Quebra da Bolsa

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A QUEBRA DA BOLSA DE VALORES DE NOVA YORK EM OUTUBRO DE 1929
A Primeira Guerra Mundial deixou a
Europa economicamente arruinada e
endividada. No período que ela durou
(1914-1918), caíram impérios
poderosos, como o czarista da Rússia,
sucumbiram economias coloniais
poderosas e surgiu uma nova potência
econômica mundial, os Estados Unidos
da América.
No período da guerra, a indústria de
armas norte-americana alcançou grande
prosperidade, vendendo seus produtos
bélicos para os países europeus. No pósguerra, os campos europeus estavam
devastados, as indústrias em ruínas, os
norte-americanos passaram a exportar
alimentos e produtos industriais para
aquele continente. A economia dos
Estados Unidos cresceu vigorosamente,
atingido uma grande produção entre
1918 e 1928. Era o período de prosperidade que entraria para a história com o sugestivo nome
de “American Way of Life”, literalmente, modo de vida americano. O consumismo da classe
média norte-americana era incentivado pela facilidade e expansão do crédito, levando a
população, mergulhada no fascínio da ilusão consumista, ao endividamento. Grande parte
dessa classe média investiu as suas posses na economia volátil da bolsa de valores.
Com o a recuperação da economia européia, a economia americana foi seriamente afetada.
Nos campos a agricultura produzia demasiadamente, nas cidades as indústrias não tinham
para quem vender. A oferta passou a ser maior do que a demanda, forçando a queda dos
preços e a diminuição da produção; o desemprego atingiu todos os setores, o período de
prosperidade findara, a retração da economia levou à queda das ações da bolsa de valores,
levando-a ao colapso.
Mergulhada numa valorização excessiva e especulativa quanto ao valor real das suas ações,
em 24 de outubro de 1929, a Bolsa de Valores de Nova York assistiu ao preço das ações cair
vertiginosamente, levando à miséria aos milhares de investidores. O dia passou a ser chamado
de “Quinta-Feira Negra” da economia. Desesperados, os investidores tentaram vender suas
ações, que àquela altura já não tinham valor algum. Excesso de ações à venda e a falta de
compradores levou, em 29 de outubro, conhecido por “Terça-Feira Negra” da economia, ao
colapso e quebra da bolsa. Era o crashda Bolsa de Nova York, que levaria à ruína grandes
fortunas, afetando toda a economia mundial. Durante três anos o valor das ações na bolsa
flutuou, conduzindo os Estados Unidos à depressão econômica, que só terminaria na década
seguinte, quando a Europa voltou a mergulhar na guerra. O outubro negro de 1929, que
conduziu aocrash, pôs fim aos sonhos e ao consumo da mítica geração da era do jazz.
A Expansão da Economia Norte-Americana no Período Primeira Guerra Mundial
No fim do século XIX os
Estados Unidos teve um
significativo crescimento
econômico,
beneficiando-se dos
resquícios da Revolução
Industrial. Do outro lado
do Atlântico, os conflitos
coloniais começavam a
aparecer, ameaçando a
hegemonia econômica
da Inglaterra e do
restante da Europa.
Ventos de prosperidade
sopravam para o
ocidente, mostrando que
um novo império
econômico começava a
florir no mundo.
A partir de 1913, com a
subida do democrata
Thomas Woodrow
Wilson à presidência dos
Estados Unidos, o país
entrou em uma nova era
econômica, alcançando
grande expansão
industrial. Paralelamente, em 1914, conflitos e disputas territoriais levaram a Europa àquela
que seria até então, a mais sangrenta das guerras, a Primeira Guerra Mundial. Enquanto a
prosperidade econômica despontava no norte do continente americano, o continente europeu
amargava com as conseqüências de uma longa guerra, que devastava os campos, mutilava e
matava a população, levando-a à miséria e à fome.
Mantendo-se neutro no conflito, os Estados Unidos passou a investir na indústria bélica,
fornecendo armas aos países aliados. Som ente em 1917, quando a guerra já chegava ao fim,
os norte-americanos entraram no conflito ao lado da Inglaterra. Em 1918 a Alemanha assinava
a derrota, pondo fim à guerra.
Apesar de ter participado da última etapa da guerra, os americanos não sofreram diretamente
as suas conseqüências, já que as batalhas foram travadas longe do seu território. No pósguerra, os Estados Unidos firmou-se como a nova potência mundial. Expandiu o comércio com
a América Latina e Ásia, antes dominado pela Inglaterra. Abriu a concessão de créditos e
empréstimos à França e à Inglaterra, permitindo expansão da exportação de produtos
agrícolas e industriais
àqueles países. De 1918
a 1928, o país atingiria o
auge econômico da
chamada era de ouro da
geração do jazz.
O Prólogo da Crise
Com o fim da grande
guerra, o apogeu da
prosperidade econômica
sofreu uma estabilização.
A indústria bélica foi a
mais afetada, pois a produção de armas diminuiu em tempos de paz. Os soldados que
retornaram do conflito não conseguiam ser inseridos no mercado de trabalho. Aos poucos, a
Europa começou a recuperar-se das conseqüências da guerra. França e Inglaterra, principais
devedores dos norte-americanos, passaram a saldar as suas dívidas, a partir de 1922. As
exportações diminuíram para o continente europeu.
De 1924, até a crise de 1929, a economia norte-americana viveu a euforia do período que ficou
conhecido como “Big Business”. Para garantir o recebimento da dívida da França e da
Inglaterra, que em contrato viria do pagamento da Alemanha, nação condenada
internacionalmente a pagar as reparações da guerra, os Estados Unidos investiu nas empresas
germânicas, garantindo o recebimento dos seus débitos na Europa.
No período do “Big Business”, também a paisagem dos centros urbanos foi alterada
substancialmente, com velhos edifícios sendo demolidos e dando passagem a grandes
arranha-céus, símbolos absolutos da opulência que se vivia; as ruas encheram-se de
automóveis, a evidenciar o crescimento das fábricas automobilísticas; e , nas casas, as famílias
de classe média usufruíam-se de aparelhos eletrodomésticos, outra característica do
desenvolvimento tecnológico que o país
alcançara. Sem perceber as armadilhas de
uma economia volátil, o governo
estimulava o desenvolvimento econômico
em vários setores, inibia as importações e
incentivava o consumo, além da
concentração de capitais.
A prosperidade conseguida durante a
Primeira Guerra Mundial, foi
substancialmente perdendo espaço à
medida que a Europa recuperava-se
economicamente. Grande parte dos
produtos industriais norte-americanos
exportados foi deixando de ter mercado.
Produzia-se mais do que se vendia, tanto
na agricultura quanto na indústria. O
desemprego nos campos originou um
êxodo da população para os centros urbanos, saturando o mercado.
Nos grandes centros urbanos, a economia estava cada vez mais voltada para o mercado
especulativo. Com o crescimento e mecanização das indústrias e o lucro exorbitante que
geravam, as suas ações passaram a ser cotadas além do que valiam, atingindo grandes preços,
fazendo com que o número de investidores na bolsa aumentasse significativamente. No meio
da euforia, surgiram as sociedades anônimas e as empresas responsáveis somente em gerir e
investir dinheiro. Sem controle, a especulação do mercado camuflou o real valor das ações.
Com a diminuição das exportações agrícolas, os proprietários rurais deixaram de poder saldar
a suas dívidas, tendo que pagar milhões para armazenar os grãos não vendidos. Do campo, a
crise expandiu-se para as cidades e, conseqüentemente, atingiu as indústrias, que diante de
uma produção maior do que a consumida, foi obrigada a demitir trabalhadores. O desemprego
retraiu o consumo, e atingiu as instituições bancárias. Estava armado o cenário para o grande
colapso econômico.
A Quinta-Feira Negra
Pouco antes da crise que
seria deflagrada em outubro
de 1929, a situação do
mercado econômico já se
mostrava alarmante. Desde
junho daquele ano, que a
produção industrial fabril e
do aço estavam em queda,
apesar de alguns
empresários negarem o
declínio. No dia 3 de
setembro, o jornal “The New
York Times” publicava que a
Bolsa de Nova York atingira
o ápice histórico de 452
pontos. O marco atraiu
ainda mais novos
investidores, que seduzidos
pela valorização das ações,
arriscaram todo o capital
que tinham naquele aparente negócio seguro, sem que se apercebessem do engodo.
Mas a realidade dos Estados Unidos, em 1929, estava aquém da euforia do mercado. Num
desencadear avassalador, o desemprego, o aumento dos estoques do que se produzia,
impossibilitaram que os industriais tivessem capital para saldar as dívidas e continuassem a
manter os seus negócios. Acossados, muitos empresários foram obrigados a vender as suas
ações no mercado, elevando o seu valor para que pudessem obter maiores lucros. Ao
deslumbrar aquela forma de lucro, milhares de investidores fizeram o mesmo, aumentando e
pondo à venda as suas ações. O efeito surtiu na direção contrária, com a elevação no valor das
ações, elas não encontraram compradores, passando a flutuar no mercado especulativo,
atingindo um valor nulo. Sem compradores, as ações despencaram vertiginosamente as suas
cotações, levando à falência de bancos e indústrias.
No dia 24 de outubro de 1929, uma quinta-feira, o pregão da Bolsa de Nova York passaria para
a história como o dia mais negro da história da economia moderna. Desde o início daquela
semana que as vendas de ações no mercado tiveram um aumento significativo. Na quintafeira, ao perceberem que poderiam estar arruinados, os investi dores puseram à venda, logo
pela manhã, 6.091.870 títulos, gerando um dos maiores volumes de negócios da história da
bolsa. O excesso de volume de vendas fez com que os preços caíssem rapidamente. Diante da
gravidade do momento, o desespero tomou conta dos investidores, que puseram as suas
ações à venda a qualquer preço. Às 11h30, o pânico era geral. Uma multidão de pessoas
aglomerava-se nos arredores de Wall Street e Broad Street, formando um imenso cordão de
desesperados. Amanhã ainda não terminara, e já onze conhecidos especuladores de Wall
Street, então arruinados, já se tinham suicidado. Ao meio dia as portas da Bolsa de Nova York
foram cerradas, evitando que a multidão a invadisse.
Diante da catástrofe iminente, os maiores banqueiros americanos fizeram uma reunião de
emergência. Entre eles estavam Albert H. Wiggin, do Chase National Bank; Thomas W. Lamont,
do Morgan Bank; e, Charles E. Mitchell, do National Bank. Juntos, decidiram injetar milhões de
dólares na Bolsa de Valor, dando um pequeno alívio à catástrofe. No fim do dia, 12.894.650
títulos foram negociados, um volume de vendas que atingira todos os recordes de Wall Street.
Estava consumada a “Quinta-Feira Negra” da história da economia e, um dos maiores colapsos
econômicos do mundo.
A Quebra da Bolsa de Nova York
Após as turbulências do
dia 24, os dias que se
sucederam, sexta-feira e
sábado, 25 e 26 de
outubro
respectivamente, uma
aparente tranqüilidade
parecia ter voltado aos
negócios da Bolsa de
Valores. Empresas de
mercado chegaram a
anunciar na sexta-feira,
que o mercado estava
sólido e mais atrativo do
que antes.
Na segunda-feira, 28 de outubro, obteve-se um valor menor de vendas, mas com quedas
acentuadas de pontos, obrigando que os banqueiros fizessem uma outra reunião emergencial.
Ao fim de duas horas, ficou decidido que não haveria nenhuma ação de resgate e injeção de
mais dólares no mercado. Já não havia como controlar a situação. Era a “Segunda-Feira
Negra”.
No dia seguinte, 29 de outubro de 1929, o colapso da Bolsa de Valores de Nova York foi
concretizado. Logo pela manhã, um grande volume de papéis foi posto à venda sem que
encontrasse compradores. Ações outrora bem cotadas, chegaram a ser vendidas a 1 dólar.
Rumores de que os grandes magnatas da economia norte-americana estavam a vender as suas
ações, causaram ainda mais pânico aos investidores. Naquele dia, o volume de vendas atingiu
16.410.030 de títulos, quantidade ainda maior do que o da “Quinta-Feira Negra”.
O dia 29 de outubro de 1929, entrou para a história como a “Terça-Feira Negra”. Quando
chegou ao fim, deixara milhões de pessoas na miséria em todo o mundo. Muitos dos
arruinados eram ricos empresários, ou herdeiros de famílias abastadas. A desolação criava
uma cen a trágica, especuladores caminhavam sem rumo pelas ruas de Nova York, totalmente
falidos. Ocorreram suicídios dos falidos por todo o mundo, como o de um corretor que se
atirou ao rio Hudson. Após o crash da bolsa, os preços das ações valiam 80% a menos.
Continuariam a flutuar por mais três anos, perdendo gradativamente o seu valor.
Após a quebra da Bolsa de Valores de Nova York, os Estados Unidos entrou num período de
recessão econômica conhecida como “Grande Depressão”, levando a população à fome e à
miséria. A depressão econômica só seria encerrada uma década depois. Os Estados Unidos
eram os maiores credores do mundo, com a quebra das suas indústrias, passou a exercer
pressão para receber os seus pagamentos, levando a Europa e a América Latina a sentir a crise
econômica. No Brasil, ela afetou diretamente a já capenga exportação do café, na época a
principal economia do país.
Especulação, economia volátil e predadora, ambição, vários foram os fatores que levaram à
quebra da Bolsa de Valores de Nova York em 1929. O mercado financeiro parece que não
aprendeu com a catástrofe financeira. Outra ameaça aconteceria em 1987, quando um
novo crash pairou sobre Wall Street.
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