estomatites

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Prof. Waldir Carreirão Filho
INTRODUÇÃO
As doenças da cavidade oral são do interesse dos médicos, dentistas, e fonoaudiólogos.
Podem ser doença local ou manifestação de uma doença sistêmica.
MICROGNATISMO
Pode ser congênito ou adquirido. Usualmente o segmento que está diminuído é a mandíbula.
Os de origem congênita estão em diversas síndromes. (mongolismo)
TORUS PALATINO E TORUS MANDIBULAR
São protuberâncias ósseas nodulares na linha média do palato duro ou no assoalho da boca.
Assintomático. São mais comuns no sexo feminino. Geralmente são achados casuais de
exame clínico. Acredita-se que essas anormalidades ósseas sejam autossômicas dominantes.
Nenhuma dessas lesões devem ser cirurgicamente removidas, a menos que interfira com a
localização dos dentes, ou quando sofrerem ulceração, causando desconforto persistente.
PROGNATISMO
Aumento da parte anterior da maxila inferior geralmente hereditário.
Correção cirúrgica após 16 anos de idade.
OCLUSÃO IRREGULAR
São vários tipos de distúrbios que podem determinar oclusão irregular.
Podem ser problemas das maxilas ou dentários.
Tratamento ortodôntico.
MACROGLOSSIA
O aumento da língua pode ser absoluto ou relativo e pode interferir com a fala. Entre as
causas podemos Ter congênitas , amiloidose, linfangioma.
GLOSSITE ROMBOIDAL MEDIA
De origem embrionária, caracterizada por uma área central da língua sem papilas, lisa,
assintomatica, não requer tratamento.
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TIREOIDE LINGUAL
De origem embrionária em que a tireóide não desce pelo foramem cecum, para a linha media
do pescoço. Não deve ser removido antes de pesquisar outros tecidos tireoideanos
funcionantes.
ANCIGLOSSIA
É popularmente conhecida como língua presa. É devida ao freio lingual curto.
É a incapacidade de erguer a ponta da língua .O paciente não consegue colocar a ponta da
língua entre os dentes. tratamento = cirúrgico.(frenotomia)
FENDA LABIAL E FENDA PALATINA
São anomalias congênitas . clinicamente há um grau muito variado de tipos. Desde úvula
bífida, fendas submucosas de palato,
As fendas palatinas associadas as labiais correspondem a 50% dos casos.
O tratamento da fenda labial e palatina é multidisciplinar:
Cirurgião maxilofacial, otorrino, ortodontista, terapeuta da fala, geneticista, psicólogo e
assistente social.
O desenvolvimento normal da fala e a aquisição da linguagem são pontos importantes.
Patologias do ouvido médio por disfunção da tuba, levando a hipoacusia de condução são
motivos também para abordagem precoce da fenda palatina. O fechamento da fenda palatina
o mais breve possível favorece a fonação.
LINGUA GEOGRÁFICA
São manchas no dorso da língua que desaparecem e reaparecem com desenhos diferentes
durante toda a vida do indivíduo. A perda e o novo crescimento das papilas leva a manchas
vermelhas na língua, com aspecto semelhante a um mapa, e resulta de uma condição
inflamatória idiopática. São assintomaticas e não requer tratamento.
LINGUA NEGRA
Caracterizada pelo alongamento das papilas filiformes e desenvolvimento de um fungo que
produz um pigmento negro.
Pode estar associada a antibioticoterapia. Assintomática e não requer tratamento.
ESTOMATITES
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Estomatite è inflamação da mucosa oral. Pode envolver mucosas bucal, labial, palatina,
lingual e assoalho da boca. As causas podem ser infecciosas, doenças autoimunes, trauma
ou reações tóxicas.
HERPES SIMPLES
O herpes vírus simples e um DNA vírus. A transmissão é através de contagio com fluidos
corporais infectados. Ex. saliva,
Adultos são mais sintomáticos que crianças. Pequenas vesículas aparecem em qualquer
mucosa da cavidade oral, durando um dia, e novas surgem durante sete dias, tendendo à
desaparecer usualmente entre o 10 e 14 dia. A gengiva apresenta-se eritematosa e
edemaciada. São desencadeadas por luz U.V., stress, febre ou trauma. Estão localizadas na
junção mucocutânea dos lábios ou nas áreas queratinizadas (palato duro, gengiva). Vesículas
são dolorosas, ulceram e desaparecem em uma a duas semanas.
O diagnóstico diferencial é com úlceras aftóides menores, eritema multiforme e gengivite
aguda ulcerativa necrotizante.
Como tratamento usamos hidratação, analgésicos, antibióticos em caso de infecção
bacteriana secundaria. O uso de Acyclovir sob a forma de pomada pode ser útil quando
usado no início do quadro, na fase de hiperestesia.
VARICELA
É transmitida por contato direto ou via respiratória. O período de incubação é de duas
semanas.
Rash cutâneo em tronco, cabeça e pescoço que evolui para vesícula, pústula e ulcera. Dura 7
a 10 dias. As mucosas bucais, palatinas e faríngeas são mais acometidas. Lembram ulceras
aftóides, porem são menos dolorosas.
Usamos tratamento de suporte em imunocompetentes, com uso de analgésicos e
antitérmicos, banhos com permanganato de potássio 1:20.000 e talcos antipruriginosos.
HERPES-ZOSTER
O vírus latente em gânglios sensoriais se reativa em imunossuprimidos, como portadores de
neoplasia (leucemias, melanoma múltiplo e linfoma de Hodgkin), trauma, corticoterapia e
radioterapia.
Neuralgia em cabeça e tronco unilateral, febre e mal-estar. Lesões cutâneas semelhantes a
varicela, ao longo do nervo sensorial acometido. Os nervos torácicos e abdominais são os
mais acometidos. Lesões orais são raras e aparecem após as cutâneas. O acometimento do
nervo trigêmeo atinge principalmente o ramo oftálmico.
A Síndrome de Ramsay-Hunt corresponde ao envolvimento dos nervos facial e coclear com
paralisia facial, vertigem e vesículas ipslaterais em ouvido externo.
Tratamento com analgésicos e antitérmicos, com banhos de permanganato de potássio e
talcos antipruriginosos
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GENGIVITE DESCAMATIVA
Caracteriza-se por descamação eritematosa difusa, ulceras e bolhas afetando gengiva. É
mais freqüente nas sexta e sétima décadas de vida e no sexo feminino. A biópsia faz o
diagnóstico.
LÚPUS ERITEMATOSO
É uma doença autoimune, humoral e celular. Autoanticorpos são encontrados no soro, assim
como nos mais variados tecidos.
As lesões orais aparecem em 20 a 25% dos casos, sendo placas eritematosas que podem
ulcerar, dolorosas, mais freqüentes na região posterior da mucosa da bochecha.
Classicamente, a erupção envolve as bochechas e o nariz, em forma de borboleta. O
sistêmico é caracterizado pelo envolvimento de múltiplos órgãos, pele e mucosa oral
Como tratamento usamos a prednisona nas doses de 10-20mg/dia ate 200mg/dia,sendo um
tratamento por longo prazo.
LÍQUEN PLANO
Caracteriza-se por ser doença inflamatória de pele e principalmente de mucosas, sendo mais
freqüente em mulheres de 40 anos de idade. Apresenta etiologia desconhecida, porém existe
relação com estresse emocional, com curso longo de remissões e exacerbações. As lesões
cutâneas são pequenas, violáceas e papulares.
Lesões orais podem ser reticular, em placa, atrófica, erosiva e bolhosa, acometendo mais a
mucosa oral e porção lateral da língua
Pode malignizar em 1-2% dos casos, principalmente as lesões dos tipos atrófica e erosiva. Se
localizadas em base da língua e assoalho bucal, têm chance de malignização em 17%.
Imunofluorescência direta detecta fibrinogênio na membrana basal em 90-100%dos casos. O
estudo anatomopatológico mostra hiperqueratose e liquefação do leito das células basais e
infiltrado linfocitário na lâmina própria.
Nos casos assintomáticos, a conduta é expectante com higiene oral e observação sobre
possível malignização.
Corticóides tópicos em casos leves (como orobase pomada) e sistêmicos nas formas erosivas
e dolorosas (prednisona 20-30 mg/d).
CANDIDIASE
Candida sp faz parte da flora normal em 40-60% da população. Fatores predisponentes locais
como higiene oral precária e prótese dentária, e sistêmicos como diabetes, gravidez,
neoplasia, corticoterapia, RT, QT, imunodepressão e antibioticoterapia podem levar a quebra
da barreira epitelial e infecção pelo fungo.
Podem apresentar-se nas formas pseudomembranosa, atrófica aguda e crônica, e
hiperplásica.Candidíase mucocutânea manifesta-se como pseudomembranosa com
característica familiar, autossômica recessiva.
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Usamos a nistatina de uso tópico, 5 vezes ao dia por duas semanas na forma de bochechos,
não necessitando de associação com água bicarbonatada. Reserva-se a anfotericina B para
candidíase disseminada na dose de 0.4-0.6mg/kg/dia; exigindo seguimento com ECG e HMG
por ser uma droga nefrotóxica, cardiotóxica e mielotóxica. As condições comuns que levam a
candidíase oral, são: uso de corticóides inalatórios nas doenças de vias aéreas, doenças
sistêmicas debilitantes como o câncer, a aids, e neutropenia. Causas menos comuns incluem
diabetes, uso de antibióticose corticóides, e gravidez. O diagnóstico diferencial inclui
leucoplasia e hiperqueratose. Paciente com candidíase oral sem causa aparente deve ser
avaliado para doença por HIV.
LEUCOPLASIA
.A leucoplasia refere-se a uma mancha ou placa branca na boca que não pode ser removida
com esfregação e não pode ser atribuída a outras doenças (como o líquen plano)
Lesões brancas cujo exame anatomopatológico revela disqueratose, podendo assemelhar-se
histologicamente ao carcinoma in situ. Planas ou elevadas, com ou sem fissuras, são mais
freqüentes no sexo masculino, na quinta e sexta décadas de vida. Fatores etiológicos são
fumo e álcool. É uma lesão pré-maligna, sofrendo malignização em 25-30% dos casos,
principalmente em assoalho da boca e base de língua. Portanto nestes casos a biópsia é
necessária. O tratamento consiste em exérese cirúrgica com margem ampla em lesões
pequenas e criocirurgia ou laser em lesões extensas.
Segundo a OMS, preconiza-se biópsia por ser lesão pré-cancerosa (acompanhamento clínico
da lesão).
MUCOSITE
Em pacientes submetidos a RT, QT e imunossupressão para transplante de medula óssea.
Apresentam-se como úlceras orais dolorosas e eritema generalizado com ou sem hemorragia.
Persistem por duas a três semanas após completar RT e o tratamento consiste em higiene e
lubrificação oral (com solução fisiológica, vaselina líquida ou saliva sintética) e anestésicos
locais.
HIPERQUERATOSE BENIGNA
Lesão branca da boca mais frequente (70%), decorrente de trauma contínuo ou idiopática.
Acomete mais homens (2:1), na faixa de 50 a 60 anos de idade, sendo mais freqüente na
mucosa mandibular, jugal, maxilar, palato, assoalho bucal e língua. Apresenta bom
prognóstico, com remissão espontânea após 3 a 4 semanas de retirada do fator causal; caso
isso não ocorra , indica-se excisão cirúrgica.
Faz diagnóstico diferencial com a leucoplasia.
NICOTÍNICA
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Lesões associadas à nicotina, provavelmente devido ao calor do fumo, principalmente
associado ao uso de cachimbos. É benigna e acomete mais homens de meia idade, fumantes
crônicos. Apresentam-se como pápulas com centro eritematoso em pálato e referem-se a
inflamação de glândulas salivares menores.
QUÍMICA
São lesões devido à ação cáustica da aspirina tópica (bochechos), encontra-se lesão
necrótica de epitélio bucal com placa esbranquiçada.
ESTOMATITE AFTOIDE RECORRENTE
Etiologia desconhecida, porém muitos agentes são implicados: déficits nutricionais, alterações
hormonais, estresse, trauma, alergia a alimentos e alterações imunológicas. Parece haver
mecanismo imunológico associado, sugerindo-se autoimunidade. Estudos demonstram pH
bucal mais alto nos pacientes acometidos em relação à população em geral.
Incidência de 10-20% da população geral. Podem ser de três tipos: menores, maiores e
herpetiformes..
Em linhas gerais, o tratamento baseia-se em uso de antibiótico, antiinflamatórios,
imunossupressores, ingestão de iogurte e lactobacilos, e controle emocional com psicoterapia
ou medicação. Deve-se associar cuidados locais do tipo bochechos com antiácido (1 colher
de chá de bicarbonato em 1 copo de água), evitando-se o uso de anestésicos locais.
TUMORES MALÍGNOS DA CAVIDADE ORAL
A cavidade oral é definida como a região que se estende dos lábios à junção entre palato
duro e mole superiormente e a linha das papilas circunvaladas inferiormente
A) Epidemiologia:
Há relação direta entre neoplasias de cavidade oral e ingestão excessiva de álcool e
tabagismo. Outros fatores predisponentes são a má higiene oral e poluição atmosférica.
Aproximadamente 95% dos tumores malignos da cavidade oral são carcinomas de células
escamosas (Miniti).
Em 1987 dados do Nacional Cancer Institute revelaram que os tumores malignos orais
correspondem a 4% dos tumores malignos em homens e 2% em mulheres. Em 95% dos
casos os pacientes têm mais de 40 anos de idade e a média etária de incidência é de 60
anos.
O carcinoma epidermóide de boca tem freqüência maior no lábio inferior, soalho da boca e
llingua. Ulceras indolores que não cicatrizam em uma a duas semanas são altamente
suspeitas e devem ser biopsiadas.
B) Avaliação:
As neoplasias de cavidade oral em geral não são difíceis de serem diagnosticadas e
avaliadas devido à facilidade de visualização do conteúdo da boca. Todavia, geralmente estas
lesões são grandes quando diagnosticadas.
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Os sintomas mais comuns são odinofagia, disfagia, hemorragia, disfagia, perdas
inexplicáveis de dentes, desconforto oral, trismo.
Ao exame físico pode-se observar desde lesões com aspecto mucoso até vegetantes,
sendo estas geralmente as encontradas, ás vezes ulceradas e com infecções bacterianas
concomitantes.
Quando há grande suspeita de uma neoplasia, deve-se realizar uma biópsia sob anestesia
local logo que forem afastados riscos de sangramento excessivo ou distorção significativa do
tecido. Antes de expor os tipos de tumores malignos, vale lembrar as lesões pré-cancerosas,
das quais a mais importante devido a maior probabilidade de malignização é a eritroplasia,
apesar das leucoplasias serem as lesões pré-cancerosas mais comuns. Portanto, todas as
lesões brancas e vermelhas de cavidade oral devem ser biopsiadas.
1. Carcinoma de células escamosas
Ocorre em qualquer parte da mucosa oral.
Como já citado este tipo de tumor é o mais freqüente dos malignos de cavidade oral.
È mais freqüente no sexo masculino, geralmente na sexta década de vida.
Não existe quadro clínico característico. A sua evolução é lenta e inicialmente pouco dolorosa
ou não dolorosa. Ao exame físico a lesão mais comum é uma úlcera endurecida.
As metástases à distância são raras.
2. Carcinoma baso-celular
A localização deste tumor é labial.
Estes tulmores constituem cerca de 3% dos tumores malignos de boca
Também são mais incidentes em indivíduos do sexo masculino, e associado à exposição
solar.
Ao contrário dos tumores espino-celulares estes são mais freqüentes em lábio superior.
Em 50% dos casos são cutâneos e 10 vezes mais localizados no lábio superior do que
inferior., mas muito raramente de comprometimento ganglionar ou de metástase.
O tratamento de escolha é o cirúrgico, podendo ou não ser seguido de RDT.
3. Neoplasias de palato duro
Os tumores de palato duro são raros, com incidência praticamente igual de carcinomas de
células escamosas e neoplasias de glândulas salivares. Deve-se determinar se o tumor é
originário do palato duro ou se é uma extensão tumoral de outro local.
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Os processos inflamatórios da faringe são denominados de anginas ou amigdalites.
A maioria das anginas é diagnosticada pela avaliação clínica, e normalmente respondem bem
ao tratamento com antibióticos e sintomáticos, ou se resolvem com o tempo.
A classificação das anginas é melhor realizada somando-se as características anatomoclínicas e o agente etiológico.
Classificando-as portanto em anginas inespecíficas, específicas, e as com modificação do
quadro leucocítário.
Alguns fatores predisponentes favorecem o surgimento de uma angina:
 Mudanças bruscas de temperatura atmosférica
 Ingestão de líquidos gelados
 Diminuição das condições gerais de defesa
 Estafa física
 Queda de resistência do organismo
 Má higiene oral
ANGINAS INESPECÍFICAS
As bactérias encontradas nas anginas (amigdalites) são similares as encontradas nas otites e
sinusites. Estreptococos, estafilococos, pneumococos, vírus e hemófilos. Estes germes
são hóspedes habituais da cavidade faringea e que por ação dos fatores predisponentes
adquirem exaltação da virulência, determinando doença. A grande incidência de amigdalite
viral é abaixo dos 2 anos de idade.
As principais formas anatomo-clínicas das anginas inespecíficas são as seguintes:
ANGINA ERITEMATO-PULTACEA E OU ANGINA ERITEMATOSA
Toda mucosa faringea se apresenta (hiperemiada), levemente edemaciada, sobretudo ao
nível da amígdala palatina, isto caracterizaria uma angina eritematosa. Porem muita das
vezes se sobrepõe um deposito purulento fino sobre as amígdalas palatinas, caracterizando a
angina eritemato-pultacea conhecida vulgarmente como amigdalite aguda. As infecções
virais podem simular as infecções bacterianas. Nas infecções virais está presente edema e
hiperemia de tecido, já a presença de material purulento implica em infecção bacteriana
primaria ou secundaria.
Como sintomas gerais destacamos o mal-estar, calafrios, hipertermia (39 graus), mialgias,
artralgias, cefaléia. Como sintomas locais destacamos a disfagia dolorosa (odinofagia),
ardência na garganta, ingurgitamento linfonoidal subangulomandibular, otalgia reflexa.
A característica do deposito pultaceo, quando presente é não invadir nunca os pilares, são
facilmente destacáveis, o que os diferencia das pseudomembranas da angina diftérica.
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No hemograma encontramos uma hiperleucocitose (aumento do numero de glóbulos brancos)
o que não acontece nas anginas por vírus onde o leucograma é normal.
A evolução da angina é bastante regular durando de 3 a 6 dias, podendo durar 10 dias na
criança. Crianças que recusam sólidos e aceitam líquidos pode ser evidencia de uma tonsilite.
Geralmente evoluem para a cura, porém podem evoluir para complicações que podem ser
locais (abcesso periamigdaleano, otite média aguda) ou complicações a distancia
(nefropatias, artropatias, cardiopatias)
ANGINA PSEUDO DIFTÉRICA
São anginas com formação de pseudomembranas, mas cujo agente etiologico é um germe
inespecífico (streptococo ou pneumococo), portanto benignas.
Em caso de dúvida sobre a possibilidade de tratar-se da difteria , o exame bacteriológico deve
ser solicitado. Lembrar que a difteria é mais rara.
ANGINA GANGRENOSA
São de ocorrência rara. Geralmente associada em indivíduos debilitados, diabetes,
caquéticos. O hálito torna-se excessivamente fétido , profunda agressão toxiinfecciosa do
estado geral. Na orofaringoscopia encontramos placas de necrose nas amígdalas de cor
acinzentada. Morte do paciente por colapso cardíaco.
ADENOIDITE AGUDA
É o processo inflamatório agudo das vegetações adenóides. É de ocorrência freqüente na
infância e rara no adulto.
Tem como sintomas a febre alta, obstrução nasal aguda, agitação psíquica e até crises
convulsivas ou espasmos da glote. Sobrevêm secreção catarral ou mucopurulenta pelas
fossas nasais e rinofaringe. A obstrução nasal aguda dificulta a mamada nos lactentes onde
os sintomas costumam ser mais ruidosos. De evolução benigna cura em 8 dias, podendo se
estender por 2 a 4 semanas. Pode porem evoluir com complicações(otite media aguda mais
freqüente, infecçoes broncopulmonares, abcesso retrofaringeo) .
AMIGDALITE LINGUAL
É o processo inflamatório agudo, raro, que acomete a amígdala lingual. 0 sintoma
característico é dor a deglutição na altura do osso hioide. Na laringoscopia indireta
observamos a presença de foliculos linfoides da amígdala lingual hipertrofiados e
hiperemiados, por vezes recoberto de deposito pultaceo. De evolução benigna no prazo de 6
a 12 dias.
UVULITE
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Trata-se de processo inflamatório agudo da úvula, que se apresenta hiperemiada e
acentuadamente edemaciada, com volume exagerado, dificultando a deglutição. É de
provável etiologia alérgica ou virótica. A regressão expontânea é a regra.
Tratamento das Anginas Inespecíficas
A realização de gargarejos quentes com antissépticos tem ação mecânica facilitando a
resolução das placas purulentas
Nas adenoidites agudas, tem indicação os vasoconstrictores nasais, cuja utilização não deve
ultrapassar os 4 dias. Líquidos a vontade para manter a hidratação , analgésicos e
antitérmicos são utilizados.
Nas anginas inespecíficas de um modo geral a penicilina G associada a penicilina benzatina
fica reservada aos casos em que não se possa preferir a via oral(vômitos, condição
socioeconômica). Preferindo-se para os demais casos antibióticos largo espectro de uso oral,
por um período mínimo de 6 a 10 dias. Boas opções são amoxilina, que pode ser associada
ao clavulanato de potassio, a associação sulfametoxazol-trimetropin, os macrolideos
(roxitromicina, azitromicina, claritromicina), ou ainda para os casos mais resistentes as
quinolonas (gatifloxacina, moxifloxacina, levofloxacina). O tratamento das anginas viróticas é
excencialmente sintomático, estando contra-indicado o uso de antibióticos.
ABCESSO PERIAMIGDALEANO (FLEIMÃO)
constitui-se numa complicação de uma angina inespecífica, e é formado por uma celulite
supurada aguda do tecido conjuntivo da loja amigdaleana. Não confundir com infecções
agudas do dente siso que podem comprometer o pilar anterior. Debilidade física, diabetes,
podem favorecer o abcesso. O fleimão é comum em adulto e raro nas crianças. A localização
antero-superior é a mais freqüente.
A sintomatologia é a odinofagia que torna-se unilateral e mais intensa.
Presença de trismo (dificuldade de abertura da rima bucal) é sinal bastante presente e
indicativo de abcesso periamigdaleano.
Na orofaringoscopia dificultada pelo trismo, encontramos acentuada hiperemia da amígdala
recoberta por deposito pultaceo, o pilar anterior e o palato mole acham-se hiperemiado e
edemaciados com grande abaulamento para diante, ao mesmo tempo que a amígdala é
projetada para a linha média. Os abcessos podem romper espontaneamente. O diagnóstico é
dado pela punção exploradora, feita através do pilar anterior no local de maior flutuação, com
agulha grossa, de preferência com infiltração anestésica local prévia. Esta punção
exploradora positiva (pus) pode ser continuada e transformada em punção esvaziadora, que
substitui a drenagem cirúrgica a bisturi.
Paciente que apresenta abcesso periamigdaleano tem indicação formal para posterior
amigdaléctomia. 10% das amigdalectomias são devidas a abcesso periamigdaleano anterior.
ANGINAS ESPECÍFICAS
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São anginas que possuem um agente etiológico específico, ou que surgem junto com
infecções gerais, portanto necessitam de tratamento específico.
1. ANGINA DIFTÉRICA
causada pelo corynebacterium diphteriae. É uma angina de caráter endemoepidêmico. Com
maior incidência entre o primeiro e segundo ano de vida. Rara no primeiro ano de vida graças
a imunização passiva dada pela placenta. É uma angina cada vez mais rara graças ao
esquema de vacina antidiftérica. O bacilo diftérico possui uma endotoxina responsável pelos
fenômenos locais da doença, e uma exotoxina que se introduz na corrente circulatória e é
responsável pelos sintomas gerais.
A angina diftérica tem inicio insidioso. Na orofaringoscopia encontramos pseudo membranas
branco-acinzentadas, localizadas nas amígdalas palatinas, invadindo pilar anterior, úvula.
Estas pseudomembranas podem localizar-se desde a nasofaringe até a laringe, sendo
responsáveis por obstrução grave das vias aéreas. Estas pseudomembranas são fortemente
aderidas e não se dissolvem em água. Os sintomas gerais são febre baixa (38graus),
albuminuria, pulso rápido, hipotensão, palidez, que traduzem acentuado grau de intoxicação
geral.
O diagnóstico é confirmado pela bacterioscopia e cultura do exsudato faringeo.
A exotoxina tem predileção especial pelo miocárdio dando arritmia cardíaca, pelas suprarenais, dando hipotensão e astenia e pelo sistema nervoso determinando paralisia do véu
palatino, e dos membros inferiores
Tratamento consiste na soroterapia específica, que deve ser o mais precoce possível, para
evitar complicações locais e gerais. Nos casos de dúvida no diagnóstico a clínica é soberana
e não deve-se aguardar os resultados dos exames laboratoriais. A via de administração do
soro é subcutânea ou intramuscular. Alem do soro específico, antibióticos como penicilina e
eritromicina são empregados conjuntamente. Os acidente alérgicos ao soro antidiftérico são :
acidente imediato (choque anaflático) raro, tratado com adrenalina milesimal e corticóide
parenteral. O acidente tardio (doença do soro) ocorre 6 a 8 dias mais tarde e consiste de
urticária generalizada, artralgia, e temperatura elevada, são acidentes mais freqüentes e
tratados com anti-histamínicos, efedrina e cálcio. A vacinação contra difteria é feita entre o
primeiro e segundo ano de vida e em conjunto com a coqueluche e o tétano. (vacina tríplice).
2. ANGINA FUSOESPIRALAR
é uma angina formada pela simbiose entre o bacilo fusiforme e o espirilo, ambos saprófitas da
boca, que tornam-se patogênicos quando se associam. Também chamada de angina de
Plaut-Vincent, cursa com odinofagia unilateral, e na orofaringoscopia encontramos úlcera na
amígdala recoberta de pseudomembrana. Evolução benigna. O tratamento eletivo é
penicilinoterapia.
3. SÍFILIS
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A sífilis primaria na faringe pode localizar-se na amígdala palatina, cursando com odinofagia
e otalgia unilateral reflexa de grande intensidade. Podemos Ter a presença de ulcera sobre a
amígdala recoberta de pseudomembrana. Aumento ganglionar subangulomandibular
presente. Faz diagnóstico diferencial nesta fase com a angina fusoespiralar, porem na
bacterioscopia irá aparecer o treponema palidum (sífilis).
Na sífilis secundaria as manifestações surgem 5 a 6 semanas após a inoculação primaria,
cursando com formação de placas mucosas que se localizam no véu palatino, nos pilares e
na amígdala. A disseminação da doença é para vários órgãos inclusive para a pele. Estas
lesões da fase secundária são extremamente contagiosas. Paciente da fase secundária não
tratado pode entrar na fase latente sem manifestações clínicas. 1/3 destes pacientes pode Ter
remissão expontânea da doença, 1/3 pode permanecer na fase latente, e 1/3 evolui para a
fase terciária.
Na sífilis terciária as lesões são profundas atingindo o véu palatino, pilares, apresenta-se sob
forma de goma sifilítica ou ulceras. Nas lesões por goma aparecem destruição de palato
(perfurações) . O comprometimento de SNC nesta fase pode ocorrer. O diagnóstico
diferencial da sífilis terciária é com a tuberculose e os tumores malignos da faringe. O
diagnóstico definitivo é dado por bactereoscopia do exsudato, biopsia, e por reações
sorológicas para lues. O tratamento consiste de penicilinoterapia (penicilina benzatina).
4. SARAMPO
Infecção de etiologia virótica (paramixovirus) determinando angina eritematosa. Importante no
diagnóstico é o sinal de Koplik(pontilhado branco, envolvido por halo vermelho na mucosa
jugal próximo a desembocadura do canal de Stenon da glândula parótida.
5. ESCARLATINA
causada pelo streptococo beta hemolítico cursando com eritema do tronco e face interna dos
membros. A angina desta doença vai desde uma angina eritematosa até formas
ulceronecróticas e ou pseudomembranosas. O tratamento é a penicilinoterapia.
6. FEBRE TIFÓIDE
pode determinar angina eritematosa ou ainda com presença de pequena úlcera no pilar
anterior da loja amigdaleana (úlcera de Duguet). Muito rara na atualidade.
7. FEBRE REUMÁTICA
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determinada pelo estreptococo beta-hemolítico tipo A de Lancefild. A angina desta doença é
do tipo congestão e edema acentuado da faringe por vezes com secreção purulenta, com
odinofagia intensa, febre alta e nauseosa. A cultura apresenta crescimento do estrepto betahemolítico, e a dosagem de antiestreptolisina O no sangue se eleva. O tratamento é penicilina
procaina 400.000 unidades por dia via IM durante 10 dias. A profilaxia da recorrência da febre
reumática é feita com penicilina G. Benzatina `1.200.000 via IM por mês durante 5 anos.
8. HERPANGINA
causada pelo vírus Coxsackie . desenvolve-se como uma angina eritematosa, com erupção
de vesículas, que se rompem e formam ulcerações circundadas por zona de eritema, tipo afta,
espalhadas no palato, pilares, e parede posterior do orofaringe. É mais frequente em crianças.
Acompanhada de febre, vômitos e dor abdominal. A antibioticoterapia está contra-indicada.
Usa tratamento sintomático.
9. ANGINA POR ADENOVIRUS
determinam faringites febril nas crianças, acompanhada frequentemente de processo
inflamatório infeccioso da mucosa conjuntival. De tratamento sintomático (analgésicos e
antitérmicos)
10. COQUELUCHE
Conhecida por tosse comprida, é causada pela bordetella pertussis. O período da tosse é de
2 a 4 semanas, com período de convalescença de 1 a 2 semanas. Na orofaringoscopia
encontramos exsudato purulento na mucosa da faringe e das amígdalas. A antibioticoterapia
não altera o curso da doença, porém a vacinação tem importância pela alta contagiosidade
da bactéria.
11. INFECÇÃO POR HAEMOPHILUS
O haemofilus é o causador mais comum de epiglotite. A doenca é mais comum em crianças
de 2 a 5 anos, iniciando com quadro de dor de garganta, evoluindo nos casos mais graves
com obstruçao das vias aereas superiores pela epiglote que se acha muito edemaciada e
hiperemiada com grande aumento de volume. Antibióticoterapia com derivados de penicilina
(amoxicilina) deve ser imediata. Em caso severos de obst. VAS pode ser necessário a
traqueostomia.
12.
FARINGITES
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Constituem processo inflamatório agudo ou crônico da parede posterior da orofaringe. Com
auxilio do abaixador de língua consegue-se facilmente observar este território no fundo da
garganta.
Na faringite aguda encontramos hiperemia difusa da mucosa, por vezes recoberta de
secreção catarral. A queixa principal é ardência na garganta, dor na deglutição, por vezes
intensa. Em 50% dos casos nas crianças e adultos é de etiologia virótica, nao estando
indicado antibioticoterapia. A presença de aftas na boca ou na garganta fala a favor de virose.
Na faringite crônica o pigarro é uma queixa muito freqüente (raspar a garganta). É freqüente
nos fumantes inveterados, em profissionais que usam a voz excessivamente, em ambientes
profissionais poluídos, e em pacientes já operados das amígdalas palatinas. Não esquecer
que a faringite crônica pode estar sendo causada pelo gotejamento pós nasal de uma
sinusite. Na orofaringoscopia observamos uma serie de granulações hiperemiadas e
hipertrofiadas nesta parede posterior da orofaringe, caracterizando a chamada faringite
granulosa crônica. A faringite crônica é mais rebelde aos tratamentos clínicos. No controle
das faringites crônicas, o ph é importante. Bactérias patogênicas se multiplicam quando o ph
está muito ácido nesta região. É o conceito da interferência bacteriana. Para mantermos uma
garganta mais alcalina recomendamos gargarejos três vezes ao dia com ½ copo de água
morna + ½ colher de café de bicarbonato de sódio + uma pitada de sal de cozinha. Evitar
sucos ácidos ou cítricos. Usar dentifrício com bicarbonato de sódio.
Anginas c/ modificação do quadro leucocitário
Algumas lesões da mucosa bucofaringea podem levar a suspeita de doenças ditas
hemopatias. Nestes casos o hemograma é bastante importante para complementar o
diagnóstico.
a) ANGINA DA LEUCOSE AGUDA
A angina da leucemia aguda comumente se acompanha de estomatite, com tendência a
sangramento e fenômenos de necrose da mucosa bucofaringea. Hipertrofia linfonoidal
generalizada e esplenomegalia (aumento do baço). Sua maior incidência é nos cinco
primeiros anos de vida (leucemia aguda linfoide).
No hemograma encontramos hiperleucocitose exagerada (acima de 100.000 leucócitos por
mm3), com presença de formas jovens no sangue circulante. Dependendo da forma de
leucemia poderemos fazer transplante de medula.
b) ANGINA DA AGRANULOCITOSE
Vai de uma simples angina eritematosa até ulcerações e necrose da mucosa bucofaringea.
Não há tendência a hemorragias, nem linfoadenopatia generalizada, nem esplenomegalia,
como na leucose aguda.
No hemograma encontraremos acentuada leucocitopenia
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(diminuição dos glóbulos brancos) 1000, 500 leucócitos por mm3, ao lado de neutropenia,
(diminuiçao dos neutrófilos) que pode ir até 0%. Na punção de medula para realizar o
mielograma se for confirmada a aplasia de medula (falência da medula), o prognóstico é
muito grave, fatal.
c) ANGINA DA MONONUCLEOSE INFECCIOSA
É comum uma angina eritematosa, por vezes com exsudato. Sendo mais freqüente na
adolescência, e por vezes um caráter epidêmico. Também chamada de angina dos
estudantes. O agenge etiológico é o Mycoplasma. Ingurgitamento ganglionar generalizado,
esplenomegalia, hepatomegalia, febre alta, astenia acentuada, cefaléia e mal estar geral
acompanham o quadro. Parece ser de etiologia viral. A reação de Paul-Bunell (teste
sorológico específico) pode ser solicitado para confirmar diagnóstico. No hemograma
encontramos acentuada linfocitose (aumento do número de linfócitos) 70 a 80%. Tem
evolução benigna curando em 4 a 8 semanas. É de tratamento sintomático. Evitar penicilina
pois pode determinar rush cutâneo acentuado. A corticoterapia nestes pacientes pode ser
utilizada.
HIPERTROFIA DAS AMIGDALAS PALATINAS E DAS VEGETAÇÕES ADENOIDES
(HAVA)
Caracteriza-se pelo aumento de volume das amígdalas palatinas e das vegetações
adenóides, sendo bastante comum na primeira infância.
A obstrução nasal crônica é uma queixa clínica freqüente na infância, sendo a hipertrofia
adenoideana uma das principais causas.
As vegetações adenóides involuem fisiologicamente após os seis anos de idade e conclui-se
por ocasião da puberdade.
O principal sintoma da HAVA é a obstrução nasal permanente que acarreta respiração bucal
de suplencia.
A mãe queixa-se que a criança dorme de boca aberta, roncos noturnos e tendência a
babar.
Há predisposição a resfriados freqüentes e tosse espasmódica, rouquidão (laringotraqueites
descendentes). Com o decorrer do tempo surge deformações dos traços fisionomicos (facies
adenoideano).
O fácies adenoideano consiste de boca entreaberta, lábio superior levantado, fisionomia
inexpressiva, tendência a babar, palato ogival e prognatismo do maxilar superior.
O exame subsidiário mais indicado para confirmar o diagnóstico da hipertrofia adenoideana é
a radiografia de perfil do nasofaringe ( raio x de cavum), que é uma avaliação estática.
Raio X de cavum não deve ser solicitado no vigência de uma adenoidite aguda, pois podem
mostrar hipertrofias transitórias das adenóides.
A nasofiboscopia é uma avaliação direta, tridimensional e dinâmica do cavum, sem radiação,
não invasiva, e mais confiável, principalmente se você está considerando a possibilidade
cirúrgica.
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Quando esta hipertrofia adenoideana é exagerada e acompanhada de infecção a indicação
cirúrgica não é questionada, pois evitará otites médias de repetição, possíveis hipoacusias,
fácies adenoideanos. A adenoidectomia não prejudica a instalação de uma imunidade normal.
Adenoidectomia no lactente é rara, a melhor idade é após os 2 anos. Quanto menor a
criança, maior as chances de recidiva da adenóide, mesmo após uma adenoidectomia muito
bem feita.
A hipertrofia amigdaliana é determinada pelo aumento irredutível das amígdalas palatinas.
Por ocasião da puberdade há uma diminuição fisiológica do volume destas amígdalas.
Infecçoes repetidas destas amígdalas podem dar lugar a uma amigdalite crônica, ou
estabelecimento de um foco de infecção.
A hipertrofia da amígdala palatina cursa com distúrbios de ordem mecânica como
respiração dificultada e ruidosa, roncos noturnos, voz amigdaliana (timbre abafado), tosse
reflexa espasmódica noturna e dificuldade de deglutição de alimentos sólidos.
Algumas observações se fazem necessárias:
 infecções agudas de repetição de amígdalas, ouvidos, adenoides podem tratar-se de
deficiência imunitária.
 Algumas crianças cessam estes problemas por volta dos 7 anos devendo-se a um atraso
na maturidade imunológica.
 Déficit estato-ponderal pode ser devido à hipertrofia adenoamigdaleana.
 Crianças com rinite alérgica devem receber tratamento específico após a adenoidectomia.
 Na vigência de hiperplasia unilateral de amigdala palatina pensar: hiperplasia linfocitátia
benigna, corpo estranho de amigdala e linfoma.
 Existe correlação entre hipertrofia adenoideana e otite media com efusão e otite media
recorrente e as doenças nasosinusais.
Em relação as indicações da adenoamigdalectomia podemos resumir:
 Hipertrofia exagerada de amígdalas e adenóides, desde que determinem distúrbios na
deglutição e respiração.
 A sindrome da apnéia do sono em conseqüência da HAVA, com roncos noturnos por
vezes interrompido por períodos de silencio, que são de apnéia com hipoventilaçao,
hipoxia, hipersonolencia e adinamia diurna, enurese noturna, é uma indicação inequívoca.
 As amigdalites de repetição com quadros febris e grande repetição, com afastamento de
atividades escolares ou de trabalho também são de indicação cirúrgica. A terapêutica
cirúrgica deve ser considerada quando existe falha no tratamento clínico ou quando
ocorrem complicações(abcesso periamigdaleano)
 A suspeita de infecção focal não deve ser supervalorizada.
 A halitose por depósito de restos alimentares nas criptas (caseum) são massas caseosas
com extrema fetidez que dão ao paciente sensação de corpo estranho na amígdala,
podem constituir um importante fator social de indicação cirúrgica.
 As contra-indicações cirúrgicas são: a fenda palatina e os distúrbios hemorrágicos.
CORPO ESTRANHO DE FARINGE
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Os corpos estranhos mais comuns na faringe são as espinhas de peixe e pequenos ossos de
galinha. Sua localização preferencial ao nível de orofaringe é nas amigdalas palatinas.
Nas localizações mais inferiores, geralmente obstruindo a nível do músculo crico faríngeo,fica
indicado a esofagoscopia que é diagnóstica e terapêutica nos casos de historia precisa. Nos
casos de história mais vaga uma avaliação radiológica (com e sem contraste) pode ser feita
com menor morbilidade antes da endoscopia.
Materiais impactados no segmento distal do esôfago podem sair através de relaxantes tipo
diazepam, atropina e amylnitrato.
Através da endoscopia o corpo estranho pode ser retirado ou empurrado até o estômago.
Durante o procedimento as vias aéreas devem estar protegidas para evitar aspiração.
GLOBUS HYSTERICUS
É a disfagia com sensação de corpo estranho na garganta sem causa conhecida.
Uns acham que sejam devido a uma hipertrofia do músculo cricofaríngeo, outros a um caráter
obcessivo. O tratamento preconizado é a psicoterapia.
QUEIMADURAS QUÍMICAS
Devidas a ingestão de substancias causticas, geralmente acidentais nas crianças e suicidas
nos adultos. Tanto os ácidos como as bases (álcali) podem atuar como substancias cáusticas.
O hipoclorito de sódio geralmente produz irritação mais discreta, já o hidróxido de sódio
produz erosões mais graves. O efeito patológico sobre o tecido celular desses agentes
depende da concentração do íon hidroxila. Em todos os casos deve-se evitar a provocação de
vômitos. A gasolina, o querosene e os formicidas não são considerados substancias
cáusticas. As mini pilhas usadas em relógios e aparelhos auditivos, contem combinação de
NaOH e KOH com mercúrio, quando alojadas no esôfago, após serem ingeridas por crianças,
têm provocado sérias lesões causticas. O diagnóstico é facilitado porque os pacientes
portando fortes dores acabam relatando a ingestão de caustico, mesmo se a ingestão teve
intensao de suicídio. Alem da dor, podemos ter vômitos, sialorreia, disfagia, náuseas e lesões
da cavidade oral. O diagnóstico se faz pela anamnese. Há consenso que o estudo
radiográfico na fase aguda é de pouco valor. O estudo radiográfico tem importância para
detectar complicações (fístulas e perfurações de esôfago ou estomago, e na fase crônica para
determinar o grau de estenose do esôfago ou estomago. Depois da segunda semana a
seriogragia é fundamental para avaliar a estenose. A tomografia computadorizada permite
melhores conclusões que a seriografia. A maioria dos autores contra-indicam a esofagoscopia
devido aos riscos de complicações. Se a esofagoscopia for realizada, não deverá ultrapassar
o achado da primeira lesão grave do esôfago, devido aos altos índices de perfurações.
BLASTOMAS DA FARINGE
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NASOFIBROMA
É um tumor duro e sangrante (angiofibroma) encontrado quase que exclusivamente em
adolescentes do sexo masculino. Tem inserção nas coanas e se desenvolvem no cavum,
fossas nasais e seios da face. O quadro clínico é obstrução nasal progressiva e permanente,
epistaxes freqüentes, cefaléia, e otites médias. Na orofaringoscopia observamos abaulamento
do palato mole, na rinoscopia posterior vemos tumor volumoso e avermelhado de consistência
dura. O tratamento é essencialmente cirúrgico. Durante a cirurgia o sangramento é profuso,
devendo-se portanto fazer reserva de transfusões sangüíneas.
CANCER DE AMIGDALA
No orofaringe o câncer de língua é mais freqüente do que o câncer da amígdala, sendo mais
comum entre 40 e 60 anos de idade. A disfagia inicialmente não é muito importante. Com a
progressão do tumor surge a odinofagia unilateral, com irradiação para o ouvido e perda de
peso. Na orofaringoscopia encontramos amígdala hipertrofiada de aspecto vegetante, com ou
sem ulceração, e de consistência dura. O carcinoma epidermoide é a forma histológica mais
comum. As metástases mais comuns são de pulmão, osso, e fígado. 0 diagnostico de certeza
é dado pela biopsia, seguido de exame histopatológico. O diagnóstico diferencial é com lues,
blastomicose, e tuberculose. 0 tratamento é cirúrgico nas fases iniciais ou associado a
radioterapia nos casos mais avançados. As recidivas são freqüentes.
Entre os fatores predisponentes destaca-se a associação do tabagismo com etilismo
crônico, e má higiene oral.
As neoplasias orofaríngeas podem determinar otalgia reflexa, pois esta região é suprida pelos
nervos craneanos IX e X, a mesma inervação sensorial do ouvido.
CANCER DE CAVUM
O carcinoma de cavum em geral se origina próximo ao ostio da tuba auditiva. Podendo ser
confundido com simples obstrução tubaria. Presença de sangue no muco nasal e
linfoadenopatia cervical unilateral única volumosa podem ser sinal de alerta. A incidência axial
de Hirtz e a tomografia computadorizada de crânio são fundamentais. A nasofibroscopia ou a
rinoscopia posterior ajudam no diagnóstico. O tumor tem tendência de invadir a base do
crânio. O diagnóstico será confirmado por biopsia. A radioterapia é o melhor tratamento.
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