Julia Thyssen Factor - Rock Britanico Orientador

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COLÉGIO OFÉLIA FONSECA
ROCK BRITÂNICO
Julia Thyssen Factor
São Paulo
2012
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Julia Thyssen Factor
ROCK BRITÂNICO
Trabalho realizado e apresentado sob a orientação
do Professor Daniel Justi, da disciplina de Física.
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Sumário
Capítulo 1 – Introdução
1.1 Contexto histórico – A guerra..............................................................................................4
1.2 Cenário pós-guerra...............................................................................................................8
1.3 Surgimento e desenvolvimento inicial do rock’n’roll..........................................................9
Capítulo 2 – Desenvolvimento
2.1 O rock no início da década de 60........................................................................................14
2.2 A invasão britânica..............................................................................................................15
2.2.1 The Beatles.................................................................................................................15
2.2.2 Outras bandas…………………………………………………………...………....22
2.2.3 The Rolling Stones………………………………………………………………...24
2.3 A reação norte americana....................................................................................................26
2.4 Anos 70...............................................................................................................................31
2.4.1 Led Zeppelin..............................................................................................................34
2.4.2 Pink Floyd..................................................................................................................36
Capítulo 3 – Conclusão
3.1 Anos 1980, 1990 e 2000.....................................................................................................40
3.2 A importância e o dom dos roqueiros britânicos................................................................41
Bibliografia..............................................................................................................................44
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Capítulo 1
Introdução
1.1 Contexto histórico – A guerra
A Primeira Guerra Mundial foi um conflito que envolveu vários países, com a
vitoriosa Tríplice Entente (Império Britânico, França e Império Russo) de um lado, e as
Potências Centrais (Império Alemão, Império Austro-Húngaro e Império Turco-Otomano), de
outro. Com o final da guerra, foi feito o Tratado de Versalhes, que pretendia trazer a paz de
volta entre os países envolvidos. Ele apontava a Alemanha como principal culpada pelo
começo da guerra, então, ditava uma série de restrições e mudanças que seriam feitas ao país,
e que beneficiariam seus países inimigos da Tríplice Entente (Inglaterra, Rússia e França). Os
alemães tiveram que entregar todo o seu armamento, reduzir seu exército a 100 mil soldados,
abrir mão de parte do seu território para países em suas fronteiras, perderam seu império na
África, Ásia e no Oceano Pacífico para os países da Tríplice Entente, não podiam mais
explorar economicamente áreas estratégicas do país, e tiveram que pagar uma indenização
absurdamente grande, de mais ou menos 270 milhões de marcos-ouro, para os vencedores da
guerra por causa dos estragos causados por ela.
A Alemanha estava se sentindo humilhada com as novas regras impostas a ela e, além
disso, com a crise econômica de 1929, que gerou a atuação da política nazista, na Alemanha,
e a fascista, na Itália, e afetou o mundo todo diminuindo empréstimos internacionais e
aumentando o desemprego, a situação ficou ainda pior. Também com o fim da guerra, surgiu
a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, outro ponto negativo para o país nazista. Em
1933, Adolf Hitler assumiu o poder na Alemanha, trazendo a ditadura e a proibição de todos
os partidos políticos, exceto o Partido Nazista. Agora a Alemanha, com muitas barreiras,
limites e a humilhação, queria uma revanche.
Em 1935, Hitler começa sua estratégia. Oferece ajuda econômica à Itália, apoia
Francisco Franco na Guerra Civil Espanhola, para testar novos engenhos militares e assina
com o Japão o Pacto Anti-Comintem, para impedir o avanço comunista da URSS, que
também não satisfazia os japoneses.
Na conferência de Munique, os ingleses e franceses concederam aos alemães algumas
regiões da República Tcheca, porém, impediram a invasão alemã em outras regiões do leste
europeu, como na região da Polônia. Mas Hitler queria anular o Tratado de Versalhes,
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dizendo que proibia os alemães de conquistar territórios essenciais para melhorar a falta de
emprego vivida por eles. A Inglaterra e a França não fizeram nada para impedi-lo, então, em
1938, o ditador alemão começou sua expansão, e, junto com a Áustria, invadiu a
Tchecoslováquia, que fica bem na região dos Sudetos, cadeia de montanhas na fronteira entre
República Tcheca, Polônia e Alemanha. Depois da derrota da Tchecoslováquia, os soviéticos
estão desconfiados em relação às potências ocidentais, sendo assim, o ditador aproveita e
aproxima-se do russo, Josef Stálin, para firmar um pacto de não-agressão entre a União
Soviética e a Alemanha, aonde estava incluída a divisão da Polônia em partes iguais. Então,
em setembro de 1939, seu exército invadiu o país, pois o Tratado de Versalhes tinha passado
o chamado “corredor polonês” à Polônia, território que pertencia antes à Alemanha.
O ataque foi agressivo e de forma direta com um novo conceito de luta armada
chamado blitzkrieg (guerra-relâmpago), que parecia ser imbatível contendo veículos
blindados e ataques aéreos. Finalmente se dando conta da gravidade do que estava
acontecendo, a Inglaterra e a França exigiram a retirada das tropas alemãs do território
polonês, mas Hitler desprezou-os. Foi aí que britânicos e franceses viram que precisavam
reagir com força, já que a Polônia era aliada do Inglaterra e, a Inglaterra, da França. Então,
declararam guerra à Alemanha em 31 de outubro de 1939, e pretendiam deter o ditador
alemão, que, além de quebrar as regras impostas pelo Tratado de Versalhes, estava apenas
começando o caos.
A Alemanha começa na frente, ocupando a Dinamarca e a Noruega, garantindo o
abastecimento de aço nos mares Bálticos e do Norte, e, em seguida, conquista a Holanda e a
Bélgica. Em maio de 1940, os aliados encontram problemas quando Hitler avança contra a
França e, um mês depois, o domínio alemão fica claro com a assinatura pela França dos
armistícios com a Alemanha e a Itália, que dá metade do território francês ao exército nazista.
Após o acordo com os alemães, o primeiro ministro da França transfere a capital para Vichy,
pois Paris estava tomada pelo exército nazista. Então, a Alemanha reativa indústrias paradas e
obriga as populações a trabalhos forçados nos territórios ocupados, colocando em prática sua
“nova ordem”.
Ainda nesse acontecimento, a Itália está em constante expansão na África, o Japão, na
Ásia, e o acordo de não agressão entre a Alemanha e a União Soviética continua intacto. Ao
começar sua expansão pela Ásia, o Japão vai se tornando uma grande potência imperialista, o
que o fez entrar em conflito com outras potências imperialistas do ocidente, como a URSS,
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então resolveu iniciar uma aliança com a Alemanha e a Itália, a Eixo Roma-Berlim-Tóquio,
que tinha como principal objetivo combater o comunismo internacional. Com essa expansão,
os japoneses conquistam a Mandchúria, a Tailândia e a parte norte da Indichina Francesa,
cortam a rota da Birmânia e fazem pressão sobre as Índias Holandesas. Sendo assim, os EUA
e a Inglaterra se juntaram para conter o avanço japonês.
Foi em 1941, que os Estados Unidos conseguiu a deixa que tanto esperava para entrar
na guerra, quando o Japão bombardeou a base norte americana de Pearl Harbor, no Hawai.
Então, a Alemanha e a Itália aproveitaram essa oportunidade para declarar guerra à grande
potência americana, assim, de um lado os países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão) e, de
outro, os Aliados (Inglaterra, França, União Soviética e EUA), com a ajuda da China que
estava em guerra com o Japão desde 1931. Agora, a guerra havia deixado de ser europeia para
virar mundial.
Os alemães estavam conquistando tudo, mas a partir de 1941, os aliados começam a
reverter a situação. Hitler propôs ao governo de Moscou a divisão do mundo em zonas de
influência, mas as negociações não deram certo. Então, o exército alemão invade a União
Soviética, quebrando o pacto existente entre eles de não agressão, em 22 de junho de 1941,
achando que isso garantiria sua vitória. Mas os soviéticos resistem à invasão, colocando fim
ao mito de que o exército alemão era invencível e fazendo com que ele sofresse uma grande
baixa. Essa batalha ficou conhecida como Batalha de Stalingrando e foi só o começo da
virada dos aliados, pois a partir de então, eles direcionaram sua primeira frente de luta para a
tomada de Berlim.
Fortalecendo ainda mais os aliados, os EUA vence o Japão nas batalhas navais de
Midway e do Mar do Coral, em 1942. Sem parar por aí, a Aliança continua ganhando, quando
as forças inglesas e norte-americanas derrubam tropas do Eixo no norte da África, em 1943,
na Batalha El Alamein. Na tentativa de Hitler de conquistar a URSS, suas tropas foram
rendidas em fevereiro de 1943, pois como não esperavam pelo inverno soviético, avançaram
em direção a Moscou sem roupas adequadas para o frio.
Entre 1942 e 1943, os aliados eliminam submarinos alemães no Atlântico, enquanto
sua aviação intensifica o bombardeio na Alemanha. Em maio de 1943, o exército alemão do
norte da África é rendido. Sem se livrar, a Itália também é invadida e atacada pela Aliança.
Quando em julho, Mussolini é preso, o novo governo rende-se aos invasores.
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Para dar fim aos alemães, soldados canadenses, norte-americanos e ingleses, invadem
cinco praias francesas pelo mar e pelo ar. Esses soldados embarcaram rumo à Normandia com
mais de 3 mil barcos e 350 mil homens. Mesmo com a resistência alemã,os aliados ganham a
batalha e dominaram todas as praias, esse dia ficou conhecido como o “Dia D”. Era o começo
do final da Segunda Guerra Mundial.
Em 25 de agosto, Paris é libertada. Então, começa o ano de 1945, o ano final. Os
russos, norte-americanos e britânicos disputam a chegada a Berlim. Ganhando a corrida, no
dia 30 de abril, os soviéticos fincam sua bandeira no alto do Patlamento alemão. Percebendo a
derrota, Hitler suicida-se com um tiro de pistola e sua esposa Eva Braun suicida-se. Em 7 de
maio, a Alemanha, com sua capital em ruínas e tomada pelos soviéticos, não vê mais saída e
se rende.
Apesar da derrota da Alemanha, a guerra ainda continua. A última batalha é dos
Estados Unidos e do Japão no Pacífico. O exército norte-americano dominaram as ilhas de
Iwojima e Okinawa, e logo, os japoneses se rendem. Ainda não satisfeitos com a vitória, os
EUA resolvem mostrar ao mundo seu poder bélico, e, em agosto de 1945, lançam uma bomba
atômica em Hiroshima e uma em Nagasaki, arrasando as duas cidades. Agora, finalmente, é
decretado o final da Segunda Guerra Mundial.
Depois de toda a matança e destruição, Alemanha, França, Itália e Japão, estão
acabadas e a Grã-Bretanha está à beira da exaustão. Os grandes impérios coloniais sofrem
uma queda, a África e a Ásia estão sendo descolonizadas e os EUA e a URSS sobem como as
grandes potências mundiais.
Entre 17 de julho a 2 de agosto, o primeiro ministro britânico Winston Churchill, o
presidente americano Harry Truman e o general soviético Josef Stálin, reúnem-se para discutir
o futuro da humanidade. Os três precisavam esboçar o projeto da nova ordem mundial e
decidir os limites do capitalismo e do comunismo na Europa. Após dias de discussão, o
secretário de estado americano James E. Byrnes, assessor de Truman, tinha a solução. Stálin
queria que os países do Leste Europeu fossem aceitos nas Nações Unidas, que as fronteiras
fossem alteradas que uma indenização de 10 bilhões de dólares para pagar os estragos da
guerra, mas este último não foi concedido. Como Stálin não aceitaria muito bem a proposta,
Byrnes e truman a incrementaram com a sugestão de que cada potência poderia explorar o
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quanto quisesse sua zona de ocupação da Alemanha. Assim, foi fechado o acordo entre as três
potências.
1.2 Cenário pós-guerra
Quando a guerra mais sangrenta da história chegou ao fim, o mundo estava se
reconstruindo, mas era visível o fato de que provavelmente o sofrimento, os estragos e a
discórdia entre nações não iria parar por ali. Em setembro de 1949, os Estados Unidos ficaram
sabendo que a União Soviética também tinha uma bomba atômica e, um pouco depois, que o
país mais populoso do mundo, a China, havia se tornado comunista. E então, é dada a largada
para a Guerra Fria.
Em 1952, os EUA soltaram sua primeira bomba de hidrogênio, muito mais potente do
que a bomba atômica, em um lugar chamado Eniwetok. Seguido pelos russos, que soltaram a
sua em 1953. Nesse ano, terminava a Guerra da Coréia, que após 37 meses de luta havia
matado dois milhões de pessoas, sendo 33.629 delas norte americanas.
Antes disso, em 1950, os liberais norte americanos viviam um pesadelo, quando o
senador Joseph McCarthy denunciou a presença de duzentos comunistas no Departamento de
Estado Americano. Com o slogan agressivo Better dead than red (melhor morto do que
comunista), toda a nação dos EUA estava em pânico. Mas o terror foi amenizado quando os
colegas de McCarthy no Senado vetaram sua insanidade.
Agora, com uma ideia melhor para combater o comunismo, os Estados Unidos
valorizavam o consumismo. Com o surgimento de máquinas novas e belas que, segundo a
mídia, resolveria todos os problemas do homem, o capitalismo foi se fortalecendo e, com isso,
a desigualdade social foi aumentando. Nem todos tinham acesso a essa explosão de bens
materiais, as minorias saíam perdendo. Negros e porto-riquenhos, por exemplo, além de
serem excluídos do enriquecimento americano, eram tratados de forma diferente e, muitas
vezes, humilhante.
Nesta época, surgiu o baby boom nos EUA. Como estava tudo bem financeiramente e
a paz reinava, os casais começaram a fazer muitos filhos com a ideia de que estes teriam para
sempre comida, casas confortáveis, energias baratas e muitas outras coisas. Esses bebês
seriam os adolescentes dos anos 60, da nação Woodstock, pensando na paz, no amor e na
harmonia. Porém, os jovens dos anos 50 eram bem diferentes, pois cresceram em meio ao
conflito da Segunda Guerra Mundial e da Guerra Fria. Esses jovens começam a contestar a
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tradicional sociedade na qual viviam, pois não se encaixavam nela. Foram rotulados como
rebeldes sem causa, pela sociedade que não queria ser contrariada.
Já no século XVIII, começou a ser desenvolvido o American Way of Life, que
consistia na exaltação da cultura de consumo capitalista. Dotada de valores morais rígidos, o
“Sonho Americano” valorizava a família tradicional, branca e de classe média, da qual fariam
parte a dona de casa, responsável pela educação dos filhos e os cuidados domésticos, e o
“homem da casa”, provedor do dinheiro para o que fosse necessário. Os EUA acabavam de
sair vitoriosos da Segunda Guerra Mundial e passavam a ser os credores do mundo, criadores
do plano de empréstimos para a reconstrução dos países europeus que foram seus aliados
durante a guerra, o Plano Marshall.
A década de 50 também foi o período de ouro antes de inúmeros conflitos que o país
enfrentaria na década seguinte, como a guerra do Vietnã. No início dos anos 50, o ideal do
“Sonho Americano” estava começando a ser contestado pela juventude. Já influenciados pela
geração Beat, os jovens buscavam outro caminho, diferente do planejado por seus pais.
Tal doutrina, criada para impulsionar o mercado interno, acabou sendo uma das causas
da crise econômica de 1929, que afetou os EUA e o mundo. Porém, o American Way of Life
foi retomado com toda força após a Segunda Guerra Mundial, dando inicio a uma nova e mais
intensa fase.
A juventude norte americana e mundial assistia transformações ao redor do globo
inquieta, pronta para dar sua contribuição nesse novo mundo que se delineava. Por fim, o rock
surgiu, contrariando a moral e os bons costumes. Os adolescentes passaram a ter ídolos como
James Dean, astro do filme Rebel Without a Cause (Juventude Transviada) e a adotar uma
moda única, que não era mais uma variação da moda adulta. Pela primeira vez, os jovens mais
rebeldes passavam a indagar sobre o modelo de vida vivido pelos pais e planejado para eles.
A juventude passava a ser reconhecida como uma força independente que, como reflexo da
situação abastada do país, tinha poder de compra e merecia, portanto, um mercado e ideais
próprios.
1.3 O surgimento e desenvolvimento inicial do rock’n’roll
A juventude alienada deu matéria para o cinema, que a reproduzia como delinquente
por natureza ou por influências de fora. Mas no filme Blackboard Jungle (Sementes da
Violência), de 1955, esse cenário juvenil é mostrado de forma mais didática. A música que
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anuncia o filme é “Rock Around the Clock”, o primeiro grande hit da nova música que já em
seu início vira o hino de guerra dos adolescentes. A música queria dizer que eles iriam dançar
o rock o tempo todo, sem parar. Ela foi um cover gravado por Bill Halley and His Comets, em
1954.
Os revolucionários dessa época encontraram conforto e identificação no novo som que
estava surgindo, o rock ‘n’ roll. Nele, podiam expressar sua raiva, tristeza, ódio, alegria,
paixão, do jeito que bem entendessem, já que o rock era um tipo de música fácil e sem muitas
regras. E, também, apresentar e espalhar suas ideias de insatisfação com o sistema cultural,
educacional e político.
O rock surgiu como um movimento da contracultura, indo na direção contrária aos
valores impostos pela sociedade. As músicas eram totalmente livres, figuravam convites à
dança e ao amor, descreviam carros e garotas, contavam histórias e dramas da adolescência,
entre outros temas.
Com suas raízes no blues original e no rhythm and blues (blues mais agressivo), o rock
conta com um lado alegre e, ao mesmo tempo, com um triste e melancólico, guitarras pesadas
e estridentes, batida de marcha de guerra na bateria, que era justamente para ser ouvido, e,
além disso, as bandas de blues que tocavam em bares barulhentos tinham que competir com a
faladeira das pessoas.
Além do blues, o rock também tem suas origens no estilo de música rural dos EUA, o
country and western, que, assim como o blues, tinha esse lado melancólico e de sofrimento
dos camponeses.
Em suma, o rock é uma fusão entre esses dois estilos musicais, o rhythm and blues e o
country and western. No livro The Sound of the City, o rock é classificado pelo pesquisador
Charlie Gillett em cinco variedades: o rock’n’roll do Norte, o blues de dança de Nova
Orleans, o country rock de Memphis, o rhythm and blues de Chicago e o rock’n’roll de
grupos vocais.
Em um cenário musical de temas tão banais, os primeiros roqueiros levantavam-se
contra essas banalidades e propunham um novo universo musical, que tratava da realidade
vivida. Em suas letras, retratavam as ruas cheias de carros, pessoas se esbarrando nas
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calçadas, se amando e odiando, e problemas que os jovens enfrentavam e a curtição que
queriam, aonde tudo girava em torno da melhor coisa do mundo, o rock’n’roll.
No ano de 1951, o disc-jockey Alan Freed, um dos pais do rock, deu nome ao novo
som que surgia, baseando-se na letra de um blues de 1922 relançado depois da guerra por Big
Joe Turner: My baby she rocks me with a steady roll. Então, nesse mesmo ano surge o Moon
Dog Show, que depois, se chamaria The Moon Dog House Rock’n’Roll Party, e gerou o
lançamento de novos DJs.
Alan Freed foi muito importante na história do rock. Ele foi o principal ideólogo pop
da juventude americana e acumulou um grande poder. Mas em 1959, ocorreu o Escândalo da
Payola, o que acabou com ele. Vários DJs americanos foram acusados de receber propina para
tocar preferencialmente músicas de certos artistas, de certas gravadoras. Freed foi fortemente
afetado por esse escândalo e morreu pobre e desempregado, em 1965.
Outro pai do rock foi Sam Phillips. Em 1952, trabalhava em uma gravadora em
Memphis, quando resolveu abrir sua própria gravadora para registrar o som dos negros do Sul
que passavam pela cidade, a Sun Records. Mal sabia ele que, mais tarde, lançaria o rei do rock
através de sua pequena gravadora.
Elvis Presley, nascido no Mississipi em 1935, sempre ouviu rhythm and blues e
country, desde a sua infância. Aos 8 anos ganhou sua primeira guitarra de apenas 12,75
dólares. Quando mais velho, Elvis queria ser descoberto por Sam Phillips, pois o admirava
como cantor e como caça talentos. Em 1954, Phillips achou que Elvis não era bem o que
procurava. Até que foi fascinado pela versão do blues “That’s All Right (Mama)”, que o rapaz
estava cantando. Algum tempo depois, Elvis foi passado para a RCA Victor, e, em seguida,
para o empresário Tom Parker.
A essa altura, Elvis Presley já estava ficando famoso. Porém, a partir do seu terceiro
show na televisão, em 1957, sua imagem só podia ser mostrada da cintura para cima, pois sua
ginga era considerada muito obscena. Mas quando virou o rei do rock, Elvis passou a ser
usado para fins comerciais e propagandísticos.
Nos anos 60, os adolescentes estavam se ligando mais ao movimento hippie contra o
sistema, e Elvis estava começando a declinar. Nos anos 70, o astro do rock foi ficando
paranoico, querendo não parar. Fazia shows, turnês, álbuns e mais álbuns sem parar, até que
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começou a tomar vários remédios receitados por seu médico, que lhe devia 300 mil dólares
tomados em empréstimo, e em 1977, morreu no banheiro de Graceland. Foi comprovado pelo
legista que havia pelo menos uns 10 tipos de drogas circulando pelo seu corpo, acabando com
seu coração e cérebro.
Assim como a de Elvis, muitos outros cantores tiveram uma vida parecida, como Jerry
Lee Lewis, por exemplo. Lewis nasceu em 1935 também e, aos 8 anos começou a tocar piano.
Fazia um country rock com um swing parecido com o dos cantores negros de rhythm and
blues. Em 1957, foi para Memphis, procurar Sam Phillips, que lhe falou para ouvir um pouco
mais de rock. Depois de um tempo, Jerry Lee começou a fazer bastante sucesso, conquistando
o público nacional e internacional.
Em 1958, Elvis foi servir no Exército, então, Lewis virou o roqueiro número um da
América. Mais tarde, sua vida foi repleta de tragédias. Perdeu dois filhos e cinco esposas.
Hoje em dia, Jerry Lee Lewis é o objeto de um verdadeiro renascimento, nos EUA e na
Inglaterra.
Além desses, muitos outros artistas se destacaram na década de 1950, como Bill
Halley na His Comets, Buddy Holly, Chuck Berry, Carl Perkins, entre outros.
Para aqueles que queriam fazer rock, o campo de estilos era bem extenso e variado.
Alguns dos principais gêneros do rock’n’roll surgidos nos anos 50 foram:
Doo-wop: Originado do jazz, eram harmonias vocais cantando sílabas sem sentido,
mas que davam um ar mais frenético e virtuosístico à canção.
Rockabilly: Definido por Carl Perkins como “blues com uma batida de country”.
Rock instrumental: Rock feito apenas com instrumento, sem cantoria nenhuma. Muitas
vezes envolvia instrumentos um pouco mais exóticos para o rock’n’roll, como o saxofone e o
órgão.
Soul: Junção das harmonias e do estilo de interpretação do gospel com o rhythm and
blues.
High-school rock: Como o nome já diz, era o rock de colégio. Jovens brancos foram
convencidos de que a música negra não fazia bem à mente e que era preciso salvar a
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juventude da América. Então, com melodias contagiantes, batidas animadas, beleza, educação
e inocência, esses jovens foram lançados aos montes por gravadoras.
Pop-rock: O rock menos radical, voltado à versatilidade e ao ecletismo.
Com o passar do tempo, algumas coisas foram mudando no rock. Os estilos já não
eram os mesmos e a fórmula para o sucesso tinha mudado também. Agora, as boy bands
surgiam aos montes, com jovens vestidos iguais e cabelos arrumados com franjas
perfeitamente penteadas. Nesse momento, a explosão britânica estava apenas começando.
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Capítulo 2
Desenvolvimento
2.1 O rock no início da década de 60
Muitos dizem que com o sumiço dos primeiros artistas do rock, não houve rock ‘n’
roll na virada dos anos 1950 para 1960. Com Elvis no exército, Little Richard interrompendo
a carreira para virar pastor e Chuck Berry na prisão, os Beatles chegaram como os “salvadores
do rock ‘n’ roll”. Porém, isso não é totalmente verdade, nesse período também surgiram
grandes artistas como os Beach Boys e o Bob Dylan. Nessa época, muitas pessoas começaram
a distinguir o “rock ‘n’ roll” dos anos 50, que era mais dançante, direto e juvenil, do “rock”,
que começava a surgir sendo mais cerebral e crítico.
No início dos anos 60, os jovens estavam se interessando por um novo tipo de música
que apelava para os sentimentos e para a consciência de um público menos alienado. O rock
começava a sair um pouco desse estilo de sons despreocupados de dança, como o twist, e se
tornava algo mais pensante e elaborado, preocupado com questões sociais.
Apesar do declínio do rock norte americano, surgia lá artistas mais preocupados em
passar mensagens importantes através da música, se opondo ao rock juvenil e inocente dos
anos 1950. Entre eles estava Bob Dylan, que, com base na música folk, mudaria o rock.
Na época, havia um movimento intelectual chamado Beatnik, criado na década de 50,
que valorizava a individualidade, o livre arbítrio, a experimentação e a mudança. Esse
movimento foi importante para a formação do novo rock que surgia, foi aí que esse estilo
musical começou a virar uma música de protesto.
Além de letras mais instigantes, o folk rock procurava também levar adiante a
sonoridade, com instrumentos exóticos e arranjos mais complexos, experimentais e
inesperados.
Na década de 1960, inúmeros movimentos pelos direitos civis passaram a ficar mais
consistentes nos EUA. A classe média conservadora assistia horrorizada às minorias se
levantando contra o poder, em passeatas e festivais, com faixas nas mãos, gritando sua causa e
buscando alguém que os ouvisse. A juventude envolvida na cena alternativa teve papel
decisivo nos manifestos dessas causas. Muitos artistas foram perseguidos por sua participação
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em divulgar esses movimentos, como Bob Dylan. Toda a década foi marcada pela busca por
igualdade e a luta contra o preconceito, fosse ele pela cor, pelo gênero ou pela opção sexual.
Anterior aos movimentos sócio-culturais dos anos 1960, o Beatnik foi o primeiro
movimento a contestar os pilares da sociedade norte americana do pós Segunda Guerra
Mundial, se contrapondo à rigidez da estrutura familiar pregada pelo American Way of Life,
ao consumismo e a futilidade gerada por este.
Em 1963, Bob Dylan já chamava a atenção do público e da crítica com suas letras
inteligentes e revolucionárias. Porém, esse conteúdo revolucionário de suas letras não era bem
visto pela sociedade mais conservadora, que taxaram ele e a música folk de comunistas
degenerados, mas isso chamou a atenção do público jovem e aumentou o apelo do novo estilo.
A época precisava de uma mensagem política em uma língua poética, e era isso que os
músicos estavam fazendo.
Em 1970, Allen Ginsberg, disse: “A poesia no seu sentido tradicional acabou,
ninguém se senta mais numa poltrona da sala de estar para ler. O rock é a nova poesia, com os
Beatles de I Am the Walrus e as letras de Bob Dylan. É um retorno à poesia dos velhos
menestréis”.
2.2 A invasão britânica
The Beatles
Na década de 60, os jovens ingleses começavam a sair nas ruas para protestar, faziam
marchas e sit-ins, contra armas principalmente. No meio disso, assim como nos EUA, a
música folk estava presente.
A estrutura de classes e o imobilismo social britânico começavam a se desfazer com os
efeitos do pós-guerra. Então, surgia o novo mito da vitalidade da classe operária, que era bem
mostrado no cinema britânico.
Com isso, surgiria em Liverpool, uma cidade de classe operária, uma das maiores
bandas do mundo, os Beatles. Já em 1957, inspirado principalmente por Elvis, John Lennon
fazia seus primeiros sons com o grupo The Quarrymen. Afinal, em uma cidade pobre com
habitantes espirituosos e de bom humor, tocar em uma banda de rock ‘n’ roll era vista como a
única coisa que um garoto podia fazer naquela época.
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Os jovens ingleses não tinham muito acesso à nova música que estava sendo feita do
outro lado do Atlântico, então se contentavam com os discos editados com atraso ou então
nem lançados na Inglaterra. Mas, ainda nos anos 1950, veio a onda musical do skiffle, que era
o blues feito com instrumentos fabricados em casa, como tábuas de lavar roupa, pente com
papel de seda, gaitinha de boca, banjo de caixa de charuto e arame, baixo de caixa de sabão e
cabo de vassoura (alguns desses presentes no grupo The Quarrymen). Foi esse movimento
que deu ao rock britânico sua base sólida de blues.
No dia 9 de outubro de 1940, nascia John Lennon, em meio à Segunda Guerra
Mundial. Sua infância foi difícil, o pai abandonou a família e a mãe se casou com outro, então
ele foi morar com a tia Mimi.
Na escola de Quarry Bank, John formou o grupo The Quarrymen, no qual Paul
McCartney já se juntou e depois trouxe George Harrison, que era seu amigo. Depois, o nome
mudou para Johnny and the Moondogs, pois na época quase todas as bandas tinham nomes
desse tipo, como Cas and the Casanovas e Rory Storm and the Hurricanes, por exemplo.
Porém, um empresário achou que seria melhor mudar o nome do grupo, então, juntaram a
palavra Beetles (besouros), inspirada por crickets (grilos), da banda Buddy Holly and the
Crickets, com a palavra beat, que trazia essa ideia de “batida”, “ritmo”, “embalo”, Beatnik,
assim saiu o nome Beatles.
Um pouco depois, Ringo Starr se juntou aos Beatles, consolidando a imagem dos Fab
Four de Liverpool, como ficaram conhecidos. Ringo foi para Hamburgo, Meca dos roqueiros
ingleses, com o grupo Hurricanes, que lá se encontrou com os Beatles. Hospedados no mesmo
hotel, foram criando um vínculo, até que houve um encontro que mudaria a música e a própria
história do século, quando John, Paul, George e Ringo tocaram juntos pela primeira vez.
Em 1962, os Beatles foram eleitos o grupo mais popular de Liverpool e os fãs estavam
começando a se acostumar com os quatro, John, Paul, George e Pete Best, baterista da banda
na época. Mas os três (John, Paul e George), queriam trocar Pete por Ringo, então John
ofereceu 25 libras a ele por semana, e o novo baterista estava na banda.
Com Brian Epstein como empresário do grupo, os Beatles começavam a trocar as
jaquetas e calças de couro que usavam antes, por ternos combinando, deixando a imagem de
jovens marginais de lado para adquirirem a de meninos bem comportados.
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Brian nunca ouvira falar deles antes, mas ao vê-los tocar no The Cavern, em
Liverpool, sentiu na hora o potencial dos quatro e decidiu virar seu empresário. No começo,
os Beatles aceitaram essa mudança radical no visual, mas anos depois o empresário foi
criticado por John Lennon por enfiá-los nos terninhos. Porém, essa determinação de Epstein
em vender a imagem do grupo foi um dos principais fatores do sucesso tão grandioso.
Paul McCartney, John Lennon, Ringo Starr e George Harrison
Quando houve a troca de bateristas, os fãs não aceitaram muito bem, preferiam Pete.
George Harrison até levou um soco no olho de um fã inconformado com a troca. Além disso,
em agosto de 1962, John Lennon engravidou sua namorada Cynthia e casou-se com ela
secretamente em um cartório no centro de Liverpool, pois como os Beatles eram quatro
jovens solteiros e bonitos, suas fãs adolescentes não gostariam de ver um deles casado, isso
estragaria a imagem do grupo.
Superando essas “tragédias”, os Beatles conhecem o produtor George Martin, da EMI,
então, dia 11 de setembro, nos estúdios da EMI em Abbey Road, acontece a gravação de
“Love Me Do” e “P.S. I Love You”, primeira gravação oficial dos quatro juntos.
Em 4 de outubro, saiu o primeiro disco dos Beatles. Suas fãs em Liverpool compraram
o disco na hora, mas, em outros lugares do país, as pessoas não ficaram muito interessadas.
Em 1963, os Beatles já eram um sucesso com suas músicas cativantes, grande
presença, bom humor e certo cinismo em entrevistas, o que chamava a atenção da imprensa.
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Eles também compunham a maior parte de suas músicas, algo novo e estranho para a época
em que a maioria das bandas faziam cover de outros artistas.
George Martin criticou o primeiro álbum, dizendo não achar tão brilhante, entretanto,
com a reação do público, disse que precisavam agora de um bom segundo disco. Então, é
lançado em janeiro de 1963 Please Please Me, que levou os Beatles ao topo das paradas e deu
início à beatlemania.
Com o sucesso do segundo disco, os Beatles começaram a lançar outros hits como
“From Me to You”, “She Loves You” e “I Want to Hold Your Hand”. Esta firmou o sucesso
deles na Inglaterra e se tornou seu primeiro grande hit nos EUA em fevereiro de 1964, o que
lhes abriu as portas da América e do mundo.
Sendo assim, os Beatles fizeram sua primeira excursão pelos Estados Unidos, um
evento ruidoso e histórico, que também abriu portas para outros grupos britânicos. Esses
grupos estavam liderando a lista norte americana de mais vendidos.
A Inglaterra estava se tornando algo novo, passando por uma transformação. As novas
gerações começaram a conhecer a sensação, o prazer e o consumo e as roupas passaram a ser
parte dessa nova filosofia de vida. Em 1965, surgiria a minissaia, que mudaria o
comportamento da mulher.
Começava então brigas terríveis entre mods e rockers, dois estilos opostos de se vestir.
Os mods eram os certinhos com terninhos sem lapela, camisas de colarinho redondo e cabelos
iguais aos dos Beatles. Já os rockers, viviam na semimarginalidade, formando bandos de
motoqueiros e vestindo suas jaquetas de couro.
Nessa época, o cinema influenciava muito os jovens. Entre os filmes mais influentes
estava 007, no qual James Bond era um personagem típico da era da sensação, ia atrás de seus
objetivos a qualquer custo, sem obedecer nenhum sistema de valores.
Em 1966, os Beatles pensavam em dar fim à banda. Estavam oprimidos por causa da
fama, os temas das canções estavam mais problemáticos, com Lennon cantando sobre a
alienação e a ansiedade e McCartney, sobre as dúvidas do amor. Com a agenda cheia de
turnês e gravações, o grupo estava se sentindo esgotado.
Além disso, no mesmo ano, John Lennon disse que os Beatles eram mais famosos que
Jesus, sem querer insultar Jesus ou cristãos, mas obviamente isso foi muito mal visto pelos fãs
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cristãos e pela mídia que gerou uma grande polêmica em cima disso, sendo que ele apenas
quis dizer que eles estavam muito famosos e conhecidos no mundo inteiro. Nos EUA, muitos
fãs queimaram discos, pôsteres, ou qualquer outra coisa da banda, por causa da declaração de
Lennon.
Toda essa polêmica somada a uma última e desanimadora apresentação nos EUA, fez
com que o grupo desistisse de se apresentar ao vivo, eles estavam cansados de serem os
Beatles. Nas palavras de McCartney:
“Simplesmente odiávamos aquela coisa de ser tratados como os quatro cabeludinhos.
Não éramos mais meninos, tínhamos crescido. Aquelas coisas de adolescente, a gritaria,
nada disso fazia mais sentido, não queríamos mais aquilo.”
Desde 1964, muita coisa havia mudado no comportamento dos jovens. No início, a
mudança foi sutil, com a moda jovem se tornando mais extrovertida e tudo mais, mas com o
passar dos anos, esses jovens começaram a questionar e se envolver com a política e os
problemas sociais. Faziam campanhas pelos direitos civis e pela igualdade econômica, além
de protestar contra a guerra do Vietnã.
A Guerra do Vietnã nunca foi apoiada pela população norte americana, mesmo os
mais conservadores. A ideologia do combate à expansão socialista não era suficiente para que
as pessoas aceitassem uma guerra sem sentido, na qual os EUA não haviam sido diretamente
atacados e não ganhariam nada, em caso de sucesso militar. As famílias de classe média, no
modelo do American Way of Life, viam seus filhos ainda adolescentes partirem, para
retornarem traumatizados, mutilados ou mortos. O confronto dava significado real à frase
“guerra é uma invenção dos velhos, morrem os jovens”. Cada grupo social protestava a sua
maneira, mas os protestos que realmente são lembrados, até mesmo mais que a própria guerra,
são as manifestações jovens, dos hippies e dos movimentos estudantis. Os protestos tomaram
toda a juventude. Inúmeros slogans e músicas foram feitas, estas para serem gritadas em
manifestações.
Com o rock mudando dessa forma tão radical, os Beatles sentiram que deviam
acompanhar essa tendência e começar a fazer músicas mais ousadas. Então, em 1966, lançam
seu álbum mais inovador, Revolver. Este cheio de coisas novas na parte instrumental, como
instrumentos não ocidentais e clima eletrônico, que nunca uma banda pop de tanto sucesso
havia usado antes. Mas as coisas começariam a ficar complicadas logo depois.
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A banda não produziu nada em meses, então começaram rumores de tensão entre os
integrantes. A fama já não era mais tão grande, foi aí que perceberam que um novo álbum iria
fazê-la voltar, ou acabar com eles de vez.
“Os jornalistas diziam: ‘Ah, os Beatles já deram o que tinham que dar, não fazem
mais nada’. Mas a gente sabia que não era nada disso. Foi muito legal – só a gente sabia o
que estava fazendo, e sabia que estava longe de ter secado em termos de inovação. Na
verdade, acontecia o oposto: havia uma explosão de forças criativas.”
(McCARTNEY, Paul, Revista Rolling Stone, 2007)
Ao dizer isso, Paul McCartney falava do álbum Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club
Band, a obra que, de acordo com Mikal Gilmore, jornalista da revista Rolling Stone,
“simbolizou as ambições, as esperanças e os temores da mais controversa geração do século
XX em meio a uma época vital, complexada e arriscada”.
Com o Sgt. Pepper, os Beatles passaram a ter uma nova imagem para todos. Toda uma
geração se sentia mais próxima deles, como nunca se sentiu antes. Os Beatles falavam para
eles e em nome deles. Esse álbum inovador foi o meio e a razão do afastamento dos
integrantes, porém, foi o momento mais celebrado da história da música popular.
Após a turnê de 1966, George Harrison largou a banda e viajou com a mulher, Pattie
Boyd, para Mumbai. John Lennon, criador da banda, ficou arrasado com a separação do
grupo. Mas, em 24 de novembro do mesmo ano, os quatro voltaram a se reunir nos estúdios
da EMI, na Abbey Road, para ver que tipo de música fariam. Então, eles encontraram na letra
e estrutura estranha e variável de “Strawberry Fields Forever” um novo rumo. A junção da
versão seca e melancólica com a orquestrada com violoncelos, metais e inversões rítmicas,
que Lennon pediu a George Martin, fez dela o sucesso mais abstrato da história da música
popular.
A banda estava querendo se distanciar de sua imagem, então McCartney veio com a
ideia de fazer uma banda imaginária, eles não teriam que ser eles mesmos nessa banda,
inventariam personagens que poderiam tocar o gênero que quisessem. McCartney sugeriu o
nome Sgt, Pepper’s Lonely Hearts Club Band para essa banda, e compôs uma breve canção
para demonstrar sua ideia para os outros. Essa ideia foi aceita pelo grupo, apesar da pequena
hesitação de Lennon e Harrison, que tinham dúvidas em relação a ela.
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Paul McCartney foi a mente brilhante por trás da obra, o que o fez ganhar mais espaço
nos Beatles. Mais tarde, John Lennon concordaria que estava muito deprimido na época de
gravação do Sgt. Pepper e sabia que Paul estava bem e confiante para fazer aquilo. Mesmo
assim, ficou um pouco enciumado por causa da atenção que George Martin dava às ideias e à
música de McCartney.
Para impedir que copiassem suas ideias, os Beatles exigiam que ninguém tivesse
acesso às gravações, o que foi uma ótima precaução, afinal, eles eram a banda mais criativa e
influenciadora da época.
A “soberania” exercida por McCartney nas gravações de Sgt. Pepper, fez com que o
resto do grupo ficasse um pouco irritado com ele. George Harrison e Ringo Starr não faziam
muito mais que tocar suas partes nas gravações, e Lennon, disse, diante de McCartney, que o
álbum era “a maior bobagem que os Beatles já tinham feito”. John não era tão eclético como
Paul em relação à música. Para ele, rock era uma coisa simples e divertida, e só. Tinha uma
mente muito fechada em relação a isso, sempre foi influenciado pelo rock ‘n’ roll dos anos 50,
apesar da mudança rebelde dos anos 60, como é mostrado no filme Nowhere boy (O garoto de
Liverpool).
Além da genialidade vinda da banda, Sgt. Pepper foi feito sob a influência de drogas
como maconha e LSD. Outras músicas compostas por Lennon, também sob o efeito de LSD,
foram “She Said She Said”, “Tomorrow Never Knows” e “Strawberry Fields Forever”.
Naquela época, a música, em geral, foi muito influenciada por drogas como LSD, pois
as drogas não eram mais usadas apenas para eliminar o cansaço, serviam também para buscar
prazer e estados alterados de percepção.
Na música “Lucy in the Sky with Diamonds”, de Lennon, é descrita uma viagem de
ácido de uma perspectiva sublime, rumo a uma libertação impossível. Até o nome da música
tem as iniciais LSD.
O objetivo dos Beatles era a criação. Mais do que a influência de alucinógenos, a
vontade pela busca de liberdade e experimentalismo influenciava muito a banda.
Outra música importante do Sgt. Pepper é “A Day in the Life”. Composição complexa
e perturbadora feita pela parceria de Lennon e McCartney que mostra o relato de um homem
tão cansado da vida moderna que se sentia pesar por ela.
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“‘A Day in the Life’ existe no espaço entre a inconsciência e o desencantamento – o
espaço ocupado por aqueles tempos – e termina com o mais famoso momento da música dos
anos 1960: um simples acorde tocado por John Lennon, Paul McCartney, Ringo Starr,
George Martin e o assistente Mal Evans em vários pianos de uma só vez, e que reverbera
longamente, como uma possibilidade sem solução. À medida que esse memorável acorde se
prolonga até desaparecer, aglutina uma cultura inteira em seus mistérios, suas implicações,
seu sentido de previdência encontrado e perdido. De certa maneira, foi o momento mais
arrebatador partilhado pela cultura que eles ajudaram a criar, e o último gesto de genuína
unidade que ouviríamos dos Beatles.”
(GILMORE, Mikal, Ponto final, 2010, p.180)
O álbum inteiro foi um grande sucesso já no seu lançamento, vendendo 250 mil cópias
na primeira semana na Inglaterra, e 2,5 mil cópias nos Estados Unidos até o mês de agosto.
“Com os Beatles, testemunhamos o poder social e cultural que uma banda e seu
público poderiam criar e partilhar e, porque Sgt. Pepper atingiu o ápice, tudo passou a ser
possível. Graças ao impulso dos Beatles, o rock and roll se confundiu com a ruptura social e
política dos anos 1960.”
(GILMORE, Mikal, Ponto final, 2010, p.181)
As estruturas de qualidade e diferentes de Sgt. Pepper fizeram com que muitos
finalmente ficassem convencidos de que rock era arte. Desde então, o rock passou a ser
levado mais a sério.
Outras bandas
A música foi o que mais marcou aqueles anos de contestação, vibrantes e criativos.
Além dos Beatles, muitas bandas de rock surgiam na Inglaterra.
The Animals, anteriormente chamado de The Alan Price Combo, tinha como base o
blues e, em 1962, já estava ficando conhecido em Newcastle, cidade natal dos integrantes.
O nome The Animals surgiu porque as audiências locais ficavam chocadas com a
aparência do grupo e os batizaram de “animais”. O apelido se encaixava perfeitamente a voz
rouca do vocalista Eric Burdon e ao piano e órgão de Alan Price.
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Em setembro de 1964, os Animals gravaram “House of the Rising” Sun, música que
os fez chegar ao hit parade americano, o que consolidou a invasão inglesa. Porém, apesar da
qualidade e sucesso da banda, os Animals não duraram muito tempo. Em 1966, Alan Price e
Eric Burdon se separaram, pelo mesmo motivo de muitas outras bandas de rock, discordância
e incompatibilidade de gênios. Cada um formou uma banda depois disso, mas nenhuma das
duas deu certo.
Formada em 1964, The Kinks, é uma das bandas mais antigas do rock inglês. Não
tiveram tantos seguidores como os Beatles, os Stones e o Who, mas sempre fizeram uma
música boa e complexa, típica do melhor que a Inglaterra tinha para oferecer.
Em 1965, com os Yardbirds e o The Who, o rock começava a ficar mais agressivo,
com guitarras mais distorcidas e mais amplificação, já que na década de 60 foram inventados
os pedais de distorção e efeitos mais variados, como o wah-wah. Em 1966, o The Who
conseguiu finalmente levar o hard rock pela primeira vez ao topo das paradas.
O Yardbirds foi a banda de passagem dos melhores solistas de guitarra do rock inglês.
Formada em 1963, com Eric Clapton na guitarra, também tinha base no blues de Muddy
Waters, além de Bo Didley e Sonny Boy Williamson. Sua fama veio ao substituir os Rolling
Stones no Crawdaddy Club de Richmond.
Com o rock britânico fazendo tanto sucesso na época, o grupo se aproximou mais do
pop, e Eric Clapton saiu para continuar tocando blues na banda de John Mayall, os
Bluesbreakers. Então, entra Jeff Beck na guitarra, que não ficou muito tempo, pois saiu para
formar seu próprio grupo.
Em seguida, Jimmy Page vira o guitarrista do Yardbirds, que, um tempo depois, viria a
se tornar o Led Zeppelin. Page foi uma figura muito importante na Inglaterra entre 1963 e
1965, participando de entre 50% e 90% das gravações dos discos de rock britânico da época.
A banda The Who tinha uma atitude revoltada, o grupo era mestre em destruir
guitarras no meio do show e possuía um visual pop art que fazia sucesso na época. O
guitarrista Pete Townshend, um dos grandes nomes do rock britânico, transformou a bandeira
inglesa em sacolas de compra, minissaias, cinzeiros, agendas e várias outras coisas que eram
decoradas com as cores inglesas depois da onda da swinging London.
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Formada também pelo vocalista Roger Daltrey, o baixista John Entwistle e o baterista
Keith Moon, a banda teve dificuldades em acertar com as gravadoras, mesmo com seu grande
sucesso em shows. Foi deles a canção que se tornaria o hino de manifesto de toda uma
geração: “My Generation”.
Além de ser uma das primeiras bandas a fazer uma síntese da linguagem pop britânica,
o The Who também foi o primeiro a lançar um projeto de ópera-rock, Tommy, em 1969.
Outra grande banda inglesa da época foi o Cream, formado pelo baixista Jack Bruce, o
baterista Ginger Baker e o guitarrista Eric Clapton. Foi um grupo de rock com muita
influência de jazz, contendo longas improvisações. Além dos entrelaçamentos da guitarra e do
baixo, o grupo fazia manipulações muito sofisticadas nas gravações em estúdio. Apesar de
durar apenas três anos, o Cream fez muito sucesso em uma das fases mais revolucionárias do
rock.
The Rolling Stones
Fora essas bandas, disputando o topo com os Fab Four, estavam os Rolling Stones,
surgidos no cenário do blues britânico. O nome vem de uma música de Muddy Waters, grande
inspiração deles, e, diferente dos Beatles, vinham de famílias mais ricas e tinham o jeito mais
rebelde e marginal.
Em outubro de 1961, Mick Jagger conheceu Keith Richards, enquanto esperava o trem
com um LP de Chuck Berry e um de Muddy Waters na mão. Isso foi o que chamou a atenção
de Richards, e os dois começaram a conversar, pois já se conheciam superficialmente. A
conversa não foi muito longa, mas logo de começo, já se entenderam.
Em 12 de julho de 1962, Jagger e Richards se apresentaram pela primeira vez com sua
própria banda no Marquee Club, em Londres. Tocaram clássicos do blues e do rock ‘n’ roll
dos anos 1950. Poucos dos presentes ali sabiam que esse dia seria um marco fundamental para
a história do rock.
Em 1963 o grupo se firmava com o baixista Bill Wyman, o baterista Charlie Watts, o
vocalista Mick Jagger, o guitarrista Brian Jones e o outro guitarrista e vocalista Keith Richard.
Seu empresário era Andrew Loog Oldham, que trabalhava com relações públicas e foi
essencial para os Stones no começo, ficando com eles até 1967.
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O primeiro álbum, The Rolling Stones, lançado em abril de 1964, já fez sucesso, e, no
mesmo ano, foram para os Estados Unidos, fazer sua primeira turnê. Mas foi no segundo
álbum, de 1965, que eles alcançaram seu primeiro grande sucesso, com a parceria de Jagger e
Richard em “(I can’t get no) Satisfaction”.
Mick Jagger, Brian Jones, Keith Richards, Bill Wyman e Charlie Watts
O principal assunto dos Rolling Stones era o sexo. No palco, Mick Jagger insinuava
bastante isso, no jeito como que segurava o microfone e gingava. O grupo conseguia
balancear os sons pesados com letras baladas, onde os elementos do blues e do country
estavam presentes juntos com orquestrações renascentistas e barrocas.
Assim como os Beatles, os Stones tinham essa ambição por experimentação e uso de
instrumentos diferentes e exóticos em suas músicas. Muitas bandas faziam o rock psicodélico
da época depois de provar drogas, enquanto outras evitavam as drogas para se inspirar nos
avanços tecnológicos do estúdio de gravação. Dizem que os Stones não acreditavam na ideia
de usar drogas psicodélicas para aguçar a criatividade, mas, era de conhecimento público a
experiência de Mick Jagger com LSD em 1967.
Um ótimo e brilhante single psicodélico criado pelos Stones foi “Paint it, Black”, com
o uso da cítara tocada por Brian Jones. Mas, de acordo com o crítico americano, Robert
Christgau, o maior comentário do grupo sobre LSD estava no álbum seguinte ao Their satanic
majesties request, Between the Buttons, em 1967, na música “Something Happened to Me
Yesterday”.
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“Eles [Beatles] eram músicos ávidos e abertos a novas ideias, e acho que os Beatles e
os Stones estavam incorporando tudo o que podiam nesse ponto. Parte disso era
experimentação artística, mas eles também competiam entre si e com todos os outros,
tentando ver quem conseguia usar o estúdio de gravação com mais criatividade.”
(DEROGATIS, Jim, The Beatles VS. The Rolling Stones, 2011, p.71)
Diferente dos Beatles, que queriam criar cada vez mais, os Stones tinham uma atitude
mais norte americana, queriam fazer aquilo que estivesse vendendo. Jagger se envolveu com
funk, disco, reggae, techno, psicodelia, tentando adaptar os Stones a qualquer estilo que
vendesse. Mas, apesar dessa atitude de certa forma insultante, tanto à música quanto à sua
própria capacidade e talento, os Rolling Stones contribuíram muito para o rock, com seus
arranjos elaborados no álbum Aftermath, de 1966, e sua própria interpretação do blues, entre
outras coisas.
2.3 A reação norte americana
A invasão britânica trouxe de volta o rock norte americano, que estava meio parado no
começo dos anos 1960. Em 1965, paralelamente com os Beatles e os Stones, nos EUA, muitas
bandas como os Beach Boys, The Byrds, Simon & Garfunkel e The Mamas and The Papas
conquistavam seu lugar no hit parade. Mas, essas bandas eram menos agressivas e,
consequentemente, chegavam a ser um pouco menos influentes aos jovens da época que
estavam a procura de mudanças, experiências novas, adrenalina e revolução.
Surgida em 1961, na Califórnia, The Beach Boys era a “principal” banda norte
americana da época. Já naquele ano, lançaram a música “Surfin’”, que logo agradou e fez
sucesso. Com a música surf que o grupo havia criado, um pouco sem querer, a Califórnia
finalmente adotava o rock. Os Beach Boys abriram as portas para bandas da Califórnia que
também começaram a despontar nos anos 1960, sendo algumas delas The Byrds, The Mamas
and The Papas, The Mothers of Invention, Buffalo Springfield e a dupla Simon & Garfunkel.
A banda The Byrds criou virtualmente o folk-rock com uma gravação de Mr.
Tambourine Man, de Bob Dylan. Formada em 1964, em Los Angeles, junto às letras críticas,
colocava a energia do rock em suas músicas, o que deu início a uma nova fase para os grupos
americanos.
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The Mamas and The Papas foi formada em 1965, a banda era formada por John
Phillips, Michelle Gilliam, Danny Doherty e Cass Elliot. Em 1966, foi lançada “California
Dreamin”, um grande sucesso, composto por John Phillips, que se tornaria um dos grandes
temas do rock mais populares de todos os tempos. Outro grande sucesso da banda, também
escrito por John foi “San Francisco”, que foi o hino do “poder da flor” (movimento hippie). A
banda se separou em 1968, mas deixou sua marca no rock.
The Mothers of Invention foi a banda do “santo padroeiro dos freaks”, Frank Zappa. O
grupo estreou com o álbum Freak Out, em 1966. Zappa se interessava por vários estilos
musicais ao mesmo tempo, como R&B, jazz e música concreta. Suas letras eram críticas e
irônicas e, os Mothers of Invention, eram um “verdadeiro laboratório musical”, além de um
dos grupos criadores da fusion, fusão entre o rock e o jazz.
A banda Buffalo Springfield misturava o country, com o folk e o rock, trouxe um novo
som para o rock, contando com os vocalistas/guitarristas Stephen Stills e Richie Furay, o
guitarrista Neil Young, o baixista Bruce Palmer e o baterista Dewey Martin.
A dupla nova iorquina Simon & Garfunkel começou cedo, com dezesseis anos já
faziam algum sucesso com suas letras. Porém, só na década de 60, quando Simon foi para a
Inglaterra, um produtor colocou um pouco de rock em uma de suas canções e o álbum Sound
of Silence atingiu o topo das paradas com um barulho ensurdecedor.
Além dessas bandas, em 1965, em Manhattan, surgia o Velvet Underground, criação
de Andy Warhol, artista pop, que contava com a cantora Nico, o multiinstrumentista inglês
John Cale e Lou Reed. Warhol queria colocá-los no centro de manifestações multimedia, mas
com as dificuldades que surgiram, o grupo se manteve apenas na música. Com a influência
intelectual de Lou Reed e musical de John Cale, eles se tornaram os porta vozes do
underground de Nova Iorque.
A essa altura, com a força primitiva do rock dobrada depois da explosão dos Beatles e
dos Rolling Stones, as bandas procuravam ser cada vez mais autênticas e buscavam uma nova
dimensão expressiva, através da fusão de música e palavra. Até os próprios Beatles saíam da
fase de músicas de amor adolescente e entravam em um novo universo poético aberto por eles
com os álbuns Rubber Soul e Revolver.
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A grande revelação de 1967 foi Jimi Hendrix. O rei da guitarra, considerado um dos
melhores guitarristas de todos os tempos, conseguiu a atenção do público e de astros como
Eric Clapton e Mick Jagger, com seu segundo single “Purple Haze”. Ele criou uma nova
sonoridade e ampliou o papel e os recursos da guitarra elétrica no rock.
Começava a surgir nos EUA o movimento hippie, com bandas principais como The
Grateful Dead, Jefferson Airplane e The Doors, além de artistas vindos da música folk como
Janis Joplin. A época foi marcada por flores no cabelo, cabelos longos e comunidades
alternativas, que adotou como símbolo o círculo com três pontas relacionado ao lema “paz e
amor” que vinha da sinalização militar e significava “cessar bombardeio”.
A banda The Grateful Dead estava presente na época hippie e psicodélica. Criou os
concertos grátis, contestando por muito tempo as regras capitalistas que controlavam o
relacionamento entre os grupos de rock e o público.
Os hippies formaram um dos grupos mais conhecidos dos anos 1960, sendo até mesmo
o visual hippie o típico dessa década e da década seguinte. No bairro The Haight-Ashbury
ocorreu, em 1967, a marcha Gathering of The Tribes for a Human Be-in, a qual reuniu jovens
de todas as partes do país que se identificassem com os ideais de paz e amor e passavam a
ecoar.
A filosofia hippie consistia em negar a sociedade conservadora e artificial do
American Way of Life e descobrir uma nova maneira de viver, perto da natureza e
pacificamente. A moral vigente era substituída por valores como o amor livre, a falta de
preconceito contra negros, mulheres ou homossexuais, a experimentação, o livre consumo de
drogas naturais e de ácidos, em oposição a cultura tabagista da época. Cultuavam a vida
natural, em acampamentos e comunidades anárquicas, o artesanato e a fuga de tudo que fosse
industrializado, até mesmo na vestimenta.
Músicas especialmente de John Lennon, como “Give Peace a Chance” pregavam a
paz, com os olhares voltados para o Vietnã. O cantor foi um dos principais opositores à
guerra, realizando protestos até considerados bizarros para a época, como passar o dia inteiro
dando entrevistas e sendo fotografado deitado em uma cama de hotel, de pijamas, com sua
esposa, Yoko Ono, em um protesto chamado “Bed of Peace”. O maior marco do
envolvimento de artistas na oposição à guerra foi o festival de Woodstock, que reuniu hippies
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de todas as partes do país e teve, inclusive, uma invasão de palco feita por um deles, que
gritou contra o conflito no Vietnã, antes de ser retirado pela segurança.
Em 1968, o Yardbirds acaba e Jimmy Page forma o Led Zeppelin, ao mesmo tempo
em que Eric Clapton alcançava com o Cream um merecido sucesso. A sonoridade do Led
Zeppelin era única, e mesmo baseada no blues, era mais agressiva do que qualquer música
anterior. O hard rock chegava ao seu auge, enquanto bandas como Beatles e Pink Floyd,
começavam a passar por problemas de convivências cada vez maiores.
Em agosto de 1969, ocorre a realização do Woodstock, o possível maior evento de
música de todos os tempos, com apresentações de Jimi Hendrix, Janis Joplin, Jefferson
Airplane e The Who, entre outros.
Com público maior que meio milhão de pessoas, o Festival de Musica e Arte de
Woodstock foi o primeiro concerto de dimensão nacional, nas palavras de seu produtor,
Michael Lang. Recebeu o nome de Woodstock porque aconteceria nessa cidade, no estado de
Nova York, no entanto, os moradores locais não queriam permitir, por medo do que poderia
acontecer com uma reunião desse porte de pessoas mal vistas pela sociedade, como eram os
hippies nessa época. Além disso, estavam descontentes com os acampamentos que
começavam a ser montados na cidade e em seus arredores. Com a duração de três dias (“Três
dias de Paz, Amor e Música”, nas palavras de Michael Lang), o festival teve shows de ícones
do blues rock, como Jimi Hendrix, The Grateful Dead, Janis Joplin, Jefferson Airplane e The
Who, entre outros.
Além de todas as bandas já citadas, também foram surgindo outras bandas de músicos
virtuosos nos anos 1960, como Pink Floyd, Led Zeppelin e Deep Purple, que ganhariam mais
notoriedade na década de 70. Essas bandas junto com outros grupos experimentais como o de
Frank zappa, estavam seguindo os trabalhos cada vez mais elaborados de bandas um pouco
mais antigas como Beatles e The Who. Nesse momento, a simplicidade do rock da década de
50 já não existia mais.
A quantidade de estilos de rock surgidos ou desenvolvidos nos anos 1960 era bem
variada, como:
Twist: mais um estilo de dança do que de música dos anos 1960 a 1964. Seu grande
ídolo foi Chubby Checker, que ficou conhecido como “o homem que inventou a dança sem
par”.
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Ye-yé: pop mais comercial e dançante, fusão do high school rock e do rock ítaloamericano com a canção francesa e italiana. O nome vem do “yeah-yeah-yeah” presente em
várias músicas dos Beatles no começo de sua carreira.
Mod (abreviatura de “modernist”): define o movimento formado pelos jovens da
Inglaterra que seguiam a última moda em roupas ou pop afro-norte-americano. Esse estilo
ampliava a liberdade de dança, sem a preocupação com parceiros, e sim, com a autoexpressão.
Folk-rock: junção da folk-music norte-americana com guitarras elétricas e a pulsação
do rock ‘n roll. Não durou muito, mas serviu de raiz para o rock psicodélico.
Psicodelismo/acid-rock: similares, pois ligados à psicodelia, mas diferentes. O acidrock procurava reproduzir os efeitos da maconha e do LSD com distorções, pedais de efeitos,
teclados, escalas hindus ou volume muito alto. Já o psicodelismo, não vê a necessidade de
tomar ácido para fazer acid-rock, o uso de distorção e wah-wah, sala cheia de pôsteres,
túnicas multicores e flores no cabelo, já bastam.
Heavy-metal: blues muito amplificado, com guitarras, contrabaixo e bateria em
uníssono e vocais também estridentes, e sonoridade e temática aflitivos e tenebrosos. Entre os
principais artistas os Kinks, Led Zeppelin e Jimi Hendrix, entre outros. Tomou forma em
1968 com os ingleses Led Zeppelin, Deep Purple e Black Sabbath.
Rock progressivo: surgido no fim dos anos 1960, designou qualquer artista de rock
que fugisse do pop comercial.
Bubblegum: com ritmo herdado do rock de garagem inglês, melodias contagiantes e
alegres e letras adolescentes sobre namoros normalmente.
Funk: r&b com marcação forte e balançada.
Rock inglês: interpretação dos ingleses para o r&b, soul e o rock ‘n roll, com musichall e o formalismo britânico típico.
Ópera-rock: músicas de rock com histórias contadas em mais de três minutos em
1967-68 mais ou menos. Um bom exemplo de ópera-rock é o álbum The Wall do Pink Floyd.
Garage-rock: rock mais agressivo, sem muita sofisticação musical.
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2.4 Anos 1970
A dissolução dos Beatles entre 1969 e 1970 marcou o fim de mais uma era no rock.
Junto com Bob Dylan, eles foram os que mais ajudaram na passagem do rock ingênuo e
simples dos anos 1950 para o rock mais complexo e elaborado, tanto em relação à música em
si quanto à letra.
Nos anos 1970, as bandas tinham mais possibilidades de fazer sons cada vez mais
diferentes e de melhor qualidade, devido ao avanço tecnológico que proporcionava uma
novidade atrás da outra. A rápida difusão dos sintetizadores ajudou muito nessa melhora, com
eles os grupos puderam criar novos sons que antes eram impossíveis de produzir.
Alguns músicos mais maduros da década de 60 buscavam experimentação e letras
mais elaboradas, enquanto outros eram mais direcionados para o público adolescente que se
interessava nos hits de bandas que estavam no topo das paradas.
O rock progressivo continuava crescendo, porém, estavam surgindo também bandas de
musicalidade mais simples e que adotavam o estilo rebelde que ainda estava em alta na época,
principalmente dos EUA.
Na Inglaterra, surgiam bandas e artistas como T Rex, Elton John e David Bowie,
enquanto nos EUA, surgiam os Eagles e os Carpenters, por exemplo. Agora, o rock britânico
estava oficialmente dominando o mundo. Começavam a surgir cada vez mais bandas de rock
no Reino Unido, que estavam sempre no topo das paradas tanto de lá como dos EUA, além de
bandas um pouco mais antigas como os Rolling Stones, por exemplo, que se mantinham entre
os primeiros.
Usando maquiagem, roupas coloridas e chamativas e cabelos diferentes, músicos
como Marc Bolan, guitarrista e vocalista do T Rex, davam início ao Glam Rock, que era
aproveitado como fator de marketing. A banda T Rex foi fundada nos anos 1960, mas só
alcançou o sucesso na década de 70, como uma banda de glam rock, e uma das mais
importantes. Apesar de não ter durado muito, tendo fim em 1977 com a morte de Marc Bolan,
foi uma banda que marcou a história do rock com seu sexto álbum de estúdio, Electric
Warrior, que foi considerado um dos principais lançamentos do glam rock britânico.
Talvez o principal ídolo/símbolo do Glam Rock foi David Bowie, sempre usando
roupas coloridas, diferentes e chamativas em seus shows, além de pintar o rosto. Bowie já
31
estava na ativa desde 1967, quando lançou seu álbum autointitulado, mas só foi reconhecido
quando, em 1969, sua música “Space Oddity” chegou ao 5º lugar no UK Singles Chart. Ele é
considerado uma das figuras mais importantes e inovadoras do rock, principalmente por seus
trabalhos entre a década de 70 e 80. O “Camaleão do Rock”, como muitos o chamam pela
capacidade de sempre renovar sua imagem, se destaca pela voz inconfundível que só ele tem e
pela profundidade intelectual de suas obras. É considerado até hoje um artista muito influente.
Nos EUA, em 1971, na Califórnia, surgia a banda The Eagles, já sendo bem aceita
com o seu primeiro álbum em 1972. Sendo uma das bandas que mais lucraram nos EUA, os
Eagles venderam 41 milhões de cópias do seu álbum Their Greatest Hits no mundo e, com
seu hit de grande sucesso “Hotel California”, serão imortalizados.
Também na Inglaterra, em 1970, o Black Sabbath começava a pesar mais o hard rock
com seu primeiro álbum autointitulado, que poderia ser o primeiro disco de heavy metal de
conhecimento do grande público.
Como de costume, os EUA teriam de “contra atacar” o peso e atitude do Black
Sabbath, então surge Alice Cooper, em 1971, com seu hit “Eighteen”, cheio de maquiagem e
teatralidade nunca vistas antes.
Quem consolidou a visão do uso da imagem, do teatro e da atitude como fator de
marketing tão importante, talvez até mais do que a música, foi a banda norte americana Kiss,
surgida em 1973. Os integrantes da banda chamavam muita atenção nos shows, tocavam
maquiados de demônio, animal, homem espacial e deus, além de voarem, cuspirem fogo e
vomitarem sangue, consequentemente, vendiam mais discos do que qualquer outra banda
normal.
Por volta de 1974 e 1975, começavam a surgir em pequenos bares e casas de show dos
EUA bandas mais descompromissadas e com grande rebeldia, que estava em falta nas bandas
progressivas e de glam rock. Era o punk começando a tomar forma e trazendo de volta a
simplicidade do rock ‘n’ roll, com músicas curtas e dançantes, mas, sem muita preocupação
em saber tocar desta vez. Entre essas bandas estava o Ramones, a primeira banda
genuinamente punk.
Vestidos com jaquetas de couro e calças rasgadas nos joelhos, os Ramones não
queriam que o jeito que se vestiam interferisse nos shows, diferente do glam rock, queriam ser
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reconhecidos pelo que tocavam e cantavam. Mas, sem querer, acabaram lançando moda. Joey
Ramone uma vez afirmou em um documentário que as calças rasgadas eram consequência da
falta de dinheiro, então ficou surpreso ao ver adolescentes cortando as calças para ficarem
iguais a eles.
Trazendo o conhecimento punk adquirido nos EUA, Malcon McLaren voltou para a
Inglaterra para formar sua própria banda punk, surgiu então, o Sex Pistols. É impossível falar
de música punk sem falar do Sex Pistols, o grupo trouxe uma nova cara ao estilo musical,
adicionando à música simples dos norte americanos letras anarquistas e mais agressivas. Isso
estava explicitamente contido no primeiro hit da banda, “Anarchy in the UK”, de 1975.
Tanto em suas letras quanto no visual, o Sex Pistols debochava dos valores políticos,
sociais e morais da época. Em 1977, chegaram ao primeiro lugar da parada britânica, com seu
primeiro álbum, Nevermind the Bollocks. O estouro que o grupo causou gerou várias bandas
como The Clash e Siouxie and the Banshees, além de resgatar bandas como Blondie, que
ganharam mais notoriedade.
Além das bandas de punk, na época também surgiam ainda bandas de hard rock como
o AC/DC. Sendo um dos grupos mais conhecidos do rock e um dos pioneiros do heavy metal,
o AC/DC surgiu na Austrália, em 1973, e lançou seu primeiro álbum em 1975, o High
Voltage. Em 1979, a banda lançou o seu bem sucedido álbum Highway to Hell, que até hoje é
um grande sucesso.
O heavy metal, foi criado no final dos anos 1960 e começo dos anos 1970, com bandas
como Black Sabbath e Led Zeppelin, que tinham a guitarra em primeiro plano, amplificação
máxima e forte influência do blues, mas, no final dessa década, teve ainda a 2ª geração do
heavy metal, nomeada New Wave of British Heavy Metal, tendo como principais bandas o
Judas Priest e o Iron Maiden.
Ainda antes do punk rock, vinha se destacando o rock progressivo, que consistia em
harmonias mais complexas como a música erudita e o jazz. Grandes nomes do rock
progressivo são Pink Floyd, Yes e Rush. O punk veio em seguida, como uma resposta a esse
rock que estava sendo levada a sério até demais na visão de alguns, com álbuns duplos e solos
de guitarra enormes. O punk tinha como um de seus objetivos, trazer de volta a simplicidade e
a diversão do rock, embora tenha sido considerado por muitos como antimúsica, mas foi
necessário para conter exageros do rock progressivo.
33
Em 1978, o Sex Pistols teve seu fim e, em 1979, Sid Vicious, baixista da banda e
símbolo do punk, morreu de overdose. Mas nem por isso o punk acabou. Após a morte de
Vicious, várias outras bandas começaram a aparecer e/ou se deselvolver no mesmo cenário.
Led Zeppelin
Após a passagem de Eric Clapton e Jeff Beck na banda Yardbirds, Jimmy Page
assume a guitarra. Porém, no final de 1968, a banda tem seu fim, então, Page forma um novo
grupo com Robert Plant, John Bonham e Chris Deja. Mas, o baixista Chris Deja, logo no
começo, não consegue se adaptar ao som da banda, então é substituído por John Paul Jones.
Os integrantes pensaram em dar o nome New Yardbirds à nova banda, mas não soava
muito bem e não agradava. Então, com a sugestão de Keith Moon, baterista do The Who,
nomearam a banda de Led Zeppelin. A sugestão tinha sido na verdade Lead Zeppelin (Zepelin
de chumbo), pois a banda era pesada e “voava”, mas mudaram para Led para facilitar na
pronúncia dos norte americanos.
Seu primeiro disco, auto intitulado Led Zeppelin, lançado em 1969, foi um grande
sucesso e o grupo não lançou singles antes, pois o álbum era para ser encarado como um todo,
e não como cada música sendo uma parte dele. O som era original e com raízes no blues, mas
era possível destacar uma característica mais pesada nele. Mas apesar de agradar o público, o
disco não agradou muito a crítica. O destaque desse primeiro álbum foi a música “Dazed and
Confused”, na qual Jimmy Page fazia o solo usando um arco de violino.
John Paul Jones, John Bonham, Jimmy Page e Robert Plant
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Esse primeiro álbum foi considerado um dos primeiros de heavy metal, mas a
denominação era um pouco insultante na época, os artistas preferiam que seus trabalhos
fossem chamados de heavy rock ou apenas rock and roll.
Com o sucesso do disco, a banda começou a crescer. Fizeram uma turnê pelos EUA,
aonde começaram abrindo para bandas maiores e terminaram sendo a atração principal.
Ainda em 1969, lançaram o segundo álbum, Led Zeppelin II. Contendo o primeiro
grande hit da banda, “Whole Lotta Love”, o segundo disco vendeu mais cópias do que o
primeiro e também foi mais aceito pela crítica, que os considerou melhores do que os Beatles.
Em 1970, o grupo gravou seu terceiro e mais acústico álbum em uma cabana chamada
Bon-Y-Aur (nome de uma das faixas do álbum), localizada em Snowdonia, no País de Gales,
sem eletricidade e sem água encanada. O Led Zeppelin III continuava com as raízes da banda
no blues, mas era diferente, faltava o peso e emoção forte da banda. Consequentemente, foi
um fracasso de vendas.
Sem se deixar abalar, o Led Zeppelin lançou, em 1971, seu álbum sem título, nomeado
pelo público de Led Zeppelin IV. Foi um sucesso tão grande que muitas pessoas “sem noção”
começaram a ter dúvidas de que a banda tinha feito um pacto satânico, vendendo suas almas
em troca da fama. O grupo conseguiu fazer uma fusão do som acústico com o rock pesado na
música “Stairway to Heaven”, que foi um grande destaque do disco, além de uma das músicas
de rock mais conhecidas e ouvidas.
Em 1973, a banda lançou o álbum Houses of The Holy, que tinha influências do soul e
do reggae, com músicas mais longas e experimentais. Muitos se decepcionaram, pois
esperavam mais músicas como “Stairway to Heaven”, e outros chegaram até a odiar esse
quinto disco. Mas, mesmo assim, o Led Zeppelin continuou lotando estádios no mundo inteiro
e vendendo mais discos do que qualquer banda da época.
Em 1975, é lançado o álbum duplo Physical Graffiti, o qual a crítica considerou
extenso demais. Sem muitas novidades, “Kashmir” foi a única faixa do disco que se
diferenciou um pouco do som da banda e foi um grande destaque, sendo uma das marcas
registradas da banda. Nesse disco, mais uma vez, a banda mostrou sua grande diversidade de
estilos, indo do folk e do rock progressivo ao heavy metal.
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Logo após o lançamento de Physical Graffiti, começam boatos de separação da banda,
pois ficou parada por mais de um ano, devido a um acidente de carro que Robert Plant sofreu.
Com sua volta em 1976, a banda lança o álbum Presence, que apenas prolongou a fase
ruim pela qual o Led Zeppelin passava. Nessa época o punk começava a surgir, mudando o
cenário do rock, e o Led Zeppelin não estava mostrando mais sua criatividade do começo.
Em 1978, a banda volta de um hiato, devido à morte do filho de Plant, com o álbum In
Through the Out Door. O novo disco não foi um grande sucesso como os dois primeiros, mas,
pelo menos, encerrou a fase ruim da banda. Eles voltavam aos palcos e mantinham o título de
maior banda do mundo.
Após a morte do baterista John Bonham, os outros integrantes do grupo concordaram
em dar fim à banda.
Pink Floyd
Outra banda muito importante da época foi o Pink Floyd. Formada em Cambridge em
1965, o Pink Floyd foi uma banda de rock inglesa que ficou muito famosa com sua música
psicodélica e progressiva, no início, com conteúdo experimental, e, mais tarde, com seus
álbuns conceituais, letras filosóficas e espetáculos em seus shows, combinando sons e cores.
Mais para o final da década de 60, o rock progressivo começava a surgir, com letras
profundas, álbuns que eram para ser ouvidos como um todo, com músicas relacionadas entre
si, e muito experimentalismo, com instrumentos diferentes e exploração da tecnologia
oferecida na época. A maioria das pessoas diz que o álbum Piper at the Gates of Dawn, do
Pink Floyd, foi o grande primeiro álbum de rock progressivo e deu corda a esse novo estilo.
Embora algumas outras pessoas considerem o Sgt. Pepper, dos Beatles, como marco inicial
progressista.
O grupo foi formado a partir da junção de dois grupos de amigos. O primeiro dos
arredores de Cambridge, de onde o baixista Roger Waters, o vocalista e guitarrista Syd Barrett
e o guitarrista David Gilmour vieram, além de outros integrantes mais passageiros da banda.
O outro grupo, com Waters, o baterista Nick Mason e o tecladista Rick Wright, que estudaram
juntos na faculdade de arquitetura, onde se conheceram.
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No início, a banda era formada por Waters, Mason, Wright e Barrett. Eles ficaram
conhecidos no final dos anos 1960 no cenário underground londrino com dois singles e o
álbum Piper at the Gates of Dawn, de 1967, que fez um grande sucesso.
O nome foi uma sugestão de Syd Barrett, em homenagem a dois músicos que ele
admirava muito, Pink Anderson e Floyd Council, e que, coincidentemente, juntos, os nomes
soavam muito bem. Primeiro foi sugerido por ele The Pink Floyd Sound, quando estavam em
um festival no qual já havia uma banda com o mesmo nome que eles tinham adotado, Tea Set,
mas depois acharam melhor apenas Pink Floyd.
Com seus shows únicos, músicas muito boas e a aceitação do público e da crítica, a
banda não demora a ser contratada pela EMI, uma das maiores gravadoras da época, logo
após o contrato com a pequena gravadora Thompson Records.
O crédito maior do sucesso do primeiro álbum é dado à genialidade de Syd Barrett,
que, movido a LSD, produz arranjos imprevisíveis de “estrutura indefinida”. Com o tempo,
Barrett começou a apresentar um comportamento esquizofrênico, devido ao grande uso de
alucinógenos. Até que finalmente chegou à um estado deplorável e não tinha mais a
capacidade de tocar ou compor, além de ficar em um estado praticamente catatônico no palco.
Então, chamam David Gilmour, que se juntou à banda em 1968, para ocupar o lugar de Syd,
que já era um conhecido deste e de Waters da época de escola.
Rick Wright, David Gilmour, Nick Mason e Roger Waters
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Com Syd Barrett fora da composição das letras, Roger Waters passa a ser o principal
letrista e líder conceitual do grupo. Essa nova formação da banda expandiu seu sucesso para o
mundo inteiro, principalmente com os álbuns The Dark Side of the Moon, Wish You Were
Here e The Wall.
Em 1973, é lançado The Dark Side of the Moon, um dos álbuns mais bem sucedidos de
todos os tempos, que faz com que o Pink Floyd fique conhecido mundialmente. O disco
girava em torno do homem moderno, agravando problemas como o dinheiro, a loucura e a
morte, entre outros.
Após o grande sucesso de The Dark Side of the Moon, Roger Waters criou os
conceitos dos outros álbuns que foram lançados na época.
Em 1975, a banda lança Wish You Were Here, outro grande sucesso, o qual continha
uma das canções de rock mais ouvidas no mundo, “Wish You Were Here”. Muitas
interpretações rodeiam a letra dessa música, muitas das pessoas, que não conhecem muito a
história da banda, pensam que ela é uma música romântica feita para uma mulher, mas essa é
a interpretação menos provável. A interpretação mais aceita é a de que tanto a música como o
disco inteiro, foi feito em tributo a Syd Barrett, uma homenagem e análise do “gênio louco”.
Em seguida, é lançado Animals, em 1977. Esse disco não foi tão bem sucedido que
nem seus dois antecessores, a crítica não o recebeu muito bem, mas os fãs sim. Ele trata de
uma adaptação da obra “A revolução dos bichos”, de George Orwell, retratando as
contradições e injustiças da sociedade capitalista. É com esse disco que a banda começa sua
fase de protesto político social e, começa também, o predomínio do baixista sobre os outros
integrantes.
Em 1979, The Wall. Provavelmente um dos álbuns conceituais mais brilhantes já
feitos, além disso, Waters se supera como compositor nessa obra prima. Com ele, o Pink
Floyd vai ao topo das paradas de novo, vendendo mais de 11 milhões de cópias (disco duplo
mais vendido de todos os tempos).
The Wall é uma ópera rock que engloba temas como abandono e isolamento. Ela é
focada em Pink, um personagem baseado em Waters, que, devido a perda do pai na Segunda
Guerra Mundial, a mãe superprotetora, e seus professores abusivos, se isola da sociedade,
atitude representada por um muro metafórico, onde, cada um de seus traumas, é um tijolo.
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Dominado pela loucura, Pink acredita ser um ditador fascista, mas, por causa da
grande culpa que começa a sentir, se coloca em julgamento e ordena que o muro seja
derrubado para que o contato com o mundo exterior seja reestabelecido.
O grande sucesso do álbum foi transformado até em filme, onde, muitos afirmam, que
o protagonista ficou realmente louco. Além do filme, o show feito hoje em dia por Waters
sobre o The Wall é simplesmente fantástico, com efeitos de luzes, imagens e sons, chega a ser
não apenas um show, mas um espetáculo.
Os problemas que começaram a surgir entre Roger Waters e o resto do grupo nas
gravações de The Wall, ficaram ainda mais intensos após o álbum The Final Cut, em 1983.
Depois de inúmeras brigas, processos e formações da banda, o Pink Floyd acaba por volta de
1999, quando é lançado o álbum Is There Anybody Out There. Só em 2005, a formação mais
clássica se junta novamente para um show de 14 anos no Festival Live 8, em Londres.
Alguns subgêneros do rock criados e desenvolvidos nos anos 1970:
Power-pop: rock com melodias bem elaboradas, guitarras altas e ritmo pesado.
Punk-rock: descompromissado e protestante, com guitarras fortes e em alto volume.
New-wave: rock mais energetic com canções contagiantes e marcantes.
Hard-rock: variação do heavy metal, só que com ritmo e temas menos pesados.
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Capítulo 3
Conclusão
3.1 Anos 1980, 1990 e 2000
Chegam os anos 1980, com muitas novidades em relação às bandas e aos subgêneros,
mas, ao mesmo tempo, com poucas em relação à criação de algo totalmente novo. Na década
de 80, surgem várias bandas novas e novos subgêneros do rock, porém, a maioria baseando-se
nas coisas já feitas nos anos 1950, 60 e 70, só que com um toque novo.
Novas bandas de heavy metal começam a surgir, em uma época em que algumas das
velhas já não estavam em boa fase. Além disso, surgem dois novos subgêneros de heavy
metal, o thrash metal e o death metal. O thrash (“ataque violento”) em 1983, com bandas
como Metallica, Megadeth e Venon, e o death metal, mais influenciado pelo punk e pelo
hardcore, com o ritmo mais acelerado e, ás vezes, com grunhidos dos vocalistas, que davam
mais importância ao som do que à letra.
Essa época também é bem caracterizada pelo rock gótico e pós-punk, com uma pegada
mais melancólica e bom uso da tecnologia oferecida, mas, ainda assim, com bastante
influência de seus antecessores. Como de costume, as bandas britânicas também dominavam
mais esses estilos, bandas como Joy Division, Bauhaus, The Cure e The Smiths, por exemplo.
Mas, apesar da dominância britânica, muitas bandas norte americanas também se
destacaram na época, com esse estilo “bem anos 1980”, usando influências dos anos 1960
principalmente, com novos sons. Entre elas R.E.M., Pixies e B-52’s.
Além disso, no final da década de 70 e começo da de 80 também surge o rap, com fala
ritmada e técnicas de DJs, como “scratching” e “stampling”. O rap teve sua grande influência
no rock, com ritmo acelerado e letras de protesto, porém, acabou se tornando mais um novo
gênero musical do que um subgênero do rock.
Nas duas décadas seguintes, as coisas continuaram mais ou menos assim também, o
rock foi mais se renovando do que se criando e “evoluindo”. A década de 90 foi marcada pelo
grunge, um estilo mais influenciado pelo punk, desarrumado e com guitarras barulhentas,
tocado por grandes bandas como Nirvana, Alice in Chains e Soul Asylum.
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Em 1993, o jornal inglês New Musical Express deu o humorado nome de New Wave
Of British New Wave para o som das novas bandas britânicas que retomavam a new wave dos
anos 1970, entre elas Supergrass, Teenage Fan Club e The Austers.
Outro subgênero criado nos anos 1990 foi o rock indie, ou rock alternativo. O nome
indie é diminutivo de “independente”, as bandas desse estilo eram de gravadoras
independentes e não seguiam muito os modismos. A maioria dessas bandas costumava vir da
Inglaterra, bandas como Oasis, Arctic Monkeys e Placebo, que são grandes nomes do cenário
alternativo, junto com norte americanos como The Strokes e Incubus. Hoje em dia, o indie
está ficando muito conhecido e fazendo um grande sucesso, mas algumas bandas estão se
desviando um pouco do que foi criado na década de 90, adicionando elementos mais
eletrônicos, algo notável nas bandas Phoenix, Foster The People e Two Door Cinema Club.
Na década de 2000, surge o pop-punk, “o descompromisso do punk-rock com a
melodiosidade do pop”. Na lista de bandas desse estilo a predominância é norte americana:
Blink-182, Sum 41, Green Day, Fall Out Boy, entre outras.
Outro subgênero surgido na época é o emocore (emotional hardcore), que junta o lado
mais melodioso do punk-rock com melodias pegajosas, com grupos como Death Cab For
Cutie e Panic! At The Disco em destaque.
3.2 A importância e o dom dos roqueiros britânicos
Após todos esses anos de rock, uma coisa é certa, o rock britânico sempre teve um
grande destaque no mundo inteiro. Muitas bandas de outros países também ganharam grande
notoriedade e revolucionaram o mundo da música, mas algumas nem se comparam aos grupos
ingleses, que contribuíram e continuam contribuindo, com sua excepcional criatividade,
talento e originalidade.
O rock ‘n’ roll pode ter sido criado nos EUA, mas o rock como conhecemos desde a
década de 60 talvez tivesse sua origem na Inglaterra. Mesmo com bandas como Beatles e
Rolling Stones sendo influenciados por roqueiros um pouco mais antigos como o norte
americano Chuck Berry, eles foram modificando e inovando o que viria a ser conhecido
apenas como rock.
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A maioria dos nomes mais reverenciados hoje em dia, considerados por muitos como
“o verdadeiro rock”, é de bandas britânicas, como Beatles, Rolling Stones, Led Zeppelin, Iron
Maiden, Black Sabbath, Queen, Pink Floyd, entre outros.
Essas bandas revolucionaram o mundo da música e, portanto, o mundo também. Os
Beatles, por exemplo, talvez a banda de rock mais influente de todos os tempos, adicionaram
muitas coisas novas à música. No programa Extrato MTV, da MTV Brasil, foram
selecionadas as sete maiores invenções dos Beatles, sendo elas: o feedback, os shows em
estádio, o encarte de disco com letras, o fade in, o heavy metal, o baterista vocalista, e o
videoclipe. Os principais pioneiros do heavy metal foram o Led Zeppelin e o Black Sabbath,
entre outros, mas a música “Helter Skelter”, escrita por Paul McCartney, é considerada o
primeiro heavy metal da história.
Além dessas invenções, os Beatles foram uma das primeiras bandas a colocar um
pouco mais de experimentalismo em sua música, com instrumentos exóticos, por exemplo,
isso sem mencionar suas brilhantes letras.
O Pink Floyd, além de seus shows cheios de luzes e cores no começo e bem teatrais
mais tarde, conseguiu ultrapassar os limites do rock progressivo, o que fez com que até
mesmo quem não gosta de rock gostasse deles, mas também afastou alguns roqueiros,
principalmente aqueles que gostavam de punk.
Com suas músicas fantásticas e cheias de energia, o Led Zeppelin já foi considerado a
maior banda de rock de todos os tempos e influenciou muitas bandas que vieram depois. Na
verdade, todas essas bandas, Pink Floyd, Led Zeppelin, Rolling Stones, Beatles, foram
grandes influências para os nomes que iam surgindo na música nos anos seguintes, muitos
desses nomes sendo também muito bem sucedidos, como David Bowie, Queen, Korn, The
White Stripes e Oasis, por exemplo.
Talvez o que torna o rock britânico algo tão único, tanto nos anos passados quanto na
atualidade, seja a criatividade e sensibilidade que os artistas de lá possuem para fazer música,
algumas bandas com acordes mais simples, porém, letras profundas e geniais, e outras, ás
vezes com letras simples, mas um instrumental impecável.
Hoje em dia, as bandas inglesas estão perdendo um pouco, ou talvez não encontrando,
essa criatividade presente nas décadas passadas. Mas mesmo assim, muitas bandas continuam
42
mantendo o legado da Inglaterra como um país do rock, compondo letras e melodias que
ficarão para a história, afinal, não é a toa que Led Zeppelin, Beatles, e agora o Muse (também
britânico), já foram classificados como “a maior banda do mundo”.
43
Bibliografia
http://www.infoescola.com/historia/tratado-de-versalhes/
http://www.brasilescola.com/historiag/tratado-versalhes.htm
http://www.brasilescola.com/historiag/segunda-guerra-mundial.htm
http://guerras.brasilescola.com/seculo-xx/a-segunda-guerra-mundial.htm
http://www.algosobre.com.br/historia/segunda-guerra-mundial-a.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Segunda_Guerra_Mundial
http://clubrock.com.br/news/historiadorock.htm
http://whiplash.net/materias/biografias/000080.html#ixzz24yODDiSP
http://whiplash.net/materias/biografias/038468-ledzeppelin.html#ixzz24yTDScWU
http://pt.wikipedia.org/wiki/Led_Zeppelin
http://pt.wikipedia.org/wiki/The_Wall
http://whiplash.net/materias/opinioes/130335-pinkfloyd.html#ixzz25LsYEVcW
http://www.suapesquisa.com/musicacultura/anos_50.htm
http://almanaque.folha.uol.com.br/anos50.htm
http://www.hippy.com/
Revistas:
Grandes Guerras – Edição “Dia D”
Coleção Grandes Impérios
Rolling Stone, dezembro de 2012.
Rolling Stone, março de 2012.
Rolling Stone, fevereiro de 2012.
Rolling Stone, agosto de 2012.
Livros:
Breve história do rock
Inside Out – A verdadeira história do Pink Floyd
Rock – de Elvis à beatlemania (1954-1966)
The Beatles VS. The Rolling Stones
44
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