Experimento 5 : Fenômenos de indução magnética – transformação de voltagem e ciclo de histerese Grupo: Daniela Sato Maria Silvia C. Franciscon André De Caroli RA: 090849 RA: 084489 RA: 072796 Resumo: A partir do circuito mostrado na figura 4, procuramos estabelecer nesse experimento a relação existente entre Vp e Vs, considerando situações distintas como o núcleo de ferro com e sem a parte superior. A partir do gráfico obtido, calculamos a razão entre o número de espiras do secundário pelo do primário e comparamos com os reais valores utilizados. Além disso, procuramos obter o ciclo de histerese com a montagem do circuito da figura 5 e definir fisicamente o campo coercitivo HC e o cmapo remanente BR. Introdução: O transformador é um dispositivo destinado a transmitir energia elétrica ou potência elétrica de um circuito a outro, transformar tensões ou correntes, além de outras funções. Esse dispositivo é constituído de duas ou mais bobinas, ou enrolamentos, e um circuito magnético, que acopla tais bobinas. Nesse experimento esperamos nos familiarizar com esse equipamento através da montagem de circuitos e aplicação teórica. Teoria: Um transformador ideal tem acoplamento de 100%, é linear (não tem saturação nem histerese) e não tem perdas ôhmicas. Como não há perdas de acoplamento, temos que o fluxo magnético Φ no primário é passado integralmente para o circuito secundário, e as voltagens no transformador são dadas por: 𝑑Φ 𝑉𝑃 = −𝑁𝑃 𝑑𝑡 (1) 𝑉𝑆 = −𝑁𝑆 𝑑Φ 𝑑𝑡 (2) onde NP e NS são os números de espiras das bobinas primária e secundária, respectivamente. Se igualarmos os termos 𝑑Φ/𝑑𝑡 das equações 1 e 2, teremos que: 𝑁 𝑉𝑆 = (𝑁 𝑆 ) 𝑉𝑃 𝑃 (3) Para a próxima análise, devemos montar o circuito da figura 1, que está mostrado a seguir. Figura 1: Circuito montado para observar a curva de histerese de um transformador. No circuito da figura 1, as tensões Vx e Vy são, respectivamente, as tensões medidas nos canais 1 e 2 do osciloscópio. Agora, considere o transformador mostrado na figura 2. Figura 2: Transformador, ilustrando o comprimento médio, l, e a seção reta do núcleo, S. Pela Lei de Ampère, sabemos que: ⃗ . 𝑑𝑙 𝐼𝑇 = ∮𝐻 𝑁𝑃 . 𝐼𝑃 = 𝐻𝑙 Sabendo que 𝐼𝑃 = 𝑉𝑃 ⁄𝑟 temos que: 𝑉𝑥 . 𝑁𝑃 = 𝐻𝑙 𝑟 𝑁 (4) (5) (6) 𝐻 = ( 𝑟𝑙𝑃 ) 𝑉𝑥 (7) Também, considerando que o campo magnético é uniforme, e sabendo que o ⃗ . S⃗, este pode ser aproximado simplesmente fluxo magnético é dado por Φ = B por: Φ = B. S (8) Substituindo a equação 8 em 2, e sabendo que a área S é constante, temos que: 𝑑𝐵 𝑉𝑆 = −𝑁𝑆 𝑆 𝑑𝑡 (9) Do circuito da figura 1, sabemos que: 𝑡 𝑉𝑆 (𝑡) 𝑉𝑦 (𝑡) = ∫ 𝑅𝐶 𝑑𝑡 (10) Substituindo a equação 9 em 10 e rearranjando para B, teremos que: 𝑅𝐶 𝐵(𝑡) = (𝑆𝑁 ) 𝑉𝑦 (𝑡) (11) 𝑆 Se o osciloscópio for colocado no modo XY, poderemos observar a curva de histerese, que será como a mostrada na figura 2. Figura 3: Ciclo de histerese que pode ser observado no osciloscópio, operando no modo XY. Na figura 3, B é o campo magnético total dentro da barra (devido à corrente da bobina e à imantação do ferro), H é o campo produzido pela corrente da bobina, BR é o campo remanente e HC é o campo coercitivo. Metodologia Experimental: - Materiais: Capacitor de 1 µF; Resistências de 4,7 Ω e 100 kΩ; Protoboard; Osciloscópio; Transformador variável; Transformador de isolação (duas bobinas de 300 espiras montadas em um núcleo de ferro); Transformador Phywe com duas bobinas (400 e 1600 espiras). - Métodos: Primeiramente, deve-se montar o circuito da figura 4. Figura 4: Circuito utilizado para a primeira parte do experimento. No circuito da figura 4, a bobina no primário (esquerda no transformador de teste) tem 400 espiras e a bobina no secundário (direita no transformador de teste) tem 1600 espiras. Através desse circuito, obtivemos dados para VS e VP, onde estes são os dados obtidos nos canais 1 e 2, respectivamente, e pudemos montar um gráfico. Do gráfico, e da equação 3, sabemos que o coeficiente angular será a relação 𝑁𝑠 ⁄𝑁𝑃 . Mas, como sabemos os valores de NS e NP, podemos determinar o seu valor teórico. Em seguida, removemos a parte superior do núcleo de ferro do transformador de teste e mantivemos as espiras. Assim, obtivemos novos valores para VS e VP, e pudemos fazer um novo gráfico, consequentemente com uma nova razão 𝑁𝑠 ⁄𝑁𝑃 . Por último, montamos o circuito da figura 5. Figura 5: Circuito utilizado para investigar o ciclo de histerese. No circuito da figura 5, r = 4,7 Ω, R = 100 kΩ, C = 1 μF e a bobina de 400 espiras está em série com r. Colocando o osciloscópio no modo XY, veremos na tela o ciclo de histerese. Resultados e Análise de dados: Com o circuito da figura 4, obtivemos os dados mostrados na tabela 1, a seguir. Tabela 1: Dados obtidos para as tensões no primário e no secundário. VP (V) 0,4 0,5 0,5 0,7 0,8 0,9 1,1 1,2 1,4 1,4 1,5 2,0 ∆VP (V) 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,2 VS (V) 1,1 1,4 1,7 2,1 2,5 2,9 3,5 3,7 4,0 4,3 4,7 5,1 ∆VS (V) 0,1 0,1 0,1 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,3 Para calcularmos os erros das medidas, utilizamos a seguinte relação: ∆𝑉 = ±(3% 𝑑𝑜 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑙𝑒𝑖𝑡𝑢𝑟𝑎 + 5% 𝑑𝑎 𝑒𝑠𝑐𝑎𝑙𝑎 𝑉/𝑑𝑖𝑣) (12) A escala V/div utilizada neste experimento foi de 2 V/div. Utilizando esses dados, pudemos construir o gráfico 1 apresentado a seguir. Gráfico 1: Relação entre VS e VP para os dados coletados na tabela 1. Como este gráfico foi plotado utilizando o programa Origin, nele pudemos obter o valor do coeficiente angular da reta, que foi de 2,9 ±0,1. Se analisarmos a equação 3, veremos que esse coeficiente corresponde a fração 𝑁𝑆 ⁄𝑁𝑃 . E, como tínhamos o número de espiras de cada bobina, sabemos que seu valor teórico deve ser de 𝑁𝑆 ⁄𝑁𝑃 = 1600⁄400 = 4. Como podemos perceber, o erro relativo entre a medida teórica e a prática foi de 25%. Podemos apontar como causa deste erro o fato de que o indutor não é ideal, portanto há perdas ôhmicas e há histerese. Em seguida, retirando a parte superior do núcleo de ferro do transformador de teste, obtivemos novos valores de VS e VP, os quais são mostrados na tabela 2. Tabela 2: Valores para VS e VP para o núcleo aberto. VP (V) 0,3 0,8 1,0 1,2 1,3 1,4 1,5 1,7 2,0 2,0 ∆VP (V) 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,2 0,2 0,2 VS (V) 0,5 1,1 1,5 1,7 2,0 2,3 2,6 3,2 3,8 4,5 ∆VS (V) 0,1 0,1 0,1 0,1 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 Os erros da tabela 2 foram calculados pela equação 12, como o feito anteriormente para a tabela 1. A partir dos dados da tabela 2, pudemos constriur o gráfico 2 mostrado a seguir. Gráfico 2: Relação entre VS e VP para os dados coletados na tabela 2. A partir desse gráfico, obtemos que o valor do coeficiente angular da reta é de 2,02 ±0,09. E seu valor teórico é o mesmo utilizado anteriormente, pois foi mantido o número de espiras das bobinas. Esse novo valor para a razão NS/NP tem um erro de cerca de 50% do valor teórico. Como foi retirada a parte superior do núcleo de ferro, as perdas ôhmicas são ainda maiores. Se compararmos os gráficos 1 e 2, veremos que as inclinações das retas são bem diferentes, sendo que no gráfico 2 esta possui um coeficiente linear menor. Isso se deve ao fato de que o valor de l será menor, e da equação 7 podemos observar que, se esse valor diminui, o valor de Vx também diminui. Logo, isso irá diminuir a inclinação da reta. Por último, montamos o circuito da figura 5, como descrito anteriormente. Alterando o osciloscópio para o modo XY, obtivemos o ciclo de histerese mostrado na figura 6. Figura 6: Ciclo de histerese obtido na frequência de 60 Hz. No ciclo de histerese da figura 6, o ponto onde este corta o eixo vertical é chamado de campo remanente (BR). O campo remanente é o valor do campo magnético total dentro da barra onde não há passagem de corrente elétrica (IP = 0), ficando como um imã. Para zerar esse campo magnético, é necessário aplicar um campo magnético no sentido oposto, este é chamado de campo coercitivo (HC). Discussão e Conclusão: A partir dos dados experimentais obtidos, e comparando-os com o valor teórico, podemos observar que houve uma diferença relativamente alta entre eles. Boa parte dessa diferença pode ter sido causada por perdas ôhmicas e pelo fato do transformador não ser linear, ou seja, há saturação e histerese. Outras possibilidades de erro consistem em erro do experimentador e aqueles devido a imprecisão de valores oscilatórios mostrados no osciloscópio. Referências Bibliográficas: Fragnito H., Apostila de Fisica Experimental IV, (Unicamp,SP, 2009), pp 51-59. Disponível em http://www.ifi.unicamp.br/~calderon/livro.pdf. Acesso em 22/09/2010.