manometria anorretal e correlação com a qualidade - BVS SMS-SP

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HOSPITAL DO SERVIDOR PÚBLICO MUNICIPAL DE SÃO PAULO
PROGRAMA DE RESIDÊNCIA MÉDICA EM COLOPROCTOLOGIA
MANOMETRIA ANORRETAL E CORRELAÇÃO COM A QUALIDADE DE
VIDA E A GRAVIDADE DOS PACIENTES COM INCONTINÊNCIA FECAL.
THIAGO IBIAPINA ALVES
SÃO PAULO
2014
THIAGO IBIAPINA ALVES
MANOMETRIA ANORRETAL E CORRELAÇÃO COM A QUALIDADE DE
VIDA E A GRAVIDADE DOS PACIENTES COM INCONTINÊNCIA FECAL.
Trabalho de conclusão de
curso apresentado à comissão
de residência médica
Área: Coloproctologia
Orientadora: Juliana Magalhães
Lopes Geraldes
SÃO PAULO-SP
2014
FICHA CATALOGRÁFICA
Alves, Thiago Ibiapina
Manometria anorretal e correlação com a qualidade de vida e a
gravidade dos pacientes com incontinência fecal / Thiago Ibiapina Alves.
São Paulo: HSPM, 2014.
30 f.: il.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Comissão de
Residência Médica do HSPM-SP, para obter o título de Residência Médica
na área de Coloproctologia.
1. Incontinência fecal 2. Manometria 3. Qualidade de vida I. Hospital do
Servidor Público Municipal II. Título.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Posição de Sims ...................................................................................................... 16
Figura 2 - Manômetro anorretal...............................................................................................17
Figura 3 - Cateter de perfusão com água..............................................................................17
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Características gerais da população do estudo................................................ 20
Tabela 2 - Descrição dos resultados da Escala de Continência de Jorge/Wexner ........20
Tabela 3 - Descrição das médias para as variáveis da FIQLS ..........................................21
Tabela 4 – Descrição dos resultados da manometria anorretal........................................ 22
Tabela 5 - Correlação entre as variáveis “Líquido” e “Pressão de repouso” ...................22
RESUMO
A incontinência fecal é a perda involuntária de fezes sólidas ou líquidas, muco ou gases e
afeta 2 a 9% da população, sendo responsável por enorme impacto socioeconômico. Sua
gravidade pode ser estimada pela Escala de Continência de Jorge e Wexner e pela
Escala de Qualidade de Vida da Incontinência Fecal. A manometria anorretal é um teste
valioso no arsenal propedêutico coloproctológico, servindo para avaliação objetiva de
distúrbios funcionais anorretais, pré-operatória e do impacto de terapias ou técnicas
operatórias sobre o aparelho esfincteriano e o reto. É também utilizada como primeira
linha de investigação na incontinência fecal. O objetivo deste estudo foi correlacionar os
achados manométricos com a gravidade da incontinência fecal e seu impacto na
qualidade de vida. O estudo foi do tipo observacional transversal com 12 pacientes com
sintoma de incontinência fecal, que foi estimada através das Escalas de Continência de
Jorge/Wexner e Qualidade de Vida na Incontinência Fecal. Os pacientes realizaram
exame de manometria anorretal e os valores encontrados foram correlacionados com os
resultados das escalas referidas. Foi encontrada uma correlação entre a variável
“Líquido” da Escala de Continência de Jorge/Wexner e a variável “Pressão de repouso” da
manometria anorretal. Não houve correlação estatística significativa entre as demais
variáveis da Escala de Continência de Jorge/Wexner e da Escala de Qualidade de Vida na
Incontinência Fecal (FIQLS) com os resultados da manometria anorretal. Estes resultados
necessitam de melhor investigação devido ao número reduzido da amostra.
Palavras-chave:
Incontinência fecal; manometria; qualidade de vida.
ABSTRACT
Fecal incontinence is the involuntary loss of solid or liquid stool, mucus or gases and
affects 2-9% of the population, accounting for huge socioeconomic impact. Its severity can
be estimated by the Jorge/Wexner Continence Grading Scale and Fecal Incontinence
Quality of Life Scale (FIQLS). Anorectal manometry is a valuable exam in the
coloproctologic armory, serving for objective evaluation of functional anorectal disorders,
preoperative and the impact of therapies or surgical techniques on the anal sphincter and
the rectum. It is also used as first-line investigation in fecal incontinence. The aim of this
study was to correlate the manometric findings with the severity of fecal incontinence and
its impact on quality of life. The study was cross-sectional observational study of 12
patients with symptoms of fecal incontinence, which was estimated by the Jorge/Wexner
Continence Grading Scale and Fecal Incontinence Quality of Life Scale. Patients
underwent anorectal manometry test and the values were correlated with the results of
these scales. A correlation between the variable "Liquid" of Jorge/Wexner Continence
Grading Scale and the variable "Resting pressure" of anorectal manometry was found.
There was no significant correlation between the other variables of Jorge/Wexner
Continence Grading Scale and Fecal Incontinence Quality of Life Scale (FIQLS) with the
results of anorectal manometry. These results require further investigation due to the small
sample size.
Keywords:
Fecal incontinence; manometry; quality of life.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...............................................................................................................09
2 OBJETIVO......................................................................................................................13
3 CAUSUÍSTICA ..............................................................................................................14
3.1 Tipo de estudo ............................................................................................................14
3.2 População de estudo.................................................................................................14
3.3 Considerações éticas ................................................................................................14
4. MÉTODOS ....................................................................................................................16
4.1 Escala de Continência de Jorge/Wexner ...............................................................16
4.2 Escala de Qualidade de Vida na Incontinência Fecal..........................................16
4.3 Manometria anorretal ................................................................................................17
4.4 Análise estatística ......................................................................................................20
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO..................................................................................21
6 CONCLUSÃO ................................................................................................................25
REFERÊNCIAS .............................................................................................................26
EQUIPE CIENTÍFICA ...................................................................................................28
APÊNDICES...................................................................................................................29
ANEXOS .........................................................................................................................30
1. INTRODUÇÃO
A incontinência fecal é habitualmente definida como a perda involuntária de
1
fezes sólidas ou líquidas, muco ou gases .
Outros autores
2
consideram que a incontinência fecal é a perda involuntária e
recorrente de fezes pelo período mínimo de um mês, enquanto que a incontinência parcial
é geralmente descrita como a incapacidade de controlar a saída de muco e gases.
Incontinência fecal é um problema comum. Estima-se que 2 a 9% da população
1
sejam afetados, sendo responsável por enorme impacto socioeconômico .
Homens e mulheres de todas as idades podem ser afetados pela doença,
3
apesar de alguns estudos sugerirem que a prevalência aumente com a idade .
Em estudos populacionais, a prevalência de incontinência fecal é de 0,9% dos
4
adultos entre 40 e 64 anos e de 2,3% a partir de 65 anos .
Na prática clínica, mulheres são rotineiramente atendidas mais que homens. A
prevalência deve ser maior no sexo feminino, provavelmente devido a complicações no
parto vaginal e maior prevalência, neste grupo, da constipação intestinal com esforço
5
evacuatório crônico .
O impacto da incontinência fecal é variável e pode alterar muito a capacidade da
pessoa em executar suas atividades diárias. Alguns alteram o intervalo entre as refeições,
hábitos alimentares e, possivelmente, evitam ocasiões sociais por medo de
3
constrangimento .
9
Aproximadamente 40% das mulheres que tem perda fecal acidental apresentam
sintomas severos que prejudicam sua qualidade de vida, apesar de menos de um terço
3
dessas mulheres procurarem atendimento médico devido à incontinência fecal .
O impacto sobre a qualidade de vida do indivíduo e a maneira como ele encara o
1
problema também reflete o grau de incontinência e a forma de manejo .
Incontinência para fezes sólidas ou líquidas, muco e flatos ocorre em uma
frequência variável e pode ter um grande impacto na qualidade de vida e atividades
3
diárias .
Jorge e Wexner desenvolveram uma escala que leva em consideração o tipo de
1
incontinência, a frequência e as alterações no estilo de vida . A escala é composta por
cinco variáveis (fezes sólidas e líquidas, flatos, uso de protetor de vestimenta ou forro e
alteração no estilo de vida), cada uma com resposta de zero a quatro pontos. Portanto,
6
a gravidade da incontinência é proporcional à pontuação, com máximo de 20 pontos . A
Sociedade Americana de Cirurgia Colorretal desenvolveu a Escala de
Qualidade de Vida da Incontinência Fecal (FIQLS), atribuindo valores a tipos de
incontinência, sua frequência e seu impacto na qualidade de vida, baseando-se em
7
dados subjetivos de severidade atribuídos pelo próprio paciente .
É composto por 29 questões distribuídas em quatro domínios, cada um abordando
um aspecto da qualidade de vida: estilo de vida, comportamento, depressão e
constrangimento. Este questionário foi traduzido, adaptado e validado para uso na
5
população brasileira .
10
A manutenção da continência depende de vários fatores, tais como o estado mental
do indivíduo, volume e consistência das fezes, trânsito cólico, complacência e
sensibilidade retal, função esfincteriana, sensibilidade do canal anal e integridade do
1
reflexo inibitório retoanal .
Desde a década de 80, a avaliação da fisiologia do ânus, reto e cólon tem se
tornado cada vez mais importante no manejo das condições que afetam estas áreas. Os
testes não só ampliaram o entendimento sobre os processos fisiológicos, mas
8
também fornecem informações importantes para o melhor tratamento . Videodefecografia,
defeco-ressonância magnética, ultra-sonografia do canal
anal, eletroneuromiografia do assoalho pélvico, manometria anorretal, tempo de trânsito
cólico, a medida do tempo de latência dos nervos pudendos e o tempo de trânsito
orocecal são exames de avaliação da anatomia e fisiologia do cólon e do assoalho pélvico
e se tornaram indispensáveis na avaliação adequada de pacientes
9
com distúrbios funcionais do trato digestivo e do assoalho pélvico .
Dentre estes estudos, a manometria anorretal é um teste valioso no arsenal
propedêutico coloproctológico, devido à sua capacidade de avaliar vários mecanismos
1
que podem estar relacionados ao desenvolvimento dessas patologias .
A manometria (ou eletromanometria) anorretal é o método diagnóstico objetivo para
avaliar o tônus da musculatura anal, a complacência retal, sensação anorretal e verificar a
integridade do reflexo retoanal inibitório. Portanto, a manometria avalia de
8
forma reprodutível informações quantitativas da função esfincteriana .
É utilizada na investigação etiológica de distúrbios funcionais anorretais (primários
11
ou secundários), avaliação pré-operatória de cirurgias orificiais ou colorretais
e o impacto de terapias (radioterapia, radiofrequência e outras) ou técnicas operatórias
1
sobre o aparelho esfincteriano e o reto .
Gowers (1987) fez a primeira referência ao método quando descreveu o reflexo
retoanal inibitório, ou seja, a resposta de relaxamento esfincteriano provocada pela
distensão do reto
10
.
Os parâmetros avaliados pela manometria anorretal são o comprimento da zona de
alta pressão (canal anal funcional), a pressão de repouso (tônus do músculo esfíncter anal
interno), a pressão de contração voluntária (contribuição do músculo esfíncter anal
externo), a contração mantida (índice de taxa de fadiga), a presença do reflexo inibitório
retoanal, a sensibilidade retal (volume de primeira sensação), primeiro desejo evacuatório
(volume de primeira urgência evacuatória) e a capacidade retal
(volume máximo tolerado)
1,8
.
A manometria anorretal é considerada um dos testes básicos da função anorretal e
utilizado como primeira linha de investigação na incontinência fecal, por
9
promover uma avaliação confiável e reprodutível .
A manometria anorretal contribui para identificar o mecanismo envolvido na
incontinência sem, contudo determinar sua etiologia. Por exemplo, não é capaz de
diferenciar um defeito de esfíncter anal causado por trauma muscular e outras causas,
1
tais como prejuízo da inervação da musculatura do assoalho pélvico .
12
2. OBJETIVO
Avaliar os resultados da manometria anorretal em pacientes com incontinência
fecal no Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo.
13
3. CAUSUÍSTICA
3.1 Tipo de estudo
Para este trabalho, foi desenvolvido um estudo observacional analítico do tipo
transversal.
3.2 População de estudo
A população deste estudo foi composta por 12 pacientes atendidos no ambulatório
de Coloproctologia do Hospital do Servidor Público Municipal e que apresentavam o
sintoma de incontinência fecal.
Foram incluídos no estudo indivíduos a partir de 18 anos, de ambos os gêneros,
com sintoma de incontinência fecal. Foram excluídos do estudo pacientes que
apresentaram qualquer uma das seguintes características: gravidez, doença sistêmica
grave e neoplasia maligna não controlada.
Os pacientes incluídos passaram por duas consultas. Na primeira consulta, todos
os pacientes fizeram exame proctológico completo a fim de excluir patologias orgânicas
anorretais. Em uma segunda consulta, os pacientes realizaram o exame de manometria
anorretal.
3.3 Considerações éticas
A inclusão dos pacientes foi realizada após o preenchimento do Termo
Consentimento Livre Esclarecido – TCLE (Apêndice A), de acordo com a Resolução
14
No. CNS Nº 466, de 12 de dezembro de 2012 do Ministério da Saúde e complementares.
Foi preenchida uma ficha para coleta de dados e foram respondidos os
questionários voltados para o preenchimento da Escala de Continência de Jorge/Wexner
e da Escala de Qualidade de Vida na Incontinência Fecal (FIQLS).
15
4. MÉTODO
4.1 Escala de Continência de Jorge/Wexner
A Escala de Continência de Jorge/Wexner é composta por cinco variáveis, cada
uma recebe uma pontuação atribuída pelo paciente de forma objetiva e varia de zero a
quatro pontos de acordo com a frequência em que ocorre o evento: zero (nunca), um
(raramente ou ≤ 1/mês), dois (eventualmente ou ≤ 1/dia e > 1/mês), três (normalmente ou
≤ 1/dia e > 1/semana) e quatro pontos (sempre ou > 1/dia) (Anexo A).
As três primeiras variáveis referem-se ao tipo de incontinência fecal: para sólidos,
líquido (ou muco) e gases (flatos). As duas últimas são sobre o uso de forro (protetor de
vestimenta) e se ocorreu alteração no estilo de vida devido à incontinência fecal.
A pontuação varia de zero (ausência de incontinência fecal) a vinte pontos
(incontinência fecal grave).
4.2 Escala da Qualidade de Vida na Incontinência Fecal (FIQLS)
A Escala da Qualidade de Vida na Incontinência Fecal baseia-se em um
questionário (Anexo B), elaborado com linguagem simplificada e deve ser respondido pelo
paciente. Os domínios ou escalas que o compõe representam grupos de itens ou
questões que abordam o mesmo aspecto referente à qualidade de vida.
Os domínios (variáveis) do FIQL e suas respectivas questões são: 1. estilo de vida:
composto por 10 itens, Q2 (a, b, c, d, e, g, h), Q3 (b, l, m); 2. comportamento: composto
por 9 itens, Q2 (f, i, j, k, m), Q3 (c, h, j, n); 3. depressão: composto por 7
16
itens, Q1, Q3 (d, f, g, i, k), Q4; e 4. constrangimento: composto por 3 itens, Q2 (l), Q3 (a,
e). A pontuação dos itens do questionário varia de 1 a 4, com exceção das questões 1 (1
a 5 pontos) e 4 (1 a 6 pontos). Existe ainda a possibilidade da resposta “não aplicável”,
quando a resposta da pergunta é por outro motivo que não a incontinência fecal. Em cada
variável, calcula-se a média de pontos para as respostas obtidas excluindo-se aquelas
que não se aplicam.
4.3 Manometria anorretal
Com o paciente em posição de Sims, é feita a calibragem do sistema de cateter de
perfusão com água no manômetro anorretal.
Figura 1: posição de Sims (Fonte: GORDON, 2007).
17
Figura 2: manômetro anorretal (Fonte: ALACER, 2014).
Após um toque retal dilatador com gel lubrificante não anestésico, é introduzido
o cateter via retal e posicionado a 06 cm da borda anal (Figura 2).
Figura 3: cateter de perfusão com água e saída com 08 canais radiais (Fonte: ALACER, 2014).
18
Inicia-se o exame com a aferição das pressões de repouso do canal anal nas
posições a 06, 05, 04, 03, 02 e 01 cm da borda anal. Segue-se o procedimento com a
aferição das pressões de contração voluntária nas posições a 06, 05, 04, 03, 02 e 01 cm
da borda anal durante contração máxima do ânus solicitada ao paciente neste momento.
Posteriormente, com o cateter a 01 cm da borda anal, aferem-se as pressões de
contração mantida durante uma contração sustentada por 30 segundos solicitada ao
paciente.
Finalmente, retorna-se o cateter na posição a 06 cm da borda anal e injeta-se água
através deste cateter, preenchendo o balão em sua extremidade distal para determinar a
sensibilidade retal (volume de líquido injetado em que ocorre a primeira sensação de
conteúdo no reto), o primeiro desejo evacuatório e a capacidade retal (volume máximo
tolerado).
19
4.4 Análise estatística
As características gerais da população estudada (gênero e idade) foram calculadas
por contagem direta.
A gravidade da incontinência fecal dos pacientes foi calculada por meio de
contagem direta da Escala de Continência de Jorge/Wexner e da Escala de Qualidade de
Vida na Incontinência Fecal (FIQLS).
Para determinar a correlação da gravidade da incontinência fecal e as alterações
encontradas no exame de manometria anorretal foi utilizado os testes de correlação de
Spearman (dados não paramétricos) e regressão logística múltipla.
Os programas utilizados foram o BioEstat versão 5.3, GraphPad Prism versão 6.04
e Minitab versão 17.
O nível de significância adotado foi de alfa = 5%, com intervalo de confiança de
95%.
20
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram incluídos neste estudo 12 pacientes com diagnóstico clínico de
incontinência fecal e verificou-se que a maioria pertence ao gênero feminino.
Característica dos pacientes
Idade (anos) (média e desvio padrão)
64 ± (11)
Gênero
n (%)
Masculino
3 (25)
Feminino
9 (75)
Tabela 1: Características gerais da população do estudo.
Os resultados da Escala de Continência de Jorge/Wexner (Tabela 2)
apresentaram valores de 2 a 13 pontos, com média de 7,25.
Escala de Continência de Jorge/Wexner
Uso de Forro
Alteração no
Tipo de Incontinência
Sólido
Líquido
Gás
(Vestimenta)
Estilo de Vida
1
3
0
0
0
0
2
3
0
2
0
0
2
3
4
4
0
3
4
3
0
4
0
0
5
3
0
3
0
0
6
2
0
3
4
0
4
0
0
2
0
7
0
2
3
0
0
8
9
2
2
4
4
0
10
3
0
4
4
0
11
4
0
0
4
0
12
2
0
0
0
0
Tabela 2: Descrição dos resultados das variáveis da Escala de Continência de
Jorge/Wexner.
N
Total
3
5
13
7
6
9
6
5
12
11
8
2
21
Apesar de não existir um critério definido pela literatura para classificação quanto à
pontuação, há descrito que o valor de 0 significa um controle perfeito da continência e
11
o valor de 20 significa completa incontinência fecal .
Portanto, deve-se compreender que a população estudada apresenta em média
uma perda de 36,25% do controle perfeito da continência fecal.
Os resultados da Escala de Qualidade de Vida na Incontinência Fecal
demonstraram que todos os pacientes que participaram do estudo apresentaram redução
da qualidade de vida. O domínio “Constrangimento” foi a que apresentou o menor índice
(Tabela 3).
Escala de Qualidade de Vida
Domínio
Media ± desvio padrão
Estilo de vida
3.81 ± 0.26
Comportamento
3.28 ± 0.46
Depressão
3.75 ± 0.51
Constrangimento
2.48 ± 0.79
Total
3.30 ± 0.40
Tabela 2: Descrição das médias para os domínios da FIQLS. Utilizado
software Graphpad Prism v.6.04 (Autor: Thiago Alves).
Os resultados de cada variável da manometria anorretal e os valores de
normalidade (V.N.) quando existentes estão apresentados na Tabela 4.
22
Manometria Anorretal
Pressões de
contração
(V.N.: 60-110
mmHg)
Índice de
fadiga
(V.N.: >
0,7 min)
Sensibilidade
retal
(V.N.: 10-30
mL)
Desejo
evacuatório
(cm)
Pressões de
repouso
(V.N.: 40-70
mmHg)
(mL)
Capacidade
retal
(V.N.: 100300 mL)
1
2
22.6
96.2
0.5
39
113
185
2
3
42.6
150.6
0.5
23
58
115
3
4
33.7
54.5
0.6
41
81
141
4
3
53.1
92.7
1.6
25
73
193
5
1
35.6
51.5
0.9
87
87
295
6
1
26.9
117.6
0.7
15
52
103
7
2
64.4
57.6
0.6
22
60
214
8
3
26.6
232.8
2.4
28
92
154
9
3
32.7
97.6
0.9
25
58
133
10
3
64.4
86.5
5
86
146
272
11
2
29
63.7
0.5
15
32
101
12
2
35.5
41.3
3.8
29
59
155
N
Canal anal
funcional
Tabela 4: Descrição dos resultados da manometria anorretal.
Na análise de correlação entre as variáveis da Escala de Continência de
Jorge/Wexner e os resultados da manometria anorretal não houve correlação
estatística. Entretanto a variável “Líquido” da Escala de Continência de Jorge/Wexner e
a variável “Pressão de repouso” do exame de manometria anorretal apresentaram uma
correlação negativa moderada, ou seja, quanto maior os valores da pressão de repouso,
menor a incontinência para fezes liquidas.
“Líquido vs. Pressão de repouso”
Coeficiente de Spearman (r)
- 0.3366
Intervalo de confiança 95%
-0.7711 – 0.3118
Valor de p
0.030
Tabela 5: Correlação entre as variáveis “Líquido” e “Pressão de repouso”.
Utilizado software Graphpad Prism v.6.04 (Autor: Thiago Alves).
23
A mesma análise de correlação foi realizada entre os domínios da Escala de
Qualidade de Vida na Incontinência Fecal e os resultados da manometria anorretal. Não
foi encontrada correlação estatística significante.
Foi realizada também uma análise de regressão logística múltipla para as variáveis
da manometria anorretal e as variáveis da Escala de Continência de Jorge/Wexner, assim
como entre as variáveis da manometria anorretal e os domínios da Escala de Qualidade
de Vida na Incontinência Fecal. Entretanto, também não foi observada nenhuma
associação estatística significante.
Apesar de a manometria anorretal ser um dos testes básicos e de primeira linha de
investigação na incontinência fecal, estes resultados podem não ter sido significativos
devido ao reduzido número de amostra, portanto merecem melhor investigação.
24
6. CONCLUSÃO
A partir dos resultados pode-se concluir que:
a) Foi encontrada uma correlação negativa moderada entre a variável
“Líquido” da Escala de Continência de Jorge/Wexner e a variável “Pressão de
repouso” da manometria anorretal;
b) Não houve correlação estatística significativa entre as variáveis da Escala de
Continência de Jorge/Wexner e os resultados da manometria anorretal;
c) Não houve correlação estatística significativa entre as variáveis da Escala de
Qualidade de Vida na Incontinência Fecal (FIQLS) e os resultados da
manometria anorretal.
25
REFERÊNCIAS
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http://www.fascrs.org/physicians/education/core_subjects/2009/fecal_incontine
nce/ (acesso em Setembro de 2014).
12. Alacer Biomédica # # 2014. http://www.alacer.com.br/#!slideshow/c147l (acesso
em Novembro de 2014).
27
EQUIPE CIENTÍFICA
Nome
Formação
Função no projeto
Thiago Ibiapina Alves
Médico residente de
Coordenar e executar o
Coloproctologia
projeto
Médica Coloproctologista
Orientadora
Juliana Magalhães Lopes
Geraldes
28
APÊNDICE A
HOSPITAL DO SERVIDOR PÚBLICO MUNICIPAL TERMO
DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)
O (A) senhor (a) está sendo convidado (a) a participar como voluntário da pesquisa com título
“Implementação da Manometria Anorretal com ênfase no estudo da Incontinência Fecal na clínica de
Coloproctologia do Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo”. Após ser esclarecido (a) sobre as
informações a seguir e caso aceite fazer parte deste estudo, assine ao final deste documento que está em duas
vias. Uma delas é sua e a outra é do pesquisador responsável.
INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA
• Nome Completo dos Pesquisadores:
Juliana Magalhães Lopes Geraldes – Coordenadora
Thiago Ibiapina Alves – Colaborador
• Telefones para contato: (011) 3397-7979
A pesquisa tem como objetivo avaliar os resultados da manometria anorretal em pacientes com incontinência
fecal no Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo. O exame de manometria anorretal será feito
com o paciente deitado sobre lado esquerdo do corpo e terá duração de cerca de 30 minutos. Através de um
cateter fino e flexível via retal serão aferidas as pressões no reto e canal anal. Este exame pode gerar
desconforto mínimo durante a manipulação do cateter, mas não acarreta risco à saúde do paciente. Este
estudo é importante, pois pode levar a compreensão da dinâmica da continência anal através de dados
manométricos e relacioná-los com os sintomas e a gravidade da incontinência fecal e a qualidade de vida,
orientando o tratamento adequado para cada caso. O estudo terá duração de 03 meses e será realizada na
clínica de Coloproctologia do Hospital do Servidor Público Municipal. Os pesquisadores estarão à sua
disposição, a qualquer momento, para discutir as dúvidas que o senhor (a) possa ter a respeito deste estudo e
sua participação. Sua participação no presente estudo é voluntária. O
(A) senhor (a) pode optar por não participar ou interromper sua participação no estudo a qualquer momento,
sem qualquer prejuízo da sua assistência. Os registros individuais dos seus dados serão mantidos em sigilo
(confidencial). Os resultados do presente estudo de pesquisa poderão ser apresentados em eventos científicos
ou publicações; porém a identidade do senhor (a) não será revelada nessas apresentações.
Consentimento pós-informação:
Eu, ___________________________________________, fui informado sobre o que o pesquisador quer
fazer e porque precisa da minha colaboração e entendi a explicação. Por isso, eu concordo em participar da
pesquisa, sabendo que não vou ganhar nada e que posso sair quando quiser.
______________________________________ __/__/____
Assinatura do participante
Data
______________________________________ __/__/____
Profissional que conversou com o paciente
Data
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ANEXO A
Escala de Continência de Jorge/Wexner
Escala de Continência de Jorge/Wexner
Tipo de Incontinência
Nunca Raramente Eventualmente Normalmente Sempre
Sólido
Líquido
Gás
Forro
Alteração no estilo de vida
Fonte: GORDON, 2007.
30
ANEXO B
Escala de Qualidade de Vida na Incontinência Fecal (FIQLS)
Fonte: YUSUF, 2004.
31
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