Ética e Moral: Caminhos em Construção Prof. Gilberto Abreu de Oliveira* Muito se comenta sobre o tema “ética e moral” no mundo atual onde somos bombardeados por inúmeras informações. Estando em pauta o individualismo e a falta de questionamentos éticos sobre nossas ações. Cada ofício possui suas regras de conduta, estas que estão inseridas num meio social que inevitavelmente marca o profissional onde quer que ele esteja. Para falar de ética no ofício devemos compreender nossas funções sociais e os conceitos filosóficos que permeiam tais questões. Muitos autores se debruçam sobre esta temática, dentre elas Terezinha Azeredo Rios, em seu Livro “Ética e Competência”, faz uma reflexão mais que pertinente às dimensões filosóficas desses conceitos. De acordo com ela: “[...] A filosofia procurará apropriar-se da realidade para ir além da explicação, da descrição, para buscar o sentido (na dupla acepção de direção e de significado) dessa realidade. E se é preciso buscar o sentido, na verdade será preciso buscar os fundamentos, as raízes, numa perspectiva diversa da de outros saberes “[...] (RIOS, 1999, p. 17) Diante disso, devemos lembrar que o termo ética vem do Grego “Ethos” que refere-se a costumes, índole. Para o filósofo Sócrates a reflexão sobre as ações deveria ter um viés racional, se opondo ao mito que até então explicava as questões da sociedade. A partir das indagações socráticas é que vemos nascer uma filosofia moral. É ai que surge um estudo específico das ações morais dos indivíduos, que muitas vezes não se preocupavam em compreender o contexto em que os costumes e as tradições foram criadas. Sócrates defendia assim, uma reflexão que discute, problematiza e ainda buscar interpretar os inúmeros significados para os valores morais. Então se a Ética tem seu fundamento nas reflexões críticas sobre a moral, o que vem a ser moral? A moral é sempre a mesma para todas as pessoas que vivem em sociedade? Toda sociedade cria seus valores, costumes baseados em suas realidades específicas. Partindo de tais questões, nos reportamos à Adolfo Sanchez Vázquez que em seu trabalho intitulado “Ética”, faz importantes colocações a respeito deste tema. Em um dado momento ela coloca a seguinte reflexão: “[...] Se por moral entendemos um conjunto de normas e regras destinadas a regular as relações dos indivíduos numa comunidade social dada, o seu significado, função e validade não podem deixar de variar historicamente nas diferentes sociedades. Assim como umas sociedades sucedem a outras, também as morais concretas, efetivas, se sucedem e substituem umas às outras.[...]” (SANCHEZ VAZQUEZ, 2002, p, 37 ). Notamos assim a presença de vários conceitos de moral em diferentes culturas e sociedade, sendo esta uma criação histórica, mas muitas vezes não nos ocupamos em pensar comos e deu a construção coletiva de tais relações. Outra contribuição de importância capital neste assunto são os trabalhos de filosofia de Marilena Chauí, onde notamos uma linha de pensamento que vem de encontro a tais questões, para ela: “[...] Não notamos a origem dos valores éticos, do senso moral e da Consciência Moral, porque somos educados para eles e neles, como se fossem naturais. A naturalização da existência moral esconde, portanto, o mais importante da ética: O fato de ela ser criação histórico-cultural [...]” (CHAUÍ, 2003, p. 162) Tais reflexões colaboram no encaminhar de nossa proposta. É fundamental além da diferenciação dos conceitos, a compreensão de que ambos nascem e se reproduzem historicamente em determinadas sociedades, sendo que cada um delas criam determinados costumes, valores, conceitos que não são sempre os mesmos para todos, onde se insere a figura do agente ético, aquele que tem consciência e responsabilidade, que sabe realizar escolhas, que sabe como e quando deliberar em determinadas situações do cotidiano, que compreende a vontade como algo inerente ao ser humano e ainda a liberdade como fundamental na construção de uma sociedade mais justa, democrática e solidária. Tendo em vista tais pressupostos, devemos lembrar que o campo de reflexão da ética é marcado pelas virtudes, estas que são formadas pelos valores e obrigações que formam as condutas morais. Assim, as palavras de Adolfo Sánchez Vázquez, são de fundamental importância neste momento, de acordo com suas pesquisas: “[...] A ética estuda uma forma de comportamento humano que os homens julgam valioso e, além disto, obrigatório e inescapável. Mas nada disto altera minimamente a verdade de que a ética deve fornecer a compreensão racional de um aspecto real, efetivo, do comportamento dos homens [...]” (SÁNCHEZ VAZQUES, 2002, p. 22) Sendo assim, o exposto aqui fica como questionamento, uma vez que quando paramos para refletir, notamos que os caminhos são de mão dupla estando sempre em constante construção, onde o agir eticamente é uma decisão entre você e você mesmo, que inevitavelmente estará mediado pelas virtudes já impostas pela sociedade. REFERÊNCIAS CHAUÍ, Marilena. A existência ética e a Filosofia Moral. In. Filosofia – Série Ensino Médio. São Paulo: Ed. Ática, 2003 RIOS, Terezinha Azeredo. Ética e Competência. 7ª Ed. São Paulo: Ed. Cortez, 1999. SÁNCHEZ VÁZQUEZ, Adolfo. Ética. 23ª Ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002 Blog História em Debate: http://historiaemdebate.wordpress.com/ * Professor Gilberto: Leciona História no Sistema Objetivo de Ensino (Lauradaiane-Fecra) e na Rede Municipal de Ensino de Costa Rica.