Karla Galon

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO VEGETAL
KARLA GALON
AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE CULTIVARES DE ALFACE EM
CULTIVO HIDROPÔNICO E PANORAMA DA HIDROPONIA NO
ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
ALEGRE, ES
2012
KARLA GALON
AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE CULTIVARES DE ALFACE EM
CULTIVO HIDROPÔNICO E PANORAMA DA HIDROPONIA NO
ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
Dissertação apresentada à Universidade
Federal do Espírito Santo, como parte das
exigências do Programa de PósGraduação em Produção Vegetal, para
obtenção do título de Mestre em
Produção Vegetal.
Orientador: Prof. Dr. Nilton Nélio Cometti
ALEGRE, ES
2012
Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP)
(Biblioteca Setorial de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Espírito Santo, ES, Brasil)
G178a
Galon, Karla, 1985Avaliação do desempenho de cultivares de alface em cultivo hidropônico
e panorama da hidroponia no Estado do Espírito Santo / Karla Galon. – 2012.
92 f. : il.
Orientador: Nilton Nélio Cometti.
Dissertação (Mestrado em Produção Vegetal) – Universidade Federal do
Espírito Santo, Centro de Ciências Agrárias.
1. Alface. 2. Hidroponia. 3. Cultivares. 4. Panoramas. 5. Espírito Santo
(Estado). I. Cometti, Nilton Nélio. II. Universidade Federal do Espírito Santo.
Centro de Ciências Agrárias. III. Título.
CDU: 63
ii
Aos meus pais Luís e Alzira e à
minha irmã Kátia por não terem
medido esforços para que eu
pudesse ter chegado até aqui,
DEDICO.
iii
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela vida, pelas conquistas e por estar sempre ao meu lado, em todos os
momentos.
Agradeço imensamente aos meus pais, Luís Carlos e Alzira, pelo amor, confiança,
pelos exemplos e dedicação durante toda a minha vida.
À minha irmã Kátia, pela amizade, incentivo, paciência e apoio incondicional.
Às tias, tios, primos e primas, minha valiosa família “Margon Galon”, pelos exemplos
de vida e pelo incentivo sempre.
Ao meu namorado, Júlio Sérgio, pelo amor, respeito e paciência. Obrigada por estar
sempre comigo. Te amo, muito muito!!!!
À família Casali Binda, pelo acolhimento e carinho.
Agradeço muito à amiga e companheira de pesquisa Diene (Didi), sempre presente
em todos os momentos felizes e também naqueles de dificuldade durante toda a
Graduação e Mestrado. Hoje, nós conseguimos!!!!
Às sempre amigas, Joyce, Marina, Márcia e Cida, sempre presentes na minha vida,
nas horas de estudo, de alegrias, sofrimentos. Obrigada pela amizade sempre!!!!
Ao Wilhan, por todos os momentos de alegria, pelo carinho, pela confiança, pelo
respeito e pela amizade que Alegre nos proporcionou.
Ao Prof. Dr. Nilton Nélio Cometti, pela orientação, estímulo, amizade e dedicação
indispensável durante todo o desenvolvimento deste trabalho, contribuindo
diretamente para a minha formação profissional e pessoal. Muito Obrigada!!!!!
À Diene Ellen e Clara Cometti, pela estadia em Brasília na fase de conclusão do
Mestrado.
Ao professor Msc. Marinaldo Zanotelli, pela amizade, carinho e pelas caronas até o
Ifes Campus Itapina.
Agradeço também ao professor Dsc. Jadier de Oliveira Cunha Junior, pela amizade,
carinho, incentivo e apoio.
À Fapes- Fundação de Amparo à Pesquisa no Espírito Santo, pelo auxílio financeiro
sob a forma de concessão de bolsa de Mestrado.
Ao Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal da UFES, pela oportunidade.
Aos professores do PPGPV-UFES, pelo ensinamento.
iv
Aos amigos e amigas da Produção Vegetal, pelos momentos de alegria no bar do
Manoel e Barba Negra.
Agradeço muito ao IFES Campus Itapina, professores e funcionários, pelo apoio
durante a execução do projeto.
Aos amigos do Setor de Horticultura, Eder e Zezinho, pela paciência, disponibilidade
e amizade.
Aos alunos da Agronomia do Ifes Campus Itapina: Augusto, Mathias, Eline, Léo,
Gabriel, Fernando, Sandro, Hágabo e Douglas, pela colaboração nas intermináveis e
alegres avaliações de experimento.
Aos professores do Ifes Campus Itapina, Anderson e André, pelo apoio durante a
pesquisa.
Aos funcionários do Ifes Campus Itapina, Adriana, Simone e Edilson, pelas caronas.
Aos Laboratórios de Sementes, Entomologia e Fitopatologia do CCA-UFES, pelo
espaço cedido para desenvolvimento dos experimentos.
Aos Hidroponicultores do Estado do Espírito Santo, pelo apoio, credibilidade e
disponibilidade em dividir conhecimentos.
E aos demais que, direta ou indiretamente, contribuíram para a execução deste
trabalho.
v
BIOGRAFIA
Karla Galon, filha de Luís Carlos Galon e Alzira Rosa Margon Galon, nasceu em
Colatina-ES no dia 13 de Outubro de 1985.
Cursou o Ensino Fundamental no
Colégio Darly Nerty Vervloet, no município de São Roque do Canaã- ES, de 1992 a
1999. No ano de 2000, foi aprovada no processo seletivo para Ensino Médio do
Centro
Federal
de
Educação
Tecnológica
do
Espírito
Santo-
Unidade
Descentralizada de Colatina (CEFET-ES Uned Colatina), atual IFES Campus
Colatina, sendo concluído em 2002. Nos anos de 2003 e 2004, cursou também pelo
Centro
Federal
de
Educação
Tecnológica
do
Espírito
Santo-
Unidade
Descentralizada de Colatina (CEFET-ES Uned Colatina), atual IFES Campus
Colatina, o curso técnico em Segurança do Trabalho. Em 2005, foi aprovada no
vestibular do curso de Agronomia da Universidade Federal do Espírito Santo, sendo
concluído em Dezembro de 2009. No início do ano de 2010, foi aprovada como
aluna regular no Curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Produção
Vegetal da UFES, atuando na área de Hidroponia, sob a orientação do Prof. Dr.
Nilton Nélio Cometti. Aos 29 dias do mês de Fevereiro do ano de 2012, defendeu
sua dissertação para obtenção do título de Mestre em Produção Vegetal, área de
concentração em Fitotecnia (Hidroponia).
vi
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS ............................................................................................... viii
LISTA DE FIGURAS .................................................................................................. ix
RESUMO.................................................................................................................... xi
ABSTRACT.............................................................................................................. xiii
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 14
2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 16
2.1 IMPORTÂNCIA DAS HORTALIÇAS ............................................................... 16
2.2 ASPECTOS GERAIS DA CULTURA DA ALFACE ......................................... 17
2.3 COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL....................................................................... 18
2.4 TIPOS DE CULTIVARES ................................................................................ 18
2.5 CULTIVO HIDROPÔNICO ............................................................................... 21
2.5.1 Vantagens e desvantagens do sistema hidropônico............................ 22
2.5.2 Sistema NFT ............................................................................................. 23
2.6 CULTIVO DE ALFACE HIDROPÔNICO EM AMBIENTES DE CLIMA
TROPICAL. ............................................................................................................ 24
2.7 COMPORTAMENTO DE CULTIVARES DE ALFACE EM FUNÇÃO DO
CLIMA.................................................................................................................... 27
2.8 REFERÊNCIAS ............................................................................................... 28
Capítulo 1 ................................................................................................................. 33
3 DESEMPENHO AGRONÔMICO DE CULTIVARES DE ALFACE EM CULTIVO
HIDROPÔNICO EM AMBIENTE TROPICAL ........................................................... 33
3.1 RESUMO ......................................................................................................... 33
3.2 ABSTRACT ..................................................................................................... 33
3.3 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 34
3.4 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................ 35
3.4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................... 38
3.6 REFERÊNCIAS ............................................................................................... 44
Capítulo 2 ................................................................................................................. 47
4 DESEMPENHO AGRONÔMICO DE CULTIVARES DE ALFACE EM CULTIVO
HIDROPÔNICO EM AMBIENTE TROPICAL ........................................................ 47
4.1 RESUMO ......................................................................................................... 47
4.2 ABSTRACT ..................................................................................................... 47
4.3 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 48
4.4 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................ 49
4.5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................... 52
4.6 REFERÊNCIAS ............................................................................................... 60
Capítulo 3 ................................................................................................................. 63
vii
5 DESEMPENHO AGRONÔMICO DE CULTIVARES DE ALFACES CRESPAS E
LISAS EM CULTIVO HIDROPÔNICO EM AMBIENTE TROPICAL ......................... 63
5.1 RESUMO ......................................................................................................... 63
5.2 ABSTRACT ..................................................................................................... 63
5.3 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 64
5.4 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................ 65
5.5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................... 68
5.5.1 Avaliação das cultivares crespas ........................................................... 68
5.5.2 Avaliação das cultivares lisas ................................................................ 72
5.6 CONCLUSÕES ................................................................................................ 76
5.6.1 Cultivares Crespas .................................................................................. 76
5.6.2 Cultivares Lisas ....................................................................................... 76
5.7 REFERÊNCIAS ............................................................................................... 76
Capítulo 4 ................................................................................................................. 79
6 PANORAMA TÉCNICO, POLÍTICO E SOCIOECONÔMICO DA HIDROPONIA NO
ESTADO DO ESPÍRITO SANTO .............................................................................. 79
6.1 RESUMO ......................................................................................................... 79
6.2 ABSTRACT ..................................................................................................... 79
6.3 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 80
6.4 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................ 81
6.5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................... 82
6.6 REFERÊNCIAS ............................................................................................... 87
7 CONCLUSÕES GERAIS ....................................................................................... 88
viii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1
Tabela 1
Tabela 2
Tabela 1
Tabela 1
Tabela 2
Valores médios de fluxo de fótons fotossintéticos, em µmol m -2 s-1,
dentro e fora da estufa.........................................................................
Valores médios da temperatura das folhas das cinco cultivares
utilizadas, em ºC..................................................................................
Valores médios de fluxo de fótons fotossintéticos, em µmol m-2 s-1,
dentro e fora da estufa e temperatura da solução nutritiva, em
ºC.........................................................................................................
Valores médios de fluxo de fótons fotossintéticos, em µmol m-2 s-1,
dentro e fora da estufa e temperatura da solução nutritiva, em
ºC.........................................................................................................
Níveis estabelecidos para cada critério avaliado para determinação
do
grau
tecnológico
de
cada
produtor...............................................................................................
Nível
tecnológico
dos
hidroponicultores
do
Espírito
Santo...................................................................................................
37
51
51
67
82
84
ix
LISTA DE FIGURAS
Figura 1
Figura 2
Figura 3
Figura 4
Figura 5
Figura 1
Figura 2
Figura 3
Figura 4
Figura 5
Figura 6
Figura 1
Figura 2
Figura 3
Figura 4
Valores médios de temperatura do ar e temperatura da solução
nutritiva observados durante o experimento.......................................... 37
Variáveis morfológicas de cultivares de alface em cultivo hidropônico.
(a) Massa fresca de parte aérea (MFPA); (b) massa fresca de raiz
(MFR); (c) massa seca de parte aérea (MSPA); e (d) massa seca de
raiz (MSR). Letras minúsculas comparam médias pelo teste de Tukey
a 5%....................................................................................................... 40
Variáveis morfológicas de cultivares de alface em cultivo hidropônico.
(a) Número de folhas (NF); (b) altura da planta (HP); (c) diâmetro da
planta (DP); (d) comprimento de caule (CC); (e) volume de raiz (VR);
e (f) diâmetro de caule (DC). Letras minúsculas comparam médias
pelo teste de Tukey a 5%...................................................................... 42
Avaliação do aspecto visual de cada cultivar........................................ 43
Avaliação do teste de degustação de cada cultivar..............................
43
Valores médios da temperatura do ar, em ºC, observados durante o
experimento........................................................................................... 51
Variáveis morfológicas de cultivares de alface em cultivo hidropônico.
(a) Massa fresca de parte aérea (MFPA); (b) massa fresca de raiz
(MFR); (c) massa seca de parte aérea (MSPA); e (d) massa seca de
raiz (MSR). Letras minúsculas comparam médias pelo teste de Tukey
a 5%....................................................................................................... 54
Variáveis morfológicas de cultivares de alface em cultivo hidropônico.
(a) Número de folhas (NF); (b) volume de raiz (VR); (c) altura da
planta (HP); (d) diâmetro da planta (DP); (e) comprimento de caule
(CC); e (f) diâmetro de caule (DC). Letras minúsculas comparam
médias pelo teste de Tukey a 5%.......................................................... 57
% de água de cultivares de alface em cultivo hidropônico. Letras
minúsculas comparam médias pelo teste de Tukey a 5%..................... 58
Avaliação do aspecto visual de cada cultivar........................................ 59
Avaliação do teste de degustação de cada cultivar. 9- Gostei
extremamente; 8- Gostei muito; 7- Gostei moderadamente; 6- Gostei
ligeiramente; 5- Indiferente; 4- Desgostei ligeiramente; 3- Desgostei
moderadamente; 2- Desgostei muito; e 1- Desgostei extremamente.... 60
Valores médios da temperatura das folhas, em ºC, observados
durante o experimento........................................................................... 66
Valores médios da temperatura do ar, em ºC, observados durante o
experimento........................................................................................... 67
Variáveis morfológicas de cultivares de alface em cultivo hidropônico.
(a) Massa fresca de parte aérea (MFPA); (b) massa fresca de raiz
(MFR); (c) massa seca de parte aérea (MSPA); e (d) massa seca de
raiz (MSR). Letras minúsculas comparam médias pelo teste de Tukey
a 5%....................................................................................................... 69
Variáveis morfológicas de cultivares de alface em cultivo hidropônico.
(a) Número de folhas (NF); (b) volume de raiz (VR); (c) altura da
planta (HP); (d) diâmetro da planta (DP); (e) comprimento de caule
(CC); e (f) diâmetro de caule (DC). Letras minúsculas comparam
médias pelo teste de Tukey a 5%.......................................................... 72
x
Figura 5
Figura 6
Figura 1
Variáveis morfológicas de cultivares de alface em cultivo hidropônico.
(a) Massa fresca de parte aérea (MFPA); (b) massa fresca de raiz
(MFR); (c) massa seca de parte aérea (MSPA); e (d) massa seca de
raiz (MSR). Letras minúsculas comparam médias pelo teste de Tukey
a 5%....................................................................................................... 73
Variáveis morfológicas de cultivares de alface em cultivo hidropônico.
(a) Número de folhas (NF); (b) volume de raiz (VR); (c) altura da
planta (HP); (d) diâmetro da planta (DP); (e) comprimento de caule
(CC); e (f) diâmetro de caule (DC). Letras minúsculas comparam
médias pelo teste de Tukey a 5%.......................................................... 74
Localização
das
hidroponias
no
Estado
do
Espírito
Santo...................................................................................................... 83
xi
RESUMO
Poucos estudos sobre o comportamento da cultura da alface em sistemas
hidropônicos no Brasil, principalmente em ambiente tropical, têm levado muitos
produtores a escolher cultivares sem qualquer embasamento científico e segurança
estatística, resultando em perdas econômicas. O objetivo deste trabalho foi avaliar o
comportamento de cultivares de alface em ambiente tropical para recomendar novas
cultivares mais adaptadas ao cultivo hidropônico em clima tropical, e levantar o
panorama do cultivo hidropônico no Espírito Santo. Foram realizados três
experimentos, instalados em DIC, ao longo do ano de 2011, utilizando 13 cultivares
de alface, sendo seis do grupo lisa (Vitória de Santo Antão, Babá de Verão, Rainha
de Maio, Regina de Verão, Aurélia e Maravilha de Verão), quatro do grupo crespa
(Grand Rapids, Veneranda, Mônica e Itapuã), duas do grupo mimosa (Salad Bowl e
Rubi) e uma cultivar americana (Delícia). Em cada experimento, foram avaliados:
massa fresca da parte aérea e da raiz; massa seca da parte aérea e da raiz; número
de folhas; comprimento e diâmetro do caule; volume de raiz; altura e diâmetro da
planta; aspecto visual; e teste de degustação. As cultivares lisas Vitória de Santo
Antão e Babá de Verão apresentam boa produtividade nas condições propostas em
todos os ensaios. A cultivar crespa Grand Rapids mostra-se muito sensível ao fator
temperatura, apresentando pendoamento precoce, devendo ter sua colheita
antecipada. A cultivar mimosa Rubi não apresenta bom desempenho em ambiente
tropical, sendo recomendado manter as plantas nas bancadas de produção por um
tempo maior. A cultivar americana Delícia apresentou bom desempenho e boa
aceitação nos testes relativos a aspecto visual e degustação. A pesquisa sobre o
levantamento da hidroponia no Espírito Santo mostra que há 17 hidroponias em
funcionamento, totalizando uma área de 3,0 hectares. A alface representa 90% do
volume total de hortaliças hidropônicas, sendo os outros 10% voltados á produção
de rúcula e condimentos. São comercializados aproximadamente 168 mil pés de
alface por mês. Todos os produtores estão incluídos na categoria de grau
tecnológico intermediário. O Espírito Santo já possui uma considerável produção
hidropônica, porém ainda é um setor que tem grande capacidade de expansão,
devido tanto ao apelo do consumidor que exige qualidade durante todo o ano quanto
xii
aos problemas climáticos adversos na maioria das regiões capixabas que
prejudicam a produção de qualidade.
Palavras-chave: Lactuca sativa L. Hidroponia. Cultivares. Panorama. Espírito Santo.
xiii
ABSTRACT
Few studies on the behavior of the lettuce in hydroponic culture in Brazil, mainly in
tropical environment, have led many producers to choose cultivars with no scientific
background and safety statistics, resulting in economic losses. The objective of this
study was to evaluate the behavior of the lettuce in a tropical environment to
recommend new cultivars better adapted to hydroponic cultivation in tropical
climates, and raise an overview of hydroponics in the Espírito Santo. Three
experiments were conducted, installed in DIC, during the year 2011, using 13
varieties of lettuce, six of smooth group (Vitória de Santo Antão, Babá de Verão,
Rainha de Maio, Regina de Verão, Aurélia e Maravilha de Verão), four crisp group
(Grand Rapids, Veneranda, Mônica and Itapuã), two group mimosa (Salad Bowl and
Ruby) and an American (Delícia). In each experiment, were evaluated: fresh weight
of shoot and root, shoot dry mass and root, leaf number, length and stem diameter,
root volume, plant height and diameter, visual appearance, and tasting. Cultivars
smooth Vitória de Santo Antão and Babá de Verão show high productivity under the
proposed conditions in all trials. The crisp cultivar Grand Rapids is very sensitive to
the temperature factor, showing bolting which leads to a soon harvest. The mimosa
cultivar Rubi does not show good performance in a tropical environment and is
recommended to keep the plants in the production benches for a longer time. The
growing american Delícia had a good performance and good acceptance tests for the
visual appearance and taste. Research on survey of hydroponics in the Espírito
Santo has shown that there are 17 hidroponias in operation, totaling an area of 3.0
hectares. Lettuce
represents
90%
of
vegetables. Approximately, 168,000 feet of
the
total
volume
lettuce are sold per
of
hydroponic
month.
All
producers are included in the category of intermediate technological level. The
Espírito Santo already has a substantial hydroponic production, but it is a sector that
has great capacity for expansion, due to both the appeal of the consumer who
demands quality throughout the years about the adverse weather problems in most
areas of the State that impair the production of quality.
Key words: Lactuca sativa L. Hydroponics. Cultivars. Panorama. Espírito Santo.
14
1 INTRODUÇÃO
A dependência do clima, a estacionalidade da produção e a terra como fator de
produção são importantes características do setor agrícola que dificultam a produção
de alimentos e aumentam os riscos das atividades rurais, evidenciando a
importância de novas técnicas de produção como alternativas para reduzir perdas e
aumentar a produtividade das culturas. A qualidade do alimento, nos últimos anos,
passou a ser considerada fator de segurança alimentar e nutricional, estando
relacionada não só à produção do alimento em quantidade suficiente e acesso
garantido, mas também à promoção da saúde daqueles que o consomem.
A produção de alimentos em sistemas hidropônicos está ganhando espaço no Brasil.
A hidroponia é uma técnica alternativa na qual o solo é substituído por uma solução
aquosa, podendo conter apenas os nutrientes necessários aos vegetais. O cultivo
hidropônico possui vantagens e desvantagens em relação ao cultivo tradicional a
campo aberto e ao cultivo protegido em solo. Alta produtividade, redução no uso de
agrotóxicos, o uso de pequenas áreas próximas aos centros urbanos, a
possibilidade de produzir um produto de boa qualidade, o uso eficiente e econômico
da água e fertilizantes e o menor risco de incidência de pragas e doenças, coloca a
hidroponia como uma atividade capaz de agregar valor ao alimento e superar as
dificuldades encontradas na produção agrícola convencional. Porém, essa técnica
ainda não conquistou um grande espaço na olericultura nacional devido ao alto
custo de implantação do sistema, associado às poucas informações disponíveis aos
produtores, além de requerer acompanhamento técnico especializado permanente.
A alface (Lactuca sativa L.) é a hortaliça folhosa mais popular e a mais importante na
alimentação do brasileiro, o que lhe assegura expressiva importância social,
econômica e dietética. É líder nacional em comercialização e consumo dentro do
grupo das olerícolas folhosas. Além do valor nutricional, essa folhosa se destaca
também devido à facilidade de aquisição, produção durante o ano todo e baixo
custo.
Conhecer o comportamento das cultivares de alface é importante para o produtor em
hidroponia, pois muitos têm escolhido cultivares sem qualquer embasamento
científico e segurança estatística, resultando em perdas econômicas. Muitas
15
pesquisas relacionadas a avaliações de cultivares têm sido conduzidas em regiões
de clima ameno, como nos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do
Sul. O comportamento das cultivares de alface nestas regiões diferencia-se de
regiões tropicais, como o Estado do Espírito Santo. Nestes ambientes de alta
temperatura e alta luminosidade, as cultivares estiolam com frequência, apresentam
um ciclo mais precoce e com rápido pendoamento, mostram sintomas de queima de
bordas e desenvolvem características de sabor amargo em função dos compostos
derivados do metabolismo secundário, expressos em condições de estresse
ambiental.
O objetivo deste trabalho foi avaliar o comportamento de cultivares de alface
submetidas ao cultivo hidropônico em clima tropical e conhecer o panorama do
cultivo hidropônico no Espírito Santo para sua melhor recomendação.
16
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 IMPORTÂNCIA DAS HORTALIÇAS
A olericultura é uma atividade altamente intensiva em seus mais variados aspectos
quando comparada com outras atividades agrícolas. Sua exploração econômica
exige alto investimento, em termos de mão de obra e infraestrutura, utilização de
tecnologias modernas, que passam por constante processo de evolução e o
tamanho reduzido da área ocupada, mas intensivamente utilizada, tanto no tempo
quanto no espaço, também são características importantes na produção de
hortaliças. O sistema de produção é extremamente especializado e exigente em
qualidade, principalmente quanto ao aspecto comercial, e vem dominando o
agronegócio no Estado do Espírito Santo e no Brasil, onde os produtores estão
reduzindo o número de culturas trabalhadas e intensificando os cultivos durante todo
o ano. A grande diversidade climática constatada no Brasil permite o cultivo de cerca
de sessenta espécies de hortaliças, sendo a maioria competitiva no mercado e com
possibilidades de exportação.
A produção mundial de hortaliças ocupa uma área em torno de 89 milhões de
hectares, com uma produção total de 1,4 bilhão de toneladas. No Brasil, a produção
anual de hortaliças é superior a 11 milhões de toneladas, movimentando
aproximadamente 2,5 bilhões de dólares. Em 2002, foram cultivados 806,9 mil
hectares de hortaliças, com uma produção total de 15,7 milhões de toneladas
(ESPÍRITO SANTO, 2008). Cerca de 8 a 10 milhões de brasileiros dependem da
olericultura. Somente na cultura da alface são gerados, em média, cinco empregos
diretos por hectare, abrigando em torno de 150 mil trabalhadores rurais na cadeia
produtiva da cultura (PONTES, 2006).
A olericultura capixaba movimenta anualmente cerca de R$ 155 milhões,
representando 0,5% do PIB estadual. Cerca de 13 mil hectares são utilizados na
produção de hortaliças. Em torno de 20 mil pessoas, entre elas produtores, meeiros
e empregados rurais estão envolvidos na atividade, com produção total de 342 mil
toneladas por ano (ESPÍRITO SANTO, 2008). O cultivo de hortaliças está presente
de norte a sul do Estado, porém, em alguns municípios, a produção não tem
expressão econômica.
17
A Central de Abastecimento do Espírito Santo (CEASA-ES) é o principal pólo de
comercialização do Estado. Em 2009, foi comercializado um volume total de 220 mil
toneladas. Santa Maria de Jetibá é o principal município fornecedor de alimentos,
sendo responsável, em média, por 18% do total comercializado mensalmente
(CEASA, 2010).
A alface é, mundialmente, a hortaliça folhosa mais conhecida e consumida,
apresentando grande importância na alimentação e saúde humana. Faz parte da
dieta alimentar de grande parte da população mundial, sendo amplamente utilizada
em saladas (YURI et al., 2004; FILGUEIRA, 2008). Além disso, é uma importante
fonte de vitaminas, sais minerais e celulose. Segundo De Vries (1997) e Sousa et al.
(2007), a alface possui vitaminas A, B1, B2 e C, além de sais de cálcio e ferro. No
Brasil, estima-se que o agronegócio dessa hortaliça atinja aproximadamente R$ 2,1
bilhões/ano (SAKATE et al., 2002), além de ser importante do ponto de vista social,
sendo tradicionalmente cultivada por pequenos produtores (BOAS et al., 2004).
2.2 ASPECTOS GERAIS DA CULTURA DA ALFACE
A alface pertence à classe Magnoliopsida, ordem Asterales, família Asteraceae,
gênero Lactuca e é considerada como oriunda da região do Mediterrâneo. Originada
de espécies silvestres, que ainda pode ser encontrada em regiões de clima
temperado, no sul da Europa e na Ásia Ocidental (FILGUEIRA, 2008). Como planta
medicinal, essa espécie já era utilizada desde 4500 a.C. Como hortaliça, sua
utilização é registrada desde 2500 a.C. Foi introduzida no Brasil pelos portugueses
(MAGALHÃES, 2006).
A estrutura é de uma planta herbácea delicada, com caule diminuto, ao qual se
prendem as folhas. Estas, por sua vez, são amplas e crescem em volta do caule em
forma de roseta, podendo ser lisas ou crespas, formando ou não uma cabeça
repolhuda. Apresentam folhas simples, de contorno oval-oblongo, sua coloração
predominante varia do verde claro ao verde escuro. Algumas cultivares podem exibir
uma coloração arroxeada nas folhas devido à presença do pigmento antocianina
(MAGALHÃES, 2006). As folhas de plantas com antocianina podem ser vermelhas
ou roxas em vários graus e padrões. Muitas formas primitivas e espécies
relacionadas têm uma pigmentação de antocianina em suas folhas e flores enquanto
18
outras tantas cultivares não possuem a referida pigmentação (ROBINSON et al.,
1983). O sistema radicular é muito ramificado e superficial (MAGALHÃES, 2006). O
ciclo é anual e a fase vegetativa é encerrada quando a planta atinge o maior
desenvolvimento das folhas.
2.3 COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL
As hortaliças folhosas possuem cerca de 90% de água e o restante composto de
matéria seca, que é formada por mais de 90% por carbono (C), hidrogênio (H) e
oxigênio (O2). Para ter esta composição o vegetal obtém carbono do ar atmosférico,
oxigênio do ar e da água e o hidrogênio da água. Deste modo tem-se que, apenas
1% da composição da planta é obtida do solo ou de outra forma. Além dos três
elementos orgânicos (carbono, oxigênio e hidrogênio), as hortaliças folhosas são
constituídas por mais treze elementos minerais, classificados em micro e
macronutrientes, conforme o percentual de absorção pelos vegetais. Cada elemento
tem a sua função e deve ser administrado na medida certa, caso contrário ocorrem
deficiências ou excessos nutricionais, que ficam visíveis na forma de sintomas. Os
macronutrientes primários são: Nitrogênio, Fósforo e Potássio; os secundários são:
Cálcio, Magnésio e Enxofre; e os micronutrientes são: Boro, Cloro, Cobre, Ferro,
Manganês, Molibdênio e Zinco (SANTOS et al., 2000).
Nestas condições, segundo Sgarbieri (1987), a alface apresenta a seguinte
composição média, por 100 g comestíveis: água: 92 g; valor calórico: 18 Kcal;
proteína: 1,3 g; gordura: 0,3 g; carboidratos totais: 3,5 g; fibra: 0,7 g; cálcio: 68 mg;
fósforo: 27 mg; ferro: 1,4 mg; potássio: 264 mg; vitamina A: 1900 UI; tiamina: 0,05
mg; riboflavina: 0,08 mg; niacina: 0,4 mg; e vitamina C: 18,0 mg.
2.4 TIPOS DE CULTIVARES
A definição dos tipos de alface é importante porque a diversidade nas características
morfológicas e fisiológicas entre os grupos determina grandes diferenças na
conservação pós-colheita e, consequentemente, nos aspectos de manuseio.
Algumas cultivares apresentam características específicas, como a resistência ao
vírus do mosaico da alface (Lettuce mosaic virus - LMV), a resistência ao
19
pendoamento precoce e ao florescimento precoce em regiões quentes ou com dias
longos (HENZ & SUINAGA, 2009).
De acordo com Filgueira (2000), as numerosas cultivares plantadas pelos
olericultores do centro-sul foram originadas de trabalhos de melhoramento genético
conduzidos no Brasil e no exterior. Das cerca de 75 cultivares comerciais existentes,
apenas 18 são nacionais. Os fitomelhoristas brasileiros têm como principais
objetivos desenvolver cultivares de alface que apresentam maior resistência ao
pendoamento precoce. O desenvolvimento dessas cultivares melhoradas viabiliza
seu cultivo ao longo de todo o ano, inclusive durante a primavera e verão.
O tipo predominante de alface no Brasil é do grupo crespa, liderando 70% do
mercado. Cultivares do grupo americana e do lisa detêm 15% e 10%,
respectivamente, enquanto outras como mimosa e romana correspondem a 5% do
mercado (Sala & Costa, 2005). O grupo crespa vem crescendo consideravelmente
nos últimos anos, em virtude de apresentar melhores resistências à doenças e ao
transporte, maior período pós-colheita e melhor paladar, vantagens no elo mercado
consumidor da cadeia produtiva. O cultivo da alface crespa é preferido também
pelos produtores, pois a hortaliça apresenta aspecto de manuseio e transporte
facilitado devido à disposição de suas folhas, o que a torna preferível entre os
grupos (RODRIGUES et al., 2007).
Nos últimos anos, também aumentou o interesse de produtores e consumidores pelo
tipo “repolhuda crespa ou americana”, já ofertada de forma regular em todos os
mercados brasileiros. Além de ser apreciada na forma in natura, essa cultivar é
amplamente utilizada pela indústria de processamento mínimo pelo fato de suportar
melhor o processamento, quando comparada com outras cultivares. A alface
“americana” também é muito utilizada por redes de fast food como ingrediente de
sanduíches devido a sua crocância, textura e sabor, além de apresentar melhor
conservação pós-colheita e resistência ao transporte e manuseio.
No mercado brasileiro de sementes, estão disponíveis, atualmente, um número
expressivo de cultivares de alface, muitas das quais importadas que possuem
nomes de fantasia em Português ao invés do nome original. As cultivares nacionais,
por outro lado, têm sido produzidas principalmente por instituições de ensino e de
pesquisa, eventualmente em associação com empresas de sementes, para ofertar
aos produtores cultivares de alface “tropicalizadas”, adaptadas às condições
20
predominantes na maior parte do território nacional, incluindo genótipos com
tolerância ou resistência a doenças (LÉDO et al., 2000; COSTA & SALA, 2005;
SALA & COSTA, 2008).
Conforme descrito anteriormente, as cultivares de alface podem ser agrupadas em
seis tipos morfológicos principais, com base nas características das folhas e na
formação de cabeça, classificadas abaixo de acordo com Filgueira (2008):
Repolhuda-manteiga: apresentam folhas lisas e muito delicadas, de coloração
verde-amarelada, formando uma típica cabeça repolhuda, bem compacta e com
aspecto amanteigado. A cultivar típica é a tradicional White Boston, que já foi
considerada padrão de excelência em alface, porém com a diversificação nos
hábitos de consumo dos brasileiros ela foi substituída por outras cultivares, como
Brasil 303, Carolina e Elisa.
Solta-lisa: possui folhas lisas, soltas e macias, mais ou menos delicadas, não
formando uma cabeça compacta. A cultivar típica é a tradicional Babá de Verão,
sendo que atualmente existem novas cultivares, entre elas Monalisa e Regina.
Repolhuda-crespa (Americana): as folhas são bem consistentes, com nervuras
destacadas, formando uma “cabeça” compacta. É altamente resistente ao transporte
e adequada para o preparo de sanduíches. A cultivar típica é a tradicional Great
Lakes, da qual há várias seleções. Outras cultivares têm sido introduzidas como
Tainá, Iara, Madona, Lucy Brown e Lorca.
Romana: as folhas são alongadas e consistentes, com nervuras protuberantes,
formando “cabeças” fofas. Alguns exemplos são as cultivares Romana Branca de
Paris e Romana Balão.
Mimosa: As folhas são delicadas e com aspecto “arrepiado”. Alguns exemplos são
as cultivares Salad Bowl, Greenbowl e Rubi.
Solta-crespa: as folhas são bem consistentes, crespas e soltas, não formando
cabeça. A cultivar típica é a tradicional Grand Rapids. Entre as cultivares modernas
destacam-se Verônica, Vera, Marisa e Vanessa.
21
2.5 CULTIVO HIDROPÔNICO
Há vários sistemas de produção, entre eles, três se destacam: convencional,
orgânico e, nos últimos 10 anos, o hidropônico. Neste sistema, a alface é a hortaliça
mais cultivada, representando cerca de 80% da produção.
A hidroponia é um termo derivado de dois radicais gregos: “hydro”, que significa
água e “ponos”, que significa trabalho (GRAVES, 1983). Fazendo uma retrospectiva
da hidroponia, Resh (1985) cita como exemplos de cultivo de plantas sem solo os
jardins suspensos da Babilônia, os jardins flutuantes dos Astecas e da China, todos
datados como anteriores à era cristã (SANCHES, 2007).
Os experimentos com cultivo hidropônico iniciaram-se na França e na Inglaterra
durante o século XVII, sendo que os estudos científicos relacionados ao ajuste da
solução nutritiva tiveram início na Alemanha, por volta de 1699 (JENSEN, 1997).
Segundo Sanches (2007), no século XX muitos pesquisadores dedicaram-se aos
estudos de soluções nutritivas através da dissolução de sais em água destilada, dos
quais podemos destacar as soluções de HOAGLAND (1920) e ARNON (1950),
citados por Bliska Júnior (1998), cujas soluções propostas são ainda utilizadas,
porém com pequenas alterações. Nos anos 30, essa técnica passou a ser utilizada
em escala comercial pelo Professor William Frederick Gericke, da Universidade da
Califórnia, nos Estados Unidos. Posteriormente, com o advento da II Guerra
Mundial, foi usada para fins militares (RESH, 1985).
A Hidroponia está se desenvolvendo rapidamente como meio de produção vegetal,
sobretudo de hortaliças. É uma técnica alternativa de cultivo protegido, feito dentro
de estufas, sendo o solo substituído por uma solução aquosa contendo apenas os
elementos minerais indispensáveis aos vegetais, dissolvidos na forma de sais
(GRAVES, 1983; JENSEN & COLLINS, 1985; RESH, 1996). A hidroponia se baseia
no princípio de que, uma vez suprida a necessidade dos nutrientes, a sustentação
não precisa ser no solo (DOUGLAS, 1987).
Na geoponia ou cultivo no solo, os nutrientes são originados pela decomposição de
fontes orgânicas e inorgânicas, indo posteriormente pela ação da água compor a
solução nutritiva, que é absorvida pela planta através das raízes. Na hidroponia, os
sais minerais inorgânicos são diluídos em água, fornecidos diretamente às raízes,
sendo absorvidos pela planta (SANTOS et al., 2000).
22
Obter qualidade e regularidade na oferta dos produtos é muito difícil quando se fala
em produção de hortaliças, pois forças sazonais importantes, como as altas
temperaturas, acima de 20 ºC, e o fotoperíodo longo, dificultam que isso seja
realizado. Em alface, a resposta pode ser observada em plantas com o ciclo
reprodutivo precocemente acelerado (pendoamento e florescimento precoces)
(NAGAI
&
LISBÃO,
1980;
RYDER,
1986),
características
extremamente
indesejáveis, já que se inutiliza a planta para o consumo.
Geralmente, os cultivos hidropônicos estão associados à utilização de proteção. Sob
esse aspecto, o cultivo protegido vem apresentando crescente adoção pelos
produtores de alface, em razão da possibilidade do controle parcial dos fatores
ambientais adversos (SOUZA et al., 1994), da facilidade do manejo da cultura, da
redução de riscos, da previsibilidade e da constância da produção.
No Brasil, em condições de cultivo protegido, é possível produzir durante o ano
inteiro, obtendo sucesso e considerável abrangência de seu território. Segundo
Sganzerla (1991), o cultivo protegido, além de proteger a cultura dos efeitos
negativos do vento, chuvas e granizo, possibilita aumentos consideráveis na
produtividade, além de maior precocidade, melhor qualidade e economia de
insumos.
2.5.1 Vantagens e desvantagens do sistema hidropônico
Destacam-se as seguintes vantagens no cultivo Hidropônico quando bem utilizado:
• possibilidade de produção de alimentos próxima aos centros consumidores;
• ótima produtividade;
• maior eficiência no uso da água e melhor controle de sua qualidade;
• maior eficiência na utilização dos fertilizantes;
• uso reduzido de agrotóxicos devido ao menor ataque de pragas e doenças em
função da melhor nutrição das plantas;
• possibilidade de aproveitamento de áreas inaptas ao cultivo convencional;
• independência do cultivo às intempéries, tais como: veranico, geadas, chuvas de
granizo, ventos, encharcamentos, e às estações climáticas, permitindo o cultivo
durante todo o ano (FAQUIN, 1996);
23
• redução da erosão e degradação do meio ambiente por liberação de fertilizantes e
agrotóxicos nos solos;
• produtos mais limpos e de melhor qualidade;
• ciclo reduzido, o que permite maior número de plantios durante o ano;
• permite um rápido controle em caso de deficiências nutricionais visíveis;
• dispensa rotação de culturas (TEIXEIRA, 1996).
Em contrapartida, também há desvantagens no sistema, quando comparado com o
sistema convencional:
• alto custo de implantação;
• necessidade de mão de obra especializada;
• o sistema hidropônico torna as plantas muito susceptíveis a desbalanços
nutricionais, deficiências hídricas ou de oxigenação;
• requer um acompanhamento permanente do funcionamento do sistema,
principalmente do fornecimento de energia elétrica e controle da solução nutritiva
(FAQUIN, 1996).
2.5.2 Sistema NFT
Entre as técnicas de cultivo hidropônico a que tem apresentado maior praticidade é
a NFT (Nutrient Film Technique), que traduzido para a língua portuguesa significa
“técnica do filme de nutrientes”. Desenvolvida por Allen Cooper em 1965, esta
técnica se caracteriza pela passagem periódica de uma fina lâmina de solução
nutritiva pelas raízes das plantas, banhando-as e permitindo que elas absorvam os
nutrientes necessários ao seu desenvolvimento (SANTOS et al., 2000). O sistema é
fechado e recirculante, composto basicamente de um tanque de solução nutritiva, de
um sistema de bombeamento, dos canais de cultivo e de um sistema de retorno ao
tanque. A solução nutritiva passa pelas raízes de modo que a planta possa absorver
a água, os nutrientes e o oxigênio de que necessita e retornando para o tanque por
gravidade. Esse procedimento é controlado por um temporizador, funcionando
24
intermitentemente por 10 ou 15 minutos, parando também 10 a 15 minutos,
permitindo a oxigenação do sistema radicular (MAGALHÃES, 2006).
É a técnica mais utilizada pelos hidroponicultores por apresentar certas vantagens
como: menor gasto de mão de obra com limpezas, principalmente quando não utiliza
substrato na produção das mudas; possibilita o fornecimento adequado de nutrientes
sem a necessidade de substratos; menor custo de implantação; possibilidade de
modificações para se ajustar à cultura; permite acompanhamento bem facilitado do
sistema radicular, além de permitir a injeção de possíveis substâncias reguladoras
de crescimento e fungicidas via solução nutritiva quando necessário (COMETTI,
2003).
2.6 CULTIVO DE ALFACE HIDROPÔNICO EM AMBIENTES DE CLIMA
TROPICAL
O clima predominante no Brasil é o tropical. A predominância de altitudes mais
baixas ao longo do território acarretam temperaturas mais elevadas, com médias
superiores a 20 ºC durante todo o ano (INMET, 2012).
Até o início da década de 80, o cultivo da alface no Brasil era restrito às regiões de
clima ameno, próximas aos grandes centros urbanos, as quais possibilitavam o
cultivo durante todo ano (BRANCO, 2001).
No cultivo hidropônico, as condições climáticas podem afetar a produção de mudas
e o desenvolvimento da planta (MAGALHÃES, 2006). Muitos fatores que afetam a
produtividade da cultura estão diretamente relacionados com o clima. Geralmente,
no verão, a maioria das cultivares de alface não se desenvolve bem, devido ao calor
intenso e dias longos. Essas condições favorecem o pendoamento precoce,
tornando as folhas leitosas e amargas, perdendo seu valor comercial (FILGUEIRA,
2003). No entanto, já existe no mercado cultivares mais adaptadas aos plantios de
verão, graças ao melhoramento genético realizado. Tais cultivares permitem a
produção durante o ano inteiro.
Segundo Vieira e Cury (1997), a temperatura do ar é o elemento climático que
exerce maior influência nos processos fisiológicos das plantas de alface, podendo
acelerar ou retardar as reações metabólicas, sob condição de temperatura ótima ou
25
inferior a esta, respectivamente. Para todas as cultivares de alface, a ocorrência de
dias curtos e temperaturas amenas favorece a etapa vegetativa (FILGUEIRA, 2003).
Como a alface é uma espécie de clima temperado, a temperatura é o fator ambiental
que mais influencia a formação de folhas e de cabeças de qualidade (WHITAKER &
RYDER, 1974). As temperaturas ideais para produção de qualidade se situam em
torno de 12 a 22 °C (COCK et al., 2002; FILGUEIRA, 2003), sendo que temperaturas
superiores a 22 ºC favorecem o florescimento precoce, antecipando a colheita
(MOTA et al., 2003). O pendoamento precoce provoca o alongamento do caule,
reduz o número de folhas, afeta a formação da cabeça comercial e estimula a
produção de látex, o que torna o sabor da folha amargo (COCK et al., 2002),
resultando na colheita de plantas ainda pequenas, com menor peso e número de
folhas, de má qualidade, não expressando portanto o seu máximo potencial genético
(SANTANA et al., 2005).
A umidade relativa do ar pode afetar a transpiração, e, como consequência, causar
mudanças na condutância estomática, afetando as interações com a fotossíntese e
a produção de matéria seca e o índice de área foliar (JOLLIET, 1994).
A alface é uma planta que se adapta às condições de baixo fluxo de energia
radiante, pelo fato da intensidade de luz afetar diretamente o crescimento e
desenvolvimento das plantas. Quando se conduz uma cultura dentro de uma
variação ótima de luminosidade com outros fatores favoráveis, a fotossíntese é
elevada, a respiração é normal e a quantidade de matéria seca acumulada é
alta (BEZERRA NETO et al., 2005). Segundo Ramos (1995), o uso de telas de
sombreamento e de cultivares adequadas às condições de temperatura e
luminosidade elevadas no desenvolvimento da alface pode contribuir para diminuir
os efeitos extremos da radiação, promovendo uma planta vigorosa e de boa
qualidade. Melém et al. (1999) obtiveram baixa produção em número de folhas por
planta e massa fresca da parte aérea para a cultivar Great Lakes devido às altas
temperaturas da região de Macapá (AP), no período da condução do experimento.
A intensidade luminosa também influencia no acúmulo de nitrato pelas plantas. Esse
acúmulo ocorre quando as plantas são submetidas à baixa intensidade luminosa
(OHSE, 2000). Devido às boas condições ambientais do Brasil, em que há muita
radiação solar, para uma boa assimilação de nitrato, este não se acumula em níveis
elevados nas plantas, que ficam bem abaixo dos preconizados pelas leis européias,
26
porém ainda existem poucos estudos que confirmem a baixa absorção, o que gera
preocupação por parte dos consumidores de produtos hidropônicos. Galon et al.
(2010), avaliando o efeito da redução no fluxo de fótons fotossintéticos (FFF) sobre
características agronômicas e acúmulo de nitrato em plantas de alface cultivadas em
vasos hidropônicos, observaram que, apesar de baixos níveis de FFF causarem
acúmulo de nitrato, não houve acúmulo acima dos parâmetros estabelecidos pela
União Européia como seguros para a alimentação humana.
O fotoperíodo também afeta a cultura da alface, pois esta exige dias curtos para se
manter na fase vegetativa e dias longos para que ocorra o pendoamento
(ROBINSON et al., 1983). Sabe-se que os valores críticos, para temperatura e
fotoperíodo, variam amplamente entre as diferentes cultivares. Waycott (1995),
trabalhando com diferentes genótipos de alface, condições fotoperiódicas e
temperaturas, verificou que a temperatura isoladamente não é suficiente para induzir
o pendoamento, ao contrário do fotoperíodo. Concluiu também que existe uma série
de respostas genéticas para vários comprimentos de dia entre genótipos de alface.
Um dos principais problemas enfrentados pelos produtores de alface, tanto de
sistema hidropônico como convencional, é o aparecimento do tipburn ou “queima de
bordas”, distúrbio fisiológico ocasionado pela deficiência localizada de cálcio
(COLLIER & TIBBITTS, 1982), mesmo estando em níveis adequados no solo ou
solução nutritiva. A principal função do cálcio na planta é manter a integridade da
parede celular (MALAVOLTA, 1980) e o seu fornecimento inadequado é
caracterizado pelo surgimento de necrose, principalmente nas extremidades das
folhas em desenvolvimento (COLLIER & TIBBITTS, 1982). Na planta, o cálcio movese com a água, sendo sua translocação e seu teor nos tecidos sujeitos à taxa de
transpiração (COLLIER & HUNTINGTON, 1983). Uma vez depositado, não
apresenta
redistribuição
para
outras
partes
da
planta,
sendo
acumulado
principalmente em tecidos que transpiram mais facilmente (MILLAWAY &
WIERSHOLM, 1979). Nos órgãos que apresentam dificuldade para transpirar, como
as folhas novas e internas da alface, o transporte do cálcio é dependente das
condições ambientais que favoreçam o desenvolvimento da pressão radicular
(BRADFIELD & GUTTRIDGE, 1984), ou seja, a necessidade de um ambiente
adequado quanto aos níveis de umidade relativa do ar e ventilação é fundamental
para o controle do tipburn.
27
2.7 COMPORTAMENTO DE CULTIVARES DE ALFACE EM FUNÇÃO DO CLIMA
Apesar das mudanças micrometeorológicas que ocorrem em condições de cultivo
protegido ser responsáveis pelo bom desempenho das culturas (FARIAS, 1991),
nem todas as cultivares se adaptam a esta modalidade. Segundo Sanches (2007), a
existência de inúmeras cultivares de alface no mercado de sementes no Brasil e o
frequente lançamento e introdução de novas cultivares com comportamentos
desconhecidos, torna necessária a avaliação desses materiais em diversos locais e
ambientes de cultivo.
Muitos trabalhos relacionados a esse tema têm sido conduzidos nos Estados de São
Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul (SILVA et al.,1999; CASAROLI et al.,
2003; LOPES et al., 2003), que contam com clima ameno, cujo comportamento das
cultivares de alface diferencia-se das regiões de clima quente. Nessas regiões, as
cultivares estiolam com frequência, apresentam um ciclo mais precoce e com rápido
pendoamento,
mostram
sintomas
de
queima
de
bordas
e
desenvolvem
características de sabor amargo em função dos compostos derivados do
metabolismo secundário, expressos em condições de estresse ambiental.
Segundo Figueiredo et al. (2004), a cultura da alface não possui uma rede de
ensaios de competições de cultivares que envolva locais, épocas e anos de plantio
diversificados.
Collicchio, Silveira & Gonçalves (1993) estudaram o comportamento de quatro
cultivares de alface sob túnel alto de plástico, em clima quente e semiúmido do
cerrado, no Estado do Tocantins, no período de janeiro a março de 1991.
Observaram que as cultivares Babá de verão, Vitória de Santo Antão e Crespa
Grand Rapids Nacional apresentaram um ciclo de 50 dias para a colheita, boa
produtividade e qualidade. Mesmo em condições climáticas mais favoráveis para o
cultivo, as variações de produtividade serão grandes.
Silva, Leal & Maluf (1999), avaliando cultivares de alface sob altas temperaturas em
cultivo protegido em três épocas de plantio na região norte-fluminense de quatro
cultivares comerciais de alface, concluíram que as cultivares Vitória e Elisa podem
ser recomendadas para plantio em cultivo naquela região, quaisquer que sejam as
épocas de cultivo.
28
Sediyama et al. (2009), avaliando o desempenho de cultivares de alface para cultivo
hidropônico no verão e no inverno, obtiveram como cultivares mais promissoras para
o cultivo de verão: Iara, Lorca, Lucy Brown, Brisa, Itapuã, Marisa, Vera, Brasil 303,
Monalisa e Regina 440, e para o cultivo de inverno: Iara, Ogr, Tainá, Brisa, Elba,
Grand Rapids, Hanson, Itapuã, Marisa, Carolina, Floresta e Lívia.
2.8 REFERÊNCIAS
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sombreamento e temperatura e luminosidade elevadas. Horticultura Brasileira,
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33
Capítulo 1
3 DESEMPENHO AGRONÔMICO DE CULTIVARES DE ALFACE EM CULTIVO
HIDROPÔNICO EM AMBIENTE TROPICAL
3.1 RESUMO
O frequente lançamento e introdução de novas cultivares de alface no Brasil, com
desempenhos desconhecidos para o Estado do Espírito Santo, torna necessário a
avaliação desses materiais em diversos locais e ambientes de cultivo. O objetivo
deste trabalho foi avaliar o desempenho de cultivares de alface, cultivadas em
hidroponia em ambiente tropical. Instalou-se um experimento em DIC, com quatro
cultivares de alface, sendo duas lisas: Babá de Verão, Vitória de Santo Antão; e
duas do tipo mimosa: Salad Bowl e Rubi, em quatro repetições, com 12 plantas por
repetição. Foram avaliados: massa fresca da parte aérea e da raiz; massa seca da
parte aérea e da raiz; número de folhas; comprimento e diâmetro do caule; volume
de raiz; altura e diâmetro da planta; aspecto visual; e teste de degustação. A cultivar
Salad Bowl é superior em todas as características, exceto para o comprimento do
caule. Recomenda-se, neste caso, a antecipação da colheita para esta cultivar,
evitando o pendoamento precoce. As cultivares Vitória de Santo Antão e Babá de
Verão apresentam bom desempenho, podendo ser recomendadas para o cultivo em
ambiente tropical com a vantagem de apresentar maior resistência ao pendoamento.
Palavras-chave: Lactuca sativa L.. Hidroponia. Comportamento.
3.2 ABSTRACT
Agrononomic performance of four cultivars of hydroponic lettuce in tropical
environment
The frequent launch and introduction of new varieties of lettuce in Brazil, with
performances unknown to the State of Espirito Santo, is necessary to evaluate these
materials in various locations and environmental conditions. The objective of
34
this study
was
to
evaluate the
performance
of lettuce
cultivars grown
in
hydroponics in a tropical environment. It was carried out an experiment completely
randomized with four cultivars of lettuce, two smooth: Babá de Verão, Vitória de
Santo Antão and two types of mimosa, Salad Bowl and Ruby, in four replications with
12 plants per replicate. Were evaluated: fresh weight of shoot and root dry weight of
shoot and root, leaf number, length and stem diameter, root volume, height and
diameter of the plant, look and tasting. The Salad Bowl cultivar was superior in all
characteristics, except for the stem length. It is recommended, in this case,
the anticipation of the crop for this cultivar, avoiding bolting. Cultivars Vitória de
Santo
Antão
and
Babá
de
Verão
had
good performance
and
can be
recommended for cultivation in a tropical environment with the advantage of
increased resistance to bolting.
Key words: Lactuca sativa L. Hydroponics. Behavior.
3.3 INTRODUÇÃO
A alface é a hortaliça folhosa de maior importância no Brasil, com uma área plantada
estimada em aproximadamente 35 mil hectares. Em Hidroponia, é a espécie mais
cultivada, principalmente através da técnica do NFT - Nutrient Film Technique ou
fluxo laminar de nutrientes (GALON et al., 2011), ocupando aproximadamente 1000
hectares. Com o desenvolvimento da plasticultura nacional, o cultivo de hortaliças
em estufas tem sido muito difundido (CUPPINI et al., 2010). A hidroponia, como
alternativa de cultivo protegido, ganha espaço, principalmente próximo aos grandes
centros consumidores, permitindo a oferta regular e a produção intensiva.
O sucesso do cultivo hidropônico da alface vem da escolha correta da cultivar,
levando em consideração o tipo mais aceito pelo mercado consumidor, a capacidade
de adaptação às condições locais de clima, a produtividade, a qualidade, o manejo
da cultura, o ciclo, a resistência a pragas/doenças e ao pendoamento precoce
(SCHMIDT & SANTOS, 2000). No mercado, já estão disponíveis algumas cultivares
recomendadas para hidroponia (SANTOS et al., 2000). Ainda assim, muitos
produtores têm escolhido cultivares sem qualquer embasamento científico e
segurança estatística, resultando em prejuízos econômicos. Sediyama et al. (2009)
afirmam que em algumas regiões, a falta de cultivares selecionadas para o cultivo
35
em ambiente protegido e tolerantes a altas temperaturas tem constituído fator
limitante ao sucesso desta modalidade de cultivo.
A alface caracteriza-se como uma espécie de clima temperado, sendo a temperatura
o fator ambiental que mais influencia a formação de folhas e de cabeças de
qualidade (SOUZA et al., 2008). As temperaturas ideais para uma produção de
qualidade estão em torno de 12 a 22 °C (FILGUEIRA, 2003; COCK et al., 2002),
sendo que temperaturas superiores a 22 ºC favorecem o florescimento precoce,
antecipando a colheita (MOTA et al., 2003). Entretanto, Frantz et al. (2004)
mostraram que a alface alcança o máximo crescimento na temperatura diurna de 30
o
C em condições controladas. A temperatura alta, por sua vez, leva ao pendoamento
precoce, provoca o alongamento do caule, reduz o tamanho das folhas, afeta a
formação da cabeça comercial e estimula a produção de látex, o que torna o sabor
da folha amargo (COCK et al., 2002). Quando se conduz uma cultura dentro de uma
variação ótima de luminosidade com outros fatores favoráveis, a fotossíntese é
elevada, a respiração é normal e a quantidade de matéria seca acumulada é
alta (BEZERRA NETO et al., 2005).
Nas condições climáticas brasileiras, consideradas tropicais e subtropicais, onde o
cultivo de hortaliças é possível durante o ano todo, o aquecimento demasiado do
ambiente protegido pode causar problemas no cultivo das plantas (SOUSA NETO et
al, 2010). Assim, são necessários estudos que levem em consideração as variáveis
de temperatura, luminosidade e umidade relativa do ar, a fim de avaliar o
crescimento, a produtividade e a qualidade da alface produzida em situações
ambientais adversas.
O objetivo deste trabalho foi avaliar o desempenho de quatro cultivares de alface,
cultivadas em hidroponia, em ambiente tropical.
3.4 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi realizado em casa de vegetação, no setor de Horticultura do Instituto
Federal do Espírito Santo – Campus Itapina, município de Colatina, na região
noroeste do Espírito Santo, nos meses de março e abril de 2011. Na região,
predomina o clima tropical seco do tipo Aw, com altitude de 70 m, latitude 19º 30' sul
e longitude 40º 20' oeste. Quatro cultivares de alface foram utilizadas, sendo duas
36
do grupo lisa: Babá de Verão e Vitória de Santo Antão, e duas do grupo mimosa:
Salad Bowl e Rubi, em quatro repetições, com 12 plantas em cada repetição. A
semeadura foi realizada em espuma fenólica (lavada em água corrente por 24 h),
irrigada por 5 dias com água pura, quando as células foram destacadas e
transplantadas para o berçário. Aos 21 dias após a semeadura (DAS), as mudas
foram transplantadas para as bancadas experimentais. Os tratamentos e as
repetições foram distribuídos aleatoriamente em 2 bancadas de produção. As
plantas foram cultivadas no sistema NFT (Nutrient Film Technique, traduzido para o
português como fluxo laminar de nutrientes). O sistema é fechado, composto
basicamente de um tanque de solução nutritiva, de um sistema de bombeamento,
dos canais de cultivo e de um sistema de retorno ao tanque. A solução nutritiva
passa pelas raízes na forma de lâmina, de modo que a planta possa absorver a
água, os nutrientes e o oxigênio de que necessita e retornando para o tanque por
gravidade.
A solução nutritiva utilizada foi a solução padrão do IFES-Campus Itapina, adaptada
de Cometti et al. (2006), na CE= 1,2 dS m-1, com a seguinte composição (mg L-1) de
nutrientes: N-NO3- = 105,6; N-NH4+ = 12,3; P = 29; K = 184; S-SO42- = 29; Ca = 56;
Mg = 21; Fe = 1,8; Mn = 0,65; B = 0,26; Zn = 0,07; Cu = 0,04; e Mo = 0,03, divididas
em solução A, B e M. Solução A para 1 L de solução concentrada: 170 g de nitrato
de potássio, 37,5 g de MAP; e 75 g de sulfato de magnésio. Solução B para 1 L de
solução concentrada: 110 g de nitrato de cálcio. Solução M para 1 L de solução
concentrada: 100 g de quelato de ferro; 16 g de sulfato de manganês; 2,5 g de ácido
bórico; 2 g de sulfato de zinco; 1 g de sulfato de cobre; e 0,4 g de molibdato de
sódio. A partir destas soluções concentradas, foi preparada a solução utilizada
durante o experimento. Foram feitas correções diárias da concentração da solução
por reposição com soluções estoques, a partir da leitura de condutividade elétrica
com condutivímetro (Hanna, modelo HI 98130).
Durante o experimento, foram monitorados o fluxo de fótons fotossintéticos (FFF) e a
temperatura da solução nutritiva, em três horários, às 9 h, 12 h e 15 h, medidos com
intervalo de dois dias a partir do transplante das mudas para as bancadas
experimentais. A temperatura da solução nutritiva (Figura 1) foi medida com
termômetro digital infravermelho (Ad Therm Kids, Brasbaby, modelo AD00023) e o
FFF dentro e fora da estufa foi medido através de radiômetro (Quantum meter,
37
Apogee Instruments Inc., modelo QMSW, serial 1088), mostrados na Tabela 1. A
temperatura do ar (Figura 1) também foi medida, através de termístor e armazenada
em datalogger da marca Campbel Scientific modelo CR206.
Tabela 1 - Valores médios de fluxo de fótons fotossintéticos, em µmol m-2 s-1, dentro
e fora da estufa. Colatina, IFES Campus Itapina, 2011
HORA
FFF
FFF
Interno
Externo
------------------ µmol m-2 s-1----------------9:00
639,70
1344,58
12:00
886,00
1643,92
15:00
740,10
1405,25
Média*
755,25
1464,58
32
Temperatura do ar
Temperatura da solução
30
Temperatura ºC
28
26
24
22
20
18
0
5
10
15
20
Hora
Figura 1 - Valores médios de temperatura do ar e temperatura da solução nutritiva
observados durante o experimento. IFES Campus Itapina, Espírito
Santo, 2011.
A coleta das plantas para a avaliação foi realizada aos quarenta e quatro dias após a
semeadura (DAS). As plantas foram separadas em raiz e parte aérea,
determinando-se: massa fresca da parte aérea e raiz, massa seca da parte aérea e
38
raiz, número de folhas, comprimento e diâmetro do caule, volume de raiz, altura e
diâmetro da planta. Para a avaliação das massas frescas e secas foi utilizada
balança de precisão, para diâmetro e comprimento do caule foi utilizado paquímetro
digital e para a determinação do volume de raiz foi utilizada proveta de vidro com
água. Antes da coleta das plantas, foram realizados avaliação do aspecto visual de
cada cultivar e teste de degustação para avaliar as características organolépticas
das cultivares. Para a avaliação visual foram considerados aspectos como: relação
altura X diâmetro da planta, uniformidade entre as plantas da mesma parcela, cor
das folhas e nível de pendoamento e ataque de pragas/doenças. As avaliações para
aspecto visual foram feitas de acordo com uma escala (classificadas em excelente,
muito bom, bom, ruim e muito ruim). Para o teste de degustação foi aplicado um
teste com escala hedônica, no qual foram atribuídos valores crescentes de 1 a 9 às
classificações:
desgostei
extremamente,
desgostei
muito,
desgostei
moderadamente, desgostei ligeiramente, indiferente, gostei ligeiramente, gostei
moderadamente, gostei muito e gostei extremamente, respectivamente. As
respostas foram avaliadas em termos de porcentagem de opção para cada cultivar.
O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, a análise
estatística dos dados realizada por meio de ANOVA e a comparação de médias pelo
teste de Tukey a 5% de probabilidade, utilizando o programa SigmaStat 2.0®. As
figuras foram elaboradas no programa SigmaPlot 8.0®.
3.4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Durante o experimento, a temperatura do ar manteve-se sempre acima dos 20 ºC. A
temperatura da solução nutritiva não ultrapassou 28 ºC, conforme a Figura 1, e o
FFF variou de 639,70 a 886,00 µmol m-2 s-1 dentro da estufa e de 1344,58 a 1643,92
µmol m-2 s-1 fora da estufa (Tabela 1), valores considerados altos para o
desenvolvimento das plantas de alface, que se desenvolvem bem a uma média de
400 a 700 µmol m-2 s-1 ao longo do dia. A análise de variância mostrou que há
diferença significativa entre as cultivares para todas as variáveis avaliadas. Para a
variável massa fresca de parte aérea (Figura 2a), as cultivares Salad Bowl (136,2 g)
e Vitória de Santo Antão (121,2 g) são superiores. A cultivar Rubi (34,8 g) apresenta
o pior resultado. A cultivar Rubi tem como característica a sua coloração. Possui
39
pigmentos de antocianina que conferem às folhas uma coloração avermelhada, o
que retarda o crescimento das plantas. Vaz e Junqueira (1998) não observaram
diferença quanto à massa fresca da planta entre as cultivares Tainá (grupo
americana), Verônica (grupo crespa) e Elisa (grupo lisa) em cultivo hidropônico.
Segundo Luz et al. (2010), em termos de produção hidropônica, a variável mais
importante é a massa fresca da planta, já que plantas com maior massa tendem a
apresentar maior altura e melhor aspecto comercial. A cultivar mimosa Salad Bowl
(29,3 g) é superior às demais cultivares em relação à massa fresca da raiz (Figura
2b). Resultado semelhante foi obtido por Andrade et al. (2010), que avaliaram o
desempenho de dez cultivares de alface em ambiente tropical e concluíram que a
Salad Bowl foi a que apresentou maior massa fresca de raiz, seguida da Rainha de
Maio e Crespa Roxa, diferenciando-se estatisticamente apenas de Vitória de Santo
Antão, Vera e Hanson (repolhuda), indicando que a cultivar Salad Bowl tende a
particionar mais carbono nas raízes do que na área foliar se comparada com outras
cultivares.
Em relação à produção de massa seca, há diferença significativa para a parte aérea
e raiz. As cultivares Salad Bowl (6,75 g), Vitória de Santo Antão (6,0 g) e Babá de
Verão (5,68 g) foram estatisticamente semelhantes e superiores a cultivar Rubi (1,86
g) para a variável massa seca de parte aérea (Figura 2c). Para a massa seca de raiz
Salad Bowl (1,47 g) e Vitória de Santo Antão (1,27 g) são estatisticamente
semelhantes e superiores à cultivar Rubi (0,49 g), conforme mostrado na Figura 2d.
Sediyama et al. (2009), avaliando o desempenho de 17 cultivares de alface em
cultivo de verão, encontraram valor de massa seca de raiz superior às demais para a
cultivar Salad Bowl, resultado semelhante ao encontrado neste experimento.
40
160
35
a
140
(b)
a
30
ab
120
25
b
b
b
20
80
15
60
c
10
c
40
5
20
0
0
1,4
ab
a
a
(d)
b
1,2
1,0
4
0,8
c
b
2
MSR (g)
6
a
(c)
a
MSPA (g)
MFR (g)
100
MFPA (g)
(a)
0,6
0,4
0,2
Tratamentos
R
ub
i
wl
Bo
Sa
la
d
Vi
tó
ria
de
S.
An
tã
Ve
rã
o
o
R
ub
i
Ba
bá
Sa
la
d
Vi
tó
ria
Bo
o
S.
An
tã
Ve
rã
de
Ba
bá
wl
0,0
o
0
Tratamentos
Figura 2 - Variáveis morfológicas em cultivares de alface em cultivo hidropônico: (a)
massa fresca de parte aérea (MFPA); (b) massa fresca de raiz (MFR);
(c) massa seca de parte aérea (MSPA); e (d) massa seca de raiz (MSR).
Letras minúsculas comparam médias pelo teste de Tukey a 5%.
Colatina-ES, IFES Campus Itapina, 2011.
Para a característica número de folhas (Figura 3a), as cultivares Babá de Verão
(26,5 folhas), Vitória de Santo Antão (29,0 folhas) e Salad Bowl (25,0 folhas) são
estatisticamente semelhantes, apresentando mais de 14 folhas. Schmidt et al.
(2001), estudando o comportamento de cultivares de alface, verificaram que as
cultivares do tipo lisa apresentaram maior número de folhas que as cultivares do tipo
crespa. Oliveira et al. (2004) afirmam que o número de folhas é uma característica
própria de cada cultivar, sendo que, geralmente, cultivares do grupo lisa apresentam
maior número de folhas em relação aos outros grupos e, geralmente, um grande
número de folhas pequenas.
41
Em relação às variáveis altura (Figura 3b) e diâmetro de planta (Figura 3c), a cultivar
Rubi apresenta valores inferiores às demais cultivares, 24,4 cm e 22,9 cm,
respectivamente, indicando que esta cultivar não apresentou todo o seu potencial de
produção, não devendo ser recomendada para cultivo em regiões de clima tropical,
ou mesmo que ela deve permanecer por mais tempo nas bancadas de produção.
Não foram constatadas diferenças estatísticas entre as cultivares Babá de Verão,
Vitória de Santo Antão e Salad Bowl, em relação ao diâmetro da planta, a média é
de 31,2 cm, valor inferior ao observado por Fontanétti et al. (2006), no cultivo da
alface Raider com adubação verde (38,50 cm). Esse valor inferior é consequência
do espaçamento menor utilizado em cultivos hidropônicos.
O comprimento do caule das plantas é uma variável muito utilizada para verificar a
resistência das plantas ao pendoamento e tolerância ao calor. Conforme a Figura
3d, a cultivar Salad Bowl é superior à Babá de Verão e à Rubi, mas não supera a
Vitória de Santo Antão. A cultivar Salad Bowl apresenta comprimento de caule de
19,9 cm, sendo considerada fora do padrão aceitável pelo mercado devido ao
aspecto alongado e estiolado. Yuri et al. (2004) afirmam que caules com até 6 cm
seriam os mais adequados para alface. Estes autores também afirmam que caules
de até 9 cm são aceitáveis. Neste experimento, a cultivar Salad Bowl (19,9 cm)
deveria ter a colheita antecipada em relação às outras cultivares, por apresentar
desenvolvimento mais precoce. Segundo Mendonça (2003), temperaturas acima de
20 °C estimulam o pendoamento precoce, que é acentuado à medida que a
temperatura aumenta. Durante o experimento, as temperaturas ficaram acima dos
20 ºC, o que poderia ter provocado também o pendoamento precoce da cultivar
Salad Bowl. Para diâmetro de caule (Figura 3f), as cultivares Vitória de Santo Antão
(15,97 mm) e Babá de Verão (15,91 mm) são estatisticamente semelhantes e
superiores às cultivares Salad Bowl (13,0 mm) e Rubi (9,38 mm).
A cultivar Salad Bowl apresenta volume de raiz 31,16 mL (Figura 3e), superior a
Babá de Verão (24,5 mL), Vitória de Santo Antão (23,67 mL) e Rubi (9,08 mL).
Resultados diferentes foram obtidos por Silva et al. (2005) que estudaram o
crescimento e composição mineral da alface no sistema hidropônico por capilaridade
e não obtiveram diferença de volume radicular entre os tratamentos.
42
35
40
(a)
a
30
(b)
a
ab
a
b
a
30
25
b
20
b
15
10
HP (cm)
NF
20
10
5
0
0
a
a
a
(d)
(c)
a
20
b
15
ab
20
b
b
10
CC (cm)
DP (cm)
30
10
5
0
0
(e)
a
(f)
a
a
30
14
b
b
16
b
12
VR (mL)
c
10
8
6
c
10
DC (mm)
20
4
2
0
R
ub
i
Bo
w
l
Sa
la
d
S.
An
tã
o
Vi
tó
ria
Ba
bá
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R
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i
Bo
w
l
Sa
la
d
S.
An
tã
o
Vi
tó
ria
Ba
bá
de
Ve
rã
o
0
Figura 3 - Variáveis morfológicas em cultivares de alface em cultivo hidropônico: (a)
Número de folhas (NF); (b) altura da planta (HP); (c) diâmetro da planta
(DP); (d) comprimento de caule (CC); (e) volume de raiz (VR); e (f)
diâmetro de caule (DC). Letras minúsculas comparam médias pelo teste
de Tukey a 5%. Colatina-ES, IFES Campus Itapina, 2011.
Para a avaliação visual (Figura 4), a cultivar que se destaca é a Vitória de Santo
Antão. Mais de 80% dos entrevistados avaliaram a cultivar com aspectos “muito
bom” e “bom”. A cultivar Rubi, na opinião dos entrevistados, apresenta o pior
aspecto. Para o teste de degustação, a cultivar Vitória de Santo Antão também se
43
mostra superior na opinião dos entrevistados. 80% das notas foram superiores a 7,
sendo que destas, 50% dos entrevistados classificaram como 8, indicando que a
cultivar Vitória de Santo Antão tem boa aceitação. A cultivar Rubi também apresenta
as piores notas. 20% das avaliações classificaram a cultivar com ‘desgostei
moderadamente’ e ‘desgostei muito’, indicando que a cultivar apresenta sabor
desagradável, conforme a Figura 5.
70
60
Babá de Verão
% de aceitação
50
Vitória de Santo Antão
Salad Bowl
40
Rubi
30
20
10
0
Excelente
Muito Bom
Bom
Ruim
Muito Ruim
Figura 4 - Avaliação do aspecto visual de cada cultivar. Colatina-ES, IFES Campus
Itapina, 2011.
60
50
% de aceitação
40
Babá de Verão
30
Vitória de Santo Antão
Salad Bowl
20
Rubi
10
0
9
8
7
6
5
4
3
2
1
44
Figura 5 - Avaliação do teste de degustação de cada cultivar. Colatina-ES, IFES
Campus Itapina, 2011.
Resultados semelhantes aos deste experimento foram obtidos por Gualberto et al.
(1999), que avaliaram o desempenho de seis cultivares de alface do grupo lisa
cultivadas no sistema NFT na região de Marília, Estado de São Paulo. Sediyama et
al. (2009) avaliaram o desempenho de 17 cultivares de alface em cultivo de verão na
região de Viçosa-MG e encontraram diferenças significativas em algumas
características avaliadas, como o número de folhas e o comprimento do caule.
Pode-se concluir que a cultivar Salad Bowl apresenta o melhor desempenho, porém
também apresenta valor alto para comprimento do caule. Recomenda-se, neste
caso, a antecipação da colheita para esta cultivar, evitando assim o pendoamento
precoce. As cultivares Vitória de Santo Antão e Babá de Verão também apresentam
bom desempenho, comprovando o que já ocorre em outras regiões, podendo ser
recomendadas para o cultivo em ambiente tropical com a vantagem de apresentar
maior resistência ao pendoamento. A cultivar Rubi apresenta a pior produção,
indicando que em condições de alta temperatura e luminosidade dentro da estufa,
esta cultivar não tem boa adaptação.
3.6 REFERÊNCIAS
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ambiente tropical. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE OLERICULTURA, 50. 2010.
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47
Capítulo 2
4 DESEMPENHO AGRONÔMICO DE CULTIVARES DE ALFACE EM CULTIVO
HIDROPÔNICO EM AMBIENTE TROPICAL
4.1 RESUMO
A alface é a hortaliça folhosa mais cultivada em hidroponia, principalmente através
da técnica do NFT. A falta de cultivares recomendadas para o cultivo hidropônico é
uns dos principais problemas enfrentados pelos produtores. O objetivo do presente
trabalho foi avaliar o desempenho de cultivares de alface, cultivadas em hidroponia,
em ambiente tropical. Instalou-se um experimento em DIC, com cinco cultivares de
alface, sendo três do grupo lisa: Vitória de Santo Antão, Aurélia e Maravilha de
Verão, uma do grupo crespa: Grand Rapids e uma do grupo americana: Delícia, em
quatro repetições, com 10 plantas em cada repetição. Foram avaliados: massa
fresca da parte aérea e da raiz; massa seca da parte aérea e da raiz; número de
folhas; comprimento e diâmetro do caule; volume de raiz; altura e diâmetro da
planta; aspecto visual; e teste de degustação. A cultivar Vitória de Santo Antão
apresenta maior produção, melhor aceitação e menor sensibilidade ao pendoamento
precoce, podendo ser recomendada para cultivos hidropônicos em ambiente tropical.
A cultivar Grand Rapids mostra-se muito sensível à luminosidade e temperaturas
altas, apresentando pendoamento precoce.
Palavras-chave: Lactuca sativa L.. Hidroponia. Desempenho.
4.2 ABSTRACT
Agrononomic performance of four cultivars of hydroponic lettuce in tropical
environment
Lettuce is the leafy vegetable most grown in hydroponic culture, mainly through the
technique
of NFT. The
lack
of recommended
cultivars for hydroponic
cultivation is one of the main problems faced by producers. The objective of this
48
study was to evaluate the performance of lettuce cultivars grown in hydroponics, in a
tropical environment. It was carried out an experiment completely randomized with
five varieties of lettuce, three of the smooth group: Vitória de Santo Antão, Aurélia
and Maravilha de Verão, a crisp group of Grand Rapids and the American group:
Delícia, in four replicates, with 10 plants in each repetition. It was evaluated: fresh
weight of shoot and root dry mass of shoot and root, leaf number, length and stem
diameter, root volume, height and diameter of the plant, look and tasteing. The
cultivar Vitória
de
Santo Antão have
a
higher production, greater
acceptance,
less sensitivity to bolting, and can be recommended for hydroponic crops in tropical
environments. The
cultivar Grand Rapids is
very sensitive
to light and
high
temperatures, showing bolting.
Key words: Lactuca sativa L.. Hydroponics. Performance.
4.3 INTRODUÇÃO
A produção de olerícolas sob estruturas de proteção é uma atividade regular em
inúmeros países e em constante crescimento no Brasil. Vida et al. (2004) e Fontes et
al. (2004) afirmam que por meio do cultivo protegido é possível alterar, de modo
acentuado, o ambiente de crescimento e de reprodução das plantas, controlando
parcialmente os efeitos adversos do clima. O cultivo hidropônico é, entre as várias
tecnologias introduzidas no cultivo de hortaliças, o sistema que mais está se
destacando no Brasil, especialmente pela disponibilidade dos produtos em períodos
de entressafra e pela garantia de oferta regular (ZANELLA et al., 2008). Em
Hidroponia, a alface (Lactuca sativa L.) é a hortaliça folhosa mais cultivada,
principalmente através da técnica do NFT - Nutrient Film Technique ou fluxo laminar
de nutrientes (GALON et al., 2011). Esse sistema se destaca, entre outros fatores,
pela praticidade na implantação da cultura, pela limpeza dos produtos colhidos
(ANDRIOLLO et al., 2004), além da redução do ciclo em relação ao cultivo no solo.
A alface é uma espécie de clima temperado e o maior entrave ao cultivo no Brasil
são as temperaturas elevadas, observadas na maioria das regiões brasileiras.
Temperaturas acima de 20 ºC provocam o pendoamento precoce da alface, o qual é
acentuado à medida que a temperatura sobe e os dias tornam-se mais longos.
49
A análise sensorial é uma importante ferramenta utilizada para avaliar a qualidade
e/ou aparência externa das hortaliças. Para muitos autores, a análise sensorial é
uma forma rápida e criteriosa de verificar os atributos dos alimentos, usando os
sentidos da visão, olfato, tato e gustação. Para Bernardi et al. (2005), a análise
sensorial constitui-se numa ferramenta adequada para avaliar a qualidade da alface,
levando-se em conta que qualidade é o somatório de todas as características
combinadas e que equivale a uma hortaliça com valor nutritivo aceitável e desejável
para um alimento humano.
Silva et al. (1999) afirmam que os genótipos utilizados no desenvolvimento de
pesquisas têm sido os disponíveis no mercado e utilizados normalmente pelos
produtores em seus plantios comerciais. Os vários ensaios de desempenho de
cultivares realizados sob diferentes situações têm demonstrado uma considerável
diversidade de comportamento, indicando uma significância para a interação
genótipo x ambiente.
O objetivo do presente trabalho foi avaliar o desempenho de cinco cultivares de
alface cultivadas em hidroponia, em ambiente tropical.
4.4 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi realizado nos meses de abril a junho de 2011, em casa de vegetação,
no Setor de Horticultura do Instituto Federal do Espírito Santo – Campus Itapina,
município de Colatina, na região noroeste do Espírito Santo. Foram utilizadas cinco
cultivares de alface, sendo três do grupo lisa: Vitória de Santo Antão, Aurélia e
Maravilha de Verão, uma do grupo crespa: Grand Rapids e uma do grupo
americana: Delícia, em quatro repetições, com 10 plantas em cada repetição. A
semeadura foi realizada em espuma fenólica (lavada em água corrente por 24 h),
irrigada por 5 dias com água pura, quando as células foram destacadas e
transplantadas para o berçário. Aos 21 dias após a semeadura (DAS), as mudas
foram transplantadas para as bancadas experimentais. Foram utilizadas 2 bancadas
de cultivo onde foram distribuídos, aleatoriamente, os tratamentos e as repetições.
As plantas foram cultivadas no sistema NFT (Nutrient Film Technique, traduzido para
o português como fluxo laminar da solução nutritiva). O sistema é composto
basicamente de um tanque de solução nutritiva, de um sistema de bombeamento,
50
dos canais de cultivo e de um sistema de retorno ao tanque. A solução nutritiva
passa pelas raízes na forma de lâmina, de modo que a planta possa absorver a
água, os nutrientes e o oxigênio de que necessita e retornando para o tanque por
gravidade.
A solução nutritiva utilizada foi a solução padrão do IFES-Campus Itapina, adaptada
de Cometti et al. (2006), na CE= 1,4 dSm-1, com a seguinte composição (mg L-1) de
nutrientes: N-NO3- = 105,6; N-NH4+ = 12,3; P = 29; K = 184; S-SO42- = 29; Ca = 56;
Mg = 21; Fe = 1,8; Mn = 0,65; B = 0,26; Zn = 0,07; Cu = 0,04; e Mo = 0,03, divididas
em solução A, B e M. Solução A para 1 L de solução concentrada: 170 g de nitrato
de potássio; 37,5 g de MAP e 75 g de sulfato de magnésio. Solução B para 1 L de
solução concentrada: 110 g de nitrato de cálcio. Solução M para 1 L de solução
concentrada: 100 g de quelato de ferro; 16 g de sulfato de manganês; 2,5 g de ácido
bórico; 2 g de sulfato de zinco; 1 g de sulfato de cobre; e 0,4 g de molibdato de
sódio. A partir destas soluções concentradas, foi preparada a solução utilizada
durante o experimento. Foram feitas correções diárias da concentração da solução
por reposição com soluções estoques, a partir da leitura de condutividade elétrica
com condutivímetro (Hanna, modelo HI 98130).
Durante o experimento, foram monitorados o fluxo de fótons fotossintéticos (FFF), a
temperatura das folhas e a temperatura da solução nutritiva, em três horários, às 9
h, 12 h e 15 h, medidos com intervalo de dois dias a partir do transplante das mudas
para as bancadas experimentais. A temperatura das folhas (Tabela 1) e da solução
nutritiva (Tabela 2) foram medidas com termômetro digital infravermelho (Ad Therm
Kids, Brasbaby, modelo AD00023) e o FFF dentro e fora da estufa (Tabela 2) foi
medido através de radiômetro (Quantum meter, Apogee Instruments Inc., modelo
QMSW, serial 1088). A temperatura do ar (Figura 1) foi monitorada através de
termístor e armazenada em datalogger da marca Campbel Scientific modelo CR206.
51
Tabela 1 - Valores médios da temperatura das folhas das cinco cultivares utilizadas,
em ºC. Colatina, IFES Campus Itapina, 2011
CULTIVARES
9:00
12:00
15:00
----------------------- ºC ------------------------Delícia
24,0
27,1
25,5
Grand Rapids
23,7
26,9
25,3
Aurélia
23,4
26,8
25,3
Maravilha de Verão
23,3
26,4
25,0
Vit. de Santo Antão
23,6
26,9
25,1
Tabela 2 - Valores médios de fluxo de fótons fotossintéticos, em µmol m-2 s-1, dentro
e fora da estufa e temperatura da solução nutritiva, em ºC. Colatina, IFES
Campus Itapina, 2011
FFF
FFF
Temp. Sol.
HORA
Interno
Externo
Nutritiva
-2 -1
------------ºC---------------------- µmol m s -----------9:00
12:00
15:00
484,56
705,22
381,22
1102,78
1621,00
947,11
23,28
26,88
25,51
30
28
Temperatura (ºC)
26
24
22
20
18
16
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
Horas
Figura 1 - Valores médios da temperatura do ar, em ºC, observados durante o
experimento. Colatina, IFES Campus Itapina, 2011.
52
A coleta das plantas para a avaliação foi realizada aos quarenta e três DAS. As
plantas foram separadas em raiz e parte aérea, determinando-se: massa fresca da
parte aérea e da raiz, massa seca da parte aérea e da raiz, número de folhas,
comprimento e diâmetro do caule, altura e diâmetro da planta. Para a avaliação das
massas frescas e secas, foi utilizada balança de precisão e, para diâmetro e
comprimento do caule, foi utilizado paquímetro digital.
Antes da coleta das plantas, foram realizados avaliação do aspecto visual de cada
cultivar e teste de degustação para avaliar as características organolépticas das
cultivares. Para a avaliação visual foram considerados aspectos como: relação altura
X diâmetro da planta, uniformidade entre as plantas da mesma parcela, cor das
folhas, nível de pendoamento e ataque de pragas/doenças. As avaliações foram
feitas de acordo com uma escala (classificadas em excelente, muito bom, bom, ruim
e muito ruim). Para o teste de degustação, foi aplicado um teste com escala
hedônica, no qual foram atribuídos valores de 1 a 9 às classificações: desgostei
extremamente, desgostei muito, desgostei moderadamente, desgostei ligeiramente,
indiferente, gostei ligeiramente, gostei moderadamente, gostei muito e gostei
extremamente, respectivamente. As respostas foram avaliadas em termos de
porcentagem de opção para cada cultivar.
O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado e a análise
estatística realizada através de ANOVA e comparação de médias pelo teste de
Tukey a 5% de probabilidade, utilizando o programa SigmaStat 2.0®. As figuras
foram elaboradas no programa SigmaPlot 8.0®.
4.5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Durante o experimento, os valores de FFF dentro da estufa, variaram entre 381 e
705 µmol m-2s-1. A temperatura do ar variou entre 17 e 29 ºC, valores normais para o
período do ano. A temperatura média da solução nutritiva foi de 25,2 ºC. Nesta faixa
de luminosidade e temperatura da solução, as plantas apresentam bom
desenvolvimento. Sanches et al. (2005) observaram que o melhor desenvolvimento
das cultivares Lucy Brown e Sandy foi com a temperatura da solução próxima aos
25 ºC.
53
A temperatura das folhas apresenta o mesmo comportamento para todas cultivares
(Tabela 1). Às 9 horas da manhã, são verificadas as temperaturas mais baixas,
variando de 23,3 e 24,0 ºC. Às 12 horas, observa-se um aumento nas médias, em
função do aumento da temperatura do ar e do FFF, observando valores de 26,4 a
27,1 ºC. Às 15 horas, quando foi realizada a terceira leitura, observa-se um
decréscimo. As médias variam de 24,6 a 25,5 ºC. Entre as cultivares, a americana
Delícia apresenta as maiores médias e a cultivar lisa Maravilha de Verão os menores
valores. A temperatura da folha varia de acordo com a perda de água. Um aumento
da transpiração pode provocar redução na temperatura da folha, representando uma
adaptação da planta ao ambiente tropical.
A análise de variância mostrou que há diferença significativa entre as cultivares para
todas as variáveis, exceto para a massa seca de parte aérea e porcentagem de
água nas plantas. Para a massa fresca de parte aérea, os melhores resultados são
expressos pela cultivar Vitória de Santo Antão (186,5 g). As cultivares Delícia (152,2
g), Maravilha de Verão (151,7 g), Aurélia (137,0 g) e Grand Rapids (131,3 g) não
diferem significativamente entre si (Figura 2a). Andrade et al. (2010), estudando o
comportamento de dez cultivares de alface em cultivo hidropônico em ambiente
tropical, também observaram maior rendimento para a cultivar Vitória de Santo
Antão, indicando sua boa adaptação ao cultivo protegido.
54
200
a
(a)
25
a
(b)
ab
b
150
b
20
ab
ab
b
15
MFPA (g)
b
100
MFR (g)
b
10
50
5
a
0
a
6
(c)
a
a
a
(d)
a
1,2
ab
ab
1,0
MSPA (g)
ab
b
0,8
4
0,6
MSR (g)
0
0,4
2
0,2
0
tão
rão
An
Ve
o
e
t
d
.
an
rav
eS
Ma
.d
t
i
V
0,0
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Gr
a
líci
De
tão
rão
An
Ve
o
e
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.
an
rav
eS
Ma
.d
t
i
V
s
ia
pid
rél
Au
Ra
d
an
Gr
a
líci
De
Figura 2 - Variáveis morfológicas de cultivares de alface em cultivo hidropônico: (a)
massa fresca de parte aérea (MFPA); (b) massa fresca de raiz (MFR); (c)
massa seca de parte aérea (MSPA); e (d) massa seca de raiz (MSR). Letras
minúsculas comparam médias pelo teste de Tukey a 5%. Colatina-ES, IFES
Campus Itapina, 2011
Observa-se na Figura 2b que a cultivar Vitória de Santo Antão também apresenta a
maior média para massa fresca de raiz, com média de 22,5 g, no entanto, não
diferindo estatisticamente das cultivares Maravilha de Verão (20,5 g), Aurélia (18,3
g) e Grand Rapids (16,9 g). A cultivar americana apresenta a menor média (13,42g).
Para os valores de massa seca, não há diferença significativa para a parte aérea
(Figura 2c). Para matéria seca de raiz (Figura 2d), a cultivar Vitória de Santo Antão
(1,17 g) é estatisticamente semelhante às cultivares Maravilha de Verão (1,04 g),
Grand Rapids (0,98 g) e Aurélia (0,92 g). A cultivar Delícia apresenta a menor média
(0,72 g). Resultado diferente foi obtido por Gualberto et al. (1999), que avaliaram o
desempenho de seis cultivares de alface do tipo lisa (Babá de Verão, Brasil 303,
Elisa, Karla, Lívia e Monalisa), cultivadas em sistema hidropônico NFT na Fazenda
55
Experimental da Universidade de Marília (SP) e obtiveram valores superiores de
matéria seca de parte aérea para as cultivares Lívia e Babá de Verão, seguidas por
Elisa e Monalisa.
As três cultivares do grupo lisa, Vitória de Santo Antão (26,0), Maravilha de Verão
(26,0) e Aurélia (25,0), apresentam o maior número de folhas (Figura 3a), diferindo
estatisticamente das cultivares crespa Grand Rapids (17,0) e americana Delícia
(15,0). Sediyama et al. (2009), estudando o comportamento de cultivares de alface
para cultivo hidropônico no inverno, obtiveram resultados semelhantes, mostrando
que as cultivares do grupo lisa apresentaram maior número de folhas que as
demais. Uma das possíveis razões pelas quais cultivares lisas tenham se destacado
é justificada pela própria característica das cultivares em produzirem grande número
de folhas, porém de tamanhos menores. Para volume de raiz (Figura 3b), a cultivar
Vitória de Santo Antão (20,37 mL) é superior à cultivar Delícia (13,62 mL), não
superando as cultivares Maravilha de Verão (19,75 mL), Aurélia (17,50 mL) e Grand
Rapids (16,62 mL).
Para a variável altura da planta (Figura 3c), a cultivar Grand Rapids (36,0 cm) é
superior. As cultivares Maravilha de Verão (32,8 cm), Vitória de Santo Antão (32,7
cm) e Aurélia (29,9 cm) são estatisticamente semelhantes entre si e superiores a
Delícia (26,4 cm), que faz parte do grupo de alfaces americanas. Este grupo de
cultivares tem como característica a formação de cabeça, justificando sua menor
altura. Para diâmetro da planta (Figura 3d), as cultivares Grand Rapids (32,3 cm),
Maravilha de Verão (31,7 g), Aurélia (31,1 cm) e Vitória de Santo Antão (31,0 cm)
apresentam
maior
diâmetro,
característica
importante
quando
se
visa
a
comercialização. Os valores deste experimento são superiores aos observados por
Souza et al. (2007), que obtiveram para as cultivares crespas, Itapuã e Veneranda, e
lisa, Elba, diâmetro da planta variando de 20,4 a 23,5 cm, nas condições de Iguatu,
no Ceará. A cultivar Grand Rapids apresenta menor massa, porém maior diâmetro e
maior altura de planta. Esta cultivar apresentou folhas maiores e soltas, e
comprimento de caule também maior, justificando diâmetro e altura maiores que as
demais cultivares avaliadas neste experimento.
Para comprimento de caule, a cultivar Grand Rapids é a mais afetada pela
temperatura, sendo estatisticamente superior, com média 13,5 cm, conforme a
Figura 3e. As cultivares Vitória de Santo Antão (6,0 cm), Maravilha de Verão (5,9
56
cm), Aurélia (5,4 cm) e Delícia (5,3 cm) são estatisticamente semelhantes entre si. A
média do FFF dentro da estufa durante o experimento foi de 523,67 µmol m-2s-1.
Esse valor está um pouco acima daquele observado por Hammer et al. (1978), que
publicaram um guia para pesquisa com alface, utilizando a cultivar Grand Rapids,
em câmara de crescimento, e estabeleceram o fluxo de fótons fotossintéticos em
400 µmol m-2s-1 como o ideal para essa cultivar. Os resultados deste experimento
confirmam a sua sensibilidade à presença de luz, demonstrando uma tendência ao
pendoamento precoce.
Segundo Resende (2004), o tamanho de caule mais adequado para a
comercialização deve estar na faixa de 6,0 cm a 9,0 cm de comprimento. Oliveira et
al. (2004) afirmam que caules mais longos implicam cultivares mais sensíveis ao
calor, e vice-versa. A cultivar americana Delícia apresenta o menor comprimento,
característica desejável para este grupo de alface, pois cultivares com caules
maiores podem dificultar a formação de cabeça. Para diâmetro de caule (Figura 3f),
a cultivar Vitória de Santo Antão (22,4 mm) apresenta a maior média, seguida pela
cultivar Maravilha de Verão (19,6 mm), enquanto que a menor média é observada na
cultivar Delícia (14,8 mm). Segundo Rezende et al. (2007), o diâmetro do caule
correlaciona-se com a área foliar, ou seja, com a área transpiratória, indicando que
quanto maior o diâmetro do caule, maior a vascularização da planta.
57
30
25
a
(b)
(a)
a
a
25
ab
ab
NF
20
20
ab
b
b
b
15
15
10
VR (mL)
a
10
5
5
0
a
b
ab
(c)
b
ab
ab
0
a
(d)
30
c
20
20
DP (cm)
HP (cm)
30
b
b
10
10
0
a
14
(f)
a
(e)
ab
20
bc
12
bc
15
8
b
b
6
b
b
10
DC (mm)
c
10
CC (cm)
0
4
5
2
0
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0
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A
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an
Gr
a
ci
elí
D
Figura 3 - Variáveis morfológicas de cultivares de alface em cultivo hidropônico: (a)
número de folhas (NF); (b) volume de raiz (VR); (c) altura da planta (HP); (d)
diâmetro da planta (DP); (e) comprimento de caule (CC); e (f) diâmetro de
caule (DC). Letras minúsculas comparam médias pelo teste de Tukey a 5%.
Colatina-ES, IFES Campus Itapina, 2011.
58
As cultivares não diferem em relação à porcentagem de água (Figura 4) nas plantas.
A maior abertura dos estômatos permite maior perda de água, mas também pode
permitir maior troca gasosa, que significa maior assimilação de carbono, portanto,
maior massa (produção).
120
100
a
a
a
a
a
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n
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80
60
40
20
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v.
a
ar
M
d
an
Gr
Figura 4 - % de água de cultivares de alface em cultivo hidropônico. Letras
minúsculas comparam médias pelo teste de Tukey a 5%. Colatina-ES,
IFES Campus Itapina, 2011.
Para a avaliação visual (Figura 5), as cultivares Vitória de Santo Antão e Maravilha
de Verão se destacam. Esta cultivar pertence ao grupo das alfaces lisas,
caracterizado por apresentar folhas soltas e lisas, com plantas de porte grande e
folhas de coloração verde-claro. Essas características são importantes para o
comércio, já que as plantas são comercializadas em cabeça e de forma “in natura”.
Mais de 80% dos entrevistados avaliaram a cultivar Vitória de Santo Antão com
aspectos “muito bom” e “bom”. Nenhuma cultivar está classificada com aspecto
muito ruim.
59
60
Delícia
Grand Rapids
Aurélia
Marav. de Verão
Vit. Santo Antão
% Aceitação Visual
50
40
30
20
10
0
Excelente
Muito bom
Bom
Ruim
Aspecto Visual
Figura 5 - Avaliação do aspecto visual de cada cultivar. Colatina-ES, IFES Campus
Itapina, 2011.
Para o teste de degustação, a cultivar Vitória de Santo Antão também se mostra
superior na opinião dos entrevistados. 80% das notas foram superiores a 7, sendo
que destas, 50% dos entrevistados classificaram como 8, indicando que a cultivar
Vitória de Santo Antão tem boa aceitação, conforme Figura 6. A pior cultivar é a
Aurélia, mais de 50% dos entrevistados atribuíram notas 5 e 4, classificadas como
Indiferentes e Desgostei ligeiramente, respectivamente. Nenhuma das cultivares
receberam notas abaixo de 4. Em termos de comercialização, testes de degustação
é uma importante ferramenta, pois se trata de uma forma promocional para
incremento imediato da venda dos produtos. Quando há degustação e o produto é
bem aceito pelo consumidor, as vendas crescem.
60
Delícia
Grand Rapids
Aurélia
Marav. de Verão
Vit. Santo Antão
80
% Aceitação
60
40
20
0
9
8
7
6
5
4
Notas
Figura 6 - Avaliação do teste de degustação de cada cultivar: 9- Gostei
extremamente; 8- Gostei muito; 7- Gostei moderadamente; 6- Gostei
ligeiramente; 5- Indiferente; 4- Desgostei ligeiramente; 3- Desgostei
moderadamente; 2- Desgostei muito; e 1- Desgostei extremamente.
Colatina-ES, IFES Campus Itapina, 2011.
A cultivar Vitória de Santo Antão tem maior produção, melhor aceitação e tolerância
ao pendoamento precoce, podendo ser recomendada para cultivos hidropônicos em
ambiente tropical. Apesar da cultivar Grand Rapids apresentar boa produtividade,
apresenta também maior comprimento de caule e, portanto, sensibilidade ao
pendoamento precoce, devendo ter sua colheita antecipada.
4.6 REFERÊNCIAS
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ambiente tropical. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE OLERICULTURA, 50.
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61
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2004.
BERNARDI, A.C.C. et al.Produção, aparência e teores de nitrogênio, fósforo e
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REZENDE, R. et al. Diferentes soluções nutritivas aplicadas em duas vazões na
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62
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Brasileira, v. 29, n. 4, p. 355-372, jul-ago, 2004.
ZANELLA, F. et al. Crescimento de alface hidropônica sob diferentes intervalos de
irrigação. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 32, n. 2, p. 366 -370, 2008.
63
Capítulo 3
5 DESEMPENHO AGRONÔMICO DE CULTIVARES DE ALFACES CRESPAS E
LISAS EM CULTIVO HIDROPÔNICO EM AMBIENTE TROPICAL
5.1 RESUMO
O objetivo do presente trabalho foi avaliar o desempenho de cultivares de alface dos
grupos crespa e lisa, cultivadas em hidroponia, em ambiente tropical. Instalou-se um
experimento em DIC, com oito cultivares de alface, sendo quatro do grupo lisa:
Vitória de Santo Antão, Babá de Verão, Rainha de Maio e Regina de Verão, e quatro
do grupo crespa: Grand Rapids, Veneranda, Itapuã e Mônica, em quatro repetições,
com 8 plantas em cada repetição. Foram avaliados: massa fresca da parte aérea e
da raiz, massa seca da parte aérea e da raiz, número de folhas, comprimento e
diâmetro do caule, teor de água na planta e altura e diâmetro da planta. Entre as
cultivares crespas, a Grand Rapids se destaca em produção, porém mostra-se
sensível ao pendoamento precoce. As cultivares lisas Babá de Verão, Vitória de
Santo Antão e Rainha de Maio são superiores em massa fresca de parte aérea,
porém, as quatro cultivares apresentam boa produção, sendo recomendável reduzir
o tempo de permanência das plantas nas bancadas de produção.
Palavras-chave: Lactuca sativa L.. Hidroponia. Comportamento.
5.2 ABSTRACT
Agronomic performance of crispy and smooth lettuce in hydroponics in a
tropical environment
The objective of this study was to evaluate the performance of lettuce cultivars
groups crisp and smooth, grown in hydroponics, in a tropical environment. It was
carried out an experiment completely randomized with eight varieties of lettuce, four
smooth group: Vitória de Santo Antão, Babá de Verão, Rainha de Maio and Regina
de Verão and four crisp group: Grand Rapids, Veneranda, Itapuã and Mônica, in four
64
replications with eight plants in each replicate. It was evaluated: fresh weight of shoot
and root dry weight of shoot and root, leaf number, length and stem diameter, water
content and plant height and diameter of the plant. Among the crisp cultivars, Grand
Rapids excell in production, but is sensitive to bolting. Cultivars smooth Babá de
Verão, Vitória de Santo Antão and Rainha de Maio are higher in fresh weight of
shoots, however, the four cultivars show good production, it is recommended to
reduce the residence time of the production plants in the stands.
Key words: Lactuca sativa L.. Hydroponics. Behavior.
5.3 INTRODUÇÃO
O cultivo hidropônico representa uma alternativa à cultura convencional em se
tratando
da
qualidade
dos
alimentos,
seja
em
aspectos
nutricionais
ou
fitossanitários. Essa alternativa de cultivo protegido possibilita a obtenção de
produtos de qualidade superior, maior uniformidade, maior produtividade, menor
gasto de água e de insumos agrícolas e preservação do meio ambiente.
A alface (Lactuca sativa L.) é a hortaliça folhosa de maior importância no Brasil com
área cultivada de aproximadamente 35 mil ha (BLAT et al., 2011) e produção em
torno de 311 mil toneladas por ano (RODRIGUES et al., 2008). É a espécie mais
difundida entre os produtores hidropônicos, provavelmente devido ao seu
pioneirismo como cultura hidropônica no país e por ser uma cultura de manejo fácil e
de ciclo curto, garantindo, assim, rápido retorno de capital (GUALBERTO et al.,
1999).
Para Rodrigues et al. (2008), a alface é uma planta de clima subtropical e, em
temperaturas entre 12 e 22 ºC produz folhas de melhor qualidade. Temperaturas
acima de 20 ºC favorecem a emissão do pendão floral com a interrupção da fase
vegetativa, tornando o produto inadequado para a comercialização e consumo.
Temperaturas elevadas também contribuem para o pendoamento das plantas,
tornando a hortaliça imprópria para consumo devido ao sabor amargo das folhas,
com perda das suas características comerciais (CARVALHO FILHO et al., 2009) e
redução da produtividade (SOUZA et al., 2007).
65
Segundo Casaroli et al. (2003), em 2002, a maior parte do total de alface produzida
era do tipo lisa e tinha preferência predominante em todo o Brasil. Porém, o que se
observa nos últimos anos é o aumento na área de produção das alfaces do tipo
crespa, devido à maior aceitação e procura dos consumidores. Ainda não existe no
Brasil muitas cultivares recomendadas para cultivo hidropônico. A hidroponia é uma
técnica relativamente nova no Brasil, não sendo ainda adequadamente explorada
em termos de pesquisa e, portanto, são poucos os relatos sobre as cultivares de
alface testadas.
O objetivo do presente trabalho foi avaliar o desempenho de cultivares de alface dos
grupos crespa e lisa, cultivadas em hidroponia, em ambiente tropical.
5.4 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi desenvolvido durante os meses de outubro e novembro de 2011, em
casa de vegetação, no setor de Horticultura do Instituto Federal do Espírito Santo –
Campus Itapina, município de Colatina. Para este experimento, foram utilizadas oito
cultivares de alface, sendo quatro do grupo lisa: Rainha de Maio, Regina de Verão,
Babá de Verão e Vitória de Santo Antão, e quatro do grupo crespa: Veneranda,
Mônica, Grand Rapids e Itapuã 401. Cada tratamento foi distribuído em quatro
repetições, com 8 plantas em cada repetição. A semeadura foi realizada em espuma
fenólica (lavada em água corrente por 24h), irrigada por 5 dias com água pura,
quando as células foram destacadas e transplantadas para o berçário. Aos 20 dias
após a semeadura (DAS) as mudas foram transplantadas para as bancadas
experimentais.
Foram utilizadas 2 bancadas de cultivo onde foram distribuídos,
aleatoriamente, os tratamentos e as repetições.
As plantas foram cultivadas no sistema NFT (Nutrient Film Technique), traduzido
para o português como fluxo laminar de solução nutritiva. O sistema NFT
basicamente consiste de um tanque de solução nutritiva, de um sistema de
bombeamento, dos canais de cultivo e de um sistema de retorno ao tanque. A
solução nutritiva passa pelas raízes na forma de uma fina lâmina, de modo que a
planta possa absorver a água, os nutrientes e o oxigênio de que necessita e
retornando para o tanque por gravidade.
66
A solução nutritiva utilizada foi a solução padrão do IFES-Campus Itapina, adaptada
de Cometti et al. (2006), na CE= 1,2 dS m-1, com a seguinte composição (mg L-1) de
nutrientes: N-NO3- = 105,6; N-NH4+ = 12,3; P = 29; K = 184; S-SO42- = 29; Ca = 56;
Mg = 21; Fe = 1,8; Mn = 0,65; B = 0,26; Zn = 0,07; Cu = 0,04; e Mo = 0,03, divididas
em soluções A, B e M. Solução A para 1 L de solução concentrada: 170 g de nitrato
de potássio, 37,5 g de MAP e 75 g de sulfato de magnésio. Solução B para 1 L de
solução concentrada: 110 g de nitrato de cálcio. Solução M para 1 L de solução
concentrada: 100 g de quelato de ferro (EDDHMA-Fe); 16 g de sulfato de manganês;
2,5 g de ácido bórico; 2 g de sulfato de zinco; 1 g de sulfato de cobre; e 0,4 g de
molibdato de sódio. A partir destas soluções concentradas, foi preparada a solução
utilizada durante o experimento. Foram feitas correções diárias da concentração da
solução por reposição com soluções estoques, a partir da leitura de condutividade
elétrica com condutivímetro (Hanna, modelo HI 98130).
O monitoramento do fluxo de fótons fotossintéticos (FFF), temperatura das folhas e
temperatura da solução nutritiva, foi realizado em três horários, às 9 h, 12 h e 15 h,
com intervalo de dois dias a partir do transplante das mudas para as bancadas
experimentais. A temperatura das folhas (Figura 1) e da solução nutritiva (Tabela 1)
foram medidas com termômetro digital infravermelho (Ad Therm Kids, Brasbaby,
modelo AD00023) e o FFF dentro e fora da estufa (Tabela 1) foi medido através de
radiômetro (Quantum meter, Apogee Instruments Inc., modelo QMSW, serial 1088).
A temperatura do ar (Figura 2) foi monitorada por meio de um sensor do tipo
termístor e armazenada em datalogger da marca Campbel Scientific modelo CR206.
27,0
27,0
(B)
(A)
26,5
26,5
26,0
25,5
25,5
25,0
25,0
24,5
Grand Rapids
24,0
Babá de Verão
Rainha de Maio
Regina de Verão
Vit. Santo Antão
Itapuã
Mônica
Veneranda
23,5
24,5
24,0
23,5
23,0
9h
12 h
15 h
9h
12 h
15 h
Temperatura (ºC)
Temperatura (ºC)
26,0
67
Figura 1 - Valores médios da temperatura das folhas, em ºC, observados durante o
experimento. Colatina, IFES Campus Itapina, 2011.
Tabela 1 - Valores médios de fluxo de fótons fotossintéticos, em µmol m -2 s-1, dentro
e fora da estufa e temperatura da solução nutritiva, em ºC. Colatina,
IFES Campus Itapina, 2011
FFF
FFF
Temp. Sol.
HORA
Interno
Externo
Nutritiva
------------ºC---------------------- µmol m-2 s-1-----------9:00
12:00
15:00
549,00
597,33
639,16
1051,67
1158,50
1214,11
24,1
26,6
26,7
29
28
Temperatura (ºC)
27
26
25
24
23
22
21
6
8
10
12
14
16
18
20
Hora
Figura 2 - Valores médios da temperatura do ar, em ºC, observados durante o
experimento. Colatina, IFES Campus Itapina, 2011.
A coleta das plantas para a avaliação foi realizada em duas etapas: aos quarenta e
seis DAS foram coletadas e avaliadas as cultivares crespas e aos quarenta e nove
DAS foram coletadas e avaliadas as cultivares lisas. As plantas foram separadas em
raiz e parte aérea, determinando-se: massa fresca da parte aérea e da raiz, massa
seca da parte aérea e da raiz, número de folhas, comprimento e diâmetro do caule,
altura e diâmetro da planta. Para a avaliação das massas frescas e secas foi
utilizada balança de precisão, para diâmetro e comprimento do caule foi utilizado
paquímetro digital.
O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado e a análise
estatística realizada por meio de ANOVA e comparação de médias pelo teste de
68
Tukey a 5% de probabilidade, utilizando o programa SigmaStat 2.0®. As figuras
foram elaboradas no programa SigmaPlot 8.0®.
5.5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Durante a condução do experimento, as temperaturas médias diárias variaram entre
21 e 29 ºC. O fluxo de fótons fotossintéticos variou entre 549 e 639,16 µmol m-2 s-1
dentro da estufa e de 1051,6 e 1214,1 µmol m-2 s-1 fora da estufa. A temperatura da
solução nutritiva atingiu o máximo valor de 26,7 ºC. Faquin et al. (1996) sugere que
para um bom desenvolvimento da cultura, o valor da temperatura da solução não
deve ultrapassar 30 ºC, o que foi observado neste experimento e também por Kopp
et al. (2001).
A temperatura das folhas, tanto para as cultivares crespas quanto para as lisas,
apresentam o mesmo comportamento. Temperaturas mais baixas são observadas
às 9 horas da manhã, variando entre 23,5 e 24,5 ºC. Às 12 horas, observa-se um
aumento nas médias, em função do aumento da temperatura do ar e do FFF. Os
valores variaram entre 25 e 27 ºC. Na terceira leitura, realizada sempre às 15 horas,
há um decréscimo. As médias variam entre 25,5 e 26,5 ºC. A temperatura da folha
varia de acordo com a perda de água. Um aumento da transpiração pode provocar
redução na temperatura da folha, representando uma adaptação da planta ao
ambiente tropical. Entre as cultivares crespas, Itapuã e Veneranda apresentam os
maiores valores de temperatura da folha e as menores massas de parte aérea. Entre
as cultivares do grupo lisa, Vitória de Santo Antão apresenta as maiores
temperaturas, enquanto a Babá de Verão apresenta os menores valores.
5.5.1 Avaliação das cultivares crespas
A análise de variância mostrou que há diferença significativa entre as cultivares em
todas as variáveis, exceto para massa fresca de raiz e teor de água nas plantas. A
cultivar Grand Rapids (165,4g) é estatisticamente semelhante à cultivar Mônica
(150,6g) e superior às demais para a variável massa fresca de parte aérea (Figura
3a). A cultivar Itapuã (101,3g) apresenta a menor média entre as cultivares.
Resultado semelhante foi obtido por Kopp et al. (2001), que avaliaram o
desempenho de seis cultivares de alface sob duas soluções nutritivas, em sistema
69
de cultivo hidropônico NFT, e verificaram diferenças significativas entre as cultivares,
sendo que a cultivar Grand Rapids (216,1g) foi a mais produtiva. Valor inferior foi
obtido por Ziemer et al. (1999), que procederam a colheita 46 DAS em cultivo no
verão em Pelotas–RS, obtendo 191,0g de massa fresca para a cultivar Grand
Rapids. Não há efeito significativo entre as cultivares para matéria fresca de raiz
(Figura 3b), cujo resultado é semelhante ao obtido por Sediyama et al. (2009) para o
experimento de verão, que avaliaram o desempenho de cultivares de alface dos
grupos americana, crespa e lisa em sistema hidropônico NFT, em condições de
verão e de inverno em Viçosa-MG. Para a matéria seca de parte aérea, as cultivares
Grand Rapids (8,11g) e Mônica (7,38 g) são superiores às demais conforme a Figura
3c. Entretanto, a cultivar Mônica também é semelhante às cultivares Veneranda
(5,95g) e Itapuã (5,48g). Souza et al. (2007), nas condições de Iguatu, no Ceará,
obtiveram valores de 12,7 à 15,3 g de massa seca comercial para Itapuã e
Veneranda, resultados superiores aos observados neste trabalho. Diferentemente da
variável matéria fresca de raiz, há diferença estatística para matéria seca de raiz
(Figura 3d). Mônica (1,64g) e Grand Rapids (1,39g) são semelhantes entre si.
180
30
a
(a)
160
(b)
a
ab
a
25
140
bc
20
c
100
15
80
60
MFR (g)
MFPA (g)
120
a
a
10
40
5
20
0
a
(c)
(d)
1,6
a
ab
ab
b
b
1,2
b
b
1,4
1,0
0,8
4
MSR (g)
MSPA (g)
8
6
0
0,6
0,4
2
0,2
0
0,0
Grand Rapids
Itapuã
Mônica
Veneranda
Grand Rapids
Itapuã
Mônica
Veneranda
Figura 3 - Variáveis morfológicas de cultivares de alface em cultivo hidropônico. (a)
massa fresca de parte aérea (MFPA), (b) massa fresca de raiz (MFR),
(c) massa seca de parte aérea (MSPA) e (d) massa seca de raiz (MSR).
70
Letras minúsculas comparam médias pelo teste de Tukey a 5%.
Colatina-ES, IFES Campus Itapina, 2011
Para altura da planta, a cultivar Grand Rapids é estatisticamente superior às demais,
conforme a Figura 4a, apresentando média de 45,9 cm. As cultivares Mônica, Itapuã
e Veneranda apresentam médias entre 26,7 e 31,5 cm. O valor de 45,9 cm para a
cultivar Grand Rapids está bem acima do aceito pelos consumidores. Valores de
altura de plantas elevados indicam também uma baixa resistência ao pendoamento,
que reduz o valor comercial da planta
As cultivares Grand Rapids, Mônica e Veneranda apresentam maior diâmetro de
planta (Figura 4b), característica importante quando o produtor deseja comercializar
seu produto diretamente em supermercados ou feiras livres, pois o consumidor é
influenciado pela aparência da alface, ou seja, quanto maior a planta, melhor para a
comercialização. Observa-se também que as cultivares que apresentam maior
massa apresentam também os maiores diâmetros.
O maior número de folhas (Figura 4c) é observado nas cultivares Itapuã 401 e
Mônica, que apresentam valores de 20 e 18 folhas por planta, respectivamente. Os
valores obtidos neste experimento são inferiores aos observados por Blat et al.
(2011), que avaliando o desempenho de cultivares de alface crespa em dois
ambientes de cultivo em sistema hidropônico encontraram valores médios entre 22,3
e 30,2 folhas por planta, indicando que o número de folhas é uma variável que pode
ser influenciada pelo ambiente. O número de folhas pode às vezes não ser um bom
indicativo de produtividade, pois temperaturas elevadas associadas à alta
luminosidade podem estimular o florescimento precoce da planta, ocorrendo
aumento no número de folhas, porém com tamanho reduzido.
Para comprimento de caule, constata-se que a cultivar Grand Rapids apresenta o
maior comprimento, com média de 34,5 cm, o que mostra sua maior susceptibilidade
ao fator temperatura, que é o agente externo responsável pelo pendoamento
precoce na cultura de alface. Os valores encontrados neste experimento (Figura 4d)
estão acima dos obtidos por Sediyama et al. (2009), que encontraram, para
cultivares crespas em cultivo hidropônico no verão, valores entre 4,8 e 7,6 cm.
Considerando o comprimento do caule uma variável que indica resistência ao
pendoamento, a cultivar Veneranda apresenta o menor alongamento (4,8 cm),
71
podendo ser mantida por um período maior nas bancadas, conservando
características próprias para o consumo. As cultivares Mônica, Grand Rapids e
Itapuã são estatisticamente semelhantes para diâmetro de caule (Figura 4e),
apresentando valores entre 13,81 e 14,83 mm.
As cultivares não diferem quanto ao teor de água nas plantas (Figura 4f), que
apresenta teor médio de 94,7%, valor semelhante ao observado por Ohse et al.
(2001), que encontraram teor médio de 94,5% em plantas coletadas aos 68 DAS e
por Sgarbieri (1987) para alface cultivada no solo, obtendo o valor de 94%. Já
Ruschel (1998), aos 47 dias após a semeadura, encontrou teor médio de 96,0%.
Essa variação no teor de água se deve, provavelmente ao tempo de permanência
das plantas de alface na fase final, pois quanto maior esse período maior o acúmulo
de massa seca e menor o teor de água (OHSE et al., 2001).
A cultivar Grand Rapids, mesmo apresentando maior peso comercial, apresenta
também, como fator negativo, maior comprimento de caule, indicando sua
susceptibilidade ao pendoamento precoce. Esta cultivar deveria ter sua colheita
antecipada. A cultivar Veneranda apresenta o menor comprimento de caule,
podendo ser mantida por um período maior nas bancadas de produção, sem perder
as características desejáveis à comercialização. A cultivar Itapuã não apresenta boa
produtividade, não sendo uma boa opção para ser recomendada ao cultivo
hidropônico.
72
50
40
a
(a)
(b)
a
ab
40
a
ab
b
30
b
30
b
20
DP (cm)
HP (cm)
b
20
10
10
0
0
(c)
(d)
a
a
20
ab
b
30
NF
15
20
10
CC (cm)
b
b
10
b
5
b
0
14
a
ab
(e)
ab
a
a
a
a
(f)
0
80
DC (mm)
10
60
8
% Água
b
12
40
6
4
20
2
0
0
Grand Rapids
Itapuã
Mônica
Veneranda
Grand Rapids
Itapuã
Mônica
Veneranda
Figura 4 - Variáveis morfológicas de cultivares de alface em cultivo hidropônico. (a)
número de folhas (NF), (b) volume de raiz (VR); (c) altura da planta (HP);
(d) diâmetro da planta (DP); (e) comprimento de caule (CC); e (f)
diâmetro de caule (DC). Letras minúsculas comparam médias pelo teste
de Tukey a 5%. Colatina-ES, IFES Campus Itapina, 2011.
5.5.2 Avaliação das cultivares lisas
Há diferença significativa entre as cultivares em todas as variáveis, exceto para
massa fresca de raiz, massa seca de parte aérea e teor de água nas plantas.
Comparando as médias de massa fresca de parte aérea, as cultivares mais
produtivas são Babá de Verão (227,7g), Vitória de Santo Antão (213,7g) e Rainha de
73
Maio (212,4g), conforme a Figura 5a. A cultivar Regina de Verão apresenta
resultado estatisticamente inferior à Babá de Verão. Resultado diferente foi obtido
por Fernandes et al. (2002), que avaliaram produtividade de cultivares de alface, em
cultivo hidropônico e obtiveram para a cultivar Regina os melhores resultados de
massa fresca de parte aérea. Não há diferença estatística para as variáveis matéria
fresca de raiz e matéria seca de parte aérea, conforme as Figuras 5b e 5c. Para
matéria seca de raiz, a cultivar Babá de Verão (1,95 g) é estatisticamente
semelhante à Vitória de Santo Antão (1,87 g), que é semelhante à Rainha de Maio
(1,59 g) e Regina de Verão (1,58 g), conforme a Figura 5d.
250
(a)
a
ab
(b)
a
ab
a
a
200
30
a
b
25
150
20
15
100
MFR (g)
MFPA (g)
35
10
50
5
0
0
(d)
(c)
a
a
a
ab
a
b
MSPA (g)
8
2,0
b
1,5
6
MSR (g)
a
10
1,0
4
0,5
2
S
.A
nt
ã
o
ão
V
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a
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nh
a
de
V
er
M
ai
o
V
er
ã
de
B
ab
á
o
0,0
o
0
Figura 5 - Variáveis morfológicas de cultivares de alface em cultivo hidropônico. (a)
massa fresca de parte aérea (MFPA); (b) massa fresca de raiz (MFR);
(c) massa seca de parte aérea (MSPA); e (d) massa seca de raiz (MSR).
Letras minúsculas comparam médias pelo teste de Tukey a 5%.
Colatina-ES, IFES Campus Itapina, 2011.
As cultivares variam de 33 a 38 cm em relação ao diâmetro da planta. Estes valores
são superiores aos observados por Luz et al. (2006), que avaliaram a produção
hidropônica de alface e obtiveram resultados variando de 26,5 a 28,0 cm. A cultivar
Babá de Verão apresenta o maior diâmetro (37,8 cm) acompanhada da Vitória de
Santo Antão (36,8 cm) e Regina de Verão (35,04 cm), como mostra a Figura 6a.
74
a
ab
ab
b
a
(a)
(b)
ab
bc
30
c
20
20
10
10
0
(c)
a
ab
(d)
b
a
0
20
c
30
HP (cm)
DP (cm)
30
ab
NF
40
15
b
20
b
CC (cm)
40
10
10
5
0
a
a
(e)
(f)
0
16
ab
a
a
14
a
a
12
80
10
60
8
6
% Água
DC (mm)
100
b
40
4
20
2
0
0
bá
Ba
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r
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n
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a
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ão
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S.
ão
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ai
M
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Re
na
de
ão
o
rã
Ve
tó
Vi
ria
t
An
S.
Figura 6 - Variáveis morfológicas de cultivares de alface em cultivo hidropônico. (a)
número de folhas (NF); (b) volume de raiz (VR); (c) altura da planta (HP); (d)
diâmetro da planta (DP); (e) comprimento de caule (CC); e (f) diâmetro de
caule (DC). Letras minúsculas comparam médias pelo teste de Tukey a 5%.
Colatina-ES, IFES Campus Itapina, 2011.
75
Massa da parte aérea, número de folhas e diâmetro da planta são características
agronômicas muito importantes quando se visa à comercialização. Em relação à
altura da planta, a cultivar Babá de Verão (37,9 cm) apresenta a maior média,
acompanhada da Vitória de Santo Antão (33,1 cm). A cultivar Rainha de Maio (26,8
cm) é inferior às demais, conforme a Figura 6b. Para número de folhas, a cultivar
Babá de Verão (36,0) é superior à Vitória de Santo Antão (32,0) e Rainha de Maio
(30,0), mas não supera a Regina de Verão (34,0), conforme a Figura 6c. Fernandes
et al. (2002) e Bonnecarrère et al. (2000), avaliando o comportamento de cultivares,
observaram que a cultivar Regina foi superior às demais em número de folhas. O
número de folhas por planta é uma característica interessante, já que a aquisição do
produto pelo consumidor é feita por unidade e não por peso (MOTA et al., 2001).
Para comprimento do caule (Figura 6d), característica limitante da produção, as
médias variam de 8,97 (Regina de Verão) a 19,71cm (Babá de Verão), valores
considerados muito altos para a comercialização da alface. Os valores obtidos neste
experimento estão bem acima daqueles encontrados por Souza et al. (2008), que
avaliando progênies de alface com base em caracteres agronômicos desejáveis à
comercialização, observaram valores entre 3,44 e 9,94 cm. A cultivar Regina de
Verão, apresenta a menor média, o que mostra sua maior resistência às condições
de alta temperatura e luminosidade verificadas dentro da estufa.
Os materiais estudados apresentam certa sensibilidade ao pendoamento precoce
quando comparados a outros estudos na área, inferindo que estas cultivares são
influenciadas significativamente pelo ambiente. Entretanto, as condições ambientais
verificadas em cultivo protegido levam naturalmente a um maior alongamento do
caule. O comprimento padrão do caule para cultivares de alface deve levar em conta
as condições de cultivo protegido. As cultivares Vitória de Santo Antão, Babá de
Verão e Rainha de Maio apresentam os maiores diâmetros de caule (Figura 6e).
Resultado semelhante foi encontrado por Silva (2009) para a cultivar Babá de Verão.
As cultivares não diferem em relação à porcentagem de água (Figura 6f),
apresentando média de 95,3%, valor superior ao observado por Ohse et al. (2001),
que avaliaram a qualidade de alface em hidroponia e obtiveram média de 94,46%
entre as cultivares avaliadas.
As cultivares Babá de Verão, Vitória de Santo Antão e Rainha de Maio são
superiores em massa fresca de parte aérea, porém, as quatro cultivares apresentam
76
boa produtividade, sendo recomendável reduzir o tempo de permanência das
plantas nas bancadas de produção, já que apresentam comprimentos de caule
acima dos valores considerados como aceitáveis para a comercialização.
5.6 CONCLUSÕES
5.6.1 Cultivares Crespas

A cultivar Grand Rapids é superior em produção, porém se mostra mais
susceptível ao pendoamento precoce.

A cultivar Itapuã não apresenta boa produção, não sendo uma boa opção
para ser recomendada ao cultivo hidropônico.

A cultivar Veneranda apresenta o menor alongamento, podendo ser mantida
por um período maior nas bancadas.
5.6.2 Cultivares Lisas

As quatro cultivares apresentam boa produção.

Deve-se reduzir o tempo de permanência das plantas nas bancadas de
produção, pois as plantas apresentam comprimentos de caule muito grandes.

A cultivar Regina de Verão, apresenta a menor média de comprimento caule,
o que mostra sua maior resistência às condições de alta temperatura e
luminosidade verificadas dentro da estufa.
5.7 REFERÊNCIAS
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cultivo em sistema hidropônico. Horticultura Brasileira, Brasília, v.29, p.135-138,
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Pelotas. Anais...Pelotas, SBEA, 5 p, 1999.
79
Capítulo 4
6 PANORAMA TÉCNICO, POLÍTICO E SOCIOECONÔMICO DA HIDROPONIA NO
ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
6.1 RESUMO
Este trabalho teve como objetivo verificar a situação atual do cultivo hidropônico de
hortaliças e seu nível tecnológico no Estado do Espírito Santo. A pesquisa foi
realizada em três etapas com os hidroponicultores em todo o Estado. Inicialmente,
os produtores foram identificados, depois foram realizadas visitas às propriedades,
aplicando-se um questionário, e, finalmente, foi realizada a análise dos dados,
utilizando estatística descritiva. Foi criada uma tabela com critérios que pudessem
descrever o nível tecnológico dos produtores, considerando o tipo de estufa e o
material utilizado, a eficiência energética (relação planta/watt), entre outros.
Atualmente, há 17 hidroponias em funcionamento no Espírito Santo, totalizando uma
área de 3,0 ha. A alface representa 90% do volume total de hortaliças hidropônicas
produzidas, com comercialização de aproximadamente 168 mil pés por mês.
Nenhum produtor apresentou índice grau tecnológico acima de 2,5 e abaixo de 1,4,
indicando que todos estão caracterizados como produtores de nível tecnológico
intermediário. O Espírito Santo já possui uma considerável produção hidropônica,
com grande capacidade de expansão, devido tanto ao apelo do consumidor que
exige produto de qualidade durante todo o ano quanto aos problemas climáticos
observados na maioria das regiões capixabas.
Palavras-chave: Lactuca sativa L.. Sistema hidropônico.Diagnóstico.
6.2 ABSTRACT
Technical, political and economic overview of hydroponics in the state of the
Espírito Santo.
This work aimed to verify the current status of hydroponic cultivation of vegetables
and their technological level in the State of Espirito Santo. The survey was conducted
in three stages with hidroponicultores throughout the state. Initially farmers were
identified after visits were made to the properties by applying a questionnaire, and
80
finally data were analyzed using descriptive statistics. It is created a table with criteria
that could describe the technological level of the producers, considering the type of
material used and emissions, energy efficiency (ratio plant / watt), among others.
Currently there are 17 hydroponic farms operating in the State of Espírito Santo, with
a total area of 3.0 ha. Lettuce represents 90% of the total volume of hydroponic
vegetables produced, with sales of about 168,000 heads per month. No producer has
presented technological level index above 2.5 and below 1.4, indicating that they are
all characterized as producers of intermediate technological level. Espírito Santo
already has a substantial hydroponic production, with great capacity for expansion,
due to both the appeal of the consumer who demands quality product throughout the
year as the weather problems observed in most areas of the State.
Key words: Lactuca sativa L.. Hydroponic system. Diagnosis.
6.3 INTRODUÇÃO
O Estado do Espírito Santo tem destaque nacional na produção e consumo de
hortaliças. Internamente, o agronegócio capixaba responde, hoje, por cerca de 30%
do PIB estadual e absorve aproximadamente 40% da população economicamente
ativa, 28% diretamente vinculada à produção. Mesmo com essa importância, as
regiões produtoras estão limitadas em função do clima. A maior concentração da
produção está na região serrana, com altitudes entre 600 e 1.200 m, onde
predominam agricultores de origens alemã e italiana (ESPÍRITO SANTO, 2008),
organizados em pequenas propriedades de base familiar.
A demanda de hortaliças folhas/talos no Espírito Santo é crescente, mas com
grande possibilidade de aumento em um curto período de tempo. Esse aumento
deve-se ao destaque que a mídia vem dando para mostrar os efeitos benéficos de
seu consumo para a saúde humana e da estabilidade econômica que o Brasil vem
alcançando (COMETTI et al., 2011). Nesse contexto, o cultivo hidropônico surge
como uma alternativa na produção de olerícolas.
A hidroponia deriva de dois radicais gregos hydro, que significa água e ponos, que
significa trabalho. Entre as várias tecnologias introduzidas no cultivo de hortaliças, o
cultivo hidropônico é o sistema que mais está se destacando no Brasil,
81
especialmente pela disponibilidade dos produtos em períodos de entressafra e pela
garantia de oferta regular (ZANELLA et al., 2008).
Embora tenha ocorrido rápida expansão da hidroponia no Brasil, não existem ainda
dados precisos e atualizados sobre a área cultivada. Estima-se uma área de
aproximadamente 1000 ha, sendo o Estado de São Paulo, o principal produtor,
seguido pelos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Rio de
Janeiro (CAMPO & NEGÓCIOS, 2011). Costa e Junqueira (2000), através de um
diagnóstico do cultivo hidropônico de hortaliças realizado na região do Distrito
Federal, identificaram 18 produtores numa área de 3,2 hectares, comprovando que o
cultivo hidropônico de hortaliças está sendo visto como uma alternativa para a
viabilização do agronegócio na região.
Boaretto (2005), avaliando a viabilidade
econômica da produção de alface, em quatro sistemas tecnológicos: campo aberto,
túnel baixo, estufa e hidropônico, concluiu que o sistema tecnológico que apresentou
melhor desempenho econômico durante o levantamento dos custos de produção da
alface crespa ao longo de um ano foi o sistema em hidroponia, seguido pelo sistema
em túnel baixo, sistema em estufa, e com menor desempenho o sistema a campo
aberto.
Conhecer a realidade da hidroponia no Estado do Espírito Santo é de suma
importância do ponto de vista do direcionamento das pesquisas no estado. A partir
de novas dúvidas conhecidas surgirão novas pesquisas, contribuindo assim para o
desenvolvimento da atividade no estado.
Objetivou-se com este trabalho verificar a situação atual do cultivo hidropônico de
hortaliças e conhecer o perfil dos produtores do Estado do Espírito Santo.
6.4 MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa foi realizada em três etapas com os hidroponicultores em todo o Estado
do Espírito Santo. Na primeira etapa, os produtores foram identificados através de
pesquisas na internet, contato com empresas de produtos agropecuários que
forneciam insumos e equipamentos a estes hidroponicultores, além do contato com
as Secretarias de Agricultura dos municípios. Na segunda etapa foram realizadas
visitas às propriedades, aplicando-se um questionário, cujos principais itens foram:
localização, nível tecnológico (material de construção das estufas, capacidade das
82
bombas e tipo de solução utilizada), procedência dos insumos utilizados, custo de
produção, número de hortaliças cultivadas, comercialização, entre outros.
Na terceira etapa, foi realizada a análise dos dados, utilizando-se estatística
descritiva. Foi criada uma tabela com critérios que pudessem descrever o grau
tecnológico dos produtores. Os critérios utilizados foram: tipo de estufa e o material
utilizado, a eficiência energética (relação planta/watt), tipo de solução utilizada, custo
de produção por planta, produção mensal, área cultivada, número de hortaliças
cultivadas no sistema hidropônico, entre outros.
Para cada um dos critérios
considerados, foi atribuído uma nota, de 1 a 3, conforme a Tabela 1. A média dos
critérios avaliados de cada produtor foi calculada somando-se as notas de cada
critério e dividindo pelo total de itens avaliados. Em seguida foi feita uma
classificação: para produtores com média acima de 2,5 foi caracterizado com alto
grau tecnológico, para média entre 1,5 e 2,4 com nível intermediário e abaixo de 1,4,
produtores com baixo grau tecnológico.
Tabela 1 – Níveis estabelecidos para cada critério avaliado para determinação do
grau tecnológico de cada produtor. Colatina, IFES Campus Itapina, 2011
CRITÉRIOS
Tipo de Estufa
Material
Relação planta/watt
Procedência da água
Solução
Custo de Produção
Mão de obra fixa
Sistema de Refrigeração
solução/estufa
Produção (plantas/mês)
Área de estufas (m2)
Hortaliças cultivadas
3
Arco
Aço
>7
Tratada
Comprados
Separadamente
Sim
Sim
2
Misto
Misto
3a7
Semi-tratada
1
Plana
Madeira
<3
Nascente/poço
-
Kit’s
-
Não
Não
Solução/Estufa
Somente 1
Nenhum
>10000
>5000
>3
5000 a 10000
2000 a 5000
1a3
<5000
<2000
1
6.5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O cultivo em sistema hidropônico é uma atividade muito recente no Estado, tendo
iniciado há cerca de quinze anos, apenas. A pesquisa mostra que há 17 hidroponias
em funcionamento no Espírito Santo, conforme a Figura 1. Destas, três estão
83
voltadas para pesquisa, localizadas no Instituto Federal do Espírito Santo (Campus
Itapina, Rive e Santa Teresa) e as demais para a produção comercial, localizadas
nos municípios de Domingos Martins, Venda Nova do Imigrante, Marechal Floriano,
Anchieta, João Neiva, Linhares, Colatina, São Mateus e São Gabriel da Palha. Em
Colatina, a hidroponia está localizada na zona urbana, e a produção é toda
destinada a doações para vizinhos e escolas.
Pesquisa:

IFES Campus Itapina, Santa
Teresa, Rive
Produção Comercial:
 1. São Mateus (2)
 2. Linhares (2)
 3. Colatina (1)
 4. São Gabriel da Palha (2)
 5. João Neiva (1)
 6. Marechal Floriano (2)
 7. Domingos Martins (2)
 8. Venda Nova do Imigrante (1)
 9. Anchieta (1)
Figura 1 – Localização das hidroponias no Estado do Espírito Santo.
A área total de estufas hidropônicas no estado é de aproximadamente 3,0 ha, sendo
que as estufas com maior área estão localizadas nos municípios de Linhares (7623
m2) e Domingos Martins (5900 m2). As menores hidroponias comerciais estão
localizadas nos municípios de São Gabriel da Palha (600 m 2) e Linhares (658 m2).
Em sua maioria as instalações são construídas com madeira, arco de aço
galvanizado, filme plástico difusor de 150 micras e telas de sombreamento, quando
necessário. Para circulação da solução nutritiva são utilizadas motobombas que
variam de 0,5 a 2,0 CV.
84
Em relação ao grau tecnológico (Tabela 2), nenhum produtor atingiu valor acima de
2,5 e abaixo de 1,4, indicando que todos estão caracterizados como produtores de
grau tecnológico intermediário. Isso mostra que os hidroponicultores estão sempre
buscando meios para tornar o cultivo hidropônico mais rentável.
Tabela 2 – Nível tecnológico dos hidroponicultores do Espírito Santo. Colatina, IFES
Campus Itapina, 2011
PRODUTOR
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
Média*
ÍNDICE
2,18
2,18
2,27
1,90
2,45
2,27
2,18
2,18
2,18
2,00
2,09
2,36
2,27
2,19
Como há produções em regiões de clima mais ameno e de clima quente, a
condutividade elétrica (CE) varia de 1 a 2 dS m -1. Nas regiões de clima mais ameno,
a média da CE durante o ano é de 1,7 dS m -1, enquanto que, para regiões mais
quentes, a média da CE não ultrapassa 1,3 dS m -1. Uma questão importante para o
cultivo hidropônico, especialmente da alface, na região norte e litorânea do Espírito
Santo, onde ocorrem altas temperaturas e alta radiação solar, é o estudo da CE
ideal da solução nutritiva. Em trabalho recente, chegou-se a uma faixa ideal de
condutividade elétrica entre 1,0 e 1,5 dS m -1 , a fim de alcançar a máxima
produtividade e redução do risco de ocorrência de queima de bordas em ambiente
com altas temperatura e luminosidade (Barbieri et al., 2010). Nota-se, portanto, que
os produtores das regiões tropicais do Espírito Santo estão controlando
adequadamente a condutividade da solução.
Os
fertilizantes
para
o
preparo
das
soluções
nutritivas
são
adquiridos
separadamente, tanto no comércio local quanto pela internet. Mesmo com a
85
disponibilidade de kits no mercado, os produtores visam economia e adequação às
suas condições de cultivo.
Os produtores localizados na região norte do Estado, caracterizada por
temperaturas elevadas durante todo o ano, têm encontrado dificuldades para cultivar
as hortaliças, principalmente no verão, quando a temperatura do ar está sempre
acima dos 30 ºC. Temperaturas elevadas podem provocar o aquecimento excessivo
da solução nutritiva, reduzindo o crescimento das plantas, o teor de oxigênio e a
absorção de nutrientes, levando à morte de raízes, além de provocar o
pendoamento das plantas. Uma alternativa adotada por alguns desses produtores é
o controle da temperatura dentro das estufas, usando um sistema de nebulização,
tornando o ambiente mais propício para o desenvolvimento das plantas. Porém, a
utilização apenas de um sistema de resfriamento da solução nutritiva pode ser uma
alternativa viável e mais econômica em relação ao controle de todo o ambiente
protegido em função do menor consumo energético, cuja tecnologia já vem sendo
usada por alguns produtores.
Cerca de 90% da produção é de alface e 10% de rúcula e condimentos.
As
cultivares utilizadas são dos grupos lisa, crespa, mimosa e americana, em função da
preferência dos consumidores e da finalidade a que se destina a produção. A maior
preferência é pelas cultivares crespas para consumo em saladas. Restaurantes e
lanchonetes têm preferência pelas cultivares americanas devido à sua maior
crocância. As cultivares do grupo mimosa, devido à morfologia das folhas, também
são bastante apreciadas em saladas. Já as cultivares do grupo lisa ocupam uma
pequena parcela do mercado, não tendo muita procura pelos consumidores. Entre
as cultivares crespas destacam-se Isabela, Mariane, Veneranda, Vanda, Vera,
Verônica, Pira Verde, Pira Roxa, Belíssima, Banchu Red Fire, Hortência, Scarlet e
Camila. Lucy Brown e Novax são as mais utilizadas do grupo americana e Salad
Bowl e Mirella do grupo mimosa. Entre as cultivares do grupo lisa destacam-se
Vitória de Santo Antão, Solaris, Crocante, Regina e Regiane. Pesquisas de
avaliações de cultivares, realizadas em ambiente tropical no estado do Espírito
Santo, mostram que as cultivares Babá de Verão, Regina de Verão e Vitória de
Santo Antão têm se destacado (Mello et al., 2010), apresentando ótima
produtividade em cultivo hidropônico
86
No total das hidroponias capixabas, são comercializados aproximadamente 5,5 mil
pés alface/dia, totalizando 168 mil pés alface/mês. O custo médio varia de R$ 0,15 a
R$ 0,40 e preço de venda variando de R$ 0,50 a R$ 0,80. Segundo Geisenhoff et al.
(2009), na região de Lavras-MG, o custo de cada pé de alface é R$ 0,35 e o preço
de venda é de R$ 0,70.
A escolaridade dos hidroponicultores é relativamente elevada, com constante
participação em cursos, palestras, congressos e especializações, todas fora do
estado. Os produtores não estão associados em cooperativas e associações
relacionadas à hidroponia, mas interagem entre si, partilhando experiências.
Nas hidroponias voltadas para a pesquisa, buscam-se novas tecnologias para o
Espírito Santo, relacionadas principalmente com cultivares adaptadas ao clima da
região, temperatura ideal da solução nutritiva e condutividade elétrica da solução
nutritiva. Porém, há a necessidade de mais profissionais qualificados atuando na
área, para auxiliarem o hidroponicultor.
Outro ponto observado na pesquisa é a falta de divulgação e marketing dos produtos
hidropônicos. Uma pequena fatia do mercado tem conhecimento da qualidade dos
produtos. Algumas medidas poderiam ser tomadas para uma maior exposição dos
produtos hidropônicos, por exemplo: placas indicativas, propagandas nas gôndolas
dos supermercados (nenhum produto se populariza ficando oculto aos olhos do
consumidor); promoções em alguns dias do mês, pois aproximando seu preço dos
produtos cultivados de forma convencional, teria propensão a atrair as mais variadas
classes consumidoras; folders explicativos sobre a qualidade e diferenciação do
produto hidropônico; diversificação dos produtos cultivados, tanto em cultivares,
como com hortaliças diferentes (com uma maior variedade, consequentemente
pode-se atingir maior visibilidade e uma maior fatia do mercado); e pesquisas de
mercado sobre preferências do consumidor, identificando onde o consumidor se
encontra, qual produto ele tem preferência e assim qual produto deve produzir.
Algumas dessas medidas certamente aumentariam a procura e a produção dos
produtos hidropônicos.
Quanto à destinação, o principal mercado é o capixaba, porém boa parte da
produção é destinada também a outros estados, como, por exemplo, para lojas em
áreas nobres do Rio de Janeiro.
87
De acordo com a pesquisa, o Espírito Santo já possui uma considerável produção de
alface hidropônica, porém é um setor que tem grande capacidade de expansão,
devido tanto ao apelo do consumidor que exige alface de qualidade durante todo o
ano quanto aos problemas climáticos observados na maioria das regiões capixabas.
Há necessidade de novas soluções adaptadas às diferentes regiões do estado, de
cursos, eventos e palestras para atender aos produtores que hoje buscam
informações em outros estados, além de maior divulgação dos produtos
hidropônicos no estado.
6.6 REFERÊNCIAS
BARBIERI, E. et al. Condutividade elétrica ideal para o cultivo hidropônico de alface
em ambiente tropical. In: Congresso Brasileiro de Olericultura 50, 2010. Anais...
Guarapari: ABH, 2010. CD-Rom.
BOARETTO, L. C. Viabilidade econômica da produção de alface, em quatro
sistemas tecnológicos: campo aberto, túnel baixo, estufa e hidropônico. 2005.
104f. Dissertaçăo (Mestrado) − Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências
Agrárias, Curitiba, PR, 2005.
CAMPO & NEGÓCIOS (Revista), ano VII, n.75. Hidroponia cresce no Brasil.
Disponível em < http://www.revistacampoenegocios.com.br/anteriores/201108/index.php?referencia=capacnhf>. Acesso em 20 jan. 2012.
COMETTI, N. N. et al. Panorama e Potencial para a Produção de Hortaliças em
Hidroponia no Espírito Santo. In: ANDRADE, F.V.; PASSOS, R.R.; MENDONÇA,
E.S.; LIMA, J.S.S.; FERREIRA, A. Tópicos Especiais em Produção Vegetal II.
Alegre: CCAUFES, v.1, p.21-38, 2011
COSTA, J.S.; JUNQUEIRA, A.M.R. Diagnóstico do cultivo hidropônico de hortaliças
na região do Distrito Federal. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 18, n. 1, p. 49-52,
2000.
ESPÍRITO SANTO (Estado). Plano Estratégico de Desenvolvimento da
Agricultura : novo PEDEAG 2007-2025/ Secretaria de Estado da Agricultura,
Abastecimento, Aquicultura e Pesca. Vitória : SEAG, 284 p., 2008.
GEISENHOFF, L.O. et al. Viabilidade econômica da produção de alface hidropônica
em Lavras – MG. Agrarian, v.2, n.6, p.61-69, out./dez. 2009.
MELO, D.J.F de et al. Avaliação de cultivares de alface e número de plantas por
célula, em cultivo hidropônico em ambiente tropical In: Congresso Brasileiro de
Olericultura 50, 2010. Anais... Guarapari: ABH, 2010. CD-Rom.
ZANELLA, F. et al. Crescimento de alface hidropônica sob diferentes intervalos de
irrigação. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v.32, n.2, p.366-370, 2008.
88
7 CONCLUSÕES GERAIS
A temperatura e a luminosidade afetam significativamente as cultivares utilizadas.

As cultivares Vitória de Santo Antão, Babá de Verão e Rainha de Maio podem
ser recomendadas para o cultivo em ambiente tropical com a vantagem de
apresentar maior resistência ao pendoamento.

A cultivar Regina de Verão, apresenta baixa média de comprimento caule, o
que mostra sua maior resistência às condições de alta temperatura e
luminosidade verificadas dentro da estufa.

A cultivar Salad Bowl apresenta boa produtividade, porém também apresenta
valor alto para comprimento do caule. Recomenda-se, neste caso, a
antecipação da colheita para esta cultivar, evitando assim o pendoamento
precoce.

A cultivar Rubi apresenta a pior produtividade, indicando que em condições
de alta temperatura e luminosidade dentro da estufa, esta cultivar não possui
boa adaptação.

Apesar da cultivar Grand Rapids ter apresentado boa produtividade,
apresenta alto valor de comprimento de caule e, portanto, sensibilidade ao
pendoamento precoce, devendo ter sua colheita antecipada.

A cultivar Itapuã não apresenta boa produtividade, não sendo uma boa opção
para ser recomendada ao cultivo hidropônico;

A cultivar Veneranda apresenta o menor alongamento, podendo ser mantida
por um período maior nas bancadas.

A cultivar americana Delícia não mostra boa produtividade, porém apresenta
ótima aceitação no teste de degustação.

O Espírito Santo já possui uma considerável produção de alface hidropônica,
porém é um setor que tem grande capacidade de expansão, devido tanto ao
apelo do consumidor que exige alface de qualidade durante todo o ano
quanto aos problemas climáticos observados na maioria das regiões
capixabas.
89

São produzidos cerca de 168 mil pés de alface por mês, numa área de
aproxidamente 3,0 hectares de alface, distribuídos em 17 hidroponias, sendo
três delas voltadas para pesquisa.

O preço de custo de cada pé varia de R$ 0,15 a 0,40 e o preço de venda
varia de R$ 0,50 a 0,80.

Há necessidade de novas soluções adaptadas às diferentes regiões do
estado, de cursos, eventos e palestras para atender aos produtores que hoje
buscam informações em outros estados, além de maior divulgação dos
produtos hidropônicos no estado.
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