Departamento de Física da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa Mecânica A 2008/09 _____________________________________________________________________________________________ MOVIMENTO CIRCULAR UNIFORME – Força centrípeta 1. Objectivo Verificar a relação entre a força responsável pelo movimento circular, a velocidade e o raio da trajectória. 2. Introdução r Uma partícula sujeita à acção de uma força resultante F não nula descreve uma r trajectória curvilínea se esta força for não colinear com a velocidade v da partícula. Nestas r condições, a aceleração é não colinear com v e pode ser decomposta numa componente paralela r à velocidade, tangente à trajectória e responsável pela variação do módulo de v , e uma normal à velocidade que será responsável pela mudança de direcção desta. r r duv r r dv r r dv d r a= = ( v uv ) = uv + v = aT + aN dt dt dt dt r r r duv r onde u v é um vector unitário paralelo a v . Pode mostrar-se que é perpendicular a uv dt r r r r du v r du v 1 d (u v ⋅ u v ) 1 d (1) r uv ⋅ = = = 0 ⇒ uv ⊥ dt dt dt 2 2 dt logo, dv r dv r r aT = dt uv ⇒ aT = dt r 2 ar = v duv ⇒ ar = v N N dt R r Nota: O resultado para duv dt é geral, representando R o raio de curvatura da trajectória em cada ponto. Pode facilmente ser demonstrado para um movimento circular (movimento plano r r r r r com R = constante): duv dt = d (sin θ u x + cos θ u y ) dt = (cosθ u x − sin θ u y ) dθ dt , com θ= l dθ 1 dl v ⇒ = = , em que l representa o comprimento do arco que subtende o ângulo R dt R dt R θ. As componentes das forças que actuam na partícula são assim: Movimento circular uniforme r dv FT = m dt r v2 FN = m R r Define-se movimento circular uniforme como um movimento uniforme ( v = constante), em que a trajectória descrita é circular. Assim, a velocidade varia em direcção e sentido, sendo não nula a componente da aceleração normal à velocidade. Para que um corpo tenha este tipo de movimento, a resultante das forças que nele actuam é não nula, normal à trajectória e aponta para o interior desta (força centrípeta) r v2 FN = m = mω 2 R R onde ω representa a velocidade angular do corpo: ω = dθ dt = v R . 3. Para resolver antes da aula de realização do trabalho 1) O que é um movimento uniforme? 2) Represente as forças a que fica sujeito o corpo m no seu movimento circular. 3) Qual é a velocidade linear de um corpo que roda com uma frequência de 100 rotações por minuto no extremo de um fio de 40 cm? 4) Qual é o período T de um movimento circular uniforme com velocidade angular ω ? 5) Se m = A e A e R forem medidos com uma precisão ∆A e ∆R respectivamente, qual é R o erro ∆m associado a m ? 4. Realização experimental Material: sistema experimental, Datastudio, voltímetro, régua, fita métrica, balança. Neste trabalho vai estudar o movimento circular uniforme de um corpo de massa m. O esquema da montagem está representado na figura. Sensor de força m 2(4) Movimento circular uniforme Um motor de velocidade regulável permite imprimir a um corpo de massa m, preso na extremidade de um fio, um movimento de rotação com velocidade angular constante. A força responsável por este movimento, devida à tensão do fio, é medida por um sensor de força ao qual o fio está ligado. Este sensor de força opera numa gama de – 50 N a + 50 N o que corresponde, à saída, a diferenças de potencial entre – 8 V e + 8 V. Contudo, na presente experiência nunca serão aplicadas ao corpo velocidades que originem respostas do sensor de força superiores, em valor absoluto, a 0.3 V. Um detector de presença de objectos, ligado à interface de um computador, permite medir o período do movimento circular cujo valor é registado utilizando o “software” adequado (DataStudio, opção sensor: temporizador da fotoporta). 1. Ligue o sensor de força à fonte de alimentação e regule, com a ajuda de um multímetro, o valor da tensão de alimentação do sensor para 12 V. Uma vez feito este ajuste deve retirar o multímetro. 2. Ligue a saída do sensor de força ao multímetro o que lhe permitirá, posteriormente, medir a resposta do sensor e obter o valor da força responsável pelo movimento. Para conhecer o valor da força deve usar a relação 8 V ÅÆ 50 N. 3. Determine a massa, m ± ∆m , e a altura, h ± ∆h , do cilindro que vai descrever um movimento circular uniforme. 4. Meça o comprimento do fio esticado, L ± ∆L , e determine o raio R ± ∆R da trajectória que irá ser descrita pelo corpo. ATENÇÃO! – Antes de ligar o interruptor do controlo do motor, certifique-se de que o potenciómetro está na posição correspondente à velocidade mínima e, depois de ligado, aumente gradualmente a velocidade de rotação até ao valor pretendido. Do mesmo modo, antes de desligar o motor, reduza a sua velocidade. COM O MOTOR LIGADO NUNCA COLOQUE AS MÃOS DENTRO DA REGIÃO PROTEGIDA! 5. Com o interruptor de controlo do motor desligado carregue no botão “tare” do sensor de força para ajustar o zero da força. 6. Utilizando o motor ponha o corpo a rodar. Não aplique ao corpo velocidades que originem respostas do sensor de força superiores, em valor absoluto, a 0.3 V. Utilizando o software adequado inicie a aquisição de 10 valores do período T do movimento. Seleccione as opções que lhe permitam conhecer automaticamente o valor 3(4) Movimento circular uniforme médio, máximo e mínimo do período do movimento. Registe o valor médio do período do movimento e o desvio máximo em relação à média, T ± ∆T . Registe o ponto médio do intervalo de valores da resposta V do sensor de força e o valor dos desvios, V ± ∆V . 7. Repita os passos 4 e 5 para nove valores da força de tensão diferentes, e.g. de 0,300 V a 0,060 V em passos de 0,030 V no multímetro. 8. O raio do movimento circular pode ser regulado, alterando a posição do ponto de suspensão do fio ligado ao corpo. Para um valor diferente do raio da trajectória repita o procedimento descrito nos passos 3 a 6. 9. Construa uma tabela com os valores experimentais (V, T) tendo o cuidado de indicar a precisão com que são medidos. Utilizando o factor de conversão 8 V ÅÆ 50 N pode, a partir dos valores da resposta V, conhecer a força F de tensão no fio, que regista numa nova coluna da mesma tabela. Noutra coluna calcule os valores ω 2 . 10. Construa um gráfico onde relaciona a força centrípeta com o quadrado da velocidade angular para os dois valores do raio da trajectória do corpo. A partir desse traçado escreva a expressão que traduz a relação entre aquelas grandezas. 11. Obtenha para cada raio da trajectória o valor da constante que aparece na expressão que escreveu anteriormente e a respectiva incerteza e deduza valores para m ± ∆m . Compare esse valor com a medida experimental directa da massa do corpo. 12. Foram alcançados os objectivos a que nos propusemos? Justifique a sua resposta. 4(4)