a hipertrofia cardíaca - Assinatura Digital Ciência Hoje Navegue em

A HIPERTROFIA
CARDÍACA
e a reativação, em adultos,
de genes fetais
O coração humano é uma máquina biológica extraordinária. Esse músculo oco, que em adultos
sadios tem o tamanho de um punho fechado e pesa em torno de 400 g, é capaz de realizar entre
90 mil e 140 mil batimentos por dia, bombeando o sangue de forma que circule por todo o corpo.
Mas essa máquina pode falhar. A falência cardíaca – funcionamento incorreto e insuficiente do
coração – afeta milhões de pessoas no mundo, e uma das causas desse problema é o crescimento anormal do órgão, ou, em linguagem técnica, a hipertrofia cardíaca. Entender melhor as condições que levam a essa doença e desvendar os mecanismos moleculares envolvidos em seu
surgimento e agravamento pode resultar na descoberta de novas formas de prevenção e tratamento. Esse é o tema deste artigo.
Christiane Freitas e Jader S. Cruz
Departamento de Bioquímica e Imunologia,
Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Minas Gerais
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a uma condição grave conhecida como falên­
cia cardíaca.
Para compensar a redução do fluxo de san­
gue resultante do funcionamento insuficiente,
ocorrem alterações morfológicas (em tecidos
e órgãos) e moleculares (em componentes das
células) que induzem o crescimento do cora­
ção, ou seja, a hipertrofia cardíaca. No entan­
to, o crescimento induzido por algumas des­sas condições patológicas torna o coração mais
espesso e mais rígido, reduzindo suas cavi­
dades internas – dois átrios (as cavidades su­
periores) e dois ventrículos (as inferiores) –,
dificultando seu relaxamento e comprometen­
do seu desempenho (figura 1).
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SPL / LATINSTOCK
função principal do co­
ração é bombear o san­
gue, por meio de con­
trações musculares,
para os tecidos e órgãos
do corpo. A circulação
contínua do sangue
fornece às células oxi­
gênio e nutrientes e re­
colhe – para serem excretados – o gás carbônico e outras substâncias eliminadas pelo
meta­b olis­m o celular. Algumas doenças,
como hipertensão (pressão alta), obesida­de, diabetes e infarto, podem prejudicar o
correto funcionamento dessa bomba, levando