o pragmatismo como fundamento filosófico do

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O PRAGMATISMO COMO FUNDAMENTO FILOSÓFICO DO ESCOLANOVISMO
Mariclaudia Aparecida de Abreu (ICV - UNICENTRO), Carlos Herold Junior (Orientador
Dep. De Pedagogia/UNICENTRO), [email protected]
Palavras-chave: pragmatismo, verdade, método
Resumo: Este trabalho tem a intenção de apresentar o conceito de verdade e método
na filosofia pragmatista. Trata-se de uma análise da Segunda Conferência realizada por
Willian James intitulada O que significa pragmatismo, na qual ele apresenta o
pragmatismo como um e método e uma teoria genética do que significa a verdade.
Introdução
Este texto é parte de uma pesquisa em andamento cujo objetivo principal é
analisar a pedagogia de John Dewey. Sendo Dewey um dos principais representantes
do pragmatismo juntamente com Pierce e James sentiu-se a necessidade de começar a
pesquisa estudando os fundamentos filosóficos do pragmatismo. Como William realizou
várias conferências para explicar a questão do pragmatismo decidiu-se começar com
ele. Mas especificamente analisando o conceito de verdade e método, com base na
segunda conferência realizada por Willian James intitulada O que significa o
pragmatismo, na sua obra Pragmatismo e outros textos.
O pragmatismo na visão de Willian James
Willian James realizou várias conferências para explicar o pragmatismo. Na
segunda conferência realizada diz que o pragmatismo “é, primariamente, um método de
assentar disputas metafísicas...” (JAMES, 1979, p.18) Giovanni Reale explica que o
termo metafísico é usado para se dirigir a filosofia aristotélica denominada de “filosofia
primeira”. Metafísica ou filosofia primeira é a ciência que se ocupa das realidades que
estão acima das realidades físicas. Que estuda as causas primeiras, o supra-sensível.
É a tentativa de superar o mundo empírico. Especulações que não podem ser
comprovadas com dados da nossa realidade sensível. Tendo como base o conceito de
metafísico, de que forma um método pode assentar as disputas metafísicas? O termo
pragmatismo como explica James esta estreitamente ligado a palavra prática. Ele
provém de uma palavra de origem grega prágma e significa ação. O primeiro a utilizar
esse termo na filosofia, segundo James foi Charles Pierce. Pierce afirma que as nossas
crenças têm como intenção ser regras de ação. Damos significados ao pensamento de
acordo com a conduta que este está apto a produzir. Toda idéia se pauta na
possibilidade de prática.
As filosofias metafísicas para James deveriam ser testadas levando em
consideração as conseqüências práticas que causam, pois muitas delas ao serem
submetidas a tal teste não representam resultado algum, são invalidadas por não
fazerem diferença alguma, seja esta diferença individual, social.
O pragmatismo tem como base a atitude empírica, abandonando a abstração, a
razão apriori, a pretensão ao absoluto, que buscam essências e origens. Não é um
sistema filosófico fechado, de verdades inalteráveis. É um sistema aberto, que
possibilita o avanço das idéias, e a mudança de concepções. É um método que rejeita a
palavra definitivo, porque é um método em movimento, no qual as teorias são
instrumentos para novos caminhos e não respostas de caráter imutável. Está muito
mais preocupado em orientar o caminho para uma verdade possível do que em produzir
verdades.
Schmitz diz que o pragmatismo não é uma filosofia no sentido estrito da palavra,
pois busca fundamentar-se em princípios materiais da experiência humana. Filosofia
segundo ele é a ciência que procura através da razão as causas ou essências das
coisas. Porém, o pragmatismo vem romper com a idéia que se tinha até aquele
momento sobre filosofia. A idéia é justamente mexer com os sistemas filosóficos, dar
novos ares a filosofia. Deseja-se criar um novo critério para a verdade.
Mas também ressalva que além de método, o pragmatismo é também uma teoria
genética do que se entende por verdade. E o que ele entende por verdade é o seguinte:
“As idéias verdadeiras são aquelas que podemos assimilar, validar, corroborar e
verificar. As idéias falsas são aquelas com as quais não podemos agir assim”. ( JAMES,
1979,p.72). Tal idéia casa bem com a visão de ciência do século XIX que põe em
suspenso muitas das filosofias tradicionais que embasaram suas teorias e métodos em
concepções metafísicas.
O pragmatismo representa uma posição contrária a filosofia da essência em
especial a hegeliana. Mesmo sendo uma filosofia recente, ela retoma discussões bem
antigas, como a questão do racionalismo e do empirismo. Coloca-se contrária a
primeira, e têm suas bases filosóficas alicerçadas na segunda corrente filosófica. A
valorização do empírico pode ser encontrado na filosofia de John Locke que afirma que
as nossas idéias provém das experiências. No entanto, é preciso deixar claro que o
pragmatismo não segue nenhuma teoria de forma dogmática, apenas absorve delas as
idéias que acreditam possam contribuir para o seu sistema filosófico. Concorda em
partes com várias teorias na medida de sua utilidade. Exige delas uma aplicação
prática, pois não se debruça nos princípios categoriais, mas se ocupa das coisas
últimas, seus resultados.
James demonstra que para o pragmatismo, o que tem valor de verdade é o que
serve naquele momento. Haja o fato de que a própria ciência adapta do método
indutivo, compreende que as teorias não são uma transição da realidade. Elas têm suas
aplicação na medida de sua utilidade. Defende que a filosofia deveria seguir o método
das ciências naturais e ainda acredita que as hipóteses filosóficas não devem ser
defendidas pelo seu caráter de verdade, mas na medida que funcionam. A verdade
deve satisfazer duas condições diferentes: ter comprovação, verficabilidade e valor para
a vida concreta.
Afirma ainda que pragmatistas como Schiller e Dewey dizem que a verdade
em nossas idéias e crenças significam a mesma coisa que em ciência. Significa dizem, nada
mais que as idéias ( que, elas próprias, não são senão partes de nossa experiência) tornam-se
verdadeiras na medida em que nos ajudam a manter relações satisfatórias com outras partes de
nossas experiência, para sumariá-las e destaca-las por meio de instantâneos conceptuais, ao
invés de seguir a sucessão interminável de um fenômeno particular. ( JAMES, 1979, p.22).
E James segue explicando que as opiniões e crenças vão se transformando e
se alterando na medida que vão surgindo novas verdades. Uma teoria vai superando a
outra por fornecimento de soluções. A verdade é em grande parte constituída de
verdades prévias. As crenças têm como base experiência fundada. Elas são a
somatória de experiências no mundo, e freqüentemente sofrem um processo de
mutação.
Tais concepções a respeito da verdade não surgem ao acaso, Ozmon escreve que
Bacon introduziu na ciência o método indutivo, que permitiria que as pessoas fossem
experimentais em seus enfoques de mundo. Ele valorizou as experiências cotidianas.
Coisa que Dewey também adaptou em suas teorias. O principio da experiência é o
ponto central da filosofia de Dewey. Para ele tudo gira em torno da experiência e tanto
o conhecimento quanto a ação nascem dela. Numa segunda etapa da pesquisa
pretende-se verificar de que forma a pedagogia de Dewey é tributária dessas idéias.
Conclusões
Por hora é possível constatar então, que o pragmatismo enquanto método tem
sua base na atitude empírica e no método indutivo, afastando-se da metafísica, por sua
falta de aplicabilidade prática.Preocupa-se com as coisas como se apresentam,
funcionam e com a interferência na experiência diária. A verdade é plástica e se
adequa,3 as experiências vividas. Pode-se afirmar que a verdade é um processo de
vivência que vai se solidificando de acordo com as experiências. Por isso ela não pode
ser vista como definitiva, pois é construída e modificada com os processos sociais e
vitais.
JAMES, Willian. Pragmatismo e outros textos. Trad. Jorge C. da Silva; Pablo R.
Mariconda. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
OZMON. Howard A; SAMUEL Craver. Fundamentos Filosóficos da educação.
6°ed. Trad. Ronaldo Cataldo Costa. Porto Alegre: Artemed, 2004.
REALE, Giovani. História da filosofia: Antiguidade e Idade Média. 6°ed. São Paulo:
PAULUS, 1990.
SCHIMITZ, Egidio Francisco. O pragmatismo de Dewey na Educação: esboço de
uma filosofia da educação. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1980.
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