Rayane Nogueira dos Santos

Propaganda
Pró-Reitoria de Graduação
Pró-Reitoria
de Graduação
Curso de Biomedicina
Curso
de Biomedicina
Trabalho
de Conclusão
de Curso II
Trabalho de Conclusão de Curso
EXPRESSÃO E PURIFICAÇÃO DA PROTEÍNA NS3 DO VÍRUS
DENGUE TIPO 3
Autor: Rayane Nogueira dos Santos
Orientador: PhD.Tatsuya Nagata
Co-Orientador:
PhD. Paula
Autor: Rayane
LuziaAndreia
Viegas Silva
da Silva
Orientadora: Dra. PhD.Paula Andreia Silva
Co-Orientador: Dr. PhD.TatsuyaNagata
Brasília - DF
2012 - DF
Brasília
2012
RAYANE NOGUEIRA DOS SANTOS
TÍTULO: EXPRESSÃO E PURIFICAÇÃO DA PROTEÍNA NS3 DO VÍRUS
DENGUE TIPO 3
Monografia apresentada ao curso de graduação
em Biomedicina da Universidade Católica de
Brasília como requisito parcial para obtenção
do título de Bacharel em Biomedicina
Orientador: PhD. Tatsuya Nagata
Co-Orientador: PhD. Paula Andréia Silva
Brasília
2012
Monografia de autoria de Rayane Nogueira dos Santos, intitulado “Expressão e
Purificação da Proteína NS3 do Vírus Dengue Tipo 3”, apresentado como requisito parcial
para a obtenção do grau de Bacharel em Biomedicina da Universidade Católica de Brasília,
em 12 de Novembro de 2012, defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada:
__________________________________________________________
Prof. PhD.Tatsuya Nagata
Orientador
Curso de Patologia Molecular – UnB
____________________________________________________
Prof. PhD. Paula Andreia Silva
Co - Orientador
Curso de Biomedicina – UCB
____________________________________________________
Prof. MSc. Lidia Maria Pinto de Lima
Curso de Biomedicina - UCB
____________________________________________________
Prof. PhD. João Alexandre Ribeiro Gonçalves Barbosa
Programa de Pós Graduação em Ciências Genômicas e Biotecnologia- UCB
Brasília
2012
Resumo
Santos, R.N. Expressão e Purificação da Proteína NS3 do Vírus Dengue Tipo 3. 2012. 46.
Monografia. Curso de Biomedicina, UCB, Brasília/DF.
A dengue é a doença transmitida aos seres humanos por mosquitos Aedes aegypti
infectados pelo vírus Dengue (DENV), que é responsável pela grande epidemia de dengue.
Estes vírus pertencem à família Flaviviridae, gênero Flavivirus. Seu genoma consiste de uma
fita positiva de RNA com aproximadamente 11kb e possuem quatro sorotipos distintos
(DENV-1, 2, 3 e 4). O genoma viral codifica 3 proteínas estruturais (C, prM e E) e 7 proteínas
não-estruturais (NS1, NS2A/B, NS3, NS4A/B e NS5). Em específico, a proteína não
estrutural NS3 é uma proteína multifuncional com 619 aminoácidos que funciona como
serino-protease e RNA helicase. O objetivo desse estudo foi expressar e purificar a proteína
NS3 do DENV tipo 3 para que torne possível obter conhecimentos estruturais e
posteriormente desenvolver inibidores da protease. A partir de uma amostra de soro positivo
para DENV 3 foi feita extração, transcrição reversa e PCR do gene da proteína NS3. Em
seguida, fragmentos de DNA do gene de NS3 foram clonados em vetor plasmidial pGEM-T.
Após a confirmação do gene por sequenciamento foi feita subclonagem utilizando o vetor
pET28a em células E. coli DH5α. Após esse processo foi feita uma nova transformação
utilizando o vetor pET28a em células E. coli BL21 (DE3) para a expressão da proteína,
confirmado com PAGE por Comassie blue e Western blotting. A expressão da proteína NS3
do DENV3 foi obtida com sucesso apresentando características insolúveis.
Palavras - chave: Vírus Dengue, Aedes, DENV3, NS3.
Abstract
Dengue is a disease transmitted to humans by Aedes aegypti mosquitoes infected with
Dengue virus (DENV), which is responsible for large epidemics of dengue. These viruses
belong to the family Flaviviridae, genus Flavivirus. The genome consists of a positive strand
RNA with approximately 11 kb and has four distinct serotypes (DENV-1, 2, 3 and 4). Viral
genome encodes three structure proteins (C, prM and E) and seven non-structural proteins
(NS1, NS2A / B, NS3, NS4A / B and NS5). In particular, the non-structural protein NS3 is a
multifunctional protein with 619 amino acids which functions as serine protease and RNA
helicase. The objective of this study was to express and purify the DENV-3 NS3 protein to
make it possible to obtain knowledge about structural and subsequently develop protease
inhibitors. In order to accomplish this, a positive serum sample against DENV-3 was used for
RNA extraction, reverse transcription and PCR of the NS3 protein gene. Then, DNA
fragments of NS3 gene were cloned into plasmid vector pGEM-T. After confirmation by
sequencing, NS3 gene was subcloning into the vector pET28a and E. coli DH5α cells were
transformed. After this process a new transformation was done using the vector pET28a in E.
coli BL21 (DE3) for protein expression. The production of the protein was confirmed with
PAGE followed by Comassie blue staining and Western blotting. The expression of NS3
protein of DENV3 was successfully obtained presenting insoluble characteristics.
Keywords: Dengue virus, Aedes, DENV3, NS3.
Sumário
Introdução ........................................................................................................................8
Revisão da Literatura ......................................................................................................9
Materiais e Métodos ......................................................................................................13
1.
Amplificação do gene NS3 ......................................................................................... 13
1.1
Amostras ..................................................................................................................... 13
1.2
Extração, RT-PCR e PCR ........................................................................................... 13
2.
Clonagem: pGEM-T Easy + NS3 em DH5α ............................................................. 14
2.1
Adenilação (Adição de A-overhung) .......................................................................... 14
2.2
Purificação do inserto – Eluição de DNA ................................................................... 14
2.3
Quantificação .............................................................................................................. 14
2.4
Ligação – pGEM-T ..................................................................................................... 14
2.5
Dessalinização ............................................................................................................. 15
2.7
Extração do plasmídeo da cultura de células- Miniprep e Digestão do plasmídeo ..... 16
2.8
Sequenciamento .......................................................................................................... 16
2.9
Inoculo, Miniprep e Digestão do inserto ..................................................................... 16
2.10
RCA e digestão do vetor pET28a ................................................................................ 16
3.
Subclonagem pET28a + NS3 em DH5α .................................................................... 17
3.1
Subclonagem em vetor pET28a .................................................................................. 17
3.2
Transformação em E. coli (DH5-α)............................................................................. 18
4.
Subclonagem pET28a + NS3 em BL21(DE3) ........................................................... 18
4.1
Transformação em E.coli BL21(DE3) ........................................................................ 18
4.2
Confirmação da inserção do gene NS3 por reação de PCR ....................................... 18
5.
Expressão .................................................................................................................... 18
5.1
Expressão e Indução .................................................................................................... 18
5.2
PAGE .......................................................................................................................... 19
5.3
Western blotting .......................................................................................................... 19
5.4
Teste de Solubilidade .................................................................................................. 20
Resultados ......................................................................................................................21
Discussão e Conclusão ...................................................................................................32
Referências Bibliográficas ............................................................................................ 35
Anexos ............................................................................................................................. 38
Anexo I - Protocolo de coloração por violeta cristal: .............................................................. 38
Anexo II - Protocolo de ligação inserto+vetor ........................................................................ 39
Anexo III - Protocolo de Transformação ................................................................................ 40
AnexoIV - Protocolo para Reação de RCA do pET28a .......................................................... 41
Anexo V- Protocolo de Precipitação com Etanol .................................................................... 42
Anexo VI - Protocolo para PAGE (Comassie blue e Western blotting).................................. 43
8
Introdução
A Dengue é uma doença causada pelo vírus Dengue (DENV). Estes vírus pertencem à
família Flaviviridae, gênero Flavivirus. Seu genoma consiste de uma fita positiva de RNA de
aproximadamente 11kb. Existem quatro sorotipos denominados DENV-1, 2, 3 e 4 com base
em suas características antigênicas, sendo útil para a identificação de fatores virais associados
à severidade da doença (Brian et al., 2011). No Brasil, o DENV-1 foi o primeiro a ser
encontrado durante a década de 80, seguindo-se a aparição do DENV-2 no início dos anos 90
(Teixeira et al., 2009). DENV-3 foi o terceiro a ser introduzido em 2001 (Tauil, 2002). A
introdução do DENV-4 foi confirmada na região norte do Brasil, em 2008, na cidade de
Manaus (Costa et al., 2009).
Esta doença é transmitida predominantemente por meio da picada do mosquito Aedes
aegypti, e também pode ser transmitida pelo Ae. albopictus. O aumento na incidência da
doença na América ao longo das últimas três décadas é devido, em grande parte, a expansão
geográfica de Ae. aegypti após o declínio dos esforços de controle (Brian et al., 2011). São
muitas as dificuldades de controlar este mosquito em grandes e médias cidades, pois, existem
facilidades para sua proliferação, bem como limitações para reduzir seus índices de
infestação, geradas pela complexidade da vida urbana atual (Tauil, 2002).
Com relação ao genoma do vírus este codifica três proteínas estruturais, sendo elas:
capsídeo (C), precursora de membrana (prM) e envelope (E), estas proteínas sofrem uma série
de mudanças conformacionais durante a entrada, montagem e maturação viral, sendo
essenciais para o correto funcionamento dessas ações. Já as proteínas não estruturais (NS)
compõem um conjunto de 7 proteínas: NS1, NS2A, NS2B, NS3, NS4A, NS4B e NS5, sendo
todas essas proteínas responsáveis por atuar na replicação viral (Idrees et al., 2012).
Em específico, a proteína NS3 possui 619 aminoácidos e funciona como uma
serinoprotease e também como uma helicase de RNA (Gebhard et al., 2012).
Considerando estas funções, este projeto visa expressar e purificar a proteína NS3,
utilizando o sistema heterólogo de expressão da bactéria Escherichia coli. E como resultado
em longo prazo, estudos da estrutura da proteína podem contribuir para a elaboração de
inibidores da proteína estudada.
9
Revisão da Literatura
A Dengue é a arbovirose mundialmente mais importante, causada pelo vírus Dengue
(DENV). Estes vírus pertencem à família Flaviviridae, gênero Flavivirus, que são
filogeneticamente relacionados a outros importantes patógenos humanos, tais como o vírus da
Febre amarela, vírus da Encefalite japonesa e o vírus do Nilo Ocidental. Esses vírus são
partículas esféricas com envelope e possuem genoma de RNA de cadeia simples positiva com
cerca de 11Kb (Martins et al., 2012).
O DENV possui quatro sorotipos distintos (DENV-1, 2, 3 e 4) e cada sorotipo possui
características únicas e podem apresentar manifestações graves em uma determinada
população, dependendo de sua interação com a resposta do hospedeiro (Gupta et al., 2012).
Estima-se que 70-500 milhões de infecções por DENV ocorram anualmente em países
endêmicos. Cerca de 3,6 bilhões de pessoas (55% da população mundial) estão em risco de
contrair a doença (dos Santos et al., 2011).
A primeira epidemia da dengue no Brasil, com o isolamento do vírus, ocorreu em
1981, no estado de Roraima, quando DENV-1 e DENV-4 foram identificados. Em 1986 o
DENV-1 foi identificado no estado do Rio de Janeiro e posteriormente disseminado para
outros estados do Brasil (Bastos et al., 2012). DENV-2 foi identificado em 1990 e DENV-3
em 2000 no Rio de Janeiro (dos Santos et al., 2011).
A dengue é transmitida predominantemente por meio da picada do mosquito Aedes
aegypti infectado pelo DENV, um mosquito altamente domesticado, e também pode ser
transmitida pelo Ae. albopictus. O aumento na incidência da doença na América ao longo das
últimas três décadas é devido, em grande parte, à expansão geográfica de Ae. aegypti após o
declínio dos esforços de controle (Brian et al., 2011). O Ae. aegypti é um mosquito tropical
responsável pela transmissão da dengue no Brasil desde o início de 1980. O Ae. albopictus
adaptou-se tanto em regiões tropicais e temperadas e colonizou vários tipos de criadouros nas
áreas urbanas e suburbanas. Desde que a dengue foi inserida no Brasil, o Ae. albopictus não
tem sido associado com epidemias de dengue no país, embora tenha sido encontrado
naturalmente infectado com o vírus da Febre amarela. O melhor mecanismo conhecido de
transmissão é pela transmissão horizontal (humano-mosquito), no entanto, a transmissão
transovariana ou vertical, em que o mosquito fêmea infectado é capaz de transmitir o vírus a
sua descendência, pode proporcionar um mecanismo para entender como o DENV persiste na
natureza na ausência de hospedeiros vertebrados não imunes ou sob condições ambientais
desfavoráveis para a atividade do mosquito (Martins et al., 2012).
10
Os mosquitos infectados com DENV permanecem infectados durante toda a sua vida e
a viremia de um humano dura cerca de 7 a 10 dias. Uma vez que os mosquitos ingerem cerca
de 1µL de sangue, a viremia de uma pessoa deve ter cerca de 103 unidades infecciosas/mL de
sangue para ter um vírus infeccioso durante o repasto sanguíneo (Brian et al., 2011).
Existem fatores que são importantes para determinar a incidência e a virulência da
doença, ou seja, as características biológicas dos DENV, onde incluem os quatro sorotipos,
virulência das cepas, sequência das infecções, a taxa de replicação. É levado também em
consideração o hospedeiro, pois, depende da raça, idade, sistema imune. Outro fator
importante é o vetor, onde é determinada a taxa de reprodução e adaptação ao meio ambiente
(Teixeira et al., 2009).
O processo de infecção se dá primeiramente pela adsorção da partícula viral, em
seguida é endocitada em vesículas recobertas por clatrinas e o nucleocapsídeo é liberado no
citoplasma após a fusão do envelope viral com a membrana do endossomo, essa fusão ocorre
após mudança conformacional da proteína E. Depois da liberação do RNA genômico no
citoplasma celular, esse RNA é traduzido em uma poliproteína que é clivada gerando
proteínas estruturais e não - estruturais. A replicação do RNA genômico ocorre também no
citoplasma e começa a com a síntese de uma fita de RNA complementar, com polaridade
negativa, que serve como molde para a produção de novas fitas de RNA com polaridade
positiva. A montagem da partícula viral ocorre nas proximidades do retículo endoplasmático,
onde adquire o envelope. O transporte para a membrana plasmática é realizado por meio de
vesículas por exocitose. O brotamento através da membrana citoplasmática é observado
ocasionalmente, indicando não ser esse o principal mecanismo de liberação da partícula viral
da célula hospedeira (Santos et al., 2008).
Em áreas endêmicas, anualmente, cerca de 6-8% das crianças em idade escolar são
infectadas com um DENV, mas apenas 5 - 50% dessas infecções são sintomáticas. A maioria
dessas infecções sintomáticas possuem períodos de incubação que variam de 3 a 14 dias, mas
geralmente são de 4 a 7 dias. A febre da dengue apresenta um início de febre súbita
acompanhada de dor de cabeça, mialgia generalizada e artralgia, rubor da face, erupção
cutânea, anorexia, dor abdominal e náuseas. A forma hemorrágica da dengue inclui sintomas
como fragilidade capilar, petéquias, equimoses ou púrpura, sangramento da mucosa e do trato
gastrointestinal. Já a síndrome do choque da dengue é exigida a presença dos critérios de
dengue hemorrágica e insuficiência circulatória manifestada pelos sintomas seguintes: pulso
fraco, aumento da frequência cardíaca, diminuição da pressão do sangue, modificação do
estado mental, pele úmida e fria (Brian et al., 2011).
11
A evolução do paciente da febre hemorrágica da dengue (FHD) para a síndrome do
choque da dengue (SCD) não é totalmente compreendido, mas FHD e SCD são manifestações
graves de infecção pelo DENV em que a permeabilidade vascular aumenta, além da presença
de hemorragia e choque. A presença preexistente de anticorpos para o DENV predispõe os
pacientes a uma grave doença após a infecção por um segundo sorotipo de dengue (Dalrymple
et al., 2012).
Com relação ao genoma viral, a poliproteína viral é clivada para gerar 10 proteínas
como outros vírus pertencentes à família Flaviviridae. Estas proteínas incluem três proteínas
estruturais: capsídeo (C), precursora de membrana (prM) e envelope (E) (como ilustrado na
figura 1) e sete proteínas não estruturais: NS1, NS2A, NS2B, NS3, NS4A, NS4B e NS5. A
ordem dos genes é: 5’ UTR-C-prM-E-NS1-NS2A-NS2B-NS3-NS4A-NS4B-NS5-3’ UTR.
Estas proteínas virais são responsáveis para a replicação viral e várias funções celulares
(Idrees et al., 2012).
A proteína C é responsável pela montagem do nucleocapsídeo, mas apenas um pouco
é conhecido sobre essa proteína e se localiza no núcleo. A proteína precursora de membrana
(prM) é uma glicoproteína que funciona como uma parte do envoltório viral e auxilia a
envolver a proteína para formar virions maduros. A proteína do envelope (E) está presente na
superfície do vírus e está envolvida na ligação do vírus com a célula hospedeira através de
receptores celulares tais como sulfato de heparina e é a proteína mais importante para a
entrada do vírus na célula, esta proteína tem três domínios, domínio I (domínio estrutural),
domínio II (dimmers) e domínio III (domínio de ligação) (Idrees et al., 2012).
Figura
1:
Representação
esquemática
Zone.http://viralzone.expasy.org/all_by_species/24.html
da
estrutura
viral.
Fonte:
Viral
12
O genoma codifica sete proteínas não estruturais, incluindo NS1, NS2A, NS2B, NS3,
NS4A, NS4B e NS5 (como ilustrado na figura 2). Estas proteínas são responsáveis pela
replicação viral e outras funções celulares (Idrees et al., 2012).
Em específico, a NS3 é uma proteína multifuncional essencial para a replicação de
Flavivirus, que possui 619 aminoácidos. Esta protease viral está envolvida no processamento
da poliproteína viral. A região N-terminal possui 167 aminoácidos e requer a região central
com 40 aminoácidos associado com o cofator NS2B. O C-terminal de NS3 foi previsto pela
primeira vez e, em seguida, demonstrou ter três diferentes atividades enzimáticas: NTPase,
RNA trifosfatase (RTPase) e helicase. A atividade NTPase cliva a ligação anidrido fosfórico
5’-RNA e é a primeira das três reações enzimáticas sequenciais de RNA, que é essencial para
a tradução do RNA viral e sua estabilidade. A atividade de desenrolar o RNA do DENV pela
NS3 foi primeiramente relatada por Padmanabhan e colaboradores (1999). A análise
mutacional indicou que as atividades ATPase / helicase e NTPase de DENV compartilham de
um sítio ativo comum (Gebhard et al., 2012). Esta proteína é considerada o principal alvo de
respostas para células T CD4+ e CD8+ durante a infecção do DENV, que pode estar
envolvida na proteção (Costa et al., 2011) .
Ou seja, a proteína NS3 é a segunda maior proteína não estrutural com a
serinoprotease na extremidade N-terminal e a RNA helicase na extremidade C-terminal. A
NS3 também está envolvida na replicação do RNA e ajuda na regulação do processamento da
poliproteína. E, devido aos seus domínios e seu papel na replicação viral, a NS3 é considerada
um alvo terapêutico importante contra a infecção pelo DENV. Mas ainda existe uma
necessidade de desenvolver compostos antivirais que podem atingir os quatro sorotipos de
dengue com a mesma eficiência (Idrees et al., 2012).
Figura 2: Representação esquemática da poliproteína viral com os sítios de clivagem. Fonte:
Viral Zone. http://viralzone.expasy.org/all_by_species/24.html.
13
Materiais e Métodos
1. Amplificação do gene NS3
1.1 Amostras
As amostras de sorospositivos para DENV3 foram cedidas pela Universidade Federal
de Goiás em 2010. Foram cedidas sete amostras, sendo elas: 935, 936, 937, 938, 939, 944,
964.
1.2 Extração, RT-PCR e PCR
Foi feita extração e RT-PCR de todas as 7 amostras pela estudante Rayane Luzia
Viegas da Silva. O RNA total foi extraído do plasma utilizando o kit “Purelink Viral
RNA/DNA purification” (Invitrogen) e seguindo as recomendações do fabricante.
Posteriormente foi realizado RT-PCR nas seguintes condições: 6µl H2O livre de RNase, 5µl
de RNA total, 1µl de dNTP (10mM), 1µl de primer anti senso (25µM) sendo incubado a 65°
C por 5 minutos. Após esta etapa foi adicionado 4µl de tampão MMLV (5x), 1µl de DTT
(0,1M), 1µl de MMLV (400U, Invitrogen), 1µl RNaseOut (Invitrogen) e incubado por 50
minutos a 50°C. Em seguida, a solução foi incubada por mais 5 minutos a 85°C para
desnaturar a enzima MMLV. O material foi armazenado no freezer a -20°C.
A reação de PCR foi realizada nas seguintes condições: 14μL H2O, 1μL dNTP
(10mM), 5μL 10x LongAmp DNA polymerase buffer (New England Biolabs), 0,5μL primer
NS3 senso (25µM), 0,5μL primer NS3 anti senso (25 uM), 0,2μL LongAmp – DNA
polimerase (5U/μL) (tabela 1), e 3μL cDNA para o volume final de 25µL. A programação
realizada no termociclador foi: 1x 80°C por 1 minuto/ 94°C por 30 seg; 40 ciclos (94°C por
10 seg./ 55°C por 30 seg./ 65°C por 60 seg); 1x 65°C por 10 min/ 10°C ∞.
Tabela1- Primers utilizados para a amplificação por PCR da região NS3. Sítios de restrição
estão sublinhados para as enzimas NdeI (catatg) e NotI (gcggccgc).
Primer Senso
Primer Anti senso
5´ Cca tat gTC CGG CGT TCT ATG GGA CGT ACC 3´
5´ Tgc ggc cgc CTT TCT GCC AGC CGC AAA GTC 3´
14
2. Clonagem: pGEM-T Easy + NS3 em DH5α
2.1 Adenilação (Adição de A-overhung)
O processo de adenilação tem a função aumentar a eficiência da clonagem em pGEMT, pois, a Taq polimerase adiciona adenina na extremidade do fragmento possibilitando a
ligação ao vetor que possui nucleotídeos de timina em suas extremidades.
A adenilação foi feita no termociclador por 30 minutos a uma temperatura de 70°C,
onde para cada 25µL amostra de PCR acrescentou 0,2µL de Taq DNA polimerase (5U/μL).
2.2 Purificação do inserto – Eluição de DNA
Para a purificação dos fragmentos de cDNA correspondente ao gene NS3 foi feito um
gel de agarose 1% e inoculado 25µL da amostra em cada poço. Após a corrida, o gel foi
corado com violeta cristal (anexo I) (40µg/mL) por 30 minutos e as bandas correspondentes
ao tamanho de aproximadamente 1.857pb foram cortadas e eluidas com o kit “GFX band
purification” (GE Heathcare Life Sciences) de acordo com o protocolo do fabricante.
2.3 Quantificação
Para a ligação do inserto ao vetor é necessário quantificar o inserto. Para isso, foi
utilizado o equipamento Qubit com o protocolo e reagentes do Quant-it (Invitrogen).E assim,
posteriormente foi feita a ligação entre inserto e vetor pGEM-TEasy (figura 3).
2.4 Ligação – pGEM-T
A ligação do inserto NS3 purificado com o vetor pGEM-T Easy (Promega) foi feita de
acordo com a seguinte proporção:[(ng vetor x Kb inserto) / Kb veto] x 3/1. (protocolo
detalhado no anexo II)
15
Figura 3: Mapa do plasmídeo pGEM-T Easy com sítios de restrição. Fonte: Promega.
http://www.promega.com/~/media/Files/Resources/Protocols/Technical%20Manuals/0/pGEMT%20and%20pGEM-T%20Easy%20Vector%20Systems%20Protocol.pdf .
2.5 Dessalinização
Com a finalidade de eliminar sais foi realizada a reação de dessalinização. Para isso a
amostra foi dialisada em uma placa de Petri com água destilada, com uma membrana de
nitrocelulose (Millipore) adicionando 5µL de amostra por um período de 15 minutos em
temperatura ambiente.
2.6 Transformação do pGEM-TEasy recombinante em E. coli (DH5-α)
Com o pGEM-T Easy recombinante (vetor + NS3) foi feita a transformação (anexo
III) em E. coli DH5-α. Primeiramente a cuveta foi incubada por 15 minutos no gelo, em
seguida colocado 2µL da ligação (NS3+pGEM-T) no tubo tipo “eppendorf” com 50µl de
células competentes, em seguida foi dado o choque no eletroporador. Após a eletroporação
foram adicionados 1000µL do meio SOC (Sambrook& Russell, 2001) na cuveta e
homogeneizados. A seguir, o material transformado ficou no agitador por 1 hora a 37ºC com
agitação de 200rpm.
As bactérias foram plaqueadas em meio LB com ágar utilizando 20µL de ampicilina
(100mg/mL), 20µL IPTG (200mg/ml), 40µL X-Gal (20mg/ml); foram plaqueados 200µL da
amostra transformada. A incubação da placa foi na estufa à 37ºC por ± 16 horas.
16
2.7 Extração do plasmídeo da cultura de células- Miniprep e Digestão do
plasmídeo
A partir do crescimento das colônias na placa, foram feitos inoculos dessas colônias
para em seguida purificar o plasmídeo em pequena escala (miniprep). Foi feito o miniprep das
colônias escolhidas utilizando o kit “plasmidPrep Mini Spin Kit” (GE heathcare), de acordo
com o fabricante.
Posteriormente, foi feita a digestão do plasmídeo com a enzima de restrição EcoRI,
para liberar o inserto do vetor e assim confirmar a inserção do gene alvo.
Estoques desses inoculos foram armazenados na temperatura de 80ºC negativos.
2.8 Sequenciamento
Após a confirmação da inserção do gene alvo no vetor, o clone 1 (pGEM-T-NS3) foi
encaminhado para o sequenciamento na Macrogen (Coréia do Sul). Após a confirmação foi
realizada a subclonagem em vetor de expressão de proteína pET28a.
2.9 Inoculo, Miniprep e Digestão do inserto
Foram feitos dois inoculos a partir do estoque da colônia do clone 1 (pGEM-T-NS3)
armazenado anteriormente a uma temperatura de 80ºC negativos. Em seguida foi feito
miniprep e a digestão com as enzimas NotI e NdeI. Os insertos foram purificados utilizando o
kit “GFX band purification” (GE Heathcare Life Sciences) por gel de agarose com corante
violeta cristal, e em seguida quantificados, como descrito nos itens 2-2 e 2-3.
2.10
RCA e digestão do vetor pET28a
O vetor de expressão de proteína pET28a foi amplificado por Rolling circle
amplification (RCA) (anexo IV) em duplicata, que é um processo que objetiva o aumento
exponencial do vetor aumentando assim a quantidade e a efetividade do mesmo. Em seguida
foi feita a precipitação com etanol (anexo V), digestão pelas enzimas de restrição NotI e NdeI,
desfosforilação [com a adição de 1µL de CIP-(NEB) por 1 hora a 37ºC] e purificação
utilizando o kit “GFX band purification”(GE Heathcare Life Sciences).
17
3. Subclonagem pET28a + NS3 em DH5α
3.1 Subclonagem em vetor pET28a
Com o inserto e o vetor pET28a purificados foi feita a ligação com a proporção
molecular de vetor: inserto= 1:3 (anexo II).
Figura 4: Mapa do plasmídeo pET-28a com sítios de restrição. Fonte: Novagen.
http://ampliconexpress.com/vector_maps/pET28_map.pdf .
18
3.2 Transformação em E. coli (DH5-α)
Após a ligação foi feita a dessalinização como descrita no item 2-5. A seguir foi
realizada a transformação em E.coli DH5-α. As células transformadas produziram colônias
que foram selecionadas. Em seguida foi feito o miniprep e o produto deste foi submetido a
digestão com as enzimas de restrição NotI e NdeI.
A transformação foi feita da maneira com descrita no item 2-6, exceto o uso do
antibiótico que foi utilizado canamicina (50µg/mL), visto que o vetor pET28a é resistente a
esse antibiótico.
4. Subclonagem pET28a + NS3 em BL21(DE3)
4.1 Transformação em E.coli BL21(DE3)
Após a confirmação da construção pET28a-NS3, foi feita a transformação em outra
cepa de E.coli, sendo a BL21 (DE3), feita como descrito no item 2-6. Essa cepa é utilizada
para se expressar proteínas e a DH5α foi utilizada anteriormente por ser fácil para manipular.
.
4.2 Confirmação da inserção do gene NS3 por reação de PCR
Para confirmar a inserção do gene NS3 no plasmídeo pET28a foi realizada uma reação
de PCR utilizando os primers T7 e o anti - senso. O T7 foi utilizado para iniciar a reação pela
região do promotor do pET28a e o anti - senso por ser específico para NS3.
O tamanho da banda esperado para essa amplificação é de 1982pb.
5. Expressão
5.1 Expressão e Indução
Primeiramente foi feita uma expressão teste de NS3 com 10 mL de meio LB, Então,
para o teste foram selecionados dois clones para o pré-inoculo: colônia de bactéria em 3mL de
meio LB e 3µL canamicina (50µg/ml) incubados overnight a uma temperatura de 37ºC. A
partir desse pré-inoculo foi feito um novo inóculo com 5 ml de meio LB contendo 5µL de
canamicina (50µg/ml) com 500µl do pré-inoculo. Foi incubado por 1hora e 30 minutos à 37ºC
até atingir OD próximo de 0.4 (colônia 1: 0,473; colônia 2: 0,480). Ao chegar nessa O.D600,
19
foi transferido 1mL desse inoculo para 10 mL de LB e incubado por 2 horas à 37ºC até chegar
na O.D600 próxima de 0,4 (colônia 1: 0,456; colônia 2: 0,372), após essa leitura foi retirado 1
mL para se fazer controle negativo e os 9 mL restantes foram utilizados para se fazer a
indução adicionando 18µL de IPTG (100mg/mL), para concentração final de 0,2% no meio.
A indução foi feita em 2 horas a 37ºC e após esse período foram retiradas duas alíquotas de
1mL para cada colônia, centrifugada com rotação máxima por 1 minuto, descartando os
sobrenadantes e armazenando os pellets a -20°C. Uma das alíquotas foi utilizada para avaliar
na eletroforese de gel de poliacrilamida (PAGE) e a outra alíquota para o teste de
solubilidade.
Posteriormente foi feita expressão utilizando 200 mL de meio LB com os mesmos 2
clones da indução teste.
5.2 PAGE
Os pellets bacterianos armazenados foram ressuspendidos em 40 µl de tampão (SDS
2x) e fervido à 100 ºC por 5 minutos. Foram feitos dois géis de poliacrilamida (anexo VI).
Sendo que um gel foi corado com Comassie blue (0,1%) por 2 horas e descorado com solução
descorante e o segundo gel foi utilizado para a realização de Western blotting, para a
transferência de proteínas para uma membrana de nitrocelulose (GE Heathcare Life Sciences).
5.3 Western blotting
O primeiro passo do Western blotting foi a incubação do gel descrito no item 5.2, da
membrana de nitrocelulose e dos 4 papéis filtro numa solução de transferência por 10
minutos. Em seguida foi feita a transferência das proteínas do gel para uma membrana de
nitrocelulose utilizando um “Transblot” (Bio-Rad) com 15V, 150mA por um período de 30
minutos. A membrana foi bloqueada por um tampão de bloqueio com PBS1X e leite em pó
desnatado (final 1%) por um período de 1 hora sob agitação. Em seguida, a membrana foi
lavada 3 vezes por 3 minutos por uma solução constituída por PBS 1X Tween 0,1%. Após
uma nova incubação de 2 horas com tampão de bloqueio contendo 1µg/mL de anticorpo
primário (Anti-His Tag, Invitrogen), foram realizadas três novas lavagens com PBS 1X
Tween 0,1%. Foi feita outra incubação com um novo tampão de bloqueio contendo anticorpo
secundário (Anti-Mouse conjugado com fosfatase alcalina, Sigma) (1µg/mL), por um período
de 2 horas em temperatura ambiente. A membrana foi lavada por três vezes com a mesma
solução de PBS 1X e Tween 0,1%. A revelação foi feita por uma solução contendo: 10 mL de
Tampão Tris pH 9,5, com 50µL de Nitroblue Tetrazolium (NBT) (10mg/ml) e 30µL de 5-
20
Bromo-4-Cloro-3-Indolil Fosfato (BCIP) (10mg/ml). A revelação foi realizada num
recipiente protegido de luz e a visualização da revelação observada de 3 em 3 minutos.
5.4 Teste de Solubilidade
As alíquotas armazenadas como descrito no item 5.1 foram ressuspendidas em 1mL de
PBS 1X e transferidos 100µL para um tubo eppendorf de 1,5mL. Em cada eppendorf foi
adicionado 11µL de “Fastbreak” (Promega) e 0,1µL de DNase. Os tubos foram centrifugados
por 1 minuto com velocidade máxima. Em seguida colocados no agitador orbital (80 rpm) por
20 minutos seguido de nova centrifugação de 1 minuto com velocidade máxima. O
sobrenadante foi armazenado em um novo tubo eppendorf, e o pellet armazenado no próprio
tubo eppendorf. Foram feitos dois géis de poliacrilamida utilizando o sobrenadante e o pellet
de cada colônia, um gel corado com Comassie blue, e o outro para ser feito Western blotting.
Outra metodologia utilizada para testar a solubilidade da proteína foi a sonicação. Foi
feita uma nova expressão da NS3 apenas com o clone 1e aliquotado 1mL em diversos tempos,
como: no tempo não induzido, após 30 minutos de indução, após 1hora, 2 horas, 4 horas, 6
horas e overnight, em seguida foram centrifugados e os pellets foram ressuspendidos em 1mL
de tampão Tris-NaCl (300mM NaCl, 50mM Tris-HCl). As células foram lisadas por
sonicação com 2 pulsos de 15 segundos com intervalo de 30 segundos, usando amplitude de
20%. As alíquotas foram centrifugadas e o sobrenadante armazenado em um novo tubo
eppendorf. Foi feito PAGE corado por Comassie blue com amostras do pellet e do
sobrenadante.
21
Resultados
Das sete amostras de soro testadas, apenas a amostra 938 foi positiva para NS3 do
DENV3 por RT - PCR (figura 1).
A partir da clonagem do gene NS3 no vetor pGEM-T Easy foi observado o
crescimento de 8 colônias e foram escolhidas 3 colônias para se fazer miniprep (figura 2).
Com o produto do miniprep foi feita a digestão desses 3 clones plasmidiais (figura 3),
e no gel se observa uma banda compatível com o tamanho do inserto NS3, de
aproximadamente 1.857pb e uma banda com tamanho aproximado de 5.000pb,
correspondente ao tamanho do plasmídeo mais inserto. Pode-se inferir que a digestão ocorreu,
mas não como esperada.
Em seguida, o sequenciamento desse inserto confirmou a característica de ser NS3 do
DENV3 e sua correta inserção no vetor quando comparado a amostras depositadas no
GenBank (figura 4).
Com essa confirmação foi feita subclonagem em células E.coli DH5α. E para a
obtenção do inserto foram feitos dois inoculos do clone 1 do pGEM-T-NS3 (confirmado pelo
sequenciamento) em meio LB, em seguida foi feito miniprep desses dois inoculos (figura 5) e
na eletroforese se observa bandas esperadas de aproximadamente 5.000pb. Com relação ao
vetor pET28a foi feita a reação de RCA em duplicata (figura 5), mas a reação não foi
concluída com sucesso, pois, na eletroforese se observa bandas bastante fracas, e mesmo
assim, o RCA B se mostra melhor que o RCA A.
Com esses resultados, o pGEM-T – NS3 e o RCA B foram digeridos com as enzimas
de restrição NotI e NdeI (figura 6), o inserto de tamanho esperado foi liberado, mas a
quantidade do RCA B não se mostrou suficiente.
O vetor pET28a foi cedido pelo professor Tatsuya Nagata com a reação de RCA feita.
Dessa forma, o vetor foi precipitado com etanol, digerido, desfosforilado e purificado. A
eletroforese mostra o produto de todas essas reações com tamanho esperado de 5.369pb
(figura 7).
Com a purificação do inserto e do vetor foi feita a ligação, dessalinização e a
transformação com a célula de E. coli DH5α. Foram escolhidas 8 colônias e foi feito miniprep
das seguintes colônias: 1, 2, 3, 4, 5, 7, 9 e 10; (figura 8).
Em seguida, foi feita a digestão com enzimas de restrição de 3 clones escolhidos, mas
o resultado da digestão foi inconclusivo. Foi adicionado plasmídeos na eletroforese para se
comparar com a digestão dos seus respectivos clones (figura 9).
22
A reação de PCR utilizando os primers T7 e o anti - senso é observada na eletroforese
que apresentou a banda de DNA com o tamanho do gene NS3 (1.857pb), confirmando a
correta inserção (figura 10).
Em seguida, o produto do miniprep da transformação em DH5α foi transformado em
E. coli BL21 (DE3), a partir dessa transformação foram selecionados 2 clones da placa
transformada para serem feitas as expressões. E as amostras não induzidas e induzidas foram
avaliadas por PAGE (figura 11 A-B) e se observa que a indução ocorreu como esperado. As
bandas de proteína com tamanho de 69 kDa foram observadas, tanto no PAGE visualizado
com Comassie blue quanto no Western blotting.
O gel com o teste de solubilidade (figura 12 A-B) apresentou características de
proteína insolúvel, visto que, a proteína esteve presente no pellet e não no sobrenadante.
Outra PAGE foi feita a partir da indução do clone1 e 2 (figura 13), com indução de
duas horas em um volume final de 200 mL de meio LB, e se observa que a expressão
funcionou.
O resultado da solubilidade pela metodologia de sonicação se mostra com
característica insolúvel, ou seja, a proteína está presente no pellet (figura 14), com tamanho de
69KDa, e não no sobrenadante (figura 15).
M
2
3
4
5
6
7
8
12000
2000
1650
100
Figura 1- Eletroforese em gel de agarose do gene de NS3. Posições: 1- marcador 1Kb Plus
(Invitrogen); 2- amostra 935; 3- amostra 937; 4- amostra 938; 5- amostra 939; 6- amostra 944; 7amostra 964; 8- amostra 936.
23
M
2
3
4
12000
5000
2000
1650
100
Figura 2- Eletroforese em gel de agarose dos produtos de miniprep contendo plasmídeos pGEM-TNS3, 3 colônias das 8 que cresceram. Posições: 1- marcador 1 Kb Plus (Invitrogen); 2- clone1; 3clone 2; 4- clone 3.
M
2
3
4
12000
5000
2000
1650
Figura 3- Eletroforese em gel de agarose da digestão com enzima de restrição EcoRI dos 3 clones
escolhidos. Posições: 1- marcador 1Kb Plus (Invitrogen); 2- clone 1; 3- clone 2; 4- clone 3.
24
>NS3-T7 promoter
NS3
NCBI
TCGATTCCATATGTCCGGCGTTCTATGGGACGTACCCAGCCCCCCAGAGACACAGAAAGC 60
-------------TCCGGCGTTCTATGGGACGTACCCAGCCCCCCAGAGACACAGAAAGC 47
***********************************************
NS3
NCBI
AGAACTGGAAGAAGGGGTCTATAGGATCAAACAGCAAGGAATTTTTGGGAAAACCCAAGT 120
AGAACTGGAAGAAGGGGTCTATAGGATCAAACAGCAAGGAATTTTTGGGAAAACCCAAGT 107
************************************************************
NS3
NCBI
AGGGGTTGGAGTACAGAAAGAAGGAGTCTTCCACACCATGTGGCACGTTACAAGAGGGGC 180
AGGGGTTGGAGTACAGAAAGAAGGAGTCTTCCACACCATGTGGCACGTTACAAGAGGGGC 167
************************************************************
NS3
NCBI
AGTGTTGACATATAATGGGAAAAGACTGGAACCAAACTGGGCTAGCGTGAAAAAAGATCT 240
AGTGTTGACATATAATGGGAAAAGACTGGAACCAAACTGGGCTAGCGTGAAAAAAGATCT 227
************************************************************
NS3
NCBI
GATTTCATACGGAGGAGGATGGAGATTGAGCGCACAATGGCAAAAGGGGGAGGAGGTGCA 300
GATTTCATACGGAGGAGGATGGAGATTGAGCGCACAATGGCAAAAGGGGGAGGAGGTGCA 287
************************************************************
NS3
NCBI
GGTTATTGCCGTAGAGCCTGGGAAGAACCCAAAGAACTTTCAAACCATGCCAGGCACTTT 360
GGTTATTGCCGTAGAGCCTGGGAAGAACCCAAAGAACTTTCAAACCATGCCAGGCACTTT 347
************************************************************
NS3
NCBI
TCAGACTACAACAGGGGAAATAGGAGCAATTGCACTGGATTTCAAGCCTGGAACTTCAGG 420
TCAGACTACAACAGGGGAAATAGGAGCAATTGCACTGGATTTCAAGCCTGGAACTTCAGG 407
************************************************************
NS3
NCBI
ATCTCCCATCATAAACAGAGAGGGAAAGGTAGTGGGACTGTATGGCAATGGAGTGGTTAC 480
ATCTCCCATCATAAACAGAGAGGGAAAGGTAGTGGGACTGTATGGCAATGGAGTGGTTAC 467
************************************************************
NS3
NCBI
AAAGAATGGTGGCTACGTCAGCGGAATAGCGCAAACGAATGCAGAACCAGATGGACCAAC 540
AAAGAATGGTGGCTACGTCAGCGGAATAGCGCAAACGAATGCAGAACCAGATGGACCAAC 527
************************************************************
NS3
NCBI
ACCAGAATTGGAAGAAGAGATGTTCAAAAAGCGAAATCTAACCATAATGGATCTTCATCC 600
ACCAGAATTGGAAGAAGAGATGTTCAAAAAGCGAAATCTAACCATAATGGATCTTCATCC 587
************************************************************
NS3
NCBI
TGGGTCAGGAAAGACACGGAAATACCTTCCAGCTATTATTAGAGAGGCAATCAAGAGACG 660
TGGGTCAGGAAAGACACGGAAATACCTTCCAGCTATTATTAGAGAGGCAATCAAGAGACG 647
************************************************************
NS3
NCBI
TTTAAGAACTCTAATTTTGGCACCGACAAGGGTGGTTGCAGCTGAGATGGAAGAAGCATT 720
TTTAAGAACTCTAATTTTGGCACCGACAAGGGTGGTTGCAGCTGAGATGGAAGAAGCATT 707
************************************************************
NS3
NCBI
GAAAGGGCTCCCAATAAGGTACCAAACAACAGCAACAAAATCTGAACACACAGGAAGAGA 780
GAAAGGGCTCCCAATAAGGTACCAAACAACAGCAACAAAATCTGAACACACAGGAAGAGA 767
************************************************************
NS3
NCBI
GATTGTTGATCTAATGTGCCACGCAACGTTCACAATGCGTCTGCTGTCACCAGTTAGGGT 840
GATTGTTGATCTAATGTGCCACGCAACGTTCACAATGCGTCTGCTGTCACCAGTTAGGGT 827
************************************************************
NS3
NCBI
TCCAAACTATAACTTGATAATAATGGATGAAGCCCATTTCACAGACCCAGCCAGTATAGC 900
TCCAAACTATAACTTGATAATAATGGATGAAGCCCATTTCACAGACCCAGCCAGTATAGC 887
************************************************************
NS3
NCBI
GGCTAGAGGGTACATATCGACTCGTGTTGGAATGGGAGAGGCAGCTGCAATTTTCATGAC 960
GGCTAGAGGGTACATATCGACTCGTGTTGGAATGGGAGAGGCAGCTGCAATTTTCATGAC 947
************************************************************
NS3
NCBI
AGCAACGCCCCCTGGAACAGCTGATGCCTTTCCCCAGAGCAACGCTCCAATTCAAGATGA 1020
AGCAACGCCCCCTGGAACAGCTGATGCCTTTCCCCAGAGCAACGCTCCAATTCAAGATGA 1007
************************************************************
NS3
NCBI
AGAAAGGGACATACCAGAACGCTCATGGAATTCAGGCAATGAATGGATAACCGACTTCGC 1080
AGAAAGGGACATACCAGAACGCTCATGGAATTCAGGCAATGAATGGATAACCGACTTCGT 1067
***********************************************************
25
NS3
NCBI
TGGGAAAACGGTGTGGTTTGTCCCCAGCATTAAAGCCGGAAATGACATAGCAAACTGCTT 1140
TGGGAAAACGGTGTGGTTTGTCCCCAGCATTAAAGCCGGAAATGACATAGCAAACTGCTT 1127
************************************************************
NS3
NCBI
GCGAAAAAACGGGAAAAAGGTCATTCAACTTAGTAGGAAGACTTTTGACACAGAATATCA 1200
GCGAAAAAACGGGAAAAAGGTCATTCAACTTAGTAGGAAGACTTTTGACACAGAATATCA 1187
************************************************************
NS3
NCBI
GAAAACTAAACTGAATGATTGGGACTTCGTGGTGACAACTGACATTTCAGAAATGGGGGC 1260
GAAAACTAAACTGAATGATTGGGACTTCGTGGTGACAACTGACATTTCAGAAATGGGGGC 1247
************************************************************
NS3
NCBI
CAATTTCAAAGCAGATAGAGTGATCGACCCAAGAAGATGTCTCAAACCAGTGATTCTGAC 1320
CAATTTCAAAGCAGATAGAGTGATCGACCCAAGAAGATGTCTCAAACCAGTGATCCTGAC 1307
****************************************************** *****
NS3
NCBI
AGATGGACCAGAGCGGGTGATCCTGGCTGGACCAATGCCAGTCACCGCGGCGAGTGCTGC 1380
AGATGGACCAGAGCGGGTGATCCTGGCTGGACCAATGCCAGTCACCGCGGCGAGTGCTGC 1367
************************************************************
NS3
NCBI
GCAAAGGAGAGGGAGAGTTGGCAGGAACCCACAAAAAGAAAATGACCAGTACATATTCAC 1440
GCAAAGGAGAGGGAGAGTTGGCAGGAACCCACAAAAAGAAAATGACCAGTACATATTCAC 1427
************************************************************
NS3
NCBI
GGGCCAGCCTCTCAACAATGATGAAGACCATGCTCACTGGACAGAAGCAAAAATGCTGCT 1500
GGGCCAGCCTCTCAACAATGATGAAGACCATGCTCACTGGACAGAAGCAAAAATGCTGCT 1487
************************************************************
NS3
NCBI
GGACAACATTAATACACCAGAAGGGATCATACCAGCTCTCTTTGAGCCAGAAAGGGAGAA 1560
GGACAACATTAATACACCAGAAGGGATCATACCAGCTCTCTTTGAGCCAGAAAGGGAGAA 1547
************************************************************
NS3
NCBI
GTCAGCCGCCATAGACGGTGAGTATCGCTTGAAAGGTGAGTCCAGGAAGACTTTCGTGGA 1620
GTCAGCCGCCATAGACGGTGAGTATCGCTTGAAAGGTGAGTCCAGGAAGACTTTCGTGGA 1607
************************************************************
NS3
NCBI
ACTCATGAGGAGGGGTGACCTTCCAGTCTGGTTAGCCCATAAAGTAGCATCAGAAGGGAT 1680
ACTCATGAGGAGGGGTGACCTTCCAGTCTGGTTAGCCCATAAAGTAGCATCAGAAGGGAT 1667
************************************************************
NS3
NCBI
CAAATATACAGATAGAAAATGGTGCTTTGATGGACAACGTAATAATCAAATTTTAGAGGA 1740
CAAATATACAGATAGAAAATGGTGCTTTGATGGACAACGTAATAATCAAATTTTAGAGGA 1727
************************************************************
NS3
NCBI
GAACATGGATGTGGAAATCTGGACAAAGGAAGGAGAAAAGAAAAAATTGAGACCTAGGTG 1800
GAACATGGATGTGGAAATCTGGACAAAGGAAGGAGAAAAGAAAAAATTGAGACCTAGGTG 1787
************************************************************
NS3
NCBI
GCTTGATGCCCGCACTTATTCAGATCCCTTAGCACTCAAGGAATTCAAGGACTTTGCGGC 1860
GCTTGATGCCCGCACTTATTCAGATCCCTTAGCACTCAAGGAATTCAAGGACTTTGCGGC 1847
************************************************************
NS3
NCBI
TGGCAGAAAGGCGGCCGCAA 1880
TGGCAGAAAG---------- 1857
**********
Figura 4 – Análise comparativa do gene NS3 proveniente da amostra 938 e da amostra armazenada no
GenBank “Dengue virus 3 isolate DENV-3/BR/BID-V3460/2006”. Em destaque, com sigla vermelha,
mutação nucleotídica em ponto.
26
M
2
3
4
5
12000
5000
2000
1650
100
Figura 5: Eletroforese em gel de agarose do produto de miniprep do clone 1 (poços 2 e 3); e RCA do
vetor pET28a (poços 4 e 5). Posição 1: marcador 1 Kb Plus (Invitrogen).
M
2
3
12000
3000
2000
1650
200
Figura 6- Eletroforese em gel de agarose da digestão do clone 1 e do pET28a (RCA-B). Posições: 1marcador 1Kb Plus (Invitrogen); 2- inserto NS3 + pGEM-T; 3- digestão do pET28a (RCA-B).
27
M
2
10000
5000
1650
1000
750
500
250
Figura 7- Eletroforese em gel de agarose da purificação do vetor pET28a cedido pelo professor
Tatsuya Nagata. Posições: 1- marcador 1Kb (Fermentas); 2- vetor pET28a purificado.
M
2
3
4
5
6
7
8
9
10000
2000
1650
1000
750
500
250
Figura 8- Eletroforese em gel de agarose do miniprep da transformação com DH5α com pET28a –
NS3. Posições: 1- marcador 1Kb (Fermentas); 2- inoculo 1; 3- inoculo 2; 4- inoculo 3; 5- inoculo 4; 6inoculo 5; 7- inoculo 7; 8- inoculo 9; 9- inoculo 10.
28
M
2
3
4
5
6
7
10000
5000
2000
1650
1000
750
500
250
Figura 9- Eletroforese em gel de agarose da digestão dos plasmídeos e os plasmídeos sem digestão dos
3 clones selecionados. Posições: 1- marcador 1Kb (Fermentas); 2-digestão clone 1; 3-digestão clone 2;
4- digestão clone 7; 5- plasmídeo do clone 1; 6- plasmídeo do clone 2; 7- plasmídeo do clone 7.
1
M
12000
2000
1650
100
Figura 10- Eletroforese em gel de agarose do PCR feito com a amostra do miniprep clone 1, utilizando
os primers T7 e Anti senso do NS3. Posições: 1- NS3; 2- marcador 1Kb Plus (Invitrogen).
29
1
2
3
M
1
2
3
M
170
130
95
72
95
72
55
55
43
43
34
34
26
26
17
10
17
10
Figura 11 A
Figura 11 B
Figura 11 A e B- PAGE com proteínas expressas por indução teste. Corado com Comassie blue (figura
11-A) e feito Western blotting (figura 11-B). Posições: 1- Amostra não induzida; 2- Clone 1 induzido;
3- Clone 2 induzido; 4- marcador de proteína PageRuler (Fermentas).
1
2
3
4
M
1
2
3
4
M
170
130
95
72
55
95
72
55
43
43
34
34
26
26
17
17
10
Figura 12 A
Figura 12 B
Figura 12 A e B- PAGE avaliando teste de solubilidade da NS3. Corado com Comassie blue (figura
12-A), e feito Western blotting (figura 12-B). Posições: 1- pellet do clone 1; 2- sobrenadante do clone
1; 3- pellet do clone 2; 4- sobrenadante do clone 2; 5- marcador de proteína PageRuler (Fermentas).
30
M
2
3
4
5
116
66,2
45
35
25
Figura 13 – PAGE com proteínas expressas por indução em 200mL meio LB por 2 horas. Posições: 1marcador de proteína “Pre-stained” (Fermentas); 2- clone 1 não induzido; 3- clone 1 induzido; 4-clone
2 não induzido; 5- clone 2 induzido.
1
2
3
4
5
6
7
M
170
130
95
72
55
43
34
26
17
10
Figura 14- PAGE do pellet, para avaliar a solubilidade da NS3 por sonicação, e em diferentes tempos
de indução. Posições: 1- sem indução; 2- 30 minutos; 3- 1 hora; 4- 2 horas; 5- 4 horas; 6- 6 horas; 7overnight; 8- marcador de proteína PageRuler (Fermentas).
31
M
2
3
4
5
6
7
8
170
130
95
72
55
43
34
26
17
10
Figura 15- PAGE do sobrenadante para avaliar a solubilidade da NS3 por sonicação, e em diferentes
tempos de indução. Posições: 1- marcador de proteína PageRuler (Fermentas); 2- sem indução; 3- 30
minutos; 4- 1 hora; 5- 2 horas; 6- 4 horas; 7- 6 horas; 8- overnight.
32
Discussão e Conclusão
A dengue é um importante problema emergente de saúde pública, que acomete
anualmente milhões de indivíduos. Atualmente não existe terapia eficaz para o tratamento
dessa infecção viral (Xu et al., 2005).
O objetivo desse trabalho foi expressar e purificar a proteína NS3 do DENV tipo 3
para que torne possível obter conhecimentos estruturais dessa proteína e em seguida
desenvolver antivirais.
A busca de novas formas de contenção dessa doença se faz porque seu controle se
tornou uma atividade difícil, visto que é feito apenas pelo controle do seu vetor Ae. aegypti.
A vacinação é um método estratégico interessante de controle, entretanto, ainda está
em desenvolvimento e a comercialização de vacina poderá ser autorizada no futuro. Assim,
uma estratégia importante é o desenvolvimento de antivirais, mas ainda não existem essas
drogas no mercado.
Um alvo muito interessante para o desenvolvimento de inibidores específicos é a
proteína NS3. Essa proteína é multifuncional de 69 kDa e é responsável pela atividade de
protease e helicase desempenhando um papel importante na replicação viral (Xu et al., 2005).
A análise comparativa entre as sequencias dos genes NS3 do DENV3 proveniente da
amostra 938 do estudo e a amostra depositada no GenBank “Dengue virus 3 isolate DENV3/BR/BID-V3460/2006”, mostrou 99% de identidade. A diferença das duas amostras é de
dois nucleotídeos. Sendo uma na posição 1080 com modificação de uma citosina por uma
timina, e a outra na posição 1315 com modificação de uma timina por uma citosina. Na
primeira modificação de nucleotídeos o aminoácido resultante da amostra 938 é uma alanina e
na amostra armazenada no GenBank é uma valina, na segunda modificação de nucleotídeos o
aminoácido resultante é uma isoleucina tanto na amostra 938 do estudo quanto na amostra
armazenada no GenBank, e a ocorrência dessa mudança de nucleotídeos sem causar mudança
de aminoácidos é chamada de mutação silenciosa. A NS3 da amostra “Dengue virus 3 isolate
DENV-3/BR/BID-V3460/2006” corresponde do nucleotídeo 4493 ao 6349 de todo o genoma
do DENV3.
A expressão da proteína NS3 foi o ponto de partida para a cristalografia e para
consequente conhecimento de suas estruturas tridimensionais. As proteínas estruturais são
bem estudadas, com várias estruturas conhecidas, já as informações sobre as proteínas não
estruturais são bem limitadas. Apesar de muitas dessas proteínas que compõe o genoma viral
do DENV já tenham estruturas conhecidas para o sorotipo 2 e 4 (DENV2 e 4), algumas
33
proteínas continuam sem estrutura conhecida para o sorotipo 3, que é o sorotipo envolvido
nesse trabalho.
Por meio da metodologia descrita nesse trabalho, a proteína NS3 foi expressa com
êxito, com peso de 69 kDa, mas apresentou ser insolúvel. A solubilidade é característica
essencial para desenvolver a cristalografia, que deve estar na forma solúvel.
De acordo com a metodologia descrita por Xu e colaboradores (2005) foi possível
purificar e cristalografar a proteína NS3 do DENV2 com o sobrenadante. A metodologia em
questão utilizou como enzimas de restrição a NcoI e HindIII, o plasmídeo de expressão foi o
pET32b e a célula foi Escherichia coli BL21-CodonPlus (Stratagene). Os clones foram
cultivados a 37ºC em meio LB contendo 100µg/mL de ampicilina e 50µg/mL de cloranfenicol
com densidade óptica de 600nm. A expressão da proteína foi induzida a 14ºC por adição de
isopropil-D-tiogalacto piranósido (IPTG), com uma concentração final de 0,4mM. Depois de
uma noite de crescimento as células foram colhidas por centrifugação a 8000g durante 10
minutos a 4ºC e armazenado a 20ºC (Xu et al., 2005).
Outra metodologia para clonagem, expressão e purificação de proteínas solúveis foi
desenvolvida por Dipankar e colaboradores (2009) para a proteína não estrutural NS1 do
DENV1. A expressão utilizou o vetor pBM802, com células E. coli induzidas por arabinose a
diversas concentrações e a que obteve melhor padrão de expressão foi com a concentração
final de 0,2%. As temperaturas utilizadas foram de 24ºC, 30ºC e 37ºC, e o melhor resultado
foi a 30ºC por período de 16 horas (Dipankar et al., 2009).
Para que se tenha sucesso nas etapas posteriores a este projeto, devem-se testar novas
metodologias para tornar a proteína NS3 solúvel, pois, a solubilidade de uma proteína é
determinada por uma variedade de fatores como o vetor, o hospedeiro e as condições de
expressão que podem ser usadas para aumentar ou diminuir a proporção de formas solúveis e
insolúveis. Em geral, as condições que diminuem a taxa de síntese de proteínas, tais como
temperaturas baixas ou de indução de crescimento em concentrações baixas de meio, tendem
a aumentar a porcentagem de proteína na forma solúvel (pET System Manual, 2006).
Comparando as três metodologias e tendo a temperatura de indução como um fator
determinante para a solubilidade se observa que a temperatura utilizada neste trabalho foi de
37ºC enquanto que por Xu e colaboradores (2005) foi de 14ºC e por Dipankar e colaboradores
(2009) foi de 30ºC. Assim, a sugestão seria diminuir a temperatura de expressão e testar
novamente a solubilidade. Outras mudanças que podem ser feitas seriam a utilização de novos
vetores de expressão, indução em diferentes tempos, além de variações da concentração do
indutor.
34
Após a expressão e purificação da proteína NS3 o passo seguinte é realizar a
cristalografia, ciência essa destinada a estudar sistemas biológicos através da determinação da
estrutura tridimensional em nível atômico de importantes classes de moléculas biológicas,
como proteínas, ácidos nucleicos e vírus. Devido ao fato de que as macromoléculas são
extraídas de complexas misturas biológicas, tais como as células, a purificação é um passo
importante para a cristalogênesis. Como regra geral, pode-se dizer que, a baixa pureza da
molécula biológica é a causa mais comum da falta de sucesso na cristalização da mesma
(Azevedo Júnior, 2004).
Levando todos esses aspectos em consideração e observando que ao longo dos anos
existem ocorrências de epidemias de DENV em todo o mundo, isto nos infere a necessidade
de estudos que possam reverter essa situação.
A técnica aplicada nesse projeto obteve com sucesso a expressão da proteína NS3 do
DENV3 com características insolúveis sendo necessárias novas metodologias para obtenção
da proteína NS3 solúvel.
35
Referências Bibliográficas
AZEVEDO JÚNIOR, W.F. Refinamento cristalográfico de biomoléculas. São José do Rio
Preto- SP, 2004.
BASTOS, M. S. Simultaneous circulation of all four dengue serotypes in Manaus, State of
Amazonas, Brazil in 2011. Rev. Soc. Bras. Med. Trop,. Uberaba, 45(3):393-394, may-jun,
2012.
BRIAN, R. M.; STEPHEN, S. W. Immune Response to Dengue Virus and Prospects for a
Vaccine, Laboratory of Infectious Diseases, National Institutes of Allergy and Infectious
Diseases, Bethesda, Maryland 20892; January 5, 2011.
COSTA, C. A.; SANTOS, I. G. C. e BARBOSA, M. G. Detecção e tipagem de vírus dengue
em Aedes aegypti (Diptera: Culicidae) na Cidade de Manaus, Estado do Amazonas. Rev. Soc.
Bras. Med. Trop., Uberaba, v. 42, p. 677-681, nov-dez. 2009.
COSTA, S.M.; et al. Induction of a Protective Response in Mice by the Dengue Virus NS3
Protein Using DNA Vaccines. PLOS ONE, California, 6(10): e25685.
doi:10.1371/journal.pone.0025685, 2011.
DALRYMPLE, N.A., MACKOW, E. R. Roles for Endothelial Cells in Dengue Virus
Infection. Advances in Virology, Nova York, Volume 2012, Article ID 840654, 8 pages,
doi:10.1155/2012/840654. 2012.
DIPANKAR, D.; MONGKOLAUNGKOON, S.; MAVANUR, R. S. Super induction of
dengue virus NS1 protein in E. coli. Elsevier, Canadá, p.66–72, 2009.
DOS SANTOS, B. F. et al. First report of multiple lineages of dengue viruses type 1 in Rio de
Janeiro, Brazil. J Virol.London, vol. 387, p. 1-4, 2011.
GEBHARD, L. G.; KAUFMAN, S. B.; GAMARNIK, A. V. Novel ATP-Independent RNA
Annealing Activity of the Dengue Virus NS3 Helicase. PLOS ONE, California, vol. 10, e.
36244, April 2012.
36
GUPTA, E.; MOHAN, S.; BAJPAI, M.; CHOUDHARY, A.; and SINGH, G. Circulation of
Dengue virus-1 (DENV-1) serotype in Delhi, during 2010–11 after Dengue virus-3 (DENV-3)
predominance: A single centre hospital-based study. J Vector Borne Dis, New Delhi, v.49, p.
82-85, Jun. 2012.
IDRESS, S.; ASHFAQ, U.A. A brief review on dengue molecular virology, diagnosis,
treatment and prevalence in Pakistan. Genetic Vaccines and Therapy, Pakistan, 10:6, 2012.
MARTINS, V. E. P., et al. Occurrence of Natural Vertical Transmission of Dengue-2 and
Dengue-3 Viruses in Aedes aegypti and Aedes albopictus in Fortaleza, Ceará, Brazil. PLOS
ONE, California, vol. 7, e. 41386, Jul. 2012.
Novagen.pET-28a-c(+) Vectors. Disponível em:
http://ampliconexpress.com/vector_maps/pET28_map.pdf . Data de acesso: 5 de Outubro.
2012.
pET System Manual. Novagen. 11th Edition, 2006.
Promega.pGEM®-T Vector Map and Sequence Reference Points. Disponível em:
http://www.promega.com/~/media/Files/Resources/Protocols/Technical%20Manuals/0/pGEM
-T%20and%20pGEM-T%20Easy%20Vector%20Systems%20Protocol.pdf . Data de acesso: 5
de Outubro. 2012.
SANTOS, N. S. O.; ROMANOS, M. T.V.; WIGG, M. D. Introdução à Virologia Humana.
2.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.
TAUIL, P. L. Aspectos críticos do controle do dengue no Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de
Janeiro, v. 18, p. 867-871, mai-jun. 2002.
TEIXEIRA, M. G.; COSTA, M. C. N.; BARRETO, F.;BARRETO, M. L. Dengue: vinte e
cinco anos da reemergência no Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 25, p. S7-S18,
2009.
37
Xu T. et al. Structure of the Dengue Virus Helicase/Nucleoside Triphosphatase Catalytic
Domain at a Resolution of 2.4 Å. Journal of virology, London, Vol. 79-Nº16, p. 10278–
10288, 2005.
38
Anexos
Anexo I - Protocolo de coloração por violeta cristal:
O produto de PCR deve ser inoculado no gel de agarose utilizando tampão de corrida
na proporção de 1/6 , sendo que para cada 6µL de amostra colocar 1µL de tampão.
Correr gel para eluir banda (usar pente mais grosso):

0,4 g de agarose + 40 mL TBE (Gel grande)

0,2 g de agarose + 20 mL TBE (Gel pequeno)
Colocar 25µL (amostra + tampão) em cada poço:
- Corar com violeta cristal por 30 minutos
Reagentes:
-1mL de violeta cristal
-100mL de H2O destilada
39
Anexo II - Protocolo de ligação inserto+vetor
Para a ligação entre inserto e vetor foram utilizadas as seguintes proporções:
-pGEM-T Easy
2x buffer
2,5 µL
pGEM-T
0,5µL
DNA (NS3)
1,5µL
T4 DNA Ligase
0,5µL
-pET28a
DNA
2,5µL (100ng)
pTE28a
2µL (100ng)
T4 ligase
1µL
H20
4,5µL
Após a adição de todos os reagentes no tubo eppendorf, este, é incubado overnight na
geladeira.
40
Anexo III - Protocolo de Transformação
1) Limpar o fluxo com etanol 70%;
2) Ligar a luz UV, e deixar o cuveta 15 minutos dentro do fluxo (no gelo);
3) Colocar ±2µl da ligação no eppendorf com 50µl de células;
4) Com a mesma ponteira (mudar apenas a pipeta) passar os 52µL para a cuveta (entre os
metais);
5) Dar um choque nas células no eletroporador (acima de 3,5 é bom, ideal: até 5,0);
6) Depois da eletroporação, colocar 800µL do meio SOB na cuveta (no eppendorf tem
1000µL do meio SOC), homogeneizando 3x com cuidado para não fazer bolhas. Pegar
o que foi eletroporado e colocar no tubo q ainda tem 200 µL do meio SOC,
resultandonos 1052µL.
7) Colocar no shaker por 1 hora a 37ºC com a agitação de 200 a 240 rpm.
41
AnexoIV - Protocolo para Reação de RCA do pET28a
1) 1µL DNA
2) 3µL dNTP
3) 3µL BSA 10x
4) 3µL tampão (NEB)
5) 3µL primer tioprotegido
6) 0,018 phi- DNA polimerase- phi 29
7) 16,82 H2O
- total: 30 µL. Armazenar a 28°C a 30°C por 20 horas.
42
Anexo V- Protocolo de Precipitação com Etanol
1) 60µL de DNA
2) 6µL de NaOAc
3) 2µL Carrier
4) 150µL de etanol absoluto
1) Misturar bem invertendo o tubo,
2) Incubar no freezer -80ºC por 30 minutos
3) Centrifugar a uma velocidade máxima por 15 minutos
4) Descartar o sobrenadante
5) Adicionar 1 ml de etanol 70% (gelado)
6) Lavar o tubo invertendo devagar
7) Centrifugar com velocidade máxima por 5 minutos
8) Descartar o sobrenadante com a pipeta de 200µL.
43
Anexo VI - Protocolo para PAGE (Comassie blue e Western blotting)
Gel concentrador 5%
Gel separador 12%
Para 2 géis:
Gel Separador 12%
4,5mL de H2O
5mL de acrilamida
3,125mL de Tris HCl 1,5M (pH= 8,8)
125µL de SDS 10%
35µL de TEMED
150µL de APS
Gel Concentrador 5%
3,5mL de H2O
650µL de acrilamida
1,25mL de Tris HCl 1,5M (pH= 6,8)
50µL de SDS 10%
30µL de TEMED
60µL de APS.
1)Montar os vidros das cubas SDS-PAGE.
2)Pegar as placas de vidro e montá-las no suporte.
3)Colocar no suporte com a borracha.
4)Testar com H2O destilada (verificar se está vazando).
5)Desprezar a H2O e secar com papel absorvente.
6)Fazer o gel separador de poliacrilamida e aplicar o gel separador e completar com álcool
70% (esperar polimerizar).
7)Desprezar o álcool 70% e secar o excesso de álcool com papel filtro.
8)Completar com o gel concentrador até o limite evitando bolhas e colocar o pente.
44
9)Colocar os géis na cuba (vidro menor para dentro) tampão Tris-glicina 1x que tem que
entrar em contato com as amostras (entre os géis o tampão deve está novo e na cuba pode ser
usado).
10)Completar com tampão.
11)Aplicar as amostras.
12)Aplicar 5µL de marcador de proteínas, e 10 µL das amostras.
13)Colocar a fonte em 150V.
14)Deixar correr até a amostra cair do gel.
Comassie blue
1) Corar o gel com Comassie blue por 2 horas sob agitação.
2) Descorar em solução descorante por 20 minutos, por 2 x. (Colocar uma primeira vez
por 20 minutos, desprezar a solução descorante lavar com H2O destilada, colocar nova
solução e deixar por mais 20 minutos e lavar com H2O destilada).
Western blotting
1) Cortar 4 papéis filtro e 1 membrana do tamanho aproximado do gel.
2) Mergulhar o gel, os 4 papéis filtro e a membrana no tampão de transferência por 10
minutos.
Filtro
Filtro
Gel Separador
Membrana
Filtro
Filtro
3) Colocar no Trans-Blot por 15 minutos a 15 V e 150 mA.
4) Colocar a membrana no tampão de bloqueio por 40 minutos
5) Escorrer o tampão de bloqueio e acrescentar 10 ml de PBS 1x e leite desnatado
(concentração de 3%) e 2 µl de anticorpo primário (anti His-Tag IgG monoclonal).
Incubar por 2 horas ou overnight na geladeira (concentração 1:5000).
6) Lavar 3x com PBS 1x Tween 0,1%. Cada lavagem deve ficar no agitador por 3
minutos.
7) Acrescentar 12 mL de tampão de bloqueio e mais 4µL de anticorpo secundário (antimouse IgG). (Concentração 1:3000).
45
8) Incubar sob agitação por 1hora.
9) Lavar com PBS 1x Tween 0,1% no agitador por 3 minutos.
10) Revelar com NBT e BCIP:
33µl BCIP
66 µl NBT
10 mL de tampão alcalino
11) Deixar sob agitação em recipiente protegido de luz, olhar imediatamente e só retirar a
membrana quando as bandas forem visualizadas.
12) Após a revelação, parar a reação com H2O destilada.
Reagentes para PAGE:
SDS 2x
1,6ml de H2O destilada.
0,4ml de Tris-HCl 1M (pH-6,8)
0,32ml de glicerol
0,64 ml de SDS 10%
0,16ml de 2-ß mercaptoetanol
Uma pitada de azul de bromofenol.
Tris-glicina 1x
40 ml de Tris-glicina 5x
160 ml de H2O destilada.
Tris-glicina 5x
151g de Tris
94g de glicina
900 ml de H2O
50 ml de SDS 10% ou 5g de SDS.
Acrilamida-Bis 30% - pH 7,0
29g de acrilamida
1g de N_N- metilenoisoacrilamida (metilenobisacrilamida)
60 ml de H2O destilada
46
Reagentes para Comassie blue:
Solução Descorante
60 ml de metanol
20 ml de ácido acético
120 ml de H2O destilada
Reagentes para Western blotting:
Tampão de Transferência
3,03g de Tris
14,4g de glicina
200mL de metanol
600mL de H2O destilada
Tampão de Bloqueio
3g de leite desnatado
100mL de PBS 1x
Tampão PBS 1x Tween 0,1%
100mL de PBS 1x
10µL de Tween 0,1%
Tampão Alcalino – pH9,5
4,85g de Tris
2,34 NaCl
1mL MgCl2 2M
Download