6/Mar/2013 – Aula 7 Entropia Variação da entropia em processos reversíveis Entropia e os gases ideais Entropia no ciclo de Carnot e em qualquer ciclo reversível Variação da entropia em processos irreversíveis Diagramas TS Entropia e a Segunda Lei da Termodinâmica; formulações de Clausius e de Kelvin-Planck Segunda Lei da Termodinâmica e reversibilidade Entropia, desordem e probabilidade 11/Mar/2013 – Aula 8 Gases reais (não-ideais) Equação de van der Waals Outras equações de estado Isotérmicas, diagramas e transições de fase Constantes críticas. Diagramas PT e PVT Exemplo: fluidos supercríticos Factor de compressão e variáveis reduzidas Princípio e eq. dos Estados Correspondentes 1 Aula anterior Variação da entropia em processos reversíveis Num processo reversível, a variação de entropia dS devida à transferência de uma quantidade infinitesimal de calor dQ à temperatura (absoluta) T é dada por: dQ dS T Para variações finitas, quando o sistema termodinâmico é levado de um estado de equilíbrio a para outro estado de equilíbrio b ao longo de uma transformação reversível, a variação de entropia pode ser determinada por integração de dS: b b a a ΔS Sb Sa dS dQ T 2 Aula anterior Entropia e os gases ideais A variação de entropia para um gás ideal que passe de um estado de equilíbrio caracterizado por ( Ti ,Vi ) para outro estado de equilíbrio ( Tf , Vf ) através dum processo reversível quaseestático é dada por: dQ ΔUint P dV ncV dT n RT dV V dQ dT dV ncV nR T T V Note que se pode escrever f ΔS i T V dQ ncV ln f n R ln f T Ti Vi ΔUint T dS P dV Identidade fundamental da Termodinâmica S depende apenas dos estados inicial e final e não do caminho entre eles a entropia é uma função de estado. 3 Aula anterior Diagramas TS Ciclo de Carnot ΔUint T dS P dV 4 Aula anterior Diagramas TS (cont.) Num diagrama TS, a área abaixo da curva representa a quantidade de calor de um processo reversível. Processo reversível T 2 V=c P=c 1 2 q12 T ds 1 s 5 Aula anterior Entropia e a Segunda Lei da Termodinâmica Quando um sistema sofre um processo entre dois estados de equilíbrio, a entropia total (sistema + ambiente) não pode diminuir. ΔS ≥ 0 6 Aula anterior Entropia, desordem, probabilidade e configuração A entropia pode ser interpretada microscopicamente em termos da desordem do sistema. Quando se fornece calor a uma substância, a aleatoriedade dos movimentos moleculares aumenta (a entropia dum gás aumenta durante uma expansão livre devido ao aumento da aleatoriedade da posição das moléculas do gás). A tendência de todos os processos naturais é atingir um estado de maior desordem (todos os processos naturais são irreversíveis). No limite, a entropia do Universo tenderia para um valor máximo. Para este valor, o Universo estaria num estado de equilíbrio, com densidade e temperatura uniformes. Neste estado, todos os processos físicos (e químicos e biológicos …) acabariam, dado que um estado de desordem total implica que não existe calor disponível para realizar trabalho morte térmica do Universo ... 7 Aula anterior Entropia, desordem, probabilidade e configuração (cont.) Em Física Estatística, a entropia de um sistema está relacionada com a probabilidade desse sistema existir num dado estado (configuração). S = kB ln Relação de Boltzmann em que é a probabilidade do sistema se encontrar num dado estado relativamente a todos os estados possíveis em que pode existir. 8 Gases reais (não-ideais) Condições em que o comportamento dos gases não é explicável pela lei dos gases ideais: pressões elevadas e/ou temperaturas baixas. 1) Pressões elevadas O volume disponível para o gás é efectivamente inferior ao volume do contentor (as moléculas ocupam espaço): Lei dos gases ideais : P 1/ V , quando P aumenta V 0 Quanto maior é a pressão P, mais significativo é o volume V ocupado pelas moléculas. 9 Gases reais (não-ideais) (cont.) 2) Temperaturas baixas Dependendo das moléculas que constituem o gás, as interacções entre elas podem tornar-se significativas: As forças de atracção intermoleculares tendem a diminuir a força das colisões nas paredes (nem toda a energia é cinética) Este efeito é mais pronunciado quanto menor for a temperatura, onde se registam experimentalmente pressões inferiores às que a lei dos gases ideais prevê. Potencial de interacção simulação Comportamento ideal para pressões baixas, temperaturas elevadas Comportamento não-ideal para pressões altas, temperaturas baixas. 10 Gases reais (não-ideais) (cont.) Correcção a P : F" cinética" Finteracção F P" cinética" P Pinteracção sentidos contrários Pinteracção número de colisões com a parede ( ) número de moléculas atractivas ( ) n NA N ρ2 V2 V 2 Pinteracção 2 Pinteracção n2 a 2 V 11 Gases reais (não-ideais) (cont.) Correcção a V : Videal Vobservado ΔV • diâmetro molecular d volume molecular : Vm π d 3 6 • em volta de cada molécula há um volume excluído de raio d : Vexcluído 4π d 3 3 8 Vm • considerando apenas colisões entre 2 moléculas, este volume excluído conta para cada par de moléculas volume excluído médio por molécula : Vexc. médio 4 Vm • o volume total disponível diminui de : N Vexc.médio N 4 Vm n NA 4 Vm ΔV n b 12 Equação de van der Waals n2 a P 2 V correcção a Pideal (devido às forças intermoleculares) V n b n RT correcção a Videal (devido ao espaço ocupado pelas moléculas) Eq. de van der Waals simulação 13 Equação de van der Waals (cont.) n2 a P 2 V V n b Gás n RT a e b são parâmetros específicos de cada gás : a é maior para gases em que as forças intermoleculares sejam maiores b é maior para moléculas maiores No limite a 0 , b 0 , a eq. de van der Waals aproxima-se de PV=nRT. He Ne Ar Kr Xe H2 N2 O2 Cl2 CO2 CH4 NH3 H2O a b (atm l2/mol2) (l/mol) 0.034 0.211 1.35 2.32 4.19 0.244 1.39 1.36 6.49 3.59 2.25 4.17 5.46 0.0237 0.0171 0.0322 0.0398 0.0511 0.0266 0.0391 0.0318 0.0562 0.0427 0.0428 0.0371 0.0305 14 Equação de van der Waals (cont.) Equação dos gases ideais: P=nRT/V Efeito do volume molecular finito: P = n R T / (Vm - b) Equação de Van der Waals. Efeito do volume molecular finito e da interação entre as moléculas: P = n R T / (Vm -b ) –a / Vm2 15 As constantes de van der Waals para o hélio são a = 0,03412 l2atm/mol2 e b = 0,0237 l/mol. A partir destes dados determine o volume (em cm3 ) ocupado por 1 átomo de hélio e estime o raio desse átomo. Admitindo que o átomo de hélio é esférico: V 43 π r 3 r 3 3V 4π b é o volume de 1 mole de moléculas. Para o He, 1 molécula = 1 átomo a partir do nº de Avogadro calcular b em cm3/átomo: 0,0237 l/mol 10 3 cm 3 /l b 3.94 10 23 cm 3 /átomo 6,022 10 23 átomos/mol 23 3 3b 3 3,94 10 cm r 3 3 2,11 10 8 cm 0,211 nm 4π 4π 16 Obtenha uma expressão para o trabalho realizado por um sistema que efectua uma transformação isotérmica entre os volumes V1 e V2 para um gás real descrito pela equação de estado de van der Waals. n2 a P 2 V Eq. de van der Waals: V n b n RT n RT n2 a P V n b V2 WvdW V2 P dV V1 V2 V 2 dV dV 2 n RT n a 2 V - nb V V1 V1 V2 1 n a V V1 n R T ln V - n b V1 V2 V2 - n b 2 n a n R T ln V V V1 - n b 1 2 V2 V1 2 17 Outras equações de estado para gases reais • Série de Virial para a pressão 2 n n PV n R T 1 BT CT ... V V RT a (V b) TV 2 • Berthelot P • Dieterici R T e a / RT V P (V b) • Redlich-Kwong (geralmente, a equação a 2 parâmetros mais precisa) P RT a 1/2 (V b) T V (V b) 18 Isotérmicas dos gases reais • a temperaturas altas (acima dum valor crítico Tc ), as isotérmicas são semelhantes às do gás ideal (Lei de Boyle); Pontos críticos Líquido • substâncias diferentes mostram diagramas PV diferentes; Coexistência de líquido e gás (vapor) • numa certa zona existem duas fases em equilíbrio (vapor e líquido) pressão de vapor. 19 Ponto crítico 20 Ponto crítico À temperatura ambiente, existe pouco vapor e a sua densidade é baixa A temperaturas mais altas, existe mais vapor e a sua densidade aumenta… Vapor Vapor Líquido Líquido Temperatura ambiente À temperatura crítica Tc, as densidades do líquido e do vapor são iguais (uma única fase) Ligeiramente abaixo da temperatura crítica TC … enquanto a densidade do líquido diminui; os movimentos moleculares aumentam. Fluido supercrítico Temperatura crítica TC 21 Isotérmicas dos gases reais (cont.) Gás real Gás ideal isotérmica Pressão P Pressão P isobárica 22 Pressão P Pressão P Pressão P Isotérmicas dos gases reais (cont.) Volume constante Temperatura const. Pressão constante 23 Diagramas de fase e transições de fase Compressão do gás entre os pontos C e E : • de C para D a compressão é feita sem alteração de P e começa a formar-se líquido (as duas fases coexistem) • à medida que o sistema se aproxima de E, a quantidade de líquido aumenta • a pressão ao longo de CDE é a pressão de vapor • ao atingir E, a substância torna-se líquida. Materiais poliméricos e líquido-cristalinos podem existir em várias mesofases e, portanto, passar por várias transições de fase. Isotérmicas experimentais para CO2 a várias temperaturas simulação Transições de fase simulação 24 25 26 27 Constantes críticas Temperaturas críticas para várias substâncias Ponto crítico (*) constantes críticas: Isotérmica crítica (Tc ) - acima de Tc não é possível formar uma fase líquida. Pressão crítica (Pc ) - pressão necessária para condensar o gás a Tc . Volume crítico (Vc ) -volume ocupado pelo gás a Pc , Tc . 28 Diagramas PT e PVT Diagramas PT Água: Expands on Freezing Diagramas PVT Substância que se contrai quando arrefece Substância que se expande quando arrefece 29 Fluidos supercríticos Fluido supercrítico Fluido supercrítico Substância que se encontra acima da sua temperatura crítica TC e da sua pressão crítica PC : Ponto crítico Líquido Vapor A pressão é tão elevada que o fluido apresenta uma densidade como a do líquido e uma viscosidade como a do gás . 30 Factor de compressão e variáveis reduzidas Z Volume molar Volume molar do gás ideal Variação de Z com a pressão a 0º C Todos os gases têm as mesmas propriedades se forem comparados em condições correspondentes. Variáveis reduzidas Pr P/Pc ; Tr T/Tc ; Vr V/Vc Eq. de van der Waals eq. dos Estados Correspondentes. 3 1 8 Pr 2 Vr Tr Vr 3 3 31 Princípio dos Estados Correspondentes Experiência de van der Waals dois gases reais diferentes confinados no mesmo volume reduzido e à mesma temperatura reduzida mesma pressão reduzida. Princípio dos Estados Correspondentes gases reais diferentes têm os mesmos factores de compressão se tiverem as mesmas variáveis reduzidas; gases reais diferentes no mesmo volume e temperatura reduzidos têm a mesma pressão reduzida. Aplica-se melhor a gases de moléculas esféricas: moléculas polares conduzem a desvios maiores. 32 Princípio dos Estados Correspondentes (cont.) Dependência do factor de compressão para 4 gases a temperaturas reduzidas diferentes : 33 Equação dos Estados Correspondentes Eq. de van der Waals nRT an2 P V bn V 2 (1) dP d nRT an2 nRT 2an2 0 máximo dV dV V bn V 2 V nb 2 V 3 (2) d 2P d nRT 2an2 2nRT 6an2 4 0 pontos críticos 2 3 2 3 dV dV V nb V V nb V (3) (2) 2an2 nRT V3 V nb 2 (4) (3) 6an2 2nRT V4 V nb 3 (5) 34 Equação dos Estados Correspondentes (cont.) (4) / (5) 1 3 V 21 V nb Vc 3nb (para V VC ) Substituindo VC em (4) nRTc 2an2 27n3 b 3 3nb nb 2 TC 8a 27 R b (para T TC ) Substituindo TC e VC em (1) 8a an2 27Rb P 3bn bn 3bn 2 nR PC a 27b2 (para P PC ) 35 Equação dos Estados Correspondentes (cont.) Em termos dos parâmetros reduzidos : Vr V V VC 3 n b T 27 R b T Tr TC 8a P 27 b 2 P Pr PC a V 3 n b Vr T 8a Tr 27 R b P a Pr 2 27 b 36 Equação dos Estados Correspondentes (cont.) Substituindo na equação de van der Waals : a an2 27b2 Pr 3nbV 2 r 8a 3nbVr bn nR Tr 27Rb 3 1 8 Pr 2 Vr Tr Vr 3 3 Equação dos Estados Correspondentes 37 Um cilindro contém 1 m3 de dióxido de carbono à temperatura de 260 K e à pressão de 100 k Pa. Determine a massa do gás. Pela equação dos gases ideais: m n MCO2 n PV RT PV 100 10 3 1 MCO2 44 10 3 2,04 kg RT 8,314 260 Pela equação dos estados correspondentes: n PV Z RT 38 Um cilindro contém 1 m3 de dióxido de carbono à temperatura de 260 K e à pressão de 100 k Pa. Determine a massa do gás. Para o CO2 PC 7,4 10 6 Pa TC 304 K P 0,014 PC T 0,855 TC Z (0,014 ; 0,855) 0,99 m n MCO2 PV 100 10 3 1 MCO2 44 10 3 2,06 kg Z RT 0,99 8,314 260 39