Boletim Informativo 5 e 6 -2010 PPEETT IIM MA AG GEEM M –– DDIIA AG GN NÓ ÓSSTTIIC CO OSS V VEETTEERRIIN NÁ ÁRRIIO OSS M MA U M O N A M OQ Q U A O AIISSS U UM M PPPRRRO OFFIIISSSSSIIIO ON NA ALL EEM MN NO OSSSSSO QU UA AD DRRO O Desde 3 de maio contamos com uma nova médica veterinária em nosso quadro, a Dra. Kemy Tokuno, que em parceira com a Dra. Paula Cristina Linder responderá pelo setor de Patologia Clínica. Desta forma teremos a possibilidade de manter um relacionamento mais contínuo com nossos colegas no auxílio à interpretação de exames e escolha do melhor método diagnóstico. M MA A C N CA AD D MÊÊSSS ATTÉÉRRRIIA A TTÉÉC CN NIIC DO OM Dra. Danielle Murad Tullio Membro do Colégio Brasileiro de Radiologia Veterinária OSTEOARTROSE – OPÇÕES DE TERAPÊUTICA Doença degenerativa articular, osteoartrose e osteoartrite (OA) são sinônimos usados para classificar a alteração não-infecciosa e progressiva que acontece na cartilagem das articulações sinoviais ou diartroses, além da membrana sinovial e osso sub-condral, promovendo dor e disfunção. A osteoartrose é uma das doenças articulares mais prevalentes nos animais, sobretudo em nossa rotina com nossos pacientes chegando a idade avançada mais comumente. Por muito tempo a fisiopatologia da osteoartrose permaneceu obscura, sendo comumente considerada como o resultado do simples desgaste. Mas em meados dos anos 80 progresso considerável na compreensão desta doença tem sido alcançado, onde inúmeros estudos têm investigado o potencial da função dos condroprotetores no reparo da cartilagem articular e na desaceleração do processo degenerativo. Doença degenerativa articular – etiopatogenia A lesão inicial da cartilagem pode ser idiopática ou resultar de ações mecânicas anormais sobre a cartilagem, podendo variar desde deformidades congênitas, conformação anormal ou traumatismos. O colapso da estrutura de sustentação da cartilagem inicia-se com a condromalácia, seguida de fibrilação e fissuras verticais, localizadas, respectivamente nas camadas superficial e profunda da cartilagem articular. Com a progressão da fibrilação na superfície, as alterações tornamse mais profundas no tecido, a cartilagem é perdida e o osso sub-condral torna-se espessado. Nódulos PET IMAGEM – Diagnósticos Veterinários www.petimagem.com Boletim Informativo 5 e 6 -2010 de osso ou osteófitos freqüentemente forma-se na região lateral da interface cartilagem osso, refletindo uma inadequada reparação da cartilagem. Diagnosticando a osteoartrose A osteoartrose pode levar a sintomas progressivos, tais como dor articular, inchaço e limitação do movimento. O principal sinal clínico da osteoartrose é a dor articular, a rigidez após repouso e a claudicação. Quando o proprietário detecta estes sinais o processo de degeneração já se encontra em estágio avançado. Avaliação Física A claudicação ou diferença na marcha pode ocorrer em outras condições, tais como membro encurtado, disfunção mecânica, rigidez articular, problemas neurológicos ou fraqueza neuromuscular. Após o exame do membro afetado e excluindo os problemas já citados, observamos que a claudicação geralmente é causada pela dor que emana do periósteo, dos osteófitos, das microfraturas trabeculares, do osso sub-condral exposto por eburnação, da distensão da cápsula e dos ligamentos e da sinovite. Avaliação ortopédica Deve ser realizada sempre numa seqüência lógica, avaliando o animal primeiramente à distância. Em seguida deve ser avaliado em movimento, primeiro a passos lentos, depois em passos rápidos até chegar ao trote. Cada articulação é avaliada para evidenciar ou descartar dores, tumefações, crepitações, fibroses, luxações ou ruptura e diminuição da amplitude dos movimentos. Exames complementares 1. Exame radiográfico: a radiografia convencional é freqüentemente adequada na maioria dos casos e deve ser tirada em duas projeções padronizadas em ângulo reto entre si. O aumento de volume de tecido mole geralmente é mínimo. A proliferação de periósteo peri-articular ocorre nos locais onde a cápsula articular e os ligamentos se inserem e nas margens da cartilagem articular, sendo geralmente macia e uniformemente mineralizada com margens bem definidas. O osso sub-condral pode se tornar fino, espessado, denso ou irregular. PET IMAGEM – Diagnósticos Veterinários www.petimagem.com Boletim Informativo 5 e 6 -2010 Diferença na densidade intra ou peri-articular pode ser vista devido a fraturas por avulsão, calcificação da cápsula ou do tendão, ou calcificação de fragmentos articulares livres. As avaliações radiográficas seriadas irão evidenciar as alterações progressivas ao longo do tempo. A artrografia é uma técnica que pode ser usada para detectar a presença de corpos livres no espaço articular, sendo normalmente usada na articulação escápulo-umeral. Articulações coxofemorais 2. Articulação úmero-rádio-ulnar Ressonância magnética: possibilita imagens em múltiplos planos, com ótimo contraste entre tecidos moles e cartilaginosos, podendo revelar alterações aguda ou crônicas da cartilagem e do osso sub-condral, como por exemplo, fraturas condrais e cistos sub-condrais. 3. Artroscopia: é um método cirúrgico que oferece uma avaliação minuciosa, onde fibrilações e ulcerações da cartilagem, ruptura de ligamentos, fragmentação dos meniscos e formação de osteófitos pode ser rapidamente detectados. As alterações de membrana sinovial como espessamento, hiperemia e formação de vilosidades anormais também podem ser detectadas. 4. Avaliação do líquido sinovial: o maior valor deste exame consiste em determinar se a causa da lesão é inflamatória ou não, pois nestas condições o líquido sinovial estará alterado, os açucares estarão diminuídos, as populações de células estarão aumentadas e as proporções entre os tipos celulares estarão alteradas. Terapêutica Baseado na medicina humana os tratamentos são classificados em dois grupos: 1. Drogas que modificam os sintomas, as quais agem sobre os sintomas sem nenhum efeito detectável sobre as mudanças estruturais da doença; 2. Drogas que modificam a estrutura, as quais interferem com a progressão das mudanças patológicas, e as drogas podem ser classificadas como: a. drogas que modificam a estrutura, que também aliviam os sintomas da AO, b. drogas que modificam a estrutura, que não tem efeito sobre os sintomas. Até algum tempo nenhum tratamento era capaz de parar, retardar ou reverter a destruição da cartilagem articular, em vez disto, o manejo efetivo predominantemente focalizava sobre a dor, melhora funcional e manutenção da qualidade de vida. O manejo farmacológico está baseado normalmente no uso de drogas antiinflamatórias não esteroidais (AINEs) e analgésicos. Embora este PET IMAGEM – Diagnósticos Veterinários www.petimagem.com Boletim Informativo 5 e 6 -2010 manejo seja eficaz como tratamento sintomático não mostra modificar positivamente a progressão da degeneração. Há algumas evidências sugerindo que algumas AINEs são deletérias para a cartilagem e podem promover seu colapso. Portando o interesse em agentes farmacológicos capazes de modificar positivamente o processo de doença é elevado e as drogas capazes de prevenir ou retardar o progresso do colapso da cartilagem articular estão recebendo maior atenção. Glicosamina: serve como substrato para a biosíntese do sulfato de condroitina, ácido hialurônico, e outras macromoléculas localizadas na matriz da cartilagem articular. Pela sua conformação eles comportam muita água, o que permite a eles a atuação no suporte dos componentes celulares e fibrosos do tecido. Sulfato de condroitina: aparentemente tem efeitos antiinflamatórios e reguladores dos condrócitos, sinoviócitos e leucócitos. Em alguns estudos tem demonstrado abaixar a produção da interleucina-1, bloquear a ativação do sistema complemento, e inibir as metaloproteases, sendo assim retardando a degradação da cartilagem e outros tecidos das articulações. Ácido hialurônico: encontrado em muitos tecidos extracelulares, incluindo a fluido sinovial, humor aquoso, a matriz extracelular da pele e cartilagem. O hialuronato de sódio exógeno estimula a síntese de um novo ácido hialurônico, inibe a liberação de ácido araquidônico, e inibe a síntese de prostaglandina E2 induzida por interleucina-1. O hialuronato de sódio influencia a aderência, proliferação, migração e fagocitose dos leucócitos. Glicosaminoglicanos polissulfatados: reduzem a produção de metaloproteases e aumentam a produção de ácido hialurônico e glicosaminoglicanos. Além disso, melhoram o alcance do movimento do joelho, o uso clínico do membro e a saúde da sinovia em cães que se recuperam de transecção do ligamento cruzado cranial e cirurgia de estabilização da articulação femoro-tibiopatelar. Pentosana polissulfatada: é um composto semi-sintético à base de polissacarídeo polissulfatado que limita a evolução do processo degenerativo da matriz cartilaginosa e estimula a síntese de proteoglicanos pelos condrócitos e de hialuronato de sódio pelas células da membrana sinovial. Tem ainda capacidade anticoagulante e fibrinolítica sendo responsável por melhorar a circulação da membrana sinovial e osso sub-condral. Diacereína: a reina é um metabólito ativo da diacereína, que pode reduzir o edema induzido e possui propriedades antipiréticas e antinociceptivas. Ela tem habilidade de estimular a síntese de prostaglandinas, além de inibir os efeitos da interleucina-1 sobre os condrócitos. Ela está classificada como uma droga antiartrósica sintomática de ação lenta (AASAL), já que seus efeitos benéficos tornam-se aparentes entre 2 a 4 semanas após o início do tratamento. O alívio sintomático que ela fornece persiste por diversos meses após suspensa a administração (efeito residual). Ela tem propriedades antiosteoartrósicas e estimuladoras da cartilagem, resultando em um retardamento do processo da doença. PET IMAGEM – Diagnósticos Veterinários www.petimagem.com Boletim Informativo 5 e 6 -2010 Tratamentos adjuvantes 1. Controle do peso: práticas alimentares adequadas e dietas corretamente balanceadas podem ajudar a reduzir a incidência e desenvolvimento da osteoartrose. Mas, além disto, o mais importante é associar um programa de exercícios para assegurar um emagrecimento constante e a manutenção do peso ideal. De uma forma subjetiva os animais com OA melhoram o quadro clínico após a perda de peso. 2. Fisioterapia: atividade física melhora a força e resistência muscular e coordenação, também proporciona uma carga freqüente na cartilagem articular, o que aumenta o metabolismo da cartilagem e síntese dos proteoglicanos. O ultra-som terapêutico é um método útil para a aplicação de calor nos animais, e tem sido utilizado em tratamentos de luxações, OA, artrite reumática, bursite, tendinite entre outras, sendo capaz de aquecer os tecidos entre 40 a 45ºC na profundidade de 5 cm, sem elevar consideravelmente a temperatura dos tecidos superficiais. 3. Natação e hidroterapia: permitem às articulações realizarem movimentos de longo alcance enquanto que o peso do animal é minimizado por estar flutuando na água. O ideal é começar gradativamente aumentando a duração das sessões conforme o paciente for ganhando resistência. PET IMAGEM – Diagnósticos Veterinários www.petimagem.com Boletim Informativo 5 e 6 -2010 4. Acupuntura: prática que também utiliza estímulos físicos (agulha, laser) e químicos (acuinjeção) em áreas definidas na pele para terapêutica de doenças funcionais reversíveis, assim como para melhora do estado clinico geral em determinadas doenças sérias. Permite o controle da dor sem a utilização de medicações regulares, aliviando a principal queixa de nossos pacientes. O ideal é manter as sessões conforme o paciente se mantenha estável, podendo até espassá-las. O paciente osteoartrósico deve ser avaliado criteriosamente, desde suas condições físicas, até a gravidade da lesão encontrada, e em função do caráter progressivo da doença e de tratamentos clínicos ineficazes. Com isso devemos analisar a possibilidade da associação de medicamentos condroprotetores, exercícios físicos, fisioterapia e até acupuntura que irão otimizar a qualidade de vida do animal. O importante é estabilizar o quadro do paciente e aos poucos recuperá-lo, mas devese cogitar a possibilidade da não recuperação total, já que se trata de uma doença crônica, ressaltando que a finalidade do tratamento é a melhora da qualidade de vida dos pacientes. PET IMAGEM – Diagnósticos Veterinários www.petimagem.com