ANO PAULINO 13

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ANO PAULINO 13 – 09 de setembro de 2008
AS CARTAS DO APÓSTOLO SÃO PAULO
“Evangelização de Corinto”
A cidade de Corinto tinha sido destruída pelos romanos em 146 antes de Cristo e
foi reconstruída por Júlio César cem anos depois. Era uma cidade importante, capital da
província da Acaia, povoada por veteranos do exército, antigos escravos alforriados,
colonos de origem grega, sírios e judeus. Indo de Atenas para Corinto, é preciso passar
por uma faixa de terra entre dois mares, o Egeu e o Jônico. Essa faixa se chama em
geografia de istmo e aí se realizavam os jogos ístimicos, a semelhança dos jogos
olímpicos. Muita gente se concentrava em Corinto por ocasião dos jogos, mas também
em busca de trabalho. Os dois portos de Cencréia e Laqueu ofereciam muitas
oportunidades para quem quisesse trabalhar. Ainda não existia o canal de Corinto
ligando os dois mares. Era preciso descarregar os navios de um lado e transportar a
mercadoria para os navios do outro lado, ou então, arrastar os navios de porte menor
sobre paus roliços de um mar a outro. Para tanto, era preciso mão de obra. Os barcos
necessitavam reparar suas velas, os jogos precisavam de tendas para abrigar atletas e
visitantes. A população crescia e cresciam as ofertas e procuras no comércio e nas
indústrias de cerâmica e de bronze. Surgiam, também locais de divertimento. Os
coríntios não tinham muito tempo livre, mas quando se apresentava a ocasião,
procuravam distrair-se. “Corintizar” foi um verbo criado na época para dizer cair na
farra, e farra de todo tipo.
Podemos imaginar Corinto como um formigueiro de gente por toda parte em
múltiplas atividades. E atravessando o istmo a pé, em direção à cidade, Paulo e seus
companheiros. Mais um grupo de estrangeiros a procura de emprego? Humanamente
falando, sim. O que iam fazer? Pregar em alguma praça pública? Corinto não era
Atenas, onde as pessoas tinham tempo para ouvir discursos. Em Corinto, todo mundo
estava ocupado e tinha pressa. Ir à Sinagoga no Sábado, isso sim, e Paulo o fez. O que,
porém, era viável na Corinto trabalhadora era trabalhar. A divina Providência colocou
no caminho de Paulo um casal, que também trabalhava com tendas. O trabalho estava
garantido. Paulo vai trabalhar com Priscila e Áquila, um casal de judeus cristãos,
chegados de Roma de onde tinham sido expulsos pelo imperador Cláudio, juntamente
com outros judeus pertencentes à mesma Sinagoga.
Priscila e Áquila, como anjos precursores, introduzem Paulo na vida da cidade,
no trabalho profissional e na Sinagoga. Paulo se estabelece numa praça de comércio
onde podia oferecer os seus serviços. O Shopping Center da época favorecia os
encontros e as conversas. Gente de todo canto podia relacionar-se com os missionários
nas horas de trabalho e depois partir mundo a fora nas embarcações que iam e vinham
nos portos do istmo. A palavra ouvida e assumida se espalhava.
A preocupação de Paulo não era ir de porta em porta para que as pessoas fossem
depois à sua escola e a seu culto. Ele, em primeiro lugar, jogava sementes de vida. A
paráclese paulina, pregação exortativa, abria perspectivas de vida nova. Paulo
acreditava na importância de se fazer uma experiência de Jesus. Tendo percebido Jesus
e tendo aceito a sua pessoa, o novo cristão adquiria uma visão nova da existência. Ele
podia ver como Paulo e seus companheiros viviam o que anunciavam, viviam valores
numa existência autêntica. A organização dessa vida e sua estruturação vinham depois.
Paulo confiava na liberdade criativa do Espírito. Agostinho dirá mais tarde “Ama, e faze
o que queres”. Paulo estava dizendo: “Creiam no Senhor Jesus, e organizem-se como
quiserem”.
O pecado está nas estruturas, por isso Paulo não as propõe a seus convertidos.
Façam o que quiserem desde que o façam por causa de Cristo e de seu Evangelho.
Sejam plenamente livres, apenas controlados pela caridade fraterna. Assim Paulo,
operário do Evangelho e operário manual, faz o primeiro anúncio nas horas do trabalho
profissional. Em que momento um leigo profissionalizado evangeliza a cidade?
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