Indicações para o cultivo de girassol nos

Propaganda
Comunicado 78
Técnico
ISSN 1517-1752
Fevereiro, 2007
Londrina, PR
Indicações para o cultivo de
girassol nos Estados do Rio
Grande do Sul, Paraná, Mato
Grosso do Sul, Mato Grosso,
Goiás e Roraima
Regina Maria Villas Bôas de Campos Leite1
César de Castro2
Alexandre Magno Brighenti3
Fábio Álvares de Oliveira4
Cláudio Guilherme Portela de Carvalho5
Ana Claudia Barneche de Oliveira6
O desempenho de uma lavoura de girassol de elevado
potencial produtivo está diretamente relacionado à escolha da
época de semeadura, do genótipo, do manejo adequado da fertilidade do solo, considerando o sistema de rotação e sucessão
de culturas, além dos fatores ambientais, como a distribuição
de água uniforme durante o ciclo da cultura.
O girassol é uma cultura que se adapta a diferentes condições edafoclimáticas, podendo ser cultivada desde o Rio
Grande do Sul até o Estado de Roraima, no hemisfério norte.
Em função da disponibilidade hídrica e da temperatura características de cada região, pode ser cultivado como primeira cultura,
aproveitando o início das chuvas (inverno-primavera), ou como
segunda cultura (verão-outono), aproveitando o final das chuvas.
Recomenda-se especial cuidado em não cultivá-lo em épocas
favoráveis ao aparecimento de doenças, especialmente aquelas
que ocorrem no final do ciclo das plantas, imediatamente após o
florescimento, evitando, assim, regiões com baixas temperaturas
no final do ciclo.
A baixa sensibilidade fotoperiódica da planta de girassol
permite que, no Brasil, o seu cultivo possa ser realizado durante o
ano todo, em todas as regiões produtoras de grãos. Porém, altas
temperaturas do ar verificadas nos períodos de florescimento,
enchimento de aquênios e de colheita têm sido um dos maiores
condicionantes para o sucesso da exploração agrícola.
Desse modo, a experiência adquirida junto a produtores
rurais e os resultados de pesquisa acumulados permitem indicar
as seguintes épocas para a semeadura do girassol no Brasil:
1. No Rio Grande do Sul, a cultura pode ser cultivada entre os
meses de julho a setembro (período de inverno-primavera).
A semeadura até meados de agosto com genótipos de ciclo
precoce possibilita que a colheita seja feita até meados de
dezembro, o que permite a implantação de uma segunda
cultura (soja ou milho) em sucessão na mesma estação de
crescimento, com ganhos para o sistema.
2. A época de semeadura recomendada para o Paraná é de
agosto a meados de outubro, a partir do início das chuvas.
Nas regiões norte e oeste do Estado, existe a possibilidade
de cultivo de safrinha, mas a época de semeadura não deve
ultrapassar meados de março e deve-se optar por genótipos
de ciclo precoce (100 dias entre a emergência e a colheita),
para evitar baixas temperaturas no final do ciclo
3. No Estado de São Paulo e sul do Mato Grosso do Sul, existe
a possibilidade de semeadura em duas épocas, nos meses
de agosto a setembro, aproveitando o início das chuvas e,
de janeiro a março, no final delas.
4. Na região central do Brasil, nos Estados de Mato Grosso,
Goiás e Mato Grosso do Sul, caracterizada por invernos
menos rigorosos, porém mais secos, o cultivo do girassol
ocorre principalmente como segundo cultivo, de fevereiro a
início de março, pela sua capacidade de desenvolvimento
radicular e mecanismos de tolerância a estresses hídricos.
5. Já nos cerrados do Estado de Roraima, a época de semeadura é muito estreita, estabelecendo-se do final de maio a
meados de junho.
Engenheira Agrônoma, Doutora em Fitopatologia. Pesquisadora da Embrapa Soja, Cx. Postal 231, 86001-970, Londrina, PR. [email protected].
br
2
Engenheiro Agrônomo, Doutor em Solos e Nutrição de Plantas. Pesquisador da Embrapa Soja, Cx. Postal 231, 86001-970, Londrina, PR. ccastro@cnpso.
embrapa.br
3
Engenheiro Agrônomo, Doutor em Fitotecnia. Pesquisador da Embrapa Soja, Cx. Postal 231, 86001-970, Londrina, PR. [email protected]
4
Engenheiro Agrônomo, Doutor em Solos e Nutrição de Plantas. Pesquisador da Embrapa Soja, Cx. Postal 231, 86001-970, Londrina, PR. falvares@cnpso.
embrapa.br
5
Engenheiro Agrônomo, Doutor em Genética e Melhoramento. Pesquisador da Embrapa Soja, Cx. Postal 231, 86001-970, Londrina, PR. cportela@cnpso.
embrapa.br
6
Engenheira Agrônoma, Doutora em Fitotecnia. Pesquisadora da Embrapa Soja, Cx. Postal 231, 86001-970, Londrina, PR. [email protected].
br
1
Indicações para o cultivo de girassol nos Estados do Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Roraima
Em resumo, a época ideal de semeadura do girassol será
aquela que atende às necessidades dos genótipos de girassol,
determinada pela disponibilidade hídrica e pela temperatura
característica de cada região.
A semeadura é, provavelmente, a operação mais importante
do manejo de cultivo de girassol. A distribuição de sementes e,
consequentemente, a uniformidade e o desenvolvimento futuro
das plantas, é o principal ponto falho no desenvolvimento da
cultura. De modo geral, os maiores rendimentos de grãos são
obtidos com população final de plantas entre 40.000 a 45.000
plantas/ha, cultivadas com espaçamento entrelinhas de 70 cm.
De maneira geral, as condições de fertilidade do solo
adequadas ao girassol não diferem das exigidas para a soja
ou para o milho, havendo, no entanto, uma maior necessidade
de monitoramento da compactação e da acidez dos solos. O
girassol é uma planta sensível à acidez do solo, devendo ser
cultivado em solos corrigidos, sem a presença de alumínio.
O valor adequado da saturação por bases (V) é variável para
cada Estado ou região e equivale aos valores indicados para
as principais culturas de verão, soja e milho. Para o Estado do
Paraná, utiliza-se V igual a 70%, para os Estados de São Paulo
e do Mato Grosso do Sul, o valor é de 60%, e para os Cerrados,
o valor adequado é de 50%.
O girassol é uma cultura melhoradora da qualidade do
solo, porque promove a ciclagem de nutrientes ao longo do
perfil do solo e disponibiliza uma grande quantidade de nutrientes pela mineralização dos restos culturais, beneficiando o
desenvolvimento e a melhoria do estado nutricional das culturas
subseqüentes.
O nitrogênio (N) é o nutriente que mais limita a produção do
girassol. Quando cultivado em sucessão à soja, aplicar apenas
40 kg ha-1. Entretanto, a produção máxima do girassol é alcançada com 80 kg ha-1 de N. Contudo, com a aplicação de 40 a
50 kg ha-1 de N obtém-se 90% da produção relativa máxima,
correspondendo à quantidade do nutriente economicamente
mais eficiente.
Para o fósforo (P) e para o potássio (K), as maiores produtividades de girassol cultivado em solos de textura argilosa e
com teores médios a altos de P e de K no solo, foram alcançadas
com níveis de adubação variando entre 40 e 80 kg ha-1 de P2O5
e 40 e 80 kg ha-1 de K2O.
Com base nas informações e resultados de pesquisa,
a recomendação de adubação com N - P2O5 - K2O pode ser
resumida como apresentado na Tabela 1.
De modo geral, o boro (B) é o micronutriente mais limitante ao cultivo do girassol, causando desde sintomas leves,
até a perda total da produção pela queda dos capítulos. Para a
correção da deficiência de B identificada pela análise de solo,
recomenda-se a aplicação de 1,0 a 2,0 kg ha-1 do nutriente,
juntamente com a adubação de base ou com a adubação de
cobertura, principalmente nas áreas onde já foi detectada a sua
deficiência.
Alternativamente, pode-se utilizar a aplicação simultânea
de herbicidas dessecantes e de boro. Essa tecnologia baseia-se
no controle de espécies daninhas na dessecação em pré-semeadura do girassol e no fornecimento de B à cultura, em uma
única operação. Produtos como o glyphosate e o glyphosate
potássico, em doses normalmente recomendadas, podem ser
aplicados antes da semeadura da cultura, associados com boro,
na fonte ácido bórico, sendo possível diluir 4 kg de ácido bórico
para 100 litros de água.
Existem no mercado sementes de híbridos e variedades
de girassol para extração de óleo que são adaptadas às diferentes regiões. Em geral, as sementes de variedades são
mais baratas que os híbridos, mas deve-se considerar que o
potencial de produção dos híbridos é maior. A Embrapa tem no
mercado uma variedade de ciclo precoce, com alto teor de óleo
(Embrapa 122-V2000). Outras empresas também têm genótipos
disponíveis, que devem ser escolhidos dependendo da finalidade da produção. Informações sobre as empresas que estão
comercializando sementes de genótipos de girassol no Brasil
e respectivos genótipos estão disponíveis no site da Embrapa
Soja: www.cnpso.embrapa.br.
Um aspecto importante no cultivo do girassol é o controle
de plantas daninhas, cuja magnitude dos danos à produtividade pode chegar a valores entre 23% e 70% de perdas de
rendimento. O período de maior influência ocorre durante o
desenvolvimento inicial da cultura, principalmente nos primeiros 30 dias após a emergência da cultura. Após esse período,
a competição por espécies infestantes não serão capazes de
causar redução na produtividade.
Diferentes métodos de manejo das espécies daninhas serão descritos isoladamente, embora o modo de como integrá-los
seja função das diferentes situações encontradas em condições
de campo.
O controle preventivo visa impedir a introdução e a disseminação de plantas daninhas em áreas nas quais determinadas
espécies ainda não existem. O controle cultural envolve o uso
de práticas culturais e/ou agrícolas que auxiliem na supressão
e na eliminação de plantas daninhas, aumentando o potencial
competitivo da cultura. Quando se opta pelo controle manual
ou mecânico, deve-se realizar duas ou três capinas (manual
ou com cultivadores acoplados ao trator) antes do fechamento
das entrelinhas do girassol.
O controle químico envolve o controle em
pré-semeadura do girassol, o controle em préTabela 1. Indicação de adubação com nitrogênio, fósforo e potássio em
emergência com herbicidas registrados para a
girassol1.
cultura de girassol no Brasil, bem como o efeito
residual de herbicidas aplicados em culturas que
Teor de Fósforo no solo
Teor de potássio
antecedem a semeadura do girassol
Muito baixo
Baixo
Médio
Alto
no solo
Na semeadura direta, é necessário desseN2 – P2O5 – K2O (kg ha-1)
car as plantas daninhas e os restos da cultura
anterior, antes da implantação da cultura do
Muito Baixo
40-80-80
40-60-80
40-40-80
40-30-80
girassol.
Alguns herbicidas recomendados em
Baixo
40-80-60
40-60-60
40-40-60
40-30-60
dessecação
de pré-semeadura são apresentaMédio
40-80-40
40-60-40
40-40-40
40-30-40
dos
na
Tabela
2.
Alto
40-80-20
40-60-20
40-40-20
40-30-20
O número de herbicidas registrados no Bra1
-1
Produtividade esperada 2.000 kg ha .
sil para o girassol é limitado. Apenas o trifluralin
2
A adubação nitrogenada pode ser aumentada em 20 kg ha-1. Optar pelo parcelamento, adubando com
e o alachlor são recomendados e registrados
1/3 na semeadura e o restante em cobertura, ao redor dos 30 dias após a emergência das plantas.
Indicações para o cultivo de girassol nos Estados do Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Roraima
Tabela 2. Herbicidas para dessecação de plantas daninhas em pré-semeadura, na cultura do girassol.
Herbicidas e misturas formuladas
1
2
3
Nome técnico
Nome comercial
Paraquat2
2,4-D3
2
Paraquat + Diuron
Glyphosate
Glyphosate potássico
Gramoxone
Diversos nomes
Gramocil
Diversos nomes
Zapp QI
Doses1
-1
kg i.a. ha
kg e.a. ha-1
Concentração
200 g i.a. L-1
670 a 720 g e.a. L-1
200 +100 g i.a. L-1
-1
360 a 720 g e.a. L
-1
500 g e.a. L
0,3 a 0,6
0,5 a1,1
0,4 a 0,6 + 0,2 a 0,3
0,36 a 2,16
0,35 a 2,00
L p.c. ha-1
1,5 a 3,0
0,8 a 1,5
2,0 a 3,0
1,0 a 6,0
0,7 a 4,0
Doses: i. a. (ingrediente ativo), e.a. (equivalente ácido) e p. c. (produto comercial).
Adicionar 0,1% a 0,2% v/v de adjuvante não iônico (Agral).
Estar atento para o problema de deriva, podendo afetar culturas sensíveis próximas à área de aplicação. Dar preferência por formulações amina ao invés de
éster. Manter um intervalo de 4-7 dias entre a aplicação deste produto e a semeadura do girassol.
no Ministério da Agricultura. Esses dois herbicidas são eficazes para um número reduzido de espécies daninhas de folhas
largas, tendo melhor controle sobre gramíneas. Na Tabela 3,
são apresentadas informações sobre estes herbicidas.
Existem determinados herbicidas que possuem um maior
período de permanência no solo em quantidades capazes de
afetar o girassol, semeado em sucessão. Dessa maneira, não
se recomenda a implantação de lavouras de girassol após a utilização desses produtos no cultivo anterior, como exemplos:
a. Diuron: é um herbicida bastante utilizado em áreas de
cana-de-açúcar, algodão, abacaxi, citrus, café, entre outras.
Esse princípio ativo possui persistência relativamente longa,
podendo afetar culturas sensíveis, como o girassol semeado
em sucessão.
b. Tebuthiuron: este herbicida é recomendado em cana-deaçúcar e pastagens, controlando folhas largas, algumas
gramíneas e arbustos. Possui persistência longa, podendo
sua meia vida variar de 12 a 15 meses. Áreas onde foram
aplicadas as doses normais de tebuthiuron não devem ser
utilizadas para implantação do girassol num período inferior
a dois anos.
c. Diclosulam: este herbicida é recomendado para a cultura
da soja em doses que variam de 25 a 35 g i.a. ha-1, controlando espécies daninhas dicotiledôneas. O efeito fitotóxico
do diclosulam sobre o girassol é bastante acentuado quando
se implanta essa cultura após a soja.
As principais pragas que atacam o girassol, em diferentes
épocas, são a vaquinha (Diabrotica speciosa), a lagarta preta
(Chlosyne lacinia saundersii) e os percevejos (Nezara viridula,
Piezodorus guildinii e Euschistus heros). Deve ser dada atenção
especial ao ataque de vaquinhas, no início do ciclo, da lagarta
preta (Chlosyne), que é o principal inseto desfolhador da cultura
e importante na fase vegetativa, e dos percevejos sugadores,
mais daninhos na formação e desenvolvimento dos aquênios
(fase reprodutiva da planta). Outros insetos, embora possuam
potencial de dano à cultura, geralmente ocorrem em populações
baixas e ocasionalmente chegam a causar danos maiores.
Uma questão interessante e que o agricultor, de modo geral, não percebe, são as pragas de solo ou aquelas que atacam
nos estádios iniciais da cultura, reduzindo o estande final de
plantas. Assim, cuidado especial deve ser tomado para o estabelecimento da lavoura. Para o girassol, a emergência uniforme de
plantas e o estande final da lavoura são fatores importantes para
se obter altas produtividades. Assim, qualquer agente biótico ou
abiótico que interfira na população final de plantas trará reflexos
na produção de girassol. Dentre os agentes bióticos, estão as
pragas que vivem junto à superfície do solo, principalmente.
Nesse grupo, podem ser citadas formigas, principalmente as
saúvas (Atta spp.), e lagartas cortadeiras, como a lagarta rosca
(Agrostis ipsilon), e lagartas do gênero Spodoptera, como a
lagarta do cartucho do milho (S. frugiperda) e lagarta da vagem
da soja (S. eridania), as quais podem cortar plântulas, antes
ou logo após a emergência, provocando morte, ou redução do
estande da lavoura, com graves efeitos na produtividade.
O tratamento químico para o controle de insetos-pragas
de girassol tem sido prática usual em países onde o girassol é
Tabela 3. Herbicidas pré-emergentes registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para a cultura do
girassol no Brasil.
Herbicidas
Nome
Nome
técnico comercial
Alachlor
Laço
Trifluralin Premerlin
Aplicação
Concentração
g i.a. L-1
Doses
-1
kg i.a.ha
1
L p.c. ha-1
Pré-emergência
480
2,4 a 3,36
5,0 a 7,0
PPI
pré-emergência
600
0,9 a 2,0
0,54 a 1,2
(pré-sem.incorp.) (pré-sem.incorp.)
3,0 a 4,0
1,8 a 2,4
(pré-emergência) (pré-emergência)
1
Doses: i. a. (ingrediente ativo) e p. c. (produto comercial).
Observações
Controla gramíneas e
algumas dicotiledôneas.
Aplicar em solo úmido e
bem preparado.
Controla gramíneas e
algumas dicotiledôneas.
Incorporar de 5-7 cm de
profundidade quando
aplicado em pré-semeadura
incorporada.
Indicações para o cultivo de girassol nos Estados do Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Roraima
tradicionalmente cultivado. Contudo no Brasil, por falta de registro de princípios ativos por empresas de insumos, o agricultor
não dispõe oficialmente dessa tecnologia.
Quanto às doenças, as mais importantes são a mancha
de Alternaria (Alternaria helianthi) e a podridão branca ou mofo
branco (Sclerotinia sclerotiorum). A mancha de Alternaria, que
afeta principalmente as folhas, mas também a haste e o capítulo, torna-se mais severa em condições de altas temperatura
e umidade. Assim, uma medida fundamental para minimizar
a severidade da mancha de Alternaria é a escolha da época
de semeadura da cultura, evitando-se implantar a cultura em
épocas em que o florescimento coincida com períodos de chuva
intensa.
O fungo causador da podridão branca é considerado um
dos patógenos mais importantes no mundo e está distribuído
em todas as regiões produtoras, sejam elas temperadas, subtropicais ou tropicais. No Brasil, ocorre com mais freqüência
em regiões onde ocorrem condições climáticas amenas na
safra de verão, principalmente nas chapadas dos cerrados, em
áreas acima de 800 m de altitude. S. sclerotiorum pode produzir
três sintomas diferentes em girassol, dependendo do órgão da
planta afetado. A podridão basal ocorre desde o estádio de plântula até a maturação, a podridão na porção mediana da haste
ocorre em plantas a partir do final do estádio vegetativo até a
maturação, e a podridão do capítulo ocorre no final da floração
ou mais tarde. S. sclerotiorum é um fungo polífago, que ataca
diversas culturas, como soja, girassol, canola, ervilha, feijão,
alfafa, fumo, nabo forrageiro, tomate e batata. Assim, por ser
um hospedeiro suscetível, o girassol não deve ser cultivado em
áreas com histórico da doença.
Entre outras práticas culturais recomendadas, a rotação
de culturas é fundamental para o manejo da doença. Em áreas
onde ocorreram epidemias recentes, deve-se evitar o cultivo
em sucessão com soja, canola, ervilha, feijão, alfafa, fumo,
tomate e batata, entre outras, devido à suscetibilidade a S.
sclerotiorum, retornando com esses hospedeiros na mesma
área somente após, pelo menos, quatro anos. A rotação com
culturas resistentes a esse fungo, como as gramíneas (milho,
aveia branca, trigo, sorgo ou milheto), possibilita um período
para a degradação natural dos escleródios por meio de seus
inimigos naturais.
Uma medida fundamental para prevenir a ocorrência de
doenças causadas por S. sclerotiorum é reduzir ao máximo a
exposição aos períodos de alta umidade e baixa temperatura
na cultura. Para isso, a escolha da época de semeadura é fundamental. Considerando as diferentes doenças e as exigências
Comunicado
Técnico, 78
Exemplares desta edição podem ser adquiridos na:
Embrapa Soja
Cx. Postal 231
86001-970 - Londrina, PR
Fone: (43) 3371-6000 - Fax: 3371-6100
Home page: http://www.cnpso.embrapa.br
e-mail: [email protected]
1a edição
1a impressão (2007): tiragem 1000 exemplares
Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento
Governo
Federal
da planta, a época indicada para a semeadura do girassol varia
de acordo com as diferentes regiões edafoclimáticas.
No Paraná, o cultivo de girassol, após a colheita da safra
de verão, está limitado a regiões onde não ocorram baixas
temperaturas e chuvas no outono-inverno; nessa condição, a
época de semeadura não deve ultrapassar o início de março e
deve-se optar por genótipos de ciclo precoce, para evitar baixas
temperaturas no final do ciclo. Em função desse patógeno ser
transmitido por sementes, é imperativo utilizar sementes sadias
e de procedência conhecida.
Finalmente, cabe salientar que a indicação da época de
semeadura deve ser orientada por estudos de zoneamento
agroclimático de risco hídrico e de risco fitossanitário, de modo
a definir a época e o local que permita satisfazer as exigências
da planta, nas diferentes fases de desenvolvimento, e que não
favoreça a ocorrência de epifitias.
Resumindo, entre as medidas gerais de controle de doenças, os seguintes aspectos devem ser considerados:
a. utilizar genótipos testados e indicados pela pesquisa;
b. evitar o uso de sementes de origem desconhecida, para prevenir a entrada de patógenos com alto potencial destrutivo,
que ocorrem em outros países. Utilizar sementes sadias,
livres de estruturas de resistência de fungos, como escleródios;
c. realizar a semeadura na época indicada para cada região;
d. utilizar densidade de semeadura em torno de 40.000 a 45.000
plantas/ha;
e. utilizar um sistema de rotação e sucessão de culturas, retornando com o girassol na mesma área após quatro anos.
A colheita do girassol pode ser feita utilizando equipamentos já disponíveis na propriedade, como a plataforma de
milho, seguindo as recomendações contidas no folder “Colheita
de girassol com plataforma de milho adaptada” (Silveira et al.,
2005), ou com a plataforma de soja adaptada.
Outras informações podem ser obtidas em Leite et al.
(2005).
Referências
LEITE, R. M. V. B. C.; BRIGHENTI, A. M.; CASTRO, C. de. Girassol no Brasil. Londrina: Embrapa Soja, 2005. 641 p.
SILVEIRA, J. M.; MESQUITA, C. de M.: PORTUGAL, F. A. F. Colheita de girassol com plataforma de milho adaptada. Londrina: Embrapa Soja, 2005. (Folder, 06/2005).
Comitê de
Publicações
Presidente: Alexandre José Cattelan
Secretário Executivo: Regina Maria Villas Bôas de C. Leite
Membros: Alexandre Magno Brighenti dos Santos, Antonio Ricardo Panizzi, Claudine Dinali Santos Seixas, Dionísio Brunetta, Ivan Carlos Corso, José Miguel Silveira, Léo
Pires Ferreira, Ricardo Vilela Abdelnoor
Expediente
Supervisão editorial: Odilon Ferreira Saraiva
Normalização bibliográfica: Ademir Benedito Alves de Lima
Editoração eletrônica: Neide Makiko Furukawa
Download