às pressões e gozar de um sentimento de tranqüilidade ou euforia, a pessoa começa com quantidade limitadas de drogas e as toma apenas ocasionalmente. A medida que o vício cresce, a necessidade da droga aumenta, diminui autocontrole prejudicando ainda mais o relacionamento familiares e sociais. Todas as crianças experimentam com o divórcio dos pais um sentimento de abandono que pode ser tormentosamente intensificado quando se culpabilizam com um sentimento de culpa irremediável de serem eles a causa da separação dos pais. Situações vividas, diálogos plenos de hostilidade em que as crianças escutam frases como por exemplo: "se não fossem os filhos, 13 não tinha que aturar-te e podia viver a minha vida ..." e outras semelhantes conduzem as crianças ao desespero da culpa. Quando têm consciência do abandono dos pais, arrastam um trauma, com dificuldade de aceitação da nova situação imposta, e mais tarde as conseqüências manifestam-se infalivelmente numa rebeldia agressiva, e uma desmotivação por regras sejam quais forem. O egocentrismo inflou, avolumou intensamente e instalou-se como mais um agente deformador das sociedades, que leva os seres humanos a considerarem que a educação e formação dos filhos, que exigem sacrifícios e renúncias é menos importante que a solução dos seus conflitos pessoais, sobretudo os sentimentais e as suas realizações individuais. Da mesma forma, o divórcio ou a separação, mesmo quando acontecem de forma calma, sempre representam o fim de uma história comum e, fatalmente, desilusão e um sentimento de vazio. Cada um tem sua forma de resolver o seu problema. Al guns partem para o trabalho e outras realizações. Outros afundam em depressão. Quando a criança fica frustrada pelo ambiente, algumas vezes age de maneira delinqüente, apresentando outras vezes comportamento reprovado pela sociedade. Neste caso, a pessoa reage a frustração agredindo outros, no geral sem qualquer sentimento de remorso. O adolescente muitas vezes manifestam seus problemas de maneira não aceitável pela sociedade. Excesso de mentiras, violência, crime e roubo dão ao 14 adolescente uma sensação de poder, um sentimento de independência, um meio de enfrentar os pais. A maioria dos adolescentes envolvidos com a criminalidade, entram nesta vida porque querem chamar a atenção e serem notados. Infelizmente, o meio usado para serem notados pêlos seus pais, aos poucos começa a se tornar um problema que muitas vezes se torna um vício. Assim, a pratica do roubo gera problemas muito serio para a família envolvida. As conseqüências são desastrosas, podendo até pôr em risco a vida do próprio adolescente ou a de terceiro. Quando os problemas, sobretudo os mais graves, aparecem a pessoa se entrega ao desespero e se sente impotente diante da situação. Obviamente ela não precisava passar pôr tal experiência, mas o fato de tentar chamar a atenção dos seus pais praticando o roubo desencadeou tais situações angustiante gerando medo e dor. 15 2. DIFUICULDADE ESCOLAR O objetivo primeiro do grupo familiar deve ser manter a estabilidade de equilíbrio, já que a instabilidade engendra ansiedade e até mesmo angústia. Na vida em família, como no teatro, cada um tem um lugar e um papel a desempenhar, o que vai permitir conservar o equilíbrio. O lugar depende da idade, do sexo, das ordem do nascimento dos irmãos etc. A cada lugar corresponde um papel. Quando o equilíbrio familiar é abalado por algum motivo, há necessariamente uma crise e a criança não poderá ficar indiferente a essa transformação. Tudo isso poderá refletir na escola, prejudicando a concentração do adolescente durante as aulas. A intensidade desta reação vai variar Segunda a personalidade e a sensibilidade de cada um. çã A separação de um casal pode se transformar em uma odisséia, ou pode ser simplesmente um período de mudanças em que cada membro da família, adulto ou criança, tem a oportunidade de recomeçar a vida. Mas é uma empreitada de risco, uma travessia, que precisa ser bem acompanhada para não deixar seqüelas. Assim, quando um casal decide separar-se, surge uma fase de turbulência durante o período de negociação que os pares travam para 16 decidirem como será a nova vida de cada um deles. Mesmo que o casal tenha decidido romper o vínculo de comum acordo, esta fase significa muito mais que uma simples separação. É a fase em que as vidas de ambos saem do equilíbrio anterior (bom ou ruim), como toda fase de mudança, onde tudo está fora de lugar. O equilíbrio familiar é o período em que existe uma harmonia, uma rotina, onde tudo é conhecido e mais ou menos previsível. A ruptura do equilíbrio familiar significa uma crise, que pode ser superada ou, ao contrário, pode ser mantida causando sofrimentos a ambos os parceiros. Em geral, a separação é o resultado de uma seqüência de pequenas crises de desequilíbrio entre o casal, desorganizando o ambiente à sua volta. Se esta fase é superada com êxito, mesmo que um dos parceiros (ou ambos) no íntimo não desejassem separar-se, ainda assim a nova vida significa uma nova rotina, uma fase diferente de um novo equilíbrio. É quando, cada um diz ‘Enfim, sós. Mas agora, eles estão sós consigo mesmos, e não os dois (marido e mulher) sós em relação ao mundo, quando se uniram pela primeira vez. Esse "enfim sós", porém, muda bastante de figura quando o casal tem filhos. Existem questões delicadas a serem revistas, tanto do lado dos adultos quanto do lado das crianças. Além das questões resolvidas no âmbito jurídico, existem as questões emocionais. Como ficam os filhos? Um dos grandes problemas nas escolas são os transtornos do aprendizados e os transtornos da conduta. Ambos podem ser de origem orgânica ou emocional e são facilmente identificáveis. A população de risco para baixo desempenho escolar e risco de repetência (um dos grandes causadores do abandono da escola no ensino regular) é muito conhecida de professores e orientadores pedagógicos, que fazem o que podem. Sabem-se que o que afeta a mente afeta o comportamento e vice-versa, como se fosse um retângulo, dividido ao meio por 17 uma linha imaginária, onde na parte superior se escreveria mente e na inferior corpo. É apenas uma questão de intensidade da interferência de um no outro. E o que se pode fazer a esse respeito? É preciso tentar encontrar uma solução através da compreensão e não do julgamento, da procura de culpados. O estresse emocional causado pêlos conflitos familiares é um dos grandes causadores dessa situação que leva a um desajuste na escola. Neste sentido, quando ocorre a separação ou o divórcio, além de as crianças repetirem na escola o que vêem acontecer em casa – como descontroles, brigas, abusos psicológicos -, elas também perdem a capacidade de concentração e de prestar atenção nas aulas. A incidência de repetência escolar e de baixa auto-estima é muito maior nos filhos do divórcio como um todo. Não seria benéfico se nas escolas houvesse grupos de atendimento para essa população? E se existisse a formação, através das ONGs, de grupos de apoio às famílias afetadas pelo divórcio que pudessem compartilhar experiência e se ajudarem mutuamente? Há muitas questões em comum: a diminuição da renda, a troca de escola, de casa, de amigos. É uma ferida no amor-próprio de todos que reabre inúmeras vezes, antes de cicatrizar. A maior causa de depressão na infância e adolescência é baixa-estima, que precisa ser ressegurada constantemente durante os anos juvenis , através de boas notas, bom desempenho nas relações vinculares, com os pais e avós; o relacionamento é uma fonte de alimentação para o sentir-se assegurado e aceito. Como trabalhar isso nas salas de aula? Se uma criança ou adolescente deprime-se, os colegas ajudam, mas depois se cansam. Se esse mesmo jovem tornar-se agressivo, todos se afastam dele. A situação requer medidas 18 imediatas e eficazes. A escola pode ser um segundo lar se todos cooperarem. A dificuldade de aprendizagem pode não ser necessariamente resultado de um baixo nível de inteligência ou educação, a causa pode esta relacionada com a falta de afetividade. 2.2- Relacionamento Uma atenta observação do comportamento da criança pode bastar para compreender que eles podem apresentar alguns sintomas de desequilíbrio emocional diante da separação dos seus pais. Esses sintomas consistiam em maior agressividade e baixa auto- estima, resultando em comportamentos antisociais, menor desempenho escolar, maior recorrência a consultas de psicologia e psiquiatria, maior abandono escolar, maior tendência para o consumo de drogas e para problemas com a justiça, etc. O divórcio é acompanhado por uma gama quase infindável de emoções, incluindo ansiedade, culpa, medo, amargura, tristeza e frustração. O divórcio envolve a perda de uma estabilidade emocional e a morte de um relacionamento. A reação, portanto, é de tristeza com todas as emoções que esta acarreta. O divórcio não afeta apenas os sentimentos, mas influencia aquilo que o adolescente faz. Comer , resolver problemas diários, cuidar dos seus afazeres- essas e outras atividades rotineiras ficam prejudicadas diante desta situação tão angustiante. Os filhos do divórcio muitas vezes sentem solidão, insegurança e perplexidade em meio aos problemas causados pela separação dos seus progenitores. Assim sendo, ocasionará uma série de dificuldades nos seus relacionamentos interpessoais. 19 A adolescência é um período em que a pessoa está se modificando em suas relações com os pais, companheiros da mesma idade e outros em seu grupo social. É importante ser apreciado e aceito pêlos companheiros, especialmente os dos sexo oposto, mas mesmo quando se afasta dos pais, o adolescente necessita sentir que seu ambiente é estável. É importante para uma criança e para um adolescente a segurança que lhe dá ter o seu espaço próprio, os seus pontos de referência, o seu quarto, a sua casa, o seu lar. Para a criança, a família é o centro do mundo, sua única fonte de proteção. É por meio da união dos pais que ela se sente completa. Durante seu desenvolvimento, ela vai fortalecendo esse sentimento de unidade e, assim, construindo seu ser mais íntimo. De repente, a relação triangular securizante que viviam se vê ameaçada. Elas assistem ao desmoramento dos alicerces de seu castelo familiar, causando um desequilíbrio e gerando um sentimento de insegurança. Os conflitos e tensões que se originam em decorrência desta instabilidade familiar, poderão provocará no adolescente, comportamentos antisociais, dificultando assim, o seu relacionamento na sociedade onde estão inseridos. 20 3. ENTRADA PREMATURA NA VIDA ADULTA Após uma pré-adolescência vem um período chamado adolescência anterior. Esta fase é caracterizada pelo desenvolvimento da heterossexualidade. As mudanças fisiológicas da puberdade são vistas, pelo jovem, como experiências de prazer. Destes sentimentos, surge o dinamismo do prazer que começa a afirmar-se na personalidade. O dinamismo do prazer envolve, principalmente, a zona genital, porém outras zonas de interação, tais como boca e as mãos também participam do comportamento sexual. Nesta fase ocorre a separação entre a necessidade erótica e a necessidade da intimidade. A necessidade erótica tem por objeto um membro do sexo oposto, enquanto a necessidade da intimidade se fixa em um membro do mesmo sexo. Desta forma, quando essas necessidades não se separam, o jovem apresenta tendência homossexual, em lugar da heterossexual. Esta fase inicial da adolescência persiste, até que a pessoa encontre maneira de exprimir seus impulsos sexuais. Por último vem o período final da adolescência, que inicia os privilégios, deveres, satisfações e responsabilidades da vida social. Essa fase final da adolescência estende-se de uma atividade genital qualquer, passando por inúmeras experiências, até o estabelecimento de um repertório amadurecido de relações que as próprias condições pessoais e culturais tomarem possíveis". 21 Para alguns antropólogos, com efeito, as sociedades que negam, adiam ou regulam o sexo e outras atividades, apresentam mais marcantes os problemas da adolescência, a que se classificou como o período de "storm and stress". É esse o caso da sociedade latino-americana, onde o sexo ainda é considerado um tabu. Entre tais problemas relacionados aos conflitos do adolescente está a crise da intimidade. A crise da intimidade é um período onde o jovem precisa estar desenvolvendo a formação de sua identidade. O jovem que não está seguro de sua identidade furta-se à intimidade ou lança-se em atos promíscuos, sem uma verdadeira fusão ou real entrega de si próprio. Quando o indivíduo não consume relações íntimas com outros utilizando seus próprios recursos internos, ele poderá desenvolver no final da adolescência e início da vida adulta um profundo sentimento de isolamento podendo gerar na vida adulta homens com graves problemas de caráter, pois ele nunca se sentirá ele próprio. O adolescente enfrenta atualmente um grande problema que é a falta de esclarecimentos sexuais. As jovens estão engravidando cada vez mais novas e consequentemente devido ao fato de não estarem maduras o suficiente, assumem responsabilidades que deveriam estar sendo conferida à adultos. A contraparte da intimidade é o distanciamento, a facilidade em repudiar, isolar e se necessário, destruir aquelas forças pessoais cuja essência pareça perigosa para o indivíduo. Assim, a conseqüência duradoura da necessidade de distanciamento fortifica o território da própria intimidade e solidariedade, valorizando todas as diferenças entre os indivíduos podendo criar preconceitos, onde pessoas fanáticas estão prontas a matar mostrando lealdade a sua proposta ou à alguém. Mas a medida que as áreas da responsabilidade adulta são delineadas surge um sentimento ético onde se passa a aceitar as diferenças entre as pessoas, essa certeza sucede á convicção ideológica da adolescência e, é a marca do adulto. 22 Perguntaram a Freud o que uma pessoa normal poderia fazer bem, e ele respondeu com palavras bem simples: "Amar e trabalhar". Seria esta a fórmula mais simples, porém quando aprofundamos nosso pensamento enxergamos a real complexidade. Pois quando Freud disse "amor", este significa tanto o amor íntimo (genital) como a generosidade da intimidade; quando disse amar e trabalhar, significava uma produtividade geral do trabalho que não preocupasse o indivíduo ao ponto em que pudesse perder o seu direito ou capacidade para ser uma criatura sexual e amorosa. Um indivíduo só atingirá a total maturidade sexual quando este amadurecimento da intimidade sexual com a plena sensibilidade genital estiver relacionada com a capacidade de descarga de tensão do corpo, sendo esta característica uma marca adulta. 3.1 . Relações sexuais precoces Atualmente o divórcio é uma constante social. O rompimento familiar afeta os filhos em qualquer idade. Porém a maioria dos filhos de pais divorciados, imaginam, sonham que os seus pais voltarão um dia a reunir-se refazendo o lar há muito perdido, sonho esse que é brutal e violentamente contrariado quando um deles casa de novo, e muitas vezes o outro se lhe segue também com novo casamento. Em qualquer idade, diante dos conflito vivido entre os pais, os filhos podem experimentar um sentimento de culpa que pode provocar diversas preocupações e sintomas. Dos 12 aos 16 anos, o adolescente começa a descobrir a sua própria identidade. Adquire uma consciência de si mesmo e do sexo oposto. Tem noção das diferenças sociais. As amizades são mais duradouras. Valorizam a lealdade e a confiabilidade. Há um maior desenvolvimento da independência. Os filhos desta idade precisam de estabilidade em seu lar e muita paciência e compreensão por parte de seus pais, coisa que separação. na maioria das vezes não acontece quando ocorre a 23 Normalmente o período da separação, causa um mal estar e gera um desconforto para todos os envolvidos. Assim sendo, o divórcio dos pais pode representar uma dificuldade a mais na vida do adolescente. A partir dos 17 anos, o jovem continua debaixo do cuidado paternal, mas leva uma vida mais independente. Estes podem ser anos de grande companheirismo com os pais ou, de maior distanciamento. Os pais têm que saber administrar bem esta fase . Esta etapa pode ser de profunda relação com os seus progenitores. É indispensável, nessa fase, haver uma boa comunicação entre pais e filhos. É um tempo de idealismo, ilusões, sonhos e fantasias. O jovem precisa de modelos dignos, e com alvos definidos para a vida. É um tempo para fixar metas, estabelecer relações e determinar o nível de compromisso onde irá desenvolver sua vida. Se o adolescente não conseguir encontrar nos seus pais a satisfação destas necessidades, poderão diante dos conflitos manifestarem alguns comportamentos que poderão ser prejudicial para todos os envolvidos. O adolescente poderá entrar mais sedo na vida adulta e envolver-se em relações sexuais precoces como forma de busca de conforto e intimidade, ou até mesmo, para contrariar os seus pais. O comportamento sexual, pode ser algumas vezes um meio de fugir do tédio, aliviar a tensão e evitar temporariamente as pressões da vida. Em outra ocasiões, este comportamento sexual indica uma rebelião contra a autoridade dos pais, uma declaração de independência, ou uma expressão de ira e desafio contra os seus progenitores. O sexo pode levantar os espíritos temporariamente, mas a longo prazo pode trazer mais problemas. As experiências sexuais dos adolescentes, podem causar uma série de efeitos emocionais, culpa, medo, ciúme, ansiedade etc. e criar um desastre psicológico. O risco que os adolescentes correm são os mais diversos possíveis.Com o início da vida sexual sem qualquer planejamento, eles ficam vulneráveis diante de uma situação que só trará para eles um desconforto em um profundo 24 mal estar. Assim sendo, as suas vidas estarão diante de sérios problemas, que poderão perdurar pôr toda sua vida. As conseqüências de uma relação sexual precoce, poderão ser diversas. No caso específico da menina, poderá ocorrer uma gravides indesejada que possivelmente causará um dano irreparável na vida desta adolescente, ou até mesmo, na vida da criança quando nascer. Ainda mais o aborto pode ser escolhido como forma de solucionar o problema e, assim, causar outros problemas mais sérios, como por exemplo, colocar em risco a vida da adolescente. É inegável a certeza de que o aborto é praticado atualmente no Brasil em larga escala. Mesmo com a Lei Penal coibindo e tipificando como crime a prática do aborto, milhares de mulheres fazem parte da parte da sociedade que praticou o aborto. Mulheres sem suporte sócio-econômico e psicológico. Mulheres carentes de tudo. Ironicamente só não lhes falta fertilidade. Mulheres que não têm condições de ter filhos, mas se engravidam. Então só há duas saídas: Renegar o filho antes dele nascer ou abandoná-lo, depois de nascido. Hoje em dia, ocorrem vários casos em que a gravidez é indesejável. Vários são os motivos: a qualidade de vida sócio-econômica da maior parte população, o nível de instrução das pessoas, a não prevenção da gravidez através de métodos anticoncepcionais, entre outros. A partir dessa gravidez indesejada é que surge a idéia de praticar o aborto, pois como poderia uma mulher trazer ao mundo um ser que ela julgue repugnante, maléfico? É aí que entra o aborto clandestino, uma maneira fácil e ao mesmo tempo perigosa de se livrar desse grande problema. Para agravar mais a situação, o aborto provocado, por ser clandestino, muitas vezes é praticado sob condições mínimas de higiene e limpeza. Em conseqüência, é muito grande o número de mulheres que chegam aos hospitais com infecções, hemorragias, choques sépticos e outras 25 complicações. Infelizmente, por maior que seja o esforço das equipes de saúde, geralmente não há como salvar a vida dessas mulheres, o que acaba por transformar o aborto numa das principais causas de morte materna no Brasil. “...A camada mais rica da população escolhe ter ou não o filho. E, se opta por não tê-lo, aborta pagando caro em dinheiro mas sem riscos para a saúde. A mulher pobre nem opta. Ela muitas vezes quer ter o filho mas não tem condições de mantê-lo: é o desemprego, a nãoexistência de infra-estrutura social, possibilidade de dar comida e educação a mais um. Como não vê condições de ter, ela resolve não ter. E aí? O aborto é caro e ela então se volta para a vizinha, a colega etc., com as conseqüências já descritas. No caso de adolescente, uma pesquisa efetuada pelo prof. Nelson Vitielo, da Faculdade de Medicina da Fundação Universitária do ABC, de Santo Amaro, entre 2.800 parturientes atendidas em 1.980, 383 tinham entre 12 e 18 anos. Todas estas adolescentes provinham das camadas mais pobres da população. O prof. Vitielo concluiu que ‘esses números revelam que as jovens mais pobres chegam ao final da gestação, não por ter assumido a gravidez, mas porque não foram orientadas para o aborto, que nas camadas de mais recursos é praticado em grande escala’. Com essa gravidez, surgem outros problemas de grande custo social e emocional”. (Suplicy, Marta; Conversando sobre sexo; 17ª Edição/91; Editora Vozes) Além da gravidez os adolescentes ainda correm o risco de contraírem algum tipo de doenças sexualmente transmissível. As Doenças sexualmente transmissíveis são transmitidas de pessoa a pessoa através do contato sexual, portanto é possível evitá-la, bastando, para isso, não manter relação sexual com pessoas portadoras de tais doenças. Algumas pessoas não sabem que são portadoras dessas moléstias, pois não apresentam manifestações evidentes no corpo e por vezes desconhecem estas manifestações. As principais doenças sexualmente transmissíveis serão descritas de maneira bem reduzida. 26 Em muitos casos, o médico diagnostica a doença no momento da consulta; são solicitados exames laboratoriais para confirmação diagnostica. Sempre que possível, os parceiros sexuais devem comparecer à consulta para investigação clínica. Na maioria dos casos, o tratamento é fácil e normalmente as manifestações clínicas desaparecem em curto espaço de tempo SÍFILIS Também conhecida com Lues, começa com uma discreta lesão (pequena ferida) nos órgãos genitais (pênis, vulva, vagina, colo uterino) que não causa dor, geralmente única, que aparece 20 a 30 dias após a relação sexual contaminada. Esta pequena lesão é chamada de Cancro Duro, que desaparece espontaneamente em 1 mês. Depois de aproximadamente 10 dias do aparecimento do Cancro Duro, surgem caroços nas virilhas (as ínguas) que somem, apesar de não tratadas. Fica-se algum tempo (30 dias) sem manifestações para então aparecerem manchas avermelhadas na pele, que parecem uma alergia, porém com uma diferença: geralmente não coçam. Daí, então, a doença evolui com aparecimento eventual de alterações na pele e mucosa, principalmente ao redor dos órgãos genitais. Depois de 1 a 2 anos de evolução, a doença entra na fase de latência (ausência de manifestações no corpo). Depois desse período, a doença pode evoluir para fase tardia, principalmente com lesões no coração e cérebro. A doença só continua quando não ocorre tratamento adequado. As gestantes com Sífilis podem abortar ou gerar crianças com graves problemas ou mesmo mortas, quando não tratadas. A Sífilis tem como agente causador uma bactéria. Existe um exame de sangue (sorologia) que serve para fazer o diagnóstico e controlar a cura da doença. O importante é que este exame só fica positivo após 5 semanas do contato sexual contaminante e sua negativação, em muitos casos, só ocorre 27 vários meses após o tratamento. Em algumas pessoas, este exame pode ficar positivo (em concentração muito baixa) por toda a vida, mesmo depois da cura completa da doença. É sempre necessário orientação do médico, pois só ele sabe interpretar os resultados de sorologia para Sífilis. GONORRÉIA No homem inicia-se após um período que varia de 2 a 10 dias do contato sexual, com uma secreção amarelada e viscosa na uretra (canal do pênis), seguida de ardência e dor ao urinar. Já na mulher pode não haver manifestações (forma assintomática), contudo, quando os apresenta, os problemas são traduzidos por corrimento vaginal amarelado, bem viscoso e quase sempre com odor desagradável. Não sendo prontamente tratada, pode haver complicações. No homem leva à infeção na próstata e nos testículos. Na mulher, freqüentemente é causa de salpingite (infeção nas trompas), que causa fortes dores na barriga. A salpingite pela Gonorréia complica-se com obstrução das trompas, sendo causa de esterilidade (impossibilidade de ficar grávida).Embora seja raro a Gonorréia pode evoluir para causar lesões em articulações, fígado e até no cérebro. Durante o parto, a mulher com Gonorréia transmite a doença ao bebê, podendo a criança apresentar problemas nos olhos. A Gonorréia é uma das Doenças Sexualmente Transmissíveis mais freqüente. O causador é uma bactéria. CANCRO MOLE Popularmente chamado Cavalo, é causado por uma bactéria, e apresenta nos órgãos genitais várias feridas ulceradas, dolorosas, que são acompanhadas de (íngua na virilha (bubão) e desaparecem quando são tratadas. O bubão geralmente se rompe com orifício único. 28 CONDILOMA ACUMINADO Ou Crista de Galo, é uma doença causada por um vírus, o Papillomavírus humano. As lesões do Condiloma, também nos órgãos genitais, são do tipo verrugas, lembrando couve-flor. Contudo, em algumas manifestações clínicas podem ser bem diferentes. Em outras ocasiões, um dos parceiros pode apresentar lesões típicas (tipo couve-flor), enquanto o outro parceiro pode não ter lesão evidente, mas ser portador do vírus, também conhecido como HPV.O tratamento do Condiloma Acuminado é feito com substâncias ou intervenções que só os médicos devem manusear, pois podem causar sérios problemas quando usadas sem os cuidados necessários. LINFOGRANULOMA VENÉREO Também chamado Mula, é causado por uma bactéria. Inicia-se com discreta lesão nos órgãos genitais, que na maioria dos casos nem é percebida. Causa grande íngua na virilha (bubão), que tende a se romper em múltiplos orifícios. Sua evolução é muita lenta e pode causar elefantíase, que é um aumento acentuado dos órgãos genitais externos. Na mulher, na fase bem avançada da doença, pode também causar estreitamento do ânus. HERPES GENITAL É causado por um vírus e sua manifestação maior é a formação de vesículas (pequenas bolhas) que se rompem causando dor, tipo queimação e ardência nos órgãos genitais. A doença aparece e desaparece espontaneamente, estando ligada a fatores desencadeantes como o Stress. Apesar de não se ter, até hoje, uma medicação para o tratamento do Herpes, é errado pensar que a doença não tem cura. É relatado que, afastando os fatores irritantes e traumático, a doença pode ficar sob controle, até que o próprio organismo desenvolva um mecanismo interno de defesa. 29 URETRITE NÃO GONOCÓCICA Infeção na uretra mas que não é gonorréia pode ser causada por vários germes. A maioria dos homens com Uretrite não gonocócica apresenta uma leve secreção na uretra (canal do pênis), sente pouca dor e discreta ardência ao urinar. Pode ser uma doença grave quando não tratada. A maior parte das mulheres não possui sintomas da doença; porém, elas podem transmitir a moléstia a seu parceiro. INFECÇÕES VAGINAIS São causadas por diferentes germes que provocam corrimento brancoamarelado ou acinzentado, coceira, dor durante a relação sexual, ardor e odor ativo. Na maioria das vezes, os parceiros sexuais não apresentam sintomas, mas podem ser portadores de tais germes. Por isso, pode ser indicado exame médico e conseqüente tratamento dessas pessoas. CANDIDÍASE A candidíase é uma infecção causada por fungo do gênero Cândida. A candidíase é uma micose que tem aumentado muito a sua freqüência nos últimos tempos. Constitui-se atualmente em um dos tipos mais comuns de vulvovagininite e é mais frequente na mulher grávida. Atualmente, aceita-se como frequente a transmissão pela via sexual, embora contaminação, a partir do sistema gastrintestinal, seja bastante comum. A recidiva ou reinfecção constitui-se um problema crucial da candidíase vulvovaginal. Aceita-se como causas importantes de reinfecção contaminação a partir do sistema digestivo ou a partir do parceiro sexual. a 30 Na candidíase vulvovaginal recidivante recomenda-se o tratamento da forma vaginal e intestinal e do parceiro Visando melhorar a eficácia da terapêutica, devem ser observadas: higiene íntima diária com sabão neutro e água, ferver roupas íntimas, proporcionar boa aeração vulvar, evitar uso de roupas de fibras sintéticas ou vestimentas apertadas, e afastar tanto quanto possível, os fatores predisponentes. O sofrimento e a angústia, causados pela recidiva ou persistência dos sintomas, podem produzir desajuste conjugal e necessitar apoio psicoprofilático. TRICOMONÍASE A tricomoníase é uma infecção causada por um protozoário no trato gênito-urinário da mulher e do homem. É o tipo mais frequente de vulvovaginite na mulher adulta. A via de transmissão principal é o contato sexual, em condições especiais é possível outras formas de transmissão, contudo são estatisticamente desprezíveis. A tricomoníase é a infecção que mais se associa a outras D.S.T. No homem – Na quase totalidade dos casos é assintomático, mas alguns apresentam quadro clínico típico de uma uretrite não gonocócica acrescido de prurido no meato uretral ou sensação de fisgadas na uretra. Na mulher – A ausência de sintomas ocorre com freqüência nas mulheres infectadas de Tricomonas. Entretanto como estas são capazes de transmitir a doença e a maioria apresentarão manifestações clínicas, devem ser tratadas. 31 O tratamento deve ser simultâneo para os parceiros sexuais. Procure serviços de saúde em caso de duvidas. SIDA/AIDS A Sida/Aids (Síndrome de Imunodeficência Adquirida), é uma doença causada pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH ou HIV) que infecta principalmente as células necessárias à defesa do organismo, permitindo que outros vírus, fungos, bactérias ou protozoários causem a morte do indivíduo. O HIV transmite-se através da relação sexual sangue contaminado e por via placentária. Adoecem mais facilmente: os homens com hábitos homossexuais porque a mucosa do intestino, inclusive o reto, tem receptores para o vírus. As pessoas transfundidas com sangue e derivados contaminados, já que uma única transfusão é suficiente para infectar o indivíduo. Os usuários de drogas por via venosa que fazem uso em grupo (cocaína, heroína, etc., suprimem fortemente a imunidade); os parceiros sexuais dos pacientes contaminados HIV positivos; as crianças que nascem de mães infectadas. As mulheres mesmo não sendo boas transmissora do vírus podem contaminar seus parceiros, contudo são receptoras naturais do esperma contaminado. O período de incubação varia de algumas semanas a alguns meses, dependendo da via de contaminação. Após este prazo o doente pode apresentar a fase aguda cujos sintomas variam desde uma simples gripe até formas com febre, diarréia, aumento de gânglios, infecções de garganta, fígado e baço aumentados, meningites, etc. Depois de trinta dias, aparecem os anticorpos contra o HIV e o paciente fica sem sintomas, apesar de contaminante, por vários anos, até que fatores 32 externos (outras viroses, outras causas) diminuam a sua resistência, facilitando as infecções oportunistas e os cânceres característicos da Aids. Os primeiros sintomas desta síndrome podem ser febre elevada e contínua, diarréias intermitentes e prolongadas, emagrecimento acentuado e mais tarde o aparecimento das outras infecções, sendo a mais comum a candidíase oral (sapinho na boca). Não há até o momento nenhum medicamento que elimine o HIV. 3.2.Responsabilidade no lar Com o divórcio, as mulheres geralmente detêm a guarda das crianças. A mãe que se vê sozinha é confrontada, na maioria dos casos, com uma queda em seu nível de vida. A atividade profissional da mulher ainda é , muitas vezes, responsável apenas pelo segundo salário da família. Então acabam aparecendo os problemas financeiros, obrigando-a a investir mais na atividade profissional. Mais diminuir o tempo dedicado aos filhos acentua as dificuldades de administrar a vida doméstica. A criança normalmente é obrigada a amadurecer mais rapidamente, pois logo lhe é exigido que seja autônoma. Porém uma independência por demais precoce pode angustiá-la. Sufocada pelas responsabilidades que deve assumir, ela pode se tornar agressiva: voltar-se contra o pai ou mãe que a deixam sempre só e exigem tanto. Algumas, fugirão dessa situação, procurarão refúgio fora. Também acontece de algumas crianças se investirem demais nesse papel e se tornarem, aparentemente, hipermaduras . É muito prático Ter uma criança autônoma, mas é importante medir até onde ela pode suportar essa carga de liberdade. Ao mesmo tempo, deve haver tarefas que ela seja capaz de realizar. Aos mais velhos, sempre se vêem atribuir tarefas como cuidar dos 33 menores, fazer compras, preparar alguma coisas na cozinha etc. porém tarefas muito pesadas podem atrapalhar seu desenvolvimento. Há pais, ou mães, que entram em depressão e ficam angustiados, tendo muita dificuldade em estabelecer relações externas. A criança se vê na obrigação de cuidar deles, tornando-se o “o pai do pai”, ou da mãe, ou “mãe do pai “, ou da mãe. Sentindo-se responsável pelo estado em que seu pai se encontra, vai passar a lhe evitar qualquer preocupação, qualquer contrariedade, e fazer como se tudo estivesse bem, como se estivesse feliz. Assim sendo, Põe de lado todos os seu sentimentos, todas as suas exigências, todos os seus pensamentos pessoais, a fim de só se preocupar com o pai deprimido. As crianças torna-se passiva e submissa. Esse filho, ou filha, devotado, não tendo construído sua vida psíquica, estará completamente despreparado diante das situações que deve enfrentar. Muitas vezes, é o mais velho que toma o lugar de chefe de família, cuidando dos irmãos menores, e na maioria das vezes, assumindo a responsabilidade de prover o sustento do lar. Alguns pais ficam encantados com essa situação, pois querem aproveitar o máximo de sua liberdade, levando em conta somente seu interesse e prazer. Essas crianças podem se tornar desembaraçadas, hipermaduras, pelo menos aparentemente, mas se arriscam a exprimir mais tarde suas angústias, sob forma de somatização, delinqüência, toxicomania etc. Cuidar de seu pai ou mãe é uma carga muito pesada para uma criança, qualquer que seja a idade. 34 O Esgotamento tem origem em duas ocasiões: primeiro, quando a situação à qual o indivíduo terá que adaptar-se (estímulo externo ou interno) for indesejável ou desagradável e persistir por muito tempo. Nesse caso há um esgotamento por falência adaptativa devido aos esforços (emocionais) para superar uma situação indesejável persistente, seja considerada indesejável do ponto de vista subjetivo ou objetivo. Isso quer dizer que o estímulo para o stress seria ameaçador tanto para a pessoa que à ele reage quanto para terceiros, se esses fossem submetidos ao mesmo estímulo. Em segundo lugar, quando a pessoa não dispõe de uma estabilidade emocional suficientemente adequada para adaptar-se à estímulos não tão traumáticos, objetivamente falando. Isso quer dizer que a pessoa sucumbiria emocionalmente à situações não tão agressivas à outros colocados na mesma situação mas, não obstante, agressivas particularmente à ela. 35 4.1 . DEPRESSÃO As pessoas reagem diferentemente às emoções em geral e à Depressão, em particular, inclusive em termos de eventuais doenças psicossomáticas. Ao se estudar o Afeto, entendem-se haver uma espécie de filtro (exemplificados como lentes de óculos hipotéticos) através do qual os fatos e eventos são percebidos pelo indivíduo. Isto faria distinguir situações percebidas como estress antes por alguns e não por outros. A sensibilidade afetiva pessoal diante da vida exerce um efeito atenuante ou agravante aos eventos, efeito este que depende mais da própria personalidade que das circunstâncias. Isso definirá o modo de ser, de reagir, de enfrentar e de se adaptar ao estresse. Assim sendo, pode-se dizer que a elevação da pressão arterial diante do estresse, por exemplo, parece depender mais da avaliação pessoal (subjetiva) que o indivíduo faz da situação do que da própria situação, objetivamente considerada. Alguns observadores notaram que os hipertensos tendem ao pessimismo, antecipando conseqüências negativas dos fatos, a interação interpessoal e social é por eles vivida como fonte de ansiedade e estresse. O termo Depressão, mais comumente usado que Hipotimia, pode significar um sintoma que faz parte de inúmeros distúrbios emocionais sem ser exclusivo de nenhum deles, pode significar uma síndrome traduzida por muitos e variáveis sintomas somáticos ou ainda, pode significar uma doença, caracterizada por marcantes alterações afetivas. Portanto, não está errado dizer que o termo Depressão seja por demais descritivo e muito pouco explicativo. 36 Há sempre uma estranha expectativa do público ao ouvir, do psicólogo ou do psiquiatra, com freqüência, que isso ou aquilo é Depressão, sem muito zelo com maiores explicações sobre este misterioso fenômeno. O termo Depressão pode significar um sintoma que faz parte de inúmeros distúrbios emocionais sem ser exclusivo de nenhum deles, pode significar uma síndrome traduzida por muitos e variáveis sintomas somáticos ou ainda, pode significar uma doença, caracterizada por marcantes alterações afetivas. O público está certo ao estranhar a ostensiva e constante presença desta tal Depressão em quase tudo que diz respeito à transtornos emocionais, e os psiquiatras não estão menos certos ao procurarem descobrir uma ponta de Depressão em quase tudo que lhes aparece pela frente. Do ponto de vista clínico seria extremamente fácil e cômodo se a Depressão fosse caracterizada, exclusivamente, por um rebaixamento do humor com manifestação de tristeza, choro, abatimento moral, desinteresse, e tudo aquilo que todos sabemos que uma pessoa deprimida apresenta. Desta forma até o amigo íntimo, o vizinho ou o dono da bar da esquina poderiam diagnosticá-la. A parte mais difícil e trabalhosa da psiquiatria ou da psicologia, está no diagnóstico dos muitos casos de Depressão atípica, incaracterística ou mascaradas, bem como, perceber traços depressivos em outras patologias emocionais, como por exemplo, nos casos de Pânico, Fobia, etc. Entre as emoções, aquelas decorrentes do estado de humor são as mais estudadas e, entre essas, a mais pesquisada é a Depressão. A sintomatologia depressiva é muito variada e muito diferente entre as diferentes pessoas. Para entender melhor essa diversidade de sintomas 37 depressivos, deve-se considerar que, entre as pessoas, a Depressão seria como uma bebedeira geral, onde cada pessoa alcoolizada ficasse de um jeito; uns alegres, outros tristes, irritados, engraçados, dorminhocos, libertinos... A única coisa que todos teriam em comum é o fato de estarem sob efeito do álcool, todos estariam tontos, com os reflexos diminuídos, etc. Na Depressão também; cada personalidade se manifestará de uma maneira. A psicopatologia recomenda como válida a existência de três sintomas depressivos básicos, os quais darão origem a variadíssimas manifestações desta alteração afetiva. Essa tríade sintomática da Depressão seria: 1 - Sofrimento Moral, 2 - Inibição Global e, 3 - Estreitamento Vivencial. Compete à sensibilidade do observador, relacionar um sentimento, um comportamento, um pensamento ou sentimento, como a expressão individual de um desses três sintomas básicos, como sendo a expressão pessoal e adequada da personalidade de cada um diante da Depressão. Alguns deprimidos podem apresentar sintomas somáticos (físicos), juntamente ou ao invés dos sintomas emocionais de tristeza, angústia, medo, etc. Esses sintomas físicos podem ser, por exemplo, dores vagas e imprecisas, tonturas, cólicas, falta de ar, e outras queixas de caracterização clínica complicada. Para estes pacientes somáticos, talvez seja mais fácil comunicar sua aflição e desespero através dos órgãos do que do discurso. Também em crianças e adolescentes a Depressão pode se dissimular sob a forma de um humor irritável ou rabugento, revoltado e irrequieto, ao invés da tristeza e abatimento. 38 Outras pessoas podem manifestar sua Depressão com irritabilidade aumentada, como por exemplo, crises de raiva, explosividade, sentimentos exagerados de frustração, tendência para responder a eventos com ataques de ira ou culpando os outros. Na Depressão também é muito freqüente um certo prejuízo na capacidade de pensar, de se concentrar ou de tomar decisões. Os depressivos podem se queixar de enfraquecimento da memória ou mostrar-se facilmente distraídas. A produtividade ocupacional costuma estar também prejudicada, notadamente nas profissões intelectualmente exigentes. Em crianças deprimidas pode haver uma queda abrupta no rendimento escolar, como resultado da dificuldade de concentração. Freqüentemente existem pensamentos sobre a morte nos quadros depressivos. Trata-se, não apenas da ideação suicida típica mas, sobretudo, da preferência em estar morto a viver "desse jeito". Para entender porque e como existem sintomas de Depressão atípica, sintomas que sugerem apenas indiretamente a presença de Depressão, é preciso falar da coexistência da Depressão com a ansiedade, sabendo que essa última sim, é pródiga em sintomatologia somática e emocional atípica. Muito embora os atuais manuais de classificação de doenças mentais tratem separadamente os quadros ansiosos dos afetivos, pesquisas e autores têm se preocupado em estabelecer relações entre esses dois estados psíquicos. Ao longo de cinco anos de observação constatou que o diagnóstico de Depressão passa para Ansiedade em 2% dos casos e, em sentido contrário, da Ansiedade para a Depressão, em 24% dos casos. Pode-se constatar também que antigos quadros ansiosos costumam evoluir no sentido da Depressão . sustenta-se ainda a idéia da evolução do estresse para Ansiedade e em seguida para Depressão. 39 Ansiedade e Depressão exigem terapias diferentes dos grupos de pacientes que apresentam esses quadros isoladamente. Observa que quando as duas síndromes coexistem a evolução é mais crônica, a resposta é menor às terapias convencionais e o prognóstico é pior. Na Depressão, verifica-se o aumento da reatividade e sensibilidade para os sentimentos desagradáveis, podendo variar desde o simples mal-estar, até o estupor melancólico, ou seja, uma apatia extrema por melancolia. Esse estado de Hipotimia ou Depressão se caracteriza, essencialmente por uma tristeza profunda, normalmente imotivada, que se acompanha de lentidão e inibição de todos os processos psíquicos. Em suas formas leves a Depressão se revela por um sentimento de mal-estar, de abatimento, de tristeza, de inutilidade e de incapacidade para realizar qualquer atividade. Os pacientes hipotímicos estão dominados por um profundo sentimento de tristeza imotivada. No doente deprimido, as percepções são acompanhadas de uma tonalidade afetiva desagradável: tudo Ihe parece negro. Os doentes perdem completamente o interesse pela vida. Nada lhes interessa do presente nem do futuro e, do passado, são rememorados apenas os acontecimentos desagradáveis. As percepções são lentas, monótonas, descoloridas. Ao paciente parece que os alimentos perderam o sabor habitual. Nos estados depressivos, as ilusões são mais freqüentes do que as alucinações. As idéias deliróides nos pacientes hipotímicos são comuns, expressando geralmente idéias de culpa, de indignidade, ruína, pecado e de auto-acusação. O pensamento é lento e o próprio ato de pensar é acompanhado de um sentimento desagradável. O conteúdo do pensamento exprime motivações dolorosas. O paciente é incapaz de livrar-se de suas idéias tristes pela simples ação de sua vontade ou dos pensamentos positivos, como se diz. 40 O quadro clínico do estado afetivo depressivo é caracterizado pela inibição geral da pessoa, pela baixa performance global refletida pela lentidão e pobreza dos movimentos, pela mímica apagada, pela linguagem lenta, monótona e pelas dificuldades pragmáticas. Os sintomas somáticos são bastante evidentes nos pacientes hipotímicos. Os distúrbios vasomotores se traduzem em mãos frias, algumas vezes pálidas e cianosadas, pela palidez dos lábios e hipotermia. São freqüentes os espasmos ou dilatações vasculares, com conseqüente oscilação da pressão arterial. Os pacientes deprimidos dão a impressão de mais velhos. As perturbações digestivas também são constantes, a língua pode se apresentar saburrosa, há alterações do apetite, tanto com inapetência quanto com hiperfagia e constipação intestinal. Os distúrbios circulatórios ocasionam um sentimento subjetivo de opressão na região cardíaca, causando a chamada angústia precordial. Em determinados casos, sob a influência de fatores externos ou em conseqüência de causas internas temporárias, a Depressão pode aumentar de modo considerável, determinando um estado de excitação ansiosa. Quando o paciente, não encontra solução para seu sofrimento costuma pensar no suicídio. A Depressão patológica é um dos sintomas fundamentais do Transtorno Afetivo Bipolar, em sua fase depressiva. Estados depressivos também podem ser observados em todas as psicoses e neuroses. No Transtorno Afetivo Bipolar, entretanto, a Depressão tem uma origem ligada a fatores afetivos internos (sentimentos vitais), que escapam à compreensão do doente e de seus familiares. Nas Distimias, nas reações agudas ao estresse e nas neuroses de modo geral, a Depressão costuma ser mais reativa, isto é, mais psicogênica (mais 41 anímica que vital), originando-se de situações psicologicamente compreensíveis e de experiências desagradáveis. A anormalidade do sentimento depressivo nesses quadros psicogênicos está na intensidade e na duração desse afeto em comparação às pessoas normais e não em sua qualidade, como acontece nos Transtornos Afetivos Bipolares. Os afetos depressivos podem aparecer como uma resposta a situações reais, através de uma Reação vivencial depressiva, quando diante de fatos desagradáveis, aborrecedores, frustrações e perdas. Trata-se, neste caso, de uma resposta a conflitos íntimos e determinados por fatores vivenciais. Daí denominação Depressão reativa, ou seja, em reação a alguma coisa real e acontecida, à uma fonte exógena que pode ser casualmente relacionada àquela reação. Esta Depressão Reativa, embora compreensiva por tratar-se de uma reação afetiva à uma vivência desagradável, não deve ser entendida como normal e fisiológica mas apenas compreensível. Diante de fatos desagradáveis pode-se esperar, fisiologicamente, a tristeza e não a Depressão e, quanto à isso, não deve-se fazer nenhuma confusão. Esta última, a Depressão, deve ser uma denominação reservada para as reações vivenciais Anormais proporcionadas por circunstâncias vivenciais desagradáveis, ou seja, reações desproporcionais em quantidade, qualidade e temporalmente ao agente causal. Os sentimentos de tristeza que normalmente acompanham situações frustrantes são diferenciados da Depressão por não comportarem a tríade sintomática de Inibição Psíquica, Estreitamento de Campo vivencial e Sofrimento Moral. A Depressão pode aparecer ainda acompanhado, ou aparentemente motivada, por situações anímicas. Neste caso, certas perspectivas futuras, certos anseios e objetivos de vida estão representados intrapsiquicamente de maneira negativa. Há um sentimento depressivo associado às conjecturas 42 irreais de tal forma que o panorama atual dos acontecimentos e a expectativa do porvir são funestamente valorizados. Sofre-se por aquilo que não existe ainda ou, muito possivelmente, nem existirá. Um exemplo disso é a Depressão experimentada diante da possibilidade da perda de um emprego, ou da perspectiva de vir a sofrer de grave doença e assim por diante. Evidentemente, não se trata aqui, de que tais perspectivas sombrias estejam a alimentar a Depressão, mas muito pelo contrário, ou seja, a Depressão é quem confere um significado lúgubre às possibilidades do futuro. Não se pode acreditar que, neste caso, exista uma relação causal vivencial solidamente vinculada à Depressão, pois, de qualquer forma, as situações referidas como promovedoras e alimentadoras da Depressão não aconteceram ainda. Em outros termos e de acordo com que se sabe sobre reações vivenciais , falta o elemento estressor, o qual existe apenas na imaginação do paciente. Portanto, é lícito pensar já numa Depressão mais profundamente arraigada no ser, a qual, embora atrelada à personalidade, utiliza os elementos vivenciais apenas para nutrir sua necessidade de sofrimento (uma vez que, ainda não aconteceram concretamente). Há, finalmente, casos de Depressão procedentes de um temperamento francamente depressivo ou seja, a nível de sentimentos vitais. São, neste caso, transtornos da afetividade emancipados dos elementos vivências quanto à causalidade. Isso não impede que sejam desencadeados por vivências traumáticas. Trata-se de uma Tonalidade Afetiva Básica rebaixada e, evidentemente, talhada à reagir sempre depressivamente à vida. As pessoas que se encontram depressivas durante uma fase de suas vidas, cujo contexto vivêncial sugere uma circunstância sofrível, quer como conseqüência de um fato único, quer como uma somatória de fatos traumáticos sucessivos, sem que se possa detectar um temperamento depressivo prévio, provavelmente estarão apresentando uma Depressão Reativa. Neste caso, 43 esta reação depressiva não pode ser tida como decorrência de uma tonalidade Afetiva Depressiva de Base, mas como uma resposta emocional à uma circunstância de vida. Daí empregar-se, antigamente, a denominação de depressão exógena, ou seja, dependente de fatores externos à personalidade da pessoa. Depois de estabelecido nesta pessoa o estado depressivo, ainda que, conseqüente a fatores reais e externos à sua personalidade, tudo mais em sua vida parecerá depressivo, até que saia desta fase afetiva. Assim sendo, poderá também ser pessimista quanto à sua situação futura, portanto, depressivo quanto à Situações Imaginárias. Da mesma forma, os pacientes portadores de Tonalidade Afetiva depressiva de Base, por possuírem um temperamento previamente depressivo, independentemente dos fatos vividos, sempre estarão tingindo de negro suas perspectivas futuras. São portadores da, anteriormente denominada, depressão endógena e, como se viu, relacionada não apenas ao Sentimentos Vitais como também às Situações Imaginárias. A questão em se saber a natureza endógena ou exógena do estado depressivo, hoje em dia, parece não despertar o mesmo interesse de antes. Os indivíduos com características afetivas depressivas (anteriormente denominados de depressivos endógenos) reagirão sempre aos estímulos da vida de uma forma consoante ao seu afeto depressivo, portanto, dando a falsa impressão de apresentarem Depressão reativa: a maioria dos eventos, para eles, terá uma conotação negativa. Por outro lado, a clínica tem mostrado, com freqüência, determinadas vivências bastante suportáveis para alguns, ocasionando, em outros, verdadeiras reações Depressivas. Isso sugere que tal reação Depressiva não deve ser legada apenas aos elementos vivenciais. No fundo, considerando o estado afetivo no qual o indivíduo se encontra no momento, tem sido tarefa muito penosa estabelecer a natureza de sua 44 depressão. Nestes casos, recorre-se quase sempre à personalidade pregressa do paciente; se a tonalidade afetiva era, anteriormente, depressiva, há possibilidade deste estado depressivo atual ser de natureza endógena, mas mesmo assim não será uma implicação obrigatória. Outras vezes, também de acordo com exemplos cotidianos da prática clínica, personalidades previamente bem adaptadas e sugerindo uma boa adequação afetiva poderão, não obstante, apresentar fases de profunda depressão sem motivação vivencial. Procura-se, nestes casos de Depressão sem motivação ambiental ou, talvez, em atenção a um conforto do terapeuta, justifica-la como decorrência da eventual somatória de vivências passadas.Certeza disso, entretanto, ninguém pode ter. Quando as crianças perdem os principais referenciais pai e mãe, e a desordem reina nas suas mentes confusas, podem surgir depressões infantis de bastante gravidade e de preocupantes conseqüências futuras. 4.2 . RAIVA Ódio é um termo que se origina do latim odiu, que é a paixão que impele a causar ou desejar mal a alguém; execração, rancor, raiva, ira: aversão a pessoa, atitude, coisa, etc.; repugnância, antipatia, desprezo, repulsão rancor profundo e duradouro que se sente por alguém; aversão ou repugnância, antipatia, etc. . O ódio pode estar voltado a inúmeros fatores como por exemplo aos desonestos, à violência, aos pobres, ricos, etc. É um sentimento que abala relacionamentos, e cria vínculos a serem reparados, sendo encontrado, em suas várias modalidades de manifestação e em seus variados graus de intensidade. O ódio solapa o ser humano considerado verdadeiro flagelo psicológico. 45 Com muita propriedade a filosofia chinesa assevera: "sentir ódio é como beber água salgada, aumenta mais a sede". O ódio coabitando com os sentimentos não leva a nada; muito pelo contrario juntamente com o rancor é um grande fábrica geradora de distúrbios psicossomáticos As raízes do comportamento agressivo começam na infância e estão alicerçadas na relação de afeto com as figuras materna e paterna. Para a menina a mãe é a figura de molde o pai o modelo teórico. Ela procura ser como ou o oposto da mãe e procura alguém igual ou o oposto do pai. Para o menino o pai é a figura de molde a mãe o modelo teórico. Ele procura ser como ou o oposto do pai e procura alguém igual ou o oposto da mãe. Isto vai depender da relação afetiva entre pais e filhos. O relacionamento afetivo entre pais e filhos é de extrema importância na formação da personalidade da criança. Ele pode criar marcas altamente positivas, como pode deixar registros negativos que influenciarão na formação do caráter. A falta de relação afetivo/corporal entre pais e filhos é o primeiro passo para o estabelecimento de um comportamento agressivo. Pais distantes que tem pouco ou nenhum contato afetuoso, podem desenvolver em seus filhos uma relação de afastamento com a figura de poder gerando em seus filhos uma relação amor/ódio muito forte. Esta relação amor/ódio é um dos principais fatores da agressividade. O amor geralmente é dirigido a objetos, ou melhor, na posse material, e o ódio à quem tem (materialmente ou hierarquicamente). Ter significa poder. ser é secundário, ele é na medida que tem. Quanto mais tem mais existe. 46 Acontece que na maioria dos casos estas crianças, por falhas em sua formação tem dificuldades em investir de si para obter ou atingir algum objetivo. Assim podem partir para comportamentos sociopáticos na vida adolescente e/ou adulta. É uma porta para o uso de drogas ( criar um mundo artificial), para os comportamentos de tirar dos outros aquilo que deseja ( furtar, roubar, etc.), para a necessidade do uso de armas (sentir-se mais forte, mais poderoso, etc.).Tira do mundo aquilo que lhe foi negado, tudo que é contrário aos seus interesses ou sua ideologia tem que ser lesado pois esta errado. Pais extremamente presentes que superprotegem e inibem a liberdade de expressão dos filhos podem gerar a idéia de que eles são inatingíveis, são o centro do mundo. Este egocentrismo gera quase sempre um comportamento agressivo contra as figuras hierarquicamente superiores, pois é difícil seguir ou obedecer regulamentos. Eles o impedem ou dificultam fazer o que querem, da forma que eles querem, na hora que querem. Com o advento do divórcio, os pais tendem agir exatamente como o apresentado em linhas anteriores. Podem se tornarem distantes, ou extremamente presentes, prejudicando desta forma, o desenvolvimento dos seu filhos e podendo gerar neles um sentimento de ódio. 47 CONCLUSÃO Divorciar é uma decisão individual, única da pessoa. E, com certeza, uma decisão pesada de ser tomada sozinha, pois as conseqüências são drásticas. Por isso o tema é tão discutido, ao ponto de não se saber o que é melhor: o divórcio ou a continuidade do quadro atual vigente? O maior problema é que enquanto estão discutindo se a separação deve ou não ser o melhor remédio, milhares de pessoas continuam sofrendo diante deste quadro tão complexo. Para mim, a realização do divórcio poderia ser uma alternativa viável para a resolução do problema. Mas até que ponto isto seria bom? Não se sabe e, muito menos eu sou capaz de prever. Mas, o divórcio, com uma responsabilidade séria, com a conscientização dos cônjuges, para que tudo se resolva de um modo civilizado, poderá diminuir a gravidade do problema. Fica aí uma exposição do problema que o divórcio pode ser para a família envolvida e também um alerta para as autoridade competentes, pois, como ficou demonstrado nos capítulos posteriores, o divórcio envolve muito mais questões do que uma mera discussão sobre a sua legalidade ou não. Não só as autoridades, mas todos nós. Que todos pensem bem antes de realizar o divórcio, analisem as conseqüências e, se mesmo assim, pratiquem-no de forma consciente, e depois arquem com as conseqüências e seqüelas. 48 BIBLIOGRAFIA ARIES Fhilippe. História Social da Criança e da Família. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora AS, 2º Edição, 1981. COLLINS Sérgio. A Família Moderna. São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 1968. GABAR, Claire. Francis Theodore Família Mosaico. São Paulo: Augustus, 2000 LES e LESLIE Parrott. Relacionamentos. São Paulo: Editora Imprensa da Fé, 3ª Edição, 2001. MEYER Luiz. Família: Dinâmica e Terapia. São Paulo: Editora Brasiliense, 1987 PAUL Watzlawick. JANET Helmick Beavin. D. Jackson Don. Pragmática da Comunicação Humana. São Paulo: Editora Cultrix, 1967. SHINYASHIKI, Roberto. Pais e Filhos, Companheiro de Viagem. São Paulo: Editora Gente, 5ª Edição, 1992. COLINS, Gary R. tradução Neyd Siqueira. Aconselhamento cristão. São Paulo: Vida Nova, 1995 TIBA Içami. Limite na Medida certa. São Paulo: Editora Gente, 1996 LIMA, Delcir de Souza. Ajuda para líderes Cristão. Niterói: STBN, 2001 49 ANEXOS 50 FOLHA DE AVALIAÇÃO Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes Título da Monografia: Os efeitos do divórcio sobre o filho adolescente Autor: Silvio dos Santos Nogueira Data da entrega: 27/01/04 Avaliado por: Conceito: Avaliado por: Conceito: Avaliado por: Conceito: Conceito Final: