PROJETO PROVEDOR DE INFORMAÇÕES SOBRE O SETOR ELÉTRICO RELATÓRIO TRIMESTRAL DE ACOMPANHAMENTO DE CONJUNTURA: PROJEÇÕES E CENÁRIOS MACROECONÔMICOS DOS PRINCIPAIS MERCADOS DA AMÉRICA LATINA - PERU ABRIL A JUNHO DE 2012 Adriana Maria Dassie Késia Braga Rio de Janeiro 1 Índice Sumário ........................................................................................................................ 3 1. Peru – Breve Histórico .............................................................................................. 4 2. Atividade Econômica ................................................................................................ 6 2.1. Produto Interno Bruto......................................................................................... 6 2.2 Mercado de Trabalho........................................................................................... 7 3. Preços ....................................................................................................................... 8 3.1 Política de Metas de Inflação ............................................................................... 8 3.2 Inflação ............................................................................................................... 8 4. Setor Externo .......................................................................................................... 10 4.1 Balanço de Pagamentos ..................................................................................... 10 4.1.1 Taxa de Cambio.......................................................................................... 11 4.1.2 Reservas Internacionais .............................................................................. 12 Referencias ................................................................................................................. 13 2 Sumário O cenário internacional de desaceleração da atividade econômica, em particular na Europa, e os riscos de uma crise fiscal generalizada nesta zona, tem sido o principal fator pelo qual o Banco Central de Reservas del Peru (BCRP) manteve sua taxa de referencia em 4,25% desde junho de 2011. Esta posição de política monetária de pausa tem um caráter preventivo e é consistente com a convergência da inflação ao nível meta em 2012. Durante o ano de 2011 o crescimento do PIB mostrou uma tendência decrescente, trimestre a trimestre, diante do extraordinário crescimento de 8,8% de 2010. Esta desaceleração está associada à moderação no dinamismo da demanda interna, explicada principalmente pela evolução do gasto público e, em menor medida, do investimento privado. Considerando a evolução do entorno internacional, revisou-se para baixo a projeção de crescimento para o ano de 2012, de 5,7 para 5,5%. Para 2013 foi mantida a projeção de crescimento em 6,3%. O cenário central de projeção contempla um menor crescimento da economia mundial para os próximos anos, em particular para 2012, considerando o desenvolvimento recente da crise da dívida pública na zona do Euro e o associado endurecimento das condições creditícias e de liquidez naquele continente. Esta projeção supõe também um crescimento moderado em outras economias desenvolvidas onde a recuperação do consumo estaria limitado pelo nível de endividamento e o alto desemprego. 3 1. Peru – Breve Histórico O Peru, oficialmente chamado de República do Peru (em espanhol: República del Perú), é um país sul-americano limitado ao norte pelo Equador e pela Colômbia, a leste pelo Brasil e pela Bolívia e ao sul pelo Chile. O seu litoral, a oeste, é banhado pelo Oceano Pacífico. Figura 1: Peru – Divisão por Regiões Fonte: Wikipedia O Peru é uma república presidencialista democrática dividida em 25 regiões. A sua geografia é variada, exibindo desde planícies áridas da costa do Pacífico, aos picos nevados dos Andes e à floresta amazônica, característica que proporciona a este país diversos recursos naturais. As principais atividades econômicas incluem a agricultura, a pesca, a exploração mineral e a manufatura de produtos têxteis. Após a sua independência em 1821, o Peru passou por períodos de alternância entre turbulência política e crise fiscal e estabilidade e crescimento econômico. A população peruana, estimada em 28 milhões, é de origem multiétnica e possui um alto grau de mestiçagem, incluindo ameríndios, europeus, africanos 4 e asiáticos. O país é considerado nação em desenvolvimento e possui um nível de pobreza de 34%. O idioma oficial é principalmente o espanhol, ainda que um número significativo de peruanos fale quechua e outras línguas nativas. A mistura de tradições culturais produziu uma diversidade de expressões nas artes, na culinária, na literatura e na música. Durante a década de 1980, o Peru enfrentou uma considerável dívida externa, inflação crescente, um aumento no tráfico de drogas e violência política maciça. Cerca de 70.000 pessoas morreram durante o conflito entre forças do Estado e os guerrilheiros maoístas do Sendero Luminoso. Com a presidência de Alberto Fujimori (1990-2000), o país começou a se recuperar, no entanto, as acusações de autoritarismo, corrupção e violações dos direitos humanos forçaram sua renúncia após a polêmica eleição de 2000. Desde o fim do regime de Fujimori, o Peru tenta lutar contra a corrupção, enquanto mantém o crescimento econômico; desde 2011, o presidente é o líder do partido nacionalista Ollanta Humala. 5 2. Atividade Econômica Em um cenário de maior incerteza nos mercados financeiros e perspectiva de menor crescimento da atividade econômica mundial, existe o risco que as expectativas dos agentes domésticos se deteriorem, particularmente para o caso do investimento. Isso poderia gerar menor dinamismo da demanda agregada e um ritmo de crescimento da economia abaixo do crescimento potencial que geraria pressões inflacionarias. Neste cenário, o Banco Central de Reserva del Peru (BCRP) incrementaria o estímulo monetário na tentativa de manter a inflação dentro da meta estipulada. 2.1. Produto Interno Bruto Após o crescimento de 8,8% em 2010, a economia peruana continuou a crescer, porém a taxas mais moderadas em 2011. Em 2011, o crescimento do PIB ficou acima de 8,9% no primeiro trimestre, 6,8% no segundo e 6,6% no terceiro trimestre. Este comportamento está associado à moderação do dinamismo da demanda interna, explicado principalmente pelo investimento público, o qual acumulou queda de 24% no período de janeiro a setembro, e, em menor medida, pelo comportamento do investimento privado. O PIB encerrou o ano com crescimento de 6,9%. 6 Gráfico 1: PIB e Demanda Interna ( variações percentuais reais) PIB Demanda interna 13,1 12,3 11,8 10,3 9,8 8,9 8,8 7,7 6,9 6,8 7,2 6,3 6,1 5,8 5 5,5 5,6 5 4,1 4 3,8 3,7 0,9 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 -2,8 Fonte: INEI e BCRP Para o ano de 2012 o cenário é de que a política fiscal assuma uma posição mais expansionista do que a observada em 2011, diante de um cenário internacional de menor crescimento. Deste modo, a projeção de crescimento para o ano de 2012 foi revista para baixo, de 5,7% para 5,5%. Para o ano de 2013 foi mantida a projeção de crescimento em 6,3% conforme o Gráfico 1. 2.2 Mercado de Trabalho O emprego urbano em empresas formais, com 10 e/ou mais trabalhadores aumentou 5,4% em 2011, taxa maior que a registrada em 2010 (4,2%) e superior a taxa media anual de crescimento do período 2002-2011 (4,3%). De acordo com os setores produtivos, o maior incremento do emprego foi registrado no setor de comercio (6,9%), seguido pela indústria manufatureira (6,1%) e pelo setor de serviços (5,2%). O emprego no setor primário passou de um crescimento de 7,2% em 2010 a 3,2% em 2011. Influenciaram neste resultado as alterações climáticas que afetaram a produção de alguns cultivos como arroz, tomate e milho. Além de uma redução, em 2011, na atividade de mineração metálica. 7 3. Preços 3.1 Política de Metas de Inflação De acordo com a Constituição Política, o BCRP é uma entidade pública autônoma cuja finalidade é preservar a estabilidade monetária. Para alcançar este objetivo, o Banco executa sua política monetária seguindo um esquema de Metas Explícitas de Inflação. A meta de inflação é de 2,0% com uma margem de tolerância e um ponto percentual para baixo (1,0%) e para cima (3,0%). Com isso o BCRP busca ancorar as expectativas de inflação em um nível similar ao das economias desenvolvidas e estabelecer um compromisso permanente com a estabilidade da moeda. 3.2 Inflação Entre dezembro de 2010 e novembro de 2011 a inflação anual se elevou de 2,08 a 4,64%, ficando acima da meta estipulada. A aceleração da inflação pode ser explicada principalmente pelo impacto nos preços domésticos e nos preços das commodities nos últimos meses de 2010, assim como por fatores climáticos internos que afetaram a oferta de alguns alimentos perecíveis. Os preços dos alimentos no mercado mundial apresentaram uma volatilidade pela incerteza da recuperação da economia norte americana, a crise nos países europeus e a desaceleração da economia chinesa. A oferta de commodities como trigo e milho também foi afetada por problemas climáticos nos Estados Unidos, Argentina e Brasil. Assim como no caso dos alimentos, o preço do petróleo aumentou em 2011 pela maior demanda dos Estados Unidos e China, tendência que se acentuou pelos conflitos nos países árabes. Esta evolução influenciou a elevação dos preços dos combustíveis e nas tarifas elétrica. Para 2012, o cenário é de moderação do crescimento da atividade doméstica, acentuação da crise européia e menores perspectivas de crescimento da economia global. Esse contexto de elevada incerteza faz com que a posição da 8 política monetária no país tenha um caráter preventivo e consistente com a convergência da inflação ao nível da meta em 2012. Espera-se que a inflação convirja ao centro da meta até meados de 2012, sempre que se dissipem as pressões de custos geradas por incrementos significativos nos preços das commodities e de alguns alimentos domésticos que dependem de condições climáticas locais. Espera-se que as expectativas de inflação convirjam de seus níveis atuais entre 2,5 e 3,0% ao nível de 2,0%, mantendo-se assim ancorada na posição meta. O cenário base de projeção contempla que a posição da política monetária não será substancialmente distinta da atual no curto prazo. O Gráfico 2 mostra a probabilidade de ocorrência de valores de inflação no futuro de acordo com a combinação de análises estatísticas e da percepção subjetiva do BCRP. Gráfico 2: Projeção da Inflação (variação percentual últimos 12 meses) Fonte: BCRP 9 4. Setor Externo 4.1 Balanço de Pagamentos A projeção do déficit em conta corrente para o ano de 2011 seria de 1,5% do PIB. Para os anos seguintes o déficit em conta corrente seria de 2,2% do PIB em 2012 e de 2,1% do PIB em 2013. Isto é uma conseqüência do menor crescimento da atividade econômica prevista e seu impacto sobre a demanda por importações, assim como uma menor renda dos fatores associada aos menores preços das exportações. Gráfico 3: Saldo de Transações Correntes (como porcentagem do PIB) 3,1 1,4 1,4 0,2 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 -1,5 -1,5 2012 2013 -2,2 -2,1 -4,2 Fonte: BCRP Com relação à Balança Comercial, o superávit seria de US$ 8,9 bi em 2011. No ano de 2012 o superávit da balança comercial alcançaria US$ 6,9 bi, menor que o esperado na previsão anterior. Em 2013, o superávit comercial aumentaria a US$ 8,2 bi, em um contexto em que os termos de troca se manteriam estáveis e a economia mundial cresceria a uma taxa maior que a de 2012. Pode-se destacar também que o volume exportado de produtos tradicionais (ouro e café) aumentou 3,4% em 2011, no entanto, o volume exportado de produtos não tradicionais (produtos agropecuários, pesqueiros e químicos) aumentou 24,5%. Entre 2012-2013 se espera que o volume das exportações não 10 tradicionais cresça a uma taxa de 8%, como resultado da recuperação da economia mundial e do maior acesso aos mercados internacionais através da entrada em vigência de acordos comerciais já firmados, ou em processo atual de negociação. Gráfico 4: Balança Comercial (em milhões de US$) 8986 8874 8287 8152 6862 6750 5951 5286 2569 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Fonte: BCRP 4.1.1 Taxa de Cambio A taxa de câmbio, entre setembro e novembro de 2011, teve um caminho volátil. Assim, em finais de Agosto e começo de Outubro, a taxa de câmbio depreciouse rapidamente, num contexto de turbulência elevada nos mercados financeiros internacionais. Subsequentemente, a taxa de câmbio inverteu a tendência anterior para cima e voltou a tendência à apreciação observada no terceiro trimestre, valorizando-se 2,8%, fechando a 2,701 por dólar, num contexto de estabilização dos mercados financeiros internacionais e uma maior preferência por dívida das economias emergentes. Assim, a taxa de câmbio valorizada terminou em 0,3% no final de novembro. O levantamento de expectativas para o período 2011-2013 indica que os níveis da taxa de câmbio esperada pelo sistema financeiro, analistas econômicos e empresas não-financeiras, é de que venha a diminuir. 11 4.1.2 Reservas Internacionais Entre setembro e novembro, as reservas internacionais do BCRP aumentaram US$ 982 milhões, alcançando um saldo de US$ 49050 milhões em no fim de novembro de 2011. Os altos níveis de reservas permitem contar com níveis adequados de liquidez internacional para fazer frente a eventuais cenários de turbulência nos mercados financeiros internacionais. Gráfico 5: Reservas Internacionais (em bilhões de dólares) 49,1 44,1 31,2 33,1 27,8 17,5 13,7 9,3 2005 20 21,4 32,4 32,3 2010 2011 23 11,3 2006 2007 Reservas 2008 2009 Posição do câmbio Fonte: BCRP 12 Referencias http://www.bcrp.gob.pe/ http://www.bcrp.gob.pe/estadisticas.html http://www.inei.gob.pe/ http://pt.wikipedia.org/wiki/Peru http://www.bcrp.gob.pe/docs/Publicaciones/Reporte-Inflacion/2011/diciembre/Reportede-Inflacion-Diciembre-2011.pdf http://www.bcrp.gob.pe/docs/Publicaciones/Memoria/2011/memoria-bcrp-2011-1.pdf 13