FORMAÇÃO INICIAL DE TUTORES A DISTÂNCIA - LLING AULA 03: O ALUNO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA TÓPICO 02: HABILIDADES EDUCACIONAIS DO ALUNO VIRTUAL [...]os alunos da educação a distância devem ser capazes de reconhecer metas e possibilidade concretas de aprendizagem com base nas modificações que podem causar nas suas vidas e no trabalho e estar dispostos a planejar e organizar sua aprendizagem de forma independente e absorvê-la e organizá-la em grande parte independentemente dos professores (Peters, 2004, p. 185). Essa citação nos leva a refletir que no ensino de línguas a distância o aluno sai de uma postura mais passiva para assumir uma participação ativa na construção de seu próprio conhecimento. Desta maneira, o aluno entra em contato com seus potenciais, a fim de desenvolvê-los ao mesmo tempo em que tenta suprir as dificuldades e deficiências identificadas. Neste novo contexto é necessária uma dedicação maior do aluno. É preciso que ele autogerencie sua aprendizagem mais do que no ensino presencial. A interatividade e as trocas também fazem parte desta realidade, pois através delas é possível a participação de todos e a busca de alternativas para uma aprendizagem mais eficiente. O objetivo deste tópico é discutir sobre atitudes que dizem respeito ao desenvolvimento educacional do aluno virtual. Veremos que, para ter sucesso em seus estudos, este estudante deve: exercer autonomia; cultivar um espírito científico; ter senso crítico; vivenciar a colaboração; e buscar sempre relacionar os novos conhecimentos com a experiência prática. Entre as habilidades que o aluno de EaD precisa desenvolver, destacamos, inicialmente, a autonomia. Isso significa que o estudante é o principal responsável pelos percursos de aprendizagem que irá implementar durante o curso a distância. Essa responsabilidade primeira do aluno virtual não extingue a necessidade de termos um curso bem elaborado, com materiais didáticos de qualidade e tutores ativos, que colaborem com os avanços cognitivos dos alunos. Contudo, o desenvolvimento da autonomia se faz necessário pela própria natureza da EaD, uma modalidade educacional que congrega pessoas, distantes fisicamente, em ambientes virtuais repletos de possibilidades e recursos pedagógicos e tecnológicos. Freire (2007) critica a concepção de educação baseada na transferência de conhecimentos (educação bancária), e argumenta em favor de uma educação dialógica, com uma visão libertadora, responsável pelo desenvolvimento da autonomia nos educandos. Estes devem ser sujeitos ativos, interessados em compreender o mundo que os cerca para nele agir, construindo seus conhecimentos de acordo com suas demandas. MAS AFINAL, O QUE SIGNIFICA A PALAVRA AUTONOMIA? A palavra "autonomia", etimologicamente, é formada por dois vocábulos gregos: autos (próprio, a si mesmo) e nomos (lei, norma, regra). Para os gregos, significa a capacidade de se autogovernar, de elaborar seus próprios preceitos e leis, dos cidadãos decidirem o que fazer. Isto é, autonomia significa o pleno direito à liberdade política e econômica, uma qualidade inerente à cidadania. Na relação pedagógica, significa reconhecer no outro sua capacidade de ser, de participar, de ter o que oferecer, de decidir, uma vez que a educação é um ato de liberdade e de participação. Observemos, por exemplo, o que diz esses teóricos: A autonomia não é construída no vazio, sem uma direção. É fundamental, pois, definirmos os objetivos de nossas ações, desenharmos o projeto de nossa vida, o projeto do grupo no qual estamos inseridos, onde trabalhamos (Preti, 1996, p. 8). Fonte [1] Autonomia também não exclui aprendizagem colaborativa ou a autoridade do professor, não pode ser pré-definida como um conjunto de condutas observáveis, as quais o aprendiz pode adquirir e desenvolver naturalmente (Wissmann, 2006, p. 3). Fonte [2] Percebemos, então, que o exercício da autonomia não invalida a participação do professor (ou tutor) e de outras pessoas mediando os conhecimentos construídos coletivamente. A autonomia também está ligada a outras habilidades educacionais do aluno virtual, tais como: o interesse por pesquisa, o senso crítico e a colaboração/comunicação. O interesse por PESQUISA representa uma busca voluntária de novos conhecimentos em diferentes espaços que não somente o do ambiente do curso. O estudante deve desenvolver seu poder de criação, nunca se limitando aos materiais disponibilizados pelo curso ou pelo tutor. Essa postura pode despertar a curiosidade dos demais participantes, gerando discussões valiosas que concorrerão para o crescimento pessoal e coletivo. Uma atitude de pesquisa envolve deslocamentos para outros espaços de aprendizagem, dentro ou fora da rede, representados por: sites de outros cursos, blogs, murais, capítulos de livros, periódicos, entrevistas, vídeos etc. Sobre as pesquisas implementadas no ciberespaço, veja o que dizem Palloff e Pratt (2004, p. 27): Fazer pesquisas na internet ou seguir o caminho indicado por algum colega para a suplementação do material do curso ajuda o aluno a entender que a criação do conhecimento ocorre mútua e colaborativamente, o que leva a aumentar a capacidade crítica. Portanto, paralelamente à busca por outras fontes de conhecimento, o aluno virtual deve ser norteado por um forte SENSO CRÍTICO e de reflexão. De acordo com Castro-Filho e David (2009), o pensamento crítico está na base de uma pedagogia progressista, pois permite a construção de "diálogos" com os conteúdos pesquisados, permitindo uma elaboração pessoal acerca dos novos conhecimentos. É preciso confrontar ideias entre autores, buscar o fundamento teórico das afirmações, questionar e argumentar nos debates constituídos com os outros participantes sobre os temas estudados. APRENDIZAGEM COLABORATIVA Aprender colaborativamente significa interagir (através de fóruns, chats, mensagens) com as pessoas que dividem os mesmos objetivos que você; compartilhar conhecimentos; negociar significados e contribuir com o crescimento do grupo no qual está inserido. De acordo com Palloff e Pratt (2002), uma atitude colaborativa facilita o desenvolvimento da aprendizagem. Além disso, estudantes que aprendem colaborativamente produzem um conhecimento mais profundo, deixando de ser independentes para se tornarem interdependentes. s REFLEXÃO Você já imaginou se tivesse que acompanhar este curso sozinho, sem a participação do seu tutor, dos seus colegas... Será que a sua motivação seria a mesma? Logo, o bom êxito na comunicação entre os participantes de cursos a distância também constitui um ingrediente importante que os ajudarão na construção da sua autonomia. Aos poucos, desenvolverão autoconfiança e interesse crescentes em prosseguir nos estudos até concluir o curso. E o que é mais importante: se sentirão aptos a APLICAREM OS CONHECIMENTOS adquiridos em sua carreira profissional, outra habilidade importante do aluno virtual. Ao refletir sobre os materiais do curso é muito importante exercitar o hábito de pensar sobre o significado de cada conteúdo para a vida prática. Observe algumas reflexões interessantes nessa direção: ◾ "Qual a relevância desse tema para os meus objetivos pessoais e profissionais?" ◾ "Gostaria de ver o uso deste conceito em uma situação prática do meu cotidiano!" ◾ "Estou vivenciando isso em minha vida profissional..." Para compartilhar sobre suas experiências com esta modalidade educacional, dirija-se aos espaços de discussão do curso. Dialogue com seu grupo, indague seus colegas e tutor sobre as percepções deles acerca do tema em foco. Certamente sua visão será ampliada nos momentos de partilha e interação social. Veja a seguir, o depoimentos de ex-alunos deste Curso de Formação sobre sua experiência como alunos de EaD: SER ALUNO DE EAD É... "...sentir vontade de descobrir e interagir". Mário Sousa – UAB 28 "...acreditar que a Educação rompe fronteiras, e democratiza possibilidades... É deparar-se com uma abordagem mais democrática, flexível e eficaz do conhecimento desejado". Silvania Abreu - UAB 31 "...ser responsável, criativo, persistente e maduro para alcançar a autonomia de desenvolver uma aprendizagem de forma colaborativa". Helton Udenes - UAB 32 Concluímos, portanto, que o estudante de EaD pode construir caminhos de aprendizagem de acordo com seus interesses, independente do material didático do curso ou da mediação do tutor. Nesta modalidade educacional, a autonomia na busca por outras fontes de conhecimento, norteada por um forte senso crítico e por uma atitude colaborativa, têm grande valor, e farão muita diferença para o aprendizado do aluno virtual. BLOG The activity of this class has two parts. First, you and a friend have to create a blog to discuss the tutoring. Then, there will be a chat in which all the students will talk about the experience of creating a blog. REFERÊNCIAS CASTRO-FILHO, J. A. C; DAVID, P. B. Educação Dialógica e Educação a Distância. In: Figueiredo, J. B. A.; Silva, M. E. H. (Orgs). Formação Humana e Dialogicidade em Paulo Freire II – Reflexões e Possibilidades em Movimento. Fortaleza: Edições UFC, 2009. FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 35° edição, 2007. PALLOFF, R. M.; PRATT, K. Construindo comunidades de aprendizagem no ciberespaço: estratégias eficientes para a sala de aula on-line. Porto Alegre: Artmed, 2002. PALLOFF, R.; PRATT, K. O aluno virtual: um guia para trabalhar com estudantes online. Porto Alegre: Artmed, 2004. PETERS, O. A educação a distância em transição. 1.ed., São Leopoldo: Unisinos, 2004. PRETI, O. Educação a distância: uma prática educativa mediadora e mediatizada. In: PRETI, Oreste. (org.) Educação a distância: inícios e indícios de um percurso. Cuiabá: NEAD/IE, UFMT, 1996. WISSMANN, Liane Dal Molin. Autonomia em EaD – uma construção coletiva. In: POMMER, Arnildo; SILVA, Enio Waldir; WIELEWICKI, Hamilton de Godoy; WISSMANN, Liane Dal Molin Wissmann; VERZA, Severino. Educação superior na modalidade a distância – construindo novas relações professor-aluno. Série Textos Didáticos. Ijuí: Editora Unijuí, 2006. FONTES DAS IMAGENS 1. http://4.bp.blogspot.com/-T0Jaw03vLo/T-oY1CIgeiI/AAAAAAAAAEQ/N3NKstN_0k/s1600/575281_359003894146618_1443018912_n.jpg 2. http://lh6.googleusercontent.com/I4sbWvgv81WR5pPDWyvMCAAO3z 2FGC6SDRt3F23LmeGR98uENQKJ8KvtGmm3YqR5MeJNffr9PjLP5CTBFb NS90BP9ACiao_f3fFOwTflU5wj4nACLmI Responsável: Profª. Priscila Barros David Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual