Erros de medicação em Farmácia Hospitalar

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Erros de medicação em Farmácia Hospitalar
Dezembro/2015
Erros de medicação em Farmácia Hospitalar
Vera Lúcia Maia da Silva Gomes
Farmácia Hospitalar e Serviços de Saúde
Instituto de Pós-Graduação – IPOG
Santarém, PA, 05 de Outubro de 2015
Resumo
Os eventos adversos relacionados a medicamentos podem levar a importantes agravos à
saúde dos pacientes, com relevantes repercussões econômicas e sociais. Dentre eles, os erros
de medicação são ocorrências comuns e podem assumir dimensões clinicamente
significativas e impor custos relevantes ao sistema de saúde. Os erros de prescrição são os
mais sérios dentre os que ocorrem na utilização de medicamentos. Para proceder-se à
revisão bibliográfica, foram utilizadas duas bases de dados científicos: a SCIELO Brasil e
Google. Para a busca de artigos científicos nas bases de dados, as palavras-chave escolhida
foi: “erros de medicação em farmácia hospitalar”. Para a base de dados SCIELO, adotou-se
a análise que quais artigos se encaixavam de acordo com o tema em questão.
O objetivo deste trabalho foi identificar as causas e fatores que contribuem para ocorrência
de erros de medicação em instituição hospitalar. Os erros no ambiente de trabalho e as
condutas tomadas frente à ocorrência dos erros de medicação de acordo com as bibliografias
consultadas. Pretendeu-se enfocar os aspectos relativos aos erros na medicação em uma
instituição hospitalar, privilegiando, através dos relatos de profissionais de enfermagem, as
possíveis consequências de erros cometidos ou conhecidos. Enfim, este estudo evidenciou a
gama de pontos vulneráveis do processo de administração de medicamentos nos hospitais.
Sugere-se, assim, uma reflexão urgente sobre os aspectos abordados para que medidas
proativas sejam implementadas. A melhoria da qualidade é imperativa nesse sentido visando
à segurança dos pacientes.
Palavras chaves: Erros, Medicação, Prescrição.
1-Introdução
Os medicamentos administrados erroneamente podem afetar os pacientes, e suas
consequências podem causar prejuízos/danos, reações adversas, lesões temporárias,
permanentes e até a morte do paciente, dependendo da gravidade da ocorrência.
Os erros de medicação representam uma triste realidade no trabalho dos profissionais
de saúde, com sérias conseqüências para pacientes e organização hospitalar (CARVALHO,
2000).
A abordagem comum nas instituições e os esforços tradicionais na redução dos erros
na medicação enfocam os indivíduos, mais freqüentemente, os profissionais da enfermagem
por realizarem a administração, propriamente dita, do medicamento. Não são raras as práticas
da punição, suspensão e demissão, ou seja, a culpa recai no indivíduo que cometeu ou que não
percebeu um erro já iniciado (BUENO, et al 1998, CASSIANI, 2000).
Medicar pacientes depende de ações meramente humanas e os erros fazem parte dessa
natureza, porém, um sistema de medicação bem estruturado deverá promover condições que
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auxiliem na minimização e prevenção dos erros, implementado as normas, regras, ações,
processos com a finalidade de auxiliar os profissionais envolvidos.
Muitas vezes, os erros de medicação só são detectados quando as consequências são
clinicamente manifestadas pelo paciente, tais como a presença de sintomas ou reações
adversas após algum tempo em que foi ministrada a medicação, alertando o profissional do
erro cometido. Os profissionais de enfermagem deveriam estar alerta e, após administrada a
medicação, esta deve ser documentada imediatamente no registro do paciente, possibilitando
rapidamente a descoberta do erro pelo enfermeiro e a realização de intervenções que podem
minimizar ou prevenir possíveis complicações ou consequências mais graves.
Esse artigo tem como objetivo identificar a definição de erros de medicação, os erros
no ambiente de trabalho e as condutas tomadas frente à ocorrência dos erros de medicação de
acordo com as bibliografias consultadas. Pretendeu-se enfocar os aspectos relativos aos erros
na medicação em uma instituição hospitalar, privilegiando, através dos relatos de
profissionais de enfermagem, as possíveis consequências de erros cometidos ou conhecidos.
Sabe-se que são várias as estratégias a serem implantadas no sistema de medicação
desenvolvido pela administração de um hospital, com o intuito de levar o medicamento até o
paciente de maneira segura. Acreditamos que a identificação dos tipos de erros mais
frequentes bem como, dos fatores causais podem contribuir para que os mesmos sejam
revertidos em educação e melhorias para o sistema.
2-Metodologia
Para proceder-se à revisão bibliográfica, foram utilizadas duas bases de dados
científicos: a SCIELO Brasil e Google. Para a busca de artigos científicos nas bases de dados,
as palavras-chave escolhida foi: “erros de medicação em farmácia hospitala”. Para a base de
dados SCIELO, adotou-se a análise que quais artigos se encaixavam de acordo com o tema
em questão.
Formulário livre, e os campos adotados foram “Todos os índices”. Utilizando-se
somente a primeira palavra-chave, na base SCIELO foram encontrados 30 artigos.
Totalizando, o conjunto de artigos utilizados das duas bases de dados foi de 10artigos. Houve
equivalência na pesquisa dos trabalhos científicos entre as duas bases de dados. Alguns
“sites” de interesse relacionados ao tema também foram consultados e fezse o uso de algumas
de suas publicações.
3-Desenvolvimento
3.1-Estudo dos erros humanos
O estudo dos erros humanos é recente e o sistema de saúde está bastante atrasado na aplicação
desse novo saber, a ciência da segurança, que possui alguns modelos de excelência, tais como
a aviação e as companhias geradoras de energia nuclear (HELMREICH, 2000).
Segundo Reason(1990), a visão e a análise sobre os erros humanos podem ser feitos de
duas maneiras: a abordagem pessoal e a sistêmica. Estes dois tipos de abordagem são
praticamente antagônicos se influenciam, diretamente, no entendimento das causas e
conseqüências dos erros humanos. O sistema de saúde, em geral, adota, a abordagem
individual na análise e na tomada de decisão sobre os erros.
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O tipo de relação que a sociedade e a área da saúde estabelecem com os erros e com
aqueles que erram é relevante, pois este é um dos maiores obstáculos ao conhecimento e
prevenção desses eventos. Como conseguir dados fidedignos e em número significativo sobre
erros, se quase sempre a primeira pergunta é “quem foi?”, seguida então de medidas
disciplinares? É preciso que o foco sistêmico seja adotado pela área de saúde, construindo
sistemas mais seguros, planejados, de forma a levar em conta as limitações humanas
(REASON 1990).
3.2 Erros mais comuns
Uma vez que a prescrição médica fundamenta-se no nome do medicamento, na
dosagem, na via de administração e na posologia, os erros de prescrição podem ser atribuídos
à letra ilegível, dosagem, falta de informação da via ou complementar, por exemplo, se deve
tomar com água. Após a prescrição, quando dispensados os medicamentos, a farmácia deve
interpretá-la correta mente. Pode haver erros neste processo, por exemplo, um armazenamento
inadequado, levando a uma possível troca do medicamento ou comprometimento da sua
qualidade técnica (DOMICIANO, 2006).
3.3-Erro de prescrição
Erro de prescrição com significado clínico é definido como um erro de decisão ou de
redação, não intencional, que pode reduzir a probabilidade do tratamento ser efetivo ou
aumentar o risco de lesão no paciente, quando comparado com as praticas clínicas
estabelecidas e aceitas (DEAN, 2000).
3.4-Dificuldade para ler e entender as prescrições de medicamentos
A prescrição medicamentosa é o elemento essencial para que se possa ser dispensada a
medicação da farmácia e para ser preparada toda a medicação de um paciente. Na maior parte
das vezes esta atua dificultando o trabalho dos profissionais que dependem dela, pois a letra
ilegível dos médicos leva ao surgimento de dúvidas quanto ao que foi prescrito, podendo
ocasionar erros de medicação quando alguns dos profissionais tentam decifrar o que está
escrito (ALENCAR, 2013).
A partir do discurso dos profissionais podemos observar:
“Depende do médico, porque eles escrevem as coisas só pela metade, não escreve o
nome do medicamento completo” (Cefuroxima) (ALENCAR, 2013).
“Sim, a maioria dos médicos não tem uma letra legível, ai fica difícil para nossa
interpretação” (Cefalexina) (ALENCAR, 2013).
“Não, às vezes não. Depende do médico, tem médico que enrola tudo, ai eu pergunto
para as meninas alguma coisa, dá para desenrolar por causa do costume” (Sulfadiazina)
(ALENCAR, 2013).
“Às vezes, como aqui os médicos, até antes do concurso, os médicos eram sempre
os mesmos então a gente já sabe as medicações que eles prescrevem, porque é uma
rotina, geralmente nunca muda, não sei ler a letra deles, mas pela rotina de ser
sempre aquilo, a gente já sabe, mas a letra é horrível, mas a pessoa vai deduzindo
porque a gente já sabe a medicação que ele prescreve, mas quando a gente não
entende pergunta a ele” (Perfoxacina) (ALENCAR, 2013).
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A letra ruim, ilegível ou mal escrita, associada aos nomes de medicamentos
semelhantes, pode conduzir os profissionais de enfermagem ao erro, pois prescrições médicas
ilegíveis são consideradas situações de risco para ocorrência de erros de medicação, portanto
os enfermeiros e farmacêuticos não devem tentar decifrar as caligrafias ruins ou ilegíveis dos
demais profissionais e sim consultá-los, visando esclarecimentos sobre a prescrição, evitando
assim as dúvidas e más interpretações (CARVALHO & CASSIANI, 2000).
3.5 O sistema de utilização dos medicamentos e suas falhas geradoras de erros
O sistema de utilização de medicamentos em cenário hospitalar tem como principal
elemento ser responsável por entradas (inputs) e saídas (outputs) a população. Após sujeitarse a um tratamento, dependendo do resultado de seu tratamento, faz-se uma avaliação da
assistência à saúde. Assim, geram-se informações que retroalimentam o sistema, seus
processos, componentes, entradas e saídas. O sistema se trata, portanto, de um macro sistema,
do qual a terapia medicamentosa é considerada um subsistema (OLIVEIRA, 2005).
3.6 - A Tecnologia na Prevenção de Erros
A prescrição informatizada é um sistema no qual o médico redige a prescrição
diretamente no computador, enviando- a para a farmácia por via eletrônica. O procedimento
evita dificuldades em relação à caligrafia e às prescrições ambíguas e incompletas. Uma trava
eletrônica impede e avisa se faltam informações que permitam a finalização da prescrição.
Segundo Bates et al. (1999), aproximadamente 80% dos erros de medicação podem
ser prevenidos por esse processo, principalmente aqueles devidos ao esquecimento da
definição da dose do medicamento.
O sistema de código de barras integrando dispensação, administração e identificação
do paciente também contribui para diminuir a taxa de erros. Consiste na identificação de
todos os medicamentos com o código de barras contendo o nome, concentração, lote e data de
validade, facilitando a conferência dos itens dispensados de acordo com a prescrição médica e
a verificação no momento da administração e checagem com a pulseira de identificação do
paciente.
3.7-Erro de medicação
Erro de medicação Qualquer evento evitável que, de fato ou potencialmente, pode
levar ao uso inadequado de medicamento. Esse conceito implica que o uso inadequado pode
ou não lesar o paciente, e não importa se o medicamento se encontra sob o controle de
profissionais de saúde, do paciente ou do consumidor. O erro pode estar relacionado à prática
profissional, produtos usados na área de saúde, procedimentos, problemas de comunicação,
incluindo prescrição, rótulos, embalagens, nomes, preparação, dispensação, distribuição,
administração, educação, monitoramento e uso de medicamentos (AMERICAN SOCIETY
OF HEALTHY-SYSTEM PHARMACISTS, 1998).
3.8-A importância da presença de um farmacêutico no hospital
Diversos são os profissionais que atuam em um hospital, dentre eles o farmacêutico
que é o responsável pela dispensação de todos os medicamentos para todos os setores do
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hospital. Este deve ter total conhecimento das medicações e seus efeitos colaterais, ele atua
sendo um facilitador do trabalho da equipe de enfermagem, pois sana muitas das dúvidas
resultantes das prescrições médicas informando sobre substituição de medicações ajuda
muitas vezes até aos próprios médicos na escolha de determinados fármacos, por terem um
conhecimento teórico bem mais abrangente que os demais profissionais (ALENCAR, 2013).
O farmacêutico atende o paciente diretamente, avalia e orienta em relação à
farrmacoterapia prescrita pelo médico, por meio da análise de suas necessidades relacionadas
aos medicamentos e detectando problemas relacionados aos medicamentos, consolida assim a
relação existente entre a prática e o conhecimento teórico na atuação farmacêutica,
promovendo, sobremaneira, saúde, segurança e eficiência na assistência prestada
(OLIVEIRA, OYAKAWA, MIGUEL, ZANIN &MONTRUCCHIO, 2005).
Nas farmácias, os farmacêuticos são responsáveis pela dispensação de medicamentos com
precisão e para isso devem desenvolver e seguir procedimentos que previnam erros e
garantam a distribuição de todos os medicamentos com segurança aos pacientes, para isso
deve manter a prescrição e a medicação dispensada juntas durante todo o processo, evitando
assim trocas de medicamentos (ANACLETO, PERINI & ROSA, 2007).
Um dos problemas ligados a dispensação de medicamentos é que, muitas vezes essa
tarefa pode estar sendo desenvolvida por leigos, que não apresentam nenhuma formação para
orientar sobre a farrmacoterapia. Alguns estudos demonstram que a substituição das
prescrições manuais pelas eletrônicas pode minimizar, mas não eliminar totalmente a
possibilidade de riscos de PRM. Cabe enfatizar ainda, que mesmo com um sistema
informatizado, o farmacêutico ainda é essencial para a orientação sobre o uso correto do
medicamento e esclarecimento de dúvidas referente ao tratamento (LYRA JÙNIOR, PRADO,
ABRIATA & PELÁ, 2004).
A incorporação e a integração do farmacêutico na equipe de saúde, exercendo
atividades clínicas, favorecem a prática de uma terapia segura e eficaz e possibilita maior
interação com o paciente (ASHP, 1991). Estudo realizado em uma unidade de terapia
intensiva mediu o efeito da participação do farmacêutico na incidência de erros de medicação
causados por erros na prescrição. O trabalho do farmacêutico consistia no acompanhamento
das visitas médicas, com posterior esclarecimento ou correção das prescrições, sugestões de
terapias alternativas, informações sobre os medicamentos e identificação de interações
medicamentosas.
Para SCARSI et al. (2002) demonstraram que farmacêuticos clínicos treinados para
reconhecer, entender e prevenir os erros de medicação, e que participaram das visitas médicas
realizadas diariamente em um hospital americano de 600 leitos, promoveram uma redução
dos erros de medicação de 51%.
3.9-Erros de rotulagem
São os erros relacionados aos rótulos dos medicamentos dispensados que podem gerar
dúvidas no momento da dispensação e/ou administração, erros de grafia nos rótulos e
tamanho de letras que impedem a leitura, a identificação ou podem levar ao uso incorreto do
medicamento. São considerados os rótulos do próprio produto, as etiquetas impressas na
farmácia e utilizadas na identificação dos medicamentos, das misturas intravenosas e da
nutrição parenteral preparadas na farmácia. Podem ser classificados em: nome do paciente
errado, nome do medicamento errado, concentração errada do medicamento, forma
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farmacêutica errada, quantidade errada, data errada, orientações erradas relacionadas ao uso
ou armazenamento (TÂNIA, et.al.210).
4.0-Erro de dispensação
As farmácias têm como sua principal função a dispensação dos medicamentos de
acordo com a prescrição médica, nas quantidades e especificações solicitadas, de forma
segura e no prazo requerido, promovendo o uso seguro e correto de medicamentos Assim, sua
organização e sua prática devem prevenir que erros de dispensação aconteçam e por criarem
oportunidades de erros de administração, possam atingir os pacientes (ANACLETO, 2010).
Erro de dispensação é definido como o desvio de uma prescrição médica escrita ou
oral, incluindo modificações escritas feitas pelo farmacêutico após contato com o prescrito ou
cumprindo normas ou protocolos preestabelecidos. E ainda considerado erro de dispensação
qualquer desvio do que é estabelecido pelos órgãos regulatórios ou normas que afetam a
dispensação (TÂNIA, 2010 apud; BESO, 2005). São erros cometidos por funcionários da
farmácia (farmacêuticos, inclusive) quando realizam a dispensação de medicamentos para as
unidades de internação (COHEN, 2006).
4.1-Erros de Dispensação o e Medidas de Prevenção
O erro de dispensação é definido como a discrepância entre a ordem escrita na
prescrição médica e o atendimento dessa ordem. No ambiente hospitalar, são erros cometidos
por funcionários da farmácia (farmacêuticos, inclusive) quando realizam a dispensação de
medicamentos para as unidades de internação (COHEN, 1999; FLYNN et al., 2003).
4.2-Erro de administração
Qualquer desvio no preparo e administração de medicamentos mediante prescrição
médica, não observância das recomendações ou guias do hospital ou das instruções técnicas
do fabricante do produto. Considera ainda que não houvesse erro se o medicamento foi
administrado de forma correta mesmo se a técnica utilizada contrarie a prescrição médica ou
os procedimentos do hospital (TAXIS, 2003).
4.3-Diferenças entre erros de medicação e reações adversas
Os eventos adversos preveníveis e potenciais relacionados a medicamentos são
produzidos por erros de medicação, e a possibilidade de prevenção é uma das diferenças
marcantes entre as reações adversas e os erros de medicação. A reação adversa a
medicamento é considerada como um evento inevitável, ainda que se conheça a sua
possibilidade de ocorrência, e os erros de medicação são, por definição, preveníveis.
4.4-Eventos adversos relacionados a medicamentos
São considerados como qualquer dano ou injúria causado ao paciente pela intervenção
médica relacionada aos medicamentos. A AMERICAN SOCIETYOFHEALTHY-SYSTEM
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PHARMACISTS (1998) define-os como qualquer injúria ou dano, advindo de medicamentos,
provocados pelo uso ou falta do uso quando necessário.
4.5-Reação adversa a medicamento
Resposta nociva a uma droga, não intencional, que ocorre nas doses usuais para
profilaxia, terapêutica, tratamento ou para modificação de função fisiológica WOLD (1972).
Uma dos problemas em relação a este conceito de 1972, é que não havia como classificar as
reações ou sintomas provocados por erros na utilização do medicamento, sendo um deles a
utilização de doses não usais para o homem. Várias outras definições foram publicadas no
sentido de diferenciar a reação adversa e o erro de medicação, sendo uma delas, descrita a
seguir:
Qualquer resposta nociva ou indesejada ao medicamento, que ocorre na dose
normalmente usada para profilaxia, diagnóstico ou tratamento ou tratamento de doença, ou
para modificação de função fisiológica, mas não devido a um erro de medicação
(EDWARDS, 2000).
Eventos adversos relacionados a medicamentos São considerados como qualquer dano
ou injúria causado ao paciente pela intervenção médica relacionada aos medicamentos. A
AMERICAN SOCIETYOFHEALTHY-SYSTEM PHARMACISTS (1998) define-os como
qualquer injúria ou dano, advindo de medicamentos, provocados pelo uso ou falta do uso
quando necessário. A presença do dano é, portanto, condição necessária para a caracterização
do evento adverso.
O conceito dos profissionais sobre erros de medicação se encontra fragmentado, assim
como a tomada de decisão frente a eles. O estudo contribui para um melhor conhecimento da
vivência de erros de medicação pelos entrevistados.
4.6 - Impactos do processo componente do sistema de utilização dos medicamentos em
rede hospitalar frente à qualidade da assistência a o paciente
“Prevenir e reduzir os erros de medicação que passam, necessariamente, pela adoção
de padrões de comunicação seguros entre os diversos profissionais que participam do
processo de utilização de medicamentos.” (ROSA; ANACLETO; PERINI, 2008). A formação
de uma equipe multidisciplinar melhora a comunicação e permite mudar a cultura(GANDHI;
KAUSHAL; BATES 2004).
4.7-Informação relacionada ao paciente
Para orientar a terapêutica adequada ao paciente, os profissionais de saúde necessitam
de prontamente ter as informações demográficas (idade, peso) e clínicas (histórico de alergias,
gravidez) relacionadas ao paciente, além dos dados de monitoramento (exames laboratoriais,
sinais vitais) dos medicamentos utilizados e da evolução da doença (TÂNIA, 2010);
4.8-Informação relacionada ao medicamento
Para minimizar o risco de erros, os profissionais de saúde devem ter acesso (rápido) à
informação atualizada sobre os medicamentos através de textos de referência, protocolos,
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sistemas informatizados com informação dos medicamentos, além de registro da
administração dos medicamentos e perfil dos pacientes e atividade clínica regular dos
farmacêuticos (TÂNIA, et.al, 2010).
4.9- Dispensação, armazenamento e padronização dos medicamentos
Muitos erros podem ser prevenidos com a redução da disponibilidade dos
medicamentos (como por exemplo, nos postos de enfermagem), restringindo o acesso a
medicamentos potencialmente perigosos e utilizando sistemas de dispensação que
disponibilizem o medicamento no momento do uso. O uso de soluções injetáveis prontas para
uso e com concentrações padronizadas contribuem na prevenção dos erros (TÂNIA,
et.al,2010).
5.0-Aquisição uso
medicamentos
e monitoramento de
dispositivos
para administração dos
O design de alguns dispositivos e bombas utilizados para administração (infusão) dos
medicamentos pode facilitar a ocorrência de erros. Como por exemplo, bombas de infusão
com fluxo livre para administração de medicamentos intravenosos, conexões de tubos e
cateteres compatíveis para administração de medicamentos intravenosos e dietas (TÂNIA,
et.al2010).
5.0-Gerenciamento de risco e processos de qualidade
As organizações de saúde, incluindo farmácias comunitárias e farmácias com
atendimento virtual necessitam de sistemas para identificar, relatar, analisar e reduzir os riscos
de erros de medicação. A cultura de segurança não punitiva deve ser cultivada para encorajar
a sincera divulgação de erros e oportunidades de erros, estimularem a discussão produtiva e
identificar efetivas soluções para os problemas do sistema. Estratégias de controle são
necessárias para a qualidade dos sistemas de utilização de medicamentos (TÂNIA, et.al2010).
Simples redundância como duplos check de medicamentos potencialmente perigosos
e regras para uso de informações passadas por telefone podem detectar e interceptar erros
antes que atinjam e lesem os pacientes.
4.65.1-Medidas que pode ser adotadas para minimizar os erros de medicação
Embora nesse estudo, a maioria dos profissionais afirme que mediante a ocorrência de
erros de medicação procuram informar aos demais colegas de equipe, seja o enfermeiro
responsável pelo plantão ou médico presente, objetivando evitar maiores complicações no
paciente assistido e atuam impedindo a realização de procedimentos inadequados pelos
demais colegas. Observamos que muitos ainda temem a notificar o erro, devido ao medo das
medidas administrativas atribuídas ao profissional responsável, este sendo um elemento
contribuinte para a sub-notificação dos erros e não educação dos profissionais, algumas
medidas que pode ser praticadas estão ilustradas na tabela-1, a seguir.
1.
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Introduzir barreiras que minimizem a possibilidade de ocorrência dos erros
2.
Adotar protocolos e padronizar a comunicação sobre os tratamentos
3.
Fornecer e melhorar o acesso à informação
4.
Revisar continuamente a padronização de medicamentos potencialmente
perigosos MPP
5.
Reduzir o número de alternativas terapêuticas
6.
Centralizar os processos considerados de maior risco de erros
7.
Usar procedimentos de dupla conferência dos medicamentos
8.
Incorporar alertas automáticos nos sistemas informatizados
9.
Monitorar o desempenho das estratégias de prevenção de erros
Tabela 1-Medidas que pode ser adotadas para minimizar os erros de medicação
Fonte: (ALENCAR, 2013).
Nos discursos seguintes os entrevistados relatam a atitude tomada frente a um erro de
medicação: (ALENCAR, 2013)
“Com certeza, eu tomaria uma atitude, se eu presenciei que tava errada aquela
medicação, eu chamo o profissional e vou conversar com ela, eu não deixo nem administrar,
eu só presenciei assim a preparação, porque eu não deixo administrar” (Imipirem).
(ALENCAR, 2013)
“Sim, claro. Tem que se dirigir a chefe geral, porque a gente não pode resolver esse
problema, quem tem que resolver é exatamente quem ta acompanhando a pessoa que ta errada
é que deve resolver esse problema” (Subactâno) (ALENCAR, 2013).
“A atitude que eu tomaria como profissional da saúde seria chegar junto ao médico,
ou então a pessoa que estaria prescrevendo, que eu teria dentro do meu
entendimento chegar junto a ele e saber e questionar a medicação, porque eu teria
entendimento que não faria bem ao paciente, eu na minha parte ética não teria
vigorando a ela, ver o paciente tomar uma medicação que não é cabível a ele”
(Sulfazalazina) (ALENCAR, 2013).
“(Com certeza, porque um simples erro como uma diluição mal feita, pode levar o
paciente a óbito” (Penicilina) (ALENCAR, 2013).
“Sim, eu chamaria a pessoa que estava cometendo o erro e conversava, tentando
ensinar da forma correta, para que a pessoa nunca mais cometesse o mesmo erro, pois a
ocorrência deste pode comprometer até sua vida profissional” (Amoxacilina) (ALENCAR,
2013).
5.2-Conhecimento dos “5 Certos” para se preparar e administrar medicamento
Para o preparo e administração de medicamentos é de extrema importância o
conhecimento dos cinco certos, este sendo considerado requisito básico para um
procedimento eficaz e com resultados esperados de uma administração segura.
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Depoimentos dos profissionais a cerca dos cinco certos:
“Preparar a medicação, conferir a medicação, certificar medicação do paciente,
administrar medicação, checar administração do medicamento” (Amicacina) (ALENCAR,
2013).
“Sim, paciente certo, dose certa, hora certa, via certa, medicamento certo”
(Ofloxacina) (ALENCAR, 2013).
“Lavar as mãos primeiro, observar bem o medicamento que vai fazer proteger a
medicação, fazer a assepsia antes de fazer a medicação, prestar bem atenção na hora que tu
vai administrar” (Subactâno) (ALENCAR, 2013).
A administração de medicamentos é uma das atividades mais sérias e de maior
responsabilidade da enfermagem e para a sua execução é necessário a aplicação de vários
princípios científicos que fundamentem a ação do enfermeiro, de forma a prover a segurança
do paciente. Para realizar a administração de medicamento com eficiência e responsabilidade,
faz-se necessário que a enfermagem conheça os métodos e técnicas de administração, a ação
dos medicamentos no organismo, as vias de administração e eliminação, as doses máximas e
terapêuticas, os efeitos tóxicos e os efeitos colaterais (SILVA, SILVA, GOBBO&MIASSO,
2007).
6-Considerações Finais
Este estudo identificou e analisou os tipos, causas, providências administrativas e
sugestões a respeito de erros na medicação, na perspectiva dos profissionais envolvidos no
sistema de medicação, sejam punidos de forma correta. É importante ressaltar a importância
do ato de comunicar e documentar o erro de medicação e o benefício que esse ato pode trazer
aos pacientes, amenizando os efeitos apresentados e impedindo o agravamento das suas
condições físicas. As medidas administrativas tomadas deveriam enfatizar o relato correto
como forma de registro para o hospital e como proteção legal, caso ocorra à licitação de um
processo ético ou jurídico.
Constatou-se que os erros relacionados à prescrição/ transcrição dos medicamentos
foram os mais citados pelos profissionais. A falta de atenção, falhas individuais e problemas
na administração dos serviços constituíram importantes atributos das causas dos erros.
Na presença dos erros, são tomadas providências clínicas e administrativas (relatórios
e orientação ao membro da equipe envolvido). Entretanto, esses relatórios não são utilizados
para uma avaliação de qualidade ou para melhorias no sistema, na maior parte das vezes vão
acabar no prontuário do funcionário. Os quase errosou erros em potencial, aqueles erros
interceptados antes do paciente ser atingido, não são nem considerados erros, quanto mais
notificados.
Enfim, este estudo evidenciou a gama de pontos vulneráveis do processo de
administração de medicamentos nos hospitais. Sugere-se, assim, uma reflexão urgente sobre
os aspectos abordados para que medidas proativas sejam implementadas. A melhoria da
qualidade é imperativa nesse sentido visando à segurança dos pacientes.
Bibliografia
ALENCAR, S. JULIANA, Avaliação de erros de medicação estudo de caso com
profissionais da saúde de cajazeiras-pb. Universidade Regional do Cariri – URCA.
Caderno de Cultura e Ciência, Ano VIII, v.12, n.1, jUL, 2013
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015
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ANACLETO, T. A.; ROSA, M. B.; CÉSAR, C. C.; PERINI,E. Drug-dispensingerrors in
the hospital pharmacy. ClinicalSciences , Belo Horizonte, v. 62, n.3, p. 243-250, nov/dez.
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*Texto
traduzido
para
a
língua
portuguesa
a
partir
do
manuscrito
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ANEXO
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