CENTRO ALPHA DE ENSINO ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE HOMEOPATIA LUCIANO CARRASCO DOS SANTOS ENXAQUECA E HOMEOPATIA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA SÃO PAULO 2013 LUCIANO CARRASCO DOS SANTOS ENXAQUECA E HOMEOPATIA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Monografia apresentada a ALPHA/APH como Exigência para obtenção do título de especialista em Homeopatia. Orientador: Mário Sérgio Giorgi SÃO PAULO 2013 Santos, Luciano Carrasco dos Enxaqueca e Homeopatia: Revisão Bibliográfica Luciano Carrasco dos Santos, São Paulo, 2013. xxf., 30cm ; il. Monografia – ALPHA / APH, Curso de Pós Graduação em Homeopatia. Orientador: Mário Sérgio Giorgi 1. Homeopatia 2. Neurologia 3. Enxaqueca I. Título DEDICATÓRIA Dedico este singelo trabalho, Aos meus pais Mônica e Abdorá (In Memoriam), a minha esposa Sania e ao meu filho Arthur. Aos meus pacientes, que todos os dias são meus melhores professores. AGRADECIMENTOS Agradeço, humildemente, A Deus, por sua criação perfeita: o Universo e tudo nele contido, À minha família, pela paciência e compreensão. A meus colegas de curso de especialização, pelas experiências trocas. Ao meu orientador, Prof. Mário Giorgi, pela dedicação e bom humor. À Renata, bibliotecária, pela cooperação e boa vontade. Aos funcionários da APH, pelo apoio e suporte durante o curso. "Tem coisa que eu deixo passar. Não vale a pena. Tem gente que não vale a dor de cabeça. Tem coisa que não vale uma gastrite nervosa. Entende isso? Não vale. Não vale dor alguma, sacrifício algum." Cazuza (1958 – 1990) RESUMO Enxaqueca é o segundo tipo de cefaléia primária mais comum As enxaquecas prejudicam a qualidade de vida, afetando o trabalho, estudo e lazer, muitas vezes por toda a vida do paciente .Os medicamentos indicados em seu tratamento apresentam um custo importante e geralmente há a associação de analgésicos antiinflamatório e drogas profiláticas de diferentes classes com um controle , frequentemente apenas parcial das crises. O presente trabalho faz uma revisão bibliográfica a respeito de 10 medicamentos homeopáticos mais utilizados no tratamento homeopático da enxaqueca, que são: Gelsemium sempervirens, Belladona, Sanguinaria, Iris versicolor, Natrium muriaticum , Ignatia amara, Sepia succus, Spigelia anthelmica , Chamomilla e Argentum nitricum. Ainda, ressalta a Homeopatia como alternativa clínica no controle desta enfermidade. Palavras-chaves: Homeopatia; Cefaléia; Enxaqueca. ABSTRACT Migraine is the second most common primary headache Migraines affect the quality of life, affecting work, study and leisure, often for the life of the patient. Drugs indicated in their treatment have an important cost and generally there is an association analgesic anti-inflammatory and prophylactic drugs of different classes with a control, often only partial seizure.The present work is a literature review about 10 homeopathic remedies most used in the homeopathic treatment of migrine, especially related to age, which are: Gelsemium sempervirens, Belladona, Sanguinaria, Iris versicolor, Natrium muriaticum , Ignatia amara, Sepia succus, Spigelia anthelmica , Chamomilla e Argentum nitricum Still, says homeopathy as an alternative clinic in controlling this disease. Keywords: Homeopathy; Headache, Migraine. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS OMS......................................................................... Organização Mundial da Saúde SNC.....................................................................................Sistema Nervoso Central T.C................................................................................tomografia computadorizada R.N.M.........................................................................ressonância nuclear magnética L.C.R....................................................................................líquido cefalorraquidiano SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................11 2 PROPOSIÇÃO .......................................................................................................12 3 REVISÃO DE LITERATURA ..................................................................................13 3.1 Cefaléias..........................................................................................................13 3.1.1 Classificação ............................................................................................15 3.1.2 Diagnóstico – Anamnese e Exame Físico................................................16 3.1.3 Sinais de alerta.........................................................................................22 3.2 Enxaqueca – Epidemiologia e Fisiopatologia ..................................................15 3.2.1 Classificação e quadro clínico....................Erro! Indicador não definido.6 3.2.2 Tratamento..............................................................................................228 3.2.3 Prevenção Medicamentosa ...................................................................260 3.3 Homeopatia e seus fundamentos ...................................................................33 4 METODOLOGIA.....................................................................................................37 5 RESULTADOS .......................................................................................................38 5.1 Medicamentos homeopáticos e suas similaridades com os sintomas de enxaqueca ( por número de citações nos trabalhos compilados) 6 DISCUSSÃO ..........................................................................................................45 7 CONCLUSÃO.........................................................................................................47 REFERÊNCIAS.........................................................................................................48 11 1 INTRODUÇÃO Enxaqueca é o segundo tipo de cefaléia primária mais comum, tendo uma prevalência em torno de 12% da população mundial. Metade dos pacientes apresenta incapacitação gerada pela doença entre moderada e grave, e mais de 50% dos casos o diagnóstico adequado não é estabelecido. As enxaquecas prejudicam a qualidade de vida, afetando o trabalho, estudo e lazer, muitas vezes por toda a vida do paciente. Os medicamentos indicados em seu tratamento apresentam um custo importante e geralmente há a associação de analgésicos anti-inflamatório e drogas profiláticas de diferentes classes com um controle , frequentemente apenas parcial das crises. O presente estudo apresenta relatos de evidências de que medicamentos homeopáticos podem apresentar utilidade custo efetiva para redução do número de crises de enxaqueca, sendo alternativa viável aos medicamentos profiláticos, principalmente em relação aos efeitos colaterais e custos econômicos apresentados pelos medicamentos alopáticos. 12 2 PROPOSIÇÃO O presente trabalho visa realizar revisão bibliográfica a respeito do Tratamento Homeopático da Enxaqueca como alternativa terapêutica por meio dos medicamentos homeopáticos indicados no tratamento desta condição clínica, ressaltando a terapêutica homeopática especialmente para pacientes em que a proposta clássica de tratamento da medicina hegemônica não surte o efeito desejado. 13 3 REVISÃO DE LITERATURA 3.1 Cefaléias Cefaléias ou dores de cabeça são dores que acometem o segmento craniano desde a nuca (região occipital e cervical) até a região das sobrancelhas, abrangendo também dores no rosto, classificadas por alguns autores como algias faciais. (1) Estão entre as queixas mais comuns, sendo encontradas pelos profissionais de saúde de todas as especialidades clínicas ou cirúrgicas (2), representando mais de 4% das consultas médicas e representam a 3º diagnóstico mais comum (10,3%),seguidos pelos de infecções de vias aéreas e dispepsias, em ambulatórios gerais de clínica médica (5 e 6) e apresentam um impacto econômico-social significativo tanto em saúde publica como por ser causa de absenteísmo ao trabalho, sendo a enxaqueca considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) uma das doenças mais incapacitantes (3). Sua incidência se expressa por mais de 90% da população experimentar ao menos um episódio de cefaléia de algum tipo durante a vida (2). O fato de ser queixa tão comum leva, às vezes, a ser subestimada em sua importância potencial, pois apesar de poder ser associada com traumas de pequena importância e com doenças febris, também pode ter como causa afecções neurológicas graves do sistema nervoso central (SNC) tais como neoplasias, meningites ou sangramentos, com risco potencial à vida. (2). No entanto, essas situações são minoritárias em relação ao número expressivo de casos que 14 constituem condições benignas, embora geradoras de sofrimento e tendo alto custo econômico (4). O custo avaliado, em estudo norte-americano, na população trabalhadora enxaquecosa dos EUA foi de 1,4 a 17 bilhões de dólares ao ano. Em estudo brasileiro de 1998, com 993 funcionários de uma empresa, o prejuízo potencial causado por cefaléias foi de R$ 145,64 por funcionário, ou R$ 144.682,39 por ano. (5). Sendo esses exemplos uma demonstração de seu impacto social e importância tanto clínica como econômica. 3.1.1 CLASSIFICAÇÃO Todas as cefaléias podem ser classificadas como primárias (são as que ocorrem sem uma etiologia evidente demonstrável pelos exames clínicos ou laboratoriais usuais) – que incluem a cefaléia tensional, a enxaqueca e a cefaléia em salvas - (6) ou secundárias – que constituem, por sua vez , cerca de 10% do total das cefaléias (1), incluindo todas as doenças nas quais a dor ocorre como sintoma de qualquer afecção orgânica diagnosticável , seja neurológica ou não. Destas cefaléias secundárias, uma minoria constitui-se de situações médicas progressivas e com risco de vida, como meningite, hematoma subdural ou outras causas orgânicas graves. (1) A International Headache Society reeditou, em 2004, uma extensa classificação das cefaléias, dividindo-as em quatorze categorias, das quais as quatro primeiras representam as cefaléias primárias, da quinta a décima-segunda estão classificadas as secundárias, e as duas últimas representam as neuralgias cranianas, dor facial primária e central e outras cefaléias, a saber,(7): 1. Enxaqueca (migrânea). 15 2. Cefaléia tensional. 3. Cefaléia em salvas e outras trigemialgias autonômicas. 4. Outras cefaléias primárias. 5. Cefaléia atribuída a trauma craniencefálico e/ou cervical. 6. Cefaléia atribuída a distúrbio vascular de crânio ou cervical. 7. Cefaléia atribuída a distúrbio craniano não vascular. 8. Cefaléias atribuída à substância ou à sua retirada. 9. Cefaléia atribuída à infecção. 10. Cefaléia atribuída a distúrbio da homeostase. 11. Cefaléia ou dor facial atribuída a distúrbio do crânio , pescoço , olhos , ouvidos, nariz , seios da face , dentes , boca ou outra estrutura facial ou do crânio. 12. Cefaléia atribuída a distúrbio psiquiátrico. 13. Neuralgias cranianas e causas centrais da dor facial. 14. Outras cefaléias. Neuralgias cranianas, dor facial primária ou central. . 3.1.2 DIAGNÓSTICO – ANAMNESE E EXAME FÍSICO Na abordagem inicial do paciente com cefaléia, em geral, o exame físico traz poucas informações, sendo o diagnóstico dependente fundamentalmente da anamnese (5), na qual se deve priorizar as informações relevantes e saber interpretá-las de forma adequada, pois nem sempre as informações que o paciente valoriza são as mais significativas para a obtenção do diagnóstico (1 e 5). A elaboração de um diário de dor , com as informações fundamentais sobre as crises dolorosas ( horário de início da crise , duração , frequência das crises, 16 localização e irradiação , caráter/tipo da dor , intensidade , sinais e sintomas concomitantes , fatores desencadeantes e de melhora ou piora) e de fundamental importância para o diagnóstico e acompanhamento do caso. Deve-se lembrar de que qualquer mudança de padrão doloroso deve ser valorizada, pois pode existir a ocorrência de uma ou mais cefaléias de origem diferentes num mesmo individuo. ( 1,2,4 e 5) Seguem se os elementos principais para a avaliação de cefaléias: A – Circunstâncias de aparecimento: Deve-se indagar se o surgimento foi súbito ou se é um quadro antigo , que acompanha o paciente a algum tempo. Cefaléia súbitas sugerem hemorragia subaracnóidea, quadro grave , devido ruptura de aneurisma vascular. Cefaléias antigas, geralmente não são causadas por tumores, infecções, aneurismas ou demais causas graves. B – Padrão de distribuição temporal: B1 – Frequência: Algumas cefaléias tem padrões de frequência mais definidos , como , por exemplo os períodos de crise intercalados por períodos assintomáticos da cefaléia em salvas ; ou a associação com piora no período menstrual das enxaquecas. B2 – Duração: Algumas cefaléias podem ter duração de segundos até dias consecutivos. Podem varias de frações de segundo como nevralgia trigeminal, minutos a horas como na cefaléia em salvas, horas a dias como na cefaléia cervicogênica ou na enxaqueca, ou ter caráter continuo na hemicrania contínua, por exemplo. C – Localização e irradiação: Três tipos básicos de localização devem ser considerados: 17 - Cefaléias bilaterais (ambos os lados da cabeça). Ex.. Cefaléia Tensional. - Cefaléias unilaterais alternantes (variação de lado). Ex. Enxaquecas. - Cefaléias unilaterais fixas. Ex. Cefaléia em salvas. As irradiações são características da cefaléia cervicogênica , geralmente iniciando na nuca e irradiando para a fronte. D – Caráter / Tipo: O tipo de dor pode ser especifico para algumas cefaléias. As enxaquecas são pulsáteis, as cefaléias tipo tensão são em compressão ou peso, as cefaleias em salvas lembram facadas ou pontadas, a nevralgia do trigêmeo tem um padrão em choque. E - Intensidade: Deve-se comparar a dor que o paciente sente com outras já vivenciadas por ele, como dor de dente, cólicas renais, fraturas ou dor de parto , e procurar graduar / estimar a intensidade (5): 1. Leve - Não interfere nas atividades de vida diária. Ex.: cefaléia tipo tensional. 2. Moderada – Interfere ou prejudica as atividades de vida diária, mas não as impede. Ex.: cefaléia tipo tensão, enxaqueca leve. 3. Intensa - Impede as atividades de vida e leva o paciente ao repouso. Ex.: enxaqueca 4. Excruciante – Leva o paciente ao atendimento hospitalar. Ex.: hemorragia subaracnóidea. F – Sinais e fatores associados: 18 Há vários fatores concomitantes que auxiliam o diagnóstico, como lacrimejamento, hiperemia de conjuntiva, miose, edema, sialorréia e coriza, comuns na cefaléia em salvas; febre , vômitos e toxemia presentes na meningite, ou zonas gatilho na face ou mucosa oral na nevralgia do trigêmeo, entre outros sintomas. G- Fatores desencadeantes, de piora e de alivio: Podem ser considerados diversos fatores desencadeantes, de melhora ou piora entre os diversos tipos de cefaléias: Sono, repouso, aplicação de gelo ou frio local (comuns na enxaqueca e cefaléia tensional) , redução de movimentação da região cervical ou não mover a mandíbula ou não tocar a face (como na cefaléia cervicogênica e nevralgia do trigêmeo , respectivamente), vômitos ou menopausa (na enxaqueca) são listados como fatores de melhora em casos diversos de cefaléia. Entre os fatores de piora e desencadeantes se destacam: álcool (enxaqueca ou cefaléias em salvas) estresse emocional (cefaléia tensional e ocasionalmente enxaqueca ) , movimentos de rotação , extensão e flexão do pescoço ( cefaléia cervicogênica) , alimentos gordurosos , esforço , tosse ou espirro , evacuação , caminhar , pular , luz e barulho (comuns a enxaqueca ) , existindo diversas associações entre fatores externos e o surgimento e/ou piora da dor de diversos tipos de dor de cabeça. Quanto ao exame físico é mandatório (4), apesar de apenas de forma excepcional modificar a hipótese diagnóstica dada pela anamnese (5).Se possível , o paciente deve ser observado durante um episódio de cefaléia ou de dor facial. Inicia-se pela coleta dos sinais vitais: 19 Temperatura: A febre pode acompanhar qualquer infecção sistêmica. Pode sugerir síndrome viral, meningite, encefalite ou abscesso cerebral, embora esses quadros possam cursar sem febre. Frequência cardíaca: A taquicardia ocorre em situação de tensão e ansiedade da cefaléia tensional e também acompanha quadros de qualquer cefaléia intensa. Pressão arterial: A hipertensão por si só raramente causa cefaléia, exceto em casos de elevação aguda da pressão arterial (ex.: feocromocitoma) ou quando ocorre um pico elevado ( início da encefalopatia hipertensiva). Mas deve ser considerada como fator de risco de acidente vascular encefálico, que pode estar associado à cefaléia aguda , sendo a hemorragia subaracnóidea precedida por uma elevação acentuada da pressão arterial. Frequência respiratória: A hipercapnia ( elevação da concentração de CO2) por insuficiência respiratória pode elevar a pressão intracraniana e produzir cefaléia. Segue-se o exame físico geral, levando-se em consideração: Perda de peso: A perda de peso e a caquexia em um paciente com cefaléia levam a pensar na possibilidade de câncer ou doença infecciosa crônica. Deve-se pensar também em polimialgia reumática e arterite de células gigantes. Alterações da pele: Deve-se valorizar a presença de celulite de face e/ou crânio, que pode ser fonte de abscesso intracraniano ou trombose de seio cavernoso. Anormalidades subcutâneas podem sugerir endocardite, câncer ou vasculite. As manchas café-com-leite e os neurofibromas da Neurofibromatose podem estar associados a tumores intracranianos, que podem produzir cefaléias. Angiomas 20 cutâneos podem estar associados a malformações arteriovenosas intracranianas. Também podem ocorrer lesões de herpes zoster, que pode ser causa de dor facial. Face, cabeça e região escalpeleana: O escalpo dolorido é uma característica presente na enxaqueca, do hematoma subdural, da arterite de células gigantes e da nevralgia pós herpética. A nodosidade, eritema e dor sobre a artéria temporal, sugere arterite de células gigantes , embora a dor nesta região também ocorra na enxaqueca aguda. Traumas cranianos ou uma lesão sólida podem causar dor local. Dor craniana e sensação perfurante estão associadas à doença de Paget, mieloma ou câncer metastático de crânio. A região escalpeana aquecida pode ocorrer na doença de Paget devido derivação arteriovenosa. Distúrbios de olhos, dos ouvidos e articulação temporomandibular e dos dentes podem estar associados a cefaléia , devendo ser avaliados no exame físico. Pescoço: A enxaqueca, cefaléia tensional, lesões da coluna cervical, artrite cervical ou meningites cursam com espasmos dos músculos cervicais. Já os sopros carotídeos podem estar associados a doença cérebro vascular. Deve-se dar especial atenção aos sinais meníngeos ( sinal de Brudzinski – flexão passiva do pescoço resulta em flexão do quadril frequentemente assimétrica- ,e rigidez de nuca na direção anteroposterior ) , embora possam estar ausentes , ou serem de difícil avaliação nas fases iniciais da meningite subaguda , nas hemorragias subaracnóideas e em casos de coma. Coração e Pulmões: Doenças cardíacas congênitas e abscessos pulmonares também podem estar associados a ocorrência de abscessos cerebrais , causadores de cefaléias. Em relação aos achados do exame neurológico propriamente dito: 21 Exame mental: Cefaléias agudas podem cursar com confusão mental (ex.: meningites e hemorragias subaracnóideas ) e demências podem ocorrer por tumores intracranianos. Exame dos nervos cranianos: São indicativas de presença de lesões intracranianas a presença de papiledema, hemorragias e isquemias retinianas ao exame de fundo de olho. A dilatação pupilar por paralisia progressiva do nervo oculomotor, pode aumento da pressão intracraniana. As diminuições de sensibilidade na área de dor ou presença de áreas gatilho são indicativas de acometimento de nervos periféricos. Exame motor: A alteração assimétrica de função motora ou alterações de marcha associados à história de cefaléia demandam avaliação completa para excluir lesões intracranianas. Exame sensorial: Qualquer comprometimento sensorial, seja de focal ou segmentar ou diminuição de reflexo corneano são fortes indicação de causa secundária de cefaléia. 3.1.3 Sinais de alerta. Sinais de alerta são sinais e sintomas que, nos casos de cefaléia, indicam a possibilidade da causa do quadro clínico estar associado a alterações orgânicas, ou seja , ser uma cefaléia secundária e potencialmente grave. São sinais de alerta (1,5,8 e 9) - Início súbito e forte intensidade (dita em trovoada), atingindo intensidade máxima em 5 minutos - Intensidade e frequência progressivo ( ou seja piora progressiva). - Paciente é despertado pela cefaléia. 22 - Início recente ou quadro de mudança da dor. - Início após os 50 anos de idade. - História de câncer e/ou AIDS, - Sinais de doença sistêmica : febre , mialgia , mal-estar crônico e artralgia. - Alterações no exame neurológico sejam focais ou não focais ( Alterações cognitivas de início recente , diminuição do nível de consciência ou alterações da personalidade). - Trauma recente. - Cefaléia desencadeada por tosse , evacuação , relação sexual ou mudança de posição. Qualquer sinal de alerta presente é indicativo de solicitação de exames complementares. Principalmente tomografia computadorizada de crânio ( para investigação de traumas e sangramentos ) , ressonância nuclear magnética de crânio e avaliação do líquido cefalorraquidiano ( quando temos tomografia computadorizada de crânio normal ,e nos casos de suspeita de meningite). 3.2 ENXAQUECA – EPIDEMIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA A enxaqueca ou migrânea é a segunda cefaléia primária mais comum, sendo superada apenas pelos casos de cefaléia tensional, tendo uma prevalência em torno de 12% da população, sendo seu pico de prevalência entre os 25 a 45 anos de idade. (2 e 6 ). Metade dos pacientes apresenta incapacitação gerada pela doença entre moderada e grave, e mais de 50% dos casos o diagnóstico adequado não é 23 estabelecido. (5). As enxaquecas prejudicam a qualidade de vida, afetando o trabalho , estudo e lazer , muitas vezes por toda a vida do paciente. A OMS classifica a enxaqueca na 19ª posição entre as doenças mais incapacitantes (1,13). Tem uma distribuição desproporcional entre os sexos, acometendo cerca de 16% das mulheres e 45 dos homens. (2,5,6,10). A enxaqueca é uma cefaléia primária por definição uma cefaléia primária e tem uma origem parcialmente genética. O encéfalo do enxaquecoso é hiperexcitável e essa sensibilidade é herdada por herança poligênica com predominância incompleta. Essa hipersensibilidade cortical é provavelmente consequência de diminuição de íon magnésio encefálico , aumento de aminoácidos excitatórios e alterações dos canais de cálcio voltagem dependentes. Assim fatores precipitantes como estresse , menstruações, alguns alimentos, luz forte , odores , etc , encontrariam um terreno propício para a crise ser deflagrada. Os sintomas premonitórios seriam provocados por distúrbios límbico- hipotalâmicos, nos locais de predominância de hipersensibilidade dopaminérgica. A aura seria decorrente de uma depressão alastrante da atividade cortical , que se propagaria em onda a partir do pólo occipital , com hipoperfusão sanguínea de vários graus e duração. Essa fase estaria relacionada à noradrenalina, distúrbios dos canais de cálcio , deficiência de magnésio ou aumentos dos aminoácidos excitatórios. Quando o grau e/ou o tempo de hipoperfusão forem exagerados, poderá prolongar a aura e até acidente vascular encefálico isquêmico com sequelas graves e definitivas .Além disto apresenta relação com aumento de risco de outras doenças cardiovasculares graves , como infarto agudo do miocárdio. Sendo os índices de risco em mulheres com enxaqueca com aura em comparação com 24 mulheres sem enxaqueca , em estudo realizado pelo Women´s Health Study em 2008,1,93 para doença cardiovascular grave , 1,80 para acidente vascular cerebral isquêmico e 1,94 para infarto agudo do miocárdio. (11) A dor está provavelmente relacionada a ativação do sistema trigêmeo-vascular, resultando em reação inflamatória estéril no espaço perivascular das meninges. Essa ativação gera estímulos que se dirigirão para a periferia através do núcleo e ramos do nervo trigêmeo e liberarão neurotransmissores que provocarão vasodilatação e aumento da permeabilidade vascular, extravasando plasma e substancias endovasculares que promoverão inflamação. A estimulação das aferências trigeminais pela inflamação , através do núcleo do trigêmeo e tálamo , chega ao córtex , local da percepção consciente da dor. Em todo esse processo a serotonina está envolvida, sendo o principal neurotransmissor da fase da dor da crise de enxaqueca. Há evidencias também de envolvimento dos sistemas opióides , serotonérgicos e noradrenergicos centrais de controle de dor. (5,6). Os mecanismos dos sintomas associados como náuseas , vômitos , fono e fotofobia ainda estão pouco elucidados , embora haja envolvimento dos mecanismos vagais e sistemas sensotiriais. O pósdromo ( pós crise), ainda pouco compreendido, parece envolver mecanismos de exaustão ou de inibição. 25 3.2.1 CLASSIFICAÇÂO E QUADRO CLÍNICO: As enxaquecas são em linhas gerais classificadas em enxaquecas sem aura ou comum e enxaqueca com aura ou clássica.. Os critérios diagnósticos são: 1. Pelo menos cinco episódios que preencham os itens de 2 a 4. 2. Duração de 4 a 72 horas (sem tratamento ou com tratamento ineficaz). 3. Ao menos duas das seguintes características. • Unilateral; • Pulsátil; • Dor de moderada a grave; • Piora com atividade física; 4. Durante a cefaléia , pelo menos um dos seguintes: • Náuseas e/ou vômitos. • Foto e/ou fonofobia. 5. Não atribuível a outro distúrbio. O quadro clínico da enxaqueca caracteriza-se por crises recorrentes, constituídas de até cinco fases. Nem sempre todas estão presentes em todas as crises e/ou todos os pacientes. (5,6) Fase 1: Pródomo Precedem a cefaléia em horas ou até um dia. Ocorrem em cerca de 60% das crises. Caracteriza-se por depressão , ansiedade, hiperestimulação, anorexia, hiperfagia, sono agitado com pesadelos 26 Fase 2: Aura Aparecem em cerca por 20% das crises. Geralmente é visual, com característica presença de espectros visuais (linhas em ziguezague) migrando através do campo visual, escotomas cintilantes ou fotopsia (luzes piscando). A aura sensitiva é a segunda mais comum. A aura desenvolve-se por 4 minutos e raramente persiste por mais de uma hora. Fase 3: Cefaléia Cefaléia de forte intensidade, latejante ou pulsátil, piorando com as atividades do dia-a-dia, atrapalhando ou mesmo impedindo o prosseguimento dessas atividades. Faz o indivíduo deitar-se em lugar escuro e silencioso ( sensibilidade a luz e aos sons). Dura de 4 a 72 horas. A dor é unilateral em dois terços das crises, frequentemente mudando de lado de uma crise para outra. Sendo predominantemente nas regiões anteriores da cabeça (órbita ou região frontotemporal). Fase 4: Fim da cefaléia A crise melhora com medicação, repouso ou sono. Fase 5: Pósdromo A última fase é de exaustão. Os pacientes ficam horas ou até dias com sensação de cansaço, fraqueza, depressão, dificuldade de concentração, necessitando de repouso para seu completo restabelecimento. 3.2.2 TRATAMENTO 27 O tratamento da enxaqueca é composto de duas modalidades : o tratamento da crise e , se necessário, o tratamento profilático. Sendo o tratamento profilático recomendado quando as crises são frequentes ( três ou mais ao mês) , incapacitantes e/ou muito prolongadas ( dois a três dias de duração), contra indicação ou falha de tratamento das crises agudas, uso de drogas especificas para crise aguda mais de duas vezes ao mês, presença de situações raras como enxaqueca com hemiplegia, migrânea com aura prolongada ou infarto migranoso. O paciente deve ser orientado a fazer um diário para detectar fatores desencadeantes que devam ser evitados. Se o paciente tem sintomas prodrômicos ou aura o tratamento das crises deve ser feito nessas fases , para evitar a dor e os sintomas acompanhantes. Nestas fases recomenda-se a ingestão de antiemético ( metoclopramida ou domperidona) e um anti-inflamatório não hormonal de ação prolongada. Para o tratamento da crise aguda há dois esquemas propostos , que não devem ser utilizados mais do que seis vezes ao mês. Um baseia-se na complexidade das medicações , iniciando pelos mais simples, baratos e inespecíficos e o outro fundamenta-se na terapêutica diferenciada para cada nível de gravidade das crises. No primeiro caso, as drogas de primeira escolha são os anti-inflamatórios não hormonais e/ou analgésicos comuns, como aspirina, ibuprofeno, naproxeno e dipirona. Não há evidências da eficiência do paracetamol isoladamente, mas sim de sua associação com cafeína e aspirina. Os pacientes que não respondem as esse grupo de drogas devem passar ao uso de medicamentos específicos para enxaqueca – os triptanos e a diidroergotamina. Lembrar-se de não utilizar esses últimos medicamentos durante a aura. 28 No esquema de uso por gravidade da crise segue-se o esquema abaixo: Na crise moderada: anti-inflamatórios não hormonais, isometepteno, ergotamina,naratriptano,rizatriptano,sumatriptano,olmitriptano,almotriptano,frovatript ano, antagonistas dopamienrgicos. Na crise grave:zaratriptano,zatriptano,sumatriptano,zolmitriptano,almotriptano, Frovatriptano, diidroergotamina,ergotamina,antagonistas dopaminérgicos. Na crise muito grave: diidroergotamina,opióides,antagonistas dopaminérgicos. Os triptanos têm mecanismos de ação semelhantes , inibindo a inflamação , neurogênica gerada na crise de dor , mediada pelo nervo trigêmeo. Se um triptano for ineficaz , deve-se tentar o uso de outro. Na existência de estado enxaquecoso , condição rara na qual a dor se estende por mais de três dias , deve-se considerar a internação para hidratação, controle de vômitos e sedação. Utiliza-se hidratação e administração de clorpromazina 0,1 mg/kg de peso intravenosa por 5 minutos. Repetindo-se a cada 15 minutos até a melhora da dor. Após mantem-se em uso de infusão de 500 ml de soro fisiológico com 25 mg de clorpormazina , correndo em 12 horas, continuamente, e administrado por dois a três dias. Pode-se utilizar corticoides associados (dexametasona intravenosa de 4 a 16 mg ao dia) a serem retirados em dois a quatro dias. Embora estudos recentes demonstrem que a dexametasona parenteral nos casos de enxaqueca grave tenha efeito analgésico semelhante ao placebo , há efeito eficaz dessa medida na redução de risco de recorrência pós crise, risco relativo de 0,74 .(12) Devendo-se iniciar profilaxia antes da alta hospitalar. 29 3.2.3 PREVENÇÃO MEDICAMENTOSA - PROFILAXIA Os critérios para início do tratamento profilático têm diretrizes que variam entre diferentes países e organizações, a European Federation of Neurological Societies e a American Academy of Neurology listam os seguintes critérios de inclusão: - Qualidade de vida, atividade profissional ou escolar e acadêmica gravemente afetada. - Duas ou mais crises por mês. - Crises de enxaqueca que não respondem ao tratamento medicamentoso agudo. - Auras frequentes , muito longas ou desconfortáveis. Convém considerar as condições clínicas coexistentes para definir o tratamento preventivo., pois um único medicamento pode tratar efetivamente a condição existente e prevenir a enxaqueca em algumas circunstâncias, como antidepressivos tricíclicos nos casos de depressão e desnutrição ou os betabloqueadores em caso de estresse , angina ou hipertensão arterial , como exemplos. Devido ao fato de que o uso de analgésicos em excesso tornam os fármacos preventivos menos eficientes , o paciente deve ser instruído a limitar o seu uso. O ideal é que os analgésicos simples sejam usados menos de 15 dias ao mês. Os objetivos principais do tratamento preventivo são a redução da frequência e da gravidade das crises , a redução do uso de medicamentos para tratamento agudo e do número de visitas ao consultório médico ou setores de emergência hospitalares. Para utilização em prevenção de enxaqueca estão disponíveis : 30 - Betabloqueadores ( propranolol , metoprolol e atenolol) , são eficientes e uma boa escolha em pacientes com hipertensão arterial , não devendo ser utilizados em pacientes com asma ou depressão. - Bloqueadores de canais de cálcio (flunariziana, verapamil e amlodipina ) são eficientes para alguns pacientes, provocando leve redução na frequência das crises, deve-se ficar atento ao surgimento de hipotensão e edema dos pés. - Outros hipotensores como inibidores da enzima conversora de angiotensina e bloqueadores do receptor de angiotensina podem ser alternativas para pacientes que não toleram betabloqueadores ou bloqueadores do canal de cálcio. - Antidepressivos tricíclicos, principalmente a amitriptilina – considerada tratamento de primeira linha , se mostram eficientes no controle das crises de enxaqueca, sendo mais eficazes do que os inibidores da receptação da serotonina. Efeitos colaterais anticolinérgicos como boca seca e constipação podem ser observados.( 13,14) -Anticonvulsivantes mostraram-se eficientes para o controle das crises de enxaqueca. Sendo o topiramato e o valproato considerados tratamentos de primeira linha desde 2008 pela Fundação Cochrane, sendo bem tolerados pelos pacientes e ajudando na redução das frequências das crises. Apresentam efeitos colaterais que requerem cautela. O valproato está associado a defeitos no tubo neural em fetos, ganho de peso, queda de cabelo e tremores. Já o topiramato está associado a perda de peso , nefrolitíase ; mas apresenta indicação de eficiência em situações de cefaleia complicada pelo uso excessivo de medicamentos para tratamento agudo. 31 Outros fármacos como fitoterápicos ( Petasites hybridus) , óxido de magnésio , ribiflavina (vitamina B12) , metsergida (derivado do ergot) e aplicações de toxina botulínica tem apresentado evidencias de redução de número de frequências de quadros de enxaqueca. Em casos que não respondem aos medicamentos preventivos em uso isolado , a associação de fármacos pode mostrar-se efetiva , como no caso da combinação de propranolol e amitriptilina. As diretrizes quanto a duração do tratamento profilático são arbitrárias e a decisão clínica varia caso a caso. Em caso de condições coexistentes sendo tratadas é comum a não interrupção do tratamento. As medicações geralmente são descontinuadas quando não apresentam benefícios claros ao paciente. 32 3.6 Homeopatia e seus fundamentos Hoje em dia, a medicina ocidental possui duas correntes terapêuticas fundamentais, a Alopatia que se baseia no princípio dos contrários e a Homeopatia que se baseia no princípio dos semelhantes. Homeopatia: palavra de origem grega (homeos: semelhante, da mesma natureza, igual, análogo; e pathos: doença ou sofrimento). A Homeopatia se alicerça no seguinte conceito enunciado por Hipócrates: “A doença é produzida pelos semelhantes e pelos semelhantes o paciente retorna à a saúde”. “Similia similibus curentur”: tratam-se doenças por meio de substâncias que, quando utilizadas numa pessoa sã, produzirão sintomas semelhantes aos da doença a ser tratada. Coube a Hahnemann, séculos depois demonstrá-lo clinicamente e firmá-lo como método terapêutico, bem como dotá-lo de uma farmacotécnica própria. Christian Friedrich Samuel Hahnemann nasceu em 10 de abril de 1755 na cidade de Meissen, Saxônia, região oriental da Alemanha e faleceu em 2 de julho de 1843 em Paris, na França. Aos 20 anos concluiu seus estudos em Meissen e no ano de 1775, vai para Leipzig iniciar seus estudos de medicina. Para se sustentar, ministrava aulas particulares de línguas estrangeiras e fazia traduções. Após dois anos de estudos médicos, Hahnemann resolve transferir-se para a Universidade de Viena (Áustria) com a intenção de praticar a medicina, realizando treinamento clínico no hospital-escola. Em 1779, já na Universidade de Erlangen, Hahnemann defende a tese “A causa e o tratamento das cólicas” e recebe graduação de doutor em medicina aos 24 anos. Passados 8 anos de prática médica e com vasta clientela, mas desiludido, insatisfeito e inconformado com o empirismo e agressividade da 33 medicina praticada em sua época , Hahnemann abandona a prática médica (15). Mas para sobreviver passou realizar traduções de obras científicas. Em 1790, aos 35 anos, na tradução da obra Matéria Médica do médico escocês William Cullen (1710-1790) que, Hahnemann, não concordando com as explicações dadas pelo autor sobre os efeitos terapêuticos da substância China (Chinchona officinalis), utilizada para tratamento da malária, resolveu experimentar em si mesmo, tomando certa quantidade da droga por vários dias. Para sua surpresa observou manifestações bastante semelhantes àquelas apresentadas por pacientes com malária. Mas o mais surpreendente foi que, ao interromper as tomadas da substância, sua saúde voltou ao normal. Hahnemann percebeu que deveria haver uma identidade entre a doença e a droga ingerida e concluiu que a China era utilizada no tratamento da malária porque ocasionava sintomas semelhantes em pessoas saudáveis. Delineava-se aqui o início da terapêutica homeopática e Hahnemann passou a experimentar diversas substâncias em si mesmo, familiares e amigos. Apoiado em suas evidências experimentais e na filosofia hipocrática, Hahnemann idealizou uma nova forma de tratamento, fundamentada na cura pelos semelhantes. Com base em seus estudos, em 1796, ano considerado como o da “fundação da Homeopatia”, publicou “Ensaio sobre um novo princípio para descobrir as virtudes medicinais das drogas”, no qual fazia um apanhado sobre seus experimentos e relatava alguns fatos observados anteriormente por outros autores. Nesse mesmo ano, retornou à profissão médica, tratando seus pacientes pela aplicação de suas novas idéias. 34 Hahnemann estabeleceu as bases desta terapêutica sobre quatro pilares fundamentais: Lei da Semelhança, Experimentação no homem são, Doses mínimas e dinamizadas e Medicamento único. Em 1810, publicou a primeira edição do Organon da Arte de Curar, que ainda teve outras cinco edições. A sexta edição só foi publicada em 1921, muitos anos após sua morte. Em 1811, publicou o primeiro volume da Matéria Médica Pura, que concluiu no ano seguinte, sendo constituída por seis volumes. Conquistou um grande número de seguidores e, em 1828, publicou outra grande obra, intitulada Doenças Crônicas. Hahnemann viveu em Paris desde 1835 até sua morte, aos 88 anos, no dia 2 de julho de 1843, após o que foi reconhecido por inúmeros médicos que antes se opunham a seus ensinamentos. Os 4 fundamentos da Homeopatia: a) Lei da Semelhança: Toda substância capaz de produzir determinados sintomas (físicos ou psíquicos) numa pessoa sadia, e sensível, é também capaz de curar uma pessoa doente que apresente estes mesmos sintomas, ou seja, a Homeopatia adapta à totalidade sintomática do doente uma substância capaz de provocar experimentalmente em indivíduos aparentemente sadios, porém sensíveis, um conjunto de alterações que permitem confrontar a semelhança entre este estado de doença artificial e o estado de doença natural desenvolvido pelo doente. O importante é a semelhança entre os sintomas do doente e os de cada medicamento experimentado no homem são. b) Experimentação no homem são e sensível: Hahnemann elaborou a hipótese de trabalho de que os medicamentos somente curam em virtude de sua 35 capacidade de tornar o homem doente, e também que somente curam as doenças cujos sintomas são semelhantes aos que eles mesmos podem produzir no organismo aparentemente são. Consiste na administração repetida de uma determinada diluição homeopática de uma única substância e o registro de todos os sintomas provenientes da sua administração, criteriosa e precisamente observados. Definia com bastante precisão a origem da substância a ser experimentada (uma só em cada experimento), o seu modo de preparação e sua posologia (modo de administração, dose e repetição). Patogenesia: Conjunto de manifestações objetivas e subjetivas apresentadas pelo indivíduo sadio e sensível, durante a experimentação de uma droga. A reunião dos quadros experimentais devidamente catalogados, ou patogenesias, passou a constituir a Matéria Médica Homeopática. c) Dose mínima: Na tentativa de amenizar e evitar sintomas orgânicos e lesionais, ele começou a diminuir as doses em quantidade, cada vez usando menor quantidade da dose requerida para tratar os pacientes e para as experimentações em indivíduos sãos. Havia freqüente agravamento inicial, atribuído à soma da doença já existente com aquela artificial induzida pelo simillimum. No intuito de contornar este inconveniente, Hahnemann procedeu à redução das doses numa técnica de diluição de água e álcool, em escala centesimal progressiva, tendo o cuidado de homogeneizar cada diluição através das sucussões, que em vez de prejudicar o efeito terapêutico, possibilitou maior aquisição de potencial curativo (diluição + sucussão = dinamização). A Homeopatia, diluindo sucessivamente a substância de base, chega a diluições ditas infinitesimais, onde teoricamente não deveria existir uma única molécula da substância original, ou seja, o medicamento homeopático passaria a não ser mais um agente puramente químico, e sim físico. 36 d) Medicamento único: Deve-se utilizar apenas um medicamento de cada vez no tratamento do paciente, esgotando sua ação antes de repetir o mesmo medicamento na mesma ou em outras potências ou administrar outro medicamento. O medicamento escolhido, denominado simillimum, deve ser o medicamento que cobre a totalidade sintomática do paciente, nos seus mais amplos e completos aspectos. Este seria o medicamento ideal, quando possível de se obter, trazendo os melhores benefícios no tratamento. Simillimum: substância cujos sintomas assinalados na experimentação coincidem àqueles do quadro mórbido a ser tratado de um doente, ou remédio adequado para curá-lo. Em síntese, a Homeopatia aborda de forma integrada os binômios saúdedoença e doença-doente e busca dar importância à compreensão global da pessoa doente dentro do seu mundo e para o aspecto pessoal de suas reações mórbidas diante das agressões que sofre. Ainda, leva em consideração a atenção ao regime alimentar, a importância dos fatores climáticos, ecológicos, psicológicos, dentre outros, no modo particular do adoecer de cada um. 37 4 METODOLOGIA Para se realizar o estudo sobre o tratamento homeopático da enxaqueca foi realizada uma revisão bibliográfica na literatura médica homeopática acerca dos principais medicamentos utilizados no tratamento da enxaqueca. Foram utilizados livros e artigos sobre clínica médica / medicina interna e neurologia (revisão de literatura – item 3) e matérias médicas homeopáticas de diversos autores, nacionais e internacionais (resultados – item 5), citados nas referências. 38 5. RESULTADOS De acordo com a revisão bibliográfica realizada, utilizam-se, na clínica homeopática, algumas opções de medicamentos para o tratamento profilático e episódico, ou seja das crises. Podem ser empregados: a) de acordo com os fundamentos da Homeopatia, o medicamento simillimum do paciente na busca de reequilibrar o organismo como um todo e consequentemente sua doença em questão, a enxaqueca; medicamento este obtido através de uma consulta homeopática; b) ou medicamentos episódicos mais específicos e direcionados às crises, isolados ou em associação com o simillimum do paciente. O simillimum do paciente pode ser qualquer um dos medicamentos já devidamente estudados e constantes na Matéria Médica Homeopática. Segundo estudo comparativo de eficácia e custo do tratamento homeopático e convencional realizado por I,D, Pezzuol e al, , com acompanhamento de 299 casos de enxaqueca , rinite e asma na UH-HSPM – SP , de 1992 a 1995 , em relação ao custo , pois na época do estudo não existiam dados de literatura comparativa de eficácia entre as duas formas de tratamento , o tratamento de enxaqueca com homeopatia é mais vantajoso : sendo o tratamento de enxaqueca com medicamentos convencionais 55% mais caro que o tratamento homeopático.(16). A época do estudo acima citado (1992-1995) , Bruno Brigo e Giovanni Serpelloni , (17) em Verona , Itália em 1993 , realizaram um estudo de comparação entre medicamento homeopático e placebo , no formato duplo cego . Sendo 39 escolhidos os medicamentos dentro de um grupo de oito selecionados (Belladona , Ignatia , Lachesis , Silicea , Gelsemium , Cyclamen , Natrum muriaticum e Sulphur). Sendo administrados um ou dois desses remédios, em dose única de 30 CH , escolhidos pela reatividade pessoal e as diferentes modalidades do quadro clinico. O estudo envolveu um grupo caso e um grupo comparativo (controle) , ambos com 30 pacientes , Tendo o controle recebido placebo. ,Após a administração, os pacientes foram acompanhados em 60 a 120 dias. Foram analisados como parâmetros de desfecho clínico a frequência e intensidade dos ataques de enxaqueca. A comparação entre os grupos mostrou que , em relação a frequência das crises , o grupo placebo demonstrou uma pequena diminuição ( de 9,9 crises por mês em média , para 7,9 crises por mês) e no grupo tratado homeopaticamente uma redução mais importante ( de 10 crises por mês em média , para 3 a 1,8 crises por mês). Em relação à redução da intensidade da dor , o resultado foi insignificante em ambos os grupos. Em relação à busca de analgésicos para controle da dor , o grupo placebo apresentou 20 pacientes em uso de analgésicos contra 7 com melhora espontânea da dor, que tiveram que recorrer a analgésicos para alívio da dor. Dentro do grupo que recebeu homeopatia, 26 em 30 recorriam a analgésicos e após 120 dias, apenas 7 ainda faziam uso de analgésicos para alívio da dor. Estudo duplo cego com 68 pacientes para avaliação da eficiência do tratamento homeopático da enxaqueca foi realizado por Straumsheim em Oslo , Noruega , sendo publicado originalmente em Dynamis , 1997 , numero 2 pag 18 a 22 , sob título Homeopatisk behandling av migrene. Utilizando-se um grupo recebendo placebo e outro recebendo homeopatia. Sendo os resultados analisados por neurologistas para avaliação da eficiência clínica. Em linhas gerais, ambos os grupos obtiveram reduções não estatisticamente significantes quanto a frequência 40 dos ataques , intensidade da dor e consumo de analgésicos. Os diários de dor não tiveram diferenças estatisticamente significantes. Porém na opinião dos neurologistas que avaliaram o resultado clínico do estudo , o grupo que recebeu medicamento homeopático apresentou redução da frequência dos ataques estatisticamente significante , porém não estatisticamente significante em relação à intensidade da dor e evolução geral. (18). Assim, há evidências de que medicamentos homeopáticos podem apresentar utilidade custo efetiva para redução do número de crises de enxaqueca, sendo alternativa viável aos medicamentos profiláticos, principalmente em relação aos efeitos colaterais e custos econômicos apresentados pelos medicamentos alopáticos. Novos estudos comparativos e validados estatisticamente são necessários para evidências com mais clareza esses possíveis efeitos profiláticos dos medicamentos homeopáticos. Na pesquisa realizada neste trabalho, foram encontrados diversos medicamentos homeopáticos indicados para o tratamento de pacientes com enxaqueca. Alguns são considerados policrestos e podem ser utilizados como medicamento simillimum; outros, são considerados medicamentos episódicos, mais específicos. Visto que a proposição deste trabalho é realizar uma revisão bibliográfica a respeito do tratamento homeopático da enxaqueca por meio dos medicamentos homeopáticos indicados no tratamento desta condição clínica, iremos descrever os medicamentos encontrados nesta revisão em ordem de frequência de citação em trabalhos publicados por homeopatas sobre a enxaqueca .Este trabalho não possui como proposição discriminar, dentre os medicamentos encontrados, quais são 41 policrestos, possíveis medicamentos simillimum e/ou medicamentos locais específicos, uma vez que a literatura homeopática é bastante ampla e divergente sobre este assunto específico; deixar-se-á, pois, este tema para um próximo trabalho. 5.1 Medicamentos homeopáticos e suas similaridades com os sintomas de enxaqueca ( por número de citações nos trabalhos compilados) Gelsemium sempervirens: referenciado em 7 fontes pesquisadas ( 17,19,20,21,22,23,24). Cefaléias do tipo congestivo, do tipo pulsátil ou martelante, mais violenta no occipício e base do crânio. São tão violentas que o indivíduo não consegue ficar de pé, procurando deitar. Esgotado e paralisado pela dor. Melhora pela emissão abundante de urina. Piora pelo trabalho mental, pela fumaça de cigarro, deitado com a cabeça baixa, pelo calor do sol. Melhora temporariamente por pressão e estimulantes. Enxaqueca acompanhada de alterações visuais, vertigens, sensação de que os olhos são puxados para trás. A maior parte das enxaquecas não é acompanhada por náuseas ou vômitos e sim de tremores e intensa fraqueza, Tem a sensação de círculo ao redor da cabeça Beladona: referenciado em 6 fontes pesquisadas (17, 19,20,21,23,24). Cefaléias com hipersensibilidade do couro cabeludo, não suportando nem escovas nem pentes. Em geral melhora pelo repouso e piora pelo movimento. Agitação com dores dos quadris até os pés, que mantem o doente em movimento o tempo todo. São dores congestivas, pulsáteis e calor na cabeça. Sensação de plenitude na fronte , occipício e região temporal. Dores latejantes, dilacerantes, pela 42 congestão cerebral. Batimentos dolorosos como marteladas n o interior do crânio. Sensação de que a cabeça cresce. Dores agravadas pela luz, ruído, após o meiodia, ou deitado e por correntes de ar. Melhoram sentados ou inclinados. São cefaléias que agravam pela exposição ao frio. Acompanhada por vertigens e pulsações. Sanguinaria canadensis: referenciada em 6 fontes pesquisadas ( 19,2021.23.24 e 25) A ação na cabeça é um dos principais locais de ação deste medicamento. É indicado em cefaléias com náuseas, afluxo de sangue na cabeça que leva a desmaios e um estado nauseosos importante , com vômitos. Dores agudas , pulsáteis, lancinantes, que se iniciam na região occipital e se estendem para se fixar na região orbitária direita .Não pode suportar nenhum tipo de odor ,ou ruído. Tem vômitos de alimentos e bile, permanece deitado em quarto escuro e só melhora pelo sono. As dores podem ser tão violentas que o doente pressiona a cabeça com as mãos ou afunda a cabeça no travesseiro. A cefaléia geralmente inicia pela manhã, aumenta durante o dia e diminui à noite. Tem uma característica de periodicidade a cada sete dias. Tem característica de melhorarem pela emissão de gases. Iris versicolor: citada em 5 fontes (19,20,23,24 e 25). São cefaléias periódicas de origem nervosa que aparecem logo que o paciente termina um trabalho mental. Dores de cabeça que começam com visão turva , Vômitos de substância biliosa e amarga, que alivia a cefaléia. Podem ter comprometimentos de fígado e pâncreas. Natrum muriaticum: citado em 5 fontes (17,18,19,20 e 25). Natrum muriaticum é um dos melhores remédios para cefaléias crônicas. Cefaléias violentas e pulsáteis com inicio pela manhã , ao despertar e duram o dia 43 inteiro. São piores no período em que há luz solar, durante a menstruação. São causadas pela fadiga ocular, cegantes. Acompanhadas de constipação intestinal por secura da mucosa intestinal. Sente a cabeça muito grande e fria. Ocasionamente há erupções pruriginosas na borda do couro cabeludo. Ignatia amara: referencia presente em 4 fontes pesquisadas (17,18,19 e 24). Cabeça sensível e pesada. Cefaléia em pacientes histéricos e nervosos. Geralmente unilateral , bem localizada com prego enfiando no crânio. Melhora deitado. Sensação de congestão em peso ou plenitude. Agrava por abaixar a cabeça. Piora pelo trabalho mental , odores fortes , emoções . Agrava pelo café, tabaco , álcool , esforços , evacuando , girando a cabeça , correndo , pelo ruído , pela luz. Melhora pelo calor, pressão leve , deitando sobre o lado doente.. Termina em geral em vômitos e com emissão de urina clara. Sepia succus: Citada em 4 fontes ( 18,19,20 e 25). Cefaléia hemicraniana em pacientes com alterações uterinas, geralmente localizadas sobre o olho esquerdo e agravam pela luz , ruído e movimento , melhoram pelo exercício intenso. São piores pela manhã , com náuseas e vômitos . Figado inchado e urina com acido úrico. Cefaléia congestiva com menstruação pouco abundante. Sensação de frio no vértice. Spigelia anthelmica: Citada em 4 fontes (19,20,e 24). Age principalmente no sistema nervoso central. As dores de cabeça geralmente afetam só um lado, geralmente começam na região occipital e se estende para frente, para o vértice, para se fixarem acima do olho esquerdo, agravam pelo menor movimento e por ruídos, luz solar. O olho afetado lacrimeja. 44 As dores são como se uma faixa apertasse a cabeça. Pulsações e pontadas na cabeça que melhoram por deitar-se com a cabeça alta e agravam ao abaixá-la, pelo movimento e pelo ruído. Argentum nitricum: Citada em 3 fontes (20,23 e 25). Cefaléia congestiva com sensação de aumento da cabeça, melhora pelo ar frio e apertando a cabeça em faixa. Cefaléia com sensação de frio e tremores, Cefaléia com sensação como os ossos do crânio fossem se separar. Cefaléia com vômitos biliosos. Chamomilla: Citada em 3 fontes (19.20,24). Dores em toda a cabeça, com sensação de pulsação, exploração e pressão. Tipo explosivo e lancinante apenas de um lado da cabeça, com vermelhidão da bochecha apenas de um lado. Obs: foram citados medicamentos como Glonoinum, Nux vômica , Phosphorus e Pulsatilla nigricans homeopático em diversas fontes. como possibilidade de tratamento 45 6 DISCUSSÃO Feita a revisão bibliográfica, foram selecionados os 10 medicamentos homeopáticos mais citados para o tratamento da enxaqueca em diversas referências. Na alopatia, até o momento, o uso de analgésicos e anti-inflamatórios associado a drogas profiláticas ( por exemplo , antidepressivos e anticonvulsivantes )é o tratamento clínico mais utilizado para conter os sintomas álgicos e a frequência das crises de enxaqueca. Já na homeopatia, alguns medicamentos foram utilizados para estes fins, por alguns autores, com sucesso, principalmente, em busca da redução da frequência das crises e da intensidade do nível álgico das mesmas. Como já foi dito, no tratamento homeopático podem ser utilizados então: a) o medicamento simillimum do paciente, de acordo com os fundamentos da Homeopatia, na busca de reequilibrar o organismo como um todo e consequentemente sua doença em questão, a enxaqueca; medicamento este obtido através de uma consulta homeopática; c) ou medicamentos episódicos mais específicos e direcionados à moléstia, isolados ou em associação com o simillimum do paciente. Atentar também para o fato de que o medicamento simillimum do paciente pode ser, coincidentemente, um dos medicamentos ditos locais, direcionados para a doença. Estes medicamentos que passaram pelo processo de experimentação e foram relatados em matérias médicas como apresentando esta característica (sintomas relacionados à enxqueca ou o desenvolvimento da própria após a ingestão do medicamento), podem ser utilizados na tentativa de, se não minimizar os sintomas, ao menos freá-los por um período. 46 O ideal é que se busque o medicamento simillimum do paciente, ou seja, o medicamento que mais se adequar, com características de semelhança, àquele indivíduo como um todo, levando em consideração além de sua enfermidade local, sua constituição orgânica e psíquica. Dessa forma, foi observado que a utilização da homeopatia no tratamento , principalmente profilático, da enxaqueca é viável e eficiente, sendo uma opção terapêutica segura, sem efeitos colaterais (na grande maioria dos casos), com resultados apreciáveis e ainda, de baixo custo para o paciente. 47 7 CONCLUSÃO Após a análise da revisão bibliográfica, pode-se constatar que a Homeopatia é uma opção terapêutica eficaz no tratamento da enxaqueca e pode ser recomendada para os pacientes em que o tratamento, seja da crise álgica ou de caráter profilático não obtiveram o resultado desejado e ou maximizado. Apresentamos um apanhado da experiência de diversos homeopatas e um resumo dos medicamentos mais utilizados por esses autores. Sabe-se que a terapêutica homeopática ainda carece de mais estudos que ratifiquem sua importância e eficácia. Com este trabalho esperamos ter auxiliado a legitimar a Homeopatia como alternativa de tratamento em neurologia em geral e no tratamento da dor em particular, especificamente no tratamento da enxaqueca. 48 REFERÊNCIAS 1. VINCENT, MAURICE. Cefaléias primárias e algias faciais. In: LOPES, ANTONIO CARLOS et al, Diagnóstico e Tratamento. Vol. 3. 1ª Edição. Ed. Manole, 2007. Cap. 11 p.1105-1121. 2. CUTRER, F.MICHAEL; MOSKOWITZ, MICHAEL A. Cefaléias e outras dores de cabeça. In: GOLDMAN, LEE; AUSIELLO, DENIS, CECIL: Tratado de Medicina Interna. Tradução da 22a Edição. Elsevier, 2005. Cap. 428 p.2601-2608. 3. LIPTON, R.B. BIGAL, N.E.The epidemiology of Migraine. Am. J. Med. 2005; 118 (supp. 1); p 3-10. 4. GREENBERG , DAVID A.; AMINOFF, MICHAEL J.; SIMON, ROGER P. Cefaléia e Dor Facial In: Neurologia Clínica, 5ª Edição . Ed. ARTMED, 2005, Cap. 2 p. 91-120. 5. FIORINI VICTOR C. C.; VENDRAME, LETÌCIA SANDRE. Cefaléia. 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