AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE CAUSADA POR 5-FLUOROURACIL NOS INTESTINOS DELGADO E GROSSO EM MODELOS MURINOS João Victor Silva Araújo (bolsista do PIBIC/UFPI), Airton Mendes Conde Júnior (Orientador, Depto de Morfologia - UFPI) INTRODUÇÃO O carcinoma de intestino é um dos tumores malignos mais frequentes na região ocidental, a quarta neoplasia maligna mais prevalente no Brasil, e possui um alto índice mortalidade (FELIN, 2008). O diagnóstico precoce é a maneira mais eficiente para diminuir a mortalidade associada ao câncer (PINTO, 2010). Segundo o INCA (Instituto Nacional do Câncer), tantos homens quanto mulheres são semelhantemente afetados por esse tumor, sendo possível tratamento curável, quando este se encontra apenas no intestino (DENIPONTE et al, 2010). Existem proteínas reguladoras do ciclo celular que têm por função garantir que não ocorram erros durante a divisão celular (PIMENTA et al, 2013). A ausência ou inativação dessas proteínas, por algum fármaco e/ou mutação genética, provocam anomalias que levam a neoplasias, visto que, essas perdem a capacidade de regular o ciclo celular, provocando uma proliferação desordenada nas células com produção de genes defeituosos (BORDIN et al, 2008). Entre elas está a proteína p53, que tem a função de “monitorar” a integridade do genoma (PIMENTA et al, 2013), ou seja, trata-se de genes que codificam proteínas inibidoras da divisão e/ou proliferação celular, ou podendo estar relacionadas com a apoptose. A p53 regula o DNA entre as fases G1 e S (CASTRO JUNIOR, 2005). Outra proteína importante é a retinoblastoma (pRb) que regula a progressão do ciclo celular na diferenciação final deste entre as fases G1 e S, assim como a morte programada da célula (BORGES et al, 2006). A pRb bloqueia o avanço do ciclo celular pela interação com o fator de transcrição E2F. Quando a pRB fosforila, o fator E2F é liberado e ocorre a estimulação para que ocorra a proliferação celular. Além da p53 e pRB, outras proteínas também atuam na regulação do ciclo celular, como por exemplo, as caspases que ajudam na atividade realizada pela pRb (ANAZETTI E MELO, 2007). Existem tratamentos quimioterápicos capazes de minimizar os efeitos provocados pelas alterações nessas proteínas. Entre esses, o 5-Fluorouracil (5-FU) é bastante utilizado no tratamento de diversos tipos de neoplasias, principalmente colorretal, mama, cabeça e pescoço. O 5-FU é um antimetabólito da classe das fluoropirimidinas que vai atuar inibindo o metabolismo dos ácidos nucléicos, pois quando fosforilado é incorporado de maneira errônea levando ao bloqueio da replicação ou tradução (MAUTO, 2008;). Visto isso, objetivou-se avaliar a ação dessas proteínas na inflamação da mucosa intestinal submetidos a terapia com 5-Fluorouracil em modelos murinos normais (wild type) e geneticamente modificados (Mi/Mi e p53). METODOLOGIA A manutenção da genotipagem e a eutanásia dos animais foram previamente feitas na Universidade Federal do Rio de janeiro (UFRJ). Os animais foram inicialmente pesados e foi administrado 5-Fluouracil (Fauldfluor 2,5g-LIBBS Farmacêutica), na concentração de 50mg/ml, cuja dose final foi de 450mg/kg de peso por animal, administrados em dose única por via intraperitoneal. Os animais foram avaliados diariamente, durante três dias até a constatação da mucosite por meio da observação de perda de peso e diarreia aquosa. Os animais foram eutanasiados e por meio de dissecação, os intestinos foram removidos posteriormente fragmentados para então serem fixados em formaldeído tamponado a 10% por 48 horas e posteriormente mantidos em álcool a 70% e então transportados para UFPI. Após 24 horas os tecidos foram processados e submetidos à rotina de coloração por hematoxilina e eosina (HE). As lâminas, após foram observadas em microscópio de Luz e registrados por meio de fotomicrografias digitais. RESULTADOS E DISCUSSÃO FIGURA 01 – Fotomicrografia de intestino delgado de camundongos Wild Type, Mi/Mi e p53 do grupo controle e tratado com 5-fluorouracil. Legenda: Observa-se no grupo controle uma preservação das vilosidades, porém apresentando uma hipercelularidade. Já no grupo tratado com 5-fu há redução das vilosidades, perda na estrutura tecidual das criptas. Tamanho - 100x. Barra equivale a 50µm FIGURA 02 - Fotomicrografia de intestino grosso de camundongos Wild Type, Mi/Mi e p53 do grupo controle e tratado com 5-fluorouracil. Legenda: Observa-se no grupo controle uma preservação das criptas. Já no grupo tratado com 5-fu há uma grande quantidade de células caliciformes, formação de edemas e irregularidades na estrutura epitelial. Tamanho - 100x. Barra equivale a 50µm. Nos grupos tratados (Mi/Mi e p53) é possível observar que o intestino delgado foi mais afetado que o intestino grosso. Em todos os modelos tratados, o intestino delgado (Fig. 01) se mostrou de forma similar, com um intenso processo inflamatório, redução das vilosidades e da estrutura da mucosa. Já o intestino grosso (Fig. 02) no grupo tratado apresentou uma grande quantidade de células caliciformes, edemas e certa irregularidade na estrutura das criptas. CONCLUSÃO As alterações clínicas registradas demonstram que a citotoxidade do quimioterápico empregado, promoveu o processo carcinogênico caracterizado por lesões, irregularidades e/ou perda da integridade epitelial. Palavras-Chave: Carcinoma, Quimioterápico, Proteínas REFERÊNCIAS ANAZETTI, M. C., MELO, P. S.,Morte celular por apoptose: uma visãobioquímica e molecular. Metrocamp Pesquisa, v. 1, n. 1, p. 37-58, jan./jun. 2007. BORGES, H. L., HUNTON, I. C., WANG, J. Y. J., Reduction of apoptosis in Rb-deficient embryos via Abl knockout. Nature Publishing Group. v. 26, p. 3868-3877, 2006. CASTRO JUNIOR, M. A. M., Expressão imunohistoquímica do p53 e Ki–67 na carcinogênese esofágica induzida pela dietilnitrosamina: modelo experimental em camundongos. 2005. 77f. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 2005. DENIPOTE, F. G., Trindade, E. B. S. M., Burini, R. C., Probióticos e prebióticos na atenção primária ao câncer de cólon. Arq. Gastroenterol. vol.47 no.1 São Paulo Jan./Mar. 2010 FELIN CR; ROCHAAB; FELIN IPD; REGNER A; GRIVICICH I. Expressão das Proteínas p53 e Cox-2 em Adenocarcinoma Intestinal e Mucosa Adjacente. Rev bras Coloproct, 2008; 28(1): 019-025. INCA, Estimativa 2014. Disponível em http://www.inca.gov.br/estimativa/2014/estimativa-24042014.pdf Acesso em 28/08/2015. MAUTO, R., Avaliação da atividade citotóxica de 5 – fluorouracil e seu metabólito FdUMP, e os sistemas de reparo envolvidos. 2008. 98f. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 2008. PIMENTA, V. S. C., Prado, Y. C. L., Silva, D. R., Machado, P. A., Araújo, E. G., Papel da proteína p53 na proliferação neoplásica. ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, n.17; p. 1992. 2013 PINTO, G. C. P. R., Carcinoma colo-retal: diagnóstico e tratamento. 2010. 33f. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Medicina Universidade do Porto. 2010 Ki-67 proteins in colorectal adenomas. Arq. Gastroenterol. [online]. 2012, vol.49, n.1, pp. 35-40. ISSN 0004-2803.