Robinson F. Cadillo Unir – Campus de Ji-Paraná Ji MOVIMENTO HARMÔNICO SIMPLES (Versão 2014/2) 1. INTRODUÇÃO Um dos movimentos mais importantes que observamos na natureza é o movimento oscilatório. Chamado também movimento periódico ou vibracional. Em geral, uma partícula oscila quando se move periodicamente em relação a uma posição de equilíbrio (Figura 1a e 1b). 1b) Esse movimento oscilatório esta presente em nosso cotidiano em suas diversas formas, (veja exemplo da figura 1c e 1d). (a) (b) (c) (d) Figura 1. MHS ao redor do ponto de equilíbrio “o” de um pêndulo ndulo simples (a), e de um sistema mola-massa mola (b). Exemplos do MHS: (c) a deflexão dos elétrons dentro de um tubo de raios catódicos de um osciloscópio é defletida harmonicamente, (d)) A molécula de água é polar e tem uma oscilação natural periódica periódica. De todos os movimentos oscilatórios, o mais importante é o movimento harmônico simples, já que constitui uma aproximação a muitas oscilações encontradas na natureza, alem de ser um movimento muito simpless de descrever matematicamente. Para uma compreensão e um domínio completo desta matéria, espero do leitor um conhecimento prévio de matérias tais como vetores, v dinâmica de uma partícula, as leis eis de Newton, dinâmica de corpos sólidos, centro entro de massa de um solido, momento de inércia, e teorema de Steiner. 2. MOVIMENTO HARMÔNICO SIMPLES Quando uma partícula realiza movimento harmônico simples (MHS) ao redor do ponto “O” (figura 2),, o deslocamento “x” da partícula em função do tempo “t” esta definida pela equação: Figura 2. Partícula realizando movimento harmônico simples. -1- Robinson F. Cadillo Unir – Campus de Ji-Paraná = ∙ + (1) Onde: ∙ + : fase, cuja unidade deve estar em rad. : fase inicial (t = 0) : Amplitude (deslocamento máximo a partir da origem) : freqüência angular, onde [ ]=rad/m Observamos que x também pode se expressar de forma de cosseno e independente da função usada, o movimento repete depois de um período T, de modo que ∙ = 2. Além disso, o período T também esta relacionado com a freqüência de oscilação: = ; onde = (2) A velocidade da partícula fica determinada derivando o deslocamento x em relação do tempo, veja equação 3. Observe, na equação, a velocidade máxima da partícula oscilante é ∙ . = = ∙ ∙ ∙ + (3) Similarmente, a aceleração da partícula é obtida calculando a derivada da velocidade em função do tempo. Isto é: = ! = − ∙ # ∙ ∙ + (4) Observe desta ultima equação que ∙ # é a aceleração máxima da partícula. Alem disto, observe no MHS, a aceleração é sempre proporcional e oposta ao deslocamento. = − # ∙ (5) A figura 3 mostra as representações gráficas do deslocamento, velocidade e aceleração em função do tempo t. Problema resolvido Uma partícula realiza MHS sobre o eixo x, segundo a equação: xt = 1,0cm. cos.2π π rad 2 t + rad 2 s (a) Calcule o deslocamento desse movimento em t = 3 s. (b) Calcule a velocidade da partícula em t = 3 s. (c) Calcule a aceleração da partícula em t = 3 s. (d) Determine a fase do movimento em t = 3s. (e) Qual é a frequência desse movimento em t = 3s Solução: -2- Robinson F. Cadillo Unir – Campus de Ji-Paraná Observe da equação a descrição do MHS da partícula: a amplitude = 1,0cm, a frequência angular = 2π 345 6 e a fase inicial = rad. x7s = 1,0cm. cos 892: π # 345 6 < ; 7s + rad= = 1,0> 9 # 7 = 1,0> ∙ .2: 7 = − # ∙ 7 = − 92: # @; = −1,0> rad @ : 2 ∙ cos A.2: 2 7 + @B = 0 s 2 345 # 6 ?< ; −1,0cm = C:# D 6E A fase em 3s é obtida através do seguinte calculo: rad : 17: A.2: 2 7s + radB = @ s 2 2 345 Como = 2 = 2: , consequentemente: 6 = 1FG Figura 3. Representação gráfica do movimento harmônico simples. (a) deslocamento versus tempo, (b) velocidade versus tempo, e (c) aceleração versus tempo. Repare que dado um tempo a velocidade esta fora de fase com o deslocamento em 90º, e a aceleração esta fora de fase em 180º em relação ao deslocamento. -3- Robinson F. Cadillo 3. Unir – Campus de Ji-Paraná DINÂMICA DE SISTEMAS OSCILANTES Existem diferentes tipos de forças que dão origem a um MHS. Obviamente, essas forças obedecem à segunda lei de Newton (H = > ∙ ), e estão relacionadas com a posição, segundo a equação 5: H = − # ∙ > ∙ (6) Observa-se a proporcionalidade entre a força e o deslocamento (equação 6), porém os vetores estão dispostos em sentidos opostos. Definindo I = > ∙ # , como constante elástica, a força no MHS será: H = −I ∙ (7) Por tanto, a força sempre aponta na origem “0”, veja figura 2, e é denotado como ponto de equilíbrio dado que H = 0 (para o deslocamento x = 0). Podemos concluir também que F é uma força atrativa, sendo o centro da atração o ponto “0”. Considerando a constante elástica I , o período e a freqüência de oscilação da partícula realizando MHS serão: = = #J = 2 ∙ L ∙L K #J M (8) N N (9) M Por outra parte, fazendo uso da força elástica presente no MHS e desenvolvendo a segunda lei de Newton HO = −I ∙ O = > ∙ @# O @ # Nós temos a equação diferencial de segundo ordem: Ou seja: @# I + ∙ =0 @ # > E E +∙ # = 0 (10) Esta equação freqüentemente é chamada equação diferencial característica do MHS de segundo ordem, cujo coeficiente do deslocamento define # . Em outras palavras, aplicando a segunda lei de Newton em qualquer sistema físico que realiza MHS, conseguimos a equação diferencial característica do MHS, e consequentemente a freqüência. A solução da equação 10 são funções de ∙ . A seguir, veja as diferentes formas de soluções dessa equação: = ∙ + (11) = P ∙ + Q (12) -4- Robinson F. Cadillo Unir – Campus de Ji-Paraná = R ∙ + S ∙ (13) = T UK∙ + H VUK∙ (14) Em cada uma das soluções equações 11-14, observamos um par de constantes de integração e são calculados a partir das condições iniciais do MHS. Por exemplo, da solução 11, a amplitude A e fase inicial são determinadas a partir das condições iniciais, tais como: = 0 = W ; = 0 = W = 0 = W ; = 0 = ou; W = 0 = = 0 = W ; ou; W Nesta disciplina de Oscilações e Ondas utilizaremos as três primeiras soluções (equações 11-13) de todas as diferentes formas de solução citadas acima. Problema resolvido: Calcule as constantes Amplitude A e fase inicial da solução do MHS conhecendo as condições iniciais W W . Solução: Partindo da solução da equação do MHS: = ∙ + , nós temos: W = ∙ , e W = ∙ ∙ Destas duas avaliações, calculamos a fase inicial e a amplitudes: tan = K∙Y !Y ; e # = KE ∙YE Z!YE KE Se a partícula se encontra na posição de equilíbrio iniciais W e logo depois recebe um impulso com velocidade inicial W , a fase inicial será = 0, e a amplitude = W[ . Exercício: Calcule o par de constantes da solução 12, quando a condição inicial é: = 0 = W ; = 0 = W (a) = 0 = W = 0 = W ; (b) = 0 = W = 0 = W ; (c) Exercício Calcule o par de constantes da solução 13, quando a condição inicial é: (d) = 0 = W ; = 0 = W = 0 = W = 0 = W ; (e) = 0 = W = 0 = W ; (f) -5- Robinson F. Cadillo Unir – Campus de Ji-Paraná 3.1.- Sistema Massa - mola Em equilíbrio a mola não exerce força no objeto de massa M. Quando objeto é deslocado de uma distancia x a partir de sua posição de equilíbrio, a mola exerce uma força –Kδ, onde δ é a deformação e K é a constante elástica da mola. De acordo com a lei de Hooke: Figura 4. O deslocamento x do objeto a partir do ponto de equilíbrio é positivo se a mola for estendida e negativa se a mola for comprimida. H = −I. \ Observe que a posição x da partícula coincide com a deformação da mola (\ = ). Por outra parte, como estamos interessados em encontrar a equação característica de MHS para o sistema massa-mola, aplicaremos a lei de Hooke na segunda lei de Newton do sistema: H = −I. = ]. Portanto: E E + N ^ . = 0 @# @ # (15) Conseguida a equação característica de MHS, identificamos a freqüência natural de oscilação é # = I[]. 3.2.- O pêndulo simples O pêndulo simples é um tipo de oscilador harmônico constituído de um corpo cuja massa “m” unido a um ponto fixo “o”, através de uma corda inextensível de comprimento “l”, veja figura 5. O MHS realizado pelo pendulo acontece em casos em que o ângulo _ é pequeno. Estudemos agora o movimento deste sistema. Ou seja, nosso objetivo primário é calcular a freqüência depois de encontrar a equação característica de MHS deste pêndulo. Método 1: Fazendo uso da Segunda lei de Newton para forças tangenciais A partícula se move segundo a trajetória de um arco de raio “l”. As forças que agem sobre a partícula são o peso mg e a tensão T, ao longo da corda. Observamos da figura, a componente tangencial da força Ft, que esta dado por: H = −>` ∙ _ Onde o sinal menos se deve a que a força aponta em sentido contrario ao deslocamento. A equação do movimento tangencial será: H = −>` ∙ _ = > ∙ Com a aceleração tangencial esta relacionada com a aceleração angular = a ∙b= a ∙ E c E , a equação de movimento -6- Figura 5. Pêndulo simples de comprimento l, oscilando ao redor do ponto fixo “o”. Robinson F. Cadillo Unir – Campus de Ji-Paraná tangencial será: @# _ ` + _ = 0 @ # a Considerando o ângulo _ pequeno, então a amplitude das oscilações também é pequena, em conseqüência _d_ . Com isso a equação de movimento será: E c E e + ∙_ =0 (16) f Método 2: Fazendo uso da Segunda lei de Newton para o movimento angular Considerando Io o momento de inércia do pendulo, e sabendo o torque devido à tensão da 0 e devido ao peso da partícula é hO = >` ∙ a ∙ _−ijk , obtemos a equação de corda é gO movimento a partir da segunda lei de Newton para um movimento angular: l ggO hm = gO n = ijk oW ∙ Ec E (17) @# _ @ # Onde ijk é o vetor unitário paralelo ao eixo de giro perpendicular ao plano descrito pelo pendulo e que passa por “o”, cujo sentido é saindo desta folha. Considerando novamente ângulos pequenos de _ , então _d_. Por tanto, temos o mesmo resultado de equação de movimento do pendulo simples (equação 16), com frequência angular ` = L [a. −>` ∙ a ∙ _ = > ∙ a # ∙ O período de oscilação = #J K f = 2 ∙ L do pendulo não depende da massa m do corpo, e depende somente do comprimento l da corda e da aceleração da gravidade g. 3.3.- O pendulo físico No pendulo físico articulado em “0” e com centro de gravidade em G, figura 6. O torque devido ao peso mg é: hk = −ijk ∙ > ∙ ` ∙ p ∙ _ gggO Enquanto ao momento angular, tem-se: gO n = ijk ∙ o ∙ E c E Novamente, sem perder o foco, nosso objetivo neste sistema é calcular a freqüência angular de oscilação. Diante disso, a partir da segunda lei de Newton do movimento angular (equação 13), e das duas relações anteriores nós temos: @# _ −> ∙ ` ∙ p ∙ _ = o ∙ # @ -7- Figura 6. Pêndulo físico. Robinson F. Cadillo Unir – Campus de Ji-Paraná Para deslocamentos angulares pequenos _d_, a equação anterior logra a forma seguinte: E c E + M∙e∙n q _=0 (18) Novamente, nós estamos obtendo uma equação diferencial de segundo ordem, onde a partir da freqüência angular ( # = >`pro ), tem-se o período de oscilação: = 2 ∙ L 4. q (19) M∙e∙n ENERGIA NO MOVIMENTO HARMÔNICO SIMPLES Fazendo uso da equação 3, a energia cinética Ec de uma partícula em MHS é: 1 1 ∙ > ∙ # = ∙ > ∙ # ∙ # ∙ # + 2 2 1 Ts = ∙ > ∙ # ∙ # − # ∙ # + 2 Ts = Ts = ∙ > ∙ # ∙ # − # # (20) Observação: a energia cinética máxima na posição = 0, e a energia cinética mínima na posição = ±. Por outra parte, para obter a energia potencial lembremos a equação H = uT − v[u e da força envolvida (H = −I ∙ ) em partículas realizando MHS uTv =I∙ u Integrando: xy w @Tv = I ∙ w ∙ @ z z Ou: Tv = ∙ I ∙ # = ∙ > ∙ # ∙ # # # (21) Observação: a energia potencial é máxima em = ±, e mínima em = 0 Somando os resultados das equações 20 e 21 relacionadas à energia cinética (Ec) e à energia potencial (Ep), tem-se: Ts + Tv = ∙ > ∙ # ∙ # # -8- (22) Robinson F. Cadillo Unir – Campus de Ji-Paraná Observação: a energia total do oscilador harmônico é constante. Isto era esperado, já que a força envolvida nesse tipo de movimento é conservativa. A energia total do oscilador é uma constante de movimento alem das outras já conhecidas como a aceleração da gravidade. Na figura 5, observa-se um intercambio freqüente entre a energia cinética e potencial, segundo a posição do deslocamento. Alem disso, observa-se no gráfico Ep versus x, a orientação da força elástica a partir da equação: H=− uTv [ . u Figura 7. Representação gráfica da energia potencial e cinética de um oscilador harmônico simples em função (a) do deslocamento, (b) e do tempo. Movimentos oscilatórios próximos ao MHS O movimento harmônico simples é um modelo para uma ampla variedade de fenômenos físicos. Por exemplo, na estrutura de um sólido cujos átomos estão arranjados simetricamente. Entre eles existe apresenta-se vibrações de um átomo em relação a outro. A energia potencial em relação à distancia entre os átomos é mostrado na figura 6. O interessante do estudo do movimento dos átomos que apresentam essas características é que elas podem se aproximar ao MHS, próximos à posição de equilíbrio ro. -9- Robinson F. Cadillo Unir – Campus de Ji-Paraná Figura 8. Gráfico da energia potencial entre dois átomos de um sólido. Os átomos movimentando-se próximos à posição de equilíbrio têm um comportamento quase de MHS. 5. Relação entre o MHS e o movimento circular Existe relação entre o movimento circular uniforme e o MHS, a qual pode ser observada fazendo uso do movimento circular uniforme de uma partícula, tal como é mostrado na figura 7. Si consideramos que a partícula inicia seu movimento em t=0s, então o vetor posição da partícula será: {gO = ij ∙ { ∙ + ij| ∙ { ∙ Considerando agora a projeção da partícula sobre o eixo x: O = ij ∙ { ∙ O aluno pode reparar que tal projeção esta realizando MHS. Alem disso, podemos ver o radio que descreve a partícula vem ser o valor da amplitude A da projeção de tal partícula. - 10 - Robinson F. Cadillo Unir – Campus de Ji-Paraná Figura 9. A projeção do vetor R sobre o diâmetro, que pousa no eixo x, descreve um movimento harmônico simples. - 11 -