Lógica ou Lógica como Semiótica? Mariana Vitti Rodrigues (A), Maria Eunice Quilici Gonzalez (O), Lauro Frederico da Silveira (CO) UNESP – Campus de Marília – Filosofia [email protected] / FAPESP Palavras Chave: Lógica, Semiótica, Descoberta Científica. Introdução O objetivo deste trabalho é analisar a noção de lógica como semiótica proposta por Charles Sanders Peirce diferenciando-a do que Popper denomina conhecimento lógico. Inseriremos esta discussão no contexto da descoberta científica, indagando a possibilidade de existir uma lógica que rege a criação de novas ideias. No estudo da descoberta científica duas correntes filosóficas se confrontam. A primeira corrente, seguida por Popper (2007), sustenta que não há uma lógica subjacente à elaboração de hipóteses explicativas e propõe que o único tema a ser estudado é o processo de justificação de uma hipótese atribuída à explicação de um fato anômalo. Já os defensores da segunda corrente, representada por Peirce (2000), argumentam que há uma lógica que rege a constituição de hipóteses, ou ainda, que há uma lógica subjacente ao processo de descoberta científica. Neste sentido, justificar uma hipótese atribuída à explicação de um fato desconhecido é diferente de uma lógica que rege o processo da descoberta desta mesma hipótese. Peirce propõe um tipo de raciocínio para explicar o processo de surgimento de novas ideias: a abdução. Abdução é um tipo de inferência lógica que possibilita a formulação de hipóteses explicativas acerca de um fato ainda não compreendido, sugerindo novas ideias. Argumentamos que a lógica, entendida como semiótica, e, em seu interior o conceito de abdução, abrem horizontes na explanação de uma possível lógica subjacente à descoberta científica. Material e Métodos Por se tratar de um trabalho essencialmente teórico, o método a ser utilizado é a leitura e análise dos seguintes textos: “Semiótica” da autoria de Charles Sanders Peirce¹, mais especificamente o terceiro capítulo denominado “Divisão dos Signos”. E o livro “A lógica da pesquisa científica” de Karl Popper², mais precisamente primeira parte denominada “Introdução à lógica científica”. Resultados e Discussão XXIV Congresso de Iniciação Científica Defendemos a hipótese segundo a qual há uma lógica da descoberta fundada no raciocínio abdutivo. Neste contexto, discutimos até que ponto a concepção de lógica dos autores influencia a afirmação (ou não, como é o caso de Popper) de uma lógica subjacente à descoberta científica. Enquanto Popper restringe o papel da lógica à investigação dos métodos utilizados pela ciência; Peirce define a lógica como um programa de conduta que, através dos signos, auxilia o agente a atingir a melhor conduta em vista do objeto de admiração. Conclusões Concluímos parcialmente que a posição dos autores em relação à noção de lógica pode auxiliar na discussão acerca do estabelecimento de uma possível lógica subjacente à descoberta científica. Deste modo, a lógica entendida como semiótica indica uma resposta positiva em relação à questão acerca da possibilidade de haver uma lógica que conduza a formulação de novas ideias. Através do raciocínio abdutivo, Peirce nos fornece subsídios para argumentar que há um processo que auxilia o agente a partir de um estado de dúvida e retornar ao estado de crença, explicando o fato anômalo a partir da formulação de novas hipóteses. Agradecimentos Agradecemos à FAPESP pelo auxílio conferido a esta pesquisa, bem como ao grupo de pesquisa GAEC, que nos proporciona discussões frutíferas acerca do tema estudado. ____________________ ¹PEIRCE, C. S. Semiótica. Trad. José Teixeira Coelho Neto. São Paulo: Perspectiva, 1977, 2000. 2 POPPER, K. A Lógica da Pesquisa Científica. Trad. Leonidas Hegenberg e Octanny Silveira da Mota. São Paulo: Cultrix, 2007.