Qualidade CMA - Protocolos Protocolo 0035 Elaborado em 29/09/2010 Revisado em 25/04/2013 Validade 2 anos Acidente com material biológico Objetivo Padronização das ações realizadas pelos setores envolvidos no registro, análise e cuidados prestados ao colaborador e prestadores de serviço (médicos e terceiros), vítimas de acidente de trabalho com exposição a sangue ou outros materiais biológicos. Plano de ação: realizar treinamento sobre os riscos de acidentes com material biológico e sobre a importância de notificação Conceitos São considerados materiais biológicos: Secreções e fluídos corpóreos que podem trazer risco de transmissão do vírus HIV, hepatite B (HBV) e hepatite C (HCV). Materiais biológicos e risco de transmissão do HIV: Estudos realizados estimam, em média, que o risco de transmissão do HIV é de 0,3% em acidentes percutâneos e de 0,09 % após exposições em mucosas. O risco após exposições envolvendo pele não íntegra não é precisamente quantificado, estimando-se que ele seja inferior ao risco das exposições em mucosas. Sangue, outros materiais contendo sangue, sêmen e secreções vaginais são considerados materiais biológicos envolvidos na transmissão do HIV. Apesar do sêmen e das secreções vaginais estarem frequentemente relacionados à transmissão sexual desses vírus, esses materiais não estarão envolvidos habitualmente nas situações de risco ocupacional para profissionais de saúde. Líquidos de serosas (peritoneal, pleural, pericárdico), líquido amniótico, líquor e líquido articular são fluidos e secreções corporais potencialmente infectantes. Não existem, no entanto, estudos epidemiológicos que permitam quantificar os riscos associados a estes materiais biológicos. Estas exposições devem ser avaliadas de forma individual, já que, em geral, estes materiais são considerados como de baixo risco para transmissão viral ocupacional. Suor, lágrima, fezes, urina, vômitos, secreções nasais e saliva (exceto em ambientes odontológicos) são líquidos biológicos sem risco de transmissão ocupacional. Nestes casos, as profilaxias e o acompanhamento clínico-laboratorial não são necessários. A presença de sangue nestes líquidos torna-os materiais infectantes. Protocolos e Política de Qualidade CMA Página 1 Qualidade CMA - Protocolos Qualquer contato sem barreira de proteção com material concentrado de vírus (laboratórios de pesquisa, com cultura de vírus e vírus em grandes quantidades) deve ser considerado uma exposição ocupacional que requer avaliação e acompanhamento. Material biológico e risco de transmissão da Hepatite B: Protocolos e Política de Qualidade CMA Página 2 Qualidade CMA - Protocolos Em exposições percutâneas envolvendo sangue sabidamente infectado pelo HBV e com a presença de HBeAg (o que reflete uma alta taxa de replicação viral e, portanto, uma maior quantidade de vírus circulante), o risco de hepatite clínica varia entre 22 a 31% e o da evidência sorológica de infecção de 37 a 62%. Quando o paciente-fonte apresenta somente a presença de HBsAg (HBeAg negativo), o risco de hepatite clínica varia de 1 a 6% e o de soro conversão 23 a 37%. O sangue é o material biológico que tem os maiores títulos de HBV e é o principal responsável pela transmissão do vírus nos serviços de saúde. O HBV também é encontrado em vários outros materiais biológicos, incluindo leite materno, líquido biliar, líquor, fezes, secreções nasofaríngeas, saliva, suor e líquido articular. A maior parte desses materiais biológicos não é um bom veiculo para a transmissão do HBV. Material biológico e risco de transmissão da Hepatite C: A incidência média de soro conversão, após exposição percutânea com sangue sabidamente infectado pelo HCV é de 1.8% (variando de 0 a 7%). O vírus da hepatite C (HCV) só é transmitido de forma eficiente através do sangue. Um estudo demonstrou que os casos de contaminações só ocorreram em acidentes envolvendo agulhas com lúmen. O risco de transmissão em exposições a outros materiais biológicos que não o sangue não é quantificado, mas considera-se que seja muito baixo. A transmissão do HCV a partir de exposições em mucosas é extremamente rara. Nenhum caso de contaminação envolvendo pele não íntegra foi publicado na literatura. Tipos de exposições: Percutânea – lesão provocada por instrumentos perfurantes e cortantes (agulhas, bisturis…). Mucosa – contaminação através das mucosas (olhos, nariz, boca). Cutânea – (pele não íntegra) contato com pele apresentando dermatites ou feridas abertas. Mordedura humana – consideradas como exposição de risco quando envolverem a presença de sangue, devendo ser avaliada tanto para o Protocolos e Política de Qualidade CMA Página 3 Qualidade CMA - Protocolos indivíduo que provocou a lesão quanto aquele que tenha sido exposto. Finalidade Assistencial: Garantir a qualidade na assistência ao colaborador e /ou prestador de serviço (médicos e funcionários CMA) vítima de acidente do trabalho com material biológico, gerenciar e controlar os exames para garantir o acompanhamento sorológico do colaborador, caso necessário. Operacional: Registrar através de mecanismos internos (RIO – Relatório de Investigação de Ocorrência) e externos (CAT - Comunicação de Acidente de Trabalho e ficha de investigação e notificação do Sistema de Informação de Agravos de Notificação - SINAN) a ocorrência garantindo a investigação e análise da causa para realização de ações corretivas e educativas para minimização dos riscos de acidente e diminuição da incidência, assim como assegurar o registro e acompanhamento dos casos a fim de registrar a conclusão sorológica após a janela imunológica. Executantes Setor Acidentado Chefia do Acidentado Medicina do Trabalho Médico do Trabalho Enfermeiro do Trabalho Técnico/Auxiliar de Enfermagem do Trabalho Auxiliar Administrativo Laboratório Auxiliar de Coleta do laboratório Descrição Colaborador 1) Realizar os primeiros cuidados: a) Acidente com material biológico em contato com mucosa (boca, nariz e olhos): lavar com água corrente em abundância e solução salina fisiológica (soro fisiológico), não usar sabão ou detergente para não agredir o local. b) Acidente com material biológico em contato com pele íntegra ou lesada: lavar o local com agua corrente e sabão. Não é aconselhável utilizar álcool a 70%, éter ou qualquer outra substância que venha a agredir o tecido. Não espremer o local da lesão. Protocolos e Política de Qualidade CMA Página 4 Qualidade CMA - Protocolos 2) Comunicar o acidente de trabalho a chefia assim que ocorrer, independente de sua gravidade; 3) Dirigir-se a medicina do trabalho para avaliação e conduta e notificação para coordenação CMA; 4) Coletar sorologia; 5) Dirigir-se a segurança do trabalho para análise do acidente; 6) Retirar medicação profilática na farmácia central caso seja prescrito; 7)Caso necessário retornar para manutenção da sorologia, comparecer na Medicina do Trabalho nas datas agendadas para realização dos exames. Chefia Imediata Setores Administrativos e Operacionais CMA Protocolos e Política de Qualidade CMA Página 5 Qualidade CMA - Protocolos 1) Entrar em contato com o enfermeiro responsável do setor que houve a ocorrência para analisar se há paciente fonte. 2) Notificar a ocorrência através de e-mail para a Medicina do Trabalho e Segurança do Trabalho, assim que tomar ciência, com as seguintes informações: Nome do colaborador; Data, Local e hora da ocorrência; Descrição da ocorrência; Nome do Paciente Fonte (se houver); Nome e telefone de testemunhas (se houver). Setores Assistenciais 1) Entrar em contato com o enfermeiro responsável do setor que houve a ocorrência para analisar se há paciente fonte; 2) Notificar a ocorrência através de e-mail para a Medicina do Trabalho e Segurança do Trabalho, assim que tomar ciência, com as seguintes informações: Nome do colaborador; Data, Local e hora da ocorrência; Descrição da ocorrência; Nome e informações do Paciente Fonte (se houver); Nome e telefone de testemunhas (se houver). 3) Analisar a ocorrência, identificar o paciente fonte (de onde provém o material biológico) e seu médico; 4) Solicitar autorização ao paciente fonte para coleta sorológica informando-o o porquê da coleta e que os custos dos exames serão da medicina do trabalho. Caso o paciente fonte não tenha condições de autorizar, entrar em contato com o médico assistente solicitando a autorização. Quando a fonte for puérpera ou recém-nascido serão consideradas as sorologias solicitadas durante o pré-natal; 5) Preencher formulário de solicitação de exame com a assinatura do médico do trabalho, coordenador CMA ou plantonista; 6) Solicitar a coleta ou retirada dos frascos (caso a ocorrência se dê nos Centros Operatórios) para o Laboratório; 7) Encaminhar o colaborador e/ou prestador de serviço para Medicina do Trabalho do Hospital São Luiz para avaliação e conduta; 8) Após receber e-mail com Relatório de Investigação e Análise da Ocorrência, emitido pela segurança: Elaborar plano de ação junto com gerência e ações preventivas e educativas junto aos colaboradores para minimizar o risco de novos acidentes; Protocolos e Política de Qualidade CMA Página 6 Qualidade CMA - Protocolos 9) Responder e-mail para Segurança do Trabalho (prazo máximo de 05 dias úteis) informado as ações corretivas relacionadas à ocorrência. * Não havendo expediente na Medicina do Trabalho (período noturno, final de semana ou feriado), encaminhar o colaborador para o atendimento no Pronto Socorro, orientando seu comparecimento à Medicina do Trabalho no primeiro dia útil. 8) Avaliar exames do paciente fonte e do acidentado verificando a necessidade de profilaxia conforme protocolo abaixo e o orientando sobre os efeitos colaterais (a medicação deve ser administrada até 72 horas do acidente, pois após esse período não há mais efetividade, dando preferência nas primeiras 2 horas). 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