MAPEAMENTO DAS REDES SOCIAIS SUAS RELAÇÕES E INTERAÇÃO COM A APRENDIZAGEM Toniel Ferreira (FACECAP) [email protected] Prof. Me. Valdir Antonio Vitorino Filho (FACECAP) [email protected] RESUMO O presente artigo aborda a teoria de redes sociais e suas interações, onde a troca de informações entre os atores contribui para o preenchimento das necessidades, fator fundamental para sua existência. A pesquisa é caracterizada como exploratória e analítica. Com uma revisão de literatura baseada nas redes, na sociometria e num estudo de caso aplicado no 4º semestre de Administração da Faculdade Cenecista de Capivari (FACECAP) no município de Capivari-SP, envolvendo 60 alunos. A principal contribuição é demonstrar a importância das redes na área social, como uma inovação para o entendimento das interações sobre a coletividade e comunicação, bem como suas influências na aprendizagem. Palavras-chave: 1. Teoria Ator-Rede. 2. Rede Social. 3. Aprendizagem. 4. Sociometria. ABSTRACT This article discusses the theory of social networks and their interactions, where the exchange of information between the actors contributes to the fulfillment of needs, which is fundamental to its existence. The research is characterized as exploratory and analytical. With a literature review based on networks, Sociometry and a case study applied in the 4th semester of Directors of the School of Cenecista Capivari (FACECAP) in Capivari-SP, involving 60 students. The main contribution is to demonstrate the importance of social networks in the area as a breakthrough in understanding the interactions about community and communication and their influences on learning. Key words: 1. Actor-Network Theory. 2. Social Network. 3. Learning. 4. Sociometry. 1. Introdução Novas formas de pensar, agir e vivenciar vão surgindo a todo instante no mundo da comunicação e das tecnologias, onde as relações entre o ser humano, a sociedade, o trabalho e o capital intelectual interagem na transformação contínua dos mais variados dispositivos informacionais na sociedade. VII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br Gasolina, comida, roupas, médicos, comportamentos, aprendizagem entre outros, estão diretamente ligados as nossas necessidades. Diariamente o ser humano, num mundo capitalista e globalizado necessita de produtos, experiências e serviços para sua sobrevivência. E simultaneamente interagem entre si para conseguir tornar mais fácil o acesso ao suprimento dessas necessidades. O presente estudo pretende abordar a Teoria de Redes, com um entendimento da aprendizagem na rede e sua influência nas relações sociais existentes atualmente. A Teoria de Redes pode ser entendida como uma análise complexa das interações entre os atores envolvidos, atores esses que podem ser pessoas, organizações, meio ambiente, a partir do instante em que haja algum tipo de troca entre eles, sendo tangíveis (bens, materiais) ou intangíveis (idéias, valores). Os princípios e métodos de análises das redes são complexos ao passo que tomamos uma visão além da estrutural, pois no seu todo, o comportamento começa sofrer influências diferenciadas e anteriores a seu momento, dizer que uma pessoa tem suas tendências políticas devido a sua rede de convívio atual é um erro já que ela possa ter sofrido influências de uma experiência de socialização anterior ao seu grupo de convívio. O estudo pretende fornecer análise no campo social, como também o mapeamento da formação de grupos em uma sala de aula fundamentado em um estudo sociométrico no curso de administração. Com o foco de conduzir uma abordagem generalista das redes, como também salientar a dada importância do relacionamento do grupo na formação acadêmica. O estudo pretende fornecer uma análise no campo social, mas para que isso ocorra faz-se necessário o entendimento preliminar da influência das formas de redes no campo econômico, organizacional, tecnológico, cultural, político e ambiental, visto haver interação com o campo social em todos eles. O fio condutor será uma abordagem generalista das redes. 2 – OBJETIVOS O objetivo dessa pesquisa é caracterizar as interações das redes sociais, para viabilizar expansões no conhecimento dessa área e suas influências no campo da aprendizagem e assimilação de informações diversas. Com base no objetivo principal a pesquisa estabelece os seguintes objetivos secundários: Mapear as redes sociais; Identificar suas interações com a aprendizagem. Os objetivos da pesquisa estão direcionados na análise das redes sociais e suas interações, bem como entender a dinâmica de suas estruturas e subgrupos, contudo faz-se necessário o entendimento preliminar da influência das formas de redes como: o campo econômico, organizacional, tecnológico, cultural, político e ambiental, onde o mapeamento dessas redes é de suma importância em conduzir o foco principal que é identificar suas influências na aprendizagem. 3 – METODOLOGIA Segundo Lakatos e Marconi (2009) a pesquisa básica é toda aquela que investiga processo científico, ou seja, uma ampliação de conhecimentos teóricos. É uma pesquisa formal, tendo em vista generalização, princípios. Dessa forma a pesquisa procura contribuir para o entendimento das interações em nível acadêmico. A pesquisa de campo está relacionada com o estudo em sociometria de Moreno (1972) onde é possível criar um referencial sobre a organização dos grupos, avaliando suas estruturas VII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br e status de cada indivíduo nele inserido. Com aplicação de um questionário sociométrico e adaptado para entender as interações e afinidades dos grupos em uma sala de administração, possibilitando um maior entendimento que esses relacionamentos são importantes para a aprendizagem num contexto geral. O presente estudo é uma pesquisa exploratória a qual de acordo com Churchill e Peter (2000) tem como enfoque a descoberta de idéias ou maior conhecimento sobre um tema ou problema específico de estudo. Ainda segundo Churchill e Peter (2000), a pesquisa exploratória é apropriada para qualquer problema do qual existe pouco conhecimento. O estudo trás primeiramente o conceito da Teoria de redes, posteriormente uma abordagem social ao tema, a parte conceitual de aprendizagem, e como argumento forte a transação das redes sociais a aprendizagem. 5 – DESENVOLVIMENTO 5.1 - Teoria das Redes A teoria de redes, também conhecida como teoria ator-rede, ou ANT, sigla originária do inglês: Actor-Network Theory é uma teoria que surgiu no campo social, e que atualmente se expande para várias áreas do conhecimento além das sociais, originando-se em estudos científicos, sociais e tecnológicos. Um trabalho importante na área foi o intitulado “L'irruption des non-humains dans les sciences humaines: quelques leçons tirées de la sociologie des science et des techniques”, inicialmente publicado em francês por Callon e Law (1997), com tradução como: O surgimento de não humanos na área de humanas: algumas lições da sociologia, da ciência e da tecnologia. Essa teoria, que consiste na abordagem de atores “não humanos”, em constante interligação entre os atores humanos de acordo com as interações estratégicas dos mesmos. Para Waarden (1992) as redes têm suas funções, mas estas por sua vez dependem das intenções, das necessidades, dos recursos e, principalmente, das estratégicas de todos os atores envolvidos. A importância do conceito de função deve-se ao fato de representar uma ligação na estrutura do ator (individual) da rede com a sua estrutura (todo). Mizruchi (2006) define que o princípio básico da análise de redes (AR) é que a estruturação das relações entre os atores determina o conteúdo da rede. Enfatiza ainda que em uma análise de redes há que se considerar duas áreas de importância conceitual: -grupos; O efeito da Centralidade: As conexões de atores indiretamente a outros da rede através de um nó central, permite que tenhamos uma visão mais clara sobre o efeito da centralidade. O ator central geralmente é considerado o coordenador das trocas de informações já que é através dele que isso é possível, sem contar o seu poder de influenciar os demais em razão de sua posição de domínio (Mizruchi, 1993), pois tem o prestigio de ser o único caminho entre o restante da rede, visto que sua ausência provocaria uma ruptura entre seus atores (Marques 2000, p. 225). Essa posição central tem o poder de comportar-se de forma positiva ou negativa na rede, pois pode servir como intensificador e incentivador de atores distantes ou distorcer e interromper a informação entre os pontos extremos da rede. (Owen-Smith & Powell, 2004, p. 16). VII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br Figura 1- Centralidade Fonte: Adaptado de Martinho (2009). A identificação de sub-grupos: As redes são compostas de nós que se interligam de formas variadas, havendo conjuntos de nós que se conectam de formas diretas ou indiretas (essas regiões densamente conectadas podem estar localizadas em regiões consideradas periféricas, intermediárias ou até mesmo centralizadas), mantendo uma interação e formando os chamados “cliques” ou agrupamento específico, que se baseiam em laços coesos entre os agentes, (Friedkin, 1984) e (Mizruchi, 1993), sugerem que agentes estruturalmente equivalentes têm a probabilidade de apresentar comportamentos semelhantes, por sofrerem influências de agentes em comum, dando origem aos subgrupos. Esses subgrupos além de se interligarem entre si direta e indiretamente tem ainda a possibilidade de estarem ligados a um nó central ou a outros subgrupos. Figura 2 – Sub-Grupos Fonte: Adaptado de Martinho (2009). Para Mizruchi (2006) a formação das redes tem suas bases fundamentas em dois conceitos principais: Díades e Tríades, onde: Díades: É uma ligação direta entre dois atores. Tríades: É uma ligação direta ou indireta entre três atores. Para Sacomano (2004) uma análise de redes deve levar em consideração as propriedades: centralidade, equivalência estrutural, autonomia estrutural, densidade e coesão. Essas propriedades têm o papel de auxiliar os analistas e ajudar a investigar fatores nas complexas relações entre os atores, como demonstra a tabela a seguir: VII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br Tabela 1 – Propriedades das Redes Fonte: SACOMANO (2004). Podemos ver exemplos abaixo: Centralidade: O ator central tem o uma posição privilegiada onde é um ponto referencial e tem a oportunidade e acesso a recursos, poder e informações dos outros atores. Autonomia estrutural: Nessa estrutura o ator intermedia a interação de outros atores também possibilitando ao mesmo, privilégios, como acesso a informações, poder, status, controle, recursos, coordenar, entre outros aspectos. Equivalência estrutural: Está relacionada a posições iguais ou equivalentes dentro de uma rede entre dois atores que proporciona comportamentos similares entre os atores. Densidade: Mostra a intensidade de uma comunicação entre dois atores quanto maior a interconexão maior a densidade de informações, confianças, enfim aumenta a troca entre os dois atores consolidando ainda mais o relacionamento entre os atores. Coesão: Mede a força de uma conexão tipo forte ou fraca, deixa claro - A cumplicidade entre os atores, comprometimento, relações que coloca em jogo ganhos, troca de conhecimentos sociais, materiais e estratégicos. Já, para Barabási (2002), as teorias de redes complexas, contribuem muito na representação da modelagem e estrutura que estão presentes na natureza e sociedade. Segundo Augusto de Franco (2008), a essência para que possamos compreender uma rede social está ligada a sua topologia estrutural, a simbologia da rede é que possibilita a percepção VII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br da topologia mais ou menos eficientes, conduzindo assim as ações necessárias para cada grupo social, para ilustra de forma mais clara elas podem ser representadas por três formas básicas: Figura 3 – (A) Centralizada; (B) Descentralizada; (C) Distribuída Fonte: Adaptado de Cuero (2009). Para Baran (1964 apud CUERO, 2009), a rede centralizada (A) tem o formato de uma estrela e tem um nó centralizado que recebe as conexões dos demais atores, já a rede descentralizada (B), é aquela composta por vários grupos de nós que possuem um centro específico, não estão conectados a um centro em comum e estão interligados entre si, na distribuída (C), notamos uma distribuição e conexões similares entre os nós onde todos não possuem uma valoração hierárquica e não possuem um centro de referência. 5.2 – Redes Sociais Para Wellman (1988) as análises das redes têm suas raízes em diversas perspectivas teóricas e podem ser consideras uma base para a análise geral da sociologia estrutural. Para alguns sua contextualização, está ligada a sociometria do psiquiatra J. L. Moreno (1934), em que as relações interpessoais eram representadas graficamente. Outros acreditam no trabalho dos antropólogos britânicos John Barnes (1954), Elizabeth Bott (1957) e J. Clyde Mitchell (1969). Ainda outros, ligam à primeira aproximação as redes sociais, as análises etnográficas das estruturas elementares de parentesco de Claude Lévi-Strauss. Na concepção de Barnes (1972) não existe uma teoria específica para as redes sociais, já que as estruturas das redes se aplicam em qualquer campo teórico. Simmel (1950), em análise formal sobre a vida social padronizada, salienta que numa relação entre três agentes, sobressai aquele que possa explorar melhor o conflito entre os outros dois. Ainda Simmel, ressalta que as redes sociais e a influência entre os seus agentes se dá por uma gama de contextos e, para entender esses comportamentos perante essa relação, usa a sociologia estrutural a qual dá uma visão mais ampla sobre o assunto. Essa por sua vez, deixa claro que as estruturas sociais, as oportunidades, restrições e os vínculos influenciam mais o comportamento humano do que normas culturais ou outras condições subjetivas. VII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br Os princípios e métodos de análises das redes são complexos ao passo que tomamos uma visão além da estrutural, pois no seu todo, como os comportamentos começam a sofrer influências diferenciadas e anteriores a seu momento, dizer que uma pessoas tem suas tendências políticas devido a sua rede de convívio atual é um erro já que ela possa ter sofrido influências de uma experiência de socialização anterior ao seu grupo de convívio. As redes sociais se destacam tanto em sua concepção metafórica quanto na concepção analítica, pois em ambas contribuem muito para entendimento no campo da sociologia, política, antropologia e outros ramos que buscam através de seus estudos, compreenderem as relações entre os indivíduos de um determinado grupo. Relacionamentos afetivos, profissionais, interesses mútuos tudo está relacionado às redes sociais, mas dizer que as redes sociais se resumem a isso e que sua expansão é previsível seria uma afirmação longe da verdade, já que hoje, podemos ver que as redes no geral estão começando a ser conhecida e sua complexidade e campo são inúmeros, a partir daí podemos citar sua complexidade, analisando uma pesquisa de Mark Granovetter sobre o conceito de laços fracos e fortes. Granovetter (2007) defende que os laços fracos, são de suma importância dentro de uma rede, e cita como exemplo de laços fracos os contatos próximos e familiares, mas que estão integrados a diferentes meios; já os laços fortes, estão relacionados a contatos que possuem amigos íntimos, parentes e que estão conectados a várias pessoas que você também se relaciona. Granovetter através do estudo Getting a Job (Conseguindo um Emprego), ressalta que 56% dos empregos são encontrados a partir de um contato pessoal, desses 56%, 16,7% são através dos laços fortes, ou seja, conseguem esse emprego através de um contato com pais, parentes, amigos íntimos, enquanto 83,3% através dos laços fracos que compreende amigos que você tem contato ocasionalmente e também alguns que raramente vê. Isso mostra que em certas ocasiões os laços fracos são mais importantes que os laços fortes. Barabási (1999) no estudo que apresentou sobre Redes sem escalas, discorda que as conexões das redes entre os agentes (nós) são feitas de forma aleatória e sem um padrão préestabelecido. Acredita que há uma ordem dinâmica nas estruturas das redes, consequentemente nas redes sociais e que enquanto alguns indivíduos têm poucas conexões, outros têm uma gama enorme de conexões, esse último é o considerado hubs, ou conectores potenciais, que além de receberem muito mais contatos que os outros, também possuem a tendência de receberem ainda mais conexões, ou seja, quanto mais conexões um nó possuir maior será a chance de ele receber mais conexões. Entretanto essa posição “privilegiada”, segundo Barabási, por deter a centralidade e poder tem seus pontos fracos, porque tudo está direcionado ao mesmo tempo em certos pontos como esse. Por exemplo, os sites como (Amazon, Google, Yahoo e Ebay), se tirados do ar por alguns instantes, de forma geral afetaria a rede da Web inteira, uma queda em massa e uma reação em cadeia, isso servindo como referência geral em todos os outros meios de redes, tanto na biologia como na política, países, entre outros. Tudo está centralizado em alguns nós, e este foco começa a trazer preocupações já que se tornam alvos para o desequilíbrio de uma rede em geral. VII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br Figura 4 – Hubs Fonte: Adaptado de Cuero (2009). Na Figura 4, pode-se visualizar os “nós” em destaque que são considerados os hubs, ambos possuem o maior número de conexões na rede apresentada, essa rede descentralizada, mostra que um ator em evidência tem a tendência de receber e aumentar muito mais suas conexões proporcionalmente a todos da rede. De um modo geral as redes sociais, estão conectadas tanto no ramo estrutural como na subjetividade de suas conexões e nós, além de caracterizar sua busca pela necessidade individual e da rede, de modo geral. De acordo com Maslow (1943 apud KOTLER, 2000) as necessidades fisiológicas constituem a sobrevivência do indivíduo e a preservação da espécie: alimentação, sono, repouso, abrigo, etc. As necessidades de segurança constituem a busca de proteção contra a ameaça ou privação, a fuga e o perigo. As necessidades sociais incluem a necessidade de associação, de participação, de aceitação por parte dos companheiros, de troca de amizade, de afeto e amor. As necessidades de estima envolvem a auto-apreciação, a autoconfiança, a necessidade de aprovação social e de respeito, de status, prestígio e consideração, além de desejo de força e de adequação, de confiança perante o mundo, independência e autonomia. A necessidade de auto-realização são as mais elevadas, visto que compete a cada pessoa realizar o seu próprio potencial e de auto desenvolver-se continuamente. As redes sociais crescem e são encontradas nos mais improváveis campos da ciência social, hoje deparamos com infinidades de caminhos novos a serem explorados e o que mais chamam atenção são os meios virtuais onde seus limites são improváveis. Relacionamentos afetivos, profissionais, interesses mútuos tudo está relacionado às redes sociais, mas dizer que as redes sociais se resumem a isso e que sua expansão é previsível seria uma afirmação longe da verdade. Lewin (1965) considera a pessoa e o meio constituintes de um sistema único, um espaço vital. O espaço vital é constituído pela pessoa num dado momento, num ambiente determinado, em parte, pelos objetos físicos presentes, em parte, pela sua interpretação deles, pelo modo como os percebe, pelo significado que tem para si naquele momento. 5.3 - Sociometria Buscar indícios e maneiras de melhorar o ensino-aprendizagem de forma global é hoje sem dúvida um dos maiores problemas enfrentado pelo mundo, a forma ideal está longe da VII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br realidade de hoje, mais além, está encontrar às formas mais eficazes e métodos a serem empregados como agente mitigador dessas disparidades do conhecimento. O meio escolar (campo social) destaca-se como um instrumento indispensável para contribuir na resolução desse dilema, pois é nele que as variáveis da aprendizagem desenvolvem a disseminação do saber, nesse ambiente também ocorre à interação e integração de valores culturais, sociais, éticos, familiares, enfim a maturação desse sistema no seu todo. Moreno (1994) enfatiza a necessidade das relações interpessoais serem tratadas com seriedade, como um fator importante na avaliação de suas estruturas e comportamentos, no qual essa interrelação deve ser tratada como modo nuclear de toda situação social. A sociometria é a técnica de observar as relações entre as pessoas no âmbito sócioeconômico e afetivo dentro de um grupo. Essas técnicas avaliam a posição que um indivíduo enxerga o outro dentro do grupo, a posição que o mesmo pensa que os outros lhe atribuem, mutualidade de rejeições e de aceitações, os indivíduos isolados e a dinâmica do grupo. Essas técnicas ainda têm a vantagem de confrontar a estrutura sociométrica de vários conjuntos de pessoas, analisarem as relações dos indivíduos que tem algumas características culturais, sociais e econômicas em comum e as transformações em que o grupo passou. Os questionários sociométricos têm a vantagem de observar muitas pessoas em pouco tempo e permitem que os dados sejam respondidos corretamente, pois há sigilo, e no qual identifica estruturas como, Estrelas (indivíduos mais escolhido); Atraentes (que a maioria escolhe); Aceitos por (pode ser forte, média ou fraca); Rejeitados (que a maioria rejeita); Indiferença (não são escolhidos nem rejeitados, e em certos casos, não aceitam nem rejeitam); Grupinhos (indivíduos que escolhem entre si); Escolhas mutuas; Rejeições recíprocas; Cadeias (hierarquia de escolhas 1º, 2º, 3º e suas interrelações) e Pares (quando há escolhas mutuas entre duas pessoas. Isso significa que elas formam um subgrupo e ambas ocuparão posição privilegiada em relação às pessoas restantes no sociograma de aceitações). Segundo Estrela (1984) por ser difícil imaginar o que outras pessoas pensam de si, também pensar sobre outras pessoas, deve-se usar os dados provisoriamente, e, alem disso, observar as relações do grupo de outra maneira como, por exemplo, entrevista informal e observação direta sobre a relação entre os indivíduos do grupo. De modo abrangente Carlson-Sabelli, Sabelli e Hale apud Holmes, Karp e Watson (1998) conceituam a sociometria como uma visão holística sobre processos físicos, biológicos, sociais e psicológicos que os predeterminam situando-o numa propriedade de livre escolha. 5.4 – Redes de Cooperação Redes de Cooperação Para Carneiro (1981) a sobrevivência da raça humana sempre esteve atrelada à cooperação, desde o início das civilizações. A palavra cooperação provém do latim cooperatione, derivado do verbo cooperati, de cum + operari = operar, trabalhar em conjunto. (Pinho, 1997). A forma com que a cooperação deve ser encarada pelas organizações é, a de criar uma visão integradora que se encontra acima de conceitos político-ideológicos de qualquer natureza. (AUMANN, 1964 e SCHELING, 1958). Na mesma linha de raciocínio, a análise que se faz da atribuição de poder organizacional, ou seja, mensurar o quanto os “futuros parceiros” são parecidos ou não com a organização que pretende a aliança é, de fato, essencial para o sucesso, pois delimita o equilíbrio com que se dará o relacionamento de confiança entre os agentes. A atuação do mercado cada vez mais busca a utilização de uma “visão social” como estratégia empresarial e como conseqüência um fortalecimento do diferencial de mercado. Para Day e Reibstein (1997) as sociedades devem escolher estratégias de equilíbrio, visando buscar três características: estabilidade, caráter ideal e racionalidade. Em suma, cada indivíduo acredita estar fazendo o melhor possíveis dadas as ações dos outros. VII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br Entende-se por tudo isso que para uma organização, com um grupo de pessoas interagindo entre si, a melhor estratégia consiste em cada individuo fazer o melhor para si e para o grupo, atingindo assim, o equilíbrio entre as partes. Numa relação que envolve interesses mútuos, é necessário em um dado momento desse “jogo”, uma ou algumas das partes cederem no presente para colher frutos melhor no futuro. Para que a sociedade humana funcione é necessário criar o mecanismo do ostracismo, em que o individuo não-cooperativo seja excluído do grupo ou da organização da qual faz parte. Para isso criou-se o estigma, que é uma marca que o individuo “condenado” ao ostracismo carrega para ser facilmente identificado pelos demais jogadores, ao longo do tempo. Trivers (1971) formula a teoria do altruísmo recíproco, onde há uma forma simplificada de encarar o mundo vivo que é a de “uma mão lava a outra”. Pode-se qualificar de altruísmo aquilo que fazemos com vistas na retribuição futura, sempre com a sensação de que sobre a pele de “cordeiro” do altruísmo vê-se o “lobo” egoísta. As organizações amparadas pela Teoria dos Jogos parece identificarem um fundo de interesses em qualquer gesto desprendido. Fiani (2006) exemplifica cooperação com o exemplo das pequenas lojas que se unem (poder de negociação com fornecedores, menores custos e outros benefícios) para poderem competir em nível igual no varejo e não serem “engolidas” pelas grandes redes. 5.5 - Das Redes Sociais à Aprendizagem As relações entre os indivíduos na busca de trabalho, amizade e o suprimento de suas necessidades provocam a transformação e reestruturação nas redes sociais, delineando e expandindo seu campo, no qual as informações são essenciais. Para Wegerif (1998) ultrapassar a barreira das redes e reconhecer-se parte dela, é um grande passo para adquirir confianças e compartilhar idéias e recursos, isso é um dos principais fatores para construir uma comunidade de aprendizagem. Esse passo implica maior comprometimento, satisfação, cooperação e esforços pelo grupo. Figueiredo (2002) – um marco importante das possíveis tendências da aprendizagem nas escolas foi sem dúvida a revolução industrial. O paradigma mecanicista incorporado pelos professores e alunos, “ouvir e responder” e ainda a transferências de conteúdos (conhecimento), de professores teoricamente doutrinados (por materiais padronizados) para as “cabeças vazias dos alunos”. Esses métodos ultrapassados insistem arquitetar sua sobrevivência na Sociedade da Informação, em contrapartida estão sendo sufocado pelos princípios da Sociedade em Rede na qual a aprendizagem isolada (“alunos-peça-demáquina”), não tem vez, a convergência futura de interações, fluxo, mudanças, contextos, dão rumo à era das redes, onde os indivíduos partilham informações e buscam a aprendizagem mútua. Figueiredo (2002) ressalta a importância da visão em relação às redes, onde apenas a transmissão de conteúdos e facilidade de acesso a eles (era da informação), não é a chave principal para uma sociedade conectada, faz-se necessário enriquecer esses recursos de troca através da cultura rica em aprendizagem no qual o saber contextualiza um cenário promissor e com informações assimiladas pelos indivíduos. Assim a harmonia entre contexto e conteúdos é uma chave importante para a disseminação dessa sociedade em rede. VII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br Figura 5 – Componentes de uma teoria social da aprendizagem, Wenger(1998). Fonte: Adaptado Figueiredo (2002). Na figura 5, conforme Wenger (1998), quatro componentes são essenciais e esses elementos estão interligados e se completam na formação da teoria da aprendizagem. Prática: expressa que tanto os indivíduos ou grupos buscam compartilhar idéias, conhecimentos, recursos e essas ações constantes, traz e cria a aprendizagem através das experiências da ação, ou seja, “aprende-se fazendo”; Comunidade: quando o individuo reconhece fazer parte de uma comunidade e também é reconhecido pela mesma tanto por sua importância quanto pela sua necessidade, à aprendizagem surge em função do estimulo de pertença, ou seja, busca se entender a análise da importância e necessidade de um indivíduo dentro do grupo ou do grupo em uma rede; Identidade: é a procura em dar sentido e contextualizar a participação de um individuo ou grupo, essa procura mostra a história e como se construiu até o momento nossa participação no grupo ou rede, é o entendimento do que somos e o que a aprendizagem nos transformou; Significado: é a investigação do por que das coisas, dos atos, das informações, dos comportamentos, enfim dar sentido e valor a nossa vida perante o mundo. Para Wenger (1998) os cenários que conduzem a uma aprendizagem em rede estão concentrados na comunidade, prática, identidade e significado. A prática é moldada e criada através da negociação de significados, ou seja, adquiri-se prática conforme é trabalhada a interação com o ambiente de aprendizagem no qual os significados são as informações captadas e interpretada pelo individuo. Essa negociação dá-se através do processo de participação e reificação. A participação está relacionado a ações (conduta, comportamento), Interação (comunicação, afinidades), mutualidade (solidariedade, reciprocidade) e pertença (admitir fazer parte). A reificação por sua vez deixa em evidência os documentos (registros, dados), codificações (compilação detalhadas dos documentos), instrumentos (ferramentas tangíveis, máquinas, tecnologia), regras (procedimentos, normas). Segundo Wenger (1998) o equilíbrio entre participação e reificação é uma peça fundamental para a aprendizagem em comunidade, já que esse permite a formação da experiência e impulsiona a criatividade humana, através da aprendizagem mútua. A aprendizagem num contexto geral depende que os atores compartilhem seus conhecimentos, a fim de apresentar um bom resultado. Freire (1993) enfatiza a necessidade de a aprendizagem ser mútua, ou seja, tanto o educador quanto o educando está em constante processo de adquirir informação, esse contexto de eterno aprendiz cria uma lacuna em alguns cenários atuais, devido à ainda ultrapassada idéia dos papéis criados aluno e professor, quando todos deveriam ser ao mesmo tempo educadores e aprendizes. VII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br Dixon (2000) descreve a necessidade dos atores na troca de idéias, pois além de ser importante para fomentar a reciprocidade da rede, faz com que os indivíduos de um modo abrangente adquiriram novos conhecimentos, já analisando a utilidade que eles terão perante as outras pessoas. Ressalta a importância dos atores perceberem o quanto é benéfico à troca de informações, pois esse processo de troca fornece meios para disseminar a cultura da aprendizagem. Wenger (1998) ressalta que deixar espaço para imaginação dentro da comunidade de aprendizagem é benéfica para o grupo como um todo, já que incentiva e motiva os membros a inovar e criar novas situações e experiências, tornando seu ambiente mais rico e ao mesmo tempo mostrando a importância que as redes sociais tem na aprendizagem. 6 – Resultados O questionário sociométrico foi aplicado a uma amostra de 28 alunos do 4º semestre de administração da FACECAP, onde a totalidade da sala abrange 60 alunos. Para a questão um sobre a renda familiar verificou-se que nenhum respondente indicou que não possuía renda familiar e renda até R$ 830,00, já para a alternativa até R$ 1.660,00 foram 15 alunos, para renda até R$ 3.320,00 2 alunos e 11 para acima de R$ 3.320,00. Na questão dois a faixa etária dos alunos entrevistados foi: 4 alunos até 20 anos, 15 alunos entre 21 e 30 anos, 6 alunos entre 31 e 40 anos e 3 alunos com idade entre 41 e 50 anos. A questão três versa sobre o gênero dos alunos, onde 53,57% são do gênero masculino e 46,43% do gênero feminino. A quarta questão pede aos entrevistados que indiquem o que gostam de fazer nas suas horas vagas e em seguida indique três colegas de sala com que gostaria de dividir um momento de lazer, e quem acha que te escolheria, após indicar três colegas de classe com quem não gostaria de dividir um momento de lazer e quem acha que não o escolheria. Os momentos de lazer mais indicados foram: futebol, dormir, internet e passear. Apareceram apenas uma vez como: churrascaria, esportes radicais e tocar violão. Para manter o sigilo em relação ao nome dos alunos, os mesmo foram enumerados de 1 a 55 conforme citados na pesquisa pelos respondentes. Entre os colegas mais citados para dividir um momento de lazer estão os alunos 7 (4), 18 (4) e 30 (4). Para os que acham que os escolheriam os alunos 10 (4) e 18 (4). Destaca-se o aluno 18, pois deixa em evidência características como afinidade com os pares, além de espontaneidade e boa relação de grupo. Quando perguntados com quem não gostaria de dividir um momento de lazer aparecem entre os mais votados os alunos 11(8), 45 (8) e 16 (5) E quando não te escolheria, aparecem os alunos 11 (6), 17 (6) e 45 (6). Os alunos 11 e 45 destacaram-se pelo lado negativista, ou seja, foram apontadas em ambas as respostas despertando características de isolamento entre os grupos, pouco sociáveis e baixo carisma e popularidade no grupo. Já a questão cinco solicita aos alunos assinalar quais das disciplinas lhe agradam mais, em seguida citar três colegas de sala que escolheria para realizar os trabalhos acadêmicos, e quem acha que o escolheria depois citar três colegas de classe que não escolheria para realizar os trabalhos acadêmicos e quem acha que não o escolheria. As disciplinas indicadas pelos respondentes foram: gestão de pessoas, empreendedorismo e direito. Entre os colegas de sala mais citados para realizar os trabalhos acadêmicos estão 10 (5), 4 (4) e 21 (4). Os que acham que escolheriam para os alunos 4 (6), 6 (4), 10 (4) e 19 (4). Os alunos 4 e 10 sobressaem-se com relação aos demais no que tange a produção de trabalhos acadêmicos, demonstrando suas características fortes percebida pelos grupos, criatividade, empenho e liderança. VII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br Já quem não te escolheria para realizar um trabalho foram indicados os alunos 45 (8), 11 (5) e 23 (5). Para aqueles que acreditam que não os escolheriam aparecem os alunos 45 (6), 11 (6) e 7 (5). Aparecem como os mais indicados pelos colegas os alunos 11 e 45, nos quais percebem-se indícios de não aceitação pelos colegas para a realização de trabalhos, convivências em grupo, o inverso também se faz verdade, pois esses alunos também foram citados como os que não escolheriam os respondentes. A pesquisa identificou o aluno 10, entre as preferências tanto das atividades de lazer quanto dos trabalhos acadêmicos. Já os alunos 11 e 45 aparecem entre as maiores rejeições nos dois quesitos citados acima. 7 – Considerações Finais Partindo do pressuposto que a vida em sala de aula como ambiente de aprendizagem, numa dimensão objetiva, se realiza e se concretiza na formação de grupos, e que esses, por sua vez, se formam e se mantém pela influência do líder, o estudo se fez relevante, pois buscaram identificar quais seriam essas pessoas dentro da aprendizagem. Esses líderes atuam como forças catalisadoras e que têm por objetivo natural manter as estruturas desses grupos na busca de consolidar as relações acadêmicas e de lazer. No que tange as redes e suas influências na aprendizagem, ficou claro a força desta sobre a aprendizagem mútua, disseminando de forma abrangente e eficiente, assim nos dias de hoje descobrir e reconhecer a validade de pesquisas das redes sociais é de suma importância para esclarecer melhor nossa situação atual e ter uma base fundamental para prever melhor as tendências futuras. 8 – Referências Bibliográficas AUMANN, R. J. e MACHAEL, M. The Bargaining Set for Cooperative Games. Princeton: Princeton University Press, p. 443-476, 1964. BARNES, J.A. Social Networks. Cambridge: Module 26, p.1-29, 1972. BARABÁSI, A. L. Mean-field theory for scale-free random networks. Physica A, 272, p. 173-187, 1999. BARABÁSI, A. L., et.al. Evolution of the Social Network of Scientific Collaborations. Physica A, n.311, p. 590-614, 2002. CARNEIRO, P. P. Cooperativismo: o princípio e a força existencial – social do trabalho. Belo Horizonte: Fundec, 1981. CUERO, R. Redes Sociais na Internet. Ed. 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