ANEXO I O COFECON e os Conselhos Estaduais se propõem a discutir com os candidatos, de forma isenta e construtiva: Papel do Estado na Economia Há uma grande controvérsia entre os dirigentes políticos em relação ao papel que o Estado deve desempenhar na dimensão econômica nas sociedades contemporâneas. 1. Considera V. Sa. que o Governo tem papel importante no desenvolvimento do país? 2. Acredita que o neoliberalismo do Consenso de Washington constitui a causa dos maus resultados da economia brasileira após 1980? 3. Aceita a tese de que o Consenso de Washington original foi um fato histórico, não tendo, porém, reconhecido a conveniência de se ajustar as instituições dos países subdesenvolvidos às necessidades do crescimento econômico, tal como alegam os defensores do Consenso de Washington Ampliado? 4. Considera que o Banco Central deve ser utilizado para favorecer as políticas de desenvolvimento do país, ou que para conter a inflação deve adotar medidas mesmo que essas interfiram negativamente com o desenvolvimento? 5. Que papel cabe ao BNDES na política econômica nacional? 6. Concorda que o Governo deva suplementar seus recursos sempre que seja necessário, mesmo que isso signifique elevar a dívida pública? 7. O BNDES está agindo corretamente ao cobrar juros inferiores à taxa selic? Velocidade do Crescimento Nos últimos quatro anos o Brasil registrou aceleração no seu crescimento econômico passando da taxa de incremento do PIB da média de pouco mais de 2% para algo em torno de 4% nos últimos cinco anos. 8. Julga a taxa de 4% ou 5% satisfatória, se nas três décadas posteriores à Segunda Guerra Mundial o país cresceu ao ritmo anual de 7%? 9. Se concorda, o que dizer da comparação dessa taxa com o que presentemente os países asiáticos – dotados de condições muito inferiores às nossas em termos de crescimento – apresentam, entre 9% e 11% ao ano, chegando algumas vezes a 14%? Relatório recente do Banco Mundial (The Growth Report – Strategy for Sustained Growth and Inclusive Development – Banco Mundial, Washington 2008) afirma que, para o Brasil eliminar seu atraso econômico em 40 anos, sua renda per capita deve crescer anualmente 4,3%, o que, levando em conta a expansão demográfica, significa incremento anual do PIB entre 5,0 e 5,5%. 10. Acha que esse prazo pode ser aceito sem graves riscos para o país em termos econômicos, políticos e sociais? 11. No presente ano espera-se incremento do PIB em torno de 7%. Considera ser isso uma tendência que se manterá nos próximos anos? Inflação e Crescimento Econômico Importante grupo de analistas (e parece também ser esta a opinião dos responsáveis pelo Banco Central) afirma que qualquer incremento do PIB acima de 5% gera irresistíveis pressões inflacionárias devendo, portanto, o Governo intervir para evitar que esse limite seja ultrapassado. Gostaríamos de conhecer sua posição a respeito, sobretudo considerando que países como a China vêm crescendo a taxas anuais em torno de 9% com inflação não superior a 5%, taxa considerada aceitável no Brasil. 12. Considera razoável que o Brasil registre uma das taxas de juros mais elevadas do mundo quando, diante da crise atual, a maioria dos países baixou drasticamente suas taxas tornando-as mesmo negativas em termos reais? 13. Acredita que a inflação possa ser contida utilizando-se outros meios, como políticas de renda que constituíram uma das bases do Plano Real? 14. Concorda com a sugestão de que nossas metas de inflação deveriam ser substituídas por metas de desenvolvimento? Prevalece hoje a regra, na política econômica brasileira, de que se deve procurar o crescimento mais rápido possível desde que isso não comprometa as metas de inflação. 15. Não seria mais lógico, para um país subdesenvolvido, adotar a regra de se procurar inflação tão baixa quanto possível, desde que isso não comprometa as metas de desenvolvimento? Estrutura Econômica Estudos acadêmicos e depoimentos de empresários vêm denunciando o fato de que o Brasil está sendo vitimado pela “doença holandesa”, que prioriza setores de “commodities” agrícolas e industriais em detrimento de setores com mercados dinâmicos, alto valor adicionado por trabalhador e tecnologia avançada. 16. Considera que essa tendência realmente existe, e no caso de resposta positiva, que proposta tem para corrigi-la? 17. Aceita, como afirmam alguns, que a sobrevalorização da taxa de câmbio (uma das causas da doença holandesa) decorre, em boa parte, da entrada no Brasil de capital especulativo? 18. Concorda com a afirmação que se está sendo utilizado nessas entradas o “carry over”, ou seja, a tomada de empréstimos em países de juros baixos para aplicálos no Brasil? 19. Caso aceite essas críticas como se propõe contornar o problema? Nas negociações da Rodada de Doha da OMC, o Brasil está aceitando trocar redução de tarifas aduaneiras sobre nossas exportações agrícolas por redução das tarifas que cobramos sobre as importações de manufaturados. 20. Na sua avaliação não estaremos com isso agravando a doença holandesa que vitima o país? Mercado Interno e Mercado Externo Uma das explicações propostas para o fato de a crise mundial ter afetado relativamente pouco o Brasil é que isso foi o resultado de políticas redistributivas e de maiores facilidades de crédito para as classes C e D. Passou-se, assim, a valorizar o mercado interno como base principal do desenvolvimento econômico. 21. Acredita que o país possa basear sua política de eliminação do atraso econômico fundamentalmente no mercado interno? 22. Caso considere importante o mercado externo até que ponto acredita que nossas exportações estão sendo dificultadas pela sobrevalorização cambial? Empresas brasileiras vêm se queixando das importações de origem chinesa, alegando estar aquele país levando adiante um tipo de concorrência desleal (“unfair” na terminologia inglesa) com base em baixos salários e condições precárias proporcionadas à sua mão de obra (em termos de horas e dias de trabalho, férias reduzidas etc). 23. Concorda com essas alegações? 24. No caso de resposta positiva que providências propõem-se a tomar? São freqüentes as críticas de estarem os resultados do MERCOSUL bem aquém do esperado. 25. Concorda com isso? 26. Tem alguma proposta para contornar o problema? Até pouco tempo atrás foi discutida a proposta de se criar uma área de livre comércio abrangendo todos os países das Américas, ou seja, transformar a NAFTA em área de livre comércio abrangendo todo o continente (a ALCA). 27. Qual sua opinião sobre essa proposta? Capital Estrangeiro e Desenvolvimento As grandes entradas no Brasil de capital de curto prazo vêm sendo criticadas como sendo de tipo essencialmente especulativo e constitui uma das causas básicas da sobrevalorização do real. 28. Aceita essa crítica? 29. No caso de reposta positiva, como colocá-las sob controle (quarentena, impostos na entrada, prazo mínimo de permanência etc.)? Trabalhos recém publicados afirmam que as grandes entradas de investimento estrangeiro direto não estão beneficiando o país por não resultarem em elevação da taxa de investimentos sobre o PIB. Ou seja, estão apenas substituindo (“crowding out”) o capital nacional. Gostaríamos de ter sua opinião sobre esse ponto. A literatura sobre o desenvolvimento aceita o aspecto positivo do investimento estrangeiro, mas, afirma que ele não deve impedir o surgimento de empresas de capital nacional em setores dinâmicos, de alta tecnologia e elevado valor adicionado por trabalhador. No Brasil isso aconteceu, por exemplo, no setor automobilístico onde empresas como a Gurgel e Vemag não sobreviveram. 30. Acredita que o problema existe? 31. O que fazer para que não se repita no futuro? Finanças Públicas Há praticamente um consenso de que os impostos são excessivos no Brasil e de incidência altamente regressiva. 32. Concorda com esta avaliação? 33. O que pretende fazer a respeito? Os países desenvolvidos fortemente afetados pela atual crise começam a desativar as medidas de estímulo à economia, passando a valorizar o equilíbrio fiscal. Críticos do peso de Krugman e Stiglitz (ambos prêmio Nobel de Economia) têm considerado isso um erro porque pode levar ao agravamento da crise atual. Para eles o equilíbrio fiscal deve ser objetivo de longo prazo. Em condições recessivas, os déficits são mesmo recomendáveis. 34. Qual sua opinião a respeito? Situação Cambial Até recentemente o Brasil vinha registrando grandes superávits comerciais que proporcionavam, inclusive, balança de transações correntes superavitárias. O que já não ocorre hoje. 35. Considera essa evolução negativa? 36. No caso de resposta positiva especifique as providências que pretende adotar.? 37. Na sua avaliação, até que ponto a sobrevalorização da taxa de câmbio é responsável por essa tendência? 38. Acredita que, a prazo médio, em função das grandes demandas dos países asiáticos essa situação possa ser modificada pela volta ao aumento nos preços das “commodities”? 39. Não estaríamos nesse caso diante do agravamento da “doença holandesa”? Meio Ambiente Deve-se reconhecer realisticamente que o desenvolvimento econômico tem inevitáveis impactos negativos sobre o meio ambiente que devem, na medida do possível, ser evitados ou minorados. 40. Acredita que preocupação excessiva com o meio ambiente possa constituir sério obstáculo ao crescimento econômico? A posição sobre o problema de qualquer futuro governante do país é importante e deve ser especificada. A ausência de uma posição clara a respeito tem atrasado, ou mesmo comprometido iniciativas importantes para o desenvolvimento econômico. 41. Qual sua posição a respeito? Desenvolvimento Regional Especialistas afirmam que o Brasil apresenta uma grande desigualdade entre suas regiões em relação à distribuição espacial da renda. 42. Concorda com esta afirmação? 43. As políticas públicas atuais têm buscado enfrentar este problema? 44. Caso não, o que deveria ser feito?