TALIANE MARIA DA SILVA TEÓFILO INTERFERÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS NO CRESCIMENTO E NA EFICIÊNCIA DE USO DA ÁGUA NA CULTURA DO MELOEIRO NOS SISTEMAS DE PLANTIO DIRETO E CONVENCIONAL MOSSORÓ-RN 2009 TALIANE MARIA DA SILVA TEÓFILO INTERFERÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS NO CRESCIMENTO E NA EFICIÊNCIA DE USO DA ÁGUA NA CULTURA DO MELOEIRO NOS SISTEMAS DE PLANTIO DIRETO E CONVENCIONAL Dissertação apresentada à Universidade Federal Rural do Semi-Árido, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Fitotecnia. ORIENTADOR: Prof. Dr. Sc. FRANCISCO CLÁUDIO LOPES DE FREITAS MOSSORÓ-RN 2009 Ficha catalográfica preparada pelo setor de classificação e catalogação da Biblioteca “Orlando Teixeira” da UFERSA T314i Teófilo, Taliane Maria da Silva Interferência de plantas daninhas no crescimento e na eficiência de uso da água na cultura do meloeiro. / Taliane Maria da Silva Teófilo. -- Mossoró: 2010. 80f.: il. Dissertação (Mestrado em Fitotecnia: Área de concentração em Agricultura Tropical) – Universidade Federal Rural do Semi-Árido. Pró-Reitoria de Pós-Graduação. Orientador: Prof.º Dr. Sc. Francisco Cláudio L. de Freitas Co-orientador: Prof.º Dr.Sc. José Francismar de Medeiros 1.Cucumes melo L.. 2.Cobertura do solo. 3.Eficiência no uso da água. 4. Manejo cultura. I. Título. CDD:635.611 Bibliotecária: Marilene Santos de Araújo CRB-5/1033 INTERFERÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS NO CRESCIMENTO E NA EFICIÊNCIA DE USO DA ÁGUA NA CULTURA DO MELOEIRO NOS SISTEMAS DE PLANTIO DIRETO E CONVENCIONAL Dissertação apresentada à Universidade Federal Rural do Semi-Árido, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Fitotecnia. APROVADA EM: 14 / 12 /2009 Aos meus irmãos Tonny, Tayza, Tennison e Tiago pelo apoio, carinho e amizade. Dedico Aos meus pais José Teófilo e Etelvina das Dores, pelo amor e confiança. Ofereço AGRADECIMENTOS A Deus, força maior, que está presente em todos os momentos da minha vida, sejam eles alegres ou tristes. À Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA) pela oportunidade de realização do curso; A CAPES pela concessão da bolsa; Ao CNPq pelo financiamento do projeto; Aos meus pais José Teófilo e Etelvina das Dores pelo amor incondicional e por nunca deixarem de acreditar em mim; Aos meus irmãos Tonny, Tayza, Tennison e Tiago pelo carinho, amizade e confiança; À minha sobrinha Ana Júlia pela doçura, amor e carinho que demonstra por mim, saiba que a recíproca é verdadeira. Ao meu namorado Diêgo Marlus pelo amor, compreensão e paciência, pois soube compreender todas as minhas „ausências‟ durante o decorrer do projeto. Ao meu orientador Francisco Cláudio Lopes de Freitas, pela orientação, amizade e compreensão indispensáveis para o êxito desse projeto. Ao meu co-orientador José Francismar de Medeiros e ao conselheiro da banca, Francisco Affonso Ferreira - UFV, pelas sábias sugestões, contribuindo consideravelmente para o aprimoramento da obra. As minhas amigas Doralice, Dalila, Carmem, Lisiane, Kênia, Samara e Daniele pela amizade, ajuda e companheirismo, tornando esses dois anos mais fáceis e harmoniosos. A toda equipe de Plantas Daninhas: Larissa, Hélida, Ramônia, Michel, Mikael, Elania, Márcio, Ana Paula, Jorge e Paulinha. colocar, só estou lembrando caso tenha se esquecido) e em especial a minha amiga Doralice que me acompanhou dia e noite na execução do experimento, esse mérito é nosso. Aos colegas do mestrado: Welder, Carlos Eduardo, Andréa Andrade, Priscila, Patrício, Isaías, Dalila, Carmem, Dora, enfim a toda a turma pela cumplicidade e amizade. Aos funcionários da horta, Srs. Antonio, Alderi, Josevan e Zé pela importante ajuda nos trabalhos de campo. Ao funcionário Sr. Agostinho pelas inúmeras risadas, brincadeiras, carinho e também pelas caronas e lanches que o Sr. levava pra horta, tornando o trabalho mais harmonioso e agradável. A Empresa Agristar do Brasil, em especial a pessoa de Halen Vieira de Queiroz Tomaz pela concessão das sementes para realização do experimento e pelas importantes dicas e sugestões para condução do mesmo. Para todas as pessoas que não deu para citar os nomes, mas que me ajudaram direta ou indiretamente, seja com uma palavra de apoio ou uma ajuda na execução do trabalho os meus sinceros agradecimentos! É dentro de nós que nos podemos conhecer a nós mesmos e conhecer verdadeiramente o que são as coisas e as pessoas e os acontecimentos. Dentro de nós é que havemos de encontrar as sementes do ideal, do sonho nobre, da força para resistir e avançar. E se houver Deus é dentro de nós que O podemos conhecer bem. (Paulo Geraldo) BIOGRAFIA TALIANE MARIA DA SILVA TEÓFILO, filha de José Teófilo Sobrinho e Etelvina das Dores da Silva Teófilo, nasceu no dia 23 de maio de 1984, em Ipanguaçu-RN. Concluiu o Ensino Médio no Complexo Educacional Santo André, Assu-RN em dezembro de 2001, ingressou no curso de Agronomia em março de 2002 e em 2006 diplomou-se Engenheira Agrônoma pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA, em Mossoró-RN. Em 2007 trabalhou na Agrícola Famosa Ltda., Icapuí-CE. E em fevereiro de 2008 ingressou no Programa de Pós-Graduação em Fitotecnia, na mesma Universidade. RESUMO TEÓFILO, Taliane Maria da Silva. Interferência de plantas daninhas no crescimento e na eficiência de uso da água na cultura do meloeiro nos sistemas de plantio direto e convencional, 2009. 72f. Dissertação (Mestrado em Fitotecnia) – Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), Mossoró-RN, 2009. Com o objetivo de avaliar a interferência de plantas daninhas no crescimento, produção e eficiência no uso da água na cultura do melão, submetido à estratégias de manejo de plantas daninhas nos sistemas de plantio convencional e direto, conduziu se dois experimentos no campus da Universidade Federal Rural do Semi-Árido, no esquema de parcelas subdivididas, distribuídas no delineamento experimental de blocos casualizados com três sistemas de manejo de plantas daninhas (cobertura do solo com filme de polietileno, com capinas e sem capinas) nos sistemas de plantio direto e convencional. No primeiro experimento foram realizadas avaliações de crescimento do meloeiro aos 0, 14, 28, 42, 56 e 62 dias após o transplantio, para as seguintes características: área foliar, índice de área foliar, massa seca de folhas, caule e frutos e as taxas de crescimento absoluto, relativo e de assimilação líquida. Por ocasião da colheita avaliou-se a massa seca de plantas daninhas. No segundo experimento, avaliou-se a produtividade do meloeiro e a eficiência no uso da água (kg de frutos por m³ de água), baseada na lâmina de água aplicada para cada tratamento, determinada pela leitura de tensiômetros instalados a 15 e 30 cm de profundidade, em cada unidade experimental. O sistema de plantio direto apresentou índices de crescimento superiores aos do sistema de plantio convencional em todas estratégias de manejo de plantas daninhas. No tratamento sem capinas o sistema de plantio direto reduziu em 86,7 e 70,9%, o acúmulo de massa seca de plantas daninhas, aos 30 dias após o transplantio e na colheita, respectivamente, em relação ao plantio convencional e a interferência destas reduziu a produtividade comercial em 100% no plantio convencional e 28,8% no plantio direto. A cobertura do solo com filme de polietileno, no plantio convencional, a palhada mais filme de polietileno e a palhada no plantio direto reduziram o consumo de água em 23% (388,8 m³/ha), 21% (363,0 m³/ha) e 13% (215,0 m³/ha), respectivamente, em relação ao tratamento com capinas no plantio convencional. Maior eficiência no uso da água foi verificada no tratamento com filme de polietileno no plantio direto (25,58 kg m-3). No tratamento sem capinas no sistema de plantio convencional, além da perda total na produtividade comercial, a interferência das plantas daninhas aumentou o consumo de água em 10%. Palavras-chave: Cucumis melo L., cobertura do solo, eficiência no uso da água, manejo cultural. ABSTRACT TEÓFILO, Taliane Maria da Silva. Weed interference on growth and efficiency of water use in the melon in conventional and no-tillage systens, 2009. 72f. Dissertation (MSc in Crop Science) - University of the Semi-Arid Rural (UFERSA) Mossoró, RN, 2009. Aiming to evaluate the weeds interference on growth, production and efficiency in water use in the melon crop submitted to strategies for weeds management in conventional tillage and no-tillage systems, were conducted two experiments on the campus of Universidade Federal Rural do Semi-Arido, in split plots, distributed in randomized block design, with three systems of weed management (cover with polyethylene mulching, with regular weeds control and without weeds control) in no-tillage and conventional tillage systems. In the first experiment were evaluated the growth of melon plants at 0, 14, 28, 42, 56 and 62 days after transplanting, for the following characteristics: leaf area, leaf area index, dry mass of leaves, stems and fruits and the rates absolute growth, relative growth and net assimilation. At harvest occasion it was estimated the dry mass of weeds. The second experiment evaluated the productivity of melon and water use efficiency (kg fruit per m³ of water), based on irrigation water applied for each treatment, determined by the reading of tensiometers installed at 15 and 30 cm depth in each experimental unit. The no-tillage system had growth rates higher than those of conventional tillage in all strategies for weed management. In the treatment without weed control in no-tillage system reduced by 86.7 and 70.9%, the dry mass of weeds at 30 days after transplanting and in harvest, respectively, compared to conventional tillage system and the interference of these reduced commercial yield by 100% in conventional tillage and 28.8% in no-tillage. The soil covered with polyethylene film in conventional tillage, straw mulch and straw more polyethylene film mulching in no-tillage system have reduced water consumption by 23% (388.8 m³ ha-1), 21% (363.0 m³ ha-1) and 13% (215.0 m³ ha1 ), respectively, compared to treatment with weeds control in conventional tillage. Greater efficiency in water use was observed in treatment with polyethylene mulching in no-tillage system (25.58 kg m-3). In the treatment without weeds control in conventional tillage system, besides the total loss in yield, the interference of weeds increased water consumption by 10%. Keywords: Cucumis melo L., efficient use of water, straw, cultural management. LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 Figura 1. Número de folhas (A), área foliar (B), Índice de área foliar (C) e massa seca de folhas (D) de melão amarelo (cv. 0601) em função dos dias após o transplantio, para os tratamentos com filme de polietileno no plantio convencional (FC), capinado no plantio convencional (CC), sem capina no plantio convencional (SC), filme de polietileno no plantio direto (FD), capinado no plantio direto (CD) e sem capina no plantio direto (SD), Mossoró-RN, UFERSA, 2008..............................................................................................................43 Figura 2. Massa seca de caule, de frutos e total e taxa de crescimento absoluto de melão amarelo (cv. 0601) em função dos dias após o transplantio, para os tratamentos com Filme de polietileno no plantio Convencional (FC), Capinado plantio Convencional (CC), Sem capina Convencional (SC), Filme de polietileno no plantio Direto (FD), Capinado no plantio Direto (CD) e Sem capina no sistema de plantio Direto (SD), Mossoró-RN, UFERSA, 2008.................................................................................................................46 Figura 3. Taxa de crescimento relativo (TCR) e de assimilação líquida (TAL) de melão amarelo (cv. Primax), para os tratamentos com filme de polietileno no plantio Convencional (FC), Capinado plantio Convencional (CC), Sem capinas Convencional (SC), filme de polietileno no plantio Direto (FD), Capinado no plantio Direto (CD) e sem capinas no sistema de plantio Direto (SD), MossoróRN, UFERSA, 2008.........................................................................................48 CAPÍTULO 3 Figura 1. Temperaturas máxima (T máx.), mínima (T mín) e média (T média) (Fig. A), Umidade relativa do ar máxima (UR máx.), mínima (UR mín) e média (UR média) (Fig. B), velocidade do vento a 10 m de altura(V10), radiação global (Rg) e evapotranspiração de referência (ETo) (Fig. C) durante o período experimental. Mossoró. 2008. (Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia INMET)............................................................................................................60 Figura 2. Redução do consumo de água para os tratamentos com filme de poilietileno, com capinas e sem capinas nos sistemas de plantio convencional e plantio direto em relação ao tratamento com capinas no plantio convencional. Mossoró-RN, UFERSA, 2008.............................................................................70 LISTA DE TABELAS CAPÍTULO 2 Tabela 1. Quantidades de fertilizantes (Kg ha-1) aplicados por meio de fertirrigação ao longo do ciclo de desenvolvimento da cultura do melão (TOMAZ, 2008)..................................................................................................38 Tabela 2- Massa seca das principais espécies daninhas (g m-2) na cultura do melão, por ocasião da colheita. Mossoró-RN, UFERSA, 2008..................................................................................................................41 CAPÍTULO 3 Tabela 1. Quantidades de fertilizantes (Kg ha-1) aplicados por meio de fertirrigação ao longo do ciclo da cultura do melão, Mossoró-RN, UFERSA, 2007................................................................................................................62 Tabela 2- Densidade das principais plantas daninhas (plantas m-2) na cultura do melão, aos 30 dias após o transplantio (DAT) e por ocasião da colheita do meloeiro. Mossoró-RN, UFERSA, 2008.....................................................................................................................65 Tabela 3. Consumo diário de água (m3 ha-1) nos diferentes períodos de crescimento (semanas) e consumo total de água meloeiro (m³ ha -1) em função dos sistemas de plantio convencional e plantio direto e manejo de plantas daninhas. Mossoró-RN, UFERSA, 2008.............................................................68 Tabela 4. Produção de frutos de melão e eficiência no uso da água no meloeiro em função dos sistemas de plantio e estratégias de manejo de plantas daninhas. Mossoró-RN, UFERSA, 2008.............................................................................72 SUMÁRIO CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO GERAL........................................................ 16 1.1 INTRODUÇÃO GERAL............................................................................. 16 1.2 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................... 24 CAPÍTULO 2 - INTERFERÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS NO CRESCIMENTO DO MELOEIRO NOS SISTEMAS DE PLANTIO DIRETO E CONVENCIONAL........................................................................................ 31 2.1 RESUMO..................................................................................................... 31 2.2 ABSTRACT................................................................................................. 32 2.3 INTRODUÇÃO............................................................................................ 33 2.4 MATERIAL E MÉTODOS.......................................................................... 36 2.5 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................. 40 2.6 LITERATURA CITADA............................................................................. 50 CAPÍTULO 3 - EFEITO DO SISTEMA DE PLANTIO DIRETO NO CONSUMO DE ÁGUA E MANEJO DE PLANTAS DANINHAS NA CULTURA DO MELÃO.................................................................................. 55 3.1 RESUMO..................................................................................................... 55 3.2 ABSTRACT................................................................................................. 56 3.3 INTRODUÇÃO............................................................................................ 57 3.4 MATERIAL E MÉTODOS.......................................................................... 59 3.5 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................. 64 3.6 LITERATURA CITADA............................................................................. 76 RECOMENDAÇÕES GERAIS........................................................................ 80 CAPÍTULO 1 - INTERFERÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS NO CRESCIMENTO E NA EFICIÊNCIA DE USO DA ÁGUA NA CULTURA DO MELOEIRO NOS SISTEMAS DE PLANTIO DIRETO E CONVENCIONAL 1.1 INTRODUÇÃO GERAL O meloeiro (Cucumis melo L.) é uma espécie polimórfica pertencente à família das Curcubitáceas e ao gênero Cucumis. É uma planta anual, herbácea, rasteira, de haste sarmentosa, provida de gavinhas axilares e folhas simples, palmadas, pentalobuladas, angulosas quando jovens e subcodiformes quando desenvolvidas (PEDROSA, 1997). Possui hábito de crescimento rasteiro, com os ramos laterais, podendo atingir até três metros de comprimento e sistema radicular fasciculado, com crescimento abundante nos primeiros 30 cm de profundidade (ARAÚJO, 1980; FILGUEIRA, 2003). Possui em torno de 40 variedades botânicas, sendo que a Cucumis melo inodorus Naud., a mais cultivada no Brasil, e Cucumis melo cantaloupensis Naud. correspondem aos melões inodoros e aos aromáticos, respectivamente (COSTA, 1999). Os melões do primeiro grupo apresentam frutos com casca lisa ou levemente enrugada, coloração amarela, branca ou verde-escura. Os do segundo grupo possuem frutos com superfície rendilhada, verrugosa ou escamosa, podendo ou não apresentar gomos, polpa com aroma característico e de coloração alaranjada, salmão ou verde (MENEZES, 2000). O meloeiro adapta-se melhor aos climas quentes e secos, requerendo irrigação para suprir sua demanda hídrica, de acordo com o estágio de desenvolvimento, principalmente na floração e na frutificação. Podendo ser cultivado o ano todo em locais com temperatura anual média entre 18° e 39°C (BLANCO et al., 1997). O desenvolvimento vegetativo da planta diminui quando a temperatura do ar é inferior a 13°C, paralisando a 1°C. As 16 temperaturas ideais estão entre 28°C e 32°C para germinação, 20°C e 23°C para floração e 25°C e 30°C para o desenvolvimento. No desenvolvimento inicial da planta, a umidade deve ser entre 65 e 75%, na floração entre 60 e 70% e na frutificação entre 55 e 65% (SOUSA et al., 1999). Com relação a sua origem, existem discordâncias entre os historiadores sobre o provável centro de origem do melão. No entanto Mallick & Massui (1986), acreditam que o sudoeste da África e a Índia peninsular, podem ter sido o centro de origem. Essa teoria é confirmada pela presença de tipos idênticos nestas regiões e em suas adjacências. A cultura foi introduzida comercialmente no Brasil na década de 60, e suas principais áreas produtoras eram os estados de Rio Grande do Sul e São Paulo. No entanto a produtividade e qualidade eram bastante limitadas (ARAÚJO; VILELA, 2003). Atualmente, devido às condições de solo e clima a região Nordeste do Brasil é responsável por mais de 90% do melão produzido no país, destacando-se os estados do Ceará e Rio Grande do Norte (IBGE, 2009). Nessa região, época mais favorável para o cultivo do melão é de agosto a fevereiro, devido à baixa probabilidade de ocorrência de chuvas, que resulta em frutos de melhor qualidade. Diversos fatores podem interferir na produtividade das culturas, dentre os quais, merece destaque a interferência de plantas daninhas, que competem com a cultura por água, luz e nutrientes, além de liberarem substâncias alelopáticas que inibirão seu desenvolvimento; bem como, o teor de água disponível no solo, também tem sido considerado como um dos mais agravantes, por diversas razões, dentre as quais pode-se destacar o fato da água ser requerida como parte integrante dos vegetais, sobretudo, por seu papel no transporte de nutrientes e na taxa fotossintética, entre outras funções, consideradas vitais para o desenvolvimento das plantas. 17 A utilização eficiente da água está se tornando cada vez mais importante devido à escassez de recursos hídricos, especialmente na região semi-árida do Nordeste brasileiro, e ao elevado custo da energia, o que torna cada vez mais necessário o uso de metodologias apropriadas ao manejo racional do uso da água. Atualmente, diversos trabalhos têm sido desenvolvidos no sentido de promover o uso racional da água na agricultura (OLITTA et al., 1987; CARDOSO, 2002; NETO et al., 2006; BATISTA et al., 2009), melhorando a eficiência do uso desse bem tão escasso, através de sistema de irrigação localizada, por gotejamento. O uso racional da água passa por um controle eficiente da lâmina de irrigação aplicada nas culturas, usando sistemas que distribuam água na área em volume correspondente a evapotranspiração das mesmas (MEDEIROS, 2007), que pode ser estimada com razoável precisão, utilizando as recomendações da FAO, que se baseia na estimativa da evapotranspiração da cultura de referência, que depende apenas dos dados climáticos e do coeficiente de cultura, que varia ao longo do ciclo em função da fase fenológica da planta (ALLEN et al., 2006). No planejamento, projeto e operação de sistemas de irrigação, é possível analisar o efeito do suprimento de água sobre os rendimentos da cultura. A relação entre este rendimento e o suprimento de água, pode ser determinada quando se puder quantificar, de um lado, a necessidade hídrica da cultura e os efeitos do déficit hídrico e, de outro, os rendimentos máximo e real da cultura (DOOREMBOS; KASSAN, 1979). Entretanto, além do controle eficiente da lâmina de irrigação aplicada é fundamental que se utilizem estratégias que favoreçam o armazenamento de água no solo, através do aumento da infiltração e da redução da taxa de evaporação. Os solos do Semi-Árido Nordestino são geralmente pouco profundos, de baixa permeabilidade, de baixo teor de matéria orgânica, mas relativamente ricos 18 em bases. Assim, os métodos de exploração destes solos deveriam estar fundamentados no menor distúrbio possível do meio biológico e no reforço do aporte de matéria orgânica, pela manutenção de uma cobertura viva formada por plantas fixadoras de nitrogênio e de uma cobertura morta oriunda de restos culturais, esterco e fontes diversas de adubação verde (ARAÚJO FILHO, 2007). Dentre as técnicas a serem implementadas, merece destaque o sistema de plantio direto na palha, que segundo Agnes et al. 2004 e Freitas et al. (2005a), reduz as perdas de solo por erosão hídrica e eólica, reduz o assoreamento e a eutrofização de represas, rios e riachos, melhora as características físicas do solo, elevando sua capacidade de infiltração e retenção de água, elevando, também, seu teor de matéria orgânica. Salton (1995), avaliando atributos físicos do solo no sistema de integração agricultura-pecuária, verificou maior taxa de infiltração de água no solo em áreas cultivadas com soja em plantio direto sobre pastagem de braquiária, em relação à semeadura da leguminosa em sistema convencional. Além disso, a palhada na superfície do solo pode modificar as condições para a germinação de sementes e emergência das plântulas, em razão do efeito físico de cobertura e da liberação de substâncias alelopáticas (THEISEN et al., 2000; FÁVERO et al., 2001), reduzindo ou, até mesmo, evitando a realização de capinas. A cobertura do solo pode minimizar o risco climático das culturas de sequeiro, pela redução do déficit hídrico. Muitos trabalhos têm evidenciado que, em plantio direto, o conteúdo de água do solo é maior que em áreas cultivadas com preparo convencional (SIDIRAS et al., 2007; SALTON; MIELNICZUK, 1995; STONE; SILVEIRA, 1999). Sidiras et al. (2007) verificaram que, em plantio direto, o solo reteve de 36 a 45% mais água disponível para as culturas, reduzindo as perdas de água por evaporação e aumentando o armazenamento de água no solo. Já Meireles et al. (2003) verificaram que a utilização do sistema plantio direto proporcionou aumento da ocorrência de áreas com menor risco e 19 prolongamento do período favorável de semeadura, em relação ao sistema preparo convencional, os mesmos autores verificaram ainda, efeito mais evidentes em solos com melhor coberura pela palhada. Poucos trabalhos foram conduzidos relacionando o cultivo de hortaliças com o sistema de plantio direto. Marouelli et al (2006), avaliando o efeito desse sistema de cultivo, sobre o uso de água e variáveis relativas à produção de cultivares de tomate para processamento, em comparação com o sistema de plantio convencional, verificaram economia de água na ordem de 25%, até 50 dias após o transplante das mudas, de 11% durante todo o ciclo, além do incremento de 10 a 17% na produtividade e de 23% na eficiência do uso de água pelas plantas em relação ao plantio convencional. A cobertura morta (palhada) evita a evaporação da água direta do solo, podendo assim reduzir a evapotranspiração das culturas, nos estágios iniciais de crescimento, na ordem de 50% a 70% (MEDEIROS, 2007). Andrade et al. (2002), verificaram que a evapotranspiração na cultura do feijoeiro, cultivada no sistema de plantio direto, apresentou menores valores à medida que aumentou a porcentagem de cobertura do solo. Todavia, a obtenção de palhada, essencial ao sistema de plantio direto, na condição de clima semi-árido pode ser um fator limitante, em conseqüência do período seco prolongado com temperaturas elevadas, que acelera a taxa de decomposição dos resíduos vegetais. Portanto, é necessário utilizar espécies vegetais adequadas e estratégias de manejo, no sentido de formar palhada nestas condições. O uso de gramíneas perenes, destinadas à produção de forragem para pastejo, pode se constituir numa estratégia viável para a formação de palhada, uma vez que várias espécies, como a Brachiaria decumbens e a B. brizantha, apresentam potencial para consorciação com culturas de interesse econômico, como o feijão-caupi, milho e sorgo, no período chuvoso, que na região vai de 20 fevereiro a junho. Após a colheita da cultura principal, a forrageira se desenvolve e forma fitomassa, para dessecação e formação de palhada para o plantio direto. Nesse sentido, diversos trabalhos têm sido desenvolvidos buscando a associação do uso de plantas forrageiras para pastejo em rotação e/ou consorciação com cultivos anuais, no sistema de plantio direto (JAKELAITIS et al., 2005a; JAKELAITIS et al. 2005b; FREITAS et al., 2005b, FREITAS et al., 2008). O sistema radicular fasciculado das gramíneas, com raízes finas, após sua decomposição em razão da dessecação, contribui para formação de porosidade no solo, facilitando a infiltração e armazenamento da água, que, aliado à cobertura do solo formada pela parte aérea da planta, que contribui para a redução do escorrimento superficial, possibilitando a infiltração da água num maior espaço de tempo e a redução da taxa de evaporação, favorecendo a eficiência no uso da água por parte das culturas. Atualmente, a técnica mais utilizada pelos produtores de melão, para a redução da perda de água por evaporação, o controle de plantas daninhas e ainda evitar o contato direto do fruto com o solo é a cobertura do solo com filme de polietileno (TOMAZ, 2008). A aplicação do filme de polietileno aumentou a produção, a massa seca de folhas e a total de plantas em relação ao solo sem cobertura na cultura e do melão (IBARRA-JIMÉNEZ et al., 2004, TOMAZ, 2008). Por outro lado, tem custo elevado, tanto pela matéria prima, que algumas vezes não é reutilizada, quanto pela mão-de-obra na sua colocação (TOMAZ, 2008). O uso do plástico, especialmente o de cor preta, que é o mais utilizado, promove elevação da temperatura do solo, que pode passar dos 5ºC, quando comparado ao solo sem cobertura (IBARRA-JIMÉNEZ et al., 2008). Essa modificação na temperatura pode afetar o crescimento das plantas pelos efeitos da absorção, refletância e transmitância da radiação de ondas curtas e longas (LIAKATAS et al., 1986; 21 LAMONT, 2005). Todavia, o aumento da temperatura em regiões tropicais pode comprometer a sobrevivência de microorganismos, como também favorecer o surgimento de patógenos prejudiciais à cultura (SILVA et al. 2007). Uma das formas de se avaliar efeitos de técnicas de manejo, dentre diversas outras características, é a análise de crescimento das plantas. O crescimento de uma planta pode ser medido de várias maneiras. Em alguns casos, a determinação da altura é suficiente, mas, às vezes, maiores informações são necessárias, como por exemplo, o tamanho das folhas (comprimento, largura, área), a massa seca total ou de órgãos individuais, como raízes, caules, folhas e frutos. A análise de dados gerados a partir dos dados de crescimento é uma tarefa muito comum em diversas áreas de investigação cientifica. Em agronomia existem interesses óbvios em conhecer como as plantas crescem e a velocidade que crescem (MAZUCHELI; ACHCAR, 1997). Do ponto de vista agronômico, a análise de crescimento pode ser útil no estudo do comportamento vegetal sob diferentes condições ambientais, incluindo condições de cultivo, de forma a selecionar híbridos ou espécies que apresentem características mais apropriadas (diferenças funcionais e estruturais) aos objetivos do experimentador (BENINCASA, 2003), bem como, fatores intrínsecos associados com a fisiologia da planta (MAGALHÃES, 1979). Segundo Magalhães (1986), a análise de crescimento descreve as condições morfofisiológicas da planta em diferentes intervalos de tempo, permitindo acompanhar a dinâmica da produtividade, avaliada por meio de índices fisiológicos e bioquímicos. É um método a ser utilizado na investigação do efeito dos fenômenos ecológicos sobre o crescimento, como a adaptabilidade das espécies em ecossistemas diversos, efeitos de competição, diferenças genotípicas da capacidade produtiva e influência das práticas agronômicas sobre o crescimento. Afirma, ainda, que a determinação da área foliar é importante, 22 pois as folhas são as responsáveis pela captação de energia solar e produção de matéria orgânica, através da fotossíntese. Os índices envolvidos, determinados na análise de crescimento, indicam a capacidade do sistema assimilatório das plantas em sintetizar (fonte) e alocar a matéria orgânica nos diversos órgãos (drenos) que dependem da fotossíntese, respiração e translocação de fotoassimilados dos sítios de fixação de carbono aos locais de utilização ou de armazenamento, onde ocorrem o crescimento e a diferenciação dos órgãos. Portanto, a análise de crescimento expressa as condições morfofisiológicas da planta e quantifica a produção líquida, derivada do processo fotossintético, sendo o resultado do desempenho do sistema assimilatório durante certo período de tempo. Esse desempenho é influenciado pelos fatores bióticos e abióticos à planta (LARCHER, 1995). 23 1.2 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGNES, E.L.; FREITAS, F.C.L.; FERREIRA, L.R. Situação atual da integração agricultura pecuária em Minas Gerais e na Zona da Mata Mineira. In: ZAMBOLIM, L.; SILVA, A.A.; AGNES, E.L. Manejo integrado: Integração agricultura-pecuária. Viçosa-MG, 2004. p. 251-267. ALLEN, R.G.; PEREIRA, L. S.; RAES, D.; SMITH. Evapotranspiration del cultivo: Guías para la determinación de los requerimentos de agua de los cultivos. Roma: FAO, 2006, 298p. Estúdio FAO Riego y Drenaje, 56. ANDRADE, R. da S.; MOREIRA, J. A. A.; STONE, L. F.; CARVALHO, J. de A.. 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Agronomy Journal, v.4, n.1, p.101-145, 1952 30 CAPÍTULO 2 - INTERFERÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS NO CRESCIMENTO DO MELOEIRO NOS SISTEMAS DE PLANTIO DIRETO E CONVENCIONAL 2.1 RESUMO Com o objetivo de avaliar o crescimento do meloeiro (Cucumis melo L.), submetido a diferentes estratégias de controle de plantas daninhas nos sistemas de plantio direto e convencional, conduziu-se um experimento no período de fevereiro a dezembro de 2008 na horta experimental da UFERSA, em MossoróRN. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados, no esquema de parcelas subdivididas, com quatro repetições. As parcelas foram constituídas por dois sistemas de plantio (direto e convencional), e as subparcelas, por três estratégias de manejo de plantas daninhas (cobertura do solo com filme de polietileno, capinas regulares e sem capinas). Em cada subparcela foram realizadas seis épocas de avaliações (0, 14, 28, 42, 56 e 62 dias após transplantio) para determinação das seguintes características: Número de folhas, área foliar, índice de área foliar, massa seca de folhas, de caule, de frutos e total por planta, razão de área foliar e taxas de crescimento absoluto, de crescimento relativo e de assimilação líquida. Por ocasião da colheita avaliou-se também, a densidade e a massa seca de plantas daninhas. Verificou-se que o sistema de plantio direto apresentou redução de 70,9% na incidência de plantas daninhas em relação ao sistema de plantio convencional. Com relação à análise de crescimento, observou-se que sistema de plantio direto apresentou índices de crescimento superiores aos do sistema de plantio convencional. No tratamento sem capinas o sistema de plantio direto sofreu menor interferência das plantas daninhas e o tratamento com filme de polietileno apresentou índices de crescimento superiores às demais estratégias de manejo de plantas nos dois sistemas de plantio. Palavras-chave: Cucumis melo L., cobertura morta, manejo de plantas daninhas, filme de polietileno, mulching. 31 CHAPTER 2 - INTERFERENCE OF WEEDS ON GROWTH IN CONVENTIONAL AND NO-TILLAGE SYSTEMS 2.1 ABSTRACT Aiming to evaluate the growth of melon (Cucumis melo L.) under different control strategies of weeds in conventional and no-tillage systens, we conducted an experiment in the period from February to December 2008 in Mossoró-RN. The experiment was a randomized blocks, in a splitplot. with four replications. In the plots were available two planting systems (no-tillage and conventional tillage) and the sub-plots, three strategies for weed management (mulching with polyethylene film, with regular weeds control and without weeds control). In each subplots were six assessment times (0, 14, 28, 42, 56 and 62 days after transplanting) for determining the following characteristics: number of leaves, leaf area, leaf area index, dry mass of leaves, stem, fruits, and total per plant, the rates absolute growth, relative growth and net assimilation. At harvest occasion it was evaluated, density and dry mass of weeds. It was found that the no-tillage system showed a decrease of 70.9% in the incidence of weeds in relation to conventional tillage. Regarding the analysis of growth it was observed that notill system showed growth rates above those of conventional tillage. In the treatment without weeds control in no-tillage system has less interference and the treatment with polyethylene mulching had growth rates higher than other strategies for management of weeds in both tillage systems. Keywords: Cucumis melo L., straw, weed management, polyethylene film, mulching 32 2.3 INTRODUÇÃO Dentre as hortaliças tropicais, o melão (Cucumis melo L.), é a que tem demonstrado expansão mais significativa nas duas últimas décadas. Nesse período, o volume produzido passou de 37 mil toneladas anuais em 1981 para 352 mil toneladas em 2005. Esse incremento tão vigoroso deveu-se exclusivamente à região Nordeste, que aumentou 773% a produção entre os anos de 1987 a 2005 (IBGE, 2007). Com essa expansão na oferta, o melão tornou-se um dos mais importantes produtos do agronegócio brasileiro conquistando espaços cada vez maiores nos mercados nacional e internacional. Entretanto, como o cultivo do melão é uma exploração que demanda muito capital, torna-se imprescindível que os produtores além do conhecimento técnico sobre o manejo da cultura, adotem estratégias no sentido de reduzir os custos de produção, procurando preservar os recursos ambientais, como por exemplo, a adoção do sistema de plantio direto, que segundo Agnes et al. 2004 e Freitas et al. (2005a) reduz as perdas de solo por erosão hídrica e eólica, reduz o assoreamento e a eutrofização de represas, rios e riachos, melhora as características físicas do solo, elevando sua capacidade de infiltração e retenção, elevando, também, seu teor de matéria orgânica. Salton (1995), avaliando atributos físicos do solo no sistema de integração agricultura-pecuária, verificou maior taxa de infiltração de água no solo em áreas cultivadas com soja em plantio direto sobre pastagem de braquiária, em relação à semeadura da leguminosa em sistema convencional. O sistema de plantio direto reduz também, a interferência de plantas daninhas, que competem com a cultura por água, luz e nutrientes, além de liberar substâncias alelopáticas e serem hospedeiras de pragas e doenças, podendo ocasionar até 100% de perda na produção de frutos de melão, quando não controladas (TOMAZ, 2008). 33 Poucos estudos foram realizados avaliando a cultura do meloeiro no sistema de plantio direto. Em trabalho realizado Tomaz (2008) verificou-se que os tratamentos conduzidos no plantio direto apresentaram produtividade semelhante ao plantio convencional. No entanto, o plantio direto reduziu a infestação e a interferência de plantas daninhas na cultura. O controle das plantas daninhas no meloeiro pode ser feito por meio de capinas mecânicas, no entanto, como se trata de uma cultura que se alastra sobre o solo, este método apresenta baixo rendimento e pode danificar as plantas. O controle químico é muito limitado, considerando-se que atualmente, no Brasil, tem-se apenas um herbicida registrado para a cultura (clethodim + fenoxaprop-pethyl), que controla exclusivamente gramíneas (SILVA et al., 2007). Diante disso, uma técnica que vem sendo muito utilizada é o filme de polietileno (mulching sintético), que é um método físico-mecânico de controle das plantas daninhas. Este método tem sido muito utilizado nas áreas de melão e melancia, com irrigação por gotejamento na região Nordeste. Além de promover o controle das plantas daninhas o filme de polietileno reduz a perda de água por evaporação. Por outro lado, tem custo elevado, tanto pela matéria prima, que algumas vezes não é reutilizada, quanto pela mão-de-obra na colocação da lâmina de polietileno (TOMAZ, 2008). Outra preocupação com relação ao uso do plástico preto é o aumento da temperatura do solo, que pode passar dos 5ºC (IBARRA-JIMÉNEZ et al., 2008). Esse aumento da temperatura em regiões tropicais pode comprometer a sobrevivência de microorganismos, como também favorecer o surgimento de patógenos prejudiciais à cultura (SILVA et al. 2007). Para o melão, assim como para todas as outras culturas, pode-se através da análise de crescimento, avaliar efeitos de técnicas de manejo, dentre diversas outras características. O crescimento de uma planta pode ser medido de várias maneiras. Em alguns casos, a determinação da altura é suficiente, mas, às vezes, maiores informações são necessárias, como por exemplo, o tamanho das folhas 34 (comprimento, largura, área), a massa seca total ou de órgãos individuais, como raízes, caules, folhas e frutos (BENINCASA, 2003) . Os índices determinados na análise de crescimento indicam a capacidade do sistema assimilatório das plantas em sintetizar (fonte) e alocar a matéria orgânica nos diversos órgãos (drenos) que dependem da fotossíntese, respiração e translocação de fotoassimilados dos sítios de fixação de carbono aos locais de utilização ou de armazenamento, onde ocorrem o crescimento e a diferenciação dos órgãos. Portanto, a análise de crescimento expressa as condições morfofisiológicas da planta e quantifica a produção líquida, derivada do processo fotossintético, sendo o resultado do desempenho do sistema assimilatório durante certo período de tempo. Esse desempenho é influenciado pelos fatores bióticos e abióticos à planta (LARCHER, 1995). Portanto, devido à importância da cultura e da necessidade de que sejam desenvolvidas técnicas de manejo que possibilitem o aumento da eficiência produtiva, este trabalho tem como objetivo avaliar por meio de análise de crescimento, o cultivo do meloeiro nos sistemas de plantio direto e convencional associado à estratégias de manejo. 35 2.4 MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi conduzido no período de outubro a dezembro de 2008, na horta do Departamento de Ciências Vegetais do campus da UFERSA, em Mossoró-RN, localizada a uma latitude sul de 5º 11‟ e uma longitude oeste de 37º 20‟, e altitude de 18 m. O clima da região de acordo com a classificação de Koeppen, é do tipo BSwh‟, quente e seco; com precipitação pluviométrica média anual de 673,9 mm; temperatura e umidade relativa do ar média de 27°C e 68,9%, respectivamente. (CARMO FILHO & OLIVEIRA, 1995). O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados, no esquema de parcelas subdivididas com quatro repetições, sendo as parcelas compostas por dois sistemas de plantio (direto e convencional), as subparcelas compostas por três estratégias de manejo de plantas daninhas (cobertura do solo com filme de polietileno, capinas regulares e sem capinas). Nos tratamentos com plantio direto, para obtenção da palhada, foi realizado em fevereiro de 2008, assim que iniciou o período chuvoso, o plantio da cultura do milho, em consorciação com Brachiaria brizantha CV. Marandu. A semeadura da forrageira foi realizada na linha do milho, misturada com o adubo, por meio de plantadeira adubadeira tracionada por animal. Após a colheita do milho, no final de maio, a forrageira cresceu livremente até o mês de julho, quando foi feita dessecação com 1,90 kg ha-1 do herbicida glyphosate, para formação da palhada (seis t ha-1 de massa seca). Nas parcelas com plantio convencional, a área também foi cultivada com milho no período chuvoso, para a implantação do experimento, o solo foi preparado por meio de aração e duas gradagens, realizadas uma semana antes do transplantio das mudas de melão. A implantação do experimento foi feita por meio de mudas, produzidas em bandejas de polietileno, com 200 células, em covas, no espaçamento de 36 1,80m x 0,4m. O transplantio foi realizado quando as mudas estavam com 14 dias após a semeadura. O cultivar utilizado no experimento foi o melão amarelo híbrido 0601. Por ocasião do transplantio foi realizada adubação com 200 kg ha-¹ de P2O5, na cova utilizando-se de uma adubadeira manual para plantio direto (matraca). As irrigações foram realizadas pelo sistema de gotejamento na linha de plantio, com emissores de 1,7 L h-1 espaçados 0,3m. A dose de rega foi feita com base na leitura diária de um conjunto de tensiômetros instalados a 15 e 30 cm de profundidade, em cada unidade experimental para reposição integral da evapotranspiração da cultura, estimando a evapotranspiração de referência pela equação de Penmam Motheith (Allen et al., 1998) e Kc recomendado pela FAO. Com base nessas informações, foram aplicadas lâminas diferenciadas para cada tratamento. As adubações de cobertura foram feitas por meio de fertirrigação, sendo que as doses de nitrogênio, fósforo e potássio estão descritas na Tabela 1 de acordo com as fases fenológicas descritas por Allen et al. (1998) como sendo: I) estádio inicial – do plantio até 10% de cobertura do solo; II) estádio de crescimento – do final do estádio I até a cobertura total do solo; III) estádio intermediário: do estabelecimento da cobertura total do solo até o início da maturação dos frutos; IV) estádio final: da maturação até a colheita. Os períodos foram de 22, 20, 16 e 15 dias para os estádios I, II, III e IV respectivamente, proposto por Miranda et al., 1999. As quantidades de fertilizantes utilizadas foram baseadas nas doses usualmente praticadas pelos produtores da região (Tabela 1), utilizada por Tomaz (2008). 37 Tabela 1. Quantidades de fertilizantes (Kg ha-1) aplicados por meio de fertirrigação ao longo do ciclo de desenvolvimento da cultura do melão (TOMAZ, 2008). FASE DA DURAÇÃO URÉIA* MAP KCL CULTURA (DIAS) I – Inicial 22 33,0 24,0 0,0 II – Crescimento 20 129,0 129,0 0,0 III – Intermediário ou frutificação 16 128,0 88,0 135,0 IV – Final 15 58,0 0,0 139,0 73 348,0 241,0 274,0 TOTAL *Uréia (44% de N); MAP semi-purificado (10% de N e 52% de P); Cloreto de potássio (58% de K). No dia do transplantio e aos 14, 28, 42, 56 e por ocasião da colheita aos 62 dias após o transplantio (DAT), foram coletadas duas plantas de melão em cada subparcela. As plantas foram levadas ao laboratório e separadas em folhas, caule e frutos. As folhas foram contadas e passadas ao medidor de área Licor Equipamentos, modelo LI-3100, para determinação da área foliar. Posteriormente, as diferentes partes das plantas foram levadas à estufa com circulação forçada de ar a 65 °C, até massa constante, para serem obtidas as seguintes características: Número de folhas (NF), área foliar (AF), e massa seca de folhas (MSF), de caule (MSC), de frutos (MSFr) e total (MST) por planta. Com base na massa seca total da parte aérea e na área foliar, determinou-se, para cada época de avaliação, razão de área foliar (RAF) e, para cada intervalo, compreendido entre duas épocas de avaliação, as taxas de crescimento absoluto (TCA), de crescimento relativo (TCR) e de assimilação líquida (TAL), segundo Benincasa (2003). Para cada época de avaliação, determinou-se também o índice de área 38 foliar (IAF), a partir da área foliar (AF) total de cada planta e da área de solo explorada (AES), sendo esta equivalente a 0,72m2. Dessa forma, foi calculado o IAF com base na equação: IAF=AF/AES. A TCA representa a massa seca acumulada por intervalo de tempo, sendo calculada pela fórmula TCA=(MS nMSn-1)/(Tn-Tn-1). A TCR expressa o crescimento da planta em um intervalo de tempo, em relação à massa seca acumulada no início desse intervalo, é calculada pela fórmula TCR=[(lnMSn-lnMSn-1)/(Tn-Tn-1)] e a taxa de assimilação líquida TAL = [(MSn-MSn-1)/(Tn-Tn-1)]*[lnAFn – lnAFn-1)/(AFn – AFn-1)], (BENINCASA, 2003). Em que, MSn é a massa seca acumulada até a avaliação n; MSn-1 é a massa seca acumulada até a avaliação n-1; Tn é o número de dias após o tratamento, por ocasião da avaliação n; Tn-1 é o número de dias após o tratamento, por ocasião da avaliação n-1; AFn é área foliar por ocasião da avaliação n; AFn-1 é área foliar por ocasião da avaliação n-1. Por ocasião da colheita, fez-se avaliação de planta daninhas, nos tratamentos sem capinas, por meio de duas amostragens em quadrados vazados de 0,50 cm de lado, por subparcela. As plantas daninhas foram separadas por espécie e levadas à estufa de circulação forçada de ar a 65 °C até massa constante. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância para averiguação dos efeitos dos tratamentos e das interações entre os mesmos. O efeito das combinações dos sistemas de plantio e manejo de plantas daninhas em função das épocas de avaliação foi verificado por meio de análise de regressão utilizando-se o programa estatístico Sigmaplot 10.0. Na escolha do modelo levou-se em conta a explicação biológica e a significância do quadrado médio da regressão e das estimativas dos parâmetros. 39 2.5 RESULTADOS E DISCUSSÃO Verificou-se efeito significativo entre os sistemas de cultivo e de manejo de plantas daninhas para todas as características avaliadas. Com relação à infestação de plantas daninhas, observa-se na Tabela 2, que as principais espécies que ocorreram, nos tratamentos sem capinas, foram bredo (Talinum paniculatum), tiririca (Cyperus rotundus), Capim-milhã (Digitaria bicornis), erva-de-rola (Croton lobatus) e jitirana (Merremia aegyptia), sendo o sistema de plantio direto apresentou redução de 70,9% na massa seca produzida pelas espécies infestantes, em relação ao sistema de plantio convencional. Resultados semelhantes também foram verificados por Tomaz (2008), trabalhando com a cultura do melão. Em outras culturas, diversos trabalhos também evidenciaram menor incidência de plantas daninhas no sistema de plantio direto (JAKELAITIS et al, 2003; MATEUS, 2004; VIDAL & TREZZI, 2004; MESCHEDE et al., 2007). A menor ocorrência de plantas daninhas no sistema de plantio direto é atribuída a diversos fatores, como: não revolvimento do solo e efeitos físicos e alelopáticos da palhada que impedem ou dificultam a germinação e emergência das espécies infestantes. Com relação à cultura do melão, verificou-se efeito significativo para os sistemas de plantio (direto e convencional), estratégias de manejo de plantas daninhas e, para a interação sistemas de plantio e estratégias de manejo em todas as características avaliadas. 40 Tabela 2. Massa seca das principais espécies daninhas (g m-2) na cultura do melão, por ocasião da colheita. Mossoró-RN, UFERSA, 2008. Sistema de plantio Sistema de manejo Bredo Tiririca Capimmilhã Erva de rola Jitirana Outras Total Filme de 0bA 0bA 0bA 0bA 0bA 0bA 0bA polietileno Capinado 0bA 0bA 0bA 0bA 0bA 0bA 0bA S/ capina 180,91aA 7,29aA 125,22aA 80,92aA 98,36aA 145,89aA 638,59aA Filme de 0bA 0bA 0bA 0bA 0bA 0bA 0bA P. Direto polietileno Capinado 0bA 0bA 0bA 0bA 0bA 0bA 0bA S/ capina 78,13aB 0bB 6,01bB 54,52aB 34,59aB 12,75aB 186aB Nas colunas, letras minúsculas comparam as modalidades de manejo de plantas daninhas dentro de cada sistema de plantio e letras maiúsculas, coparam sistemas de plantio, dentro de cada modalidade de manejo de plantas daninhas, pelo teste de Tukey a 5% de significância (p ≤ 0,05). P. Convencional 41 As variáveis número de folhas por planta (NF), área foliar (AF), índice de área foliar (IAF) e massa seca de folhas (MSF), de caule (MSC), de frutos (MSFr) e total (MST) apresentaram comportamento semelhante, variando em função dos sistemas de plantio e manejo de plantas daninhas, com taxa de crescimento lento até por volta dos 28 DAT, seguido por intenso incremento até por volta dos 56 DAT, com posterior tendência à estabilização (Figuras 1 e 2), devido às plantas iniciarem o processo de senescência e maior quantidade de fotoassimilados destinados à formação dos componentes qualitativos dos frutos, como sólidos solúveis e ácidos orgânicos. Comportamentos semelhantes foram verificados por Duarte (2002), Silva Júnior (2006) e Tomaz (2008) Todas as características mencionadas foram afetadas pela interferência exercida pelas plantas daninhas nos tratamentos sem controle, com maiores diferenças observadas a partir da terceira época de amostragem (28 DAT), em relação às mantidas no limpo, com filme de polietileno ou capinadas (Figuras 1 e 2). Todavia, nos tratamentos com ausência de capinas, verifica-se que a menor incidência de plantas daninhas no sistema de plantio direto (Tabela 2), fez com que a cultura fosse menos influenciada pela competição em relação ao plantio convencional. 42 Área foliar/planta (cm²) 180 A 160 N° de folhas/planta 140 120 100 80 60 40 18000 16000 14000 12000 10000 8000 6000 4000 2000 0 B 20 0 0 0 14 28 42 56 28 42 56 62 Dias após o transplantio ŶFC= 11200,7863/(1+exp(-(39,8223-x0)/6,8783)) R²=0,83 ŶCC= 6265,5538/(1+exp(-(x-34,9199)/6,2152)) R²=0,98 ŶSC=-24,0538+-12,2556*x+2,1922*x²+-0,0296*x³ R²=0,93 ŶFD= 15742,7465/(1+exp(-(x-37,24)/6,1786)) R²=0,94 ŶCD= 9825,0737/(1+exp(-(x-37,20)/6,2261)) R2=0,87 ŶSD=21,9242+-136,9825*x+11,4655*x²-0,1419*x³ R2=0,96 62 Dias após o transplantio ŶFC= 126,7839/(1+exp(-(x-34,3236)/11,1222)) R²=0,94 ŶCC= 177,5492/(1+exp(-(42,3122-x0)/9,0637)) R²=0,94 ŶSC=5,0470+0,3229*x R2=0,56 ŶFD= 129,3676/(1+exp(-(x-31,4109)/6,9253)) R2=0,99 ŶCD=-1,0704+1,0825*x+0,0153*x² R²=0,93 ŶSD= 84,7688/(1+exp(-(x-29,2995)/8,7278)) R²=0,95 2,5 Massa seca folha (g/planta) 70 C 2 IAF (m2 m-2) 14 1,5 1 0,5 D 60 50 40 30 20 10 0 0 0 14 28 42 56 0 62 14 28 42 56 62 Dias após o transplantio Dias após o transplantio ŶFC= 1,5557/(1+exp(-(x-39,82)/6,878)) R²=0,83 ŶCC= 0,87/(1+exp(-(x-34,92)/6,215)) R²=0,98 ŶSC= 0,1229/(1+exp(-(x-22,087)/2,42)) R²=0,88 ŶFD= 2,19/(1+exp(-(x-37,35)/6,18)) R²=0,94 ŶCD= 1,364/(1+exp(-(x-37,20)/6,226)) R²=0,87 ŶSD=0,003-0,019*x+0,0016*x²-1,9713E-005*x³ R²=0,96 ŶFC= 46,9035/(1+exp(-(x-40,3890)/8,8395)) ŶCC= 43,7034/(1+exp(-(x-42,2509)/8,7455)) ŶSC= 11,9877/(1+exp(-(x-29,0914)/5,7484)) ŶFD= 85,7051/(1+exp(-(x-49,9535)/11,2230)) ŶCD=0,1498-0,1071*x+0,0149*x^2 ŶSD=0,1531-0,0707*x+0,0105*x^2 R²=0,97 R²=0,99 R²=0,99 R²=0,97 R²=0,98 R²=0,97 Figura 1. Número de folhas (A), área foliar (B), Índice de área foliar (C) e massa seca de folhas (D) de melão amarelo (cv. 0601) em função dos dias após o transplantio, para os tratamentos com filme de polietileno no plantio convencional (FC), capinado no plantio convencional (CC), sem capina no plantio convencional (SC), filme de polietileno no plantio direto (FD), capinado no plantio direto (CD) e sem capina no plantio direto (SD), Mossoró-RN, UFERSA, 2008. 43 Quando se analisa os tratamentos com manejo de plantas daninhas em cada sistema de cultivo (direto e convencional), observa-se que a cobertura do solo com filme de polietileno proporcionou maiores valores, no final do ciclo da cultura, para todas as características, tanto no plantio direto quanto no convencional, em relação à cultura mantida no limpo por meio de capinas. No entanto, em ambas as estratégias de manejo, maiores valores para as características AF, IAF, MSF, MSC, MSFr e MST são verificados no sistema de plantio direto. Maior produção de massa seca de folhas e total por planta, foram verificas, quando se utilizou cobertura de solo com filme de polietileno, em relação ao solo sem cobertura nas culturas do pepino (IBARRA-JIMÉNEZ et al., 2004) e do melão (IBARRA- JIMÉNEZ et al., 2005). Tomaz (2008), avaliando crescimento de meloeiro nos sistemas de plantio direto e convencional, com e sem controle de plantas daninhas, verificaram que os componentes do crescimento de plantas se comportaram de modo semelhante nos sistemas de plantio direto e convencional, quando mantidos no limpo. No entanto, menor interferência de plantas daninhas, nos tratamentos mantidos sem capinas, foi verificada no sistema de plantio direto, como conseqüência da menor densidade e massa seca produzida pelas espécies infestantes, embora, com valores inferiores aos tratamentos mantidos no limpo. O intenso acúmulo de massa seca total observado em todos os tratamentos, com exceção do sistema de plantio convencional sem capinas que foi altamente afetado pelas plantas daninhas, a partir dos 28 DAT, sofreu grande influência da massa seca de frutos, que passam a ser um importante componente da massa seca total da parte aérea da planta, especialmente, por ocasião da colheita. Comportamento semelhante foi observado Tomaz (2008) no meloeiro e por Grangeiro e Cecílio Filho (2004) na cultura da melancia no híbrido „Tide‟ e Grangeiro et al. (2005) na cv. „Mickylee‟, quando verificaram maior incremento 44 de massa seca após o início da frutificação. Lima (2001) estudando diversos híbridos de melão verificou que a parte vegetativa (folha e hastes) contribuía no final do ciclo com 25 a 40% da massa seca total da planta, enquanto os frutos com 60% a 75%. Pôrto (2003), também, obteve resultados semelhantes, tendo a parte vegetativa do melão „Torreon‟ participado com 38% e os frutos com 63% da massa seca total. A Figura 2D mostra o comportamento da taxa de crescimento absoluto, (TCA), que representa a massa seca acumulada pela cultura por intervalo de tempo, diante das estratégias de controle de plantas daninhas nos sistemas de plantio direto e convencional. Observa-se que o aumento do acúmulo de massa pela cultura é crescente até o terço final do ciclo da cultura, com posterior tendência à estabilização. Resultados semelhantes foram obtidos por Farias et al. (2003), trabalhando com crescimento do melão „Gold Mine‟ sob diferentes lâminas de irrigação. No entanto, verificou-se que maiores taxas de incremento de massa seca, no terço final do ciclo da cultura, ocorreram no sistema de plantio direto, independente da estratégia de manejo de plantas daninhas. Quanto às estratégias de manejo de plantas daninhas, observa-se que a TCA foi favorecida pelo uso do filme de polietileno. Nos tratamentos sem controle de plantas daninhas, verificam-se taxas de acúmulo bem superiores no sistema de plantio direto, em razão da menor interferência exercida pelas plantas daninhas, em relação ao plantio convencional. 45 A Massa seca de caule (g/planta) 40 35 30 25 20 15 10 Massa seca folha (g/planta) 45 70 B 60 50 40 30 20 10 0 0 5 14 28 0 14 28 42 56 62 ŶFC= 46,9035/(1+exp(-(x-40,3890)/8,8395)) ŶCC= 43,7034/(1+exp(-(x-42,2509)/8,7455)) ŶSC= 11,9877/(1+exp(-(x-29,0914)/5,7484)) ŶFD= 85,7051/(1+exp(-(x-49,9535)/11,2230)) ŶCD=0,1498-0,1071*x+0,0149*x^2 ŶSD=0,1531-0,0707*x+0,0105*x^2 Dias após o transplantio ŶFC= 38,5579/(1+exp(-(x-43,7353)/9,6263)) ŶCC= 28,4307/(1+exp(-(x-43,8486)/9,6500)) ŶSC= 6,8374/(1+exp(-(x-28,7441)/5,9359)) ŶFD=0,4299-0,2113*x+0,0143*x^2 ŶCD=-0,8008+0,0402*x+0,0087*x^2 ŶSD=0,433+-0,1517*x+0,0084*x^2 R²=0,98 R²=0,99 R²=0,98 R²=0,98 R²=0,98 R²=0,97 C 56 62 0 14 28 42 56 R²=0,97 R²=0,99 R²=0,99 R²=0,97 R²=0,98 R²=0,97 D 6 200 150 100 50 0 TCA (g/dia) Massa seca total (g/planta) 42 Dias após o transplantio 0 5 4 3 2 1 0 62 Dias após o transplantio 14 28 42 56 62 Dias após o transplantio ŶFC= 140,2119/(1+exp(-(x-45,2945)/9,2539)) ŶCC= 122,1651/(1+exp(-(x-47,0125)/9,8008)) ŶSC= 24,4435/(1+exp(-(x-31,6879)/7,0078)) ŶFD= 236,2155/(1+exp(-(x-53,6441)/10,7868)) ŶCD= 231,8194/(1+exp(-(x-59,8601)/12,8099)) ŶSD=0,7113-0,3495*x-0,0254*x^2 R²=0,99 R²=0,99 R²=0,99 R²=0,99 R²=0,99 R²=0,99 ŶFC= 3,1617/(1+exp(-(x-29,6999)/4,9345)) R²=0,99 ŶCC= 2,83/(1+exp(-(x-32,043)/6,868)) R²=0,98 ŶSC=-1,7623+0,180*x+-0,0041*x^2+2,7308E-005*x^3 R²=0,92 ŶFD= 5,976/(1+exp(-(x-43,255)/10,965)) R²=0,72 ŶCD=-1,433+0,0946*x r²=0,90 ŶSD=-0,996+0,0626*x r²=0,84 Figura 2. Massa seca de caule, de frutos e total e taxa de crescimento absoluto de melão amarelo (cv. 0601) em função dos dias após o transplantio, para os tratamentos com Filme de polietileno no plantio Convencional (FC), Capinado plantio Convencional (CC), Sem capina Convencional (SC), Filme de polietileno no plantio Direto (FD), Capinado no plantio Direto (CD) e Sem capina no sistema de plantio Direto (SD), Mossoró-RN, UFERSA, 2008. 46 A taxa de crescimento relativo (TCR) não foi influenciada pelos sistemas de cultivo, nem estratégias de manejo de plantas daninhas, com isso os resultados são apresentados em uma única curva, que foi crescente até por volta dos 28 DAT, com posterior declínio até o final do ciclo da cultura (Figura 3 A). Esse declínio coincide com o início da fase de formação de frutos (Figura 2B) e se deve ao aumento da massa seca acumulada pelas plantas e consequente aumento da necessidade de fotoassimilados para a manutenção das estruturas já formadas, assim, a quantidade de fotoassimilados disponível para o crescimento tende a ser menor e conseqüentemente é decrescente com o tempo. Tendências semelhantes foram observadas em tomate (FAYAD et al., 2001), pimentão (FONTES et al., 2005) e cenoura (TEÓFILO et al., 2009). Segundo Fontes et al. (2005) decréscimos nos valores de TCR, ao longo do ciclo, são comuns para a maioria das espécies. A taxa assimilatória líquida (TAL), que evidencia a eficiência do aparelho fotossintético, apresentou comportamento semelhante à TCA, com maiores valores observados dentro de cada sistema de manejo de plantas daninhas, no final do ciclo da cultura, nos tratamentos com plantio direto (Figura 3 B). A TAL foi também, influenciada pelas estratégias de manejo de plantas daninhas, com maiores índices de acúmulo verificados quando se utilizou o filme de polietileno. Segundo Pereira (2008), a cobertura do solo com filme de polietileno reduz as perdas de água e nutrientes, favorecendo o crescimento da cultura. A TAL foi influenciada também, pela interferência das plantas daninhas (Figura 3 B), com menores valores observados nos tratamentos sem capinas, embora, a redução do crescimento da cultura tenha sido mais acentuado no plantio convencional, devido à maior ocorrência de plantas daninhas verificadas nessa condição. Tomaz (2008) também, verificou efeito da interferência das plantas 47 daninhas na redução na TCA e na TAL na cultura do meloeiro, com maiores perdas no sistema de plantio convencional. Todavia, quando a cultura foi mantida no limpo, este autor não verificou diferenças entre os sistemas de plantio direto e convencional. 0,3 A 0,2 -1 -2 TCR (g g dia ) 0,25 0,15 0,1 0,05 0 14 28 42 56 62 Dias após o transplantio Ŷ=0,3089*exp(-0,5*(ln(x/21,083)/0,41)^2) R2=0,97 60 B TAL (g cm-2 dia-1) 50 40 30 20 10 0 14 28 42 56 62 Dias após o transplantio ŶFC= 29,46/(1+exp(-(x-31,89)/5,84)) ŶCC= 25,02/(1+exp(-(x-33,90)/6,96)) ŶSC=-6,05+ 0,556*x+-0,0071*x^2 ŶFD= 55,75/(1+exp(-(x-43,39)/9,31)) ŶCC= 1104,57/(1+exp(-(x-122,58)/19,22)) ŶSD=2,89+-0,224*x+0,0093*x^2 R²=0,99 R²=0,98 R²=0,99 R²=0,87 R²=0,96 R²=0,86 Figura 3. Taxa de crescimento relativo (TCR) e de assimilação líquida (TAL) de melão amarelo (cv. Primax), para os tratamentos com filme de polietileno no plantio Convencional (FC), Capinado plantio Convencional (CC), Sem capinas Convencional (SC), filme de polietileno no plantio Direto (FD), Capinado no plantio Direto (CD) e sem capinas no sistema de plantio Direto (SD), MossoróRN, UFERSA, 2008. 48 CONCLUSÕES: A cultura conduzida no sistema de plantio direto apresentou índices de crescimento superiores aos do sistema de plantio convencional; No tratamento sem capinas o sistema de plantio direto apresentou redução de 70,9% na massa seca produzida pelas espécies infestantes, em relação ao sistema de plantio convencional; O tratamento com filme de polietileno apresentou índices de crescimento superiores às demais estratégias de manejo de plantas nos dois sistemas de plantio. 49 2.6 LITERATURA CITADA AGUIAR NETO, A.O.; RODRIGUES, J.D.; NASCIMENTO JÚNIOR, N.A. 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Avaliou-se a densidade e a massa seca das plantas daninhas aos 30 dias após o transplantio, a produtividade comercial e total, o consumo diário de água nas diferentes fases da cultura e total, com base na aplicação de lâminas diferenciadas para cada tratamento, determinadas pela leitura de tensiômetros instalados a 15 e 30 cm de profundidade, em cada unidade experimental. Com base na produtividade e no consumo de água pela cultura, determinou-se a eficiência no uso da água (EUA), dada em kg de frutos por m³ de água. Verificou-se que o sistema de plantio direto na palha reduziu e a densidade e a massa seca acumulada pelas plantas daninhas em 86,7 e 61%, respectivamente, em relação ao plantio convencional e a interferência destas reduziu a produtividade comercial em 100% no plantio convencional e 28,8% no direto. A cobertura do solo com filme de polietileno, no plantio convencional, a palhada mais filme de polietileno e a palhada no plantio direto reduziram o consumo de água em 23% (388,8 m³/ha), 21% (363,0 m³/ha) e 13% (215,0 m³/ha), respectivamente, em relação ao tratamento com capinas no plantio convencional. A cobertura do solo com filme de polietileno aumentou a eficiência no uso da água em 13% no sistema de plantio convencional e 29% no sistema de plantio direto em relação ao solo sem cobertura. No tratamento sem capinas no sistema de plantio convencional, além da perda total na produtividade comercial, a interferência das plantas daninhas aumentou o consumo de água em 10%. Palavras-chave: Cucumis melo L., plantio direto, filme de polietileno, consumo de água, cobertura morta. 55 CHAPTER 3 - INTERFERENCE OF WEEDS IN THE EFFICIENCY OF WATER USE IN THE CULTURE OF MELON 3.1 ABSTRACT Aiming to evaluate the effect of conventional and no-tillage systems and strategies for weed management on irrigation water economy in the melon(Cucumis melo L.) crop, it was conducted an experiment in MossoróRN, in split plots, distributed in experimental design of randomized blocks. In the plots were available two tillage systems (conventional and no-tillage) and the sub-plots, three systems of weed management (cover with polyethylene mulching, with regular weeds control and without weeds control). It was evaluated the density and dry weight of weeds at 30 days after transplanting, commercial and total yield, daily consumption of water at different stages of cultivation and total, based on applying different levels for each treatment, determined by reading of tensiometers installed at 15 and 30 cm depth in each experimental unit. Based on productivity and water consumption, it was determined the efficiency of water use (EWU), given in kg of fruit per m³ of water. It was found that the system of no-tillage reduced density and dry matter by weeds in 86.7 and 61% respectively in comparison to conventional tillage and the interference of these reduced commercial yield by 100% in conventional tillage and 28.8% in no tillage system. The soil covered with polyethylene film in conventional tillage, straw mulch and straw more polyethylene film mulching in no-tillage system have reduced water consumption by 23% (388.8 m³ ha-1), 21% (363.0 m³ ha-1) and 13% (215.0 m³ ha-1), respectively, compared to treatment with weeds control in conventional tillage. The soil covering with polyethylene film increased the efficiency of water use by 13% in the conventional tillage system and 29% in no-tillage system in relation to soil without cover. In the treatment without weeds control in conventional tillage system, besides the total loss in yield, the interference of weeds increased water consumption by 10%. Keywords: Cucumis consumption, mulch melo L., no-tillage, 56 polyethylene film, water 3.3 INTRODUÇÃO Dentre os principais fatores que afetam a produtividade das culturas, o teor de água disponível no solo é considerado um dos mais agravantes por diversas razões; dentre as quais, pode-se destacar o fato da água ser requerida como parte integrante dos vegetais, sobretudo, por seu papel no transporte de nutrientes e na taxa fotossintética, dentre outras funções, consideradas vitais para o desenvolvimento das plantas. Para Medeiros (2007), o uso racional da água passa por um controle eficiente da lâmina de irrigação aplicada nas culturas, usando sistemas que distribuam água na área em volume correspondente a evapotranspiração das mesmas, que segundo Allen et al. (1998), pode ser estimada com razoável precisão, utilizando as recomendações da FAO, que se baseia na estimativa da evapotranspiração da cultura de referência, que depende apenas dos dados climáticos e do coeficiente de cultura, que varia ao longo do ciclo em função da fase fenológica da planta. A necessidade de água nas culturas é expressa ,normalmente, pela taxa de evapotranspiração e depende das condições meteorológicas, da disponibilidade hídrica do solo e da cobertura do solo (DOOREMBOS & KASSAN, 1994), podendo ser influenciada pela adoção criteriosa do sistema e manejo de irrigação (BATISTA et al, 2009). Entretanto, além do controle eficiente da lâmina de irrigação aplicada e da eficiência do método empregado, é fundamental que se utilize estratégias que favoreçam o armazenamento de água no solo, através do aumento da infiltração e da redução da taxa de evaporação, como a cobertura do solo com materiais de origem vegetal ou sintéticos, como o filme de polietileno. A cobertura do solo de origem vegetal pode ser formada pelos próprios restos vegetais da cultura anterior ou pelo cultivo de espécies apropriadas para 57 formação de palhada, como a Brachiaria sp, que pode ser cultivada em consórcio com a cultura do milho (JAKELAITIS, A. et al., 2004; FREITAS et al., 2008) ou feijão (SILVA et al., 2006) no intuito de produzir palhada para o plantio direto. Além de reduzir a taxa de evaporação de água no solo, o sistema de plantio direto o protege da ação da erosão e reduz a incidência de plantas daninhas na cultura do meloeiro, com produção equivalente ao plantio convencional com filme de polietileno (TOMAZ, 2008). Outro importante fator que afeta o consumo de água e a produtividade das culturas, especialmente o melão, é a interferência de plantas daninhas. Segundo Tomaz (2008), quando não controladas adequadamente, na cultura do meloeiro, a perda na produtividade de frutos comerciais pode chegar a 100%. O controle das plantas daninhas no meloeiro vem sendo realizado utilizando diversos métodos, variando de acordo com o nível tecnológico e a capacidade de investimento do produtor. Todavia, a técnica que vem sendo utilizada com maior freqüência é o filme de polietileno (filme sintético). Além de promover o controle das plantas daninhas, reduz a perda de água por evaporação. Por outro lado, tem custo elevado, tanto pela matéria prima quanto pela mão-de-obra na sua colocação (SILVA et al., 2007). A eficiência de métodos e de técnicas de manejo de irrigação é avaliada através da eficiência de uso de água (EUA), que é determinada pela relação entre a produtividade dos frutos e a quantidade de água aplicada através da irrigação (DOOREMBOS; KASSAN, 1979) Portanto, este trabalho tem como objetivos avaliar o efeito dos sistemas de plantio direto e convencional e estratégias de manejo de plantas daninhas sobre a produção e a eficiência de uso da água na cultura do melão.. 58 MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no período de outubro a dezembro de 2008, no campus da Universidade Federal Rural do Semi-árido (UFERSA), no município de Mossoró-RN, o solo é classificado em Argissolo Vermelho- Amarelo eutrófico (Embrapa, 1999). Da área experimental, foram retiradas amostras, na profundidade de 0-20 cm, para realização de análise química e física, obtendo-se os seguintes resultados: análise química (pH (água 1:2,5) = 8,70; Ca = 3,80 cmolc dm-3; Mg = 1,47 cmolc dm-3; K+ = 166,3 mg dm-3; Na = 99,7 mg dm-3; Al3+ = 0,00 cmolc dm-3 e P = 122,1 mg dm-3); análise física ( Areia total = 0,88 Kg/Kg; Silte = 0,08 Kg/ Kg; Argila = 0,03 Kg/Kg; Umidade (0,01 Mpa) = 0,06; Umidade (1,5 Mpa) = 0,02; Densidade aparente = 1,22 Kg/dm3; Densidade real = 2,58 Kg/dm3; Porosidade total = 52,67 %; Água disponível mm = 9,73; Água disponível mm/m = 48,64). Durante o período experimental não houve precipitação pluviométrica e os dados de temperatura, umidade relativa do ar, velocidade do vento, radiação global e evapotranspiração de referência estão apresentados na Figura 1. 59 40,0 100,0 A 35,0 B 90,0 30,0 C A 25,0 80,0 70,0 25,0 UR (%) Temperatura (°C) 30,0 20,0 15,0 10,0 5,0 8 /0 10 1/ 50,0 30,0 T máx. 20,0 T mín. 10,0 10,0 UR média UR máx UR mín 0,0 08 0/ /1 15 08 0/ /1 29 08 1/ /1 12 08 1/ /1 26 08 2/ /1 10 08 2/ /1 24 V1O (m/s) Rg (MJ/m²/dia) Eto 15,0 40,0 T média 0,0 20,0 60,0 8 /0 10 1/ 5,0 0,0 08 0/ /1 15 08 0/ /1 29 08 1/ /1 12 Data 08 1/ /1 26 Data 08 2/ /1 10 08 2/ /1 24 8 /0 10 1/ 08 0/ /1 15 08 0/ /1 29 08 1/ /1 12 08 1/ /1 26 08 2/ /1 10 08 2/ /1 24 Data Figura 1. Temperaturas máxima (T máx.), mínima (T mín) e média (T média) (Fig. A), Umidade relativa do ar máxima (UR máx.), mínima (UR mín) e média (UR média) (Fig. B), velocidade do vento a 10 m de altura(V10), radiação global (Rg) e evapotranspiração de referência (ETo) (Fig. C) durante o período experimental. Mossoró. 2008. (Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia - INMET) 60 O delineamento utilizado foi o de blocos casualisados, com quatro repetições, no esquema de parcelas subdivididas. Nas parcelas foram avaliados dois sistemas de plantio (plantio direto e plantio convencional) e nas subparcelas, três sistemas de manejo de plantas daninhas (cobertura com filme de polietileno; tratamento mantido no limpo por meio de capinas e testemunha sem capinas). Nas parcelas de plantio direto, para obtenção da palhada, foi realizado em fevereiro de 2008, no início do período chuvoso, o plantio da cultura do milho, em consorciação com Brachiaria brizantha. A semeadura da forrageira foi realizada na linha do milho, misturada com o fertilizante, no sistema de plantio direto, por meio de plantadeira adubadeira manual. Após a colheita do milho, a forrageira cresceu livremente até mês de julho, que corresponde ao final do período chuvoso, quando foi feita dessecação com 1,90 kg ha-1 do herbicida glyphosate. A massa seca de palhada verificada na ocasião do transplantio foi de seis t ha-1. Nas parcelas com plantio convencional, o solo foi preparado por meio de aração e duas gradagens, realizadas uma semana antes do transplantio das mudas de melão. As subparcelas foram constituídas de uma fileira de 11m de comprimento espaçadas de 1,80m das demais. O transplantio do melão amarelo (híbrido 06/01) foi feito com mudas, produzidas em bandejas de isopor com 200 células, espaçadas de 0,40 m entre si, na fileira. Por ocasião do transplantio foi feita adubação na cova, equivalente a 200 kg ha-¹ de P2O5, usando como fonte o superfosfato simples. As adubações de cobertura foram feitas por meio de fertirrigação, segundo metodologia adotada por Tomaz (2008). 61 Tabela 1. Quantidades de fertilizantes (Kg ha-1) aplicados por meio de fertirrigação ao longo do ciclo da cultura do melão, Mossoró-RN, UFERSA, 2007. FASE DA DURAÇÃO URÉIA MAP KCL CULTURA (DIAS) I – Inicial 22 33,0 24,0 0,0 II – Crescimento 20 129,0 129,0 0,0 III – Intermediário ou frutificação 16 128,0 88,0 135,0 IV – Final 15 58,0 0,0 139,0 TOTAL 73 348,0 241,0 274,0 *Uréia (44% de N); MAP semi-purificado (10% de N e 52% de P); Cloreto de potássio (58% de K). As irrigações foram realizadas pelo sistema de gotejamento na linha de plantio, com emissores de 1,7 L h-1 espaçados 0,3m. A dose de rega foi feita com base na leitura diária de um conjunto de tensiômetros instalados a 15 e 30 cm de profundidade, em cada unidade experimental para reposição integral da evapotranspiração da cultura, estimando a evapotranspiração de referência pela equação de Penmam Motheith (Allen et al., 1998) e Kc recomendado pela FAO. Com base nessas informações, foram aplicadas lâminas diferenciadas para cada tratamento e determinado o consumo diário de água nos diferentes períodos de cultivo do meloeiro, em semanas. Sendo o controle do volume aplicado feito a partir da segunda semana após o transplantio até a colheita e o consumo de água avaliado por meio da média diária semanal entre a segunda e oitava semanas (colheita). Aos 30 DAT, fez-se avaliação de planta daninhas, nos tratamentos sem capinas, por meio de duas amostragens em quadrados vazados de 0,50 cm de lado, por subparcela. As plantas daninhas foram separadas por espécie, 62 contadas e levadas à estufa de circulação forçada de ar a 65 °C até massa constante. Para o meloeiro, foram colhidos os frutos de oito plantas por subparcela, para determinação da produção de frutos por planta, sendo estes classificados em comercializáveis e não comercializáveis, segundo classificação proposta por Filgueira (2000). A colheita foi realizada aos 62 dias após o transplantio, quando a maioria dos frutos atingiu sua maturação fisiológica e as plantas apresentavam a maioria dos frutos com teor de sólidos solúveis em torno de 10°Brix, determinado em campo com refratômetro portátil. A partir da produção de frutos comercializáveis e total e da quantidade de água aplicada através da irrigação no ciclo da cultura para cada tratamento, determinou-se a eficiência de uso de água (EUA), conforme descrito por Doorembos & Kassan (1979): EUA = Pt/ W. Onde, EUA= eficiência do uso da água em kg m-3; Pt= produtividade total em kg ha-1 e W= volume de água aplicado em m3 ha-1. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias dos tratamentos comparadas pelo teste de Tukey a 5% de significância pelo programa SAEG. O consumo de água ao longo do ciclo foi submetido, também, à análise de regressão. Na escolha do modelo levou-se em conta a explicação biológica e a significância do quadrado médio da regressão e das estimativas dos parâmetros. 63 RESULTADOS E DISCUSSÃO Verificou-se efeito significativo para os sistemas de plantio, estratégias de manejo de plantas daninhas e para a interação entre os sistemas de cultivo e de estratégias de plantas daninhas para todas as características avaliadas. Com relação à infestação de plantas daninhas, observa-se na Tabela 3, para os tratamentos sem controle de plantas daninhas, que as principais espécies que ocorreram na área foram bredo (Talinum paniculatum), milho (Zea mays) tiririca (Cyperus rotundus), caruru (Amaranthus spinosus), trapoeraba (Commelina benghalensis), capim-milhã (Digitaria bicornis) e jitirana (Merremia aegyptia). A espécie com maior acúmulo de massa seca no plantio convencional foi o milho, que apesar se ser uma cultura de importante valor econômico, nesta condição, assume importante papel como planta daninha, pois as sementes que não foram colhidas foram incorporadas ao solo pela aração e gradagem, e posteriormente, foram favorecidas pela irrigação e fertilização realizada na cultura do meloeiro, tornando-se uma importante espécie competidora devido à sua intensa taxa de crescimento inicial, que mesmo em baixa densidade, foi responsável por 37,89% da massa seca total acumulada pelas plantas daninhas. No sistema de plantio direto, como não houve incorporação das sementes ao solo, esta espécie mostrou-se ausente. O sistema de plantio direto reduziu a densidade e a massa seca acumulada pelas plantas daninhas, aos 30 dias após o transplantio, em 86,7 e 61 %, respectivamente, em relação ao plantio convencional. Essa redução ocorreu, provavelmente, devido aos efeitos da barreira física e da liberação de substâncias alelopáticas por parte da palhada e também, como conseqüência do não revolvimento do solo. 64 Tabela 2. Densidade das principais plantas daninhas (plantas m-2) na cultura do melão, aos 30 dias após o transplantio (DAT) e por ocasião da colheita do meloeiro. Mossoró-RN, UFERSA, 2008. Milho Bredo Caruru Jitirana Trapoeraba Tiririca Capim- (C. Milhã (D. rotundus) Bicornis) Sistema de Sistema de (Z. (T. (A. (M. (C. plantio Manejo mays) paniculatum) spinosus) egiptia) benghalensis) Outras TOTAL -2 Densidade (plantas m ) Plantio Convencional Plantio Direto F. de polietileno - - - - - - - - - Capinado - - - - - - - - - S/ capina 52,9a 697,3a 46,7a 11,4a 29,5a 22,1a 24,6a 139,4a 1024a F. de polietileno - - - - - - - - - Capinado - - - - - - - - - S/ capina 0b 97,2b 1b 1,5b 2,7b 9b 19,2b 5b 136b - - - - -2 Massa seca (g m ) Plantio Convencional Plantio Direto F. de polietileno - - - - - Capinado - - - - - - - - - S/ capina 95,4a 74,5a 31,7a 8,2a 9,8a 9,3a 5,1a 17,8a 252a F. de polietileno - - - - - - - - - Capinado - - - - - - - - - S/ capina 0b 75,5a 0,5b 1,2b 1,2b 3,3b 13a 2,4b 96b Nas colunas, letras maiúsculas, comparam sistemas de plantio dentro de cada modalidade de manejo de plantas daninhas, pelo teste de Tukey a 5% de significância (p ≤ 0,05). 65 Segundo Mateus et al., (2004), a cobertura do solo reduz significativamente a intensidade de infestação de plantas daninhas e modifica a composição da população infestante. Vidal e Trezzi (2004) observaram reduções de 41% de infestação e de 74% de massa seca total de plantas daninhas comparando as áreas cobertas com culturas à testemunha descoberta. Meschede et al. (2007) verificaram que o aumento na cobertura do solo pela palhada, apresenta relação inversamente proporcional á densidade e massa seca produzida pelas plantas daninhas. O consumo de água foi crescente durante todo o ciclo para todos os tratamentos com cobertura do solo, com filme de polietileno no plantio convencional e com palhada e palhada mais filme de polietileno no plantio direto. Já os tratamentos sem cobertura do solo, com e sem capinas no sistema de plantio convencional, apresentaram comportamento quadrático, com intenso incremento no consumo diário de água até por volta da sexta semana após o transplantio (SAT), e posterior estabilização (Figura 1). No entanto, na Tabela 3, onde estão apresentados os desdobramentos dos dados de consumo diário de água para os sistemas de manejo de plantas daninhas no plantio convencional e direto, dentro de cada período de avaliação (semanas), verificou-se que, no solo sem cobertura, o tratamento sem capinas além da perda total de produtividade comercial, a interferência de plantas daninhas aumentou o consumo de água durante todo o ciclo da cultura em 13%. No sistema de plantio direto, a menor infestação de plantas daninhas resultou em menor competição por água com a cultura, com maior consumo diário em relação ao tratamento com capinas somente a partir da quarta SAT (Tabela 2), quando as plantas daninhas, mesmo em baixa densidade, desenvolveram-se e passaram a demandar maior quantidade de água para formação de tecidos e transpiração. 66 A partir da sexta SAT, a cultura promove intenso sombreamento no solo com o aumento da área foliar, reduzindo a perda de água por evaporação, e passa a ter um intenso consumo de água que vai ser usada na transpiração e na produção de carboidratos e formação de tecidos. 60 Cons. de água (m³ h a-1dia-1) 50 40 30 20 10 0 2 4 6 8 Semanas após o transplantio YFC= -15,17 + 12,27x- 0,669x^2 YCC= -11,012 + 15,288x - 1,059x² YSC= -15,918+19,919x - 1,505x² YFD= -5,34 + 6,528x YCD= 0,209 + 6,022x YSD= -0,875 + 6,7945x R²=0,97 R²=0,98 R²=0,97 r²=0,99 r²=0,99 r²=0,98 Figura 1. Consumo diário de água nos diferentes períodos de crescimento (semanas após o transplantio) para os tratamentos com filme de polietileno no plantio convencional (FC), capinado no plantio convencional (CC), sem capina no plantio convencional (SC), filme de polietileno no plantio direto (FD), capinado no plantio direto (CD), sem capina no plantio direto (SD). MossoróRN, 2008. 67 Tabela 3. Consumo diário de água (m3 ha-1) nos diferentes períodos de crescimento (semanas) e consumo total de água meloeiro (m³ ha-1) em função dos sistemas de plantio convencional e plantio direto e manejo de plantas daninhas. Mossoró-RN, UFERSA, 2008. Consumo diário (m3 ha-1 dia-1) Sistema Sistema de Cons. total Períodos (Semanas) de manejo (m³ ha-1) plantio 2 3 4 5 6 7 8 Filme de 7,74cA 13,39cA 23,51cA 30,65cA 35,71cA 35,42cB 41,07cB 1312,50cA polietileno Plantio Com capina 15,18bA 27,08bA 30,36bA 38,99bA 44,05bA 44,44bA 42,86bB 1700,70bA Conv. Média Plantio Direto Sem Capina 19,05aA 30,06aA 37,39aB 44,64aA 52,38aA 51,39aA 45,24aB 1863,89aA Filme de polietileno 13,99 23,51 30,42 38,10 44,05 43,75 43,06 1625,70 8,11bA 13,39bA 20,83cB 28,42cB 33,26bB 39,76aA 47,32aA 1337,67cA 12,80aB 17,26aB 25,00bB 30,65bB 34,52bB 43,98bA 48,02bA 1485,55bB Com capina Sem Capina 12,80aB 17,26aB 29,17aA 33,04aB 37,50aB 50,93aA 50,99aA 1621,76aB Média 11,24 15,97 25,00 30,70 35,09 44,89 48,78 1481,69 CV(%) 2,36 0,64 1,28 1,96 2,18 1,67 0,21 0,14 Nas colunas, letras minúsculas comparam as modalidades de manejo de plantas daninhas dentro de cada sistema de plantio e letras maiúsculas, coparam sistemas de plantio, dentro de cada modalidade de manejo de plantas daninhas, pelo teste de Tukey a 5% de significância (p ≤ 0,05). 68 O filme de polietileno, por sua vez, independente do sistema de plantio, reduziu o consumo de água em relação aos demais tratamentos durante todo o ciclo da cultura, como resultado da redução da evaporação. A economia de água nos tratamentos no sistema de plantio direto e com filme de polietileno no plantio convencional é mais evidente nas primeiras semanas devido à maior importância da evaporação nesse período, conforme pode ser evidenciado na Figura 2, onde se observa, até a quinta semana após o transplantio, redução no consumo de água em de 26, 31 e 20%, respectivamente, para os tratamentos com filme de polietileno no plantio convencional, filme de polietileno no plantio direto e com capinas no plantio direto em relação ao tratamento com capinas no plantio convencional. A partir daí, com o crescimento da cultura e aumento da área foliar, eleva-se o consumo de água por parte da mesma, que também, promove aumento do sombreamento do solo reduzindo a taxa de evaporação, que resulta na redução dos efeitos da cobertura do solo (palhada e filme de polietileno) no final do ciclo da cultura, proporcionando economia de 23% (388,8 m³/ha), 21% (363,0 m³/ha) e 13% (215,0 m³/ha), respectivamente, para os tratamentos com filme de polietileno no plantio convencional, filme de polietileno no plantio direto e com capinas no plantio direto. Estes resultados corroboram com Marouelli et al, (2006), que trabalhando com tomate para processamento, verificaram que o sistema de plantio direto reduziu o consumo de água em 25% até 50 dias após o transplantio e 11% no ciclo total. Já Andrade et al. (2002), verificaram que a evapotranspiração na cultura do feijoeiro, cultivada no sistema de plantio direto, apresentou menores valores à medida que aumentou a porcentagem de cobertura do solo. Segundo Medeiros (2007), a cobertura morta (palhada) pode promover redução na ordem de 50% a 70% no período inicial da cultura, por reduzir evaporação da água direta do solo, podendo assim reduzir a evapotranspiração 69 das culturas, nos estágios iniciais de crescimento. Neste experimento, a irrigação por gotejamento, localizada apenas nas linhas de plantio, proporciona redução de perda de água por evaporação, no entanto, espera-se que a economia de água devido à cobertura do solo seja ainda maior quando se utiliza a irrigação em área % redução do consumo de água total. 35 Até a 5° semana 30 Todo ciclo 25 20 15 10 5 0 -5 -10 -15 Filme convenc. Com capinas convenc. sem Filme diteto capinas convenc. Com capinas direto Sem capinas direto Figura 2. Redução do consumo de água para os tratamentos com filme de poilietileno, com capinas e sem capinas nos sistemas de plantio convencional e plantio direto em relação ao tratamento com capinas no plantio convencional. Mossoró-RN, UFERSA, 2008. Além de reduzir o consumo de água, o sistema de plantio direto apresentou produtividade de frutos comercializáveis e total equivalente ao sistema de plantio convencional, quando mantidos sob capinas. Quando se empregou o filme de polietileno, a produtividade foi maior no plantio direto. Apesar da redução na infestação de plantas daninhas, o tratamento sem capinas no sistema de plantio direto apresentou produtividade inferior ao tratamento com capinas, pois mesmo em baixa densidade, as infestantes se desenvolveram 70 interferindo negativamente na cultura (Tabela 4). Todavia, o tratamento sem capinas no plantio convencional, apesar de ter elevado em 10% o consumo de água (Figura 2), não produziu frutos comercializáveis (Tabela 4), evidenciando a maior interferência das infestantes nesse sistema. Resultados semelhantes foram obtidos por Tomaz (2008), que verificou a mesma produtividade de frutos comercializáveis, nos sistemas de plantio direto e convencional, nos tratamentos com filme de polietileno e capinados. Esse autor verificou também, 100% de perda na produção comercializável, no plantio convencional sem capinas. As produtividades obtidas neste trabalho são superiores a média mundial de 2002, de 18,57 t ha-1 (FAO, 2003) e semelhantes às obtidas por Tomaz (2008). Segundo Sousa et al. (1999), o manejo de irrigação com aplicações freqüentes condiciona o solo a manter-se com ótimo teor de água, favorecendo o desenvolvimento da cultura e conseqüentemente obtendo uma maior produtividade. Em estudos sobre fertirrigação por gotejamento em meloeiro, as máximas produtividades comerciais, 26,40 t ha-1 e 20,20 t ha-1, foram obtidas, respectivamente, por Pinto et al. (1993) e Pinto et al. (1994) com freqüência de irrigação diária, e 20,09 t ha-1 obtida por Sousa (1993) com irrigações realizadas a cada dois dias. Vários pesquisadores confirmaram que o uso da cobertura morta trás benefícios satisfatórios no que diz respeito ao incremento na produtividade para diversas culturas. Bradenberger e Wiendenfeld (1997) verificaram aumento de 42 e 27% na produção de melão nas safras de 1994 e 1995, respectivamente, com a utilização da cobertura do solo em relação ao solo descoberto. 71 Tabela 4. Produção de frutos de melão e eficiência no uso da água no meloeiro em função dos sistemas de plantio e estratégias de manejo de plantas daninhas. Mossoró-RN, UFERSA, 2008. Produtividade Produtividade Eficiência de uso da água (kg m-3) Sistema de Comercial. Total Sistema de manejo plantio Prod. comercial Prod. total (t ha-1) (t ha-1) Plantio Convencional Filme de polietileno Capinado S/ capina Filme de polietileno Capinado S/ capina 26,60 aB 30,30 aA 0,00 bB 29,26 aB 31,61 aA 2,99 bB 20,27aB 17,81aA 0,00bB 22,29aB 18,59aA 1,61cB 34,40 aA 35,20 aA 25,58aA 26,18aA 28,99 aA 30,15 aA 19,51bA 20,29bA 18,91 bA 22,07 aB 11,66cA 13,61cA CV (%) 14,31 12,47 15,20 13,16 Nas colunas, letras minúsculas comparam as modalidades de manejo de plantas daninhas dentro de cada sistema de plantio e letras maiúsculas, coparam sistemas de plantio, dentro de cada modalidade de manejo de plantas daninhas, pelo teste de Tukey (p ≤ 0,05). Plantio Direto 72 Com relação à eficiência no uso da água (EUA), grande influência negativa foi exercida pelas plantas daninhas que além de consumir água promovem redução na produção, requerendo 67,4% a mais de água por quantidade de frutos produzidos no tratamento sem capinas, no sistema de plantio direto, em relação aos mantidos sem a presença das espécies infestantes (Tabela 4). Já o plantio convencional, apesar do maior consumo de água no ciclo da cultura (Figura 1 e Tabela 3), a elevada infestação de plantas daninhas (Tabela 2) fez com que a EUA fosse nula para a produção comercializável, evidenciando a interferência das infestantes por outros fatores, como competição por luz, nutrientes e espaço físico, e provável efeito alelopático, uma vez, que a água não foi fator limitante. A cobertura do solo com filme de polietileno, no plantio convencional, e a palhada ou palhada mais filme de polietileno, no plantio direto, apesar de reduzir substancialmente o consumo de água na fase inicial da cultura, tem sua eficiência diminuída na fase final do ciclo devido ao elevado consumo para formação de frutos e perdas por transpiração, como conseqüência da expansão da área foliar. Nos tratamentos com cobertura, merece destaque, o filme de polietileno no plantio direto, com maior EUA (25,58 kg m-3), proporcionada pela combinação da economia de água com a boa produtividade. Esse benefício pode ser atribuído, também, ao efeito da palhada atuando como isolante térmico, sob o filme de polietileno preto, que segundo IBARRAJIMÉNEZ et al. (2008) promove elevação da temperatura do solo em 5,2 ºC, quando comparado ao solo sem cobertura. Tomaz (2008), também verificou efeito positivo da combinação do filme de polietileno mais plantio direto na palha na produção de melão, em relação ao filme de polietileno no plantio convencional. Quando se compara a EUA nos tratamentos com filme de polietileno e mantido no limpo, sem cobertura do solo, no plantio convencional, verifica-se 73 que o filme de polietileno elevou a EUA em 13%, devido ao efeito físico do filme, reduzindo a perda de água por evaporação, especialmente na fase inicial do ciclo da cultura. Para Batista et al. (2009), a eficiência do uso da água (EUA) é uma característica que se refere ao rendimento total da colheita por unidade de água utilizada. Estes mesmos autores trabalhando com melão amarelo observaram EUA na ordem de 10,63 kg m-3, com irrigação por gotejamento, ao passo que na área irrigada por sulco a EUA foi 5,03 kg m-3. Já Cardoso (2002), trabalhando com meloeiro rendilhado em ambiente protegido, obteve uma eficiência de uso da água de 19,14 kg m-3. Estes valores obtidos traduzem a importância da adoção criteriosa do manejo de irrigação (BATISTA et al. 2009) e do uso de estratégias no sentido de reduzir a perda de água por evapotranspiração, como a cobertura do solo com material orgânico ou inorgânico e o manejo adequado das plantas daninhas. 74 CONCLUSÕES O sistema de plantio direto reduziu a população e a massa seca acumulada pelas plantas daninhas em 86,7 e 61%, respectivamente, em relação ao plantio convencional; A interferência das plantas daninhas reduziu a produtividade comercial da cultura do melão em 100% no plantio convencional e 28,8% no plantio direto; Houve redução no consumo de água em 23% (388,8 m³/ha), 21% (363,0 m³/ha) e 13% (215,0 m³/ha), respectivamente, para os tratamentos com filme de polietileno no plantio convencional, filme de polietileno no plantio direto e com capinas no plantio direto, em relação ao tratamento com capinas no plantio convencional. A cobertura do solo com filme de polietileno aumentou a eficiência no uso da água em 13% no sistema de plantio convencional e 29% no sistema de plantio direto em relação ao solo sem cobertura. Maior eficiência no uso da água foi verificada no tratamento com filme de polietileno no plantio direto (25,58 kg m-3). 75 3.6 LITERATURA CITADA ALLEN, R.G.; PEREIRA, L. S.; RAES, D.; SMITH. Crop evapotranspiration: GUIDELINES FORCOMPUTING CROP WATER REQUIREMENTS. Rome: FAO, 1998, 297p. (FAO, irrigation and Drainage Paper, 56). AGNES, E.L.; FREITAS, F.C.L.; FERREIRA, L.R. Situação atual da integração agricultura pecuária em Minas Gerais e na Zona da Mata Mineira. In: ZAMBOLIM, L.; FERREIRA, A.A.; AGNES, E.L. Manejo integrado: Integração agricultura-pecuária. Viçosa-MG, 2004. p. 251-267. ANDRADE, R. da S.; MOREIRA, J. A. A.; STONE, L. F.; CARVALHO, J. de A.. Consumo relativo de água do feijoeiro no plantio direto em função da porcentagem de cobertura morta do solo. 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Dissertação (Mestrado em Fitotecnia) 79 RECOMENDAÇÕES GERAIS O sistema de plantio direto reduziu a densidade de plantas daninhas em 61%, em relação ao plantio convencional; A cultura conduzida no sistema de plantio direto reduziu o acúmulo de massa seca das plantas daninhas em 86,7 e 70,9% aos 30 dias após o transplantio e na colheita, respectivamente, em relação ao plantio convencional; No sistema de plantio convencional as plantas infestantes elevaram o consumo de água em 10%; A cultura conduzida no sistema de plantio direto apresentou índices de crescimento superiores aos do sistema de plantio convencional; A interferência das plantas daninhas reduziu a produtividade comercial da cultura do melão em 100% no plantio convencional e 28,8% no plantio direto, quando a cultura foi mantida sem capinas; Houve redução no consumo de água em 23% (388,8 m³/ha), 21% (363,0 m³/ha) e 13% (215,0 m³/ha), respectivamente, para os tratamentos com filme de polietileno no plantio convencional, filme de polietileno no plantio direto e com capinas no plantio direto, em relação ao tratamento com capinas no plantio convencional. A cobertura do solo com filme de polietileno aumentou a eficiência no uso da água em 13% no sistema de plantio convencional e 29% no sistema de plantio direto em relação ao solo sem cobertura. 80