“A Máquina do Tempo (ou longo agora)” Fomento ao Teatro

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“A Máquina do Tempo (ou longo agora)”
Fomento ao Teatro 2011
» o teatro como dispositivo temporal
“É o ator que nos lembra que o passado, o presente e o eterno
coexistem em cada momento”.
Ellen Lauren, atriz da SITI Company e artista convidada da Suzuki Company of Toga
O teatro por sua natureza é uma fusão de camadas temporais.
Durante um espetáculo, atores e espectadores compartilham uma experiência
temporal à medida em que nele convivem tempos heterogêneos: o tempo do drama,
da ação fictícia, da encenação, da apresentação.
O tempo, assim como o espaço, é um dos elementos fundamentais que
estruturam a transposição teatral. Ao ser compactado, alongado, fragmentado,
repetido, propõe uma dramaturgia própria que extrapola a ficção. Cria-se a
dramaturgia do próprio tempo.
Hans Thies Lehmann levanta pontos que nos auxiliam a refletir: “Em um sentido
semelhante ao da imagem- tempo do cinema moderno, o teatro pós-dramático
pode ser entendido como um cristal de tempo, proporcionando à sua maneira uma
imagem direta do tempo em “estado puro”. Nesse sentido, uma experiência de tempo
que se desvia do habitual provoca uma percepção expressa, de modo que o tempo é
alçado da inexpressiva condição de coadjuvante ao status de temática.( ...) o tempo
da própria representação teatral se torna objeto da elaboração e da reflexão artística”.
Ao utilizar o tempo como recurso fundante da pesquisa deste projeto, queremos
entendê-lo como aspecto vivente, mutante, híbrido, contagiante, em desloca- mento.
O tempo deslocado, modulado, pode causar deslocamentos na percepção do público.
Em nosso espetáculo “AQUIDENTRO AQUIFORA”, uma outra temporalidade era
superposta à temporalidade frenética do centro da cidade. Na recente intervenção
“Pausa para Respirar”, o espectador era convidado a viver a experiência de escutar
seu próprio coração com o auxílio de um estetoscópio, alterando sua temporalidade
interna e sua relação com os tempos externos. Acreditamos que a vivência temporal
alterada ainda acompanhava o espectador em seu trajeto solitário pela cidade depois
de viver essa experiência. Queremos acentuar e radicalizar essas possibilidades.
Propor deslocamentos ou intervalos temporais dentro do cotidiano é alterar
o uso do tempo que se faz em uma situação conhecida. Faz parte de um anseio de
tornar a experiência da vida mais viva e completa. Pode alterar a percepção do espaço
em que se costuma habitar e criar um intervalo na velocidade da não-experiência
contemporânea.
Se o teatro propõe um “aqui e agora” partilhado, interessa-nos uma outra
forma de compreensão e percepção do que seria este agora.
O próprio espetáculo se torna aqui a Máquina do Tempo, capaz de fazer
trânsitos não-naturais entre passado, presente e futuro, capaz de nos fazer perceber
as possibilidades de eternidade e de finitude. De criar um LONGO AGORA.
» palestras com convidados
Realizaremos três conversas-palestras gratuitas e abertas ao público em
geral. As conversas serão ministradas por profissionais que contribuam com o tema
abordado pelo projeto.
Os temas norteadores de cada palestra serão: tempo e filosofia, tempo e arte,
tempo e ciência.
JOSE ALBUQUERQUE VIEIRA
Jorge de Albuquerque Vieira é graduado em Engenharia de Telecomunicações, pela UFF, 1969. Seu mestrado foi
em Engenharia Nuclear pela Coppe/UFRJ, 1975, e a partir de então lecionou Rádioastrofísica no Departamento
de Astronomia da UFRJ, onde agora é aposentado. Seu doutorado é em Comunicação e Semiótica, pelo
Programa de Estudos Pós-Graduados em Comuicação e Semiótica da PUCSP, 1994. Ao longo dessas vivências,
desenvolveu interesses em Teorias da Comunicação, Semiótica Peirceana, Teoria do Conhecimento, Teoria
Geral de Sistemas e Teoria da Complexidade. Leciona atualmente na PUCSP, Departamento de LInguagens
do Corpo, no Curso de Artes do Corpo; na já citada Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica e, no Rio de
Janeiro, na FAculdade Angel Vianna.
JOSE MIGUEL WISNIK
Jose Miguel Wisnik é professor livre-docente pela Universidade de São Paulo, ensaísta e músico. É autor de
“O som e o sentido - uma outra história das músicas” (Companhia das Letras, 1989), “Sem receita - ensaios
e canções” (PubliFolha, 2004) e “Veneno remédio - o futebol e o Brasil” (Companhia das Letras, 2008), entre
outros livros. Tem quatro CDs com suas canções: “José Miguel Wisnik” (1993), “São Paulo Rio” (2000), “Pérolas
aos poucos” (2003) e “Indivisível” (2011). Fez música para cinema (“Terra estrangeira”, “Janela da alma”),
teatro, em colaboração com o Teatro Oficina, e dança (“Nazareth”, “Parabelo”, em parceria com Tom Zé,
“Onqotô”, em parceria com Caetano Veloso, e “Sem mim”, em parceria com Carlos Núñez) e teatro.
FICHA TÉCNICA
OPOVOEMPÉ
CONCEPÇÃO e DIREÇÃO
Cristiane Zuan Esteves
ATRIZES-CRIADORAS
Ana Luiza Leão
Cristiane Zuan Esteves
Graziela Mantoanelli
Manuela Afonso
Paula Lopez
PROGRAMAÇÃO VISUAL
Fernando Bergamini
PRODUÇÃO EXECUTIVA
Anayan Moretto
DIREÇÃO DE PRODUÇÃO
Henrique Mariano
REALIZAÇÃO
OPOVOEMPÉ da Cooperativa Paulista de Teatro
apoio cultural
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