Psiquiatria - Hospital Risoleta Tolentino Neves

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Hospital Risoleta Tolentino Neves
Psiquiatria
Ansiedade: qualidade de emoção vinculada ao medo e a expectativa (o sujeito pode ou não perceber a apreensão),
associada por definição à um estado emocional negativo ou aversivo (ou seja, descrita como desagradável) e quase
sempre acompanhada de sintomas físicos inespecíficos associados à excitação autonômica, tais como palpitações, sudorese,
tremores, respiração ofegante, sensação de sufocação, entre outros. A ansiedade, desta forma se diferencia de outros
estados de expectativa, não associados à vivência emocional aversiva como a - fissura - presente em distúrbios de
controle do impulso. A ansiedade pode ser considerada normal ou patológica, a partir da relação entre seus fatores
desencadeantes e a intensidade das manifestações. Diz-se que a ansiedade é tônica ou generalizada quando é mantida
ao longo do tempo, fásica quando ocorre em surtos (ou ataques, como no transtorno do pânico); situacional, quando
reativa a estímulos particulares (como nas fobias) ou espontânea. (M.A. BERNIK e C.B. CARNEIRO)
Angústia: segundo Freud, é o estado afetivo (emocional) puro, correspondente à ansiedade, ao medo e ao susto, mas
que pode prescindir do objetivo, ou seja, pode existir como sentimento, isoladamente, sem necessitar de causa, motivo
ou razão de ser. Contudo ao longo do tempo, devido à sua ampla utilização, apresentou seu significado técnico diluído e
muito vinculado à teorias específicas. Deste modo, o termo ?angústia?, na psiquiatria atual, não costuma ser utilizado na
linguagem técnica, por não possuir sentido psicopatológico bem definido, sendo no entanto muito citado pelos pacientes
ao descreverem alguns sentimentos e/ou sensações desagradáveis, tais como a ansiedade nas fobias ou transtornos do
pânico, a inquietude e agitação interna nos casos de mania, ou ainda a sensação de falta de esperança e de vazio interior
nas depressões. ( M.A. BERNIK)
Antidepressivo: substância heterogênea que apresenta, em comparação com placebo, eficácia na remissão de sintomas
característicos da síndrome depressiva, em pelo menos um grupo de pacientes com transtorno depressivo de no mínimo
moderada intensidade. Substâncias efetivas somente em sintomas inespecíficos da depressão (por exemplo, insônia ou
ansiedade) não são antidepressivos. Não há consenso se uma substância de eficácia superior a placebo, mas inferior a
um antidepressivo padrão (por exemplo, um antidepressivo tricíclico) deva ser chamada de antidepressivo. Algumas
substâncias antidepressivas podem ser eficazes em outros transtornos mentais (por exemplo, transtorno do pânico).
Ricardo Alberto Moreno
Antipsicóticos: Também denominados neurolépticos. São medicamentos utilizados principalmente no tratamento de
psicoses, para redução ou alivio de sintomas como delirios e alucinações; eles não curam a doença, mas controlam os
sintomas. O primeiro antipsicótico a ser utilizado foi a clorpromazina em 1952, que revolucionou o tratamento das
psicoses, especialmente da esquizofrenia. Logo foram descobertos outros antipsicóticos (p. ex., haloperidol, flufenazina,
tioridazina) que tem como mecanismo básico de ação o bloqueio de um neurotransmissor cerebral denominado
dopamina. Estes antipsicóticos, denominados clássicos ou convencionais, são eficazes principalmente no controle de
sintomas chamados positivos, como os delirios, as alucinações, a desorganização do pensamento. Eles também produzem
efeitos colaterais denominados extrapiramidais, tais como tremores, rigidez muscular. A partir dos anos 90 uma nova
geração de antipsicóticos (p. ex., clozapina, risperidona, olanzapina) vem sendo desenvolvida. Os novos antipsicóticos,
alem de bloquear a dopamina, bloqueiam tambem outros neurotransmissores cerebrais, especialmente a serotonina.
Esses novos antipsicóticos agem não apenas nos sintomas positivos, mas tambem nos sintomas chamados negativos,
como a pobreza de pensamento, o embotamento afetivo e a falta de motivação. Eles produzem menos efeitos colaterais
extrapiramidais do que os antipsicóticos clássicos. Existem numerosos antipsicóticos disponíveis no mercado brasileiro;
alguns deles, além da forma de comprimidos são apresentados como injeção de longa duração (depot) para ser aplicada
com intervalo de semanas. Os antipsicóticos demoram até algumas semanas para fazer efeito e melhorar o paciente.
Para algumas doenças eles precisam ser utilizados por longos períodos de tempo, mas eles não causam dependência
(não "viciam"). (M.R.LOUZÃ)
Doença de Alzheimer: transtorno Mental Orgânico, que recebeu o nome do psiquiatra alemão Alois Alzheimer, após a
descrição que ele fez de alguns casos no início deste século. A doença de Alzheimer é considerada uma doença única,
com dois sub-tipos: pré-senil ou precoce (com início antes dos 65 anos), e senil ou tardia (com início após os 65 anos). Os
principais sintomas são esquecimentos, dificuldade de concentração, desorientação no tempo e no espaço, dificuldade para
encontrar palavras e para nomear objetos, dificuldade para fazer cálculos e desenhos simples. Os pacientes podem,
também, apresentar alterações de personalidade, idéias exageradas de desconfiança ou ciúmes, alterações da percepção
(ilusões, alucinações e falsos reconhecimentos), e alterações do comportamento (como agressividade). O início desta doença
é lento e sua evolução progressiva. Atualmente, existem tratamentos farmacológicos e psicossociais que podem aliviar os
sintomas, ou ao menos retardar a sua progressão, principalmente se instituídos no início da evolução. (C. M. C. BOTTINO)
ECT: a ECT (eletroconvulsoterapia) é um tipo de tratamento biológico para transtornos mentais altamente eficaz e
extremamente seguro. Em alguns casos pode salvar a vida de uma pessoa (alguém com ideação suicida ou que esteja
definhando por falta de alimentação, por exemplo).
Desde os seus princípios nos anos 1930 (ver HISTÓRICO), a ECT foi utilizada para condições psiquiátricas nas quais
outros tratamentos tiveram pouco ou nenhum benefício.
Independentemente da comprovada eficácia, contudo, muitos medos e incompreensões persistem com relação ao uso de
ECT. Algumas pessoas reagem com surpresa quando este procedimento é mencionado, acreditando que é uma forma
primitiva de prática médica. Outros associam a ECT com cadeira elétrica, originando receios sobre brutalidade e
punição. Na verdade, a prática de ECT é hoje de fato um procedimento humano e tecnicamente bem pesquisado, muito
utilizado para certas condições.
O tratamento consiste na aplicação de uma carga elétrica no cérebro, com o paciente anestesiado (é induzida uma
anestesia geral com duração em torno de 5 minutos). Esta carga elétrica produz uma descarga do cérebro, originando
uma convulsão (daí o nome eletroconvulsoterapia). Esta convulsão é bastante diferente da que ocorre nas pessoas com
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epilepsia pois é administrada ao paciente, juntamente com a medicação anestésica, uma medicação que promove um
relaxamento muscular.
Durante a aplicação, é feito um controle do funcionamento cardíaco (com monitorização através de ECG) e da oxigenação
do sangue (através de um oxímetro, uma espécie de dedal que avalia se a quantidade de oxigênio no sangue está
adequada), além de um controle da pressão arterial. (Rigonatti,S. P.; Rosa, M.A.; Mussi, C.C.)
Esquizofrenia: o termo esquizofrenia (esquizo = cisão, frenia = mente) foi introduzido em 1911 pelo psiquiatra suíço Eugen
Bleuler para definir uma doença psíquica caracterizada, basicamente, pela "cisão do pensamento, do afeto, da vontade e
do sentimento subjetivo da personalidade". Os sintomas da esquizofrenia são classificados em sintomas produtivos e
sintomas negativos. Os sintomas produtivos mais característicos são o delírio e as alucinações. Entende-se por delírio um
juízo falso e irredutível da realidade, como por exemplo um delírio de perseguição (delírio paranóide), no qual o paciente
sente-se perseguido e ameaçado por outras pessoas, interpretando fatos da vida quotidiana como provas cabais de sua
perseguição. Alucinações são percepções sem estímulo externo, como por exemplo ver ou ouvir coisas não presentes. Na
esquizofrenia as alucinações auditivas são as mais freqüentes: o paciente escuta vozes de pessoas ausentes, comentando
sobre seu comportamento ou dando-lhe ordens imperativas, às quais ele não consegue resistir. O paciente passa a sentirse influenciado por outros, perde o controle de sua própria vontade, sente-se controlado por telepatia, por hipnose, "como
um robô". Pode também interpretar delirantemente estímulos reais, como por exemplo achar que uma determinada notícia
na televisão ou no rádio refere-se à sua pessoa. Os sintomas negativos caracterizam-se, principalmente, por uma
diminuição da ressonância afetiva e por um empobrecimento do conteúdo do pensamento.
Na população geral, o risco de um indivíduo de adoecer de uma esquizofrenia durante a vida é de 1%, a prevalência da
doença (freqüência em determinado ponto no tempo) é de 0,5% e a incidência é de 30 novos adoecimentos em cada
100.000 habitantes por ano. A idade média de início da esquizofrenia é de 20 a 25 anos nos homens e de 25 a 30 anos
nas mulheres. Os sintomas iniciais são uma irritabilidade generalizada, um estreitamento dos interesses, morosidade,
indecisão, isolamento social e descuido do aspecto pessoal.
De uma maneira geral, sabe-se que após o primeiro surto esquizofrênico 1/3 dos pacientes nunca mais adoece, 1/3
volta a ter outros surtos com intervalos sadios, e apenas 1/3 tem um curso desfavorável, desenvolvendo uma
sintomatologia residual (comportamento excêntrico, diminuição do afeto e da vontade, autismo com perda de contato
com o mundo circundante). Diversos estudos mostram que 50% dos esquizofrênicos são hospitalizados apenas uma
vez, e que em 60% dos casos, com um tratamento adequado, consegue-se uma reintegração social e profissional
satisfatória. Mesmo nos casos de curso desfavorável, a gravidade dos sintomas evolui dentro dos primeiros 5 anos da
doença, não havendo piora após este intervalo. Com isto, sabe-se hoje que o prognóstico da esquizofrenia não é tão
catastrófico como se acreditava há algumas décadas.
As causas da esquizofrenia ainda não foram totalmente elucidadas. Supomos tratar-se não de uma doença única, mas
de uma síndrome com diferentes etiologias. Sabe-se que um fator genético tem um papel importante, visto que em
gêmeos monozigóticos, quando um sofre da esquizofrenia, o outro terá um risco de 50% de adoecer, comparado com
1% na população geral. Entretanto, o fato de que o risco de concordância para a doença nestes indivíduos geneticamente
idênticos ser bem abaixo dos 100% prova que outros fatores, não genéticos, também tem que estar operantes.
Um número grande de estudos mostra que a esquizofrenia esta associada com uma disfunção cerebral, principalmente
do lobo frontal. Como esta disfunção já está presente em pacientes jovens, no primeiro surto da doença, supomos que
ela não seja conseqüência da psicose em si ou de seu tratamento, mas sim que resulte de um distúrbio na maturação do
cérebro durante a infância e a adolescência. Assim, fatores metabólicos ou ambientais que influenciem este processo de
maturação poderiam contribuir facilitando ou protegendo o desencadeamento da doença.
Concluindo, sabemos que a esquizofrenia é uma doença universal, ocorrendo em todos os povos e culturas com
incidência semelhante. Aqui, as mulheres parecem ter uma vantagem sobre os homens, visto que elas apresentam um
adoecimento mais tardio e um curso mais favorável. Diversos experimentos sugerem que os hormônios sexuais
femininos (estrógenos) poderiam contribuir para esta vantagem. O desenvolvimento recente de novos medicamentos
antipsicóticos mais eficazes e com menos efeitos colaterais, adicionados à introdução de novas estratégias de reabilitação,
causaram um grande impacto no tratamento e no prognóstico da esquizofrenia, permitindo um tempo de hospitalização
mais curto e beneficiando uma maior reintegração social e profissional de nossos pacientes. (W. F. GATTAZ)
Fobias: são medos persistentes e irracionais de um objeto específico, atividade, ou situação considerados sem perigo, que
resulta em necessidade incontrolável de evitar este estímulo. Se isto não é possível, o confronto é precedido por
ansiedade antecipatória e realizado com grande sofrimento e comprometimento do desempenho. Podem ser
classificadas em:
Agorafobia designa medo e esquiva de diversas situações: sair ou ficar desacompanhado, entrar em lojas, mercados, ou
lugares públicos abertos ou fechados, transporte coletivo, elevador, carros, andar em vias expressas e
congestionamentos. Nos casos mais graves, o paciente não consegue sair de casa, ou só pode fazê-lo acompanhado,
até certa distância, com grande comprometimento de sua vida pessoal e familiar. Uma avaliação mais fina mostra que ele
não teme as situações, mas tem medo de nelas sentir sensações corporais de ansiedade ou crises de pânico. Este ?medo do
medo? é a característica fundamental da agorafobia. Denomina-se Síndrome do Pânico ao conjunto de manifestações
englobadas pelos conceitos de transtorno de pânico e agorafobia. Fobia social é o medo excessivo e o evitar situações
onde a pessoa possa ser observada ou avaliada pelos outros, pelo temor de se comportar de modo embaraçoso ou
humilhante. Se é impossível evitar a situação, ele apresenta ansiedade patológica, podendo chegar a um ataque de pânico.
As situações mais comumente descritas são: participar de festas ou reuniões, ser apresentado a alguém, iniciar ou manter
conversas, falar com pessoas em posição de autoridade, receber visitas em casa, ser observado durante alguma
atividade (comer, beber, falar, escrever, votar, usar o telefone), ser objeto de brincadeiras ou gozação e usar banheiro
público. Outros temores são o de poder vir a vomitar, tremer, suar ou enrubescer na frente de outros.
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As queixas somáticas são as mesmas, mas predominam o enrubescer, o suor e o tremor.
Algumas pessoas que evitam contacto social apresentam na verdade dismorfofobia. Nesta síndrome há queixa
persistente de um defeito corporal específico, que não é notado por outros. Os portadores escondem-se atrás de
roupas, óculos escuros e outros artifícios. As queixas mais comuns são problemas na face (cicatrizes, pintas, pelos),
deformidades, defeitos no pênis ou seios, odores nas axilas, nos genitais ou no ânus e mau hálito. Ela adquire às vezes
a dimensão de um delírio ou pode fazer parte da constelação de sintomas da esquizofrenia ou outras psicoses. Com muita
freqüência procuram cirurgiões plásticos e dermatologistas.
Fobias específicas caracterizam-se por comportamentos de esquiva em relação a estímulos e situações determinados, como
certos animais, altura, trovão, escuridão, avião, espaços fechados, alimentos, tratamento dentário, visão de sangue ou
ferimentos, etc. As fobias a seguir são as mais importantes para o clínico:
a. Fobias de animais: Envolvem geralmente aves, insetos (besouros, abelhas, aranhas), cobras, gatos ou cachorros.
b. Fobias de sangue e ferimentos: Algum desconforto à visão de sangue, ferimentos ou grandes deformidades físicas é
normal. Quando chega a níveis fóbicos, o paciente apresenta prejuízos pessoais e sofrimento importantes. Recusam
procedimentos médicos e odontológicos, não conseguem fazer exames subsidiários. Abandonam carreiras, como
medicina ou enfermagem, ou evitam a gravidez com medo dos procedimentos associados ao parto. Essa fobia
apresenta características próprias: tendência a perder a consciência diante do estímulo fóbico, caráter familiar; e a não
predominância em mulheres. Em relação à perda de consciência, esses pacientes apresentam uma resposta bifásica de
freqüência cardíaca e pressão arterial (PA), caracterizada por uma fase inicial com aumento de freqüência cardíaca e
pressão arterial, seguida por queda importante de pulso e pressão, acompanhada de sudorese, palidez, náuseas e,
freqüentemente, síncope. Mais raramente pode haver até períodos de assistolia e convulsões.
c. Fobias de doenças: A hipocondria, caracterizada por uma percepção ameaçadora de doença física, é um quadro
relativamente comum e heterogêneo. Quando o temor de doenças refere-se a múltiplos sistemas orgânicos, falamos em
hipocondria e, se é mais específico, em fobia de doença. Muitos pacientes com essa fobia apresentam comportamentos
de esquiva em relação a reportagens, conversas, hospitais ou qualquer outra situação que o confronte com a doença
temida. As doenças mais classicamente temidas são as estigmatizadas pela sociedade, como a sífilis, câncer ou a AIDS.
O tratamento das fobias é feito através de técnicas de exposição. Através delas ocorre diminuição dos sintomas ansiosos
e habituação a situação fóbica. Os três segredos dos exercícios de Exposição:
Estabelecer um objetívo prático e importante;
Permanecer na situação até o medo passar ou diminuir muito de intensidade;
Repetir o exercício sistematicamente.
Neurose: a palavra neurose foi criada pelo médico escocês Wiliam Cullen no fim do século 18, para designar
distúrbios das sensações e movimentação corporal, sem uma lesão anatômica correspondente na rede nervosa.
No início do século 20 o termo popularizou-se graças à difusão das idéias de Freud e da Psicanálise, significando
conjuntos de sintomas resultantes principalmente de conflitos psicológicos e recalques inconscientes.
Este conceito prevaleceu na Psiquiatria até a década de 60, em que os transtornos mentais eram distribuídos em dois
grandes grupos: psicoses e neuroses. Às psicoses, consideradas doenças mentais mais graves, atribuíam-se causas
orgânicas ou funcionais; as neuroses, tidas como menos graves, teriam origem nos conflitos emocionais e traumas
psicológicos.
As pesquisas das últimas décadas mostraram que esta distinção não se sustenta; nas neuroses, embora os eventos
vitais tenham capital importância, mecanismos químicos de neurotransmissão participam, também, da produção e
manutenção dos sintomas, e os fatores genéticos são igualmente significativos. Considera-se que, nas neuroses, a
autodeterminação e capacidade de discernimento não são afetadas seriamente.
Em muitos casos, o tratamento apenas psicológico não é suficiente, sendo necessário o suporte medicamentoso, até
para possibilitar maior aproveitamento da psicoterapia e conforto do paciente ao longo da resolução de seus conflitos.
Na atual classificação oficial de doenças (C.I.D. ? 10), são registrados os seguintes transtornos neuróticos: fóbico-ansiosos,
transtornos de ansiedade, obssessivo-compulsivo, reações de estresse e transtornos de ajustamento, transtornos
dissociativos, somatoformes e outros, onde se incluem neurastenia e despersonalização. Cada um desses quadros
apresenta subdivisões e formas com sintomas diferentes, que só o psiquiatra pode distinguir e tratar adequadamente
(Z.B.A. RAMADAM).
Transtorno do Pânico: transtorno médico mental caracterizado por ataques aleatoriamente recorrentes de ansiedade ictal
(ataques de pânico), que ocorrem de modo preferencialmente espontâneo e não exclusivamente numa situação ou em
circunstâncias determinadas (como nas fobias). O ataque de pânico é caracterizado por um período discreto de medo ou
desconforto intenso, que se inicia de forma abrupta e que alcança seu pico em poucos minutos, sem durar muito tempo.
Devem estar presentes sintomas autonômicos como palpitações, taquicardia, sudorese, tremores, boca seca e podem
estar acompanhados de outros sintomas tais como: dispnéia, engasgo, precordialgia, náusea ou descorforto
abdominal, tontura, desrealização, medo de morrer ou perder o controle, rubor ou alterações de sensibilidade.
Está freqüentemente associado com sintomas agorafóbicos, em que a pessoa teme ou evita situações tais como: locais
públicos, estar com multidões, impossibilidade de receber ajuda ou estar sozinho, impossibilidade de sair da situação
como filas, engarrafamento, elevador, etc.
Para seu diagnóstico devem ser afastadas outras doenças que podem cursar com a mesma sintomatologia, tais como:
angina, insuficiência cardíaca congestiva, asma, feocromocitoma, intoxicação por drogas (anfetamina, cocaína),
abstinência de drogas (álcool, hipnóticos). (M.A. BERNIK)
Psicocirurgia: este nome foi cunhado após descobertas do eminente Neurólogo português Egas Moniz, que lhe valeram o
Prêmio Nobel de Medicina em 1948, e que utilizou através de seu cirurgião (Almeida Lima) a Lobotomia frontal para o
tratamento de graves doenças mentais: Essa cirurgia histórica encontra-se hoje em desuso, sendo substituída por
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intervenções mais funcionais, estereotáxicas , sobre estruturas do Sistema Límbico, tais como o giro cíngulo, a substância
inominata, o hipotálamo posterior, a capsulotomia anterior, a amígdala temporal, etc. Técnicas avançadas, utilizando a
ressonância magnética, o ultrassom focalizado, a radiocirurgia estereotáxica e a radiofreqüência computadorizada,
vieram substituir as intervenções mais empíricas como as lobotomias de E. Moniz. Estas intervenções são reservadas
apenas para os casos em que todos os métodos psiquiátricos conhecidos já foram tentados, sobretudo em vários
tipos de depressão, transtornos obsessivos-compulsivos, anorexia nervosa, agressividade de ictal ou pós-ictal e dores
rebeldes de cânceres disseminados, não havendo seqüelas, tais como as alterações de personalidade e abulias, observadas
nas antigas lobotomias. Os casos são rigorosamente selecionados por grupos especializados de psiquiatras
familiarizados com estes procedimentos. (R. Marino Jr.)
Psicofármacos: são medicamentos utilizados no tratamento dos sintomas mentais. Podem ser divididos em quatro
grandes grupos: antidepressivos, anti-psicóticos, ansiolíticos e estabilizadores do humor. Apesar desta divisão, um tipo de
droga pode ser utilizado em diversas situações: antidepressivos, por exemplo, podem ser usados no tratamento de
depressão, ansiedade, fobias ou obsessões. O objetivo de qualquer tratamento medicamentoso em psiquiatria é
controlar os sintomas do paciente com o mínimo de efeitos colaterais. O tempo de uso dos medicamentos varia de
acordo com a patologia a ser tratada mas, de forma geral, procura-se utilizar a menor quantidade possível de
medicamentos pelo menor espaço de tempo possível. Como muitos transtornos psiquiátricos tem longa duração, o uso de
medicamentos por muitas semanas ou meses é, freqüentemente, necessário. Diversos medicamentos desenvolvidos as
últimas décadas se aproximam de um perfil ideal de eficácia e tolerabilidade possibilitando excelente qualidade de
vida aos pacientes. Naturalmente, remédios não resolvem todos os tipos de sofrimento psíquico e uma adequada
articulação com o tratamento psicoterapêutico é necessária em muitas situações. (Dr. Renato Ramos)
Psicopata: o termo psicopata já foi utilizado como sinônimo de qualquer indivíduo com algum problema psiquiátrico.
Igualmente, é usado de forma falsamente erudita para designar indivíduos que julgamos terem cometido atos antisociais, agressivos, ou às vezes até para ofender a quem não gostamos.
O termo personalidade psicopática foi introduzido a mais de 50 anos para designar indivíduos que, mesmo não sendo
considerados doentes (psicóticos) apresentam características do seu jeito de ser (personalidade) que são desadaptativas.
O indivíduo, devido a esta particularidade de ser, sofre ou faz sofrer aos outros.
Em geral, o traço de personalidade desadaptativo (impulsividade, explosividade, agressividade, detalhismo, insegurança,
etc) não é diferente daquelas características encontradas na população porém, muito mais acentuado, o que o torna
predominante, atrapalhando a adaptação social do indivíduo. (T.A. Cordás)
Psicose Maníaco Depressiva: até pouco tempo atrás o termo "Psicose Maníaco- depressiva ", ou PMD, designava o
transtorno afetivo bipolar, termo que vem caindo em desuso progressivamente. São Sinônimos: transtorno bipolar do
humor, transtorno bipolar, doença ou transtorno maníaco- depressivo.
O transtorno bipolar é uma enfermidade que se caracteriza pela alternância de episódio de euforia (mania ou hipomania) e
episódios de depressão, com épocas de normalidade nos intervalos. Durante os episódios o humor e os níveis de atividade
do paciente estão significativamente perturbados. Na euforia ocorre uma elevação do humor e aumento de energia e
atividade e, na depressão, rebaixamento do humor com diminuição de energia e atividade. Em geral, os episódios (pelo
menos dois) se repetem a intervalos menores com o passar dos anos, embora isso possa variar, existindo casos em
que a pessoa tem apenas um episódio de mania e outro de depressão. Casos exclusivos de euforia (mania) são mais
raros.
Episódios maníacos usualmente começam abruptamente e duram entre duas semanas a 4-5 meses (duração mediana ao
redor de 4 meses). Depressivos tendem a durar mais tempo (duração mediana ao redor de 6 meses), embora raramente
por mais de um ano, exceto em idosos. O primeiro episódio pode ocorrer em qualquer idade, da infância ou velhice. Os
episódios (mania, hipomania ou depressão) podem se seguir a eventos de vida estressantes ou a outros traumas
mentais, mas a presença de tal estresse não é essencial para o diagnóstico. (R. A. Moreno)
Psicoses: como foi dito no verbete sobre neurose, este conceito prevaleceu na Psiquiatria até a década de 60, em que
os transtornos mentais eram distribuídos em dois grandes grupos: psicoses e neuroses. As psicoses eram consideradas
doenças mentais mais graves cujas causas seriam orgânicas ou funcionais e as neuroses eram consideradas menos
grave e originadas a partir de conflitos emocionais e traumas psicológicos.
Hoje conceitua-se psicose somente pelas características dos sintomas que a pessoa apresenta. Estes sintomas são os
delírios, que são crenças errôneas não fundamentadas em evidências e.g. a pessoa acredita que marcianos estão vigiando
seus atos e as alucinações que são percepções também não fundamentadas em evidências e. g. a pessoa acredita
escutar vozes provenientes de transmissores implantados em sua cabeça. (Helio Elkis).
Psicossomática: a palavra foi criada por Heinroth, no começo do século 19, mas só ganhou maior importância 100 anos
depois, quando muitos psicanalistas, liderados por Franz Alexander, passaram a investigar mecanismos psicológicos
inconscientes que poderiam provocar ou agravar doenças somáticas (orgânicas).
Assim, muitas enfermidades, cujas causas somáticas eram ainda obscuras, foram chamadas de ?psicossomáticas?,
atribuindo-se sua origem a conflitos psíquicos profundos: alergias, úlceras digestivas, pressão alta sem causa
determinada , asma, etc.
Entretanto, na medida em que tais doenças foram melhor estudadas, outras causas orgânicas foram descobertas,
percebendo-se que os fatores psicológicos não eram os principais determinantes, apesar de sua importância.
Hoje, psicossomática representa uma corrente da Medicina, que considera todas as doenças de modo mais abrangente
e integral, valorizando tanto os fatores psíquicos quanto os somáticos. (Z.B.A. RAMADAM)
Psicoterapia: atualmente o têrmo é genérico e abrange diferentes formas de um trabalho clínico baseado
fundamentalmente num relacionamento entre o psicoterapeuta (ou simplesmente terapeuta) e seu paciente, através de
encontros chamados de sessões. O que se pretende é que o paciente possa perceper seu mundo interno e seus
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Produzido em: 18 June, 2017, 20:59
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conflitos, muitas vezes fontes de angústias e sofrimentos psíquicos,de modo diferente. Trata-se de uma ajuda para seu
crescimento ou evolução pessoal. Seres humanos não nascem prontos. Crescem físicamente mas também precisam
evoluir psicologicamente e amadurecerem suas personalidades. E nisto outras pessoas ajudam. Quando pais,amigos e
mesmo médicos não conseguem algo o terapeuta pode ser de grande utilidade. Existem diversas formas de
atendimento: individual, grupal, familiar, de casal. Podem ser de longa duração ou serem limitadas em tempo previamente
determinado e focarem um problema ou assunto difícil para o paciente, em alguma circunstância particular de sua vida.
(O.F. Leite)
Psiquiatria: [ de psic(o) - + - iatria]. Na mitologia grega, Psique era a personificação da alma (espírito, mente). Em grego,
iatros significa medicina e iatréia significa tratamento médico. Psiquiatria é o ramo da Medicina que tem como objetivo
o estudo, a prevenção e o tratamento das doenças mentais. Os ?problemas do espírito? foram, durante séculos (e ainda o
são, em algumas culturas), considerados sobrenaturais. Supunha-se que esses ?problemas? ocorressem em indivíduos
possuídos por maus espíritos. Somente há cerca de duzentos anos a Psiquiatria foi incorporada ao campo da Medicina.
Aspectos biológicos, psíquicos, sócio-culturais do ser humano ? que se manifestam através do comportamento do indivíduo
ou das relações interpessoais ? constituem, hoje, o terreno de atuação da Psiquiatria. O saber psiquiátrico atravessou, na
última década, fase de significativa consolidação. Recentes descobertas sobre alterações biológicas das doenças mentais
se somaram ao conhecimento do dinamismo psíquico, desenvolvido a partir do início do século XX. (ABDO, CHN).
Psiquismo: O psiquismo é termo que expressa a atividade de nossa vida mental. Inclui-se nele tanto os processos
conscientes como os inconscientes. O psiquismo é uma resultante de nossas experiências perceptivas vividas e
influenciadas por múltiplas variáveis, destacando-se entre elas o bioquimismo individual, a influência social do meio,
as vicissitudes ocorridas no início do desenvolvimento da criança e de sua vida posterior e a própria constituição daquela
pessoa. (J.W.F. Amaro)
Senescência: termo que se refere aos efeitos naturais ou fisiológicos do processo de envelhecimento. Este termo não se
refere às patologias associadas ao envelhecimento (Senilidade) mas apenas ao envelhecimento considerado normal.
Utiliza-se também o termo Eugeria para as alterações fisiológicas associadas ao envelhecimento, ou envelhecimento
primário em contraposição ao secundário que se refere às patologias do idoso. (A. Stoppe)
Senilidade: Termo que se refere às alterações produzidas pelas afecções que freqüentemente acometem indivíduos idosos.
Este termo não se refere portanto às alterações fisiológicas consideradas normais no envelhecimento (Senescência).Utilizase também o termo Patogeria para as alterações provocadas por doenças no idoso, ou envelhecimento secundário em
contraposição ao primário que se refere ao envelhecimento normal Por vezes, a evolução do conhecimento e da pesquisa
clínica e epidemiológica, pode revelar mecanismos patofisiológicos de condições anteriormente consideradas fisiológicas.
Com isto, certas condições consideradas da senescência passam a ser associadas à senilidade. ( A. Stoppe)
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