Anais da Semana de Pedagogia da UEM ISSN Online: 2316-9435 XX Semana de Pedagogia da UEM VIII Encontro de Pesquisa em Educação / I Jornada Parfor O TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: BREVES CONSIDERAÇÕES SILVA, Helen Camila da [email protected] MAROSTI, Márcio Ricardo Dias [email protected] COSTA, Maria Luisa Furlan (orientadora) [email protected] UEM (Universidade Estadual de Maringá) História e historiografia da educação INTRODUÇÃO Os sistemas educativos de diversos países, como no Brasil, enfrentam não só o desafio de responder à demanda de acesso universal à educação, mas, também de oferecer uma educação que seja considerada de qualidade. Para isso, a educação a distância (EaD) vem adquirindo um papel relevante no país. Atualmente, diferentes tipos de instituições de ensino superior, como a Universidade Estadual de Maringá, têm utilizado essa modalidade como forma de ampliar os espaços educacionais, proporcionando aos alunos o acesso ao conhecimento a qualquer tempo e em qualquer local. A educação a distância é a modalidade de ensino mais democrática, que visa à ampliação do ensino e aprendizagem. Ela é capaz de atender um grande número de pessoas simultaneamente em espaços e horários diferenciados, pois, utiliza de tecnologias de comunicação informação (TIC) que transpõe os obstáculos do acesso ao conhecimento. A EaD tem por principal finalidade, como o ensino presencial, auxiliar alunos e professores na construção do conhecimento. As novas tecnologias possibilitaram aos discentes, novas alternativas para a busca do conhecimento e desta forma, demandaram-se também funções diferenciadas para os professores/tutores que estão envolvidos nesse processo. Muitas são as discussões decorrentes desta modalidade de ensino, por esta razão, o presente trabalho concentra-se em apresentar a importância e a atuação dos tutores nos cursos de educação a distância, além disto, busca refletir sobre a (des) valorização do tutor na EaD. Mas, antes de discorrer sobre a temática, se fez necessário realizar um levantamento histórico sobre a EaD para que possamos entender como ela se consolidou como modalidade de ensino. Universidade Estadual de Maringá, 17 a 20 de setembro de 2013. Dessa forma, esta proposta de estudo contará com a pesquisa bibliográfica a qual será norteada por autores como Litwin (2001), Barbosa (2005), Cardoso (2008), Formiga (2010), dentre outros, que venham contribuir para a construção do conhecimento científico. A educação a distância atinge cada vez mais novos espaços e toma cada vez mais amplitude, por isto, utilizar EaD no processo educacional é de grande relevância para que haja interação entre os sujeitos envolvidos no processo. Dessa maneira, é possível ter uma ideia clara dos limites e possibilidades criados pela educação a distância e, por consequência, a real importância dada na atuação dos tutores, pois, é uma das mais relevantes questões a ser estudada e abordada, uma vez que alguns estudos vem apontando a atuação do tutor como decisiva para o sucesso da iniciativa e permanência do aluno até o final do curso. BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA A educação a distância vem sendo realizada há muito tempo e utiliza como meios de comunicação o correio, o rádio, a televisão e materiais impressos. Com a revolução tecnológica gerada pela utilização de computadores e depois pela internet, começaram a surgir novas ferramentas de interação para a EaD. O desenvolvimento de ações institucionalizadas de EaD é registrado a partir de meados do século XIX, com a criação das primeiras escolas por correspondência destinadas, por exemplo, ao ensino de línguas, a cursos de contabilidade ou de extensão universitária em países como a Alemanha, Inglaterra, Estados Unidos e Suécia (SARAIVA, 1996). Provavelmente, segundo Litwin (2001), essa origem tenha fixado uma apreciação negativa de muitas de suas propostas. Somente a partir da última década do século XX a EaD assumiu um status que a coloca no centro das atenções pedagógicas de um número cada vez maior de países. Segundo Formiga (2010, p. 02): Em sua evolução histórica, desde que se formou na Europa como modalidade de aprendizagem, em meados do século XIX, até o limiar do século XXI, a EaD percorreu um horizonte temporal de mais de 150 anos, tempo esse em que o Brasil participa de pelo menos dois terços de uma trajetória comum, o que não significa dizer que seja com o mesmo grau de sucesso, nem que acompanhe em igual velocidade essa evolução – que poderia ser chamada de revolução da EaD, que se funde com a Revolução do Conhecimento a partir das últimas décadas do século passado. O fenômeno da EaD extrapola e deve ser analisado além da sua linha histórica, seja nacional, seja internacional. Os novos paradigmas da Educação trazidos pela sociedade da aprendizagem no final da década de 60 do século XX influenciaram fortemente a EaD, que tem passado por diferentes estágios, Universidade Estadual de Maringá, 17 a 20 de setembro de 2013. com aperfeiçoamento crescente, libertando-se de teorias dominantes à medida que centra o seu foco no conteúdo e no aluno/aprendiz. A maioria dos estudiosos considera como marco inicial da EaD no Brasil a criação, por Roquete-Pinto, entre 1922 e 1925, da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro e de um plano sistemático de utilização educacional da radiodifusão como forma de ampliar o acesso à educação. A evolução histórica da EaD, no Brasil e no mundo, é marcada pelo surgimento e disseminação dos meios de comunicação. Vejamos alguns períodos importantes da inserção da EaD no Brasil segundo Lindem e Assis (2012): Na década de 40, algumas instituições como o Instituto Universal Brasileiro e o Instituto Monitor ofereciam cursos por correspondência. Em seguida surgiu a Universidade do Ar, que funcionava pelo rádio, promovida pelo SENAC. Nas décadas de 50 e 60, houve a explosão de cursos por correspondência visando a alfabetização de adultos, com a participação da Igreja Católica; Nas décadas de 70 e 80, foram oferecidos vários cursos na TV Globo e pela Universidade de Brasília utilizando metodologia educacional que integra conteúdos do ensino fundamental e do ensino médio com uso de multimeios. A iniciativa oferece uma nova oportunidade de concluir os estudos básicos. Em 1995 foi criado pela Fundação Roberto Marinho e pela Fiesp, o aperfeiçoamento de dois cursos anteriores: o Telecurso 1º Grau e o 2º Grau. Nesses cursos, o material didático é composto de livros e vídeos e permite que se faça o curso em casa assistindo às aulas através das emissoras de TV que transmitem o Telecurso ou em uma das várias telessalas existentes no Brasil. Nestas, os alunos têm à disposição um aparelho de vídeo e um orientador além de material didático de apoio. Em 1995 ocorreu a disseminação da Internet nas Instituições de Ensino Superior, via Rede Nacional de Pesquisa – RNP [...]. No final da década de 90, a utilização de recursos tecnológicos como apoio à educação no Brasil foi intensificada. A utilização da internet, redes e o barateamento dos equipamentos de informática fizeram com que o uso das tecnologias em sala de aula fosse incluído em todos os níveis e modalidades de ensino. Sendo assim, a última década do século XX foi o marco da consolidação da EaD como modalidade de ensino. O avanço da informática, das telecomunicações e o surgimento da internet, fez com que a EaD se renovasse e abrangesse cursos de níveis diferenciados, como os de graduação e pós-graduação. Nesse contexto, com inúmeras propostas educacionais a distância surgindo, o Governo Federal criou, em 1996, uma legislação própria, a fim de regulamentar a EaD e propiciar o credenciamento de instituições públicas e privadas aptas a lançar cursos nessa modalidade. Universidade Estadual de Maringá, 17 a 20 de setembro de 2013. Assim, as bases legais para a EaD no Brasil foram estabelecidas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996), regulamentada pelo Decreto 5.622 de 19 de dezembro de 2005. Segundo o Ministério da Educação - MEC (2012): É em 1996 que a Educação a Distância surge oficialmente no Brasil, sendo as bases legais para essa modalidade de educação, estabelecidas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996, embora somente regulamentada em 20 de dezembro de 2005 pelo Decreto n° 5.622 (BRASIL, 2005) que revogou os Decretos n° 2.494 de 10/02/98, e n° 2.561 de 27/04/98, com normatização definida na Portaria Ministerial n° 4.361 de 2004. De acordo com Lindem e Assis (2012): Em 1997 começam a ser produzidos pelas universidades brasileiras os primeiros Ambientes Virtuais de Aprendizagem. O Brasil não perdeu tempo nesta área e já em 1995 e 1996 produzia soluções próprias com os sistemas da Universidade Anhembi Morumbi em São Paulo, Universidade Federal de Pernambuco, Universidade Federal de Santa Catarina, Faculdade Carioca no Rio de Janeiro e Universidade Federal de São Paulo (Escola Paulista de Medicina). É nesse contexto, que a modalidade a distância começa a ganhar importância. Se antes era associada a cursos de baixa qualidade, uma educação marginalizada e sem reconhecimento como modalidade educativa com características próprias, agora se apresenta como possibilidade concreta de viabilizar o acesso a educação de qualidade, com interação humana e interatividade e sem limitação de tempo e de espaço físico. Ainda conforme as autoras Lindem e Assis (2012): [...] Em 1999-2002 foi registrado o credenciamento oficial de Instituições Universitárias para atuar em EaD; Em 2000 foi criada a Universidade Virtual Pública do Brasil, UniRede consórcio de 70 instituições públicas de ensino superior que tem por objetivo democratizar o acesso à educação de qualidade por meio da oferta de cursos a distância. Em 2006 aconteceu o lançamento da Universidade Aberta do Brasil. É possível identificar uma profusão de projetos de EaD baseados em tecnologias da Internet que têm marcado o cenário da educação brasileira desde os anos 90. As iniciativas têm surgido como resposta imediata à necessidade de treinamento empresarial e-learning e no mundo acadêmico principalmente nas instituições públicas brasileiras, em projetos de formação de professores no atendimento aos determinantes do art. 80 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), que trata da inserção da EaD no sistema educacional. Universidade Estadual de Maringá, 17 a 20 de setembro de 2013. A educação a distância está em constante evolução e está cada vez mais evidenciada como uma modalidade de ensino. Esse processo acontece principalmente devido a influência do meio e espaço que exige conhecimentos cada vez mais aprofundados. Segundo Barbosa (2005, p. 29): Muitas são as discussões que essa modalidade suscita, sendo duas consideradas prioritárias. Uma delas relaciona-se à natureza dos meios que possibilitam ao aluno ter acesso à informação para a ampliação do conhecimento, pois uma vez que os meios mudam, logicamente as metodologias utilizadas devem ser repensadas, sobretudo em função das novas possibilidades abertas pelas tecnologias de informação e comunicação (TICs) em relação ao processo de interação e em função da flexibilidade relacionada ao tempo e ao espaço destinados à aprendizagem. A outra referese ao conceito de presença, ou seja, posso dizer que ao estar utilizando um ambiente virtual, a qualquer tempo e a qualquer espaço, não há presença? Por outro lado, quando estou compartilhando um mesmo tempo e espaço geográfico, há presença? Então, onde está a questão? No fato de que uma modalidade privilegia a presença física, ao passo que a outra não? Ou de que em ambas as modalidades a presença possa estar relacionada com a interação? Ou seja, na medida que interajo também estou presente, e isso independe de a modalidade ser presencial física ou presencial a distância. Assim, diferentes tipos de organizações e instituições já têm utilizado a educação a distância como forma de ampliar seus espaços educacionais, proporcionando aos alunos acesso a informação em qualquer tempo e em qualquer lugar. A EaD deve possibilitar a formação de um indivíduo crítico, ativo e participativo onde está inserido. O foco principal nessa perspectiva é formar e desenvolver as habilidades de aprendizagem entre alunos, professores e o a sociedade em que estão inseridos. Um dos grandes agente da EaD, se não o mais importante, é o tutor, pois, assume a missão de articulação de todo o sistema de ensino-aprendizagem nesta modalidade de ensino. E é deste agente, tão importante nessa modalidade de ensino, que discorreremos algumas considerações a seguir. A IMPORTÂNCIA E A ATUAÇÃO DOS TUTORES NA EAD Conforme pudemos observar, ocorreram grandes mudanças na área da educação que trouxeram à modalidade a distância maior valorização e, consequentemente, maior procura pelos estudantes. Assim, os professores passaram a assumir novos papéis na EaD. O estudante da modalidade a distância não está sozinho, diferentemente do que muitas pessoas possam imaginar. Em torno dele estão profissionais que o auxiliarão no processo de aprendizagem, acompanhando e supervisionando suas ações. Nesse grupo, estão os Universidade Estadual de Maringá, 17 a 20 de setembro de 2013. professores especialistas/pesquisadores que organizam o material didático para a orientação do aluno. Junto a eles está também toda a equipe técnica e administrativa que os auxiliam em todo o processo de ensino e aprendizagem. Na maioria das vezes, o aluno não possui contato direto com o professor especialista na modalidade a distância. Para isto, é necessária presença de um orientador, alguém que esteja preparado para acompanhar este aluno no seu caminho pela busca do conhecimento. Assim, surge um novo profissional, um novo ator que facilita o processo de ensino e aprendizagem: o tutor, que tem como uma das suas principais responsabilidades realizar a mediação do aluno com o professor especialista de modo a facilitar a aprendizagem. Conforme Cardoso (2008, p. 75): Basicamente, os docentes em EaD têm duas funções que podem ser exercidas por grupos distintos. A primeira refere-se ao planejamento do curso, tratando da definição da metodologia do conteúdo, da avaliação e do formato final do material de estudo e aprendizagem. A segunda é a tutoria que, durante todo o processo de ensino e aprendizagem, dedica-se à orientação individual e ao esclarecimento de dúvidas. Ambas as funções apresentam desafios, pois, a atividade docente à distância é mais complexa do que na educação presencial. A tutoria pode ser entendida como uma ação orientadora global chave para articular a instrução e o ato educativo. O sistema tutorial compreende, dessa forma, um conjunto de ações educativas que contribuem para desenvolver e potencializar as capacidades básicas dos alunos, orientando-os a obterem crescimento intelectual e autonomia e para ajudá-los a tomar decisões em vista de seus desempenhos e suas circunstâncias de participação como aluno (CARDOSO, 2008, p. 75). O tutor é um ator indispensável no processo de aprendizagem dos alunos de um curso a distância. É o profissional que dá apoio, incentiva, colabora e é parceiro do aluno no processo pedagógico. Cardoso (2008, p. 77) aponta que: [...] a figura do tutor na educação a distância é de extrema importância, tendo em vista que os estudantes de EaD formam um conjunto disperso geograficamente, com ritmos de estudos distribuídos em diferentes tempos, e a ação do tutor nesse contexto, é vital para aglutinar, motivar e assessorar os estudantes em sua trajetória acadêmica. Com relação à ação do tutor no processo pedagógico dos cursos a distância, Cardoso (2008, p. 78) mostra como pode se dar a atuação dessa figura: Universidade Estadual de Maringá, 17 a 20 de setembro de 2013. A ação do tutor poderá ocorrer de duas formas: presencial ou à distância. Na primeira forma, o atendimento aos estudantes ocorre geralmente, em encontros semanais pré-definidos, com o objetivo de esclarecer dúvidas, promover a interação entre tutor/alunos e alunos/alunos e para fornecer aos alunos o sentido de pertencimento ao grupo. Na segunda forma, o atendimento ao aluno ocorre por meio de correio eletrônico, telefone, fórum, entre outros, havendo sempre a necessidade de ter um tutor de plantão, em dias e horários pré-estabelecidos e, concedendo, aos mesmos, a liberdade de fazer contato quando se fizer necessário. Nas formas presenciais ou a distância, o papel do tutor é de extrema importância, pois, é ele quem tentará evitar o desânimo do aluno e, consequentemente, o abandono de um curso que seja a distância. Como ressalta Silva (2008, p. 47): O tutor é um facilitador, que ajuda o estudante a compreender os objetivos do curso. O tutor torna-se um observador que reflete constantemente junto ao aluno a sua possível trajetória acadêmica, é um conselheiro e também um psicólogo, capaz de compreender as questões e as dificuldades do aprendiz e de ajudá-lo a responder de maneira adequada. É também um especialista em avaliação formativa e administrador para dar conta de certas exigências da instituição. Autores como Lázaro e Asensi (apud SILVA, 2008, p. 37) demonstram que é muito tênue a linha divisória entre o trabalho do professor e do tutor: Ser tutor é ser professor que se encarrega de atender diversos aspectos que não são tratados nas aulas. O tutor também é o professor, o educador integral de um grupo de alunos. A tutoria é uma atividade inerente à função do professor, que se realiza individual e coletivamente com os alunos em sala de aula a fim de facilitar a integração pessoal nos processos de aprendizagem; é a ação de ajuda ou orientação ao aluno que o professortutor pode realizar além de sua própria ação docente e paralelamente a ela. A EaD requer do tutor um papel de mediador, facilitador, incentivador, investigador do conhecimento e sua responsabilidade está centrada na busca da autonomia dos educandos. O tutor, segundo Machado e Machado (apud Cardoso, 2008, p. 80), é [...] um agente organizador, dinamizador e orientador da construção do conhecimento do aluno e até da sua auto-aprendizagem, tendo sua importância potencializada e sua responsabilidade social aumentada. A autora Iranita Sá (apud Cardoso, 2008, p. 80) vai mais além e afirma que: [...] exige-se mais do tutor do que de cem professores convencionais, pois, este necessita ter uma excelente formação acadêmica e pessoal. Na formação acadêmica pressupõem-se capacidade intelectual e domínio da matéria, destacando-se as técnicas metodológicas e didáticas. Universidade Estadual de Maringá, 17 a 20 de setembro de 2013. Segundo Lima e Rosatelli (2012), algumas qualidades são requeridas ao tutor, como, possuir atitude crítica e criativa no desenvolvimento de suas atribuições, capacidade de estimular a resolução de problemas, possibilitar aos alunos uma aprendizagem dinâmica, ser capaz de abrir caminhos para a expressão e a comunicação, fundamentar-se na produção de conhecimentos, apresentar atitude pesquisadora, possuir uma clara concepção de aprendizagem, estabelecer relações empáticas com seus interlocutores, capacidade de inovação e facilitar a construção de conhecimentos. A atividade do tutor é fator essencial para o sucesso em programas de EaD. Sua atuação, em suma, é de acompanhar o desempenho dos cursistas, ajudá-los a superar dificuldades, estimulá-los à pesquisa para além do próprio material de estudos. Contudo, nem sempre é dada a real importância a estes profissionais no processo de ensino e aprendizagem na modalidade EaD. O tutor deve ser valorizado, pois, é o responsável pela mediação pedagógica da construção do saber de seus alunos. A (DES) VALORIZAÇÃO DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA O profissional de destaque, responsável pelo bom andamento das atividades, é o tutor, pois, assume a missão de articulação de todo o sistema de ensino-aprendizagem na modalidade de educação a distância. Um investimento necessário a qualquer instituição que busca desenvolver a EaD, é a criação de sistemas de tutoria realmente eficazes, apropriados a apoiar e promover o crescimento do aluno em cada uma das etapas do processo de ensino. Segundo Cardoso (2008, p. 80 e 81), a valorização do tutor é fundamental dentro da EaD, visto que, além da responsabilidade de atender a um número infinitamente maior de alunos, em condições adversas, em muitos casos, está mais vulnerável a críticas. A partir dessas reflexões, observamos que os conhecimentos, habilidades e competências atribuídas a um tutor/orientador são iguais aos necessários a um bom professor. De acordo com as autoras Maia e Mattar (2007, p. 93): É necessário avaliar com cuidado a suposta ameaça que a EaD colocaria à figura do professor. [...] há problemas a serem enfrentados e desafios a serem superados [...]. O sistema adotado na educação presencial, de remuneração por hora-aula, foi transferido para a EaD sem que fosse repensada a atuação do professor nesse novo ambiente. Professores sobrecarregados, com turmas imensas, são comuns em EaD. Isso, como já vimos, contribui para o insucesso dos cursos e a evasão dos alunos, bem Universidade Estadual de Maringá, 17 a 20 de setembro de 2013. como para o transtorno multitarefas, a sobrecarga cognitiva e o tecnoestresse dos professores. Os professores a distância e on-line, não estão, ainda, organizados como os professores presenciais e podem se tornar uma classe explorada caso não se organizem e procurem definir novos padrões para o seu trabalho e sua remuneração, que sejam justos tanto para empregadores quanto para empregados. Os professores de EaD precisam estar tão ou mais organizados do que os professores do ensino presencial; caso contrário, vai se estabelecer uma nova classe de explorados intelectuais, intensamente submetido aos tecnoestresse e aos transtornos multitarefas, ainda por cima mal remunerados. Num artigo publicado no ESUD 2013 – X Congresso Brasileiro de Ensino Superior a Distância Belém/PA - as autoras Brito e Costa (2013, p. 9) analisaram os editais de seleção de tutores presenciais e a distância para o programa UAB (Universidade Aberta do Brasil). Nesta pesquisa, as autoras concluíram que: Nos editais analisados, a redação é praticamente a mesma, ressaltando que o pagamento da bolsa será feito diretamente ao tutor, por meio de depósito bancário em conta aberta especificamente para esse fim pela agência de fomento. Ressaltamos nesses editais o fato de que o valor da bolsa a ser concedida é de R$ 765,00 (setecentos e sessenta e cinco reais), segundo a Resolução CD/FNDE n· 8, de 30 de abril de 2010, enquanto exercer a função. Em um dos editais de uma universidade estadual consta que “o recebimento da bolsa não representa ao tutor nenhum vínculo empregatício com a instituição”, reforçando que não se trata de um contrato de trabalho, mas do desenvolvimento de uma atividade com remuneração na forma de bolsa paga diretamente em uma conta benefício do tutor. [...] Os editais enfatizam a necessidade do candidato ter disponibilidade de 20 (vinte) horas para que possa desenvolver as atividades de tutoria, e no caso de processo seletivo para tutores presenciais preconiza-se que o candidato selecionado deverá cumprir essa jornada no polo de apoio presencial no período noturno e aos finais de semana. Segundo as mesmas autoras, é importante destacar que: Contudo, na prática, o tutor tem se configurado, como afirma Barreto (2008, p. 925), como um “elo frágil” do sistema UAB à medida que as condições de trabalho e de remuneração não são compatíveis ao grau de importância atribuído a essa figura desde a elaboração dos projetos pedagógicos dos cursos superiores ofertados na modalidade de educação a distância. (BRITO; COSTA 2013, p. 10). No contexto brasileiro, acrescenta-se ainda a desregulamentação do trabalho docente em EaD. Barros (2008), ao fazer uma análise jurídica das condições de trabalho decorrentes do sistema de educação a distância, constata a falta de legislação trabalhista específica para a Universidade Estadual de Maringá, 17 a 20 de setembro de 2013. EaD e as ações dos Sindicatos discutindo e evidenciando a precarização das condições de trabalho do docente nesse contexto Desta forma, caso não haja rapidamente políticas de melhoria nas seleções de tutores, na contratação e remuneração, estes profissionais, tão importantes no processo de ensino e aprendizagem na modalidade da educação a distância, continuarão marginalizados sem condições necessárias para desempenharem suas funções no processo educativo. Haja vista a importância da função do tutor na EaD, necessário se faz repensar os projetos atuais, propondo que cada instituição de ensino nesta modalidade busque contribuir para uma melhoria no modelo tutorial que atenda às especificidades dos alunos, visando à construção de um ambiente adequado de trabalho, melhores salários, maior tempo de estudo e preparação desse profissional para que sua ação educativa seja absorvida e bem aproveitada pelo aluno, trazendo novos sentidos e significados que contribuirão para o sucesso de sua vida acadêmica, profissional e pessoal. CONSIDERAÇÕES FINAIS No Brasil, existem muitas dificuldades estruturais para a oferta de ensino presencial, em função das distâncias geográficas e diferenças regionais, culturais, econômicas. Com o intuito de democratizar o acesso à Educação e ao conhecimento no Brasil, a “Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei nº 9394/96) promulgada em 20 de dezembro de 1996 prevê a implantação gradativa da Educação a Distância (EaD) no sistema Nacional”. Conforme aponta Oliveira (2006, p. 09): [...] o Brasil vem construindo sua história na EaD, ampliando a oferta de cursos, envolvendo um número cada vez maior de instituições públicas, rompendo com as barreiras do sistema convencional de ensino e buscando formas alternativas para garantir que a educação inicial e continuada seja direito de todos. A educação deve proporcionar a formação plena e integral do sujeito, formando indivíduos críticos, conscientes e livres, possibilitando-lhes o contato com as novas tecnologias para que eles não percam a dimensão do desenvolvimento tecnológico que perpassa o país (BARBOSA, 2005, p. 72). Neste sentido, a Educação a Distância é uma modalidade educativa que caminha para a democratização do saber e amplia oportunidades de acesso ao conhecimento. Universidade Estadual de Maringá, 17 a 20 de setembro de 2013. A EaD não deve ficar centrada apenas nas novas tecnologias, é necessário explorar uma nova abordagem pedagógica neste modelo de ensino, construindo um elo entre aprendizagem e comunicação, elo este que deve ser conduzido de forma eficaz pelo professor/tutor, pois, muitos estudantes muitas vezes ficam perdidos ou se sentem desamparados em algum momento do curso. No decorrer deste trabalho, descrevemos, de forma sucinta, o histórico da EaD e quais são as funções atribuídas a um tutor em educação a distância, procurando ressaltar sua importância e atuação nesta modalidade de ensino. Além disto, concluímos que os tutores exercem funções desempenhadas por um professor. O fato que os difere concentra-se no contexto em que estão inseridos. É inquestionável a importância de um tutor ativo e preparado para mediar as discussões que sejam a distância. A complexidade no processo de ensino-aprendizagem na modalidade a distância reside na interação entre professores, tutores, ferramentas tecnológicas e alunos. O papel do tutor na modalidade a distância é essencial para o sucesso da aprendizagem do aluno. Independente do papel que esteja exercendo em determinado momento, motivador, autor ou gerenciador de ambiente, o conjunto de suas ações ajudará a determinar a qualidade e o sucesso do curso. Mas, conforme pudemos observar não há um reconhecimento da profissão do tutor, ele acaba por ter sua identidade e legitimidade negada e a desvalorização do seu trabalho é evidente. Esse problema poderia ser amenizado e até mesmo solucionado com uma regulamentação para a profissão de tutor. REFERÊNCIAS BARBOSA, Rommel Melgaço (org). Ambientes Virtuais de Aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2005. BARROS, V. A. O trabalho docente virtual: análise jurídica das condições de trabalho decorrentes do sistema de educação à distância. Anais. IN: CONGRESSO NACIONAL DO CONPEDI, 16, 2008, Belo Horizonte. Florianópolis: CONPEDI, 2008. Disponível em: http://www.conpedi.org.br/manaus/arquivos/anais/bh/veronica_altef_barros.pdf. Acesso em 29 de março de 2012. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9394, de 20 de dezembro de 1996. BRITO, Glaucia Silva; COSTA, Maria Luisa Furlan. O processo de seleção do tutor na Universidade Aberta do Brasil UAB: reflexões necessárias. Anais. IN: X Congresso Brasileiro de Ensino Superior a Distância Belém/PA. Disponível em: http://www.aedi.ufpa.br/esud/trabalhos-oral.html. Acesso em 17 de Julho de 2013. Universidade Estadual de Maringá, 17 a 20 de setembro de 2013. CARDOSO, Lucia Tomaz. A difícil tarefa de ser tutor na atualidade. In: COSTA, Maria Luisa Furlan; ZANATTA, Regina Maria (Orgs.). Educação a distância no Brasil: aspectos históricos, legais, políticos e metodológicos. Maringá/PR: Eduem, 2008. FORMIGA, Marcos. Panorama Nacional e Internacional de Educação Aberta e a Distância. Brasília, Ed. SENAC Educação a distância, 2010. LIMA, D. R.; ROSATELLI, M.C. Um sistema de tutor inteligente para um ambiente virtual de ensino aprendizagem. Módulo Tutoria. Programa de Formação Continuada em Mídias na Educação. SEED/MEC, 2005. LINDEN, Marta Maria Gomes Van der. ASSIS, Cibelle de Fátima Castro de. Introdução a Educação a Distância. Disponível em: http://portal.virtual.ufpb.br/bibliotecavirtual/files/pub_1291082475.pdf. Acesso em 28 de abril de 2012. LITWIN, Edith. (org.) Educação a Distância: temas para o debate de uma nova agenda educativa. Porto Alegre: Artmed. 2001. 110p. MAIA, Carmem; MATTAR, João. ABC da EaD: educação a distância hoje. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. OLIVEIRA, Gleyva Maria Simões. A educação a distância no contexto educacional brasileiro. NEAD-UFMT: Cuiabá, 2006. Disponível em http://www.uab.ufmt.br/uab/images/artigos_site_uab/ead_contexto_educacional.pdf. Acesso em 28 de abril de 2012. PORTAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Legislação da Educação a Distância. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?Itemid=865&catid=193%3Aseededucacao-a-distancia&id=12778%3Alegislacao-de-educacao-a distancia&option=com_content&view=article. Acesso em 08 de março de 2012. SARAIVA, Terezinha. Educação a Distância no Brasil: lições da história. Em Aberto, Brasília, ano 16, n. 70, abr./jun. 1996, pg. 17-27. SILVA, Marinilson Barbosa. O processo de construção de identidades individuais e coletivas do ser-tutor no contexto da educação a distância, hoje. Tese de doutorado – Programa de Pós-graduação em Educação, UFRGS, Porto Alegre, 2008. Universidade Estadual de Maringá, 17 a 20 de setembro de 2013.