UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE ODONTOLOGIA DOUGLAS RAFAEL VIEIRA DA SILVA RENATO FEIJÓ MAGALHÃES SIGNIFICADOS DAS PERDAS DENTÁRIAS E DA REABILITAÇÃO ORAL, COM AUXÍLIO DE PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL, PARA OS PACIENTES ATENDIDOS NAS CLÍNICAS DO CURSO DE ODONTOLOGIA DA UNIVALI. Itajaí (SC) 2007 2 DOUGLAS RAFAEL VIEIRA DA SILVA RENATO FEIJÓ MAGALHÃES SIGNIFICADOS DAS PERDAS DENTÁRIAS E DA REABILITAÇÃO ORAL, COM AUXÍLIO DE PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL, PARA OS PACIENTES ATENDIDOS NAS CLÍNICAS DO CURSO DE ODONTOLOGIA DA UNIVALI. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Cirurgião-Dentista, do Curso de Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí. Orientadores: Profª. Elisabete Rabaldo Bottan Prof. Roberto Carvalho Barros Júnior Itajaí (SC) 2007 3 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO......................................................................................................05 2 REVISÃO DE LITERATURA................................................................................07 3 MATERIAIS E MÉTODOS...................................................................................19 4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS E DISCUSSÃO...................................21 4.1 Caracterização dos sujeitos e do tipo de perda dental..................................21 4.2 Significados da perda dentária e impacto sobre a qualidade de vida................26 5 CONCLUSÃO.......................................................................................................32 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................33 7 APÊNDICE ............................................................................................................36 8 ANEXOS................................................................................................................39 4 SIGNIFICADOS DAS PERDAS DENTÁRIAS E DA REABILITAÇÃO ORAL, COM AUXÍLIO DE PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL, PARA PACIENTES ATENDIDOS NAS CLÍNICAS DO CURSO DE ODONTOLOGIA DA UNIVALI. Acadêmicos: Douglas Rafael Vieira da SILVA e Renato Feijó MAGALHÃES Orientadores: Profª. Elisabete Rabaldo BOTTAN Prof. Roberto Carvalho BARROS JÚNIOR Resumo O objetivo deste trabalho foi levantar motivos e significados das perdas dentárias e expectativas com relação ao tratamento restaurador protético, junto aos pacientes das clínicas do curso de Odontologia da UNIVALI. Foram entrevistados 40 sujeitos, sendo a maioria (26) do sexo feminino, com idades que variaram de 31 a mais de 60 anos. O instrumento para coleta de dados constou de um questionário estruturado em três partes. As duas primeiras partes foram compostas por 6 questões fechadas e tinham por objetivo caracterizar os sujeitos e o tipo de perda dental. A terceira parte foi constituída por 3 questões abertas, que tinham por objetivo identificar os motivos e as conseqüências das perdas dentárias, bem como, as expectativas com relação ao tratamento a que seriam submetidos. A análise das respostas emitidas para as questões da terceira parte foi efetuada com base na abordagem qualitativa, através da técnica de análise de conteúdo de Bardin. Os principais resultados indicaram que a perda dentária ocorreu em função da doença cárie, a qual, em decorrência do modelo de atenção odontológica hegemônico à época era tratada mediante procedimento de exodontia. As conseqüências apontadas pelos pesquisados foram dificuldades na mastigação e problemas estéticos e de relacionamento pessoal. As expectativas de recuperação da qualidade de vida, através da colocação de prótese removível, foram bastante positivas. Concluiu-se que é importante que o cirurgião-dentista, quando de um tratamento de reabilitação protética, conheça as expectativas do seu paciente e oriente-o, quanto às possibilidades e limitações da reabilitação pela prótese removível. Palavras-chave: prótese removível, reabilitação bucal, saúde bucal. 5 1 INTRODUÇÃO Para a população de um país, como o Brasil, cujo índice de edentulismo parcial e total é significativo e que grande parte da população não tem poder aquisitivo, a prótese removível deveria receber um maior destaque no tratamento odontológico de pacientes parcialmente desdentados. (PIUVEZAN et al., 2006; VARGAS; PAIXÃO, 2005) De acordo com os dados do levantamento epidemiológico realizado em 2003 (BRASIL, 2004a), o CPO-D médio para a faixa etária de 35 a 44 anos foi de 20,1 e de 27,8 para a faixa etária de 65 a 74 anos. Além de ser um índice extremamente alto, revelando uma baixa qualidade de saúde oral, destaca-se que o elemento perdido é o fator que mais influencia na determinação dessa baixa qualidade. A opção pela prótese removível deve-se a sua relativa facilidade de tratamento e do seu baixo custo, em relação aos outros tipos de tratamentos reabilitadores bucais, o que a torna, por vezes, o único meio reabilitador eficaz e indicado para determinadas situações clínicas. Considerando-se que a prótese removível é uma alternativa viável para a realidade brasileira, é necessário destacar que o processo clínico deste procedimento depende de um planejamento e de uma confecção com rigor técnico, que é de responsabilidade do cirurgiãodentista e do protético. Além do aspecto técnico, é fundamental, também, a participação ativa do paciente que é considerada como uma importante variável para o alcance do sucesso da reabilitação oral. O paciente deve ser esclarecido em linguagem clara e compreensível sobre os cuidados decorrentes da instalação de uma prótese removível, bem como estar motivado para a reabilitação oral. No entanto, como explicitado por Vargas e Paixão (2005), até recentemente, no campo da pesquisa clínica, pouca ênfase foi dada à relação entre as condições de saúde oral e impacto na vida das pessoas. 6 Na área odontológica, a utilização de dados clínicos, tais como o número de dentes cariados, restaurados e perdidos, necessidade de prótese, para diagnosticar as condições de saúde oral, ainda é priorizada. Esses achados são limitados, pois, não informam o impacto que a condição oral gera na qualidade de vida dos indivíduos. Desta forma, além da pesquisa epidemiológica, o estudo da autopercepção é relevante, pois, demonstra como a pessoa avalia sua condição oral, importância atribuída e o seu comportamento. (BORTOLI et al., 2003; RODRIGUES et al., 2005) A partir da última década, a compreensão dos aspectos biopsicosociais relacionados ao cotidiano dos sujeitos com perdas dentárias e o impacto do conjunto destes fatores sobre a qualidade de vida destas pessoas vem sendo enfocada com mais destaque, porque os significados expressos pela população ampliam as possibilidades de oferta de serviços públicos e de sucesso dos tratamentos viabilizados. Diante da importância da participação ativa do paciente, quando da recuperação através da prótese removível, definiu-se como objeto desta investigação levantar os motivos das perdas dentárias e as expectativas dos pacientes, das clínicas do curso de Odontologia, com indicação para confecção de prótese removível, quanto ao procedimento a que serão submetidos. 7 2 REVISÃO DE LITERATURA Bezzon et al. (1992) salientaram a necessidade de um programa de manutenção continuada para pacientes submetidos a PPR para o sucesso do prognóstico. O programa de manutenção deve incluir orientações sobre higiene oral para se evitar lesões periodontais, que podem ocorrer em função do acúmulo de placa bacteriana, e que comprometem o tratamento por mais criterioso que tenha sido o planejamento. Giampaolo et al. (1993) afirmaram que diversos fatores levam a perdas dentais. Estes fatores vão desde questões econômicas, culturais a até mesmo iatrogênicas. As perdas dentais ocasionam, além de deficiências funcionais e estéticas, o desequilíbrio dos componentes do sistema estomatognático. De acordo com Cucci et al. (1997), para que ocorra o sucesso de uma reabilitação oral, por meio de uma prótese parcial removível (PPR), é necessário um correto diagnóstico e um excelente plano de tratamento. Desse modo, a PPR irá restabelecer função e estética de forma adequada, deixando paciente e profissional satisfeitos. Bonachela e Telles (1998) salientaram que com o objeitvo de simplificar a descrição das possíveis combinações de áreas edentulas, assim como, para facilitar o ensino e a comunicação entre odontólogos e profissionais da área protética, Kennedy criou uma classificação dividindo as arcadas parcialmente edentadas em quatro diferentes classes. A classe I representa as arcadas que apresentam espaços edentados posteriores bilaterais, a classe II se adequa ao espaço edentado posterior, a classe III define espaço ou espaços edentados intercalados, a classe IV representa espaço edentado anterior que cruza a linha média. Estas classes criadas por Kennedy (Anexo 1) receberam modificações que as adequam quanto ao números de espaços edentados existentes, além daqueles que determinam a classe e regras propostas por Applegate, que estão relacionados ao uso das classificações. 8 Segundo Wolf (1998), a perda dos dentes pode implicar em alterações com conseqüências para a vida emocional do paciente. Estas mudanças podem ser de cunho psíquico e cultural, principalmente no que diz respeito à aceitação social. Com o objetivo de investigar como as pessoas vivenciam a situação de extração dos dentes para colocação de próteses ou de implantes, foram realizadas entrevistas com 10 pessoas (4 portadores de prótese, 2 de implante e 4 em tratamento para colocação da prótese). Também, foram entrevistados 18 clientes, em tratamento, em clínicas particulares na cidade de São Paulo, e 5 dentistas sobre as reações com seus clientes. Dentre os pesquisados, 90% afirmaram que a perda dos dentes teve influência na vida afetiva e sexual; isso demonstra que a ausência dos dentes leva a sentimentos de insegurança, impotência, não completitude e vazio. Os dentes são uma forma de apresentar-se de acordo com os padrões desejados pela sociedade, portanto, a falta dos dentes é uma ameaça à identidade individual, social e familiar, fazendo com que a pessoa se retraia. Um dos dados que mais se repetiu nas respostas emitidas pelos sujeitos da pesquisa foi a associação da perda dos dentes com falta de cuidado, trazendo vergonha. Logo, a perda dos dentes traz uma sensação de angústia e a utilização de prótese ou implante visa um retorno à aparência anterior. Foi identificado que a preocupação com a estética é maior do que com a função dos dentes. Então, o profissional deve ser mais sensível ao fato de que a perda dos dentes é uma vivência mais ampla e abrangente, o que deve ser cuidadosamente considerado, sob pena de provocar conseqüências graves ao paciente. Pupin et al. (1999) avaliaram o grau de satisfação de 20 pacientes submetidos à reabilitação oral através de implantes osseointegrados em suas fases cirúrgica e protética. Os pacientes foram avaliados quanto a sua satisfação nos requisitos: estético, funcional e psicológico, através de um questionário com respostas abertas. No grupo investigado, houve a prevalência do sexo feminino (91,6%) quanto à procura por reabilitação e a idade média foi de 46 anos. A grande maioria dos pacientes relatou que a perda dos dentes exerceu influência na sua vida social, afetiva, profissional e auto-estima. As principais razões para a 9 procura do tratamento reabilitador oral foram: a função, função⁄estética combinados, estética e dor. Em pacientes que já haviam instalado as próteses, a satisfação foi muito alta, considerando que o tratamento ficou melhor que o esperado. Os aspectos negativos citados foram: o alto custo, dor trans e pósoperatória, medo de infecção, perda de implantes, falta de conhecimento quanto ao custo total do tratamento, tempo de espera e necessidade de faltar no trabalho. Todos os pacientes relataram que realizariam o tratamento novamente e indicariam a familiares e amigos. Braga et al. (2002) caracterizaram as condições dos idosos usuários do Centro de Reabilitação Regional do SUS, de Araraquara (São Paulo), portadores de próteses totais quanto às condições das próteses e satisfação com o seu uso. A coleta de dados foi através de entrevista e aplicação de questionário com questões abertas e exame clÍnico. As próteses foram avaliadas de acordo com estabilidade, retenção, oclusão e dimensão vertical. Os resultados do estudo demonstram que a maioria dos pacientes não procurava auxílio odontológico a mais de 20 anos. A pesquisa também demonstrou que próteses superiores apresentavam-se melhores que as inferiores quanto ao grau de estabilidade. Com relação à oclusão, 56% das próteses apresentavam-se desfavoráveis e quanto à dimensão vertical, havia perdas em 46% das próteses. Sessenta e quatro por cento das próteses não apresentavam condições de uso. Quanto ao grau de satisfação dos pacientes, 54% estavam insatisfeitos e os motivos mais citados foram: próteses soltas, sem corte, gastas, traumatizando tecidos, fraturadas e estética. Estes resultados demonstram que a população idosa possui sérios problemas no que se refere aos cuidados com a saúde bucal. De acordo com Brunetti et al. (2002), o edentulismo deve ser considerado como resultado de traumas e doenças bucais, combinados a deficiências na higiene oral, alimentação inadequada e doenças sistêmicas. Suas causas mais comuns são a cárie dental e a doença periodontal, as quais podem ser perfeitamente prevenidas, graças à tecnologia e estudos atuais. Segundo Mori e Cardozo (2002), os pacientes não se preocupam somente com a função mastigatória, mas também com a estética e a aparência facial. Isto se 10 deve ao fato de que pessoas bonitas são consideradas mais inteligentes e competentes, tendo assim maior facilidade para se inserir socialmente. Uma pessoa com aparência comprometida possui baixa auto-estima; isto demonstra a importância dos tratamentos restauradores estéticos, pois, qualquer mudança corporal pode modificar o indivíduo. Assim o resultado final imaginado pelo paciente nem sempre é clinicamente viável, o que pode gerar problemas ao término do tratamento. Esta pesquisa identificou como os pacientes e os profissionais entendem a estética facial. Foram elaborados dois questionários, um para os pacientes e outro para os profissionais, com 24 perguntas iguais e outras específicas para cada grupo. A população foi composta por 38 pacientes e 38 profissionais dos cursos do centro de aperfeiçoamento profissional e especialização do Sindicato dos Odontologistas do estado de São Paulo. Os pacientes elegeram como o aspecto mais negativo considerado no sorriso de outras pessoas a má higiene bucal (69%), seguida por restaurações manchadas em dentes anteriores (15%) e mau alinhamento dos dentes (12%). Já, os profissionais afirmaram que as reclamações mais freqüentes, por parte de seus pacientes, são quanto à cor das restaurações estéticas (54%), alinhamento dentário (33%) e insatisfação com as próteses (13%). As próteses removíveis tiveram uma baixa aceitação (47,3%), fato relacionado à presença dos grampos retentores, cor dos dentes e cor da gengiva artificial. Uma das grandes causas de insatisfação do paciente está relacionada aos esclarecimentos sobre as limitações dos tratamentos estéticos, no entanto, a maioria dos profissionais relatou fornecer tais informações. Fica clara a relação existente entre estética dentária e autoestima e autoconfiança. Portanto, os profissionais devem escutar as necessidades e vontades do paciente, ter um bom relacionamento com ele e saber explicar as limitações do tratamento não criando falsas esperanças. Para Pucca Júnior (2002), o edentulismo leva a conseqüências físicas e fisiológicas importantes, tais como: redução do tônus da musculatura, produzindo deformação da face, dificuldades com a fala, deglutição e mastigação, o que, por sua vez, compromete o início do processo digestivo. 11 Segundo Alves e Gonçalves (2003), a prótese é definida como uma peça que substitui os dentes perdidos, devolvendo ao paciente a função mastigatória, restaurando a estética, normalizando sua fonética e oferecendo comodidade. Uma pessoa sem essas funções é considerada uma pessoa inativa. Foi realizado um estudo para avaliar pacientes submetidos à reabilitação oral total na Clínica Odontológica da Universidade de Marília (UNIMAR), verificando a etiologia da perda dentária, as dificuldades encontradas após sua ocorrência e as expectativas em relação à nova prótese total. Foi aplicado um questionário a 58 pacientes. Os resultados mostraram uma predominância de pacientes pertencentes ao gênero feminino (56,9%), com idades entre 38 e 86 anos, com uma média de 32,37 anos. O principal fator citado pelos pacientes entrevistados como motivo da perda dentária foi a cárie (38%). Em relação às dificuldades encontradas após as perdas dentárias, foram: mastigação, estética e fonação. Quanto à expectativa, alguns pacientes relataram mais de uma expectativa em relação à prótese, sendo mastigação e estética (24,1%) as mais citadas; somente mastigação foram 14% e somente estética foram 10,3%. Deste modo, programas de saúde bucal devem ser realizados com o objetivo de promoção de saúde, para que se possa diminuir o número de pessoas incapacitadas de realizar funções básicas no seu dia-a-dia. Pereira e Bonachela (2003) afirmaram que, no Brasil, o número de desdentados que não possuem condições para tratamentos mais complexos, como implantes osteointegrados ainda é muito grande, e com isso o uso de próteses totais ainda ocorre na maioria dos casos. Um dos grandes problemas que os pacientes portadores de próteses totais, ou aqueles que necessitam destes aparelhos, enfrentam é a falta de instruções quanto à utilização, cuidados e hora certa de sua substituição. Esta falta de orientação leva os pacientes a não manter cuidados adequados com suas próteses e o seu uso prolongado. Este trabalho utilizou fichas clínicas com perguntas relacionadas sobre as próteses totais, como: freqüência de troca e motivo para a troca, entre eles báscula, estética, ou extrações recentes, por exemplo. Um maior número de mulheres procurou atendimento, na proporção de 3 mulheres para cada homem. Os principais motivos para a troca da prótese foram, para ambos os sexos: próteses antigas ou 12 fraturadas, próteses com báscula ou sem retenção/mastigação e em terceiro lugar estética. O uso de próteses totais por longos períodos variou de 5 anos a 20 anos ou mais. Apenas um dos 221 pacientes participantes da pesquisa relatou que estava efetuando a troca da prótese para melhorar sua saúde. Matos et al. (2004), com um estudo baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, evidenciou que, na população brasileira de 60 ou mais anos, 55% das mulheres realizaram consulta odontológica, no intervalo de um ano, enquanto que 53,2% dos homens nunca em suas vidas haviam realizado consulta odontológica. Conforme Unfer (2004), 84% dos idosos possuem algum tipo de prótese dentária. Os motivos principais para as perdas dentais são: falta de condições de acesso ao serviço de saúde, como falta de locomoção ou necessidade de ajuda de terceiros, além de condições econômicas, culturais e sociais. A falta de dentes traz problemas funcionais e psicológicos aos pacientes, mas que parecem ser compensados pela resolução do problema estético. O edentulismo em idosos demonstra a grande falha no modelo de atenção à saúde bucal vivido por estes sujeitos, pois, à época, predominavam tratamentos reabilitadores em detrimento de programas de educação e prevenção. Portanto, as ações educativas devem ser intensificadas, proporcionando orientações específicas, enfatizando a adoção de comportamentos compatíveis com uma boa saúde e estimulando o auto-exame bucal. O modelo de saúde bucal empregado há décadas, também, influenciou para as condições atuais de saúde bucal em idosos. No passado, as intervenções em dentes fraturados, ou com mobilidade, implicavam em exodontia e colocação de prótese parcial, evoluindo para a colocação de uma prótese total. Principalmente em serviços públicos, as extrações em massa se constituíram em única forma de atendimento oferecido. Quanto à influência, na saúde geral, a perda significa condições desfavoráveis de mastigação, deglutição, fonação, autoestima, implicando em mudança de hábitos alimentares que acarreta diminuição de nutrientes e até desnutrição. A preocupação com a reposição dos dentes perdidos é maior quando a estética está envolvida, e menor quando o restabelecimento da função dentária é necessário. Esta auto-imagem relaciona-se 13 a um padrão ideal imposto pelas exigências sociais. A maioria dos pacientes idosos não apresenta conhecimento quanto às causas das suas doenças bucais e formas de prevenir ou controlar suas manifestações, além de não possuírem orientações quanto ao correto uso e manutenção de suas próteses e necessidade de avaliações periódicas. Quadros e Machado (2004) investigaram junto a um grupo de pacientes das clínicas do curso de Odontologia da UNIVALI, no ano de 2004, as expectativas destes pacientes quanto à reabilitação através de prótese total. A principal causa do edentulismo, relatada pelos pacientes, foi o descuido com a sua dentição e ou falta de instrução adequada. As principais mudanças em decorrência do edentulismo, na vida destes pacientes, foram: dificuldade na mastigação, problemas de relacionamento pessoal e comprometimento estético. O gênero feminino relatou maior incômodo em relação à estética, enquanto o masculino se concentrou nos problemas mastigatórios. As expectativas quanto ao tratamento reabilitador ligado à decisão de procura pelo tratamento se manteve pela estética, para os sujeitos do gênero feminino, e pela função mastigatória para o masculino. Vargas e Paixão (2005) estudaram os problemas causados pela perda dentária e a falta de acesso a próteses para uma população adulta, usuária de uma unidade de saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte. Este estudo utilizou a metodologia qualitativa por meio de entrevistas com questões abertas, semi-estruturadas, envolvendo 20 pacientes adultos com idade entre 25 e 65 anos. A entrevista continha um roteiro de perguntas abordando o centro de saúde, a perda dentária e a saúde bucal. Dos 20 pacientes entrevistados, 12 eram do sexo feminino e 8 do masculino, 15 possuíam o 1º grau incompleto, 2 possuíam o 1º grau completo, 1 tinha o 2º grau incompleto e 2 possuíam o 2º grau completo. A maioria dos entrevistados possuía casa própria e o rendimento médio dos entrevistados era de 3 salários mínimos. As principais causas de perdas dentárias relatadas foram pela falta de informações e de condições financeiras para o tratamento e o tratamento inadequado recebido. Nenhuma correlação foi feita entre as doenças bucais e suas condições de vida, apenas questionaram os cirurgiões-dentistas por extraírem dentes por qualquer motivo. Os problemas 14 decorrentes da perda dentária, na vida diária, foram de ordem funcional e social. Os problemas de ordem funcional mais citados foram: comer, mastigar ou falar e os de natureza social foram mudanças de comportamento, como esconder a boca ao falar ou sorrir, insatisfação com a aparência, prejuízos na aceitação social e dificuldade de acesso ao mercado de trabalho.Os entrevistados freqüentemente relataram dificuldades de comer alimentos duros e fibrosos e a falta de prazer com a mastigação. Pacientes que já utilizam próteses relataram ter dificuldades de adaptação e desconforto, mas continuavam a usar em função da aparência. Em relação às próteses muitos entrevistados revelaram não usar ou improvisar alternativas por não possuírem condições financeiras para a sua confecção em CD. O trabalho demonstrou que a política pública para o tratamento dentário de pacientes adultos, nesse centro municipal de saúde pública, é insuficiente e ineficaz para pacientes que necessitem de tratamentos reabilitadores mais complexos, ocorrendo, desta forma, extrações desnecessárias. Os sentimentos relacionados com a perda dental foram bastante negativos. Ferreira e Alves (2006) afirmaram que as pessoas possuem diferentes sentidos para a boca, devido a experiências, vivências e devido à importância que ela representa em seu cotidiano. Esta é uma constatação importante para a odontologia. Este estudo foi realizado no bairro de Cidade da Esperança, NatalRN, e trata-se de um estudo descritivo fundamentado no conceito de representações sociais. Para participar do estudo, era necessário que o indivíduo tivesse mais do que 18 anos, residisse no bairro e fosse usuário dos serviços da Unidade Integrada de Saúde. A amostra foi constituída por 30 pessoas todas voluntárias, sendo 70% mulheres. Em relação à idade, o maior percentual foi na faixa de 30 a 39 anos. A coleta de dados se deu em dois momentos; uma entrevista que partia de uma questão: “Como é a sua boca?”. Em um segundo momento, foi utilizado um questionário socioeconômico para fazer a caracterização dos pacientes; além disso, foi realizado um exame clínico da boca, seguido de orientações e técnicas de higiene. As categorias se organizaram em torno de três sentidos para a boca: saúde da boca, as dores de dente e o resgate. A categoria mais identificada foi saúde da boca com 42,5%; isto se deve ao fato 15 dela estar relacionada com questões afetivas, já que a falta dos dentes representa uma imperfeição em seus corpos. Com 33,5%, a categoria dores de dente mostrou-se um fato corriqueiro na vida das pessoas. Já, na categoria resgate da identidade da boca, a prótese aparece como um instrumento de resgate da autoestima e funcionalidade do indivíduo. A ausência dos dentes é lamentada, tanto pelos efeitos biológicos, como pelo desprestígio que essa ausência representa no meio social. Os pesquisadores concluíram que a extração dentária e o acesso ilimitado a próteses trazem conseqüências desastrosas aos indivíduos. A saúde bucal tem o seu sentido constituído por aspectos biológicos, mas também pelas relações sociais, afetivas e profissionais. Raitz e Seibert (2006) realizaram um levantamento do índice de edentulismo, em indivíduos de terceira idade, que participavam de sete grupos de vivência, na cidade de Brusque (SC) e avaliaram a autopercepção destes sujeitos com relação a sua saúde bucal. Integraram a pesquisa 306 idosos com 60 anos ou mais. Para o levantamento do índice de edentulismo, foi utilizado o índice CPOD, levando-se em conta os critérios da OMS. Para a autopercepção, foi aplicado um questionário, com base no Índice Geriatric Oral Health Assessment Index (GOHAI). Os resultados indicaram que 69,60% dos sujeitos eram edêntulos totais, 28,44% edêntulos superior, 0,33%, edêntulos inferior e 1,63% não apresentavam edentulismo apesar de utilizarem prótese parcial removível ou prótese fixa. No que diz respeito ao índice GOHAI, 40,19% dos sujeitos classificaram sua saúde bucal como boa, 20,26% relataram ter saúde bucal regular e 39,54% saúde bucal precária. As questões que mais influenciaram no resultado do índice GOHAI foram as relacionadas à função mastigatória o que revelou que o conforto e a qualidade da adaptação e estabilidade das próteses totais têm influência significativa na autopercepção de saúde bucal dos idosos. As pesquisadoras concluíram afirmando que é necessária uma mudança de comportamento no que tange aos cirurgiões-dentistas, que precisam adotar conhecimentos, recursos e estratégias em busca da promoção e educação em saúde para o controle e tratamento das doenças bucais. 16 Piuvezan et al. (2006) explicaram que, na dimensão psicossocial, a boca ocupa um lugar de importância para as pessoas, que expressa, através do sorriso, os sentimentos de alegria, sedução, e, também, está vinculada a uma idéia de sobrevivência e bem-estar pessoal. A boca desdentada, então, adquire significados que são interdependentes de fatores históricos, sociais, culturais, psicológicos e fisiológicos. Os pesquisadores realizaram um estudo com 120 idosos, de ambos os sexos, com idade igual ou superior a 60 anos, desdentados em no mínimo um dos arcos dentários, pertencentes aos grupos de idosos Conviver para viver melhor e Unati. A coleta de dados ocorreu a partir de um questionário, contendo, dados sócioeconômicos, questões sobre saúde bucal e teste de associação livre de palavras. Os resultados relativos às condições de saúde demonstraram que estes sujeitos pertencem a uma geração que sofreu as conseqüências de uma odontologia extracionista e elitista. Quanto ao teste de evocação livre de palavras, no grupo Conviver, a palavra mais lembrada foi a dor, seguida de dificuldade de comer. No grupo Unati, a palavra mais relatada, em todas as evocações, foi estética, seguida de dificuldade de comer. Para o grupo Conviver, o tema dificuldade de comer evidenciou a limitação quanto às condições essenciais à vida, dificultando a digestão e facilitando o aparecimento de determinadas doenças, alem de privar estes sujeitos do “prazer de comer”, o que reflete a situação sócioeconômica deste grupo, sem acesso a próteses adequadas. O grupo Unati evidenciou que mesmo o indivíduo que apresenta condições sócioeconômicas de utilizar próteses bem adaptadas, este traz um desconforto em seu ambiente social, remetendo a palavra estética pelo fato de estes sujeitos se enxergarem desdentados, como os que estão abaixo do seu nível sócioeconômico. Isto demonstra como estes sujeitos enfrentam o seu meio social diante das limitações emocionais e físicas decorrente das ausências dentárias. A ausência dos dentes traduz, ainda, um outro sentimento, que é a dor. A dor, enquanto sintoma biológico, reflete uma condição individual e subjetiva com repercussão na qualidade de vida dos indivíduos, suscitando modos de enfrentamento, receio de um novo episódio, que podem justificar para si e para o contexto social a perda dentária. As perdas dentárias revelam toda a história da 17 relação do indivíduo com o acesso de serviço de saúde, em que o modelo tradicional o expôs a uma prática que solucionou pontualmente a dor. A dificuldade de falar representa mais um dos comprometimentos sentidos pelo sujeito em relação a uma boca desdentada, o que causa limitação fonética vivenciada através da dificuldade, e por vezes impossibilidade, de pronunciar corretamente as palavras. A ausência dos dentes prejudica a interação social do indivíduo com o seu grupo e compromete substancialmente a sua qualidade de vida. A categoria estética, o outro constituinte do núcleo central da representação, remete os sujeitos ao comprometimento do aspecto físico promovido pela mutilação dentária que se constitui como manifestação da expressividade corporal. As perdas dentárias assinalam mudanças físicas, biológicas e emocionais, uma vez que a ausência dos dentes produz uma autopercepção de estranhamento bucal, de mudança de hábitos bucais e cotidianos. As perdas dentárias, então, para os sujeitos estudados, e inseridos em grupos sociais distintos, representam um amálgama de formas como eles enfrentam este problema. Unfer et al. (2006) analisaram as percepções de sujeitos adultos sobre a perda de dentes, através de um estudo qualitativo. Foram entrevistadas 23 pessoas de 50 ou mais anos de idade, de ambos os sexos, que participavam de um evento de saúde e lazer na Universidade Federal de Santa Maria. O instrumento constou de entrevista semi-estruturada, que foi gravada e, posteriormente, analisada pela abordagem do Discurso do Sujeito Coletivo. As causas das perdas dentárias apontadas por estes sujeitos foram organizadas em três categorias: falta ou dificuldade de acesso a serviços odontológicos; desconhecimento sobre as causas e controle das doenças bucais; modelo de atenção em saúde bucal. Quanto às conseqüências da perda de dentes, as respostas foram agrupadas em sete blocos: influência na saúde; prejuízo à mastigação; problemas na fonação; problemas psicológicos; implicações estéticas; problemas causados pelas próteses; compensação pelo uso de prótese. Os pesquisadores concluíram que os sujeitos não possuem conhecimento das causas das doenças bucais e as formas de prevenir e controlar suas manifestações, 18 anteriormente à intervenção cirúrgica, reabilitadora ou restauradora. Destacaram, também, sobre a necessidade de o dentista considerar os aspectos psicológicos que envolvem os sujeitos que sofreram perdas dentárias e do papel do Estado como provedor da saúde, proporcionando qualidade de vida a todos os cidadãos. 19 3 MATERIAIS E MÉTODOS A pesquisa desenvolvida caracteriza-se como um estudo exploratóriodescritivo, com análise quali-quantitativa. A população-alvo foi constituída por todos os pacientes selecionados, pelo serviço de triagem, para atendimento nas Clínicas do Curso de Odontologia da UNIVALI, em março de 2007. A partir desta população foi constituída uma amostra não probabilística, obtida por conveniência, isto é, integraram a amostra todos os sujeitos que, por livre e espontânea vontade aceitaram participar da pesquisa. Por se tratar de uma pesquisa qualitativa, a amostragem seguiu o critério de esgotamento das categorias nas falas dos entrevistados, tendo sido entrevistados 40 sujeitos. O instrumento de coleta de dados foi um questionário, aplicado pelos pesquisadores. O questionário constou de três partes. A primeira parte, caracterizou o paciente; a segunda enfocou o tipo de perda dental e a terceira abordou a relação entre perda dentária e qualidade de vida do paciente. Nas partes I e II, o total foi de seis questões fechadas e, na terceira parte, foram três questões abertas (Apêndice A). O questionário foi aplicado pelos pesquisadores, sob a forma de entrevista, na sala de espera das clínicas, após a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido por parte do entrevistado. Um dos pesquisadores efetuava a leitura de cada questão, explicando em linguagem acessível, e o outro registrava as respostas emitidas, sem exercerem qualquer tipo de influência no entrevistado. A análise dos dados das partes I e II foi efetuada através da tabulação das respostas e cálculo da freqüência relativa para cada questão. As questões da terceira parte foram analisadas através da abordagem da pesquisa qualitativa, mediante técnica de análise de conteúdo proposta por Bardin (1979), em que a análise temática ocorre em três etapas: pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados e interpretação. Na pré-análise, procedeu-se à leitura exaustiva do material para identificação dos depoimentos que atendessem às categorias e subcategorias pré-estabelecidas com base na literatura revisada, 20 bem como para registro de categorias emergentes, isto é, diferentes daquelas prédefinidas. A etapa de exploração do material consistiu no recorte dos textos em frases (unidades de registro) que expressassem as diferentes categorias. As unidades de registro foram, então, agregadas por categoria e respectivas subcategorias, quando se procedia a leitura de cada entrevista, coletando-se as idéias centrais e, posteriormente, organizando-se as categorias temáticas, para cada questão. O projeto de pesquisa foi aprovado pela Comissão de Ética em Pesquisa da UNIVALI sob o nº 156/07 21 4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 Caracterização dos sujeitos e do tipo de perda dental O edentulismo acarreta conseqüências físicas e fisiológicas importantes, tais como: redução do tônus da musculatura, produzindo deformação da face, dificuldades com a fala, deglutição e mastigação, o que, por sua vez, compromete o início do processo digestivo. Suas causas mais comuns são a cárie dental e a doença periodontal, as quais podem ser perfeitamente prevenidas, graças à tecnologia e estudos atuais. (BRUNETTI et al.,2002; CABRERA, 2004; CAMARGO, 2000; DIAS et al., 2006; FERREIRA; ALVES, 2006; PEREIRA; BONACHELA, 2003; PUCCA JÚNIOR, 2002) As causas do edentulismo, também, estão relacionadas a situações psicológicas, sociais e econômicas muito mais abrangentes, como: a falta de programas de saúde bucal, fatores econômicos, culturais e iatrogênicos, acesso aos serviços de saúde bucal e atitude em relação aos cuidados dentários. (BRUNETTI et al.,2002; FERREIRA; ALVES, 2006; GIAMPAOLO et al., 1993; PIUVEZAN et al., 2006; QUADROS; MACHADO, 2004; RAITZ; SEIBERT, 2006; SILVA et al., 2005; UNFER, 2004; UNFER et al., 2006; VARGAS; PAIXÃO, 2005) A perda dos dentes pode implicar em alterações com conseqüências para a vida emocional do paciente. Estas mudanças podem ser de cunho psíquico e cultural, principalmente no que diz respeito à aceitação social. As perdas dentais ocasionam, além de deficiências funcionais e estéticas, o desequilíbrio dos componentes do sistema estomatognático. (GIAMPAOLO et al., 1993; MORI; CARDOZO, 2002; PIUVESAN et al., 2006; RAITZ; SEIBERT, 2006; UNFER, 2004; UNFER et al., 2006; WOLF, 1998) Para que o sucesso de uma reabilitação oral, por meio de uma prótese removível , ocorra é necessário um correto diagnóstico e um excelente plano de 22 tratamento. Desse modo, a prótese removível irá restabelecer função e estética de forma adequada. (ALVES; GONÇALVES, 2003; BRAGA et al., 2002; BEZZON et al., 1992; CUCCI et al., 1997; GIAMPAOLO et al., 1993; PEREIRA; BONACHELA, 2003) Tendo em vista a importância do significado da perda dental e as expectativas dos sujeitos frente à recuperação desta perda, mediante o uso de prótese, investigamos 40 sujeitos que estavam em atendimento nas clínicas do curso de Odontologia da UNIVALI, para realização de procedimentos reabilitadores protéticos. O grupo foi constituído por 63% de sujeitos do sexo feminino e 38% do sexo masculino (Gráfico 1). Parece que as mulheres se preocupam mais com os cuidados em relação à saúde bucal, mediante procura de serviços especializados, o que foi observado neste estudo e em diversos outros trabalhos relatados na literatura. (ALVES; GONÇALVES, 2003; FERREIRA; ALVES, 2006; PEREIRA; BONACHELA, 2003; PUPIN et al., 1999; QUADROS; MACHADO, 2004; UNFER et al., 2006; VARGAS; PAIXÃO, 2005;). O estudo de Matos et al. (2004), baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, evidenciou que, na população brasileira de 60 ou mais anos, 55% das mulheres realizaram consulta odontológica, no intervalo de um ano, enquanto que 53,2% dos homens nunca, em suas vidas, haviam realizado consulta odontológica. % 70 60 50 40 30 20 10 0 63 38 FEMININO MASCULINO Gráfico 1: Distribuição da freqüência relativa dos sujeitos que integraram a pesquisa, segundo o gênero. 23 No entender de Matos et al. (2004), fatores como escolaridade, renda, cobertura de plano odontológico e região influem determinando baixas taxas de uso de serviços odontológicos e, conseqüentemente, baixa condição de saúde bucal. A baixa escolaridade está presente em grande parte dos pacientes pesquisados, pois, a maioria (35%) possui, apenas, primeiro grau (Gráfico 2), assim como em outras pesquisas (VARGAS; PAIXÃO, 2005; FERREIRA; ALVES, 2006). 40 35 % 35 32,50 27,50 30 25 20 15 10 5 5 0 PRIMEIRO GRAU INCOMPLETO PRIMEIRO GRAU COMPLETO SEGUNDO GRAU COMPLETO NÍVEL SUPERIOR Gráfico 2: Distribuição da freqüência relativa dos sujeitos que integraram a pesquisa, segundo o grau de escolaridade. Quanto à faixa etária, a categoria com maior índice foi a de 51 a 60 anos com 40% dos pacientes (Gráfico 3), o que se explica em função do modelo de atenção odontológica predominante até algumas décadas atrás, quando o tratamento eletivo era a extração dos elementos dentais. (PIUVESAN et al., 2006; UNFER, 2004; UNFER et al., 2006; VARGAS; PAIXÃO, 2005) 24 45 % 40 40 35 30 30 25 20 20 15 10 10 5 0 DE 31 A 40 ANOS DE 41 A 50 ANOS DE 51 A 60 ANOS MAIS DE 60 ANOS Gráfico 3: Distribuição da freqüência relativa dos sujeitos que integraram a pesquisa, segundo à faixa etária. Em relação ao tipo de perda dental, com base na classificação de Kennedy, as perdas dentais do tipo classe I, foram as mais freqüentes. (Gráfico 4). Estudos demonstraram que no Brasil no estado do Rio de Janeiro, em 1996, a classe mais prevalente foi a classe III, com quase 45%, seguido pela classe I, com aproximadamente 30%, seguidas pelas classe II e IV respectivamente. 70 60 50 40 30 20 10 0 % 58,54 21,95 9,76 2,44 CL AS SE I CL AS S EI I CL AS S 4,88 EI IC 2,44 CL AS SE OM MO DI FIC III AÇ ÃO CL AS SE I CL AS II C OM MO SE I V DI FIC AÇ Ã O Gráfico 4: Distribuição da freqüência relativa dos sujeitos que integraram a pesquisa, segundo o tipo de perda dental. 25 A maioria dos pacientes que procurou reabilitação oral, por meio de prótese, procurava reabilitar a região inferior, com 57,50%. (Gráfico 5), assim como em estudo realizado por Bonachela e Telles em 1998, que demonstrou a prevalência de 33,5% de perdas dentais na região inferior, em classe I de Kennedy. 70 57,50 60 50 40 30 22,50 20 20 10 0 SUPERIOR INFERIOR AMBAS Gráfico 5: Distribuição da freqüência relativa dos sujeitos que integraram a pesquisa, segundo ao tipo de reabilitação. Já em relação de uso prévio, ou não, de próteses pelos pacientes, observou-se que 61,90% dos pacientes já utilizavam algum tipo de prótese (Gráfico 6) e que estes sujeitos relataram usá-las há vários anos, sem proservação. Pesquisas demonstraram que a maioria dos pacientes, que faz uso de prótese, não costuma fazer acompanhamento odontológico, por longos períodos de anos, o que implica em falta de instruções quanto à utilização, cuidados e hora certa da substituição da prótese. Esta falta de orientação leva os pacientes a não manter cuidados adequados com suas próteses e o seu uso prolongado. (BRAGA et al., 2002; PEREIRA; BONACHELA, 2003; UNFER, 2004; QUADROS; MACHADO, 2004). 26 70,00 61,90 60,00 50,00 38,10 40,00 30,00 20,00 10,00 0,00 SIM NÃO Gráfico 6: Distribuição da freqüência relativa dos sujeitos que integraram a pesquisa, segundo ao uso ou não de prótese. 4.2 Significados da perda dentária e impacto sobre a qualidade de vida 4.2.1 Significados da perda dentária para os pesquisados Os dentes são uma das formas dos sujeitos se apresentarem de acordo com padrões desejados pela sociedade, portanto, a falta dos dentes é uma ameaça à identidade individual, social e familiar, fazendo com que a pessoa se retraia, por sentir vergonha da sua aparência. Isto se deve ao fato de que pessoas bonitas são consideradas mais inteligentes e competentes, tendo assim maior facilidade para se inserir socialmente. Logo a boca desdentada adquire significados que são interdependentes de fatores históricos, sociais, culturais, psicológicos e fisiológicos. (FERREIRA; ALVES, 2006; MORI; CARDOZO, 2002; 27 PIUVEZAN et al., 2006; RAITZ; SEIBERT, 2006; UNFER et al., 2006; VARGAS; PAIXÃO, 2005; WOLF, 1998) Na população estudada, as causas apontadas para as perdas dentárias podem ser agrupadas em dois importantes aspectos socioeconômicoculturais, a saber: modelo hegemônico de atenção à saúde e falta de informação sobre hábitos e modos de vida saudáveis. Estas, também, foram causas identificadas em pesquisas mais recentes conduzidas por Ferreira e Alves (2006), Piuvezan et al. (2006), Vargas e Paixão (2005), Unfer (2004) e Unfer et al. (2006). As perdas dentárias revelam a história vivenciada por estes sujeitos em relação ao modelo de odontologia praticada e ao acesso aos serviços públicos de saúde, em especial à época de infância e adolescência. Algumas das falas dos pesquisados que traduzem estes aspectos: Era bem difícil naquela época. Qualquer problema nos dente o dentista arrancava. (Mulher, mais de 60 anos) Cariava. Então o dentista lá no interio falava que devia tirá os dentes. (Homem, mais de 60 anos) A genti morava no interior. Aqueles anos em vez do dentista arrumar. Os dentistas não eram instruídos naquela época para preservar os dentes. (Mulher, faixa etária de 51 a 60 anos) Fui arrancando. Quando a gente era pequeno o dente doía e o pai levava para arrancar. A gente não tinha condição de pagá o tratamento. (Mulher, faixa etária de 31 a 40 anos) Antigamente era assim. Os dentes estragados o dentista arrancava. A gente não dava valor pros dentes. Doía, extraía. (Homem, faixa etária de 41 a 50 anos) No passado, a prática odontológica mutiladora era hegemônica, em especial nos serviços públicos, a qual se manifesta pela realização, em massa, da exodontia como procedimento de solução para a dor. A confirmação desta afirmativa dá-se pelo alto índice de sujeitos edêntulos (parciais ou totais), na faixa 28 etária adulta, conforme dados do Projeto SB Brasil 2003. (BRASIL, 2004a; BRUNETTI et al., 2002; PIUVEZAN et al., 2006; PUCCA JÚNIOR, 2002; UNFER et al., 2006) A falta de informação sobre hábitos e higiene adequados, fazendo com que os sujeitos não cuidassem de seus dentes, também, foi apontada pelos sujeitos integrantes desta pesquisa como causa das perdas dentárias. Neste sentido, observa-se a importância de um processo educativo, que oriente e estimule a adoção de comportamentos saudáveis, como destacaram Unfer et al. (2006). No entanto, o reconhecimento de que o processo educativo é fundamental à promoção da saúde só assumiu dimensões significativas, no Brasil, a partir da implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), ou seja, no final da década de 1980. As diretrizes do SUS, como afirmaram Roncalli et al. (1999), puseram em cheque os modelos vigentes. E, mais recentemente, a nova Política Nacional da Saúde Bucal (BRASIL, 2004b) enfocou a necessidade da reorganização da atenção à saúde, em todos os níveis, e apontou a linha do cuidado como eixo de norteador para a mudança. Muitos dos pesquisados expressaram que as extrações dentárias a que foram submetidos refletem suas atitudes quanto aos cuidados que deveriam ter tido para com a boca. Muitos responsabilizavam a si próprios ou aos seus pais, atribuindo ao relaxamento, à má-higiene, ao medo do dentista, que os fazia fugir da consulta odontológica, procurando-a somente em situação de dor extrema. Algumas das falas que expressam estes sentimentos: ... a genti só se arrepende de não ter arrumado, de não ter cuidado...Se eu tivesse escovado o dente quando era pequena, com quatro, cinco anos... A mãe tem que ficar em cima pra escova... (Mulher, faixa etária entre 31 e 40 anos) Depois que eu perdi que eu dei valor... eu não sabia como cuidá... então deu nisso. (Homem, faixa etária de 50 a 60 anos) Perdi porque era relaxado, não dava valor prá essas coisas de que tem escová direitinho, como hoje se 29 ensina já prás crianças. (Homem, faixa etária de 60 ou mais anos) Era descuidado e também por causa do fumo... (Homem, faixa etária de 41 a 50 anos) Perdi pelo cigarro, a doçura que eu comia e também pelo relaxamento. (Homem, faixa etária de 41 a 50 anos) 4.2.2 Impactos da perda dentária sobre a qualidade de vida e expectativas quanto à reabilitação O termo qualidade de vida é freqüente, na literatura da área da saúde, sendo adotado para definir o impacto de uma enfermidade. Seidl e Zannon (2004), tendo por base diferentes autores, enfatizaram que a qualidade de vida só pode ser avaliada pela própria pessoa, quando ela refere os vários aspectos afetados por mudanças, no seu estado de saúde, e que são significativos para a sua qualidade de vida. Portanto, quando questionamos os sujeitos sobre as limitações que decorreram das perdas dentárias, tínhamos esta expectativa, qual seja, a de que eles identificassem quais foram as mudanças mais significativas que aconteceram em suas vidas em função das perdas dentárias sofridas. Assim, as principais conseqüências apontadas pelos pesquisados foram agrupadas em três categorias: mastigação, estética, relacionamento interpessoal. Todos os entrevistados reportaram-se às dificuldades para realizarem a mastigação e a conseqüente mudança de hábitos alimentares e/ou impactos sobre o processo de digestão; estas situações, também, foram identificadas em outros estudos. (ALVES; GONÇALVES, 2003; PIUVEZAN et al., 2006; QUADROS; MACHADO, 2004; UNFER, 2004; UNFER et al., 2006; VARGAS; PAIXÃO, 2005) 30 Vargas e Paixão (2005) afirmaram que mastigar e sentir o gosto dos alimentos são essencialmente prazerosos e emocionalmente necessários para o bem-estar do indivíduo e de sua qualidade de vida, percepções estas identificadas nas seguintes falas dos sujeitos que integraram esta pesquisa. A mastigação ficou difícil. Parece que se perde um pouco do gosto dos alimentos. (Homem, faixa etária entre 41 e 50 anos) A alimentação é difícil. Ao mastigar dói. (Mulher, faixa etária entre 31 e 40 anos) ... quase nunca tive dentes, queria poder mastigar melhor. (Mulher, faixa etária entre 41 a 50 anos) Agora me alimento mal, deixei de comer carne, legumes cozido, só como massa. (Mulher, faixa etária entre 31 a 40 anos) ... dependendo da comida a gente mastiga a gengiva, uma carne assada, daí machuca. (Mulher, faixa etária de 31 a 40 anos) A categoria estética, assim como a dificuldade para mastigar, foi muito destacada pelos pesquisados. Portanto, as dificuldades decorrentes das perdas dentárias, tanto são de natureza funcional quanto social. (FERREIRA; ALVES, 2006; WOLF, 1998; PIOVEZAN et al., 2006; PUPIN et al., 1999; QUADROS; MACHADO, 2004; UNFER et al., 2006) A ausência dos dentes pode gerar sentimentos de insegurança, impotência, vazio. Uma boca com dentes é uma das formas de o sujeito se apresentar de acordo com os padrões desejados pela sociedade, portanto, a falta dos dentes é uma ameaça à identidade individual, social e familiar, fazendo com que a pessoa se retraia, acarretando dificuldades quanto ao relacionamento interpessoal. (UNFER et al., 2006; VARGAS; PAIXÃO, 2005; WOLF, 1998) Entre os relatos do grupo analisado, encontramos alguns que revelam os impactos estéticos e de relacionamento interpessoal sofridos por estes sujeitos, como os que destacamos a seguir: 31 Meu Deus! Um processo de mutilação, horrível! Tem horas que nem me olho no espelho. (Mulher, faixa etária entre 51 e 60 anos) Fiquei chateada. Mas no fim a gente nem liga prá nada. Eu não saio muito. (Mulher, faixa etária acima de 60 anos) Fico com vergonha de dar risada. (Homem, faixa etária 31 a 40 anos) Pra genti é a mesma coisa que perde um braço, um membro da genti... (Homem, faixa etária 31 a 40 anos) Fica meio ruim, perde chances de emprego e fisicamente fica feio. (Homem, faixa etária de 41 a 50 anos) A superação das dificuldades decorrentes das extrações dentárias, para os pesquisados, poderá ocorrer com o uso de uma prótese bem elaborada. Daí porque os sujeitos depositarem suas expectativas neste tipo de tratamento reabilitador, através de expressões como: Minha prótese quebrava muito, então, agora, aqui, eu tenho a esperança de pode mastigar direito, de ter dentes de uma cor só, de ter saúde. (Homem, faixa etária acima de 60 anos) Eu espero melhorá a minha comunicação. Eu falo pouco. Melhorá a minha imagem. (Homem, faixa etária 50 a 60 anos) Eu espero tudo di bom! (Mulher, faixa etária 41 a 50 anos) Tudo vai melhorá. Eu espero. (Mulher, faixa etária 51 a 60 anos) ...quero fazer um regime, engordei muito com os antidepressivos, e se não estou comendo direito não adianta fazer dieta. (Mulher, faixa etária d 31 a 40 anos) Portanto, para o grupo investigado, o uso da prótese favorecerá a recuperação da auto-estima e a melhora das relações interpessoais. 32 5 CONCLUSÃO A partir da análise dos dados coletados, pode-se concluir que, no grupo investigado: -as mulheres foram as que mais procuraram tratamento; -a maioria dos indivíduos entrevistados não haviam completado o primeiro grau -a faixa etária com maior prevalência foi a de 51 a 60 anos; -o tipo de perda dental mais prevalente foi classe I de Kennedy; -a arcada inferior foi a mais acometida pelas perdas; -a grande maioria dos pesquisados já faziam uso de prótese removível -a principal causa da perda dentária foi cárie dentária; -os principais fatores motivadores da reabilitação foram estética e mastigação. Como pode ser visto nesse trabalho, o principal culpado pela atual condição dos pacientes adultos é o cirurgião-dentista, devido ao modelo seguido a décadas atrás que visava principalmente procedimentos restauradores e não preventivos. Observou-se, também, que as expectativas de melhora das atividades funcionais, em especial a mastigação, e do padrão estético são grandes, portanto, é importante que o cirurgião-dentista conheça estas expectativas e oriente o paciente quanto às possibilidades e limitações da reabilitação pela prótese parcial removível. Portanto, os responsáveis por um novo quadro da saúde bucal são os profissionais atualizados e nós futuros ofissionais, agindo de forma correta para fazer com que a saúde bucal seja parte constituinte organismo saudável. e fundamental de um 33 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, N. C.; GONÇALVES, H.H.S.B. Avaliação das causas da perda dentária, dificuldades e expectativas dos pacientes em relação à prótese total. 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Tipo de perda dental: ( ) classe I ( ) classe II ( ) classe III ( ) classe IV modificações ( )1 ( )2 ( )3 ( )4 5. A perda ocorreu em qual arcada: ( ) superior ( ) inferior ( ) ambas 6. Já utiliza prótese parcial removível? ( ) sim. Indicar o tempo _____ ( ) não III - Relação entre perda dentária e qualidade de vida do paciente 7. Como você perdeu os dentes? 8. Quais as conseqüências da perda dos seus dentes na sua vida? 9. O que você acha que vai mudar na sua vida após a colocação da prótese parcial removível? 37 8 ANEXO 1