DIAGNÓSTICO e PREVENÇÃO de Infecção do Trato Urinário Relacionada à Assistência à Saúde – ITU-RAS Rosana Morais Enfermeira CCIH – HMMC/HFI DEFINIÇÃO ITU-RAS: qualquer ITU relacionada a procedimento urológico, mais comum a CVD; não relacionada a procedimento urológico diagnosticada após a admissão em serviço de saúde e para a qual não são observadas quaisquer evidências clínicas e não está em seu período de incubação no momento da admissão CLASSIFICAÇÃO ITU-RAS: SINTOMÁTICA ITU Não Relacionada a Procedimento Urológico Outras ITU: infecções do rim, ureter, bexiga, uretra e tecidos subjacentes ao espaço retroperitoneal e perinefrético ASSINTOMÁTICA ITU Relacionada a Procedimento Urológico CLASSIFICAÇÃO CATETERIZAÇÃO URINÁRIA Curta duração: 7 a 10 dias Média duração: 10 a 30 dias Longa duração: > 30 dias IMPORTÂNCIA As ITU são responsáveis por 35-45% das IRAS em pacientes adultos. 70 A 80% das ITUs estão relacionadas à sondagem vesical. 12 a 16% dos pacientes internados vão apresentar ITU-RC em algum momento da internação IMPORTÂNCIA A bolsa coletora pode constituir reservatório para micrororganismos MR que podem ser transmitidos a outros pacientes. Uso do cateter urinário está associado a outras complicações além de infecção, como Inflamação, estreitamento uretral e trauma mecânico. PATOGENIA Atua como corpo estranho, alterando a resposta inflamatória vesical, interferindo nos mecanismos de defesa local. O balonete impede o esvaziamento completo da bexiga, mantendo um volume residual, que favorece a replicação microbiana. Impede a micção, mecanismo natural de defesa. É uma via de acesso aos germes. PATOGENIA Oferece substrato para a proliferação bacteriana através do biofilme formado, protegendo os microorganismos da ação de antibióticos. O segmento distal da uretra é colonizado por microbiota semelhante à da vagina e de membranas mucosas, enquanto a porção proximal deveria ser estéril em ambos os sexos. A inserção do cateter pode deslocar estes germes. COLONIZAÇÃO intraluminal : fonte EXÓGENA, através de contaminação de dispositivos, manipulação e abertura do sistema de drenagem. extraluminal , a mais comum: fonte ENDÓGENA, via uretral, retal ou vaginal (biofilme). BIOPELÍCULA DIAGNÓSTICO ITU-RAS SINTOMÁTICA UM dos sinais e sintomas cultura de urina com ≥ 105 UFC/mL de um uropatógeno (BGN, Staphylococcus saprophyticus ou Enterococcus spp), com até 2 espécies microbianas. Candida spp considerar qualquer crescimento. Febre (>38º) Urgência Frequência Disúria Dor suprapúbica ou lombar DIAGNÓSTICO ITU-RAS SINTOMÁTICA DOIS dos sinais e sintomas Presença de esterase leucocitária ou nitrito na análise da urina Febre (>38º) Urgência Frequência Disúria Dor suprapúbica ou lombar A esterase é uma enzima presente em leucócitos. Um número aumentado de leucócitos na urina indica inflamação das vias urinárias, em geral resultado de infecção bacteriana. Muitas das bactérias que causam infecções urinárias produzem nitrito. Um exame positivo sugere infecção urinária. Entretanto, nem todas as bactérias que produzem infecções urinárias produzem nitrito, e um teste negativo não exclui infecção urinária DIAGNÓSTICO ITU-RAS SINTOMÁTICA DOIS dos sinais e sintomas Presença de piúria com ≥10 leucócitosµL ou ≥10 leucócitos por campo em aumento de 400X (amostra centrifugada) ou ≥ 3 leucócitos por campo em aumento de 400X (urina não centrifugada) Febre (>38º) Urgência Frequência Disúria Dor suprapúbica ou lombar DIAGNÓSTICO ITU-RAS SINTOMÁTICA DOIS dos sinais e sintomas Presença de microrganismos no Gram da urina não centrifugada. Febre (>38º) Urgência Frequência Disúria Dor suprapúbica ou lombar DIAGNÓSTICO ITU-RAS SINTOMÁTICA DOIS dos sinais e sintomas Pelo menos 2 urinoculturas com repetido isolamento do mesmo uropatógeno com ≥10 2 UFC/mL em urina não coletada por micção espontânea Febre (>38º) Urgência Frequência Disúria Dor suprapúbica ou lombar DIAGNÓSTICO ITU-RAS SINTOMÁTICA DOIS dos sinais e sintomas 105 Isolamento de ≤ UFC de um único uropatógeno em urinocultura obtida de paciente sob tratamento com um agente efetivo para ITU Febre (>38º) Urgência Frequência Disúria Dor suprapúbica ou lombar DIAGNÓSTICO ITU-RAS SINTOMÁTICA DOIS dos sinais e sintomas Diagnóstico de ITU pelo médico assistente Febre (>38º) Urgência Frequência Disúria Dor suprapúbica ou lombar DIAGNÓSTICO ITU-RAS SINTOMÁTICA DOIS dos sinais e sintomas Terapia apropriada para ITU instituída pelo médico. Febre (>38º) Urgência Frequência Disúria Dor suprapúbica ou lombar DIAGNÓSTICO ITU-RAS ASSINTOMÁTICA PELO MENOS UM DOS CRITÉRIOS: Paciente está com CVD ou esteve em até 7 dias antes da urinocultura Urinocultura positiva com com ≥10 5 UFC/mL de até duas espécies microbianas Febre (>38º) Urgência Frequência Disúria Dor suprapúbica ou lombar DIAGNÓSTICO ITU-RAS ASSINTOMÁTICA PELO MENOS UM DOS CRITÉRIOS: Paciente que NÃO utilizou CVD nos 7 dias anteriores à coleta de urina Duas urinoculturas com ≥10 5 UFC/mL, com isolado repetido do mesmo microrganismo (até 2 espécies) colhida por micção espontânea Febre (>38º) Urgência Frequência Disúria Dor suprapúbica ou lombar DIAGNÓSTICO ITU-RAS ASSINTOMÁTICA PELO MENOS UM DOS CRITÉRIOS: Paciente que NÃO utilizou CVD nos 7 dias anteriores à coleta de urina Uma urinocultura com >10 5 UFC/mL de até 2 espécies colhida por CVD Febre (>38º) Urgência Frequência Disúria Dor suprapúbica ou lombar DIAGNÓSTICO ITU-RAS ASSINTOMÁTICA PELO MENOS UM DOS CRITÉRIOS: Paciente que NÃO utilizou CVD nos 7 dias anteriores à coleta de urina Uma urinocultura com >10 5 UFC/mL de até 2 espécies colhida por CVD ou micção espontânea Febre (>38º) Urgência Frequência Disúria Dor suprapúbica ou lombar DIAGNÓSTICO OUTRAS ITU-RAS Paciente tem isolamento de microrganismo de cultura de secreção ou fluido (exceto urina) ou tecido do sítio acometido, dentre aqueles listados. 2. Paciente tem abscesso ou outra evidência de infecção vista em exame direto durante cirurgia ou em exame histopatológico em um dos sítios listados. 1. rim, ureter, bexiga, uretra, tecidos adjacentes ao espaço retroperitoneal e espaço perinefrético DIAGNÓSTICO OUTRAS ITU-RAS 3. Pelo menos 2 dos seguintes sintomas: febre (>38º), dor ou hipersensibilidade localizada em um dos sítios listados. 1 a. Drenagem purulenta do sítio acometido; b.Presença no sangue de microrganismo compatível co o sítio de infecção suspeito, dentre os listados; c.Evidência radiográfica (US, TC, RM ou cintilografia com gálio ou tecnécio) de infecção rim, ureter, bexiga, uretra, tecidos adjacentes ao espaço retroperitoneal e espaço perinefrético DIAGNÓSTICO OUTRAS ITU-RAS 3. Pelo menos 2 dos seguintes sintomas: febre (>38º), dor ou hipersensibilidade localizada em um dos sítios listados. 1 d. Diagnóstico de infecção do rim, ureter, bexiga, uretra ou tecidos em torno do espaço retroperitoneal ou perifefrético 4. Terapia apropriada para os sítios listados, instituída pelo médico. rim, ureter, bexiga, uretra, tecidos adjacentes ao espaço retroperitoneal e espaço perinefrético COLETA DE URINA Aspiração suprapúbica técnica mais fidedigna para identifIcar bacteriúria. O uso do US pode aumentar o sucesso de 60% para 96%. Cateterização sondagem de alívio Saco coletor deve ser utilizada apenas para afastar o diagnóstico de ITU. Limpa por meio de miccção espontânea higiene íntima é importante. COLETA DE URINA “Quando for necessária a coleta de urina em paciente com cateter de longa permanência, deve-se realizar a troca do dispositivo antes do procedimento de coleta” (Medidas de Prevenção de Infecção Relacionada a Assistência à Saúde – ANVISA 2013) “A urina coletada em paciente já cateterizado deve ser aspirado assepticamente do local próprio no circuito coletor e a cultura processada de forma quantitativa. Não há indicação de troca do cateter para obter urina para cultura” (Critérios Diagnósticos de Infeccção relacionada à Assistência à Saúde – ANVISA 2013) COLETA DE URINA Coletar amostra através de aspiração de urina com agulha estéril após desinfecção do dispositivo de coleta Levar a amostra imediatamente ao laboratório NUNCA COLETAR DA BOLSA DE DRENAGEM ALTERNATIVAS à CATETERIZAÇÃO ALTERNATIVAS à CATETERIZAÇÃO Uso de “condon” em homens O sistema coloniza ao redor da uretra com microrganismos fecais. Como complicações foram descritas: maceração da pele,ulceração e gangrena por constrição. Não coletar urina para cultura através deste dispositivo Convencionou-se a troca diária após o banho ALTERNATIVAS à CATETERIZAÇÃO Considerar cateterismo intermitente: preferível a cateteres uretrais de demora ou suprapúbica em pacientes com disfunção de esvaziamento vesical No contexto de cuidados não-agudos, a utilização de técnica limpa (não estéril) para cateterismo, é uma alternativa aceitável e mais prática para os pacientes crônicos que necessitam de cateterismo intermitente. CATETERISMO INTERMITENTE • Imita o esvaziamento fisiológico da bexiga • Evita a permanência do cateter, causando menos danos aos mecanismos de defesa locais. • Permite maior efetividade do uso de antibióticos (pela ausência do fator corpo estranho do cateter e do biofilme). • Aumenta o tempo de cuidado da enfermagem no hospital SE O CATETERISMO É NECESSÁRIO .... Classificação das recomendações para prevenção segundo grau de evidência Medidas de Prevenção de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde – ANVISA 2013 SE O CATETERISMO É NECESSÁRIO .... Medidas de Prevenção de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde – ANVISA 2013 ESTRATÉGIAS PARA PREVENÇÃO Treinar a equipe de saúde envolvida na inserção, cuidados e manutenção do cateter urinário com relação à prevenção de ITU-RC, incluindo alternativas ao uso do cateter e procedimentos de inserção, manejo e remoção (A-III) Inserir o cateter apenas quando necessário para o cuidado do paciente e manter o dispositivo somente enquanto a indicação persistir (A-II) ESTRATÉGIAS PARA PREVENÇÃO Higienizar as mãos antes e após a inserção do cateter e qualquer manuseio do sistema ou do sítio (A-III) Utilizar cateter de menor calibre possível para evitar trauma uretral (B-III) Utilizar técnica asséptica e material estéril para inserção (A-III) ESTRATÉGIAS PARA PREVENÇÃO Utilizar luvas, campo e esponja; solução estéril ou antisséptica para limpeza do meato uretral; bisnaga de gel lubrificante estéril de uso único (ou primeiro uso) na inserção (A-III) ESTRATÉGIAS PARA PREVENÇÃO Após a inserção, fixar o cateter de modo seguro e que não permita tração ou movimentação (A-III). ESTRATÉGIAS PARA PREVENÇÃO Manter o sistema de drenagem fechado e estéril (A-I) Trocar todo o sistema quando ocorrer desconexão, quebra da técnica asséptica ou vazamento (B-III) OBSTRUÇÃO Não desconectar o cateter ou tubo de drenagem, exceto se a irrigação for necessária (A-I) ..... ESTRATÉGIAS PARA PREVENÇÃO ESTRATÉGIAS PARA PREVENÇÃO Esvaziar a bolsa coletora regularmente, utilizando recipiente coletor individual e evitar contato do tubo de drenagem com o recipiente coletor (A-II) Manter sempre a bolsa coletora abaixo do nível da bexiga (A-III) Limpar rotineiramente o meato uretral com soluções antissépticas é desnecessário, mas a higiene rotineira do meato é indicada (A-I) ESTRATÉGIAS PARA PREVENÇÃO Implantar um programa na instituição para identificar e remover cateteres desnecessários, utilizando lembretes ou ordens para interromper o uso e avaliar a necessidade de remover o cateter (A-I) Desenvolver e implantar política de revisão contínua, diária, da necessidade de manutenção do cateter.