Surto de leishmaniose põe autoridades em alerta

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Legenda da foto:
O cão é um dos animais que funciona como
reservatório para o protozoário causador da leishmaniose. Donos desses animais
devem estar atentos a sintomas
Surto de leishmaniose visceral põe autoridades em
alerta
Transmitida por um inseto, doença pode até levar à morte
Quatro casos recentes de leishmaniose visceral no município goiano de
Pirenópolis, com o registro de duas mortes de crianças, chamaram a atenção das
autoridades de saúde. Transmitida por um inseto, conhecido como mosquito
palha, birigui ou tatuquiras, a leishmaniose visceral ocorre, em especial, em locais
de transição entre o meio urbano e as matas. Nesses locais, a cadeia de
transmissão inclui o cachorro como reservatório do protozoário Leishmania L.
chagasi, que causa a doença tanto em animais quanto em humanos.
Os cães são o grande reservatório para a leishmaniose visceral. São eles
que alojam o parasita. Quando o inseto portador do protozoário pica o cachorro, o
animal acaba infectado. Outros insetos que picarem esse cão ajudarão a espalhar
mais ainda a leishmaniose, o que aumenta os riscos de que a doença chegue ao
homem.
Zoonose é o nome dado às doenças de animais que podem acometer seres
humanos. A leishmaniose visceral pertence a esse grupo e tem a capacidade de
causar danos graves ao organismo humano. Na última década, registraram-se
cerca de 3,5 mil casos por ano da doença. Como o próprio nome diz, esse tipo de
leishmaniose atinge as vísceras. O parasita se aloja principalmente na medula, no
baço e no fígado, e o paciente apresenta sintomas como febre, aumento do baço
e do fígado, náuseas, vômitos, dor de cabeça e anemia. Como atinge órgãos
vitais, a forma visceral pode levar à morte. Segundo o Ministério da Saúde, a taxa
de mortalidade chega a 7%, ou seja, de cada 100 vítimas, sete morrem.
Tratamento – Desde o início do século passado, há tratamento para a
leishmaniose visceral. O medicamento utilizado é distribuído gratuitamente na
rede do Sistema Único de Saúde (SUS). A pessoa que apresentar algum sintoma
deve procurar um posto de saúde em busca do diagnóstico e, caso o resultado do
exame seja positivo, o tratamento deve ser iniciado imediatamente. A
leishmaniose tem cura na maioria dos casos. Em geral, o medicamento é utilizado
de 20 a 30 dias, mas o uso pode ser prolongado, de acordo com a resposta de
cada paciente.
Cuidados – O problema é que hoje a leishmaniose passa por um processo de
expansão, o que aumenta sua ameaça ao homem. Doença originária de áreas
silvestres, hoje também está presente nos centros urbanos. “O desmatamento e a
ocupação desordenada de algumas áreas contribuem para esse fenômeno”,
explica a responsável pelas ações de Vigilância e Controle das Leishmanioses do
Ministério da Saúde, Ana Nilce Maia. “O inseto se adaptou facilmente ao meio
urbano, o que dificulta as ações de controle”, afirma.
Para se proteger da infecção é essencial evitar o contato com o vetor,
especialmente, no final de tarde e no início da manhã, quando o inseto
transmissor da doença sai em busca de alimento. Também é importante construir
casas afastadas da mata – entre 300 e 400 metros de distância. Uma das
principais medidas de combate é o manejo ambiental, com a retirada de entulhos,
folhas ou materiais que podem favorecer a proliferação do vetor, proporcionando
condições ideais de procriação, como locais úmidos e sombreados. Outras
importantes medidas são o controle químico, o uso de inseticida para reduzir a
quantidade de vetores, a vigilância canina e eliminação dos cães infectados e a
educação permanente para sensibilizar profissionais e população para o
diagnóstico e tratamento precoce da doença.
Os profissionais de saúde reforçam a necessidade de se manter a atenção
aos sinais que podem indicar um animal doente, e que podem ser verificados
pelas pessoas que têm cães. O cachorro infectado de leishmaniose apresenta
sintomas como excessiva queda de pêlos, unhas compridas, emagrecimento,
conjuntivite e lesões de pele. Apesar disso, pode haver animais infectados que
não desenvolvem nenhum desses sintomas. Se o cão estiver infectado, deve ser
eliminado. O Ministério da Saúde recomenda não tratar animais infectados ou
doentes, pois, apesar de reduzir os sinais clínicos, o cão continuará transmitindo a
doença.
Surtos – A cidade de Pirenópolis, localizada no interior de Goiás, tem
registrado casos de leishmaniose nos últimos anos. Em 2003 foram três
ocorrências, em 2004 duas e em 2005 quatro.
Este ano, duas crianças morreram em conseqüência da doença. As
secretárias de saúde de Pirenópolis e do estado de Goiás adotaram medidas de
vigilância e controle, monitoramento do vetor, eliminação de cães e borrifação nas
áreas de transmissão no município e na região.
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