0 UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE – UNESC CURSO DE PSICOLOGIA CRISTIANE NARDI COELHO ANÁLISE TRANSACIONAL CRICIÚMA, JUNHO DE 2010 1 CRISTIANE NARDI COELHO ANÁLISE TRANSACIONAL Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado para obtenção do grau de Bacharel no curso de Psicologia da Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC. Orientadora: Profª Esp. Myrta Carlota Glauche Jaroszewski. CRICIÚMA, JUNHO DE 2010 2 CRISTIANE NARDI COELHO ANÁLISE TRANSACIONAL Trabalho de Conclusão de Curso, aprovado pela Banca Examinadora para obtenção do Grau de Bacharel, no curso de Psicologia da Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC. Criciúma, 29 de Junho de 2010 BANCA EXAMINADORA Profª Especialista Myrta Carlota Glauche Jaroszewski – CRP 12/0021 – UNESC – Orientadora Profª Especialista Nerilza Volpato Beltrame Alberton – CRP 12/00374 – UNESC Profª Msc. Elisiênia Cardoso de Souza Frasson Fragnani – CRP 12/2121– UNESC CRICIÚMA, JUNHO DE 2010 3 AGRADECIMENTOS Primeiramente agradeço a Deus, por estar aqui mais um dia e com plena saúde. Agradeço a minha família querida, meu pai Osvaldo, minha mãe Adenir e minha irmã Cristine por me incentivarem e acreditarem em mim, me auxiliando quando em meio aos obstáculos. Mas em especial agradeço a minha amada mãe que me ensinou a ser uma pessoa honesta e a lutar para alcançar meus objetivos. Também quero fazer um agradecimento especial para o meu esposo Cleber, que me apoiou nas horas que tanto precisei, ficando ali do meu lado, atencioso como sempre, me compreendendo e dando força no que necessário com aquele jeito carinhoso e paciente dele ser. Obrigada! E agradeço também com grande satisfação a minha maravilhosa orientadora Myrta que foi uma pessoa fundamental para mim durante esses semestres. Ela, com seu jeito carismático de ser, me proporcionando nas orientações uma grande aprendizagem, contribuindo com sua enorme teoria e prática em Psicologia. 4 “Não importa o caminho que você percorra, o que importa é que você chega lá”. Cristiane Nardi Coelho 5 RESUMO A Análise Transacional busca obter uma melhora da qualidade de vida, pois é uma abordagem de grande comunicação, de relacionamentos humanos (sociais, profissionais,...), em que é possível observar como o indivíduo interage com o meio no qual ele está inserido (vive e/ou convive) apresentando comportamentos observáveis, verbais e não-verbais, permitindo localização fácil das instâncias Pai, Adulto e Criança. A Análise Transacional é conhecida como uma “teoria da personalidade”, sendo também uma Psicoterapia Sistemática (organizada) para o crescimento e mudança pessoal de cada indivíduo. Também é vista como uma Filosofia de Vida, que utiliza uma teoria da Psicologia individual e social. Contém diferentes técnicas de mudanças positivas que possibilitam uma tomada de posição do indivíduo. A Análise Transacional tem por objetivo entender o indivíduo diante de seu comportamento, tanto no aspecto social ou psicológico, visando obter sua própria autonomia. O estudo mostra-se relevante, pois permeia grande parte dos relacionamentos, impedindo ou colaborando para o crescimento e desenvolvimento adequados de pessoas e organizações. Palavras-chave: Jogos psicológicos. Indivíduo. Desenvolvimento. Comportamento. Personalidade. Análise Transacional. 6 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 07 2 ANÁLISE TRANSACIONAL ................................................................................. 08 3 CARACTÉRISTICAS DA ANÁLISE TRANSACIONAL ESUAS APLICAÇÕES ... 10 4 ANÁLISE TRANSACIONAL E OS 10 INSTRUMENTOS ...................................... 12 4.1 O Esquema da Personalidade............................................................................. 17 4.1.1 Estado do Ego Pai ............................................................................................ 18 4.1.2 Estado de Ego Adulto ....................................................................................... 19 4.1.3 Estado de Ego Criança..................................................................................... 20 4.2 A Análise das Transações ................................................................................... 23 4.2.1 Transação Complementar ................................................................................ 24 4.2.2 Transação Cruzada .......................................................................................... 25 4.2.3 Transação Ulterior ............................................................................................ 26 4.3 Reforços Socias ou Carícias ............................................................................... 27 4.4 As Posições Existenciais ..................................................................................... 28 4.5 Estruturação do Tempo ....................................................................................... 29 4.6 Jogos Psicológicos .............................................................................................. 30 4.7 Emoções Autênticas e Substitutivas ou Disfarces ............................................... 31 4.8 O Argumento e as Metas de Vida ....................................................................... 32 4.9 Miniargumento..................................................................................................... 33 4.10 Dinâmica de Grupos .......................................................................................... 34 5 AS QUATRO POSIÇÕES EXISTENCIAIS ............................................................ 36 6 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 38 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 39 7 1 INTRODUÇÃO O presente trabalho é um pré-requisito obrigatório para a formação na graduação no curso de Psicologia da Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC, e representa a disciplina de TCC (Trabalho de Conclusão de Curso), que foi realizado no período de Fevereiro à Junho de 2010. O tema escolhido é a abordagem denominada Análise Transacional, a qual acredita na capacidade do ser humano de modificar comportamentos e pensamentos e buscar a autonomia deste, através do seu autoconhecimento. Além de teoria da Personalidade, a AT também é considerada uma filosofia de vida, pois enxergam as pessoas, como sujeitos Ok, com suas capacidades e dificuldades, portadores de qualidades, independente do fato de serem pacientes ou terapeutas. De acordo com Krack, Nasielski e Graff (1984), a AT é descrita como um seguimento, “processo” de interpretação da Personalidade, destacando o modo pela qual o indivíduo vive/convive com sua realidade, sendo ela objetiva e subjetiva. Para Kertész (1987), a AT não é apenas uma recente teoria da Psicologia individual, é também social, à medida que este indivíduo nasce e interage socialmente, se formando como um ser essencialmente e/ou principalmente biopsicossocial. Ainda em Kertész, o termo “Transacional” foi escolhido por Eric Berne por analisar as trocas de estímulo e resposta dos membros envolvidos (indivíduos). Justifica-se o interesse no tema pela praticidade de aplicação e compreensão teórica, sabendo-se que na atualidade é uma abordagem que vem sendo muito utilizada em contextos outros que não o clínico, a saber, nas escolas e organizações, o que demonstra a relevância do assunto. Nosso objetivo geral foi o de rever, à luz dos autores, esta teoria, e especificamente revisar seus pontos mais importantes na dinâmica dos relacionamentos, nos jogos psicológicos, nas instâncias de personalidade. A metodologia utilizada consistiu em revisão bibliográfica qualitativa e exploratória. 8 2 ANÁLISE TRANSACIONAL Eric Berne (1910-1970) é o originador, segundo Kertész (1987) e o principal contribuinte da Análise Transacional. Graças a sua grande capacidade de trabalho, escreveu um total de oito livros e publicou inúmeros artigos. Gostava de palavras, sobretudo inusitadas e elegantes, ou as curtas e vigorosas, como trapaça e roteiro. Segundo ele Berne gostava de atalhar os circunlóquios (rodeios de palavras) e a excessiva verbosidade de muitos em nosso campo. Certa vez para satirizar o problema, fez uma palestra intitulada “Fugindo de uma teoria do impacto da interação interpessoal sobre a participação não-verbal”. Berne estudou psiquiatria e psicanálise, mas em virtude de suas “predileções”, nunca se tornou analista profissional. Sentia-se simultaneamente atraído pelo brilho e profundidade da psicanálise e aborrecido pela sua lentidão excessiva, complexidade e rigidez. A congregação psicanalítica também achou difícil aceitá-lo e, em 1956, depois de muitos anos de estudos, seu Instituto Psicanalítico negou-lhe a condição de sócio. Sem impedir disso, a psicanálise influiu em Berne de maneira considerável, e as idéias psicanalíticas são evidentes em todos os seus escritos. As primeiras teorias de Berne sobre a Análise Transacional (AT) apareceram em 1949 e, por volta de 1958, já tinham sido quase todas expostas. Em 1958, Berne deu início ao primeiro seminário de AT. O seminário de Psiquiatria Social de São Francisco, do qual participaram ao todo, seis pessoas. No ano seguinte, o seminário se havia desenvolvido e foi dividido em um curso introdutório, denominado 101, e num seminário avançado. O número de membros aumentou depressa e, dali a pouco, a AT estava sendo discutida e empregada em todo o País. Durante a década de 1960 e até sua morte em 1970, Berne continuou a desenvolver sua teoria da AT. As contribuições de Eric Berne foram feitas, em primeiro lugar, nas áreas da teoria e da Filosofia. (WOOLAMS, 1979) Para Kertész (1985) a AT é uma filosofia positiva e que acredita no ser humano, estabelecendo assim um modelo de aprendizagem que ocupa lugar de “enfermidade mental”. A AT, para ele é método psicológico e está fundamentada na 9 abordagem humanista, que percebe o indivíduo na sua essência e dando importância para suas particularidades, sendo referentes aos sentimentos e subjetividades de cada indivíduo. A AT se propõe à compreensão e análise dos comportamentos. É um instrumento funcional e operatório que se direciona principalmente ao Ego. Contudo, dirige-se à personalidade mediante a sua parte consciente, propondo uma ação de reflexão e questionamento sobre a estrutura e o funcionamento da personalidade. (KRACK; NASIELSKI; GRAAF, 1984) 10 3 CARACTERÍSTICAS DA ANÁLISE TRANSACIONAL E SUAS APLICAÇÕES a) Uma filosofia positiva de vida e de confiança no ser humano. Afirma que todos são Ok e que todos possuem capacidade para vencer a menos que sofra alguma afecção orgânica grave. b) Um modelo de aprendizagem, em que o indivíduo toma consciência de que antes de analisar o outro, este, precisa curar-se. Tanto na relação psicoterapeuta e paciente quanto sistema familiar e indivíduo em dificuldade. c) É uma abordagem simples. Apresenta uma linguagem cotidiana de fácil compreensão. d) É natural, pois levando em conta as necessidades biológicas, psicológicas e sociais que são comuns a todos os seres humanos. e) Objetiva. Desenvolveu-se por meio de observação das experiências que o autor vivenciava, do ouvir e falar dos pacientes e pessoas em geral. f) Diagramável. Ou seja, grande parte dos seus conceitos teóricos é representada por gráficos simples, círculos, triângulos, vetores, quadrados. g) Preditiva. Ela procura dar atenção a história de vida do indivíduo, os sinais de comportamento observáveis, mas também, levando em conta a intuição observada. h) Preventiva, ao dar ênfase as características preditivas criam condições que facilitam a prevenção de comportamentos perigosos que prejudicavam o indivíduo. i) É muito eficaz, porque é um modelo de trabalho que facilita ao paciente compreender o seu comportamento e o dos outros já no início do tratamento, pois utiliza técnicas de fácil compreensão e acesso. j) Integrável, pois sua teoria pode ser integrada com outras abordagens, como o Psicodrama, a Gestalt-terapia, entre outras. k) Contratual. Paciente e psicoterapeuta delimitam um contrato no sentido de dar objetividade ao indivíduo que se foca no tratamento, buscando a mudança positiva de comportamento. l) Igualitária, pois ela considera todos com direitos iguais e potencial positivo para vencer, afirmando que ninguém é melhor do que ninguém. 11 Segundo Kertész (1987), as principais características da Análise Transacional são as seguintes: P A C 12 4 ANÁLISE TRANSACIONAL E SEUS 10 INSTRUMENTOS De acordo com Kertész (1987), os 10 instrumentos da Análise Transacional são: 1) O esquema da personalidade. 2) A análise das transações. 3) Os reforços sociais ou carícias. 4) As posições existenciais. 5) Estruturação do tempo. 6) Os jogos psicológicos. 7) Emoções autênticas, substitutas e disfarces. 8) O argumento e as Metas de vida. 9) O miniargumento. 10) Dinâmica dos grupos. Os 10 instrumentos da AT são diagramados da seguinte forma: 1. Pai, Adulto e Criança (KERTÉSZ, 1987) 13 2. Análise das Transações (KERTÉSZ, 1987) 3. Carícias (KERTÉSZ, 1987) 14 4. Posições Existenciais (KERTÉSZ, 1987) 5. Emoções Autênticas e Disfarces (KERTÉSZ, 1987) 15 6. Jogos Psicológicos (KERTÉSZ, 1987) 7. Estruturação do Tempo (KERTÉSZ, 1987) 16 8. Argumentos e Metas de Vida (KERTÉSZ, 1987) 9. Miniargumento (KERTÉSZ, 1987) 17 10. Dinâmica de Grupo (KERTÉSZ, 1987) 4.1 O Esquema da Personalidade Para Kertész (1987), o Esquema da Personalidade é a maneira de agir, pensar, sentir, do indivíduo em seu meio social e/ou no qual está inserido, e assim, construindo o seu Eu, sendo ele o seu modo de ser. A personalidade é a maneira de ser “freqüente” pelo qual o indivíduo se “expressa” sendo que ele sente, pensa, fala e atua para realizar suas necessidades no meio físico e social que ele vive/convive. A personalidade é “habitual” porque significa que passa uma grande parte do tempo se comportando de tal maneira, mas que em momentos verdadeiros irá agir de maneira, “jeito de ser” diferente, revelando assim partes da personalidade. (KERTÉSZ, 1987) O autor propõe um exercício (p.27) para as pessoas que buscam entender seu comportamento à luz da Análise Transacional: 18 Comportamentos típicos de Pai, Adulto e Criança Quando estou em meu estado do Ego Exemplos de comportamentos típicos Subjetivos Penso Objetivos Sinto Digo Faço Pai Adulto Criança Berne, segundo Kertész, ainda define os estados de ego como sendo um sistema de emoções e pensamentos, acompanhado de um conjunto afim de padrões de comportamento. Temos, então: 4.1.1 Estado de Ego Pai Segundo Gouding & Gouding (1985), os dados no Estado de Ego Pai são colhidos e gravados diretamente, sem artifícios de montagem. A situação da criança pequena, sua dependência e sua incapacidade para construir significados com as palavras tornam impossível para ela modificar, corrigir ou explicar qualquer dado. Sendo assim, o autor coloca que, se os pais são hostis e estão constantemente brigando um com o outro, uma briga é gravada juntamente com o terror produzido pela visão de duas pessoas de quem a criança depende para a própria sobrevivência prestes a se destruírem mutuamente. Dentro disso, no Estado de Ego Pai são registradas todas as advertências, regras e leis que a criança ouviu de seus pais e viu através do modo como viviam. E elas variam desde as primeiras comunicações paternas, interpretadas não verbalmente, através do tom de voz, expressão facial, carícia ou “não-carícia”, até as mais elaboradas regras verbais e 19 regulamentos adotados pelos pais quando a criança passa a ser capaz de compreender palavras. Para Berne (apud HARRIS, 1969): o Estado de Ego Pai é uma porção de registros obtidos pelo cérebro de eventos não questionados, e que funcionam como uma espécie de reservatório de normas e valores, preceitos e modelos de conduta que foram impostos à criança nos cinco primeiros anos de vida. O Estado de Ego Pai (HARRIS, 1977) traz consigo uma imensa coleção de registros de acontecimentos externos que foram vividos pelo indivíduo nos primeiros anos de vida de forma imposta ou sem questionamento. Kertész (1987) contribui afirmando que o Estado de Ego Pai é como um reservatório dos valores, normas, preconceitos e modelos de conduta passados pelos pais ou substitutos, mais tarde reforçados pelos familiares, professores, amigos e autoridades e de importância para a criança. Para Berne (1995), o Estado de Ego Pai tem duas funções principais, que são: (1) dar capacidade ao indivíduo de agir eficientemente como pai de seus próprios filhos, promovendo a sobrevivência da espécie. (2) tornam muitas das reações automáticas, economizando tempo e energia. Ou seja, o Estado de Ego Pai é o responsável em pela imposição dos limites e da segurança do indivíduo, protegendo-o nos momentos de dificuldade e o incentivando para o crescimento e autonomia. O Estado de Ego Pai é aquele que faz os julgamentos, que dá as permissões e proibições, que mostra o que é ético e valores sociais. Quando o “Pai” é controlador, denomina-se Pai Crítico, quando é apoiador, denomina-se Pai Protetor. Para se proteger e para estimular a sociabilidade, toda criança precisa de alguns “nãos” na sua formação. 4.1.2 Estado de Ego Adulto Conforme Steiner (1974), o Estado de Ego Adulto é melhor apresentado como sendo um computador. Contudo, ele age de forma a reunir dados da realidade em um processo objetivo. Sendo desprovido de emoções, compreende os dados do 20 mundo por meio dos sentidos e quando se faz necessário atua de maneira racional, realizando assim, suposições dos dados já arrecadados. Para Kertész (1987), o Estado de Ego Adulto recebe informações de fora e de dentro, analisa e compara com seu “banco de dados” e toma as decisões cabíveis. De acordo com Minicucci (1992), o Estado de Ego Adulto é utilizado para captar/colher informações, arrecadar e organizar dados, guardar referências, realizar mudanças com as informações coletadas, estabelecendo assim, dados às experiências adquiridas. Para Badcock e Keepers (1977), no Estado de Ego Adulto levamos em considerações as regras da lógica para chegarmos a uma conclusão, é o estado de ego que torna possível a sobrevivência do indivíduo no mundo civilizado, protegendo de muitos sofrimentos. O Estado de Ego Adulto é aquele que toma as decisões e tem autonomia para escolha, porque numa escolha é necessário usar a inteligência de forma racional, objetiva, técnica, analisar as informações para chegar a uma conclusão, habilidades do Estado de Ego Adulto. O Estado de Ego Adulto não julga. Ele trabalha com fatos. Tem conhecimento do Estado de Ego Pai é mediador entre este e o Estado de Ego Criança. Pai Criança Adulto 4.1.3 Estado de Ego Criança Para Harris (1969), enquanto os acontecimentos externos estão sendo gravados no Estado de Ego Pai (dados), outra gravação vai se formando simultaneamente. São manifestos registros de acontecimentos internos (reações) na 21 criança ao que ela vê e ouve. São esses dados que juntos se formam e se definem como o Estado de Ego Criança. Segundo Kertész (1987), o Estado de Ego Criança é o primeiro estado de ego a existir no ser humano. E já lá por volta dos 2 anos de idade se distingue do Estado de Ego Adulto e logo após do Estado de Ego Pai. O Estado de Ego Criança atribui toda uma idéia de fantasias que são ingênuas, que contém magias. Ela também interrompe a parte curiosa da personalidade humana, pois é dotada de grande intuição e podendo também ser até telepática. O Estado de Ego Criança carrega também um componente biológico da personalidade, em que se associa grande extensão da aprendizagem e transmite todo o material genético do ser humano como o sexo, a estatura, a cor da pele, entre outros. (KERTÉSZ, 1987) O referido autor coloca que o Estado de Ego da Criança é dividido de duas formas: a Criança Adaptada e a Criança Natural. A Criança Adaptada é vista sendo aquela que aprendeu a obedecer. Contudo, ela muda a sua conduta mediante a influência do Estado de Ego Pai. Mas já a Criança Natural, é vista como uma criança livre, que desenvolve espontaneamente características naturais como a criatividade, alegria, intuição, entre outros. Woolams e Brown (1979) consideram que o Estado de Ego Criança funciona de duas maneiras básicas, Criança Natural (CN) ou Criança Adaptada (CA). A Criança Natural é livre, se expressa naturalmente sem preocupações com as reações dos pais e do mundo, é espontânea. A Criança Adaptada pode ser compreensiva, danoso, indefesa, representam as atitudes desfavoráveis, encontradas nas artimanhas e nos jogos. É pelas atitudes agradáveis, como sorrisos e aprovações vindas dos pais ou substitutos; ou da frieza, aborrecimentos demonstrando idéias punitivas pelos atos mau-feitos que a criança vai formando dentro de si a Criança Natural e a Criança Adaptada. Então, as permissões são dadas pelo Pai Protetor e as punições e reprovações vêm do Pai Crítico. Mas é importante salientar a necessidade da presença do Estado de Ego Pai como forma de preservação, já que se deixar o Estado de Ego Criança tomar conta da situação, poderá levar o indivíduo para autodestruição. Para Berne, sendo referido em Kertész (1987), à definição dos Estados de Ego, são combinações onde emoções e pensamentos, participando simultaneamente de padrões de comportamento. Contudo, Berne também evidencia 22 que na Escola de AT o Estado de Ego Adulto não sente emoções. No máximo, o Estado de Ego Adulto capta e transmite informação recebida do ambiente ou do próprio organismo para o Estado de Ego Criança, sobre a qual este estado do Ego experimenta sentimentos. De acordo com Kertész (1987), os sinais do comportamento objetivo (externo, público) são: Sinais do comportamento 1. Palavras e frases, sintaxe. verbal (linguagem) 2. Tons da voz. 3. Ritmo da fala, velocidade. 4. Volume (intensidade). Comportamento não-verbal 5. Olhar (expressão das pupilas). (corporal) 6. Expressão facial (músculos do rosto). 7. Gestos e movimentos (mãos, braços, pernas, pés, colo, ombros, movimentos da cabeça). 8. Postura corporal (tronco, quadris). 9. O vegetativo (cor da pele, tônus muscular, palpitações cardíacas, ritmo respiratório, volume do lábio inferior). 10. Distância física à qual se mantém em relação aos outros. 11. Velocidade e ritmo dos movimentos corporais. 12. Vestimenta (roupa, adornos, maquiagem) Cada um desses sinais transmite uma mensagem. As palavras são abstratas, próprias da linguagem. Em linguagem de computação são digitais, e o resto, analógico, por referir-se mais diretamente à experiência do indivíduo. 23 4.2 A Análise das Transações A Análise das Transações são trocas de estímulos e respostas entre Estados do Ego específicos de diferentes indivíduos. De modo geral, percebe-se que as transações acontecem sempre com uma interação, a de trocar carícias. (KERTÉSZ, 1987) Segundo Kertész (1987) o significado de “interação” seria melhor adequado em Português, para representar a “comunicação humana”, porém, o uso determinou o termo “transação”. É chamado de Transação por sua vez, pois foi observado que existe uma ação (estímulo) e uma reação (resposta). De acordo com Babcock e Keepers (1977), a Transação é uma troca de carícias que acontece entre dois ou mais indivíduos. Está se referindo que um indivíduo ao acariciar outra, a estimula a responder com outra carícia, realizando assim, uma Transação. Os indivíduos que estão ligados/juntos nas transações, fazem trocas de carícias por meio dos vários Estados de Ego. Os outros vetores (flechas) indicam a origem do estímulo (E), sua direção a um estado do Ego do receptor e a resposta (R). P P E R A A C C Os referidos autores colocam que a vantagem deste exemplo é que não importam quais sejam as mensagens (teor) transmitidas, mas de que parte do indivíduo elas originam-se, para onde elas se direcionam e com que parte são respondidas. Uma mesma mensagem é transmissível, assim como para o Estado de Ego Pai, para o Estado de Ego Adulto e/ou para o Estado de Ego Criança. As transações podem ser complementares, cruzadas ou ulteriores. 24 4.2.1 Transação Complementar A Transação Complementar ocorre quando a resposta é apropriada e esperada por quem emitiu o estímulo, partindo do Estado de Ego que foi estimulado. A regra da comunicação proposta por Berne: com as transações complementares, a comunicação poderá, em princípio, permanecer por tempo indeterminado, independente da sua natureza e conteúdo. (KERTÉSZ, 1987) O autor diz que se as transações são complementares, a comunicação continua indefinidamente até cumprir seu objetivo, sendo ele positivo ou negativo. Exemplos: A) Estímulo dirigido ao Estado de Ego Adulto pelo Estado de Ego Adulto: - Qual foi à cotação das ações da Petrobrás no pregão de hoje? Resposta no Estado de Ego Adulto para o Estado de Ego Adulto: - A cotação foi de R$ 27,50. B) Estímulo do Estado de Ego Criança para o Estado de Ego Criança: - Eu te amo! Resposta do Estado de Ego Criança para Estado de Ego Criança: - Eu também o amo! C) Estímulo do Estado de Ego Pai para o Estado de Ego Pai: - Esses jovens de hoje, não há quem os entenda... O que você acha deles? Resposta do Estado de Ego Pai para o Estado de Ego Pai: - Eles são diferentes mesmos... Que será que eles têm na cabeça? 25 D) Estímulo do Estado de Ego Criança para o Estado de Ego Pai: - Posso sair para tomar um cafezinho? Resposta do ego Pai para o ego Criança: - Pode, mas não demore. E) Estímulo do Estado de Ego Pai para o Estado de Ego Criança: -Traga-me um cafezinho. Resposta do Estado de Ego Criança para o Estado de Ego Pai: - Já Trago. 4.2.2 Transação Cruzada A Transação Cruzada também pode ser entendida quando o indivíduo ao regressar o estímulo daquele que começou a transação o fizer de modo inadequado ou também, pode ficar estabelecido que a resposta verbal do indivíduo, contudo seu comportamento externo como os gestos, indica ao receptor uma resposta cruzada. (CREMA, 1985) Para Steiner (1974), as Transações Cruzadas não só apenas cooperam para suspenderem a comunicação, mas também, é parte necessária para se tirar um indivíduo dos jogos psicológicos. Exemplos: a) Estímulo do Estado de Ego Adulto para o Estado de Ego Adulto: - Qual foi à cotação das ações da Petrobrás no pregão hoje? Resposta do Estado de Ego Criança para o Estado de Ego Pai: - Estou a fim de vender um lote de 10.000. se comprar de mim estará me ajudando. 26 b) Estímulo do Estado de Ego Pai para o Estado de Ego Pai - Qual foi à cotação das ações da Petrobrás no pregão hoje? Resposta do Estado de Ego Pai para o Estado de Ego Criança: -Porque não compra um jornal amanhã e verifique você mesmo? c) Estímulo do Estado de Ego Criança para o Estado de Ego Pai: - Posso sair para tomar um cafezinho? Resposta do Estado de Ego Adulto para o Estado de Ego Adulto: - Isso significa parar o trabalho por alguns minutos. d) Estímulo do Estado de Ego Pai para o Estado de Ego Criança: - Traga-me um cafezinho. Resposta do Estado de Ego Adulto para o Estado de Ego Adulto: -O café está custando R$ 6,00 o quilo. 4.2.3 Transação Ulterior A Transação Ulterior é complexa, pois envolve dois níveis diferentes de mensagens, o social que se refere ao explícito, aberto, geralmente verbalizado, que é representado por vetores contínuos, e o psicológico, implícito, secreto, oculto (debaixo/escondido), geralmente não-verbal. (CREMA, 1985) Para Steiner (1974), na Transação Ulterior a mensagem evidente está empregada no conteúdo, enquanto que a mensagem oculta é percebida devido à postura, a voz e conotação das palavras. Então, segundo o autor, é percebido que as transações ulteriores são camufladas para o Estado Ego Adulto, pois procuram o distrair para descobrir uma fragilidade ou um ponto fraco no Estado de Ego da Criança que corresponde a uma mensagem oculta. Nesse momento, compreende-se que as transações acontecem sempre com um propósito, a de trocar carícias, podendo assim, os indivíduos envolvidos optarem se seguem a conversa ou não. (STEINER, 1974) 27 Exemplos: a) Estimulo 1 do Estado de Ego Adulto para o Estado de Ego Adulto (social): - Este carro pode ser muito carro para você. Estímulo 2 do Estado de Ego Adulto para o Estado de Ego Criança (psicológico) - Porque você não pode digirí-lo. Resposta do Estado de Ego Criança ao Estado de Ego Adulto: - Compro. 4.3 Reforços Sociais ou Carícias De acordo com Kertész (1987), talvez este terceiro instrumento seja o de maior influência sobre o que constituem a Análise Transacional. Porque por parecer ser de uma grande simplicidade/naturalidade, está à essência do relacionamento das pessoas, é de simples entendimento quanto às relações entre as pessoas e a maneira de conviver. O autor fala que se você não é acariciado, sua espinha dorsal seca. Carícias são reforços/estímulos sociais vivenciados de pessoa para pessoa. Esta definição é atribuída não só para as pessoas (seres humanos), mas também para animais e vegetais. As carícias são maneiras/modos de trocas do organismo com o ambiente, que também provém, além dos reforços e/ou estímulos sociais, a energia e os nutrientes em forma de alimentos, água e oxigênio. Para Steiner (1974), a sociedade orienta/mostra as pessoas a reprimir o oferecer e receber carícias. Ela então se justifica que estes ensinamentos são passados por quaisquer situações que logo são guardadas na cabeça das pessoas. Entretanto, para Kertész (1987), a situação que a falta de carícia pode ser uma razão causadora de inúmeras doenças psicossomáticas, bem como, pode desencadear grandes retardos no desenvolvimento físico, cognitivo e emocional de uma criança. Para Woolams e Brown (1979), as carícias também podem ser divididas em carícias internas e externas. Carícias internas são as que fazem parte de um conjunto de carícias preservadas nas lembranças do indivíduo. Carícias externas 28 são aquelas recebidas de outras pessoas que realizam as necessidades de estimulação do indivíduo. 4.4 As Posições existenciais Para a AT, a posição existencial está fundamentada na importância que o indivíduo considera a si próprio, mesmo que em contato com outros indivíduos ou quando estabelecido um paralelo entre ambos. (KERTÉSZ, 1987) De acordo com Harris (1969), para a AT existem quatro tipos de posições existenciais de vida, que são elas: 1) Eu não estou Ok – Você é Ok. 2) Eu não sou Ok – Você não Ok. 3) Eu sou Ok – Você não é Ok. 4) Eu sou Ok – Você é Ok. Para o referido autor, as posições existenciais são eleitas e estabelecidas de acordo com o indivíduo ter ou não ter estímulos. Estímulos estes que se estendem e se voltam ao mesmo indivíduo, contudo, podendo ser modificados (as) em qualquer momento de sua vida. 1) Eu não sou Ok – Você é Ok: Os indivíduos têm sentimentos de incapacidade e dependência dos outros. 2) Eu não sou Ok – Você não é Ok: O indivíduo pára de se desenvolver, pois se fixou na idéia de que sua procura por estímulos positivos é frustrada e passa a acreditar que ela é inexistente, e que também é incapaz de conseguir carícias positivas. 3) Eu sou Ok – Você não é Ok: A criança aprende a se “auto-consolar”. Depois de tanta violência (surras) de pais que antes eram Ok, a criança muda sua posição em relação aos outros. 4) Eu sou Ok – Você é Ok: O indivíduo é capaz de obter inúmeras informações que estão além das outras posições que são inconscientes. 29 4.5 Estruturação do Tempo De acordo com Kertész (1987), Berne então descreve que a necessidade do ser humano de organizar seu tempo livre é apoiada na sua fome de estímulos, que é proveniente da importância de receber estímulo físico e psicológico. Diante disso, o autor enfatiza sete formas de fome, que são as seguintes: 1) A fome de estímulo 2) A fome de reconhecimento 3) A fome de estruturação de tempo 4) A fome de posição existencial 5) A fome de acontecimentos novos seguidos 6) A fome de sexo 7) A fome de liderança Ainda baseado em Kertész (1987), vale ressaltar a fala de Eric Berne, a respeito de como que as pessoas planejam seu tempo, que intervém em seis partes: 1) Isolamento 2) Rituais 3) Atividades 4) Passatempos 5) Jogos Psicológicos 6) Intimidade Por isso, é notável que a vida das pessoas é muito influenciada de maneira que elas dispõem de seu tempo ou como satisfazem sua fome de carícias. (KERTÉSZ, 1987) 30 4.6 Jogos Psicológicos Para Kertész (1987), os Jogos Psicológicos são sucessões de transações que levam os indivíduos a um jogo com estratégias de manipulação, visando obter recompensas. Os indivíduos envolvidos no jogo psicológico se vinculam em dois níveis. Segundo o autor, o nível social que é estabelecido como sendo consciente, e moralmente admissível, e; o nível psicológico que é inconsciente, podendo ser censurado moralmente. Portanto, é esclarecido que o jogo tem princípio quando o nível psicológico dos envolvidos se informa de maneira que se igualam os níveis psicológicos de um e de outro. Ainda em Kertész (1987), diante disso, Berne propõe uma fórmula que é a seguinte: Isca + Fraqueza Resposta Mudança Benefício final 1) Isca: parte oculta, inconsciente, ulterior, do estímulo inicial. 2) Fraqueza: é a parte disposta do outro. 3) Resposta: aqui o homem responde a “isca”, fisgado em sua fraqueza, e se insinua sexualmente, por exemplo. 4) Mudança: o primeiro participante, no caso, a mulher provocada, muda de repente de Estado de Ego. 5) Benefício final: o que cada indivíduo conseguiu no final foi o disfarce ou componente emocional final. Além desses discutidos, existe também o chamado Triângulo Dramático de Karpman, que é uma das formas de representar os jogos. Seus três papéis são: o Perseguidor, o Salvador e a Vítima. 31 P S P: Perseguidor S: Salvador V: Vítima V As flechas mostram há mudança de papéis, quando ela(s) se manifesta(m). Esses papéis são distorções de papéis reais e autênticos, que também se manifestam na vida real dos indivíduos. (KERTÉSZ, 1987) - Perseguidor: manipula inspirando o medo. - Salvador: manipula fazendo chantagem ou suborno. - Vítima: manipula inspirando a culpa. De acordo com Woolams e Brown (1979), o Triângulo Dramático é focalizado evidentemente, que as posições são de enganações e de jogo. Triângulo Dramático pode se analisar/observar as posições de engano e/ou fraude e jogo psicológico que um indivíduo se envolve ao participar do jogo. Também afirma que nos jogos psicológicos, os indivíduos podem tomar para si mesmos a posição de Perseguidor, Salvador e Vítima, e, contudo, jogá-las transferindo de posição constantemente. 4.7 Emoções Autênticas e Substitutivas ou Disfarces Kertész (1987) coloca que uma das grandes contribuições de Berne foi a de dividir as emoções em duas classificações, as emoções autênticas (criança natural) e emoções substitutivas ou disfarces (criança adaptada, submissa, rebelde). De acordo com o autor, esta mudança emocional está ligada às “crenças” e aos pontos de referência da família, pois cada família tem seus padrões de conduta conscientes ou não sobre quais emoções se pode evidenciar, experimentar. 32 Para Babcock e Keepers (1977) a criança desde seu nascimento começa a conhecer, aprender, então começa a expor seus pensamentos/sentimentos na forma natural dela ser, e ao manifestar suas carências essenciais, estando elas supridas ou não. A criança, já logo no decorrer do desenvolvimento (próximo de um ano de idade), aprende as emoções autênticas que cinco são elas: medo, raiva, alegria, tristeza e amor (afeto). (BABCOCK E KEEPERS, 1977). 4.8 O Argumento e as Metas de Vida Para Kertész (1987), o argumento de vida é um “instrumento” programado e concebido, sendo ele desenvolvido na infância do indivíduo, baseado nas influências parentais, ou mesmo, é esquecido ou reprimido. O argumento é questionável, sendo assim, corresponde às interrogações necessárias da existência do indivíduo. “Quem sou eu?” “Que faço nesse mundo?” “Quem são essas pessoas?” (KERTÉSZ, 1987). Diante disso, é percebido pelo autor, que há um significado de identidade para o indivíduo, podendo usá-lo de maneira positiva, ou mesmo exercendo sua “Criança Natural” ou se “Adaptando” do mesmo modo quando era criança. De acordo com Goulding e Goulding (1985), todos os indivíduos têm um argumento de vida, porque todos receberam educação familiar, escolar e social. O roteiro de vida de vida, de acordo com os referidos autores, é mais bem compreendido como um “Script”, sendo dramatização pelos e/ou por indivíduos que representam. Aliás, o roteiro familiar faz uma relação de “analogia” aos hábitos e probabilidades passadas a cada um dos membros da família, havendo influências, do mesmo modo com que são repassadas de geração em geração. 33 4.9 Miniargumento De acordo com Kertész (1987), o miniargumento corresponde a um modelo de comportamento do indivíduo que pode ser observável. O autor justifica que este comportamento aparece de mensagens internas que contra-argumentam uma posição existencial, que é benéfica e conveniente, influenciando o indivíduo a percorrer para uma posição existencial. Resultando dessa forma, um prosseguimento do argumento de vida. Conforme o autor, as mensagens impulsoras guardadas pelo indivíduo quando pequeno (criança) por meio de palavras, frases, expressões faciais e etc., que inspiraram à criança uma imagem (reprodução) de como contra-argumentar ou instigar seu argumento de Vida. Havendo então cinco impulsores que dão início ao comportamento inadequado, que são eles: 1. Seja Perfeito Ou então: “Você está Ok 1. For perfeito enquanto...” 2. Seja Forte Ou então: “Você está Ok 2. For forte enquanto...” 3. Apressa-te Ou então: “Você está Ok 3. Andar depressa enquanto...” 4. Agrade sempre Ou então: “Você está Ok 4. Agradar enquanto...” 5. Esforça-te mais Ou então: “Você está Ok 5. Tentar e tentar enquanto...” (KERTÉSZ, 1987) Ainda que estes conselhos parentais sejam supostamente apreciados e socialmente apreciados e socialmente admissíveis, na condição real eles são prejudiciais, porque deixam uma confusão nos pensamentos, sentimentos e ações do indivíduo. (KERTÉSZ, 1987) 34 4.10 Dinâmica dos Grupos De acordo com Eric Berne (1963, apud KERTÉSZ, 1987, p. 148) “o grupo é qualquer agregação social com um limite externo, e pelo menos um limite interno”. O autor apresenta que para Limite Externo percebe-se o que divide e/ou distingue dos indivíduos que fazem parte do grupo, e aqueles que não são do grupo. O Limite Interno é aquele que distingue o líder ou líderes de um determinado grupo. Para Kertész (1987) tanto os limites externos como internos são classificados seguinte maneira: 1) A estrutura grupal 2) As divisões geográficas e físicas 3) Aos aspectos psicológicos O autor considera também que para estudar a dinâmica de um grupo se faz necessário três aspectos essenciais, que são eles: A) O aparato externo: diz respeito aos indivíduos do grupo que determinam a relação com o meio exterior. B) O aparato interno: diz respeito aos indivíduos que impõem limites internos para a conservação do grupo e/ou de um grupo. C) A liderança: a autoridade do grupo sustenta-se em dois elementos básicos: o cânon e a liderança. O cânon é descrito como um conjunto de influências tradicionais, escritas ou não, que dominam/comandam as ações e as atitudes de um grupo. Liderança, pela posição (seu posicionamento) organiza/orienta, impondo ordens específicas a um grupo, para alcançar objetivos. Então, conforme Kertész (1987), Eric Berne separa a liderança como que: a) O líder responsável, aquele que toma para si uma posição formal assim, agindo e influenciando no Estado de Ego Pai. b) O líder afetivo é o que pega para ele as obrigações, responsabilizando-se e exercendo o Estado de Ego Adulto. 35 c) O líder psicológico é o que exerce a função de maneira carismática com os indivíduos do grupo, praticando seu Estado de Ego Criança. 36 5 AS QUATRO POSIÇÕES EXISTENCIAIS De acordo com Harris (2003), as posições existenciais são as seguintes: 1. Eu não estou Ok – Você está Ok. 2. Eu não estou Ok – Você não está Ok. 3. Eu estou Ok – Você não está Ok. 4. Eu estou Ok – Você está Ok. 1ª - Eu não estou Ok – Você está Ok: está é uma posição que se estende a tudo e a todos da primeira infância, sendo que é uma dedução coerente que a criança (bebê) faz do nascimento e da sua própria infância. Diante disso, permanece um Ok que é positivo nesta posição, porque o estímulo está presente. A criança é estimulada no primeiro ano de vida pelo inocente ato de ter que ser carregada (o) no colo para que se cuide dela. Mas também há um Ok negativo, que é a dedução a respeito de si mesma. São acontecimentos que evidenciam o cúmulo de sentimentos Não Ok na criança que se torna coerente (com nexo), pois são certezas fundamentadas e afirmadas para ela (criança) de que ela é Não Ok, e isso, a respeito de si mesma. (HARRIS, 2003) 2ª - Eu não estou Ok – Você não está Ok: no fim do primeiro ano do bebê, acontece algo de grande importância e essencial para o bebê, ele começa a andar, é não terá mais que ser colocado (a) e carregado (a) no colo. Para a criança fica claro que seus dias de bebê acabaram. Onde acontece menor contato físico (mãefilho), além disso, a criança está andando sozinha e começa principalmente as quedas, tombos, ferimentos, arranhões, tudo isso, porque está iniciando uma nova fase da criança, que já se locomove sem ajuda da mãe. Dando continuidade a esses acontecimentos à criança logo conclui que “Eu não estou Ok – Você não está Ok”. (HARRIS, 2003) 3ª - Eu estou Ok – Você não está Ok: uma criança que está Ok e que sofre agressão dos pais constantemente, logo, irá substituir o Ok para outra posição existencial de vida que é a “Eu estou Ok – Você não está Ok”. A criança com esta posição de certo modo protege sua vida, que por desventura, para ela mesma e 37 para os grupos onde está inserida. Contudo, ela impossibilita a si mesma de ser objetiva a respeito de sua própria cumplicidade com o que lhe acontece. Essa posição é “Eu estou Ok – Você não está Ok”, onde é jogada toda a culpa nos outros ou neles todos. (HARRIS, 2003) 4ª - Eu estou Ok – Você está Ok: esta última posição é onde está toda uma expectativa. Entre a posição “Eu estou Ok – Você está Ok” e as posições anteriores existem grandes divergências entre ambas. Porque as três primeiras posições são inconscientes. Onde a posição quarta de “Eu estou Ok – Você está Ok” veio primeiro e permanece na maioria das pessoas por toda a sua vida. Para algumas crianças que são mais desfavorecidas, esta posição foi mudada para a posição 2 (Eu não estou Ok – Você não está Ok) e 3 (Eu estou Ok – Você não está Ok). Por volta do terceiro ano de vida, uma dessas posições é estabelecida em todas as pessoas. A definição quanto à posição tomada poderá ser uma das primeiras funções do Estado de Ego Adulto da criança, em uma pretensão para comparar um sentido “uma direção” à vida, dela própria. A posição “Eu estou Ok – Você está Ok”, por ser uma determinação (ação) verbal e consciente, pode-se abranger não só uma quantidade infinita de instrução “informação”, como também a si própria e as outras pessoas. Entretanto, as três primeiras posições são sentimentos. A quarta posição é fundamentada no pensamento. fundamentadas em 38 6 CONCLUSÃO Ao findar este Trabalho de Conclusão de Curso – TCC foram obtidas respostas quanto a alguns questionamentos pertinentes existentes de acordo com a teoria de Análise Transacional. A AT tem por objetivo uma linguagem fácil e simples de compreensão, que são ligadas com os Estados do ego, sendo eles: o Pai, o Adulto e a Criança. A AT tem como conhecimentos fundamentais e necessários os estados de ego, as transações, os jogos psicológicos, o roteiro de Vida e as posições de Vida. Proporcionando assim, transformação/modificação do roteiro de Vida de um indivíduo, isso, contudo, é o objetivo central da AT, trabalhos realizados individuais ou grupais. De acordo com a AT, as influências (convívio) entre as pessoas são chamadas transações. Transações são designações dadas às interações sociais e familiares do indivíduo. São conjuntos que se dão a um segmento, sendo elas as transações. A AT é embasada em instrumentos que tentam compreender a base do comportamento e dos sentimentos adquiridos e construídos a partir destas transações. Por fim, conclui-se que o trabalho realizado, possibilitou um aprimoramento do conhecimento teórico em relação à Análise Transacional. Embora a base bibliográfica dessa abordagem ainda seja um tanto escassa, pôde-se obter o alcance das expectativas iniciais. 39 REFERÊNCIAS BABCOCK, D.E.; KEEPERS, T.D. Pais Ok. Filhos Ok. Artenova: Rio de Janeiro, 1977. BARRETO, Roberto Menna. Análise Transacional e Caráter Social. 3ª Ed. São Paulo: Summus, 1983. 227 p. BERNE, Eric. Análise Transacional em Psicoterapia. São Paulo: Summus, 1985. 242 p. ______. O que você diz depois de dizer Olá? A psicologia do destino. Nobel: São Paulo, 1988. 357 p. ______. Os jogos da vida: Análise Transacional e o relacionamento entre pessoas. Artenova: São Paulo, 1979. 174 p. CREMA, Roberto. Análise Transacional Centrada na Pessoa... e mais além. 4ª Ed. São Paulo: Ágora, 1985. 308 p. GOULDING, Mary McClure. GOULDING, Robert L. Ajuda-te pela Análise Transacional. 4ª Ed. São Paulo: Ibrasa, 1985. 301 p. HARRIS, Thomas Anthony. Sempre Ok. 3ª Ed. Rio de Janeiro: 1985. 249 p. ______. Eu estou ok, você está ok. Rio de Janeiro: Record, 2003. 268 p. ______. Eu estou ok. Você está ok: um guia prático para sua auto-análise. Record: Rio de Janeiro, 1969. 268 p. JAMES, Muriel. Um novo Eu: autoterapia pela Análise Transacional. São Paulo: Ibrasa, 1982. 355p. KERTÉSZ, Roberto. Análise Transacional ao vivo. 4ª Ed. São Paulo: Summus, 1987. 40 KRACK, M; NASIELSKI, S.; GRAAF, V. Introdução a Análise Transacional: métodos de aplicação em serviço social e em psicologia clínica. Manole: São Paulo, 1984. MINICUCCI, Agostinho. Análise Transacional pela imagem. Moraes: São Paulo, 1992. STALLARD, Paul. Guia do Terapeuta para os bons pensamentos–bons sentimentos: Utilizando a Terapia Cognitivo-comportamental com crianças e adolescentes. Artimed: Porto Alegre, 2004. 210 p. STEINER, C. Os papéis que vivemos na vida. Artenova: Rio de Janeiro, 1974. WOOLAMS, Stan. BROWN, Michael. Manual Completo de Análise Transacional. São Paulo: Cultrix, 1979.