PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE SECRETARIA ESPECIAL DOS DIREITOS ANIMAIS PROJETO DE INTERVENÇÃO, ATENDIMENTO E MANUTENÇÃO DOS PACIENTES CANINOS COM SUSPEITA LEISHMANIOSE NO MUNICÍPIO DE PORTO ALEGRE Porto Alegre 2016 MUNICÍPIO DE PORTO ALEGRE Prefeito: José Fortunati Vice-prefeito: Sebastião Melo SECRETARIA ESPECIAL DOS DIREITOS ANIMAIS Secretário: Maurício Silveira de Oliveira Secretária Adjunta: Fabiane Tomazi Borba UNIDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA Coordenação: Franco Kindlein Vicentini PROJETOS ESPECIAIS Equipe Veterinária: Kátia Eleonora Gueiral Lima; Franco K. Vicentini; Rejane Werenicz; Rosana Pacheco. Equipe Administrativa: Bárbara Silva Coelho SECRETARIA ESPECIAL DOS DIREITOS ANIMAIS Rua Uruguai, 155 7° andar – Centro Histórico – Porto Alegre UNIDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA Estrada Bérico José Bernardes, 3489 – Planalto – Viamão LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Protocolo de Medicamentos e Tratamento da Leishmaniose……………………...6 Quadro 2 – Descrição dos sintomas da Leishmaniose…………………………………………9 Quadro 3 - Levantamento de vagas para acolhimento na UMV-SEDA………………………11 Quadro 4 – Número ideal de procedimentos realizados……………………………………...11 Quadro 5 – Fluxo de atendimento externo……………………………………………………12 Quadro 6 – Fluxo de atendimento interno……………………………………………………12 Quadro 7 – Fluxo de atendimento/tratamento………………………………………………..12 Quadro 8 – Etapas do tratamento……………………………………………………………..13 Quadro 9: Método de ação proposto pelo Brasileish/Equalis...………………………………14 Quadro 10: Valores dos exames para tratamento da leishmaniose…………………………...16 Quadro 11: Valores dos medicamentos para tratamento da leishmaniose………...………….17 SUMÁRIO 1. OBJETIVOS……………………………………………………………………………….5 2. JUSTIFICATIVA…………………………………………………………………………...5 2.1 Opções atuais de tratamento de Leishmaniose no Brasil e no Mundo……...…………….5 2.2 Opções disponíveis de tratamento de Leishmaniose……………………………………...6 3. METODOLOGIA DE INTERVENÇÃO, ATENDIMENTO E MANUTENÇÃO………...8 3.1 Campanhas de conscientização, e a prevenção de contágio.……………………………...9 3.1.1 Pensar no animal de rua………………………………………………………………..10 3.1.2 Pensar no animal com tutor…………………………………………………………….10 3.2 Condições atuais de Atendimento Veterinário na UMV-SEDA…………………………..11 3.2.1 Fluxograma de procedimentos externos e internos……………………………………..12 3.2.2 Descrição de Tratamento Veterinário…………………………………………………...13 3.2.3 Recursos Materiais e Imateriais………………………………………………………...15 3.2.4 Infraestrutura……………………………………………………………………………15 3.2.5 Orçamento dos Laboratórios Clínico Veterinário………………………………...…….16 3.2.6 Orçamento das Distribuidoras de Medicamentos………………………………………17 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS………………………………………………………………18 REFERÊNCIAS……………………...……………………………………………………….19 5 1. OBJETIVOS Este projeto tem como objetivo propor a intervenção, atendimento e manutenção dos pacientes caninos com suspeita de Leishmaniose em Porto Alegre. 2. JUSTIFICATIVA Estudos recentes têm provado que a eutanásia dos caninos infectados não provocou redução ou mesmo controle na incidência da leishmaniose visceral humana. Existem vários outros reservatórios como o próprio homem, animais silvestres, roedores, felinos entre outros. A leishmaniose na população felina é uma doença subdiagnosticada com comportamento crônico e em grande parte assintomática. Não há controle vacinal para a espécie felina e portanto nesta, o uso das coleiras com inseticida faz-se de grande importância. Apesar de a eliminação de cães ser medida de controle recomendada pela OMS e pela organização Pan-Americana de Saúde (OAS), essas entidades também reconhecem o baixo impacto ambiental que tal medida tem alcançado. Nos países desenvolvidos, a eutanásia se reserva para animais sintomáticos, com recidivas e quando o proprietário faz a opção por esta medida. Temos ciência sobre a diferença enfrentada na medicina do coletivo e na medicina do paciente individual e a partir desta estabelecemos uma proposta de controle e tratamento para aqueles caninos com tutor e ou responsável disposto a tratar e se responsabilizar tanto pelo tratamento e manutenção do indivíduo positivo. A Secretaria Especial Dos Direitos Animais, Município de Porto Alegre, deverá possuir verba e subsídios para a identificação, proteção, controle, manutenção e tratamento dos animais positivos assintomáticos e positivos doentes. Faz-se necessário também um local adequado em espaço e proteção para albergagem daqueles que por ventura ficarem sob responsabilidade da secretaria. 2.1 Opções atuais de tratamento de Leishmaniose no Brasil e no Mundo O tratamento da leishmaniose visceral não é novidade no mundo científico. A patologia não é uniformemente fatal e sabe-se ainda que alguns cães podem apresentar cura permanente. Na Europa, o tratamento da Leishmaniose visceral vem sendo realizado há 50 anos, inclusive de modo preventivo. O controle dos cães tratados deve ser rigoroso, e consiste na realização de exames 6 físicos e laboratoriais. A média de apresentação de recidivas e/ou reinfecção nos cães tratados é de 18 meses, embora cada vez mais sejam frequentes casos de cura “clínica” que seguem sem recidivas por 5 a 7 anos após iniciado o tratamento. 2.2 Opções disponíveis de tratamento de Leishmaniose Segundo RIBEIRO; NOGUEIRA (2015), os principais medicamentos e protocolos de tratamento da leishmaniose visceral canina são: 1 Antimoniato de n-metilglucamina (Glucantine), 50 mg/kg, duas vezes ao dia, via subcutânea, por 30 dias, alopurinol, 10 a 20 mg, duas vezes ao dia, via oral, por tempo indeterminado. 2 Estibogliconato de sódio (Pentostam), 15 mg/kg, 2 vezes por dia, via subcutânea, por 30 dias, e alopurinol, 10 a 20 mg/kg, 2 vezes ao dia, via oral, por tempo indeterminado. 3 Anfotericina B (Fungison) 0,6 mg/kg intravenosa, diluído em 100 ml dextrose a 5 por cento, 2 vezes por semana, por 8 semanas, e alopurinol, 10 a 20 mg, 2 vezes por dia, durante tempo indeterminado 4 Anfotericina B lipossomal (Ambisone), 4 mg/kg intravenosa, 1 vez ao dia por cinco dias e alopurinol, 10 a 20 mg/kg, 2 vezes ao dia, durante tempo indeterminado. 5 Imunoterapia (leishmune), dois liofilizados com um diluente, em três aplicações, a cada 21 dias, via subcutânea, com reforços a cada 6 meses com uma aplicação e alopurinol (Zilorick), 10 a 20 mg/kg, 2 vezes/dia, via oral, por tempo indeterminado. 6 Aminosidina (Aminofarma), 10 mg/kg, 2 vezes ao dia, subcutânea por 30 dias e alopurinol, 10 a 20 mg/kg, 2 vezes ao dia, via oral por tempo indeterminado. 7 Miltefosine (Milteforan), 2 mg/kg, 1 vez ao dia via oral, por 28 dias, e alopurinol, 10 a 20 mg/kg, duas veze ao dia, durante tempo indeterminado. 8 Metronidazol 25 mg/kg, 1 vez ao dia, associado à Espiramicina (150.000 UI/kg, 1 vez ao dia, por via oral por 90 dias levam a um resultado satisfatório de cura clínica. IMIDAZÓIS Relatase também o uso dos imidazóis (cetoconazol e miconazol) e triazóis (fluconazol e itraconazol). 9 Antibióticos do grupo das fluoro quinolonas – Marbofloxacino-2 mg/kg 1 vez ao dia, por via oral, por 28 dias Imunomoduladores – A imunomodulação associada ao tratamento convencional pode ser a chave para o sucesso. Os imunoestimulantes relacionados ao tratamento da LVC, Levamizol, 10 domperidona, citocinas, bactérias, vitaminas e antígenos derivados do parasito (imunoterapia direta) Quadro 1 – Protocolo de Medicamentos e Tratamento da Leishmaniose 7 O tratamento do animal tem como objetivo: 1 – tratar o canino com leishmaniose viceral com a finalidade da promoção da cura clínica e física do animal; 2 – reduzir a carga parasitária a fim de neutralizar a capacidade de transmissão; 3 – restaurar a resposta imune adequada (Th1); 4 – prevenir recaídas. RIBEIRO; NOGUEIRA (2015), também aponta que, atualmente no Brasil, o programa de controle da Leishmaniose Visceral proposto pelo Ministério da Saúde baseia sua estratégia em medidas que visam a redução da morbidade e da mortalidade com a detecção precoce e o tratamento dos casos humanos, bem como a redução dos riscos de transmissão por meio de controle de vetores e reservatórios domésticos e pela eliminação de cães soropositivos. Nos países desenvolvidos, a eutanásia se reserva para animais sintomáticos, com recidivas e quando o proprietário faz a opção por esta medida. Os estudos atuais com base em modelagens matemáticas apontam que o controle de vetores e a vacinação de cães seriam mais eficazes. Controle ambiental, assim como utilização de coleiras impregnadas com deltametrina 4% mostrou-se eficaz, tanto nos estudos laboratoriais quanto em campo, causando queda na taxa de infecção nos cães de área endêmica. Outros inseticidas tópicos na forma de spray (permetrina) ou spot-on (imidacloprida, combinada com permetrina ou permetrina isolada) apresentam excelentes resultados na proteção individual dos animais, assim como repelentes naturais atualmente utilizados, como a essência de citronela e o extrato de neen (Azadirachta indica) (RIBEIRO; NOGUEIRA, 2015 apud SOLANO; KOUTINAS; CARDOSO; FERRER, 2009, P.1-18). Portanto, quanto as medidas de controle podemos citar: 1 – A organização de campanhas maciças de castração nas localidades de risco a fim de evitar a veiculação da Leishmaniose, tanto pela transmissão venérea como a vertical, ou seja, de mães para filhos; 2 – Nos bancos de sangue, a realização do PCR nas bolsas de sangue, a fim de determinar a ausência da Leishmaniose; 3 – O uso de colares inseticidas respeitando as datas de troca; 4 – A realização de testes sorológicos de triagem e sorologia; 5 – A vacinação para profilaxia e tratamento; 6 – A educação em saúde; 7 – Imunoterapia com o uso da vacina e imunoestimulantes. 8 3. METODOLOGIA DE INTERVENÇÃO, ATENDIMENTO E MANUTENÇÃO As leishmanioses são enfermidades infecciosas não contagiosas, causadas por diferentes espécies de protozoários do gênero Leishmania. Dependendo da apresentação clínica e dos diferentes agentes etiológicos, apresenta-se sob várias maneiras: leishmaniose tegumentar, que se divide nas formas cutânea, mucocutânea e cutânea difusa; leishmaniose visceral, com apresentação clínica mais grave e fatal da doença; leishmaniose dérmica póscalazar. De acordo com RIBEIRO; NOGUEIRA, (2015), p. 718: A migração constante de pessoas para grandes centros urbanos, devido fatores econômicos, demográficos, culturais, políticos, religiosos e ambientais, associada a condições higiênicosanitárias inadequadas e a ocorrência de doenças imunossupressoras, bem como a adaptação do vetor, mosquito palha, nestas áreas têm contribuído para maior incidência e letalidade da doença. De acordo com este mesmo autor, o principal modo de transmissão do parasito para o ser humano e outros hospedeiros mamíferos é por picada de fêmeas de artrópodes infectados. Adaptados a diversas áreas, desenvolvem-se em ambientes terrestres úmidos e ricos em matéria orgânica, com baixa incidência luminosa, sendo preferencialmente encontrados em áreas de floresta, matas, sopé das serras, margens dos rios e cavernas. No entanto, no ambiente doméstico, podem ser encontrados em peridomicílios, abrigos de animais, galinheiros, chiqueiros, áreas de arborização abundante e também intradomiciliar. Mamíferos pertencentes à família Canidae, principalmente o cão doméstico, são apontados como a principal fonte de infecção para os flebotomíneos em ambiente urbano, quer pela alta prevalência da doença nesta espécie ou pela grande quantidade de parasitos na pele, tornando-os alvo principal para o controle da doença. A patologia em felinos também tem sido registrada nos últimos anos no Brasil e em diversas partes do mundo. São implicados ainda na transmissão urbana, roedores, gambás e o próprio ser humano, além de cachorro vinagre, chacal, lobo, raposa, edentados, procionídeos e primatas, sendo estes contaminados preferencialmente no ambiente silvestre. Atualmente, estudos estão sendo conduzidos para verificar a importância de ectoparasitas na transmissão da leishmaniose visceral canina. Acredita-se que, na ausência de flebótomos, a doença possa ocorrer possivelmente pela existência de outros ectoparasitas de cães como Ctenocephalides felis e Rhipicephalus sanguíneos (pulgas e carrapatos). 9 3.1 Campanhas de conscientização, e a prevenção de contágio As populações de baixa renda são as mais afetadas na ocorrência de epidemias, o que tornam ações educativas instrumentos necessários para o controle, prevenção e eliminação de doenças. Assim como as campanhas desenvolvidas para a prevenção da dengue, as de combate a Leishmaniose estão ligadas as práticas campanhistas/higienistas, voltadas para o combate ao vetor. Tais práticas devem recomendar a população, os seguintes métodos de prevenção: • • • • • • • • • • Manter a casa limpa e o quintal livre dos criadouros de insetos. O mosquito-palha vive nas proximidades das residências, preferencialmente em lugares úmidos, mas escuros e com acumulo de material orgânico; Se possível colocar telas nas janelas, ou usar mosquiteiros de 1 mm; Usar repelente; Embalar o lixo; Evitar acúmulo de fezes de animais, resto de alimentos, frutas e folhagens no quintal ou pátio; Evitar as primeiras horas do dia ou ao entardecer, pois é o período de ataque; Cuidar bem da saúde do seu cão, mantê-lo no pátio e evitando sua circulação na rua; Utilização da coleira repelente; Afastar os animais domésticos e suas instalações da casa; Realização da vacina Leish-Tec®, 3 doses no primeiro ano. E manutenção com 1 dose a cada ano; Também é importante, que o material forneça meios de identificação dos sintomas comuns em casos de contaminação da doença. SINTOMAS DA LEISHMANIOSE HUMANOS • • • • • • • • • • Febre persistente e intermitente; Fraqueza; Perda de apetite; Emagrecimento; Anemia, palidez; Aumento do baço e do fígado; Comprometimento da medula óssea; Problemas respiratórios; Diarreia; Sangramentos na boca e nos intestinos; CÃES • • • • • • • Emagrecimento progressivo; Feridas e descamação na pela; Queda anormal de pelos; Aparecimento de ínguas; Crescimento anormal de unhas; Inchaço nas pernas; Sangramento pelo nariz, enter outros sintomas; Quadro 2 – Descrição dos sintomas da Leishmaniose Deve-se ressaltar que no caso de constatação destes sintomas, tanto no paciente humano, quanto no paciente animal, a procura de ajuda médica deve ser imediata, pois é importante que seja realizado um diagnóstico rápido e por conseguinte o tratamento adequa- 10 do, pois já que a doença apresenta alta taxa de mortalidade. 3.1.1 Pensar no animal de rua A Leishmaniose é uma doença crônica, possui cura clínica e física mas, não a parasitológica. O paciente necessita de constante controle assim como novas avaliações a cada 6 meses. Podem ocorrer recidivas ou reinfecções. É necessário o uso de colares inseticidas assim como de repelentes nos animais infectados e nos saudáveis. É de suma importância o manejo ambiental e animal. Campanhas de esterilização em massa assim como vacinação e atendimento clínico para restabelecimento do quadro imunológico tornam-se vitais. Visto que, no presente momento, existe impossibilidade da manutenção de um tratamento a longo prazo dos animais de rua em Porto Alegre devido a escassez de recursos do Município, faz-se necessário o estabelecimento de protocolos e normativas a fim de determinar o comportamento adequado para cada caso, pois o tratamento adequado é contínuo e necessita da realização de exames de triagem constantes o que impossibilita a manutenção de um paciente sem tutor. Mesmo que medicações sejam fornecidas, há a necessidade de administração e controle dos pacientes, tornando esse processo impossível no presente momento. Por fim, a manutenção de animais de rua, sem tutor, positivos confirmados sintomáticos de leishmaniose, é inviável para a instituição pública no presente momento. Nos casos de animais de rua inscritos no Projeto Animais Comunitários, visto que o atendimento já é contemplado no termo assinado entre Secretaria e Cuidadores, concordamos que existe a possibilidade de tratamento do mesmo, quando o Cuidador se responsabilizar. 3.1.2 Pensar no animal com tutor As alternativas de tratamento para animais que disponham de um tutor consiste num primeiro momento na distribuição de material informativo que orienta de forma detalhada a cronicidade da patologia, a responsabilidade do tutor, os riscos da doença e os custos para o tratamento. Nestes casos, deve-se pensar a possibilidade da secretaria manter o tratamento de animais com proprietário de baixa renda, que é o público-alvo para o atendimento. Porém, deve-se pensar também, que embora a eutanásia não seja o ideal, talvez deva ser considerada um recurso optativo pelo tutor, o que é aceito pelo CRMV para animais positivos sintomáticos, ou doentes. 11 3.2 Condições atuais de Atendimento Veterinário na UMV-SEDA Atualmente, a Unidade de Medicina Veterinária encontra-se sobrecarregada em sua capacidade de acolhimento. Na estimativa levantado no dia 19 de dezembro de 2016, como demonstra a tabela abaixo, o número de ocupação em cada setor supera o número de vagas ideais em 203%. Setores Hoje- vagas ideal-vagas Veterinário Tratamentos 40 15 Juliana Koenen Pós- cirúrgico 38 20 Rejane Werenicz Gatil 10 13 Rosana Pacheco Filhotes 16 8 Rosana Pacheco Isolamento 24 12 Camila Monteiro Albergados 152 80 Camila Monteiro Positivos leishmaniose 20 Nenhum Franco Vicentini Quadro 3 - Levantamento de vagas para acolhimento na UMV-SEDA Quanto a capacidade de atendimento, considerando que se utiliza 4 veterinários cirurgiões no Bloco Cirúrgico, é possível fazer diariamente o número de procedimentos demonstrados abaixo: Cirurgias Eletivas 25 Cirurgias Não-eletivas 4 Quadro 4 – Número ideal de procedimentos realizados. Com base no quadro, o ideal corresponde ao mês em 550 cirurgias eletivas e 120 cirurgias não eletivas. No entanto, no último semestre deste ano, o número de produtividade foi reduzido devido ao problema de superlotação enfrentado pela Unidade de Medicina Veterinária, assim como a falta de materiais. Pegando com base o mês de novembro/2016, foram realizadas 215 cirurgias eletivas, e 76 cirurgias não-eletivas. Quanto ao Atendimento Clínico, com apenas um veterinário disponível para a realização da consulta, o número ideal corresponde a 10 atendimentos/dia. Utilizando o total de atendimentos realizados em Novembro/2016, que corresponde a 419, a média de atendimento em trinta dias é de 14 atendimentos/dia. 12 3.2.1 Fluxograma de procedimentos externos e internos Nos quadros dispostos abaixo, encontra-se o esboço de um plano de ação interna e externa, que tem como objetivo nortear o trabalho da SEDA. Quadro 5 – Fluxo de atendimento externo Quadro 6 – Fluxo de atendimento interno Quadro 7 – Fluxo de atendimento/tratamento 13 * O tratamento para leishmaniose é possível, porém é caro e continuo. Devido a isso, é necessário termos ciência dos recursos que poderemos dispor para o tratamento dos animais com proprietários de baixa renda; averiguar a possibilidade de parcerias público-privadas, a fim de viabilizar o tratamento e possibilitar ao dono de continuá-lo; ou se será apenas oferecida a eutanásia como recurso de contenção da endemia devido aos recursos escassos tanto do município quanto do indivíduo. 3.2.2 Descrição de Tratamento Veterinário No quadro abaixo estão descritas as etapas de tratamento proposta para os animais que apresentam a Leishmaniose, segundo RIBEIRO et al., (2013): Imunoterapia • É uma maneira de abordar animais infectados e até doentes para restaurar o sistema imune. Utiliza-se a vacina Leish-Tec® associada ao alopurinol em cães naturalmente infectados pela Leishmania Infantum. Quimioterapia • • • • Alopurinol – 10-20 mg/kg a cada 12 horas, uso contínuo. Marbofloxacina; Enrofloxacina; Metronidazol; Imunomodulador • • • • Domperidona: Essa droga estimula a resposta Th1. Repetição a cada 6 meses. Nome comercial na Europa Leishguard; Levamisol: Estimula a resposta Th1. Usar em dias alternados por via oral. Uso contínuo; Propionibacterium acnes: estimula a resposta Th1; Prednisona e dexametasona para pacientes com as taxas de globulinas muito elevadas; Quadro 8 – Etapas do tratamento • A imunoterapia poderá ser utilizada em cães sem doença; nos doentes com titulação baixa (RIFI 1:40 a 1:80), ou com sinais parasitológicos negativos (Citologia, IHQ e PCR), provas normais de laboratório. • O tratamento de Imunoterapia + Alopurinol, nos cães com doença clínica, títulos elevados, parasitológico positivo ou não e que possuam alterações de prova de laboratório. • Imunoterapia + alopurinol + alternativas presentes no Brasil, são utilizadas quando o cão não apresentou resposta, mantendo-se com os títulos elevados, assim como os resultados das provas de laboratório. 14 O Brasileish apresentou ao Ministério da Saúde, medidas que podem ser tomadas nos estadiamentos da doença: • • • • Estadiamento 1: (Inicial), pode ser utilizada a imunoterapia acompanhada do alopurinol e da domperidona. Estadiamento 2: (Moderado), recomenda-se o uso de alopurinol + imunoterapia + domperidona. Estadiamento 3: as recomendações do IRIS, quanto ao manejo do paciente renal é o uso de Alopurinol + imunoterapia + domperidona, pois são apresentadas várias alterações sistêmicas. Estadiamento 4: Gravíssimo Também irá propor, que após a realização do teste rápido, se negativo, estabelecer ações e programas de educação e saúde e prevenção através da utilização de repelentes tópicos e vacinas. Caso reagente, seguir com testes de triagem, como por exemplo, ensaio imunoenzimático (RIFF). Se este segundo apresentar-se negativo seguir com propostas de educação e prevenção. No caso de reagente o proprietário possui a opção de eutanásia ou se optar pelo tratamento, esse deverá ser realizado sob as diretrizes do Brasileish, como identificamos no fluxograma abaixo. Quadro 9: Método de ação proposto pelo Brasileish/ Equalis 14 3.2.3 Recursos Materiais e Imateriais Quantos os recursos materiais, a UMV-SEDA deverá dispor de espaço físico, adequado devido a sua proximidade com o Parque Natural Municipal Saint-Hilaire. A infraestrutura, deverá ser construída, já que os canis atuais encontram-se ocupados, e não estão nas conformidades ideais para isolamento. De acordo com a Lei Complementar Nº 694, de 21 de maio de 2012, do Município de Porto Alegre, Art. 22, Inciso I: a) 1m² (um metro quadrado), por animal de até 10kg (dez quilogramas); b) 2,5m² (dois vírgula cinco metros quadrados), por animal com peso superior a 10kg (dez quilogramas) e de até 20kg (vinte quilogramas); e c) 5m² (cinco metros quadrados), por animal com peso superior a 20kg (vinte quilogramas); Portanto, para atender 100 animais, utilizando a medida de 5m², e albergando no máximo 5 cães de 10 kg, teremos de construir 20 canis. Serão necessários aproximadamente 240 metros lineares de tela metálica, e mais de 340 metros lineares de tela especial de mosquiteiro com de 1 mm de espessura, de forma que o canil seja coberto integralmente. Quanto a medicações o ideal é a utilização: de Marbofloxacina (Marbopet); Alopurinol; Enrofloxacina; Metronidazol; Milteforan da Virbac (lançamento em janeiro/2017); Domperidona; Levamisol; Prednisona; Coleiras Inseticidas (Scalibur; Seresto; Livre; etc); Vacina Leish-Tec®. Assim como o Teste rápido para detecção. Quanto aos testes laboratoriais citopatológico; Elisa; PCR RT da Medula. E quanto ao material humano, é ideal que haja dois veterinários com o conhecimento da doença. 3.2.4 Infraestrutura A Unidade de Medicina Veterinária da SEDA possui capacidade de atendimento veterinário mensal de 300 animais. Além da realização de cirurgias eletivas e não eletivas, e 150 vagas disponíveis para albergagem e tratamento. Além dos animais albergados em casas de passagem particulares, devido a situação de abandono (deficientes/sadios), recolhimento de bravios sem proprietário com comprovação de mordedura. Geograficamente, a Unidade de Medicina Veterinária encontra-se em área limítrofe do parque Saint-Hilaire, o que torna a área inadequada para o abrigo e tratamento dos animais com leishmaniose, pois qualquer mamífero exposto a picada do flebotomíneos infectado pode 15 tornar-se um reservatório para a transmissão da patologia. O parque é um refúgio para a fauna da região metropolitana, com uma biodiversidade composta por 12 espécies diferentes de mamíferos, dentre eles graxaim, ouriço, gambá e mão-pelada, 47 espécies de répteis (cobras, lagartos, lagartixas), 23 de anfíbios (sapos, pererecas e rãs), 14 espécies de peixes que habitam a barragem e 88 espécies de aves. É importante ressaltar que Porto Alegre, teve seu primeiro caso de óbito confirmado pela doença apenas no ano de 2016, o que tornou necessário o estabelecimento de ações e condutas em caráter emergencial para lida com a doença. Para isso, a estrutura construída na UMV é de caráter emergencial, e não permanente. Os animais recolhidos na Vila das Laranjeiras (Protásio Alves) que ficaram tutelados, foram todos encoleirados, prevenindo-se assim a transmissão da doença, monitorados e alocados em canil telado. Assim, as possibilidades que apresentam mais adequação seria: a terceirização em clínicas veterinárias para atendimento destes animais, ou a construção de uma estrutura de atendimento em local diferente do atual. Porém, as soluções ainda não resolvem o problema quanto a continuidade deste tratamento. 3.2.5 Orçamento dos Laboratórios Clínico Veterinário Em um levantamento preliminar, foram identificados alguns dos locais que realizam os exames necessários para o acompanhamento do tratamento da leishmaniose. EXAMES Laboratórios CITOPATOLÓGICO PCR RT/MEDULA ELISA TESTE RÁPIDO Lavet R$ 30,00 - R$ 55,00 R$ 55,00 Pathos R$ 18,00 R$ 140,00 R$ 70,00 R$ 80,00 Laborvet - R$ 160,00 R$ 50,00 - Petlab - Tecsa - R$ 135,00 + R$ 18,00 *** R$ 75,00 + R$ 18,00 - R$ 138,10* R$ 29,85 R$ 193,00** *Qualitativo; **Quantitativo; ***exame não realizado pelo laboratório, 10 dias para saída dos resultados; Quadro 10: Valores dos exames para tratamento da leishmaniose 17 3.2.6 Orçamento das Distribuidoras de Medicamentos Quanto as medicações, foi realizado um pequeno levantamento no momento, e solicitado orçamentos que ainda não foram recebidos. O quadro abaixo mostra a faixa de valores encontrados. EMPRESAS MEDICAMENTOS Importadora Bagé (Ibasa) f. 32224577 Pet Plantar f. 3268329 Centro Veterinário Barão do amazonas f. 33365239 Marbofloxacina (margopet) - R$ 38,70 (27,5 mg); R$ 77,20 (82,5) - Enrofloxacina R$11,28 (50 mg); 24,21(150mg) R$ 19,90 (50 mg); R$ 49,90 (150 mg) - Milteforan (lançamento em janeiro de 2017) - - - Alopurinol - - - Coleira Scalibur - - - Coleira Seresto - R$ 230,00 (até 8 kg); R$ 260,00 ( superior a 8 kg) R$ 185,00 (até 10 kg); R$ 267,00 (mais de 10 kg) Coleira Leevre R$ 66,06 (48 cm); 70,44 (63 cm) - Vacina Leishtec R$ 71,98 R$200,00 Quadro 11: Valores dos medicamentos para tratamento da leishmaniose Também foram solicitados orçamentos para as empresas: Vetlog Distribuidora de Produtos Veterinários; Cassul Distribuidora; Naturalmed Distribuidora de Medicamentos Veterinários; Agrosul Produtos Agropecuários; Global Agro Negócios; Miagro Distribuidora; Real Pet Distribuidora Ltda; Agrotimbó Distribuidora; Total Vet; Pró Ativa Distribuidora Veterinária; Pets Life Produtos Veterinários. Porém ainda nada foi recebido. 17 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS A leishmaniose é uma doença grave e de grande apelo para a saúde pública. Porém esta realidade deve ser enfrentada com responsabilidade e sensibilidade. Sabe-se que o canicídio proposto no passado não se enquadra mais no mundo atual, pois não acompanhada a evolução da Medicina Veterinária, que já propõem hoje formas de controle e tratamento da doença. Aqui neste trabalho, procuramos propor de acordo com as condições oferecidas por esta Secretaria uma forma de intervenção nas regiões afetadas, assim como o controle e tratamento dos animais positivos e sintomáticos. Também é de extrema necessidade a realização de ações educativas, que tratam do cuidado dos animais, da prevenção da doença, dos cuidados higienistas, e para com o meio ambiente, além de promover o controle reprodutivo, e imunológico destes animais que são de grande importância neste processo. Sabemos que a Leishmaniose ainda é de difícil diagnóstico, mesmo que o controle e o tratamento tenham evoluído, porém as metodologias de diagnóstico buscam minimizar os resultados falsos positivos ou negativos e identificar realmente os animais infectantes, que são o verdadeiro alvo de maior atenção e acompanhamento. 18 REFERÊNCIAS AMORIM, Izabela Ferreira Gontijo de; SILVA, Magno de; FIGUEIREDO, Maria Marta; MOURA, Eliane Perlatto; CASTRO, Rodrigo Soares; LIMA, Tatjana Keesen de Souza. Toll receptores do tipo-2 e CR3 Expression of Canine monócitos e sua correlação com imunohistoquímica e Xenodiagnóstico na Leishmaniose Visceral. 6 ed. Costa Rica: PLoS ONE, 2011. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3227600/. Acesso em: 10 dez. 2016. CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA VETERINÁRIA (Brasilia). CFMV Pública nota sobre o Tratamento da Leishmaniose Visceral. 2013. Disponível em: <http://www.cfmv.gov.br/portal/destaque.php?cod=1105>. Acesso em: 10 dez. 2016. NOGUEIRA, Fabio dos Santos; RIBEIRO, Vitor Márcio (Org.). Leishmaniose Visceral. In: JERICÓ, Márcia Marques; ANDRADE NETO, João Pedro de; KOGIKA, Márcia Mery (Org.). Tratado De Medicina Interna De Cães E Gatos. 2. ed. Rio de Janeiro: Rocca, 2015. Cap. 80. OLIVEIRA; Taismara Simas de; MIRANDA, Fernanda Guimarães; RIBEIRO, Vitor Márcio Ribeiro; SANTOS, Renato de Lima. Análise de métodos de diagnóstico para leishmaniose visceral canina a partir de levantamento de casos atendidos em uma clínica veterinária na cidade de Belo Horizonte, MG. In: Revista Científica de Medicina Veterinária – Pequenos Animais e Animais de Estimação. Curitiba: Medvet, 2011, p. 692-696 RIBEIRO, Vitor Márcio; SILVA, Sydnei Magno da; MENZ, Ingrid; TABANEZ, Paulo, NOGUEIRA, Fábio dos Santos; WERKHAÜSER, Manfredo; FONSECA, André Luis S da; DANTAS-TORRES, Filipe. Control of visceral leishmaniasis in Brazil: recommendations from Brasileish. London: Parasites & Vectors, 2013. 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