61o. Congresso Nacional de Enfermagem

Propaganda
5068
Trabalho 414 - 1/4
O SOCIAL, A GINECOLOGIA E AS INFECÇÕES EM TRATO
GENITAL FEMININO - COMO SE DISTRIBUEM ESSAS VARIÁVEIS?
Marinho, Niciane Bandeira Pessoa1
Freitas, Roberto Wagner Junior Freire 2
Américo, Camila Félix3
Araújo, Márcio Flávio Moura4
Pinheiro, Ana Karina Bezerra5
Fernandes, Ana Fátima Carvalho6
INTRODUÇÃO
As Infecções do Trato Reprodutivo (ITR) incluindo as Infecções Sexualmente
Transmissíveis (IST) estão entre os problemas de saúde pública mais
confrontados em todo o mundo. Uma vez instaladas, essas infecções podem
gerar conseqüências danosas à saúde sexual e reprodutiva, tais como
infertilidade, aborto espontâneo, doença inflamatória pélvica, câncer cervical,
gravidez ectópica e aumento do risco para a infecção pelo vírus da
imunodeficiência humana- HIV (BRASIL, 2005). Gardnerella sp./Mobiluncus,
Candida sp. e Trichomonas vaginalis são agentes intimamente ligados ao
surgimento de vaginoses e vaginites e à produção dos tão falados “corrimentos”
anormais. Tais agentes representam cerca de 90% das desordens de origem
infecciosa do trato genital feminino (ADAD et al., 2001). Um estudo multicêntrico,
realizado em 2005, em seis capitais brasileiras, com 3.210 pessoas, apresentou
uma prevalência de 51,0% para todas as ITR investigadas, 14,4% para IST
bacterianas e 41,9% para as IST virais, demonstrando elevadas taxas, das quais
se sobressaíram clamídia, gardnerella, cândida e HPV (BRASIL, 2005). Diante de
tal realidade, o controle efetivo das ITR por parte das instâncias governamentais,
articuladas com os profissionais da área da saúde, deve existir a fim de diminuir
os agravos à saúde sexual e reprodutiva.
1. Enfermeira, Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade
Federal do Ceará; Bolsista FUNCAP; e-mail: [email protected]
2 . Enfermeiro, Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade
Federal do Ceará; Bolsista CAPES;
3. Enfermeira, Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade
Federal do Ceará; Bolsista PROPAG-CAPES;
4. Enfermeiro, Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade
Federal do Ceará; Bolsista CAPES;
5. Doutora em Enfermagem, Docente da Universidade Federal do Ceará; Vice-Coordenadora do
Programa de Pós-Graduação em Enfermagem;
6. Doutora em Enfermagem, Docente da Universidade Federal do Ceará.
5069
Trabalho 414 - 2/4
OBJETIVO
Descrever a prevalência de agentes microbiológicos (Gardnerella sp., Candida sp.
e Trichomonas vaginallis) em laudos citológicos de pacientes atendidas em um
Centro de Parto Natural da cidade de Fortaleza-CE.
METODOLOGIA
Estudo do tipo análise documental, retrospectivo, desenvolvido em um Centro de
Parto Natural da cidade de Fortaleza-CE, no período de agosto de 2008 a março
de 2009. Utilizaram-se informações de 300 prontuários de mulheres atendidas
nesse Centro de Parto Natural, que continham informações, como: nome, idade,
escolaridade, estado civil, queixa principal, menarca, início das atividades
sexuais, periodicidade da realização do exame preventivo do câncer de colo
uterino, método contraceptivo utilizado e laudo citológico. Os dados foram
organizados por meio dos softwares Excel 8.0, sendo apresentados em tabelas e
gráficos. Os resultados foram analisados com base na literatura específica e
receberam tratamento estatístico com valores de freqüência absoluta e relativa. A
pesquisa foi realizada mediante aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Federal do Ceará.
RESULTADOS
A faixa etária variou entre 14 a 74 anos, com média de 35,22 anos. Houve
predomínio da faixa etária acima de 40 anos (115, 38,3%). O ensino fundamental
prevaleceu em 156 mulheres (52%). Em relação ao estado civil, a maioria era
casada ou mantinha união estável (167, 55,7%). Quanto à distribuição dos
agentes microbiológicos descritos nos laudos citopatológicos do colo do útero e
registrados nos prontuários, obtiveram-se os seguintes resultados: dos 300 laudos
analisados, 219 (73%) delimitaram-se aos agentes normais da flora vaginal. Os
demais microorganismos descritos foram em ordem decrescente de freqüência:
Gardnerella (56, 18,6%), Cândida Albicans (17, 5,7%), Trichomonas vaginalis (9,
3%) e Papiloma Vírus Humano (1, 0,3%). Ao se observar como as infecções por
Gardnerella, Cândida e Trichomonas se distribuíram conforme algumas
características sócio-demográficas e antecedentes ginecológicos, viu-se que a
Gardnerella sp. esteve proporcionalmente maior nas mulheres com idade entre
18-29 anos, 25 (44,7%). Trichomonas vaginalis e Candida sp. também foram mais
prevalentes em mulheres com idade entre 18-29 anos, 55,6% e 53,0%,
5070
Trabalho 414 - 3/4
respectivamente. Verificou-se uma prevalência maior de Gardnerella sp.,
Trichomonas vaginalis e Candida sp nas pacientes com o ensino fundamental,
46,4%, 66,7 e 64,7, respectivamente. As mulheres casadas ou com união estável
apresentaram prevalências 64,3%, 66,7% e 53,0% para Gardnerella sp.,
Trichomonas vaginalis e Candida sp., respectivamente. Ao considerar a
prevalência da gardnerelose com a coitarca, as mulheres com 20 anos ou menos
foram as que mais apresentaram a infecção (38, 18,8%), as com mais de 20 anos
apresentaram somente 6,7%. Ao se considerar a idade de início da vida sexual
com a presença ou não de infecção por Trichomonas vaginalis, constatou-se que
todas as mulheres com diagnóstico positivo estavam na faixa etária inferior aos 20
anos. Quando se considerou a utilização de métodos contraceptivos com a
presença de infecções do trato genital, viu-se que a prevalência de Gardnerella foi
maior quando se utilizava métodos de barreira (21, 37,5%) e menor em virtude da
não utilização de algum método (10, 17,9%). O não uso do preservativo foi um
fator que pareceu estar relacionado com o maior índice de infecção por
Trichomonas (08, 88,9%).
CONCLUSÃO
Mulheres jovens neste estudo apresentaram maior percentagem tanto de
vaginoses quanto de DST. Este é um dado relevante porque alerta aos
profissionais para a população que está sendo alvo destes tipos de infecções e os
direciona a realizar estratégia que atinja esta clientela. As ações preconizadas
para o correto manejo das afecções ginecológicas devem ser iniciadas na
atenção básica, porta de entrada para o atendimento integral em todos os níveis
de atenção à saúde. Nesse nível, as ações devem ser voltadas para atividades de
educação e promoção da saúde, aconselhamento para os testes diagnósticos e
para adesão à terapia instituída, assim como encaminhamento de casos que não
competem a esse nível de atenção. Acompanhando todo esse processo de
seguimento de usuários com ITR devem estar os registros de casos que exigem
notificação e dos comportamentos de risco da população sexualmente ativa, visto
que eles oferecem um diagnóstico da saúde sexual local e oferece subsídios para
a implementação de estratégias que visem a aquisição de hábitos sexuais mais
saudáveis e que melhor se adéquem a cada realidade.
5071
Trabalho 414 - 4/4
DESCRITORES: Saúde Sexual e Reprodutiva; Prevalência; Vaginose Bacteriana;
Vaginite Bacteriana.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ADAD,S.J.;LIMA,R.V.;SAWAN,Z.T.E.;SILVA,M.L.G.;SOUZA,M.A.H.;SALDANHA,J.
C.;FALCO,V.A.A.;CUNHA,A.H.;MURTA,E.F.C.
Frequency
of
Trichomonas
vaginalis, Candida sp. and Gardnerella vaginalis in cervical-vaginal smears in four
different decades. Rev. Paul. Med., v. 119, n. 6, p. 200-205, 2001.
BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de controle das doenças sexualmente
transmissíveis. 4 ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2005.
Download