COBRE Saúde, Meio Ambiente e Novas Tecnologias COBRE Saúde, Meio Ambiente e Novas Tecnologias Copper Connects Life. ™ ÍNDICE Conteúdo Página Introdução 5 Capítulo 1: o cobre e nossa saúde 7 • • • • • • • O cobre: um elemento essencial para a vida O metabolismo do cobre De onde obtemos o cobre que necessitamos para viver? Quando a falta de cobre pode ser considerada um problema de saúde? Qual a quantidade ideal de cobre? Exames de laboratório para medir o cobre em nosso organismo O cobre na medicina 9 11 13 17 21 25 27 Capítulo 2: Propriedades antimicrobianas do cobre 31 • • • • • Atividade antimicrobiana do cobre Cobre e micro-organismos: por que o cobre tem propriedades antimicrobianas? Bactérias e biopelículas: um sério problema de saúde (biofilmes) Cobre: potencial conservante de alimentos O cobre e suas excelentes propriedades antivirais - Efeitos antivirais do cobre sobre o vírus da imunodeficiência humana (HIV) - Atividade antiviral do cobre sobre o vírus da influenza aviária - Novos usos do cobre no vestuário e na indústria têxtil - O cobre é um potente agente fungicida, algicida e herbicida • O cobre é aprovado como um potente agente antimicrobiano - O papel do cobre no controle das infecções hospitalares • Cobre: elemento-chave na descontaminação da indústria de alimentos • Estudo multicêntrico sobre o efeito de ligas de cobre no combate às infecções hospitalares 33 37 39 41 43 43 43 44 46 47 48 51 55 Capítulo 3: O cobre e o meio ambiente 57 • • • • • 59 61 65 67 75 O cobre no ambiente O contexto do cobre do mundo Ciclo de vida do cobre Usos, aplicações e reciclagem do cobre Regulamentação para a saúde e o meio ambiente Capítulo 4: A Tecnologia nas novas aplicações de cobre • • • • • • • • Introdução Prioridades do Guia de Inovação Inovação na indústria do cobre Propriedades fundamentais do cobre O cobre e a sociedade O cobre hoje em dia Tendências e desafios que influenciam o uso do cobre Implementação do Guia de Inovação Tecnológica Instituições e contatos 89 91 95 113 115 117 119 121 123 126 3 Copper Connects Life. ™ Introdução Na década de 90 surgem os primeiros requerimentos reguladores exigindo que o mundo do cobre forneça informações sobre os efeitos do metal na saúde do ser humano. Isto resultou em uma série de estudos científicos que comprovaram seus benefícios à saúde e ao meio ambiente, o que até então somente se conhecia por meio de informações transmitidas desde tempos remotos. Após quinze anos de pesquisas, podemos mostrar estes resultados em uma linguagem simples e de fácil compreensão. Os temas apresentados neste texto reúnem tudo o que se refere às propriedades benéficas do cobre em relação à saúde, ao meio ambiente e ao seu desenvolvimento tecnológico. Um capítulo especial é dedicado às suas propriedades antimicrobianas, pelo fato de ser o único metal que tem esta qualidade cientificamente comprovada, o que destaca a vulnerabilidade mundial diante do perigo de transmissão de doenças, possíveis de serem prevenidas com o uso do cobre em locais públicos, centros de saúde e indústrias alimentícias. A edição deste livro é direcionada à indústria do cobre, para que sua aplicação seja difundida entre os consumidores, mostrando que o uso desta matéria-prima gera benefícios. O cobre está presente em todas as atividades humanas e é um fator primordial na qualidade de vida e no progresso da humanidade, como demonstra o material aqui apresentado. 5 Copper Connects Life. ™ O Cobre e nossa saúde Magdalena Araya • Manuel Olivares Grohnert • Fernando Pizarro Algumas destas proteínas denominadas “enzimas” têm a função de permitir que se realizem os processos citados. No quadro há alguns exemplos das principais enzimas e suas funções. Para entender em que consiste a importância do cobre foram feitos testes com ovos de peixes-zebra encubados, acompanhando o seu desenvolvimento. Foram observadas as seguintes etapas: O Cobre, um elemento essencial para a vida - Quando não há cobre suficiente: os peixes não se desenvolvem e morrem. - Quando há cobre, mas não o suficiente: o desenvolvimento tem início, mas eles morrem em poucos dias. - Quando há quantidades maiores de cobre: eles se desenvolvem até a formação do sistema nervoso, que representa um dos primeiros sistemas que aparecem durante o amadurecimento do peixe. - Somente quando há cobre suficiente para atender a todas suas necessidades, o sistema nervoso que havia se formado e que era transparente adquire cor, o que significa o completo desenvolvimento do peixe. - O cobre é um mineral essencial para as funções desempenhadas em nosso organismo. Ilustração da importância do cobre Assim como outros minerais, o cobre pode ser produzido pelos organismos vivos. Como é necessário para manter as funções vitais, ele é chamado de “essencial”. Por isso o homem deve absorvê-lo da natureza por meio da ingestão de determinados alimentos e da água. Concentração de cobre 0 Por que o cobre é essencial? É essencial porque faz parte de algumas proteínas necessárias para processos indispensáveis para que o organismo se mantenha vivo, desde a concepção e por toda a vida. Principais enzimas que necessitam do cobre 0 1 2 3 4 Enzima Função Superoxido-dismutase Estresse oxidativo Lisil-oxidasa Metabolismo do colágeno da elastina Ceruloplasmina Metabolismo do ferro Dopamina-monooxigenada Produção de catecolaminas, hormônios e neurotransmissores = morte = desenvolvimento primitivo Tirosinasa Síntese de melanina (coloração da pele e pelos) = ovo = desenvolvimento do sistema nervoso transparente 5 0 1 2 3 4 5 6 Tempo (dias) 9 = desenvolvimento do sistema nervoso colorido, que indica o crescimento normal Copper Connects Life. ™ No homem, as enzimas dependentes de cobre são vitais durante o desenvolvimento embrionário e cerebral: participam ativamente estimulando o crescimento das crianças e os mecanismos imunológicos de defesa, contribuem na prevenção da anemia e da fragilidade óssea, ajudam a melhorar a qualidade dos tecidos e da pele e estão ativamente presentes na formação de alguns hormônios e neurotransmissores. A percepção da importância do cobre se dá de forma intensa com a morte ou em menor grau com o surgimento de doenças. No dia a dia percebe-se esta importância é notada ao se analisar que uma dieta pobre em cobre ocasionará uma diminuição das funções essenciais à vida. Estes aspectos serão revistos com mais detalhes na seção sobre deficiência do cobre. O cobre é indispensável à vida, por isso o organismo busca na natureza a sua forma de absorção. Referências: - International Programme on Chemical Safety (IPCS). Copper. Environmental Health Criteria 200. Geneva: World Health Organization, 1998. Linder MC, Hazegh-Azam M. Copper biochemistry and molecular biology. Am J Clin Nutr. 1996; 63:797S-811S Mertz W. The essential trace elements. Science. 1981 Sep 18;213(4514):1332-8. Olivares M, Uauy R. Copper as an essential element. Am J Clin Nutr. 1996;63:791S–6S. Ralph A, McArdle H. Copper Metabolism and copper requirements in the pregnant mother, her fetus, and children. New York: Internatinal Copper Association, 2001 Uauy R, Olivares M, Gonzalez M. Essentiality of copper in humans Am J Clin Nutr. 1998;67:952S-9S WHO/FAO/IAEA. Trace elements in human nutrition and health. Geneva: World Health Organization, 1996 10 O cobre que sai do fígado para os tecidos nunca está livre, vai sempre unido a uma proteína muito importante no seu metabolismo, chamada “ceruplasmina”. O cobre não utilizado é eliminado pela bílis, devolvido ao intestino e eliminado nas fezes. Como é muito importante no funcionamento do organismo, cada passo ou atividade em que está envolvido é altamente controlada. Por exemplo, quando seu nível na dieta é baixo, a absorção aumenta e a eliminação pela bílis diminui. O Metabolismo do Cobre A absorção minimiza e a excreção aumenta quando os níveis são maiores que os necessários. Este processo de controlar as quantidades de cobre no organismo, garantindo que esteja onde for necessário sem que haja carências ou excessos, chama-se homeostasis e é fundamental para o bom manejo do cobre e para a saúde do indivíduo. A figura ilustra o metabolismo do cobre. Metabolismo do cobre Dieta de cobre 2,5 mg/dia Ceruloplasmina 95% Transcupreína Albúmina 5% Aminoácidos - A entrada e a saída do cobre no organismo são fortemente controladas. Excreção por suor 0,001 mg/dia Excreção por urina 0,1 mg/dia Para que o organismo possa assimilar o cobre obtido por meio dos alimentos e da água são necessários alguns passos que modificam os materiais que o contém e o transporta. Primeiro ele é digerido no estômago e no intestino, que representam um intermediário entre o meio ambiente e o interior do organismo. Depois entra no organismo para ser utilizado nas funções mencionadas. Absorção 12 – 60% Proteínas de cobre Tisular Superoxidismutasa Tirosinasa Citocromo C oxidasa Lisiloxidasa Vamos revisar alguns detalhes que são interessantes. O estômago possui um ambiente ácido que favorece a liberação do cobre existente na água e nos alimentos. O processo de absorção ocorre principalmente no intestino delgado e para isso é necessário que este esteja sadio. Excreção por fezes 2,4 mg/dia Frequentemente perguntamos se a saúde dos trabalhadores de minas de cobre e fundições está em risco devido à possível absorção do metal pelas vias respiratórias e pela pele. Os fatos mostram que a absorção de cobre desta maneira é quase nula. A quantidade de cobre absorvida depende em parte da quantidade total contida na dieta e dos componentes que o acompanham. Há substâncias que favorecem a sua absorção (como as carnes) e outras que a diminuem (como o leite, alguns açúcares e outros minerais como o zinco). O cobre é metálico nestes locais de trabalho e não absorvível pelas vias respiratórias e pela pele. O risco que estas pessoas correm depende de fatores como os outros elementos contidos nas partículas do ar e o tamanho de tais partículas. Quando o cobre é absorvido no intestino, ele é levado ao fígado, onde é armazenado e distribuído (de maneira muito controlada) aos diferentes sistemas que dele necessitam. 11 Copper Connects Life. ™ A ação do cobre no organismo é altamente controlada, minimizando os riscos de deficiência e excesso. Referências: - Linder MC, Hazegh-Azam M. Copper biochemistry and molecular biology. Am J Clin Nutr. 1996; 63:797S-811S - Lonnerdal B. Bioavailability of copper. Am J Clin Nutr. 1996; 63: 821S-9S - Lonnerdal B. Intestinal regulation of copper homeostasis: a developmental perspective. Am J Clin Nutr. 2008; 88: 846S-50S - National Academy of Sciences. Institute of Medicine. Food and Nutrition Board. Dietary reference intakes for vitamin A, vitamin K, arsenic, boron, chromium, copper, iodine, iron, manganese, molybdenum, nickel, silicon, vanadium, and zinc. Wahington DC: National Academy of Sciences, 2001. - Ralph A, McArdle H. Copper Metabolism and copper requirements in the pregnant mother, her fetus, and children. New York: Internatinal Copper Association, 2001 - Turnlund JR. Human whole-body copper metabolism. 12 Na indústria alimentícia são utilizados recipientes de cobre para a preparação de queijos, bebidas alcoólicas (uísque, aguardente) e amendoim açucarado. Para prevenir a deficiência de minerais, alguns alimentos também são enriquecidos com estas substâncias. Em alguns casos o cobre é adicionado, especialmente nos leites para os bebês e em cereais para o café da manhã. No Chile, por exemplo, o leite que as crianças menores de 18 meses de idade recebem gratuitamente é enriquecido com ferro, zinco e cobre. De onde obtemos o Cobre que necessitamos para viver? Entre os alimentos ricos em cobre encontram-se os mariscos, os miúdos, os ovos, algumas sementes, os legumes, os cereais integrais, os cogumelos, as frutas secas, a batata e o chocolate (uma vez que o cacau possui um alto conteúdo deste mineral). Todos os tipos de carnes, apesar de um menor teor de cobre que os alimentos anteriores, são uma boa fonte deste mineral. As frutas, as verduras e os derivados do leite são alimentos pobres em cobre. Quais são os alimentos com maior teor de cobre? - As fontes naturais das quais retiramos o cobre são os alimentos e a água. - Situação da nutrição em diversos países. O cobre nos alimentos O nosso organismo não tem capacidade de produzir cobre, de modo que somente o obtemos por meio da alimentação. A maior parte do que necessitamos deste metal é proporcionada pelos alimentos e a diferença é complementada pela água e pelo consumo de suplementos minerais (o que ocorre mais frequentemente nos países desenvolvidos). Frutos do mar Vísceras Legumes • Camarão • Marisco • Mexilhão • Ostra • Outros moluscos • Fígado • Rins • Feijão • Grão-de-bico • Lentilha • Soja Fungos • Cogumelos em geral O nível de cobre dos alimentos varia conforme o seu tipo e sua forma de processamento. Nos vegetais e nos animais há variações do nível de cobre de acordo com a espécie e as condições em que crescem e se desenvolvem. Nos vegetais há a influência das condições do solo e do tipo de fertilizante utilizado, enquanto que nos animais o nível deste mineral depende, em parte, da sua alimentação. Sementes Outros • Amêndoa • Amendoim • Girassol • Nozes • Batata • Cereais integrais • Chocolate • Frutas secas • Ovo O cobre é um micronutriente necessário ao organismo para que haja uma boa saúde. Com relação aos efeitos do processamento dos alimentos cabe destacar que estes procedimentos modificam seu nível de cobre. Os cereais processados têm menor quantidade de cobre que os integrais. Do mesmo modo, os alimentos ácidos cozidos ou armazenados em recipientes de cobre têm o nível deste mineral aumentado. 13 Copper Connects Life. ™ O quadro apresenta os níveis de cobre dos alimentos de maior consumo: Em um estudo realizado entre 1997 e 1998 em Santiago (Chile) ficou comprovado que os cereais e as leguminosas eram os alimentos que mais levavam ao consumo de cobre (tabela 1). A baixa porcentagem em relação aos frutos do mar e aos peixes se explica pelo reduzido consumo destes produtos no país. Teor de cobre (mg por 100g) de alguns alimentos Vegetais folhosos Acelga Aipo Alface Espinafre Legumes Ervilha em conseva Feijão Feijão preto Feijão verde Lentilha Tubérculos Batata descascada Batata frita Cebola Cenoura Cereais Arroz Biscoito de chocolate Biscoito de soda Farinha de trigo Pão de forma branco Pão de forma integral Pão francês Talharim Peixes Atum em conserva Cavala em conserva Merluza Moreia negra Frutos do mar Camarão Mexilhão Molusco Ostra Vôngole Carnes Carne assada Carne moída Chuleta bovina Chuleta de porco Hambúrguer Linguiça Lombo de porco Mortadela Ossobuco Presunto Rosbife Salsicha Cereais matinais Aveia Cereais com chocolate Cereais sem chocolate Bebidas alcóolicas Cerveja Vinho tinto 0,09 0,02 0,06 0,16 0,26 0,31 0,86 0,07 0,79 0,11 0,19 0,04 0,05 0,10 0,07 0,11 0,21 0,08 0,16 0,25 0,26 0,00 0,07 0,03 0,02 0,44 0,11 0,14 1,13 0,17 0,06 0,10 0,25 0,09 0,04 0,10 0,09 0,11 0,10 0,17 0,09 0,13 0,34 0,62 0,03 Outros vegetais Abacate Abóbora Cogumelos Milho verde Pimentão Tomate Frutas Banana prata Laranja Maçã Melão Pêra Pêssego Pêssego em conserva Uva Uva passa 0,32 0,08 0,24 0,05 0,02 0,04 Tabela 1. Diferentes grupos de alimentos no consumo de cobre entre a população adulta de Santiago (Chile). Grupo de alimentos Contribuição (%) Grupo de alimentos Contribuição (%) Frutas Vegetais Cereais e legumes Leite e derivados Ovos 0,10 0,05 0,02 0,01 0,08 0,08 0,02 0,05 0,35 Sementes Amêndoa Amendoim Nozes Lacticínios Iogurte batido Leite com chocolate Leite condensado Leite instantâneo Leite longa vida Leite em pó fortificado Queijo amarelo Queijo fresco Queijo gouda 0,00 0,06 0,06 0,11 0,01 0,41 0,01 0,02 0,01 Aves Coxa de frango Ovo Peito de frango Peito de peru 0,09 0,74 0,10 0,04 Outras bebidas Água mineral Coca Cola 0,01 0,02 16,8 0,9 0,2 9,2 Dados obtidos de Olivares e colaboradores Quando se analisa a presença de cobre na alimentação, é necessario considerar não só seu conteúdo nos alimentos como também a quantidade que é absorvida de cada um deles. Nos alimentos de origem animal o cobre é muito melhor absorvido que nos de origem vegetal. O mesmo acontece com o leite materno em comparação ao leite de vaca. A mistura de alimentos com cobre que uma pessoa come determina se ele será mais ou menos absorvido pelo organismo, o que chamamos de “biodisponibilidade”. O cobre na água potável O cobre é um elemento encontrado naturalmente nas rochas e no solo, por isso está presente nas águas superficiais e subterrâneas. Ao ser transportada por canos de cobre, a água pode ter este mineral aumentado pela liberação dos próprios canos, principalmente em algumas condições, como nos casos de águas ácidas ou potáveis (que permanecem no cano durante a noite, por exemplo) e com aumento da temperatura. Sobremesas à base de leite 0,00 Manjar Pudim de baunilha/caramelo 0,09 0,25 Pudim de chocolate 0,09 Sorvete de baunilha 0,22 Sorvete de chocolate Doces Chocolate doce 0,51 0,00 Açúcar 0,01 0,00 0,01 Carnes* Peixes e frutos do mar Gorduras Outros * (bovina, suína, aves e cordeiro) 1,03 0,85 1,77 Gorduras Azeite Maionese Margarina 6,4 13,3 42,4 2,4 8,3 Se quisermos diminuir o nível de cobre da água potável, basta abrir a torneira por cerca de 30 a 60 segundos ou acionar a descarga. A liberação de cobre é maior nas tubulações novas, uma vez que o tempo promove nas mais antigas a ocorrência de uma crosta (corrosão) em seu interior, diminuindo a liberação de cobre. A água potável apresenta um teor de cobre baixo (normalmente menor que 0,1 mg por litro). Já as águas não tratadas (especialmente as de poço) podem promover uma liberação excessiva de cobre do solo. 0,01 0,03 Dados para alimentos crus e alguns processados. Obtidos de Olivares e colaboradores. 14 Tabela 3. Consumo máximo diário seguro de cobre estabelecido pelo Instituto de Medicina dos Estados Unidos da América Quando a água que bebemos tem uma concentração de cobre inferior a 0,1 mg por litro, o conteúdo de cobre dos alimentos representa 90% das necessidades do adulto. No entanto, quando a concentração está entre 1 a 3 mg por litro, esta proporção pode chegar a 50% do cobre ingerido. Em crianças menores de um ano alimentadas com leite em pó enriquecido com cobre, a água utilizada para preparar o leite leva menos de 10% do cobre consumido. Já no leite nãoenriquecido, este índice é em torno de 50%, especialmente quando o teor de cobre na água está entre 1 a 2 mg por litro. Qual é o consumo de cobre recomendado? Vários órgãos nacionais e internacionais estabeleceram recomendações de consumo diário de cobre que supram as necessidades dos diferentes grupos da população. Elas são distintas para cada uma das faixas etárias, assim como para as mulheres grávidas ou que estejam amamentando. Além disso, há variações nas demandas entre as pessoas de cada grupo. As recomendações atendem às necessidades de 97, 5% dos indivíduos. Ficou estabelecida também a quantidade máxima diária de consumo contínuo, para evitar qualquer risco à saúde. Grupo 1 – 3 anos 4 – 8 anos 9 – 13 anos 14 – 18 anos Maior de 18 anos Gestantes < 18 anos Gestantes > 18 anos Lactantes < 18 anos Limite máximo (mg/dia) 1 3 5 8 10 8 10 8 Lactantes > 18anos 10 O conteúdo máximo aceitável de cobre na água potável foi estabelecido pela Organização Mundial da Saúde e por outras instituições como a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos. A OMS estabeleceu para a água potável uma quantidade máxima de cobre de 2 mg por litro. Quantidade cobre na alimentação em diferentes países Nossos hábitos de alimentação mudaram notavelmente nas últimas décadas, em que progressivamente aumentou-se o consumo de gorduras, cereais refinados, bebidas açucaradas e reduziu-se o de outros alimentos, como os legumes. Isto levou a uma diminuição do cobre que retiramos de nossa dieta alimentar. A recomendação mais utilizada foi a determinada pelo Instituto de Medicina dos Estados Unidos no ano de 2002, apresentada nas tabelas 2 e 3. A Organização Mundial da Saúde estimou as necessidades de cobre em 12,5 mg/dia por kg de peso nos adultos e em torno de 50 mg/dia por kg de peso para os menores de um ano. Tabela 2. Consumo diário de cobre recomendado pelo Instituto de Medicina dos Estados Unidos da América. Grupo 1 – 3 anos 4 – 8 anos 9 – 13 anos 14 – 18 anos Maior de 18 anos Gestantes Lactantes Recomendação (mg/dia) 0,34 0,44 0,70 0,89 0,90 1,00 1,30 Como os dados sobre as crianças menores de um ano eram insuficientes, tomou-se como referência a quantidade de cobre contida no leite materno e os volumes habitualmente consumidos pelas crianças nessa idade, chegando-se a estimar a marca de 0,2 mg por dia como a quantidade adequada para os primeiros seis meses de vida e 0,22 mg por dia no segundo semestre da vida. Abreviaturas: miligrama (mg), Organização Mundial da Saúde (OMS), menor (<), maior (>). 15 Copper Connects Life. ™ Em 1998 a OMS analisou as dietas de diferentes regiões, descobrindo que em países desenvolvidos o consumo médio de cobre oscilava entre 0,9 e 2,2 mg por dia. Na Europa este consumo variava de 1 a 2,26 mg diários para os homens e 0,9 a 1,1 mg para as mulheres. A água potável aumenta entre 0,1 e 1 mg a quantidade diária de ingestão de cobre. Várias pesquisas recentes realizadas em países desenvolvidos e em vias de desenvolvimento mostraram consumos médios de cobre próximos aos recomendados, indicando que um número significativo dos indivíduos ingere menos cobre que o recomendado. Em um estudo realizado em Santiago (Chile), observou-se que o consumo médio dos adultos foi de 1 mg de cobre por dia, destacando que 46,3% dos homens e 66,1% das mulheres recebiam menos cobre que o recomendado. Dos 849 casos avaliados na Europa e nos Estados Unidos, 30% revelaram o uso de menos de 1 mg de cobre por dia. Com base nesta análise, a OMS concluiu que há um risco maior de problemas de saúde devido à deficiência de ingestão de cobre que pelo excesso, especialmente na Europa e nas Américas. É praticamente impossível consumir mais cobre que o máximo recomendado como seguro. Isso geralmente ocorre em situações excepcionais, em que são ingeridos alimentos contaminados com cobre ou água potável não tratada que contenha uma alta concentração do mineral. Cabe ressaltar que nos países desenvolvidos se acrescenta em torno de 2 mg de cobre nas dietas, proveniente do consumo de suplementação que em geral é de amplo uso pela população. Devemos prestar atenção à quantidade de cobre que consumimos, já que os níveis contidos nos alimentos e na água nem sempre são suficientes em algumas fases da vida. Referências: - Committee on Copper in Drinking Water. Board on Environmental Studies and Toxicology. Commission of Life Sciences. National Research Council. Copper in drinking water. Washington D.C.: National Academy Press, 2000. - Georgopoulos PG, Wang SW, Georgopoulos IG, Yonone-Lioy MJ, Lioy PJ. Assessment of human exposure to copper: a case study using the NHEXAS database. J Expo Sci Environ Epidemiol. 2006;16:397-409. - International Atomic Energy Agency (IAEA). Human dietary intakes of trace elements: a global literature survey mainly for the period 1970-1991. I. Data list and sources of information. Vienna: IAEA, 1992. - International Programme on Chemical Safety (IPCS). Copper. Environmental Health Criteria 200. Geneva: World Health Organization, 1998. - National Academy of Sciences. Institute of Medicine. Food and Nutrition Board. Dietary reference intakes for vitamin A, vitamin K, arsenic, boron, chromium, copper, iodine, iron, manganese, molybdenum, nickel, silicon, vanadium, and zinc. Wahington DC: National Academy of Sciences, 2001. - Olivares M, Araya M, Uauy R. Copper homeostasis in infant nutrition: deficit and excess. J Pediatr Gastroenterol Nutr 2000;31:102-11. - Olivares M, Pizarro F, de Pablo S, Araya M, Uauy R. Iron, zinc and copper: contents in common Chilean Foods and daily intakes in Santiago, Chile. Nutrition 2004;20:205-12. - Organización Mundial de la Salud (OMS). Guías para la calidad del agua potable. Primer apéndice a la tercera edición. Vol. 1: Recomendaciones. Ginebra: Organización Mundial de la Salud, 2006. Disponible en: http://www.who.int/water_sanitation_health/dwq/gdwq3_es_fulll_lowsres.pdf - Sadhra SS, Wheatley AD, Cross HJ. Dietary exposure to copper in the European Union and its assessment for EU regulatory risk assessment. Sci Total Environ. 2007;374:223-34. - WHO/FAO/IAEA. Trace elements in human nutrition and health. Geneva: World Health Organization, 1996. 16 A deficiência de cobre pode apresentar vários níveis de gravidade, indo desde alterações leves ou moderadas (que não são aparentes) até as formas severas em que aparece uma série de manifestações clínicas que descreveremos mais adiante. A deficiência severa de cobre é a ponta do iceberg, já que é pouco frequente, enquanto as formas menos aparentes são mais abundantes. Quando a falta de Cobre pode ser considerada um problema de saúde Quando a deficiência do cobre pode ser uma doença? A deficiência do cobre pode ser de origem genética ou mais frequentemente um fenômeno adquirido. Ocorre habitualmente em indivíduos ou grupos de pessoas que seguem uma dieta com baixo nível de cobre e/ou apresenta pobre absorção do mineral. Estes fenômenos têm especial importância quando se associam a um aumento das necessidades devido à grande demanda imposta pelo crescimento (na criança) ou gravidez e também a um aumento das perdas de mineral por diarreias. O quadro mostra as diferentes causas da origem de uma carência de cobre. Causas de deficiência de cobre adquirida Reservas reduzidas ao nascer (bebês prematuros) Cota insuficiente • Dieta com baixo conteúdo de cobre • Diminuição da absorção de cobre Aumento das necessidades • Crescimento • Gravidez • Amamentação Aumento das perdas • Diarreias frequentes • Diarreias prolongadas - Causas da carência de cobre - Conseqüências da deficiência deste mineral A deficiência do cobre é o principal problema de saúde relacionado com esse mineral. Afeta com mais frequência as crianças, embora também tem sido descrita em outras faixas etárias. Recentemente há um aumento de casos entre os idosos. Pirâmide da carência do cobre Ao nascer, as crianças contam com uma grande quantidade de cobre acumulado no fígado, formando assim uma reserva para suprir suas necessidades durante os primeiros meses de vida, período em que o fornecimento deste mineral por meio da alimentação é baixo. Durante os últimos três meses da gravidez, o feto recebe da mãe a maior proporção do cobre, de modo que os bebês que nascem prematuros apresentam uma menor quantidade de cobre no fígado, e por isso esgotam esta reserva precocemente e podem desenvolver a deficiência. Manifestações clínicas Deficiência clínica Deficiência moderada Atividades Cupro-enzimas alterada Cobre e ceruloplamina no plasma diminuído Uma dieta pobre em cobre é a principal causa da deficiência deste elemento. As crianças alimentadas com leite materno correm menos risco que as que recebem o leite de vaca, uma vez que o primeiro é mais rico em cobre. Por isso há leites especificamente enriquecidos com cobre para as crianças. Deficiência leve 17 Copper Connects Life. ™ Existe uma moléstia genética rara chamada de “doença de Menkes”, em que se desenvolve uma deficiência grave de cobre devido a uma falha em sua absorção. Manifesta-se no curso dos três primeiros meses de idade e habitualmente leva à morte antes dos cinco anos. Essa doença está relacionada ao sexo (afeta os homens) e ocorre um caso a cada 250 mil nascimentos. Em algumas fases da vida uma dieta pobre em cobre é a causa mais frequente desta carência. Há condições em que o cobre não é bem absorvido. O consumo de zinco em altas doses diminui a absorção de cobre, assim como alguns outros componentes da dieta. Nos idosos, a capacidade de digerir os alimentos diminui progressivamente e os minerais não são totalmente liberados na dieta, por isso a quantidade de cobre absorvida é menor. Até hoje não existe um tratamento realmente efetivo para essa deficiência. Há uma forma menos severa, denominada corno occipital, em que os sintomas são mais leves e de avanço mais lento, permitindo que a pessoa chegue à vida adulta. Nesse caso, a radiografia do crânio mostra uma espécie de corno ósseo na parte posterior da cabeça, por isso o seu nome. Existem alguns casos em que ocorre um problema de absorção intestinal, como na doença celíaca, em que a absorção de diversos componentes dos alimentos é menor, entre eles o cobre e outros minerais. Há também períodos do ciclo vital nos quais as necessidades de cobre são elevadas. Qual a frequência da carência de cobre? A deficiência de cobre é menos comum que as de ferro e zinco e afeta predominantemente as crianças, especialmente aquelas desnutridas. Recentemente essa carência foi observada em idosos, em especial com idade superior aos 70 anos. Não há informação de qual é a sua frequência em âmbito mundial. Alguns estudos realizados na América Latina, em crianças, grávidas e idosos, indicam a existência da carência de cobre na população (tabela 1). Isso é importante porque há profissionais nos países desenvolvidos que pensam que a deficiência de cobre é tão rara que não merece atenção. A deficiência de cobre é mais frequente na infância, período em que as necessidades do mineral são elevadas pelas exigências do crescimento. Isso é particularmente importante em crianças menores de um ano, já que nessa idade a velocidade de crescimento é notavelmente acelerada. Há ainda um aumento da demanda de cobre na gravidez, pois a mãe deve prover os minerais que o feto necessita para seu desenvolvimento, e também para a mulher que está amamentando, devido a presença do cobre no leite que ela produz. Tabela 1. Frequência da carência de cobre nos estudos realizados em alguns países da América Latina. Grupo estudado A perda de cobre por consequência de diarreias prolongadas ou frequentes é uma causa comum de deficiência do mineral nos países de terceiro mundo, especialmente em crianças pequenas. As crianças desnutridas costumam apresentar várias condições que levam a esta deficiência. Cidade / País Crianças desnutridas 40 Santiago, Chile (década de 70) Crianças com desnutrição severa 91 Cochabamba, Bolivia Crianças com desnutrição moderada 64 Cochabamba, Bolivia Crianças menores de 2 anos 20 Lima, Perú 9 Lima, Perú Gestantes Em geral são bebês prematuros, que tiveram um período muito curto de amamentação materna ou que apresentaram diarreias frequentes. Normalmente recebem uma dieta baseada em leite de vaca não fortificado e alimentos predominantemente de origem vegetal, ricos em açúcares. Uma vez tratados, a necessidade de cobre volta a crescer. Os primeiros casos de deficiência de cobre severa foram observados em crianças em recuperação nutricional, nos anos 60 (no Peru) e na década de 70 (no Chile). Percentual com carência de cobre Pré-escolares e escolares 8,5 Zona suburbana da Provincia de Buenos Aires, Argentina Adultos 30 Santiago, Chile Como se manifesta a carência do cobre? Os principais sintomas da deficiência severa de cobre são anemia, diminuição dos glóbulos brancos, redução das plaquetas e alterações ósseas. Essa carência impede a absorção e a mobilização do ferro que está armazenado no nosso organismo, o que leva a uma insuficiente produção de glóbulos vermelhos e, portanto, o desenvolvimento de anemia, que pode ser curada aumentando-se a ingestão de cobre. 18 Colaboram com o desenvolvimento da anemia a destruição dos glóbulos vermelhos (já que a capacidade de proteção destas células dos efeitos dos oxidantes está afetada) e uma menor produção ou efeito do hormônio necessário para a produção dos glóbulos vermelhos (eritroproietina). A carência de cobre durante a gravidez pode produzir aborto ou malformação do feto ou lentidão do seu crescimento. Na doença de Menkes, a carência de cobre afeta as crianças desde o útero e continua depois do nascimento. Logo pode apresentar outras manifestações tais como retardo mental, convulsões, fragilidade e dilatação dos vasos sanguíneos (aneurismas), cabelo torcido e alteração da visão. Nessa carência também há menor produção de um tipo de glóbulo branco chamado neutrófilo e de plaquetas, encontrando-se uma diminuição de ambas as células no sangue. Outra manifestação de deficiência severa de cobre em crianças é a diminuição acentuada na força e densidade óssea, causando osteoporose e fragilidade e aumentando os riscos de fraturas. Nos adultos, a osteoporose ocorre por diversos fatores, sendo um deles a falta de cobre. Efeitos da carência de cobre • • • • • • • • • • • • • • As carências moderada e severa de cobre acompanham outras alterações, como exemplo o lento crescimento em crianças, a alteração da capacidade dos glóbulos brancos de se defenderem das bactérias e a diminuição da imunidade, o que leva a uma maior frequência de infecções pulmonares. Manifestações menos comuns são a diminuição da pigmentação da pele e de cabelo, as alterações no metabolismo do colesterol e da glicose, o aumento da pressão arterial e o surgimento de anormalidades no ritmo do coração (palpitações e batidas irregulares, por exemplo). • • • Verifica-se em adultos que a falta de cobre pode produzir alteração na medula espinhal, que leva a alterações da força muscular, da sensibilidade e da coordenação dos movimentos, que podem ou não ser acompanhada de anemia, o que é muito parecido ao que ocorre quando há falta da vitamina B12. Anemia Redução de glóbulos brancos Diminuição de plaquetas Osteoporose e fragilidade dos ossos Menor crescimento Diminuição das defesas Infecções pulmonares severas Menor pigmentação da pele e cabelos Elevação do colesterol Aumento da glicose no sangue Alteração do ritmo cardíaco Aumento da pressão arterial Malformação ou crescimento reduzido do feto Comprometimento da força, da coordenação muscular e da sensibilidade Dano cerebral e retardo mental (na doença de Menkes) Cabelo torcido (na doença de Menkes) Dilatação dos vasos sanguíneos (na doença de Menkes) Os principais problemas de saúde causados pela deficiência de cobre são a anemia, a diminuição de glóbulos brancos e a osteoporose. Referências: - Castillo-Durán C, Fisberg M, Valenzuela A, Egaña JI, Uauy R. Controlled trial of copper supplementation during the recovery from marasmus. Am J Clin Nutr. 1983;37:898-903. - Danks DM. Copper deficiency in humans. Ann Rev Nutr 1988;8:235-57. - FAO/WHO/IAEA. 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Am J Clin Nutr 1996;63:791S–6S 19 Copper Connects Life. ™ Para analisar quem necessita desta complementação e a quantidade, é necessário observar algumas condições: - Saber a partir de qual dose do metal começa a aumentar o número de indivíduos que apresentam efeitos colaterais e quando o cobre ingerido é muito pouco ou excessivo. - Definir os efeitos significativos mais precoces, que aparecem antes que haja algum dano. - Diferenciar os efeitos que aparecem imediatamente depois de consumido o cobre (agudos) daqueles que levam um tempo para aparecer (crônicos). - Contar com exames laboratoriais sensíveis e específicos, que permitam detectar antecipadamente tais efeitos, importantes para a saúde humana. Qual a quantidade ideal de Cobre? Revisaremos passo a passo esses temas. Modelos de avaliação de risco Existe muito interesse em identificar o uso do cobre na medicina. Como os estudos disponíveis são insuficientes, a maneira mais frequente utilizada para averiguar a quantidade de cobre que podemos ingerir é aplicando os modelos de avaliação de risco. - Estudos experimentais pesquisam a quantidade ideal de cobre para o ser humano. % população baixa deficiência Explicando-se o importante papel que o cobre exerce no organismo, é surpreendente a escassez de informações sobre os efeitos do cobre nos seres humanos. Há evidências que sugerem que alguns grupos da população se beneficiariam se complementassem sua dieta com cobre. No entanto, não está claro quem deve elevar o consumo do mineral e em que quantidade para que se obtenham os benefícios e fiquem em uma dose segura. Essa ideia nasce da nova maneira de enxergar as coisas na medicina e na nutrição. % população baixa toxicidade O modelo atualmente em uso leva em conta a zona em que atuam os mecanismos fisiológicos que permitem se adaptar e gerenciar mudanças em mais e em menos, e que anteriormente definimos como homeostase. 100 classe aceitável de ingestão oral 50 Homeostase 0 Baixa ingestão Antigamente uma pessoa que tivesse um mal-estar era consultada e só então se dava um tratamento para aliviar os sintomas e para eliminar a causa, se fosse possível. Hoje, com mais conhecimentos disponíveis, é possível ter um olhar diferente. Tenta-se reconhecer antecipadamente as pessoas propensas ao risco de sofrer uma doença antes que ela se desenvolva, de maneira a evitá-la ou desacelerá-la substancialmente. Então fica aí o interesse em saber a quantidade de cobre a ser complementado para estes indivíduos. Alta ingestão Ingestão / exposição oral total A figura mostra a relação entre as doses de cobre e seus efeitos, o que ocorre na população na medida em que se aumenta ou diminui a ingestão de cobre. No eixo vertical, aparece a proporção da população que manifesta sintomas relacionados à quantidade de cobre ingerida, enquanto no eixo horizontal aparece a ingestão de cobre, que é mínima na extrema esquerda e que aumenta até a extrema direita. 21 Copper Connects Life. ™ Quanto menor o consumo de cobre, maior é a proporção de pessoas que sofrem sua deficiência. Na teoria, todas as pessoas morreriam se não ingerissem cobre, pois o mineral é essencial para a manutenção da vida. Já no caso de uma alta ingestão, a população morreria por intoxicação. A faixa segura é aquela na qual as pessoas não manifestam deficiências ou efeitos prejudiciais pelo excesso do mineral, uma zona em que funcionam os sistemas de controle que definimos anteriormente como “homeostases”, em que o consumo é adequado para manter a saúde. Efeitos agudos O modelo é executado com dados existentes que derivam, na medida do possível, de estudos práticos. Quando não há dados em seres humanos, são usados resultados obtidos em animais e se aplica o “princípio de precaução”, que consiste em dividir a dose que provou ser segura com base nos resultados experimentais, por fatores de 2, 5, 10 ou mais, dependendo da qualidade dos dados e da relevância dos efeitos. O gráfico mostra a proporção de pessoas que apresentaram náuseas quando tomaram água com diferentes quantidades de cobre (como sulfato de cobre), administradas de forma controlada na água da torneira. Os efeitos agudos estão relacionados principalmente com o consumo de cobre por meio da água. Em estudos realizados com adultos chilenos e de outros quatro países, usando-se várias qualidades de água e distintos compostos de cobre, notou-se que quando a água continha 4 mg de cobre por litro, os indivíduos sentiam sensação de enjoo ou náusea. Quando o conteúdo era aumentado para 10 mg/litro, 30% das pessoas sentiam náusea. 100 80 Efeitos medidos experimentalmente Náuseas (%) Embora medir os efeitos do cobre mediante experimentação direta seja a melhor maneira de definir o problema, os dados disponíveis na literatura científica cobrem só alguns aspectos. Em seres humanos os estudos são limitados, pois não é possível carregar seus organismos com o cobre ou qualquer outro elemento, devendo ser feitos de forma controlada e progressiva, para estabelecer os sintomas adversos que podem aparecer. 60 40 20 0 0 Por isso, a única opção possível é estudar modelos animais. Existe muita informação proveniente de estudos com animais pequenos de laboratório (por exemplo, os ratos), mas a maneira com que essas cobaias metabolizam o cobre é muito diferente da forma realizada pelo ser humano. Em muitos casos, os dados desses estudos servem mais para fazer um jogo de cenários e estimativas de risco que para a descrição real e sistemática dos efeitos. Assim, os macacos (primatas não humanos) são considerados a melhor opção de estudo. 2 4 6 8 10 12 Cobre em água (mg/L) Com base nas pesquisas, estima-se que se a água potável apresentasse 16 mg de cobre por litro, todos os indivíduos sentiriam náusea e uma parte deles também vomitaria. Esses dados são importantes porque a água potável contém menos de 2 mg de cobre por litro em qualquer lugar no mundo, sendo assim segura para o consumo. O Chile tem um papel importante na pesquisa que busca entender os efeitos do cobre no ser humano. Boa parte dos resultados disponíveis foi obtida no país e serviu de base para que a Organização Mundial de Saúde (OMS) pudesse estabelecer os limites seguros de concentração de cobre em água potável. A capacidade de sentir o sabor do cobre O cobre tem um sabor metálico e a capacidade de percepção das pessoas é variada. Para alguns, basta que haja um pouco de cobre (1 ou 2 mg/litro de água) dissolvido em água para sentir o mau gosto causado pelo sabor metálico. Em contrapartida, outros sentem o gosto do cobre somente quando está presente em quantidades maiores (6 a 10 mg/litro). Estes estudos distinguem os efeitos por excesso de cobre segundo a exposição ao metal (ou sua ingestão), sendo aguda ou crônica. 22 Nos testes que analisam pessoas que tomam água com cobre em diferentes quantidades, observa-se que elas primeiro percebem o sabor do metal. Ao se aumentar progressivamente estas quantidades, surgem sensações de mau gosto e asco, seguidas de náusea e, em certos casos, a ocorrência de vômito. Durante seis semanas, foram administrados 3 e 6 mg de cobre ao dia. Depois 6 e 8 miligramas diários de cobre durante seis meses e finalmente 10 mg de cobre/dia por dois meses. Todos esses estudos tiveram resultados negativos e não revelaram mudança clínica nos exames de sangue que sugerem riscos para a saúde. Desta maneira, dadas as concentrações habituais de cobre na água potável, a água que habitualmente temos em casa não apresenta risco para saúde. Estes resultados indicam que a crença tradicional na qual se baseava a normativa histórica que regia o cobre, em que sua cor e sabor metálico nos protegeriam de ingeri-lo em excesso, é um erro, e abre a possibilidade de que poderíamos ingerir quantidades importantes de cobre de forma crônica, sem percebermos. Um estudo realizado em macacos conseguiu avaliar doses maiores de cobre. Em um deles, a inserção de cobre na dieta diária foi 4 a 5 vezes o limite alto seguro dos humanos, desde o nascimento até os seis meses de vida. O resultado foi negativo, sendo que os animais cresceram normalmente e tiveram o desenvolvimento esperado. Os exames de laboratório e o da análise do fígado permaneceram normais. Depois dos seis meses, a absorção de cobre no intestino diminuiu por volta de sete vezes, o que indica uma potente capacidade de controle por parte do intestino. Efeitos crônicos Os efeitos crônicos foram obtidos ao se administrar, em voluntários sãos, quantidades de cobre que estão abaixo do “limite alto seguro” durante diferentes períodos de tempo. A medição se deu de várias maneiras: por mudanças na nutrição de cobre, variação na atividade de algumas enzimas que contém cobre em sua estrutura e o necessitam para funcionar corretamente, alterações em exames de laboratório que medem a função do fígado e modificações em indicadores que medem o potencial dano por oxidantes. Em uma segunda pesquisa com animais jovens e adultos, eles receberam cerca de 50 vezes o limite alto seguro durante três anos. Não se detectaram efeitos clínicos prejudiciais nos exames de sangue ou na função do fígado. Estes resultados sugerem que o organismo dos primatas tem uma grande capacidade de adaptação, que permite gerenciar quantidades elevadas de cobre sem problemas. Também fazem referência que as pessoas que sofreram danos à saúde atribuídos ao excesso de cobre poderiam ter características genéticas que as tornam mais vulneráveis. Dados experimentais que estudam os efeitos do consumo prolongado de grandes quantidades de cobre mostram que o organismo tem potentes mecanismos de defesa que permitem evitar que o excesso de cobre cause danos à saúde. Referências: - Araya M, Bingchen Ch, Klevay LM, Strain JJ, Johnson LA, Robson P, Shi W, Nielsen F, Shu H, Olivares M, Pizarro F, Haber LT. Confirmation of an acute no-observed-adverse-effect and low-observed-adverse-effect level for copper in bottled drinking water in a multi-site international study. Regul Toxicol Pharmacol 2003; 38(3):389-399 - Araya M, Kelleher SL, Arredondo M, Sierralta W, Vial MT, Uauy R, Lonnerdal B. Effects of chronic copper exposure during early life in rhesus monkeys. Am J Clin Nutr 2005; 81(5):1065-1071 - Araya M, McGoldrick MC, Klevay L, Stain JJ, Robson P, Nielsen F, Olivares M, Pizarro F, Johnson L, Baker S, Poirier K. Determination of an acute no-observed-adverse-effect-level (NOAEL) for copper in water. 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CCS and SOD1 mRNA are reduced after copper supplementation in peripheral mononuclear cells of individuals with high serum ceruloplasmin concentration. J Nutr Biochem 2008; 19(4):269-274 - Zacarias I, Yañez CG, Araya M, Oraka C, Olivares M, Uauy R. Determination of the taste threshold of copper in water. Chem Senses 2001; 26:85-89 23 Copper Connects Life. ™ A medicina moderna possui outra visão. Não só trata os doentes que se consultam por seus males, mas também prevê os riscos de que as pessoas adoeçam, antes que ocorram danos à saúde. Trata-se então de detectar mudanças menores do metabolismo. Exames de laboratório para medir o Cobre em nosso organismo Esses casos se referem a pessoas que não possuem os fatores hereditários mencionados, mas que respondem a quantidade de metal consumido (dieta e água com pouco ou muito cobre). Nesse caso o problema é muito mais complexo e os exames laboratoriais existentes não conseguem detectar as alterações. É por isso que atualmente existe um enorme interesse na busca de novos exames. Os estudos realizados nesse sentido têm demonstrado que, no caso de deficiência, a diminuição da atividade de algumas enzimas que contêm cobre é um bom para a detecção de deficiências leves e moderadas. Já na ocorrência de excesso de cobre, até hoje não há bons resultados. Estudos recentes estão focados em medidas complexas, que buscam determinar as mudanças ocorridas em algumas células do organismo, capazes de responder às modificações no consumo de cobre. Essas atividades estão bem encaminhadas, mas ainda há muito trabalho a fazer. - Os testes sobre os efeitos do cobre são aplicados para se obter diagnósticos. Ou seja, são úteis em pessoas doentes. - Definir novos indicadores que permitam medir os primeiros e menos intensos efeitos do cobre é um dos maiores desafios. Os exames laboratoriais disponíveis são úteis para diagnosticar as doenças relacionadas ao cobre, mas buscam-se testes capazes de medir os efeitos precocemente, antes que apareça a doença. Embora isso esteja em nível avançado, ainda falta muito para se conseguir estes resultados. Os efeitos da deficiência e excesso de cobre são conhecidos porque existem duas doenças genéticas que representam esses casos extremos. A doença de Menkes, anteriormente mencionada, é o modelo clássico de grave deficiência de cobre. Já a doença de Wilson é o exemplo mais conhecido dos efeitos que o excesso de cobre produz, devido à falta de eliminação pela bílis (ver seção Metabolismo), acumulando cobre e desenvolvendo cirrose e insuficiência hepática. Ambas são de origem hereditária e os exames laboratoriais disponíveis atualmente servem para fazer seus respectivos diagnósticos. Referências: - Araya M, Koletzko B, Uauy R. Copper deficiency and excess in infancy: developing a research agenda. 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Am J Clin Nutr 2008; 88: 867S-871S 25 Copper Connects Life. ™ Os benefícios do cobre no corpo humano Cérebro: o cobre é essencial na formação do cérebro e dos sistemas nervosos. Também cumpre uma função importante na produção de neurotransmissores, os mensageiros químicos que facilitam a comunicação entre células nervosas e o movimento dos impulsos nervosos ao longo dos nervos. o figado Coração e vasos sanguíneos: transporte de proteínas na corrente sanguínea o cobre ajuda a manter a elasticidade dos cobre no duodeno vasos sanguíneos, o que permite a manutenção da pressão arterial adequada. A aorta (principal artéria que corre do coração e a maior do corpo humano) não pode funcionar completamente se sua armação elástica estiver debilitada. Como o cobre é necessário para uma correta função e tono muscular, ele desempenha um papel vital no coração. O cobre como nutriente essencial: o cobre ingerido é absorvido no estômago e no intestino delgado, indo para a corrente sanguínea. De lá é transportado por proteínas até o fígado, onde é distribuído por todo o corpo. Pele: o cobre contribui para a formação de colágeno, um tecido conjuntivo da pele. Trata-se da proteína mais abundante na pele e que é importante para Ossos: a manutenção da boa aparência (viçosa, saudável o papel do cobre na formação e sem rugas) em nosso rosto e diversas áreas de colágeno é crucial para a do corpo. formação, saúde e reparação dos ossos. O colágeno é o principal cobre fator para a rigidez, resistência mecânica e função do osso. Estudos em animais mostram que quando existe uma deficiência de glóbulos brancos cobre, há fraturas nos ossos, anormalidades no esqueleto e material estranho osteoporose. Sistema imunológico: o cobre é necessário para a manutenção de um sistema imunológico saudável, que protege o corpo de germes e doenças. Um forte contingente de soldados germicidas, que incluem glóbulos brancos (que devoram o material externo), anticorpos (moléculas de proteínas), citocinas (mensageiros químicos), linfócitos B (produzem anticorpos) e linfócitos T (células imunes), mantém o corpo saudável e livre de doenças. O cobre e a saúde do coração Existem vários fatores que aumentam o risco de se apresentar uma doença do coração (enfarte) ou um acidente cerebral. Os principais são o aumento da pressão arterial (hipertensão), elevação do colesterol LDL (o chamado mau colesterol), aumento do triglicérides e diminuição do colesterol HDL (o bom colesterol), obesidade, hábito de fumar, elevação de açúcar no sangue (diabetes mellitus) e sedentarismo (falta de atividade física). Estudos realizados em animais e em voluntários mostraram que uma dieta pobre em cobre produz um aumento do colesterol prejudicial e diminui o bom colesterol, elevando o açúcar no sangue e alterando o ritmo do coração. O Cobre na medicina O colesterol LDL se deposita nas paredes das artérias, formando placas que produzem arteriosclerose, ou seja, estreitam as artérias. Quando se rompem, favorecem a formação de coágulos, diminuindo ainda mais o fluxo do sangue, o que produz o enfarte (do coração ou cérebro). A formação destas placas é elevada na diabete. Pacientes que têm as mesmas alterações que as descritas, às vezes apresentam níveis de cobre elevados no sangue. Não se sabe se este aumento representa um fator causal destas doenças ou se é uma consequência delas, já que nas condições mencionadas existe frequentemente inflamação crônica, e o cobre no sangue aumenta durante a inflamação. O cobre do corpo se distribui de maneira distinta e aumenta sua concentração no plasma. - Doenças ocasionadas pela falta de cobre. - Benefícios da suplementação com cobre. Existem diversas doenças que estão associadas a pequenas deficiências de cobre. Nesses casos, uma estratégia útil para melhorar a saúde seria a suplementação com o mineral. Nas situações em que o papel do cobre não está comprovado, a utilidade da suplementação é questionável. É importante diferenciar corretamente essas circunstâncias. Os estudos de suplementação com cobre em pacientes com hipertensão arterial ou com alterações de colesterol e triglicérides têm dado resultados contraditórios. Os dados favoráveis só se observam quando os sujeitos têm carência de cobre. A hipertensão arterial leva a um alargamento do coração por um aumento do músculo cardíaco (cardiomiopatia hipertrófica) e a uma insuficiência cardíaca. Em ratos, tem-se notado que a suplementação com cobre diminui o tamanho do coração e reduz a insuficiência cardíaca. Em humanos ainda não há informação suficiente a respeito. O cobre e os “radicais livres” O corpo produz substâncias “oxidantes” chamadas radicais livres, que são capazes de alterar células e moléculas importantes como os genes. Esta produção é fundamental no caso de algumas doenças, como por exemplo, as inflamações. O cobre forma parte de algumas enzimas. Uma delas, o superóxido dismutase, tem um papel essencial na proteção contra os chamados radicais livres. É interessante saber ainda que o cobre em excesso é capaz de produzir radicais livres. É por isso que, em certas condições, a deficiência ou o excesso de cobre são capazes de causar danos por esse mecanismo. A carência de cobre afeta a saúde do coração, aumenta o mau colesterol e causa hipertensão. 27 Copper Connects Life. ™ O cobre e o reumatismo Assim, mulheres com osteoporose ou fraturas depois da menopausa têm níveis mais baixos de cobre no plasma. Observase que mulheres que consomem dietas mais ricas em cobre apresentam uma maior densidade óssea comparada com aquelas que consomem menos cobre, embora seus valores de cobre no sangue possam ser similares. Os pacientes com reumatismo (osteoartrite ou artrite reumatoide) têm uma inflamação crônica que é acompanhada de níveis elevados de cobre no plasma. Acredita-se que esta resposta do organismo poderia ter um efeito benéfico. Alguns estudiosos demonstram que a administração de cobre em animais reduz o desenvolvimento ou a severidade do reumatismo. A suplementação com cobre reduz a perda de densidade óssea em mulheres pós-menopáusicas e o resultado é melhor se associado à administração combinada com outros nutrientes como cálcio, magnésio e zinco. Esse suplemento múltiplo é mais efetivo do que somente a suplementação com cálcio. Em um estudo em que foi utilizada somente a complementação com cobre, não se observou efeito benéfico. Acredita-se que isso ocorreu pelo fato de que as mulheres tinham um consumo adequado de cobre na dieta e não sofriam deficiência do mineral. É comum o uso de pulseiras de cobre ou de ligas de cobre para diminuir os sintomas reumáticos, mas estudos realizados em seres humanos não demonstraram efeito benéfico nem com a suplementação de cobre nem com o uso de pulseiras deste metal. Apesar destes acessórios poderem liberar uma quantidade variável do mineral, dependendo da qualidade do suor, a quantidade absorvida pela pele é a mesma. O cobre e o câncer As informações existentes sugerem que não há relação no consumo de cobre com a ocorrência do câncer, mas em anos recentes o tema foi colocado de volta em discussão. Para que um tumor cancerígeno cresça, é necessário que se formem novos vasos sanguíneos que levem o oxigênio e os nutrientes necessários. Em relação ao tratamento do reumatismo, observa-se que o acetato de cobre é mais eficaz que o ácido salicílico na redução dos sintomas da doença. Como parte das lesões articulares se produz por aparição de novos vasos sanguíneos, e o cobre é necessário para formá-los, usa-se uma forma ainda experimental de produção da deficiência de cobre, por meio da utilização de medicamentos que extraem o cobre do organismo. Como o cobre é necessário neste processo, foram realizados alguns estudos utilizando-se medicamentos que extraem o cobre do corpo, provocando assim uma deficiência do mineral, de modo que, ao inibir o crescimento dos vasos sanguíneos, diminua-se o crescimento do tumor canceroso. Os resultados são promissores nos casos de tumores sólidos e cânceres hematológicos, mas a informação ainda não é suficiente para avaliar o uso do cobre como uma alternativa de terapia para esses doentes. O cobre e os ossos A osteoporose (diminuição da densidade do osso) é uma condição que afeta mais as mulheres e que aumenta sua frequência progressivamente depois da menopausa. Essa alteração diminui a resistência do osso e aumenta o risco de fraturas. A enzima dependente de cobre, chamada lisil oxidase, é fundamental para a maturação do colágeno, para uma estrutura normal e para o depósito de cálcio no osso. As diminuições da densidade e da resistência do osso se devem principalmente a um menor consumo de cálcio e, em menor grau, a um menor consumo de outros nutrientes, entre eles vitamina D, cobre e outros minerais. O cobre vem sendo usado no tratamento. Em um caso, nano partículas de cobre cobertas com algumas proteínas foram administradas, fazendo a com que fossem preferencialmente captadas pelas células cancerígenas. Depois se aplicou a radiofrequência (ondas parecidas com as que produzem os fornos de micro-ondas) e o calor produzido destruiu as células. Em outros casos, o cobre tem sido administrado para aumentar a produção de oxidantes (radicais livres) ao interior do tumor para assim destruí-lo. Nas mulheres, depois da menopausa, a diminuição da produção de estrogênios (hormônio feminino) contribui para a aparição da osteoporose. Há uma relação positiva entre níveis de cobre no sangue e a densidade dos ossos. A falta de cobre favorece a diabete a osteoporose. 28 O cobre e a cicatrização Dispositivo intrauterino de cobre O cobre contribui para uma melhor cicatrização, pois favorece a formação de colágeno maduro e de novos vasos sanguíneos. Em pacientes diabéticos, verifica-se que a aplicação de soluções de cobre nas feridas melhora sua cicatrização, e um efeito adicional benéfico é a redução de risco de infecção da ferida, pelas propriedades antibacterianas do mineral. Os dispositivos intrauterinos (DIU) constituem um dos métodos anticoncepcionais mais efetivos. O DIU com base de cobre (“T” de cobre) impede a gravidez pelas mudanças nas condições no interior do útero por corpo estranho e por efeito de cobre liberado. Uma área maior do “T” de cobre gera um melhor efeito contraceptivo. O cobre liberado não altera os níveis sanguíneos do cobre nas mulheres. O DIU de cobre é tão eficaz quanto o de plástico, revestido com hormônios. O cobre não causa câncer, mas pode ser útil em seu tratamento. Referências: - Alarcón OM, Guerrero Y, Ramírez de Fernández M, D’Jesús I, Burguera M, Burguera JL, Di Bernardo ML. Efecto de la suplementación con cobre sobre los valores de presión arterial en pacientes con hipertensión moderada estable. Arch Latinoam Nutr. 2003;53:271-6. - Alarcón-Corredor OM, Guerrero Y, Ramírez de Fernández M, D’Jesús I, Burguera M, Burguera JL, Di Bernardo ML, García MY, Alarcón AO. Efecto de la suplementación oral con cobre en el perfil lipídico de pacientes venezolanos hiperlipémicos. Arch Latinoam Nutr. 2004;54:413-8. - Bo S, Durazzo M, Gambino R, Berutti C, Milanesio N, Caropreso A, Gentile L, Cassader M, Cavallo-Perin P, Pagano G. 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Contraception. 2008;77:318-27. - Rao JK, Mihaliak K, Kroenke K, Bradley J, Tierney WM, Weinberger M. Use of complementary therapies for arthritis among patients of rheumatologists. Ann Intern Med. 1999;131:409-416. - Zhou Z, Johnson WT, Kang YJ. Regression of copper-deficient heart hypertrophy: reduction in the size of hypertrophic cardiomyocytes. J Nutr Biochem. 2008 [Epub ahead of print] 29 Copper Connects Life. ™ Propriedades antimicrobianas do Cobre Guillermo Figueroa Gronemeyer Entre eles encontram-se os frutos do mar, o pão integral, a uva passa, as nozes, o chocolate e vários tipos de carne. Isso nos permite concluir que, em condições fisiológicas e genéticas normais, uma dieta variada é suficiente para suprir as necessidades metabólicas de um ser humano sadio. Atividade antimicrobiana do Cobre O risco de toxicidade por níveis elevados de cobre é baixo, já que o organismo dispõe de um eficiente sistema de controle de absorção e excreção de cobre, de modo que, em condições normais, não há riscos quando a ingestão é superior às necessidades. Por outro lado, existem evidências que determinadas populações têm baixos níveis de cobre e, portanto, necessitam de suplementação especial. Por suas múltiplas propriedades, tais como condutividade elétrica, condutividade térmica, resistência à tração, à fadiga e à corrosão, fácil moldagem e beleza, os usos do cobre são diversos, mas sem dúvida, o transporte de água potável e de eletricidade são os que têm maior relevância, já que ambas as ações estão intimamente ligadas ao desenvolvimento da sociedade moderna. Contexto geral O cobre é um metal amplamente encontrado na natureza, cujo descobrimento data em torno de 5.000 a.C. Tem sido utilizado em diferentes funções, que inclui desde utensílios de uso doméstico até o seu uso como condutor elétrico(1). São muitos os papéis na vida dos seres vivos, entre os quais se destaca sua função como um microelemento ou nutriente essencial para as funções básicas do metabolismo celular. Nos seres humanos, pode-se especificar que o cobre é um elemento necessário em baixas concentrações, faz parte de vários sistemas enzimáticos, intervém no desenvolvimento fetal, no tecido cardíaco, no processo de ossificação do esqueleto, na maturação do sistema nervoso e também no sistema imune de todos os seres superiores. A industrialização e o avanço da tecnologia incorporaram o cobre em múltiplos equipamentos e utensílios. O reconhecimento de seu valor ampliou na sociedade e a aparição de novas ligas aumentou a sua aplicação. É ainda um componente-chave nas proteínas que participam nos processos de respiração celular e no papel antioxidante essencial, ajudando a neutralizar os radicais livres que produzem danos celulares graves (apresenta grande potencial para oxidar alguns grupos químicos de proteínas e/ou lipídios celulares). O cobre na história da humanidade Uma das propriedades ou aplicações do cobre que está ganhando o interesse da comunidade científica nos últimos tempos é seu uso como agente biocida. Os estudos para explicar e aplicar o uso deste metal como microbicida cresceram, embora a capacidade potencial dos íons de cobre (isoladamente ou em complexos de cobre) para eliminar os contaminantes microbianos era conhecida e apreciada desde antigamente por várias civilizações (ente elas os povos celtas, hindus, americanos e japoneses). Normalmente os seres humanos e animais obtêm o cobre que seu organismo necessita na natureza ou pela dieta. O acesso ao cobre no meio ambiente é muito limitado, por isso a dieta e a água são fatores fundamentais para suprir as necessidades mínimas do ser humano. Estima-se que o homem necessita ingerir diariamente pelo menos 0,9 miligramas de cobre. A ingestão habitual é suficiente para cobrir tais necessidades, graças a vários alimentos com alta concentração desde microelemento. Mais Informações: 1. Cooper Development Association. http://www.copper.org/ 33 Copper Connects Life. ™ A história mostra que o uso do cobre para melhorar a higiene data de primórdios da civilização. Fatos indicam que os egípcios, gregos, romanos e astecas o usaram para tratamento de água e para curar ferimentos. Na Grécia o uso desse metal em vasilhas e recipientes para recolher água não era casual e essa utilização melhorou a condição sanitária da água. A atividade antiviral do cobre tem sido demonstrada também frente ao vírus HIV-1, o vírus da Influenza Aviária e outros vírus com ou sem envoltório. A isso se acrescenta a potente atividade do cobre sobre muitas espécies de fungos, algas e leveduras. Paradoxalmente, a indústria usa produtos com importante concentração de cobre, sem que o cidadão seja informado, em vários produtos de uso frequente. Há dois casos que são interessantes de se abordar a título de exemplo. Também se descreve que na idade de ouro romana moedas de cobre eram mergulhadas nas vasilhas de armazenamento de água em Staphylococcus aureus MRSA muitas casas, evitando sua decomposição e coonsequentemente a aparição de doenças. A água é fundamental para a saúde e a sua contaminação é uma fonte de risco que se associa a sérias infecções gastrointestinais. Um primeiro é o exemplo dos pesticidas com base de cobre(2). Nesta aplicação, o cobre amplia o intervalo de letalidade para muitas espécies de fungos filamentosos que causam grande perda econômica aos produtores de frutas e grãos. No século XVII o cobre também foi utilizado na agricultura, já que se observava que ao lavar as sementes com soluções de sulfato de cobre, este elemento desempenhava uma potente ação fungicida. Este conhecimento rapidamente foi aplicado para controlar os fungos nos cultivos de trigo. Atualmente, muitas pragas de plantas são prevenidas ou combatidas com fungicidas e desinfetantes à base de sais de cobre, como sulfatos e oxicloretos, entre outros. O segundo caso é o uso de cobre em pinturas(3). As pinturas denominadas “anti-fouling” são utilizadas em embarcações. O biofouling é um processo que começa com a aderência de uma capa de micro-organismos na superfície do barco em contato com a água do mar. Tais populações bacterianas se multiplicam gerando biopelículas (biofilmes), em formas resistentes aos fatores deletérios tais como correntes marinhas, frio ou outros sistemas geradores de estresse. As biopelículas formadas por micro-organismos e alguns de seus produtos celulares (polissacarídeos) servem de base para se produzir a incrustação de organismos multicelulares (eucarióticos), tais como crustáceos e outros mariscos de capa calcária. Quando se descobriu que muitas doenças eram causadas por bactérias, vírus e fungos, iniciaram-se também os estudos sobre as propriedades antimicrobianas do cobre e o seu potencial uso em tratamento de diversos quadros infecciosos. Assim sua aplicação se estendeu a diferentes áreas da saúde, como produtos para higiene bucal, antissépticos, aparelhos médicos e pinturas, entre outros usos. Esse fenômeno faz com que o peso do barco aumente significativamente, o que diminui a eficiência de seu deslocamento e consequentemente causa impacto no maior custo de transporte. A pesquisa científica hoje disponível revelou os mecanismos que explicam as múltiplas propriedades antimicrobianas do cobre. Assim dispomos de pesquisa básica e aplicada sobre seu papel antimicrobiano frente a numerosos patógenos, para o homem e os animais, entre eles, Escherichia coli, Listeria monocytogenes, Salmonella Enterica, Campylobacter jejuni, Staphylococcus aureus MRSA, Legionella pneumophila, Clostridium difficile, Pseudomonas Aeruginosa e outros. Essas aplicações do cobre como agente inibidor de diferentes populações microbianas estão há muitos anos disponíveis e são comercializadas sem que muita gente tenha reparado no papel essencial que o cobre desempenha, como um eficiente agente antimicrobiano de amplo espectro, capaz de inativar microorganismos tais como as bactérias, vírus e fungos. Mais Informações: (2) Copper Sources and Management Strategies Clearinghouse. http://scvurppp-w2k.com/cu_clearinghouse_web/cu_pest.htm (3) Cooney T. E. 1995 Infect. Control Hosp. Epidemiol. 16: 444-450. 34 A eficácia da atividade antimicrobiana de produtos com base de cobre tem recentemente motivado o desenvolvimento de vários estudos para descobrir os prováveis mecanismos envolvidos nessa atividade inibitória e para avaliar as potenciais aplicações deste metal. Na figura 1 são mostrados os mecanismos propostos para a entrada e para a saída do cobre nos micro-organismos. Há informações específicas sobre as diferentes aplicações da atividade antimicrobiana deste mineral e os patógenos envolvidos. Figura 1. Diagrama esquemático que representa os componentes envolvidos na homeostases de cobre em microrganismos(4). E fluxo Armazenamento Cu+2 Redutase Chaperonas Reg de exp Cu+1 Captação Uso Mais Informações: (4) Reyes Angélica Sofía. 2007. Enterococcus faecalis un modelo para el estudio del manejo y regulación de cobre intracelular. Tesis para optar al grado de Doctor en Nutrición y Alimentos. INTA, Universidad de Chile. 35 Copper Connects Life. ™ Estima-se que a atividade bacteriostática varia em concentrações tão baixas que vão entre 25 a 150 uM, dependendo do tipo de micro-organismo e da presença (ou não) das denominadas “proteínas de ligação de cobre”. Bactérias como a Vibrio alginolyticus, que possuem níveis elevados destas proteínas, podem sobreviver em ambientes de maior concentração de cobre em dissolução(5). Cobre e micro-organismos: por que o cobre tem propriedades antimicrobianas? São múltiplos os mecanismos que foram propostos para explicar a atividade antimicrobiana do cobre. Descrevemos três dos mais importantes: Vibrio alginolyticus 1) O cobre inibe ou altera a síntese de proteínas, o que impede que elas efetuem processos fundamentais do metabolismo (atividade bacteriostática). 2) O cobre pode alterar a permeabilidade da membrana celular dos micro-organismos, causando a peroxidação, já que induz dano oxidativo dos lipídios, que são importantes na troca de moléculas do meio intracelular ao extracelular e vice-versa (atividade bacteriostática). Os mecanismos antimicrobianos do cobre são complexos e podem atuar de várias formas, seja dentro das células microbianas ou nos espaços extracelulares. Um fator crítico na atividade antimicrobiana é a capacidade do cobre de doar e receber elétrons, devido ao seu alto potencial de oxidação e redução. Essa propriedade eletroquímica permite ao cobre alterar proteínas dentro da célula microbiana de tal modo que estas já não possam cumprir suas funções metabólicas. 3) O cobre destrói ou altera os ácidos nucleicos (DNA) de bactérias e vírus, mas não é mutagênico. Sua ação causa nos micro-organismos a perda de sua capacidade de se multiplicar (atividade bacteriostática). Estudos demonstram que o cobre é responsável por inibir o transporte de elétrons através da parede celular entre o meio intracelular e o ambiente. Além disso, é capaz de se fixar no ácido nucleico (DNA) e desordenar a estrutura helicoidal desta molécula. Quaisquer destes mecanismos atribuídos ao cobre, isoladamente ou em conjunto, impedem que os microorganismos desenvolvam processos fundamentais para se manter vivos. A resistência que as bactérias podem opor ao cobre pode vir de dois mecanismos: um é próprio do genoma do agente, intrínseca, e outra é transferível (extracromossômica). A primeira está associada com uma mutação genética e é induzível pelo substrato (Cu) e a segunda, ao contrário, está associada à presença de elementos extracromossômicos e assim pode transferir de uma bactéria doadora a outra receptora(6). Esses e outros mecanismos redundantes fazem com que o cobre possa inibir ou mesmo eliminar muitos tipos de microorganismos, sejam bactérias, vírus, parasitas ou fungos. O cobre tem atividade inibitória sobre os micro-organismos em função da sua concentração. É por isso que, dependendo do tipo de micro-organismo, o cobre pode atuar como um agente bacteriostático, impedindo sua multiplicação, ou como uma substância bactericida, eliminando o micro-organismo. Mais Informações: 5. Gordon A. S., Howell L. D. and V. Harwood. Can J. Microbiol 40(5): 408:411 (1994). 6. Williams J. L. et al., 1993, Appl. Environ. Microbiol., 59 (8): 2531-37). 37 Copper Connects Life. ™ O sistema HACCP (Análises de Perigos e Controle dos Pontos Críticos) nasceu assim, como um método preventivo que substitui o antigo método de controle baseado na análise do produto final. A filosofia desse sistema é controlar os perigos de contaminação dos alimentos durante toda a cadeia produtiva, antes que o alimento saia ao mercado. Bactérias e biopelículas: um sério problema de saúde (biofilmes) Em seu estabelecimento é fundamental que as empresas cumpram com uma série de pré-requisitos, entre os quais se encontram boas práticas agrícolas, de fabricação, rastreabilidade e sistemas de higiene operacionais, entre outros. Colocando isso em prática, todas as empresas de alimentos devem lutar com o problema dos biofilmes, mecanismos pelos quais muitos patógenos se estabelecem nas linhas de produção sem que as medidas sanitárias habituais possam eliminá-los. Esse é um sério problema para o qual se buscam ativamente soluções efetivas. O impacto dos biofilmes é um desafio não só para a indústria de alimentos, como também para o ambiente intra-hospitalar. Sabe-se que nos hospitais são encontradas as piores condições, pois neles se concentram pacientes geralmente muito jovens ou muito velhos, mulheres grávidas, doentes submetidos a cirurgias ou com patologia cancerosa. Ou seja: hospedeiros que geralmente têm seu sistema imune muito baixo. As populações bacterianas que se encontram em meio líquido são denominadas formas planctônicas e seu comportamento é muito diferente do observado nas populações que aderem a superfícies de contato (rochas, pousadas, canais). Podem gerar biopelículas, formações multicelulares ricas em polímeros extracelulares que servem de proteção à população microbiana, que muitas vezes são muito resistentes às mudanças ambientais e outros tipos de estresse. O ambiente hospitalar concentra ainda pacientes com diferentes tipos de bactérias, vírus e fungos de alta virulência. A essas condições de hospedeiros suscetíveis e patógenos mais virulentos, junta-se o problema ambiental derivado dos biofilmes, sistema mediante o qual muitos dos patógenos que afetam aos paciente submetidos a cirurgias ou a instrumentação prolongada (cânulas, sondas, etc) terminam infectados. As biopelículas incluem várias espécies que aproveitam esta forma de associação, porque nela encontram vantagens comparativas. A presença de biofilmes afeta seriamente a qualidade microbiológica dos alimentos(7), pois é desta forma que muitos patógenos podem resistir e persistir por tempo indefinido nos plantéis de recepção ou processamento de alimentos. Neste ambiente ainda se selecionam tipos multirresistentes aos antibióticos, difíceis de erradicar com os procedimentos habituais de saneamento aplicados, o que contribui de forma significativa para a sua disseminação intra-hospitalar, muitas vezes associadas a infecções graves. A inocuidade dos alimentos é hoje um tema de alta relevância, já que esta indústria tem alcançado uma alta taxa de globalização. Os alimentos que hoje consumimos vêm de lugares distantes e por isso somos confrontados com agentes patogênicos para os quais nosso sistema imunológico não está necessariamente preparado. Concluindo, a presença de biofilmes bacterianos é uma preocupação para a indústria de alimentos, clínicas e hospitais, já que aumentam os riscos para os pacientes. Além disto, temos que acrescentar o aumento dos custos, que significa aplicar tratamentos e prolongar os dias de permanência no hospital e a perda de produtividade. Por esse motivo a Food and Agriculture Organization (FAO), a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Mundial do Comércio (OMC) têm recomendado o uso de novos instrumentos para assegurar a inocuidade dos alimentos. Mais Informações: 7. Chmielewski and J.F. Frank, Comprehensive Reviews in Food Science and Food Safety, 2003, 2: 22-31. 39 Copper Connects Life. ™ Cobre: potencial conservante de alimentos Os consumidores não se preocupam apenas com a contaminação de alimentos por patógenos, mas também com a presença de poluentes químicos. Por isso demandam o uso de produtos naturais que assegurem sua inocuidade. Posteriormente, outra pesquisa(20) com base nesse resultado determinou as mais baixas concentrações de cobre e ácido lático, somente e em combinações que inibiam o crescimento de Salmonella sp y E. coli O157:H7. Eles observaram que em meios de cultivos de laboratório e em suco de cenoura, 50 ppm de cobre produzia uma leve diminuição na multiplicação de ambos patógenos e essa diminuição era significativa quando se aumentava o cobre a 100 ppm e 200 ppm. Em resposta a essa demanda, a indústria de alimentos está buscando esse tipo de conservante que demonstra grande atividade antibacteriana e assegura a inocuidade dos produtos. Dois destes aditivos naturais são o ácido lático e o cobre. A informação disponível demonstra que os microorganismos aceitam concentrações muito baixas de cobre e que concentrações altas (250 ppm) causam inibição de seu crescimento ou sua morte. Portanto, é de grande interesse se definir concentrações altas e letais de cobre para os micro-organismos, mas não tóxicas ao homem. Mas quando se avaliou 50 ppm de cobre (concentração inofensiva para o homem) em combinação com 0,2% de ácido lático, observou-se uma inibição sinérgica, o que reduzia significativamente a multiplicação de ambos patógenos. Esse estudo confirmou que o cobre é uma excelente alternativa para o controle de patógenos nos alimentos. Um estudo(19) sugeriu que a combinação de ácido lático e cobre poderia ser efetiva no controle de micro-organismos não desejados. Os autores adicionaram ácido lático (150 mM) e sulfato de cobre (50 ppm) aos alimentos para porcos e observaram uma diminuição de 10 vezes na quantidade de Salmonella typhimuriu. Mais Informações: 19. Beal JD., Niven SJ., Campbell A., and Brooks PH. (2003). The effect of copper on the death rate of Salmonella Typhimurium DT104:30 in food substrates with organic acidss. Letters in Applied Microbiology 38:8-12 20. Ibrahim SA., Yang H., Seo CW (2008). Antimicrobial activity of lactic acid and copper on growth of Salmonella and E. coli 0157:H7 in laboratory medium and carrot juice. Food Chemistry 109:137-143. 41 Copper Connects Life. ™ Em relação às transfusões de sangue, a OMS estima que sejam entre 80 e 160 mil os casos que se dão por essa via a cada ano. Sabe-se que o cobre possui uma potente capacidade bactericida além de uma importante ação virucida. Um estudo realizado em 1996(21) reportou a inativação do HIV-1 por Cu (II) com uma dose letal 50 muito baixa, entre 0.16 e 1.6 mM. Vários mecanismos pelos quais o Cu pode inativar o vírus são conhecidos, entre eles está a destruição de uma enzima essencial para a sua reprodução(22). O cobre também pode danificar a envoltura fosfolipídica do vírion, assim como seu ácido nucleico. O Cobre e suas excelentes propriedades antivirais Essas descobertas e o desenvolvimento de uma plataforma tecnológica têm conseguido impregnar o cobre em diversas fibras e materiais poliméricos (plásticos), permitindo desenvolver recentemente filtros com óxido de cobre capazes de inativar o HIV-1 presente nos meios de cultivo líquidos, obtendo-se ótimos resultados. Um estudo(23) avaliou a efetividade de alguns filtros (0-50 mg de óxido de cobre) sobre diferentes tipos virais incluindo isolados clínicos de pacientes em estados intermediários da doença (B e C). Os resultados mostraram que havia uma inativação viral dependente somente da concentração de cobre, ou seja, não estava relacionada ao tipo viral. Efeito antiviral do cobre sobre o vírus da imunodeficiência humana. Há mais de 25 anos se identificou o vírus da imunodeficiência humana (VIH-1) como o agente causador da síndrome da imunodeficiência adquirida (aids). Mais de 60 milhões de pessoas no mundo se infectaram com VIH-1, principalmente em países em desenvolvimento, e cerca da metade faleceu. A obtenção de uma vacina eficaz contra esse agente seria a melhor solução para controlar a pandemia da aids, mas infelizmente os esforços não se mostraram bem-sucedidos. A extraordinária diversidade deste vírus, somado a sua capacidade de escapar das defesas imunes do ser humano e de induzir uma resposta de anticorpos significativa, tornou isto praticamente impossível até hoje. Estes resultados são muito interessantes do ponto de vista de suas projeções, já que indicam que o cobre representa uma importante alternativa para a inativação do HIV-1 em fluídos. Isso permitiria prevenir, de uma forma bastante acessível do ponto de vista econômico, a transmissão do vírus pelo leite materno ou sangue, por exemplo, um fato que normalmente é muito mais frequente em indivíduos que vivem em países em desenvolvimento. Atividade antiviral do cobre sobre o vírus da influenza aviária Os vírus da influenza aviária causam em média 200 mil internações e 36 mil mortes por ano nos Estados Unidos. O risco de contrair influenza aviária é geralmente baixo para a maioria das pessoas, porque normalmente o vírus não infecta os humanos. Somente o vírus H5N1 atravessou a barreira entre as espécies e infectou os seres humanos. Uma das vias importantes de transmissão do HIV-1 é por meio de fluídos contaminados, por exemplo, o leite materno e o sangue. Considera-se que a via de disseminação pelo leite materno representa de 33 a 50% dos mais de 700 mil casos de transmissão de mãe para filho do HIV-1 que ocorrem anualmente no mundo. Mais Informações: 21. Karlstrom, A. R., and R. L. Levine. 1991. Copper inhibits the protease from human immunodeficiency virus 1 by both cysteine-dependent and cysteine-independent mechanisms. Proc. Natl. Acad. Sci. USA 88:5552-5556. 22. Sagripanti, J. L., and M. M. Lightfoote. 1996. Cupric and ferric ions inactivate HIV. AIDS Res. Hum. Retrovir. 12:333-337. 23. Borkow G, Lara HH, Covington CY, Nyamathi A, Gabbay J. 2008. Deactivation of human immuno deficiency virus type 1 in medium by copper oxide-containing filters. Antimicrob Agents Chemother 52(2):518-25. 43 Copper Connects Life. ™ É também o mais mortal de todos os que atravessaram a barreira. A maioria dos casos de contágio de influenza pelo vírus H5N1 em seres humanos se dá por contato com aves de curral infectadas (por exemplo galinhas, patos e pavões domésticos) ou com superfícies contaminadas com secreções /excreções de aves infectadas. Mas existem outras possibilidades de transmissão, como por exemplo, quando o vírus é aerossolizado e se deposita em superfícies expostas da boca, nariz e olhos ou entra nos pulmões por inalação. O tipo H1N1 testado é quase idêntico ao H5N1 (influenza aviária), portanto a efetividade das propriedades microbianas do cobre deveria ser quase igual. Cientistas sugerem que seria conveniente considerar o uso de cobre em áreas comuns de contato(25), tais como maçanetas, corrimãos, lavatórios, entre outras, para evitar a contaminação cruzada. Os serviços públicos de saúde são candidatos de primeira linha para utilizar ligas de cobre em suas superfícies de contato e assim ajudar a controlar a disseminação das partículas virais no ambiente. Experimentos realizados pela equipe da Universidade de Southampton(24) demonstraram que o cobre inativa o vírus da influenza A em humanos e sugerem que também na gripe aviária, pois os dois vírus são similares. Os pesquisadores colocaram 2 milhões de unidades de placas em formação de influenza A (H1N1) em cupons de cobre C11000 (folhas de metal de cobre puro, comum) e em S30400 (aço inoxidável comum) em temperatura ambiente e supervisionaram periodicamente as taxas de sobrevivência das mostras. No aço inoxidável, o patógeno diminuiu a um milhão depois de seis horas e a 500 mil depois de 24 horas (figura 1). Novos usos do cobre no vestuário e na indústria têxtil Uma das mais recentes aplicações da atividade antimicrobiana do cobre é o desenvolvimento de uma plataforma que aplica o cobre a várias fibras têxteis, assim como o látex e outros produtos com base em polímeros. Vários estudos vêm demonstrando que as fibras têxteis impregnadas com óxido de cobre possuem um amplo espectro antibacteriano, antifúngico e antiviral. As aplicações práticas e o impacto do uso desses produtos em aplicações destinadas a melhorar a saúde pública estão em pleno desenvolvimento em muitos lugares do mundo. No estudo realizado por Gadi Borkow e Jeffrey Gabbay(26) da Cupron, provou-se a efetividade da ação antimicrobiana de roupas impregnadas com óxido de cobre frente a dois patógenos frequentes do homem, o Staphylococcus aureus (30% dos humanos são portadores dessa bactéria) e a Escherichia coli (colonizador do intestino do homem e dos animais). Os resultados mostraram que as roupas com cobre reduzem significativamente a presença desses agentes patógenos em duas horas de contato (figura A). Em outro experimento provou-se ainda que os têxteis resistiam a mais de 35 lavadas a 85°C em máquinas industriais com sabão, sais e produtos abrasivos. Figura 1. Efeito na infectividade do vírus influenza A depois da exposição ao aço inoxidável por 6 e 24 horas. No entanto, a superfície de cobre alcançou uma redução de 500 mil depois de apenas uma hora, e foram inativados quase em sua totalidade (exceto 500) depois de seis horas, o que implicou em uma redução de 99.99% (figura 2). Figura 2. Efeito na infectividade do vírus influenza A depois da exposição a uma superfície de cobre por uma e 6 horas. Mais Informações: 24. J. O. Noyce, H. Michels, and C. W. Keevil. 2007. Inactivation of influenza A virus on copper versus stainless steel surfaces. Applied and Environmental Microbiology. Vol. 73, No. 8, p. 2748–2750. 25. Avian Influenza viruses: http://www.pandemicflu.gov/ 26. Gadi Borkow and Jeffrey Gabbay, Sept. 2004. Putting copper into action: copper-impregnated products with potent biocidal activities. The FASEB Journal express. 44 E. coli A Copper Fabric Colony Forming Units 106 S. aureus MRSA Control Fabric Copper Fabric Copper Fabric* Control Fabric Copper Fabric 0 0 0 2 hours 0 0 Copper Fabric 0 0 Control Fabric 105 104 103 102 0 2 2 2 hours 2 B 1 hours Outras pesquisas mostraram que têxteis tratados com óxido de cobre possuíam uma capacidade inibitória similar para fungos (como Candida albicans e Dermatophagoides farinae), que atuam como patógenos oportunistas em infecções e alergias em humanos, respectivamente (Figura B e C). 1 1 0 1 hours Nesses casos, os autores observaram que o óxido de cobre inibia completamente os fungos depois de apenas uma hora em exposição à roupa impregnada com cobre. Os autores concluem as propriedades antibacterianas geram ao menos duas plataformas tecnológicas, a primeira com base de fibras de algodão impregnadas com óxido de cobre e a segunda de outras fibras sintéticas, tais como poliéster, polipropileno, polietileno, poliuretano ou náilon, que também podem se impregnar com óxido de cobre. Candida albicans 60000 Segundo eles, ambas as tecnologias conferem às fibras um potente efeito, capaz de eliminar bactérias, vírus, fungos e frequentes agentes alergênicos. 50000 Number of fungi VRE Control Fabric 40000 30000 Outra característica importante destes produtos têxteis impregnados com cobre é que para sua introdução no mercado não são necessárias alterações tecnológicas nos procedimentos produtivos ou o emprego de maquinários extras, vantagem muito valorizada no momento em que a economia requer recuperação sem novos investimentos. 20000 10000 0 0 10 C 20 30 40 Minutes 50 60 Dermatophagoides farinae % of living mites 100 80 60 40 20 0 0 6 12 18 24 Days 30 36 42 48 45 Copper Connects Life. ™ O cobre é um potente agente fungicida, algicida e herbicida. Eles se aplicam em residências e ambientes industriais, no controle de algas em piscinas e cascos de barcos, para resistir a organismos de água doce e marinha, no controle de algas aquáticas, no tratamento de conservantes de madeira e para controlar muitas doenças fúngicas e bacterianas em frutas e verduras. A importância histórica dos pesticidas que contêm cobre começa na França quando foram descobertas acidentalmente as propriedades fungicidas da “mistura de Bordeaux”, uma composição quimicamente indefinida de sulfato de cobre e cal hidratada. A aplicação dessa mistura em vinhedos da região resultou no desaparecimento do fungo velloso nas plantas tratadas. Desde então teve início a comercialização de fungicidas. Hoje se vende a mistura de Bordeaux e há aproximadamente quinze ingredientes ativos certificados que contêm alguma forma de cobre. Como as formas inorgânicas de cobre são relativamente insolúveis em água, elas não saem facilmente das folhagens, proporcionando assim, uma maior proteção contra doenças em relação a muitos outros compostos. Há uma preocupação em relação ao acúmulo de cobre nos solos agrícolas. Certas áreas de citros que foram tratadas durante muitos anos com cobre fixo apresentaram problemas de toxicidade. Com sua variedade de empregos, os compostos de cobre formam um dos grupos mais úteis para serem usados como pesticidas. Tabela 1. Resumo dos empregos de produtos que contêm compostos de cobre como ingrediente ativo. Pesticidas com base de cobre Padrão de uso Cobre (metálico) Algicida – pintura antivegetativa Cobre (metálico em forma de quelatos de citrato de cobre e gluconato de cobre) Algicida, bactericida, fungicida Carbonato de cobre Algicida, herbicida, conservante de madeira Complexos de etanolamina de cobre Algicida, conservante de madeira Complexo etilenediamina de cobre Herbicida Hidróxido de cobre Pintura antivegetativa, bactericida, fungicida, regulador de crescimento de plantas, conservante de madeira Naftenato de cobre Conservante de madeira Oxicloruro de cobre Algicida, bactericida, fungicida Sais de cobre de ácidos graxos e resina Bactericida, fungicida Sulfato de cobre Algicida, bactericida, desidratante, fungicida, herbicida. Complexos trietanolamina de cobre Algicida Óxido de cobre Algicida, pintura antivegetativa, conservante de madeira 46 5. As superfícies de cobre impedem a multiplicação bacteriana entre as rotinas de limpeza e saneamento do ambiente. 6. As superfícies de cobre continuam eliminando mais de 99.9% das bactérias dentro de duas horas, depois de repetidas contaminações no período de 24 horas. O Cobre é aprovado como potente agente antimicrobiano E. coli Vability on an Alloy S30400 Surface Bacteria Count (per ml) 1.00E+10 1.00E+08 1.00E+06 1.00E+04 1.00E+02 1.00E+00 0 4 8 12 16 20 24 28 Time (days) 20º C O cobre foi registrado pela Agência de Proteção Ambiental (EPA) dos Estados Unidos como um potente agente antimicrobiano. 4º C Em um resumo das conclusões do estudo realizado pela EPA, as ligas de cobre: Após mais de três anos de estudo com protocolos exigentes, em 25 de março de 2008 a Environmental Protection Agency (Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos) publicou um relatório que aprovou o emprego de cobre no ambiente intra-hospitalar, a fim de eliminar riscos microbiológicos. Este relatório autorizou o uso de uma série de frases que ressaltam as propriedades sanitárias do cobre (health claims). Entre elas devemos destacar: a) São antimicrobianos naturais. b) Apresentam eficácia antimicrobiana de longa vida e durabilidade: a. São sólidos e homogêneos. As propriedades antibacterianas não se eliminam ou acabam. b. São superiores a outros revestimentos ou superfícies disponíveis no mercado. c) As superfícies baseadas em ligas de cobre são as únicas que: a. Baseiam-se em um material autossanitizante, autorizados pela EPA para proteger os seres humanos. b. Podem ser manipulados e, em sua comercialização/publicidade, incluir sua propriedade antibacteriana. 1. As superfícies de cobre eliminam 99.9% dos patógenos bacterianos em torno de duas horas de exposição. 2. As superfícies de cobre são eficazes para eliminar 99.9% dos patógenos bacterianos em torno de 24 horas de exposição. 3. As superfícies de cobre são eficazes para eliminar 99.9% dos patógenos bacterianos dentro de duas horas de exposição, mesmo depois de repetidos processos de umedecimento, secagem, abrasão e recontaminação. 4. As superfícies de cobre mantêm sua atividade antibacteriana atingindo 99.9% de eliminação no prazo de duas horas de exposição. O fato de que a EPA aprovou o uso de superfícies de cobre no ambiente hospitalar é de grande importância, já que as infecções intra-hospitalares são um problema relevante de saúde pública. O Centro de Controle de Doenças Infecciosas (CDC) nos Estados Unidos estima que existam dois milhões de casos anualmente, dos quais pelo menos 100 mil resultam em morte. 47 Copper Connects Life. ™ O uso de ligas de cobre para as superfícies de contato, como suplemento das já existentes e aprovadas pelo CDC, tem implicações importantes. Entre as aplicações potenciais temos sistemas de desinfecção e lavagem de mãos, maçanetas, grades de cama, bandejas para punção intravenosa, dispensadores de líquidos, torneiras, estações de trabalho e aparelhos de ar condicionado, todos com capacidade de reduzir significativamente os casos de infecções intra-hospitalares associadas com bactérias patogênicas que existem nos quartos de internação. e de saúde pública, devido ao fato de que não responde a maioria dos tratamentos disponíveis. O SARM ocorre com mais frequência em pacientes que foram submetidos a procedimentos médicos invasivos ou possuem sistemas imunológicos debilitados e são tratados em hospitais ou centros de saúde, tais como os asilos de idosos e os centros de diálises, causando infecções graves e potencialmente fatais. Estudos sugerem que a principal fonte de infecção são os próprios pacientes e que sua propagação é por contato entre as mãos das pessoas. O cobre, diferente de outros materiais, tem propriedades microbicidas, oferecendo proteção antibacteriana de longo prazo. Estudos em curso em hospitais do Chile e Estados Unidos estão introduzindo o uso de vários instrumentos de cobre para verificar a frequência das infecções intrahospitalares, comparando os resultados com os provenientes de outras instalações onde o cobre ainda não é utilizado com essa finalidade. Estudos(9) mostram pouca ou nenhuma inibição das amostras de SARM quando expostas a diferentes ligas de cobre a 4°C. Mas a inibição da temperatura ambiente foi observada aos 270 min de exposição, tanto em superfícies de cobre puro como em outra com liga de cobre e latão. O cobre pode deter a Pseudomonas aeruginosa causadora de infecções intra-hospitalares O papel do cobre no controle das infecções hospitalares A Pseudomonas aeruginosa é uma bactéria aeróbica amplamente distribuída na natureza (flores, frutas e solo, entre outros). É um patógeno oportunista em humanos e em vegetais, capaz de utilizar uma enorme variedade de compostos orgânicos como substrato para sua multiplicação, capacidade que permite a colonização de nichos escassos em nutrientes, conseguindo o isolamento em ambientes inóspitos. As doenças intra-hospitalares constituem um problema sério, que se apresenta com frequência nos ambientes hospitalares de todo o mundo, elevando custos e a taxa de mortalidade dos pacientes. Os responsáveis são os organismos patogênicos ou comensais que provêm dos pacientes, visitantes ou profissionais de saúde e afetam principalmente as UTIs, berçários e salas de pós-operatório, onde se encontram normalmente pacientes imunocomprometidos. A luta contra esse tipo de infecção tem aumentado os tipos resistentes aos antibióticos e a utilização de novos remédios de maior abrangência. Pseudomonas aeruginosa A EPA considerou o cobre como um agente antimicrobiano capaz de eliminar as infecções intra-hospitalares por Staphylococcus aureus (SARM) O Staphylococcus aureus resistente à meticilina (SARM) é um patógeno que emergiu ao longo das últimas quatro décadas como uma das principais causas de infecções intrahospitalares e representa um importante problema clínico Mais Informações: 9. Mehtar S., Wiid I., Todorov S.V. The antimicrobial activity of copper and cooper alloys against nosocomial pathogens and Mycobacterium tuberculosis isolated from healthcare facilities in the Western Cape: an in-vitro study. Journal of Hospital Infection, 2008, 68:45-51. 10. Zambrano A, Herrera N. 2004. Susceptibilidad antimicrobiana de cepas de Pseudomonas aeruginosa aisladas en el laboratorio del Hospital Regional Dr. Leonardo Guzmán de Antofagasta, Chile. Rev Chil Infect; 21 (2): 117-124. 11. Nikaido, H., H. Okusu, D. Ma, & X.-Z. Li 1996. Multidrug efflux pumps make a major contribution to drug resistance in Pseudomonads. In: Molecular biology of Pseudomonads. T. Nakazawa, K. Furukawa, D. Haas and S. Silver (eds.) ASM Washington DC, pp 353-362. 48 Essa bactéria é um grande problema de saúde nos centros hospitalares, especialmente quando se trata de paciente imunocomprometidos. No Chile esse é o micro-organismo isolado com mais frequência nas pneumonias intra-hospitalares associadas à ventilação mecânica nas UTIs pediátricas (30.6%) e o terceiro em UTIs de adultos (18.5% dos casos). Esses resultados destacam a capacidade do Cu2+ de reforçar a ação biocida de cátions de amônio quaternário para erradicar biofilmes formados de P. aeruginosa, o que pode ter um impacto muito importante na saúde pública e na indústria de alimentos, nas quais os biofilmes são um problema persistente. O cobre pode evitar multiplicação de bactérias que causam a colite pseudomembranosa (Clostridium difficile) É também um importante agente de infecções do trato urinário em serviços cirúrgicos, de medicina interna e nas UTIs(10). Essa situação é agravada pela dificuldade de tratamento de infecções por esse agente, uma vez que apresenta resistência natural a vários antibióticos e a desinfetantes(11) e tem a capacidade de formar biopelículas nos ambientes aquosos. A Clostridium diffucile é uma das principais causas da colite pseudomembranosa, quadro que se desenvolve secundariamente ao uso prolongado de antibióticos. Esse patógeno é frequentemente encontrado em ambientes hospitalares, uma vez que a alta quantidade de formas vegetativas e esporas de pacientes infectados contamina as superfícies e serve de potenciais reservatórios de infecção. As esporas de Cl. difiicile persistem por meses no ambiente e são resistentes a maioria dos desinfetantes usados. Recentemente estudos(13) observaram uma redução de > 5 log de esporos dormentes de Cl. difiicile após a exposição em 24 – 48 horas de cobre puro, indicando que o cobre é eficaz para eliminá-las, mas requer um grande tempo de exposição. Os biofilmes ou biopelículas são comunidades complexas de microorganismos revestidos com polímero extracelular que os ajuda a reter nutrientes e se proteger de agentes tóxicos. Por isso, é muito resistente e pode significar um reservatório de micro-organismos, envolvidos na contaminação cruzada, e obstruir os dutos de entrega de líquidos em diferentes dispositivos (cateteres ou válvulas). As biopelículas também representam um problema no processo de produção de diversas indústrias, pois provocam obstrução e corrosão de conexões e filtros. Um estudo posterior(14) avaliou a atividade antimicrobiana de superfícies Clostridium difficile de cobre, mas em tempo mais real. Foi medida a eficácia dessas superfícies de formas resistentes ao calor (esporos) de Cl. difiicile durante um período de 3 horas, na presença e na ausência de matéria orgânica. As formas vegetativas foram eliminadas aos 30 minutos e foi reduzida significativamente a viabilidade dos esporos expostos a sais biliares (esporos germinativas), em condições aeróbicas a 60 minutos de exposição, que aumentava ainda mais a 3 horas (99.8% de redução). A presença de matéria orgânica não interferia com a eficácia dessa atividade. Nesse estudo as superfícies de aço inoxidável não demonstraram qualquer atividade. Os autores concluem que o uso de superfícies de cobre de soluções do mineral no ambiente hospitalar é uma boa alternativa para controlar a Cl. difiicile e reduzir as diarreias associadas a este agente. Recentemente se avaliou o efeito bactericida de distintos íons metálicos por P. aeruginosa, observando-se que a aplicação de Cu2+ em combinação com compostos de desinfetante (quaternário de amônia) aumenta sua ação sobre os biofilmes no solo de P. aeruginosa e também sobre biofilmes de P. fluorescens, E. coli, S. aureus e S. enterixa serovar Cholerauis(12). Sugere-se que ambos os agentes reduzem a atividade das enzimas que desempenham um papel importante no crescimento do biofilme, porém, acredita-se que o realizam por vias bioquímicas independentes(12). Mais Informações: 12. Harrison JJ, Turner RJ, Joo DA, Stan MA, Chan CS, Allan ND, Vrionis HA, Olson ME, Ceri H. 2008. Copper and quaternary ammonium cations exert synergistic bactericidal and antibiofilm activity against Pseudomonas aeruginosa. Antimicrob Agents Chemother.; 52(8):2870-81. 13. Weaver L., Michels HT., Keevil CW. Survival of Clostridium difficile on copper and stell: future options for hospital hygiene. J Hosp Infect 2008, 68: 145-151. 14. Wheeldon LJ., Worhington T., Lambert PA., Hilton AC., Lowden CJ., Elliott TSJ. Antimicrobial efficacy of copper surfaces against spores and vegetative cells of Clostridium difficile: the germination theory. J Antimicrobial Chem. 20088, 52: 522-525. 49 Copper Connects Life. ™ Sabe-se que esse agente se encontra no intestino de muitos animais, especialmente bovinos, e pode contaminar sua carne, em particular a carne moída. Muitos estudos demonstram que os tipos mais virulentos da E. coli enterohemorrágica podem ser mantidos nas áreas de processamento e pelas vias de contaminação cruzada, chegando aos alimentos. Assim houve surtos devido ao consumo de frutas e hortaliças contaminadas por meio da água de irrigação. Cobre: elemento chave para descontaminar a indústria dos alimentos Um trabalho recente(15) avaliou a viabilidade da E. coli O157 frente a sete ligas de cobre entre 61 e 95%. Estudou-se a sobrevivência deste agente em superfícies de cobre, comparando com a obtida em aço inoxidável. As mostras foram compostas de carne moída contaminada com e sem suco de carne a 22°C e 4°C por 6 horas. As contagens em placas de cultura, assim como as realizadas por microscopia, mostraram que havia três ligas que eliminaram completamente os inóculos bacterianos quando foram mantidas a 22°C por 6 horas. O mesmo ocorreu com 85% das bactérias nocivas quando se usou as ligas de cobre mais elevadas a 4°C. O cobre ajuda a prevenir a contaminação dos alimentos com a bactéria que causa a colite hemorrágica (Escherichia coli O157:H7) O estudo revelou ainda que quando o número de bactérias no início do experimento é mais baixo, todas as ligas de cobre eram muito ativas e eliminavam totalmente a contaminação. Os autores concluíram que as propriedades antibacterianas das superfícies feitas de várias ligas de cobre podiam constituir uma valiosa ferramenta para a segurança alimentar frente a E. coli O157. A Escherichia coli é um componente normal da flora intestinal do homem e dos animais, mas existem algumas espécies que são capazes de causar doenças. A diarreia é uma das enfermidades causada por ela, mas não a única. Existem variedades que contaminam a água e os Escherichia coli alimentos e geram quadros de diarreia aquosa (EPEC, ETEC), diarreia disentérica (ElEC), diarreia hemorrágica (EHEC) e diarreia crônica (EAEC), entre outras. Esses quadros infecciosos têm em comum sua origem alimentar, sendo causados pelo consumo de alimentos contaminados. O cobre contribui na redução da contaminação por Salmonella Entérica e Campylobacter jejuni na carne de ave A potente atividade antimicrobiana do cobre contra a C. jejuni e a Salmonella entérica foi demonstrada em um estudo realizado no Laboratório de Microbiologia e Probióticos do Instituto de Nutrição e Tecnologia dos Alimentos da Universidade do Chile(16). Os resultados mostraram que as superfícies de cobre protegiam a carne de ave contra a contaminação de dois dos patógenos mais prevalentes, a Salmonella entérica e a Campylobacter jejuni, ambas causadoras de quadros diarreicos e infecções frequentes. Um dos casos mais sérios é o SHU que normalmente aparece depois de uma infecção por E. coli O157:H7, que inicialmente causa uma colite enterohemorrágica. Mais Informação: 15. J. O. Noyce, H. Michels and C. W. Keevil. Use of Copper Cast Alloys to Control Escherichia coli O157 Cross-Contamination during Food Processing. 16. J. O. Noyce, H. Michels and C. W. Keevil. Use of Copper Cast Alloys to Control Escherichia coli O157 Cross-Contamination during Food Processing. 51 Copper Connects Life. ™ As infecções alimentares provoSalmonella Entérica cadas por esses dois patógenos causam milhões de casos e milhares de mortes em todo o mundo. Tanto a Salmonella entérica como a Campylobacter jejuni sobrevivem em animais, principalmente em tratos digestivos de aves e mamíferos, e por isso a carne de ave (em especial frango broiler) é a principal fonte de infecção para o homem. Infelizmente os animais infectados não apresentam sintomas, por isso é muito difícil separá-los para que não cheguem aos mercados. Atividade antibacteriana do cobre sobre C. jejuni a 25°C 7 6 Log (UPC) 5 4 3 2 1 0 0 2 4 Tempo de exposição (hr) Polímero Aço 6 Cobre Figura 1. Sobrevivência do C. jejuni em diferentes superfícies. Inóculos de 3x106 UFC/ml foram depositados sobre lâminas de cobre, aço inoxidável e polímero e incubadas a 25°C (A) a 10°C (B). O gráfico mostra a média de log das recontagens de cada ponto de cada ensaio. A 25°C detectaram-se diferenças significativas entre as contagens das superfícies de cobre e superfície de controle entre as 4 e 8 horas de exposição. A 10°C, as diferenças foram significativas em 8 horas de exposição. A prevenção é a ferramenta recomendada pela FAO/OMS por meio do Codex Alimentarius. É um processo multifatorial sem soluções universais simples, especialmente porque faltam sistemas de vacinação eficientes que impeçam as infecções aviárias. Nesse estudo, avaliou-se comparativamente a capacidade de inibição de superfícies deste metal com superfícies de aço inoxidável e polímeros, frente ao cultivo de C. jejuni a diferentes tempos de exposição e a duas temperaturas de incubação (10 e 25°C). Os resultados mostraram que nos inóculos expostos a superfícies de cobre e incubados a 25°C era observada uma eficiente atividade antibacteriana e uma significativa redução (4 log) nas recontagens bacterianas a 4 horas de acompanhamento, enquanto nas outras superfícies essas recontagens foram mantidas. Campylobacter jejuni Atividade antibacteriana do cobre sobre S. entérica a 25°C 10 9 8 7 6 Log (UPC) 5 4 3 2 Nas superfícies de cobre incubadas a 10°C foi observado um efeito antibacteriano, mas menor ao observado a 25°C. As recontagens diminuíram nas 8 horas de incubação (figura 1) Isso sugere que o uso das superfícies de cobre é vantajoso, já que as propriedades antimicrobianas deste metal mantiveram-se ativas enquanto o trabalho em unidades processadoras encontrava-se paralisado. 1 0 0 2 4 Tempo de exposição (hr) Polímero Aço 6 Cobre Figura 2. Sobrevivência da Salmonella entérica em diferentes superfícies. Inóculos de 3x106 UFC/ml foram depositados sobre lâminas de cobre, aço inoxidável e polímero e incubadas a 25°C (A) a 10°C (B). O gráfico mostra a média de log das contagens a cada ponto de cada ensaio. A 25°C detectaram-se diferenças significativas entre as contagens de superfícies de cobre e superfície de controle entre as 4 e 8 horas de exposição. A 10°C as diferenças foram significativas em 8 horas de exposição. As descobertas deste estudo prometem uma estratégia eficaz para prevenir a alta prevalência de doenças gastrointestinais associadas à Salmonella entérica e à Campylobacter jejuni, ambos patógenos reconhecidos no mundo como os mais frequentes agentes zoonóticos que são transmitidos pelo consumo de aves contaminadas. 52 Essas infecções que se apresentam como surtos ou casos esporádicos causam grandes perdas econômicas devido às atenções médicas e à redução da produtividade por perda de mercado. As pessoas infectadas, além de sofrer severos casos de gastroenterite, podem ter sequelas como sepsia (Salmonella) e Síndrome de Guillain-Barré (Campylobacter). Apesar de sua baixa incidência, o perigo dessa doença está principalmente em sua taxa de letalidade (aproximadamente de 20 a 30%). Está frequentemente presente nos alimentos crus, tanto de origem vegetal como animal, e pode se converter em endêmica nos ambientes de produção e processamento dos alimentos. Também se encontra nos alimentos processados, sendo a principal causa de infecções de alimentos prontos para o consumo, tais como cachorro-quente, embutidos fermentados ou desidratados e outras carnes e aves de fiambreria. Tanto a Salmonella entérica como a Campylobacter jejuni são agentes zoonóticos que habitam o intestino das aves, portanto durante o processo de abate é frequente que se contaminem as carcaças, porque a evisceração libera fluídos intestinais ricos nestes e em outros patógenos. A principal fonte de contaminação destes produtos é o contato direto com produtos crus ou com superfícies contaminadas com a L. monocytogenes (contaminação cruzada), que ocorre depois de ter sido submetida a um tratamento térmico durante o processamento(17). É por isso que mesmo que haja um número baixo de carcaças contaminadas elas infetem as superfícies e utensílios que logo servem como portadores de patógenos para as carcaças eventualmente não contaminadas. Isso se deve a fatores de adaptação que permitem a certos tipos deste patógeno persistirem no ambiente de processamento de alimentos. Entre esses fatores podemos mencionar sua capacidade de crescer a baixas temperaturas (< 4°C), aderir às superfícies e aos equipamentos utilizados nas plantas para formar biofilmes e a resistência a desinfetantes e sanitizantes empregados regularmente na indústria alimentícia. Quando a Listeria se adere nas superfícies, estas se tornam fontes potenciais de disseminação e contaminação de produtos crus e processados, dificultando assim sua eliminação. Esses resultados abrem a possibilidade de reduzir a contaminação cruzada em muitos processos comuns na indústria de alimentos, pelo simples fato de usar superfícies de cobre. Isso é muito factível se levar em conta que o custo de instalação das superfícies de cobre é totalmente competitivo com os atuais usados pela indústria alimentícia. É por isso que atualmente as indústrias de alimentos estão utilizando diferentes métodos para reduzir o risco de contaminação por L. monocytogenes, tais como agentes antimicrobianos, calor, Listeria monocytogenes irradiação e fermentação. Durante os últimos anos, a literatura científica cita a eficácia do cobre para inativar muitos tipos de micro-organismos. O cobre impede a multiplicação da Listeria monocytogenes, um patógeno letal de alimentos prontos para o consumo A L. monocytogenes é um patógeno oportunista que afeta principalmente as pessoas com condições subjacentes (imunossupressão), mulheres grávidas, fetos ou recémnascidos e pessoas idosas. Esse patógeno é responsável por 2.500 casos de doença e de 500 mortes anualmente nos EUA. Mais Informação: 17. Faúndez G, Troncoso M, Navarrete P, Figueroa G. Antimicrobial activity of copper surfaces against suspensions of Salmonella enterica and Campylobacter jejuni. BMC Microbiol. 2004 April, 30; 4:19. 53 Copper Connects Life. ™ Apesar das propriedades bactericidas do cobre puro, seu uso nas diferentes áreas da indústria de alimentos está limitado, pois reage com agentes ácidos e oxidantes e não é tão durável como o aço inoxidável, formando uma pátina indesejável. No entanto, as ligas de cobre manteriam as mesmas características antibacterianas e seriam duráveis e apropriadas para o uso nos ambientes de processamento de alimentos. A mesma eficácia antimicrobiana e taxa de inativação de L. monocytogenes por contato foi observada com ligas de cobre de 96% (bronze-silício), 95% (bronzealumínio) e 90% (latão). As ligas de baixo conteúdo de cobre, tais como as de cobre-níquel (89%) e níquel-prata (65%), inativaram a L. monocytogenes em prazos de 75 e 90 minutos, respectivamente. No aço inoxidável essas bactérias permaneciam depois de 90 minutos. Assim as ligas de cobre têm o potencial de reduzir a incidência de contaminação cruzada com o poderoso patógeno L. monocytogenes, o que não ocorre com o aço inoxidável. Foram realizados estudos da eficácia antimicrobiana em distintas superfícies de contato, nas quais demonstrou-se que o cobre e certas ligas deste metal (de pelo menos 65%) inativam facilmente vários dos tipos mais virulentos de Listeria monocytogenes. Dada as evidências do estudo, o uso do cobre, tanto em superfícies de contato como nos equipamentos de processamento de alimentos, poderia ser uma medida eficaz para reduzir significativamente a contaminação bacteriana e controlar a contaminação cruzada com patógenos bacterianos como a Listeria monocytogenes. As taxas de sobrevivência da Listeria monocytogenes determinadas por um estudo(18) se limitaram a 60 minutos à temperatura ambiente (20°C) ao estar em contato com o cobre puro (100%). Mais Informação: 18. Evaluación de riesgos de Listeria monocytogenes en alimentos listos para el consumo. 2004. Organización de las Naciones Unidas para la Agricultura y la Alimentación (FAO) y de la Organización Mundial de la Salud (OMS). 54 Desde então, há centenas de documentos sobre o tema. A lista de aplicações sanitárias é ampla e tem aumentado, contribuindo com os estudos clínicos e pesquisas que demonstram o efeito higiênico do cobre na luta conta as infecções intra-hospitalares. Pesquisas recentes e em processo realizadas pelo professor Bill Keevil e sua equipe na Universidade de Southamprton (Inglaterra) provaram o efeito do cobre e das ligas deste metal na sobrevivência de várias bactérias em superfície seca. Estudo multicêntrico sobre o efeito de ligas de Cobre no combate às infecções hospitalares Um dos primeiros organismos testados foi a E. coli O157, um corpo produzido no intestino de gado saudável, que pode contaminar produtos de carne e também pode ser transmitida da carne crua à cozida, resultando uma infecção humana. Os resultados mostraram que o cobre inativava níveis extremamente altos de contaminação de E. coli em menos de 90 minutos em temperatura ambiente. Latão e ligas de cobre e zinco atingiram uma inativação total de bactérias em duas horas, enquanto o controle com o aço inoxidável permaneceu fortemente contaminado, inclusive depois das 6 horas de duração da prova. Em ambientes nos quais a contaminação é alta, projetistas e operadores de instalações de saúde devem levar em conta as propriedades antimicrobianas naturais do cobre, o metal mais antigo da humanidade. Em tempos passados, o cobre era considerando útil por seus poderes de cura, em grande parte devido às suas propriedades antibacterianas e antifúngicas, no tratamento de feridas e doenças de pele. No momento que as infecções adquiridas em hospitais emergiram como um tema importante, Keevil testou o cobre com uma das mais virulentas amostra resistente aos antibióticos: a Staphylococcus aureus resistente à meticilina. A equipe de pesquisadores demonstrou que a bactéria era eliminada depois de uma hora e meia em cobre e depois de 4 horas e meia em latão a 20°C. Foram detectados organismos patógenos vivos em aço inoxidável depois de 6 horas a 4°C. Já no cobre a eliminação se completou em 6 horas. Alguns estudos usando menos patógenos semelhante ao real mostraram completa eliminação de SARM e de E. coli em 20 minutos e a temperatura ambiente. Os antigos egípcios usavam o cobre para esterilizar feridas e para obter água potável. Em 2.600 a.C., Hipócrates o usava para tratar feridas abertas e irritações da pele. Em torno do ano 400 a.C., os romanos e os astecas utilizavam cobre no tratamento de doenças e os persas e índios o utilizavam para tratar furúnculos, infecções oculares e úlceras venéreas. As formas de cobre aplicadas no tratamento de doenças iam desde a farpa e a limalha metálicas até os vários óxidos e sais de cobre produzidos naturalmente. Os egípcios e os romanos também usavam instrumentos cirúrgicos de cobre e bronze, como agulhas, facas e espéculos vaginais. Exemplos podem ser vistos em coleções de museus e são um testamento da longevidade das ligas de cobre. No século XIX, em relação à descoberta dos micróbios e sua associação com enfermidades, os cientistas começaram a compreender os processos nos quais o cobre servia para esses propósitos. O Dr. Keevil concluiu que os resultados ratificaram o uso de cobre como material sanitário em aplicações e elementos de saúde, o que se aplicou no Hospital Selly Oak de Brigminingham (Inglaterra) durante 2007 e 2008 e em outros lugares do mundo. Esse é um estudo multicêntrico conduzido pela International Copper Association, que inclui sete centros de saúde (Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, Japão e Chile). 55 Copper Connects Life. ™ No caso dos ensaios clínicos no Hospital Selly Oak, monitorouse a contaminação em salas com equipamentos e instalações de ligas de cobre, comparando-se com os níveis em outras salas equipadas com aço inoxidável. O estudo demonstrou que as superfícies com materiais que contêm cobre eliminam uma ampla classe de potenciais e prejudiciais micro-organismos, reduzindo significativamente o número de patógenos que podem entrar em contato com pacientes, visitantes ou a equipe de profissionais. A pesquisa concluiu que os instrumentos elaborados com cobre têm cerca de 95% menos micro-organismos, comparado com os mesmos utensílios feitos com materiais padrões, tais como o aço inoxidável. As provas demonstraram claramente seu efeito em patógenos como Staphylococcus aureus resistente à meticilina (SARM), E. coli O157, Listeria monocytogenes, entre outras. Os dispositivos foram higienizados duas vezes ao dia e o mesmo foi feito com dispositivos elaborados com materiais convencionais. As mostras examinadas pela Universidade de Aston para determinar quantos micro-organismos estavam presentes. Depois de cinco semanas, os instrumentos foram higienizados e testados por outras cinco semanas. Essa técnica foi projetada para evitar o prejuízo causado por instrumentos usados em diferentes lugares e de diversas maneiras. Maçaneta Torneira Antebraços de cadeiras Porta-soro Mesa auxiliar do paciente Gavetas Barras da cama O professor Tom Elliott (microbiólogo e diretor médico na Fundação de Hospitais da Universidade de Birmingahm NHS Foundation Trust) participou ativamente nas provas clínicas do Hospital Selly Oak e observou que o risco de infecções reduziu. Os resultados demonstraram eliminação de 90 a 95% dos organismos patógenos, mesmo após um dia movimentado. As provas de laboratório realizadas na Universidade de Aston (Birmingham) têm demonstrado que o número de patógenos foi reduzido significativamente quando estiveram em contato com superfícies de cobre, em comparação com o ácido inoxidável. O SARM foi eliminado em uma hora depois de ter contato com as superfícies de cobre. Não há dúvida que o brilho do aço inoxidável e do alumínio é associado a ambientes clínicos limpos. Mas o trabalho do dr. Keevil tem demonstrado que a aparência não é tudo e que uma superfície que parece limpa pode conter perigosos patógenos e ser uma fonte de contaminação por dias, semanas e meses. As ligas de cobre mudam sua aparência com o tempo e podem desenvolver uma imagem envelhecida. Apesar disso, foi demonstrado que o material mantém as superfícies limpas e elimina germes. Várias hipóteses têm sido propostas para explicar o efeito do cobre sobre os micróbios, e as pesquisas continuam. Os micróbios necessitam de cobre para sobreviver, mas não resistem quando está exposto a uma superfície de cobre. Para acompanhar os resultados do primeiro estudo clínico deste tipo, os instrumentos que contêm cobre (incluindo torneiras, corrimão, maçanetas, acentos sanitários e barras de cama) foram especialmente elaborados por fabricantes locais e colocados em uma área importante do Hospital Selly Oak. 56 O Cobre e o meio ambiente Gustavo Lagos Sobre a regulamentação ambiental, entende-se como uma medida que impõe à sociedade uma norma ou padrão maior do que o necessário para proteger a vida humana ou das espécies ambientais. Isso normalmente ocorre devido à falta de conhecimento científico e resulta que a sociedade deve pagar mais que o necessário. Por outro lado, quando uma substância presente no ambiente está sub-regulada, significa que o dano ambiental ou à saúde é maior que o necessário. Muitas vezes os regulamentos nem sequer tratam sobre regulamentação ou sub-regulamentação, somente são medidas equivocadas. O Cobre no ambiente Por exemplo, a eliminação dos utensílios de alumínio para cozinhar alimentos, decretada por vários países quando se considerou que o material era a causa do mal de Alzheimer, foi equivocada. Posteriormente demonstrou-se que o metal não causa esse mal. Devido a isto foi desenvolvida a Economia Ambiental, que estuda os custos e benefícios gerados pelas medidas ambientais aplicadas pela sociedade. Ótimo para a sociedade é ter regulamentações que sejam “rentáveis”(1) (D.W. Pearce, 1990), de acordo com os objetivos que a própria sociedade escolhe. Esse conceito é utilizado por todas as grandes agências regulatórias mundiais na adoção de medidas. Introdução Há um consenso na comunidade científica de que o desenvolvimento de regulamentações ambientais sólidas e em favor da vida aquática deve se basear na “ciência de bom nível”. Este princípio se estende a todos os âmbitos da atividade regulatória ambiental e da saúde humana. A ciência permite identificar e quantificar os efeitos ambientais e atribuir uma causa determinada. Isso é conhecido como a relação de causa-efeito. Se a relação entre a concentração de uma substância no ambiente e o dano que essa produz for conhecida, seja para espécies, ecossistemas ou seres humanos, é possível regular sua emissão e determinar que a concentração gere um dano aceitável para a sociedade ou que o nível ambiental não sofra dano absoluto. Além disso, há uma dimensão adicional relacionada ao avanço da ciência e da relação custo/eficácia da regulamentação ambiental. Esta demonstra que as nações mais pobres protegem menos o meio ambiente que as nações desenvolvidas ((B.R. Copeland (2004), J.Strand (2002)). Portanto, as nações em vias de desenvolvimento não podem se dar ao luxo de regulamentar, o que é permitido às nações desenvolvidas. Os conceitos anteriores levam à conclusão de que os regulamentos destinados a concretizar o princípio de “emissão zero” ou, pior ainda, “concentração zero” são muitas vezes equivocados não só porque tentam criar uma regulamentação, mas porque, em muitos casos, são impossíveis de aplicar. A diferença entre um regulamento que limita o dano a um nível aceitável e um que o elimina depende da natureza da relação causa-efeito e não da precisão do regulamento. Em outras palavras, é possível identificar os níveis de presença de algumas substâncias que não produzem dano ambiental ou à saúde humana, mas em alguns casos, a menos que se reduza a concentração a zero, não se reduzirá completamente o efeito. As substâncias que provocam o câncer, por exemplo, bastam que estejam em quantidades ínfimas para que produzam o efeito, enquanto que a presença de substâncias na água e que provocam náusea, o fazem sempre quando estão acima de certa concentração. Abaixo disso causa efeito algum. - (1) O significado deste termo é que uma medida é rentável quando gera os benefícios esperados pela sociedade. 59 Copper Connects Life. ™ Por exemplo: uma regulamentação que tenta limitar a emissão de arsênico a zero é praticamente impossível de se aplicar, pois é um elemento que existe naturalmente na crosta terrestre e, portanto, encontra-se presente em quase todas as rochas, ainda que seja em quantidades muito pequenas. O que pode ser considerado para a regulamentação do tipo “emissão zero” são aquelas substâncias que são exclusivamente criadas pelos processos produtivos e que não existem na forma natural. Após 30 anos do início da revolução ambiental nos países desenvolvidos, o progresso na qualidade da ciência e o número de cientistas destinados a resolver os principais problemas da evolução do ambiente global demonstram que o enfoque da ciência pode gerar soluções para muitos dos problemas ambientais atuais. Este trabalho teve como objetivo comunicar uma visão dos principais progressos científicos ocorridos na indústria do cobre dos últimos vinte anos para que se compreenda o seu papel no meio ambiente, na saúde e na geração de soluções que serão regularmente “rentáveis”. A necessidade de usar o Princípio de Precaução torna-se menos urgente na medida em que a ciência avança. Esse princípio propõe que, na ausência de informação científica, é “aceitável” regulamentar devido à presunção de uma relação de causa e efeito, para proteger a vida humana e o meio ambiente. Com o avanço da ciência, muitas medidas inadequadas de precaução já adotadas podem ser identificadas e corrigidas. A utilização do princípio de precaução é muito ineficiente do ponto de vista econômico, pois regulamenta muitas situações gerando custos desnecessários à sociedade. A história a seguir ajuda a compreender o porquê do cobre ainda permanecer como uma das matérias-primas mais importantes da sociedade contemporânea, depois de nove mil anos de uso e ao lado do ouro, como os dois primeiros metais usados pelo homem. 60 As propriedades dos elementos estão ordenadas na tabela periódicas dos elementos, descoberta pelo célebre cientista russo Dmitri Ivánovich Mendeléiev em 1869. O cobre fica na coluna dos elementos mais nobres e divide com a prata e o ouro uma série de propriedades químicas e físicas. Suas características são surpreendentes: é o segundo melhor condutor elétrico (depois da prata) e é seguido pelo ouro e pelo alumínio. Por esse motivo, o cobre é o material preferido para a condução elétrica, pois é mais barato que a prata e suas propriedades físicas também o favorecem. O contexto do Cobre no mundo Esta é a ordem destes elementos para a condutividade térmica. Por isso o cobre é o material preferido para muitas aplicações que exigem a condução e dissipação do calor, como os radiadores de automóvel, os refrigeradores e os aparelhos de ar condicionado, entre outros. Além disso, é um elemento essencial para a vida. Os seres humanos ingerem poucos miligramas de cobre diariamente nos alimentos e na água, mas sem os quais não poderiam viver. Ao mesmo tempo, é um material extraordinariamente eficaz na eliminação de bactérias e vírus nocivos à saúde. O cobre tem outras duas propriedades extraordinárias. Por um lado forma ligas(3) conhecidas como o bronze, usado durante milênios em estátuas, ornamentos, telhados, armas e diversos utensílios. Em 2007 e 2008 o uso do cobre no mundo foi de pouco mais de 18 milhões de toneladas (WBMS, 2008), o que representava um uso per capita de cerca de 2,6 kg por pessoa por ano, considerando-se uma população mundial de 6.800 milhões de pessoas. Apenas dois metais, o ferro e o alumínio, superaram o cobre em tonelada de uso, com cerca de 950 milhões e 43 milhões de tonelada, respectivamente. Frente outros metais como o zinco (11 milhões de toneladas), o chumbo (4 milhões), o níquel (2 milhões), o estanho (300 mil), o molibdênio (200 mil) e a prata (20 mil), o cobre é um verdadeiro gigante (USGS, 2008), (Radettzki M., 2009). O cobre é um elemento relativamente raro na crosta terrestre (presente em somente 68 partes por milhão) e muito menos abundante que o ferro e o alumínio, que estão presentes em 6,2% e 8,3% respectivamente (tabela 1). Em outras palavras, o ferro e o alumínio são cerca de mil vezes mais abundantes na crosta terrestre que o cobre. A figura 1 mostra a abundância relativa dos elementos na crosta terrestre, na qual o eixo vertical mostra o número de átomos de cada elemento pelo número de átomos de silício(2), e no eixo horizontal mostra o número atômico de cada elemento, o que é proporcional ao peso atômico dos elementos. Os elementos na crosta terrestre seguem um ordenamento natural que tem relação com seu número de elétrons e nêutrons. Figura 1: Presença dos elementos na crosta terrestre(CdM1). (2) O silício é o segundo elemento mais abundante na crosta terrestre, representando cerca de 28% no peso deste. (3) Mescla de cobre e outros metais. 61 Copper Connects Life. ™ O cobre combinado com água forma a malaquita, mineral verde de muita beleza, usado em joias, estátuas e diversos adornos. O seu mais célebre uso foi na construção de uma sala particular de malaquita no famoso Palácio de Inverno (hoje Museu Hermitage) de São Petesburgo, para o czar Nicolau da Rússia. Outros minerais ornamentais com base de cobre são a azurita, a calcantita, a turquesa, a dioptasa, a crisocola e a atacamita. Fluxo de cobre no mundo Uma minúscula fração de cobre que há na Terra se move de forma constante. Do solo ao ar (por ação do vento e das atividades humanas), dos oceanos até a atmosfera (por efeito de evaporação), mediante as erupções vulcânicas, a partir das partículas emitidas em incêndios, da flora, da fauna, do solo e dos seres humanos, em partículas biogênicas (4), por meio da extração de minerais, a partir das emissões industriais e de produtos de cobre em uso, na água subterrânea e de superfície, nas correntes marinhas e nos sedimentos, nos alimentos e na poeira cósmica que chega a terra de forma constante. Quanto cobre existe no mundo? De acordo com Greenwood e Earshaw (1984), as rochas da crosta terrestre contêm em média 68 partes por milhão (ppm) de cobre. Outros metais e elementos estão presentes de acordo com a tabela 1. Elemento ppm Oxigênio 455.000 Cloro 126 Silício Alumínio Ferro Cálcio Magnésio Sódio Potássio Titânio Hidrogênio Magnésio Enxofre 272.000 83.000 62.000 46.600 27.640 22.700 18.400 6.320 1.520 1.060 340 Cromo Níquel Zinco Cobre Cobalto Chumbo Arsênio Molibdênio Cádmio Mercúrio Prata 122 99 76 68 29 13 1,8 1,2 0,16 0,08 0,08 Carbono Vanádio 180 136 Elemento Platina Ouro ppm 0,01 0,004 Tabela 1: Composição das rochas da crosta terrestre, em partes por milhão (ppm). Fonte: Greenwood e Earnshaw (1984). É surpreendente que o oxigênio, o elemento mais abundante na crosta terrestre e vital para a vida, tenha sido descoberto pelo cientista sueco Karl Scheele em 1772, mais de oito mil anos depois do descobrimento do cobre. O terceiro elemento mais abundante da terra, o alumínio, foi descoberto em 1787 por Antoine de Lavoisier. De acordo com as estimativas de Titon (2004), haveria mais de um bilhão de trilhões de toneladas de cobre na crosta terrestre, o que a um ritmo de crescimento zero chegaria a 100 milhões de anos de uso, sem considerar a reciclagem. Figura 2. Fluxo de elementos e compostos químicos na Terra. Fonte: ICME, 1996 (CdM3). (4) Partículas biogênicas são pequenas partículas que contém vírus, bactérias e outros componentes biológicos e que também podem conter compostos metálicos. Essas partículas podem ser emitidas da flora e fauna, assim como dos seres humanos. Embora as partículas biogênicas possam ser inócuas, a respiração de partículas biogênicas que contém vírus e bactérias é um dos mecanismos de transmissão de muitas outras doenças. A existência de partículas biogênicas na atmosfera não se deve ao cobre nem a nenhum outro metal em particular. 62 Não existem estimativas confiáveis para muitos destes fluxos de cobre. A figura 2 mostra o fluxo do cobre na Terra. Um exemplo é que 93% de cobre que chega à atmosfera ano a ano viria de fontes naturais (ICME, 1996). Sabe-se que em 2008 o cobre usado em diversas aplicações foi na ordem de 23 a 24 milhões de toneladas, dos quais 65% vinham da extração de minas, 12% da reciclagem, fundamentalmente usado, e o resto provinha de sucata nova, usada nos processos de semimanufaturados e produção de bens. A resposta à pergunta “quando cobre existe no mundo?” é: o mesmo que havia desde a formação da Terra, mais a contribuição da poeira cósmica. O cobre que tem sido utilizado nos últimos nove mil anos e nada pode destruí-lo ou eliminá-lo. Onde está o cobre no mundo? O cobre da crosta terrestre geralmente está disperso, mas concentrado em lugares chamados depósitos. Os mais abundantes no mundo são Chuquicamata e El Teniente, ambos localizados no Chile. Estes depósitos têm sido explorados por cerca de cem anos e ainda são reservas economicamente extraíveis por mais de 50 anos(8) (Codelco, 2007). Os depósitos têm “recursos” minerais, que são depósitos menos ricos em teores de mineral(9). A poeira cósmica(5) é estimada em aproximadamente 40 mil toneladas por ano, com variação para mais ou menos 50% (Klekociuk, 2005). Esta seria a contribuição total de matéria do espaço exterior, uma fração pequena do que poderia ser cobre. Este é próximo da cifra de 30 mil toneladas citada por Bryson (2003). Há uma ampla variedade de cifras disponíveis para a composição da poeira cósmica. Aqui se usou o valor de 60 partes por bilhão(6) para estimar a quantidade de cobre trazida pela poeira cósmica, bastante inferior à composição da crosta terrestre. O poço de Chuquicamata tem um quilômetro de profundidade. Abaixo há outro quilômetro de reservas e recursos conhecidos. Mais abaixo ainda não foi explorado. O que se conhece dos depósitos é o que está perto da superfície. É altamente provável que em um ou dois quilômetros em direção ao interior da crosta terrestre haja muitos depósitos desconhecidos na atualidade. A quantidade de cobre trazida pela poeira cósmica por ano é na ordem de poucos quilogramas, o que é insignificante em relação ao conteúdo da crosta terrestre e relativo às reservas econômicas conhecidas. Posteriormente as fontes antropogênicas(7) de cobre serão analisadas em mais detalhes. (5) (6) (7) (8) Incluindo os meteoritos, a poeira cósmica pode ser também partículas de pequeno tamanho. http://www.webelements.com/periodicity/abundance_meteorite_stony/bar_chart.html Emissões geradas pelo homem Denomina-se “reservas” a quantidade de mineral que é economicamente extraível de acordo a uma definição do US Bureau of Mines que se uniu há mais de uma década com o US Geological Survey, USGS. Outras agências governamentais têm definições de reservas levemente distintas, e a usada internacionalmente como referência é a do USGS. (9) A lei de um mineral é a concentração de metal que contém, que usualmente se expressa em percentual, mas pode ser expressado também em gramas de metal por tonelada de rocha ou em outras unidades. 63 Copper Connects Life. ™ Variável Recursos de cobre na crosta terrestre MT 2,0 * 109 Tilton, 2004 Reservas de cobre MT 380 Tilton, 2004 Demanda total de cobre no século XIX MT 10 Demanda total de cobre no século XX MT 464 World Bureau of Metal Statistics Produção de cobre primário no século XX MT 411 World Bureau of Metal Statistics Produção de cobre secundário (sucata velha) no século XX* MT 52 Subtração entre produção primária e uso Inventário de cobre em uso no mundo em 1996 MT 210 Jolly, 2001 Cobre em aterros no mundo em 1996 MT 250 Lagos, 2004 anos 27 Vida média do cobre em uso, 1996 Isso se explica pelo fato da engenharia permitir reduzir a duração da construção de novas minas. De fato, o prazo compreendido entre o início e o fim da construção de uma mina caiu cinco anos em média, de 25 anos até 3 anos na atualidade. Unidade Quantidade Referência A explicação para que as reservas conhecidas de cobre tenham tão curta expectativa de vida é que elas dependem da quantidade de investimento em exploração e das tecnologias de exploração e processamento. As empresas proprietárias dos depósitos não têm incentivos para investir na exploração de suas reservas, conhecidas há 20 anos ou mais, porque o valor que eles descobrem não seria explorado rapidamente. Ou seja, o “valor presente”(10) dos seus investimentos não cresceria significativamente. Estimativa do Centro de Mineral, 2009 40 Jolly, 1997 MT: milhões de toneladas; * A produção total de cobre secundário (sucata velha) foi estimada como a diferença entre a demanda de cobre e a produção de mina. Essa cifra é provavelmente uma subestimação da sucata velha refinada. 35 Anos 30 Tabela 2: Indicadores da localização do cobre no mundo(CdM4). As reservas conhecidas de cobre eram de 380 milhões de toneladas, como se observa na tabela 2. No século XX a produção de cobre reciclado foi bastante menor que a produção de cobre de mina, o que será analisado mais adiante. Também se nota que o cobre que estava em uso em 1996 (210 milhões de toneladas) foi semelhante às 250 milhões de toneladas que se encontram depositadas em aterros. 25 20 15 1930 As reservas conhecidas 1950 1960 1970 Anos 1982 1990 1998 Figura 3. Espectativa de vida das reservas de cobre, dada à taxa de crescimento do uso de 3% anual. Fonte: US Bureau of Mines e USGS. Outro aspecto notório das cifras da tabela 2 é que as reservas conhecidas em 2004, de acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), eram ínfimas em relação ao total de cobre na crosta terrestre. De fato, com a média aritmética das reservas conhecidas, conclui-se que em 2000 estas duravam 23 anos, a um ritmo de crescimento de 3% anual de uso de cobre. Isso, certamente, parece muito pouco para um observador não especialista. Por outro lado, quando uma nova tecnologia de extração ou de processamento é inventada, aumentam as reservas, já que isso possibilita extrair minerais de uma “lei” mais baixa que antes, obtendo as mesmas utilidades. Essa fonte de novas reservas tem sido mais importante do que a descoberta de novos depósitos em épocas antigas. Os números anteriores indicam que não se percebe uma escassez de oferta de cobre em curto prazo, ou seja, a indústria de mineração pode proporcionar as necessidades do mercado de cobre. Tilton (2007) faz uma análise sobre as reservas e recursos de cobre disponíveis. A figura 3 mostra a evolução da expectativa de vida das reservas econômicas de cobre, utilizando dados do US Bureau of Mines e do USGS. Nota-se que a taxa se manteve em intervalos entre 23 e 35 anos nos últimos 70 anos do século XX, com uma tendência de redução de cerca de 23 anos na última década do século. (10) O valor presente é o valor atual do dinheiro que será disponível no futuro. Por exemplo, um dólar que será disponível em 2020 valerá significativamente menos em abril de 2009 que em maio de 2009. 64 A figura 4 mostra o ciclo de vida do cobre de uma forma simplificada, omitindo produtos intermediários e vários processos alternativos, desde que o cobre é extraído do solo até quando é reciclado ou disposto em aterros. O ciclo de vida é um conceito importante, já que faz parte de um processo de análise usado atualmente pelas empresas que fabricam bens de consumo e também pelo governo e agências regulatórias para comparar os insumos, produtos e emissões dos diversos produtos e processos. Ciclo de vida do Cobre O cobre de mina é extraído e processado, geralmente por fusão e refinação(11), e posteriormente é vendido como cátodo às empresas semimanufatureiras, que fabricam placas, cabos, fio elétrico, barras, tubos, lâminas e ligas. Os condutores elétricos e tubos são vendidos diretamente ao público, enquanto os outros produtos são adquiridos pelos fabricantes de bens de consumo, como automóveis, televisores, refrigeradores, computadores, aviões, canalização, panelas e artigos ornamentais e artesanais, entre outros. Figura 4: Diagrama de fluxo da produção de cobre(CdM6). Reciclagem Cobre Novo Reciclagem do Cobre Secundário Disposição Final (11) Também podem ser processados por lixiviação, extração por solventes e eletrólise. 65 Copper Connects Life. ™ É interessante para as empresas que fabricam radiadores de automóveis comparar insumos e a emissão dos radiadores de cobre e de alumínio. Por isso, estima-se a quantidade de energia gasta para fabricar esses radiadores, desde que o cobre e o alumínio se extraiam do solo ou se reciclem, até que esses materiais sejam reciclados ou descartados em aterros. Calculam-se também todas as emissões geradas em todas as etapas da vida do cobre e do alumínio e a duração do uso desses radiadores. Cobre disponível por setor econômico Vida útil Vida útil (Jolly, 2001) (Henstock, 1997) Vida útil (US Bureau of Mines, 1974) Participação por setor no uso total, 1996 (Sebastian Escala, 2000) Construção 45 35 25 23,2 Transporte 15 10 9 22,0 Eletricidade 40 30 23 25,6 Máquinas industriais 20 15 18 17,0 Bens de consumo 15 10 7 12,0 Média 27 20 16 Tabela 3: Vida útil do cobre por setor econômico e participação de setores no uso total(CdM7) Lagos (2004) usou dados de Jolly (2001) para estimar o cobre disponível para reciclagem no ano 2000. É importante destacar que a vida útil do cobre vem se alongando com o progresso tecnológico, embora não em todas as aplicações. Mais de 200 milhões de lares no mundo têm canalização de cobre(13) e o período de modificação destas aumentou. Em contrapartida, o cobre utilizado em computadores e celulares diminuiu, já que esses bens têm uma vida útil curta. Esse método se denomina “Análise do Ciclo de Vida” e lança indicadores ambientais que são considerados, junto aos custos de fabricação, para decidir que material utilizar. O mesmo tipo de análise tem sido feita para inúmeros produtos, como copos de papel em comparação aos copos de plástico, tubulação de aquecimento e de água potável, entre outros. Por enquanto, esses métodos são inteiramente voluntários(12). O conceito mais avançado de fabricação é o que se preocupa com o ciclo de vida dos produtos, buscando alcançar o máximo da reciclagem (do “berço” do material ou do processo até seu “túmulo”) para gastar o mínimo de energia e emitir o mínimo de poluentes prejudiciais para o homem e para o meio ambiente. A vida útil média do cobre nas diversas aplicações era de 27 anos no ano 2000 (Lagos, 2004). A tabela 3 mostra os usos mais relevantes e a fração de mercado que representavam em 1996. Jolly (2001) indica que a vida útil média do cobre na construção era de 45 anos. Ou seja, se uma casa foi construída em 1955, só em 2000 se trocariam os canais, canos e as torneiras, permitindo que o cobre originalmente instalado estivesse disponível para reciclagem. Em 2000, 23,2% do mercado de cobre foi destinado à construção. (12) Esse método está contido nas normas ISSO 14001 (13) Estimativa de G. Lagos 66 A Bolsa de Metais de Londres (BML) foi criada em 1876 e começou a transacionar cobre e estanho. O primeiro “contrato padrão” da BML foi a “Chilean Bar”, criado em 1883, quando o Chile havia passado o auge da produção de cobre do século XIX, em que chegou a produzir mais da metade do cobre do mundo. O acordo foi feito porque o cobre chileno representava a maior parte do cobre transacionado na Europa nessa época. Na figura 5 se observa que o crescimento do uso do cobre na era moderna teve sua primeira crise significativa no término da Primeira Guerra Mundial, em 1918. 1600 Uso do cobre (milhares de toneladas) Usos do Cobre Fim da 1ª Guerra Mundial. 1400 1200 1000 800 Começo da Revolução Industrial 600 400 200 0 1830 1840 1850 1860 1870 1880 Anos 1890 1900 1910 1920 Figura 5. Uso do cobre entre 1835 e 1920. (Fonte: Base de dados do Centro de Mineração, PUC(CdM8)) Descobrimento da eletricidade e a Revolução Industrial Um olhar sobre o uso do cobre no século XX A figura 6 mostra o uso do cobre de 1900 a 2007. Enquanto no século XIX a demanda do cobre cresceu 45,2 vezes (de 10 mil toneladas anuais em 1800 para 452 mil em 1990), no século XX o crescimento foi de 33 vezes até chegar a 15,1 milhões de toneladas (Lagos G., Henríquez H., 2004). Em termos de crescimento anual, a demanda no século XX aumentou em pouco mais de 3,5% comparado com 4,5% anual para o século XIX. O crescimento foi, em média, 3,6% na primeira metade do século XX e 3,4% na segunda metade. Embora a descoberta da eletricidade data da época de apogeu da civilização grega, os primeiros usos industriais começaram depois do descobrimento do dínamo por Miguel Faraday em 1831. A aplicação massiva da eletricidade se deu depois de 1879, com o descobrimento da lâmpada incandescente por Thomas Edison, que utilizava um filamento de platina só a 10 volts. Não é de admirar que antes do descobrimento da eletricidade, no século XIX, a utilização de cobre foi bastante baixa, chegando em 1850 a pouco mais de 50 mil toneladas. A figura 5 mostra o uso do cobre de 1835 a 1920 e o efeito que teve a Revolução Industrial (que começou em 1870 na Inglaterra) no crescimento de mercado. Apresenta ainda o aumento explosivo da eletricidade e da utilização do cobre entre 1875 e 1917. Nos 42 anos anteriores, entre 1833 e 1875, seu uso aumentou pouco menos de quatro vezes. Como visto nas figuras 5 e 6, há períodos em que o uso do cobre baixa, e isso coincide com as crises econômicas mundiais. Além da baixa na Primeira Guerra Mundial, verificamse a redução do uso após a Grande Depressão (em 1929), a menor redução que seguiu ao fim da Segunda Guerra Mundial (1945), a crise do petróleo de 1974 e a crise econômica de 1982 (que foi acompanhada pelo início da aplicação das principais leis ambientais nos Estados Unidos). A indústria de mineração de cobre no país praticamente fechou e teve que se transformar tecnologicamente para seguir operando com as novas exigências de emissão de poluentes impostas. 67 Copper Connects Life. ™ Em 1990 a demanda foi reduzida novamente devido ao colapso da União Soviética e dos países que formavam o Pacto de Varsóvia. Finalmente, verifica-se a Crise Asiática, que começou em 1998. Não se observa nesta figura muitas outras crises econômicas de menor escala. Estes ciclos de preço, e em particular os auges de preço, são fundamentais para o desenvolvimento de novas tecnologias e para a obsolescência tecnológica. A razão é que nem todos os materiais concorrentes aumentam seu preço na mesma proporção. Por exemplo, no último auge de preços, o alumínio e o plástico aumentaram seu preço muito menos do que o cobre. Assim, houve um menor uso de alguns produtos de cobre, tais como os tubos para o transporte de água, os telhados e até mesmo para algumas aplicações elétricas , já que os consumidores preferiram produtos de menor preço. 20000 Uso do cobre (milhões de toneladas) 18000 16000 14000 Isso gerou uma importante substituição destes produtos de cobre. O problema é que quando o preço cai, é possível que os usos originais destes produtos não se recuperem aos níveis anteriores. 12000 10000 8000 6000 4000 Um olhar sobre o uso do cobre por pessoa 2000 Como se observa na figura 7, o uso do cobre caiu de 40 gramas per capita por ano (no ano do nascimento de Cristo) para 10 gramas em 1800. Houve dois picos de uso neste período de 1.800 anos, um gerado pelo auge da metalurgia no Império Romano (55 d.C) e outro pela Dinastia Sung na China. Os anos de menor uso per capita neste período foram os da Idade Média. 0 1900 1920 1940 1960 Anos 1980 2000 Figura 6. Uso do cobre de 1900 a 2007 (Fonte: Base de dados do Centro de Mineração. PUC[CdM9]) Ciclos de preço e tecnologia A redução do uso de cobre baixa o preço, pois há mais oferta do que demanda. Durante o século XX existiram ciclos de preço diversos, que duraram em média dez anos entre o máximo do preço anterior e o máximo do seguinte. Mas houve variações nas durações de alguns ciclos, como na minicrise de 1993. gms / capita / ano no mundo 70,0 A demanda e utilização do cobre (e não a oferta) colaboram para desencadear crises econômicas e também os auges. Os produtores de cobre e as empresas de reciclagem, que geram a oferta, procuram satisfazer a demanda e estão presentes na promoção de novas aplicações e tecnologias, na proteção aos concorrentes e para assegurar que os produtos elaborados à base de cobre tenham acesso aos mercados frente às crescentes exigências das regulamentações ambientais. Esse último fator é combatido por meio do desenvolvimento da ciência e de novas tecnologias. Auge da metalurgia no Império Romano 60,0 Dinastia Sung na China 50,0 40,0 30,0 20,0 Idade Média 10,0 0 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 Anos Figura 7. Uso per capita de cobre entre o ano de nascimento de Cristo e 1.800 (CdM10). As elevações e reduções do uso per capita de cobre dependem do aumento do uso de metal e do aumento da população. Depois da queda do Império Romano e durante 800 anos, a população mundial cresceu mais que o uso do metal. O mesmo ocorreu desde o término da Dinastia Sung na China (1000 d.C), durante a Idade Média e no Renascimento. Os ciclos de preço existem porque o preço sobe quando aumenta a demanda, já que as empresas de mineração não são capazes de suprir o crescimento das necessidades e demoram aproximadamente cinco anos desde a decisão de investir em novos projetos e expansões até que estes entrem em produções. 68 Os dados sobre a utilização do cobre na antiguidade e até tempos presentes foram obtidos por um grupo de pesquisadores a partir da evidência da presença de cobre em relação ao alumínio em geleiras na Groenlândia (Suming Hong, 1996). Supõe-se que a presença de alumínio aumentava de forma constante, devido à circulação natural de poeira de alumínio, até que começou o uso desse metal no século XX, enquanto o cobre era usado desde 9 mil anos, isto é, desde 7 mil anos antes de Cristo. A informação de população foi obtida por Angus Maddison em 2003. A migração de uma parte da indústria de semimanufaturados e de reciclagem metálica para a China, a Índia e outros países de baixo custo de mão-de-obra tem criado distorções importantes nas estatísticas do uso do cobre por país, como se observa na figura 9. Um exemplo é a indústria que fabricava vergalhão no Reino Unido, que migrou desse país e ocasionou o decrescimento natural que experimentou os países desenvolvidos no consumo per capita. Já o Chile exibe um alto índice de uso per capita, pois tem várias empresas semimanufatureiras cujas exportações de vergalhão, tubos e outros produtos não se contabilizam no uso de cobre do país. Finalmente o fato de que o Japão e a Alemanha tenham mantido seus índices de uso per capita indica mais o tipo da indústria semimanufatureira que se manteve nesses países do que o uso interno. 3 20,0 1998: kg/capita/ano 2,5 kg / capita / ano kg / capita / ano no mundo A figura 8 mostra o uso per capita do cobre por ano de 1800 até 2007, período em que subiu de 10 gramas per capita por ano até os 2,7 Kg que se usam atualmente. No mesmo período o uso do cobre subiu 40 vezes, e a população mundial aumentou 6,6 vezes, de um bilhão a 6 bilhões e 600 mil habitantes. 2 1,5 1 2008: kg/capita/ano 15,0 10,0 5,0 0,5 0,0 0 1800 1825 1850 1875 1900 1925 1930 1975 2000 2025 Anos s o o o o a ha ia ia le ul l Ìnd o Unid Brasi Mund Méxic Chin Unido Chi Japã do S Suéc leman n ia A os é r d Rei a o C Est Figura 8. Uso per capita de cobre desde o ano 1800 até os dias atuais (CdM11). Figura 9. Uso do cobre em quilogramas per capita por ano para 1998 e 2008 (CdM12) A intensidade do uso do cobre(14) diminuiu nos países desenvolvidos entre 1960 e 1985 e posteriormente se estabilizou até final dos anos 90. Depois seguiu reduzindo. Isso se explica porque esses países já alcançaram o nível de infraestrutura e construção que necessitavam para seu desenvolvimento industrial, e por isso o novo desenvolvimento está focado em indústrias menor estrutura. As aplicações elétricas do cobre O cobre é utilizado atualmente em quase todas as aplicações de condução elétrica, como indica a figura 10, representando aproximadamente 70% do total do uso do cobre no mundo. Estes dados mostram que os cabos utilizados na construção, os conectores elétricos e eletrônicos e os cabos de transmissão de potência, são os três usos elétricos mais importantes do cobre na atualidade.Nota-se também que os cabos utilizados nos motores elétricos e em automóveis e veículos de transporte são de grande importância. O uso do cobre por renda per capita tem diminuído nas últimas duas décadas na maior parte dos países desenvolvidos, como se observa na figura 9. Embora o uso per capita do cobre seja um indicador confiável, nos países que não contabilizam os produtos importados e exportados que contenham cobre (tais como produtos semimanufaturados(15), automóveis, e linha branca entre outros) o indicador passa a não ser confiável. (14) A intensidade do uso do cobre em um dado país é em tonelagem de cobre no país dividido por seu produto interno bruto (15) Chapas, vergalhão, tubos, etc 69 Copper Connects Life. ™ Cabo automotivo Transformadores pequenos Barras de cobre 5,3 0,8 3,7 Cabo baixa energia/voltagem 8,5 Cabo telefônico 3,4 Conectores elétricos / eletrônicos 12,6 Cabo computação 0,9 Motores elétricos Cabo construção 8,6 18,5 Outros cabos e conectores 3,3 Cabo comunicação 3,6 Cabo gerador potência 4,9 Transformadores potência Cabo sem isolamento Cabo potência industrial 3,4 10,2 12,4 Figura 10. Usos elétricos do cobre em percentual, 2007: 16,5 milhões de toneladas (Fonte: Commodity Research Unit (CRU), Londres, UK, 2008 (CdM13)). Mas isso não ocorreu, já que a indústria desenvolveu cabos de cobre que podiam transmitir milhões de sinais telefônicos simultâneos(17), competindo com a fibra óptica. Por isso essa fiação utilizada em menos de cem metros em casas e edifícios, a uma fração do preço da fibra óptica, é a que predomina na atualidade. A corrida tecnológica entre o cobre e a fibra óptica segue adiante e conta com insumos cada vez mais eficientes e confiáveis para as comunicações. Isso era fundamentalmente diferente há 25 anos, já que os automóveis de venda em massa não tinham janelas, espelhos, fechos e outras funções automáticas, nem computadores ou ar condicionado a bordo e seus motores usavam uma tecnologia acessível aos aficionados pela mecânica. Hoje é praticamente impossível para os usuários reparar aspectos básicos do motor e de outros sistemas de um automóvel, pois eles são acessíveis somente mediante os computadores dos fabricantes. Isso ressalta que o processo de automatização progressiva que tem ocorrido nos últimos 25 anos na indústria e na sociedade tem favorecido o uso de tecnologias eletrônicas e elétricas, e portanto tem significado um aumento expressivo do uso do cobre. Inclusive se previa o fim do uso do cobre na fabricação da fibra óptica(16) na década de 70. A International Copper Association (ICA), instituição com matriz em Nova Iorque e filiais em diversos países, financiada pelas maiores empresas produtoras e semimanufatureiras de cobre do mundo, tem impulsionado, nos últimos dez anos, programas para desenvolver tecnologias de cobre que sejam mais eficientes no uso e na transmissão da energia elétrica, nas telecomunicações e em vários âmbitos da tecnologia, que fazem do cobre um material mais sustentável. (16) Em 1966 os pesquisadores Charles Kao e G.A. Hockham, dos laboratórios de Standard Telecommunications na Inglaterra, comunicaram que haviam conseguido usar a fibra óptica para transmitir mensagens telefônicas. (17) Isso é obtido por meio do aumento da largura de banda, que tem aumentado para cabos de cobre até 10 Giga bits por segundo, isto é, 10 bilhões de bits por segundo. Um bit é um sinal simples que tem dois valores, zero e um, e aqueles construídos pelos números, palavras e sinais que utilizamos. 70 O Guia de Inovação: tecnologias em novas aplicações de cobre (V.I.2) foi publicado em dezembro de 2007 pela ICA e descreve de forma detalhada os avanços obtidos e as tendências tecnológicas que dominarão o futuro. As aplicações não elétricas do cobre A figura 11 mostra as aplicações não elétricas do cobre, que sofreram as maiores perdas de mercado durante o auge dos preços de 2004 a 2008. O segmento mais atingido foi o das tubulações residenciais, seguido por telhas, cabos para telecomunicação e radiadores automotivos. Alguns exemplos das tecnologias elétricas avançada em cobre: • O rotor de cobre fundido para motores (CMR), que permite reduzir o uso de energia em cerca de 7% em motores de alta potência, é um dos desenvolvimentos mais importantes, considerando que a eletricidade utilizada no funcionamento de motores representa cerca de 40% do total da eletricidade usada no mundo. • A miniaturização de componentes de cobre na eletrônica, em conectores e na transmissão elétrica em automóveis, computadores e outros artefatos que usam cabos, conectores elétricos e circuitos integrados é fundamental para a redução do uso de energia, entre outras coisas, porque significa cada vez mais o uso de menos cobre para essas aplicações. Em automóveis, por exemplo, conseguiuse reduzir mais da metade a espessura dos cabos de cobre entre os vários componentes eletrônicos e elétricos. Tubulações de liga Fio de liga Tiras para munições Tiras para moedas 6,4 3,0 1,1 Os dois primeiros perderam mercado para uma diversidade de materiais, sendo o plástico o mais importante, e com o preço como fator fundamental da mudança. Já os dois últimos perderam mercado para a fibra óptica e para o alumínio (respectivamente) por questões de preço e tecnologia. Os usos elétricos e não elétricos somaram 24 milhões de toneladas em 2007, seis milhões de toneladas a mais que o mercado de cobre contabilizado para estimar o preço nas bolsas de metais. Este total inclui o cobre reciclado que está circulando no sistema e que não significa uma contribuição líquida ao mercado dos usos de cobre. Tubulações residências 11,4 Telhas 2,4 6,8 Outras placas e tiras Barras de cobre 10,4 8,0 Radiadores de automóvel 1,8 Tubulações e tubos comerciais Barras de Liga 22,2 26,6 Figura 11. Usos não elétricos de cobre em percentual, 2007, foram 7,5 milhões de toneladas (Fonte: Commodity Research Unit (CRU), Londres, UK, 2008 (CdM14)) 71 Esse cobre se chama reciclado primário, ou cobre novo, e tem seu ciclo quase inteiramente dentro das companhias semimanufatureiras de cobre e aquelas que fabricam bens de consumo, enquanto que o cobre que entra no mercado e que é contabilizado para a estimativa de preço, para ser usado em tubulações, refrigeradores, construções e outras aplicações, retorna ao mercado no final de sua vida útil. Estima-se que este período é de 27 anos em média, ou seja, o cobre demora esse período para ressurgir no mercado e estar disponível para ser reciclado. Esse cobre se denomina reciclado secundário ou cobre velho. Copper Connects Life. ™ Reciclagem A indústria de reciclagem teve fortes mudanças nos países desenvolvidos na década de 90. Enquanto em 1970 somente se reciclava 30% do cobre velho, em 1999 a eficiência da reciclagem em alguns destes países se aproximava a 40%, impulsionada por fortes regulamentações ambientais. Em contraste ao cobre velho, o cobre novo se recicla quase totalmente, porque os processos estão projetados para recuperá-lo. O cobre “novo” surge usualmente entre a semimanufatura e a produção de bens de consumo e é o cobre que resultou como resíduo destes processos, reciclado de forma imediata. Por outro lado, os bens de consumo entram no mercado e o cobre começa a ser utilizado até o final da vida útil do produto. Parte deste cobre é identificada, separada e transportada à indústria semimanufatureira, passando a constituir a sucata velha ou cobre secundário. Há diversos tipos de sucata secundária, dependendo de sua pureza. O cobre menos puro deve ser refinado novamente ou ser usado para fabricar ligas. O chumbo, metal sob maior pressão para ser reciclado, tem alcançado taxas de cerca de 70% de reciclagem nos países desenvolvidos. A União Europeia tem uma política de minimização de resíduos que inclui uma obrigatória e drástica redução dos resíduos industriais e domiciliares, incentivos na diminuição de resíduos para os produtores, projetos e normas de rotulagem para os produtos reciclados, aquisição de materiais recicláveis por parte do governo, desenvolvimento de mercados de materiais recicláveis e incentivos para aqueles produtores que assumam responsabilidade sobre a reciclagem dos produtos. O processo de reciclagem tem um custo maior do que a extração da mina de cobre, mas que usa menos energia. Esse é o motivo pelo qual uma maior quantidade de cobre não é reciclada. Quando o preço abaixa, não é rentável recuperar toda a sucata disponível, baixando assim o mercado de sucata secundária. Isso ocorreu no final de 2008 e no início de 2009, sendo que os fabricantes de tubulações e de outros bens tiveram que recorrer à aquisição de cátodo de cobre para a totalidade de seu processo. Isso está incentivando as empresas produtoras de bens de consumo a fabricar produtos em que os materiais podem ser facilmente recuperados. Alguns exemplos: o isolamento plástico dos cabos de cobre deve ser separado mecanicamente, evitando processos altamente contaminantes, os motores devem ser desmontáveis para que se possam recuperar as bobinas e os fabricantes de celulares deveram projetar circuitos que permitam uma fácil separação dos diversos metais envolvidos. Apenas uma pequena fração do cobre utilizado se dispersa no ambiente, e obviamente não é reciclável. A estimativa deste material é na ordem de 1% (Lagos, 2004) em relação ao total utilizado. Não são considerados os que vão para os lixões ou que foram abandonados em artefatos. Quanto cobre é reciclado? A pergunta é: “por que se mais de 40% do cobre velho é reciclado nos países avançados, ele representa apenas cerca de 15% do mercado mundial?”. Em 1973 o uso do cobre no mundo foi de 8,7 milhões de toneladas. Considerando que a vida média deste cobre era de 27 anos e terminaria seu uso no ano 2000, diminuímos a dispersão de 1%, ficando teoricamente disponível 8,65 milhões de toneladas neste ano. Mas o uso do cobre em 2000 foi 15,1 milhões de toneladas, assim, mesmo se todo o cobre velho fosse recuperado, faltariam 6,45 milhões de toneladas. A este número se dá o nome de brecha de crescimento de mercado ou brecha geracional. O World Bureau of Metal Statistics destaca que o cobre velho reciclado no ano 2000 foi somente 2 milhões de toneladas. A produção de mina esse ano foi 13,2, o que adicionado a reciclagem de sucata velha, soma o uso de cobre esse ano. Isto é, 23,1% do cobre velho teoricamente disponível foi reciclado. 72 Os dados publicados sobre as taxas reciclagem de cobre variam de acordo com as regiões de origem e dos métodos para estimar a reciclagem, que também são distintos. Por exemplo, se o cobre novo é incluído na reciclagem (que é quase 100%) obviamente a reciclagem do cobre total em relação ao cobre disponível para reciclagem sobe a valores na ordem de 60%. Assim, enquanto o uso do cobre no mundo aumenta ano a ano, há um amplo espaço para a produção da mina. Por outro lado, enquanto os processos de coleta, separação, transporte e processamento de cobre velho para fontes de uso continuam a ser caros, não haverá melhora significativa na recuperação da sucata velha. Uso mundial do cobre em 1973 Uso mundial do cobre em 2000 15,1 MT Brecha de crescimento que não pode cobrir a sucata 8,7 MT Sucata disponível 8,65 MT Perda de 1% por dispersão 1973 2000 Vida útil média do cobre nos produtos Figura 12. Exemplo da brecha de reciclagem devido ao crescimento do mercado (MT: milhões de toneladas (CdM15)). A substituição Já discutimos anteriormente o preço como importante variável de substituição, uma vez que, se o preço do cobre sobe mais do que o dos concorrentes em longo prazo, poderia perder importantes segmentos do mercado. Isso não deveria ocorrer, a menos que houvesse uma escassez de oferta. Os mercados mais ameaçados por novas tecnologias até 2007 eram os de cabos de telecomunicação e os radiadores automobilísticos (CRU, 2008). Em suma, em 2007 o cobre perdeu cerca de 3% de mercado frente à substituição, e a grande maioria dessas perdas foi causada pelo maior custo frente aos concorrentes. A volatilidade do preço do cobre, isto é, o nível de variação no tempo, também seria um fator que afetaria a decisão de fabricantes de produtos. Por outro lado, a substituição poderia ameaçar alguns produtos específicos, devido à evolução de novas tecnologias em que o cobre é menos eficaz que os materiais competitivos ou em que suas propriedades são menos vantajosas. 73 Copper Connects Life. ™ Tabela 4. Aumento das exigências regulatórias(CdM16) para a água potável. (Fonte: Tercera Edición de la Guía de Calidad del Agua Potable, OMS, 2004, y Guías de los años 1997, 1993 y 1984). Valores guia da OMS de algumas substâncias químicas inorgânicas com importância para a saúde quando estão presentes em água potável, março 2009. 1984 1993 1997 2002 Comentário Elemento (ppm) (ppm) (ppm) (ppm) Regulamentação para a saúde e o meio ambiente Antimónio (Sb) 0,05 (P) 0,02 Cancerígeno Arsênio (As) 0,5 (P) 0,01 (P) 0,01 (P) 0,01 (P) Cancerígeno, guia provisório Cádmio (Cd) 0,005 0,003 0,003 0,003 Cancerígeno Sem valor de referência 2,0 (P) 2,0 (P') 2,0 0,001 0,001 0,001 0,001 Mercúrio total é o mercúrio inorgânico e orgânico. Efeitos neurológicos e renais, colapso cardiovascular. Sem 0,07 valor de referência 0,07 0,07 Elemento essencial, potencial toxicidade reprodutiva e mutagênica. 0,01 0,01 Acumulativo no organismo, efeito neurológicos, possível cancerígeno. Cobre (Cu) Mercúrio total (Hg) Molibdeno (Mo) As regulamentações ambientais do cobre são diversas: Chumbo (Pb) • Normas de uso do cobre em aplicações, tais como as instalações elétricas, construções e solos, entre outras. • Normas de materiais que entram em contato com água potável e com alimentos. • Emissões. • Periculosidade de substâncias que contêm cobre, classificação e rotulagem das substâncias. • Normas sobre resíduos. • Normas de qualidade ambiental: concentrações máximas permitidas no meio ambiente e na saúde. • Normas de cobre como material sanitário. • Normas de cobre como elemento essencial. Sem 0,05 valor (P) de referência 0,05 0,01 Potenciais efeitos crônicos no fígado (1993); substituído em 2007 pelo mesmo valor provisório, mas por efeitos agudos (náusea); em 2004 o valor é definitivo, devido a efeitos agudos (náuseas). O Guia da Organização Mundial da Saúde (OMS) apresenta os valores para alguns metais de relevância para a saúde, quando presentes em água potável, como o antimônio, o arsênio, o cádmio, o cobre, o mercúrio, o molibdeno e o chumbo. Exceto o cobre, todos estão regulamentados devido a evidência ou suspeita de evidência de serem causadores de graves doenças e efeitos na saúde humana. Observa-se que em todos os casos, menos para o mercúrio, a regulamentação se fez mais estrita depois de 1984. Esse trabalho cobre fundamentalmente as normas de qualidade ambiental, isto é, as concentrações máximas permitidas no meio ambiente e na saúde. Alguns aspectos das regulamentações sobre o cobre, como material sanitário e elemento essencial, serão discutidos mais adiante. No caso do antimônio, o valor referência de 0,05 ppm foi introduzido em 1993, e em 2004 foi reduzido a 0,02 ppm. Esse valor não é provisório, o que significa que há evidências científicas de que o antimônio em água potável, em concentrações superiores ao valor de referência, gera câncer em quantidade que não é aceitável para a sociedade. Essa quantidade é considerada pela OMS como um caso adicional por ano, entre cem mil que foram expostos a tal água contaminada. A evolução dos padrões da água potável A ciência tem contribuído para que as regulamentações ambientais se tornem cada vez mais rigorosas, como indica a tabela 4. 75 Copper Connects Life. ™ A razão básica para o aumento das exigências dos padrões ao longo do tempo é que as técnicas de análise e teoria estatística, os computadores para processar dados e as ciências e técnicas médicas para estudar os efeitos estão se tornando mais poderosos. Como resultados desses fatos, em 1994, o governo chileno, mediante o Ministério da Saúde, solicitou à OMS a revisão da norma, e se criou uma comissão assessora presidencial, que seguia em funcionamento em 2009. Concedeu um orçamento à comissão e atribuiu a missão de assessorar o presidente da República nas negociações internacionais relativas ao tema de cobre na água potável. Devia ainda assegurar que as pesquisas eram necessárias para elucidar os efeitos do cobre na saúde do ser humano. Outra causa do progresso é a destinação de mais recursos nos últimos 30 anos para estudar as causas de contaminação e seus efeitos. Assim, como a ciência permitiu avanços nas orientações para a água potável, também houve um enorme avanço nos padrões para águas superficiais, subterrâneas e marinhas, para o solo, ar, flora e fauna. A indústria mundial do cobre, por meio da International Copper Association (ICA), por outro lado, incrementou fortemente seu pressuposto de pesquisa sobre os efeitos do cobre na saúde e no meio ambiente. A Organização Mundial da Saúde e a Agência Ambiental dos Estados Unidos O que ficou claro desde o início, é que é necessário ter uma sólida posição científica para que se tenha poder de negociação. Em 1994 havia pouco consenso sobre a contribuição das tubulações de cobre e em que condições geravam altas concentrações de cobre na água potável. Também não havia conhecimento sobre os efeitos gastrointestinais ou sobre os potenciais efeitos hepáticos. Estava quase tudo por fazer. Muito progresso tem ocorrido desde 7 de junho de 1991, quando a Agência Ambiental dos Estados Unidos (EPA) publicou no Registro Federal a célebre norma de “cobre e chumbo”, definindo o cobre como elemento contaminante de água potável, cujo excesso gerava efeitos gastrointestinais, tais como náusea, vômitos e inclusive diarreia. Essa decisão, que culminava em um processo iniciado cinco anos antes com a modificação da lei da “Água Limpa”, provaria ser de grande influência para o cobre, não somente nos Estados Unidos, mas também na Europa e no resto do mundo. Nesse mesmo ano, um comitê de pesquisadores da Organização Mundial da Saúde colocava o cobre, pela primeira vez, em uma lista de elementos que, quando presentes em água potável, produzem efeitos na saúde. Essa classificação (publicada em 1993) tinha caráter provisório devido a falta de evidência científica e colocava o cobre junto a alguns dos metais mais tóxicos conhecidos, como o chumbo, o mercúrio, o cádmio e o arsênio. As razões da OMS eram mais graves que as dadas pela EPA, já que indicavam que o excesso de cobre na água potável gerava cirrose hepática em crianças(16) menores de um ano, podendo inclusive conduzir à morte. A EPA, assim como a OMS, identificou as tubulações de cobre instaladas em casas e edifícios como as responsáveis de gerar altas concentrações de cobre. O Chile, bem como a indústria mundial do cobre, foi surpreendido por essa decisão da OMS, que teve um impacto no mercado futuro e na própria imagem do cobre. (16) Este mal é a toxicose idiopática de cobre (ICT). 76 As pesquisas que mudaram o Guia da OMS Após quinze anos do início da era do cobre e saúde, há um enorme avanço do conhecimento sobre o tema, mas ainda está longe de se responder a todas as perguntas, como ocorre normalmente na ciência. Os marcos mais importantes do progresso gerado desde então são: • Em 1996 um painel de peritos do IPCS (Programa Internacional de Segurança Química, formado pela OMS, a FAO e a OIT) decidiu que não havia evidência científica que relacionava o cobre na água potável com danos hepáticos em crianças pequenas. O resultado de um processo em que o ferro havia sido declarado essencial em 1988 e o selênio em 1996 e que as propriedades e características de todos os elementos da lista obedecem rigorosos critérios contribuiu de maneira chave para o governo do Chile, que organizou uma reunião que culminou com a preparação das bases desta resolução, em Marbella (Chile) em fevereiro de 2001. • Essa conclusão foi adotada pela OMS em 1997, o que mudou a classificação de 1993, utilizando desta vez os efeitos gastrointestinais como causal, embora este valor fosse de caráter provisório. Isso indicou que esses efeitos são leves e inteiramente reversíveis, enquanto que a cirrose hepática é um efeito grave. Quando os seres humanos e outros organismos vivos desenvolvem um déficit de ETE, geram-se efeitos subclínicos mensuráveis, utilizando-se biomarcadores. Quando o déficit aumenta, desenvolvem-se efeitos clínicos reconhecíveis. Quando ultrapassa certos limites, causa a morte. Por outro lado, quando há excesso e o organismo não pode eliminar esses elementos, ocorre a toxicidade. • A União Europeia, por sua vez, mudou seu padrão de água seguindo os passos da OMS. Dessa forma, o cobre foi classificado devido aos efeitos gastrointestinais pela EPA, a União Europeia e a OMS. Essa última ficou à espera dos estudos gerados pelo Chile e pela ICA para determinar exatamente o valor de referência para o cobre. Os ETE são elementos que existem naturalmente na crosta terrestre e estão nos alimentos e na água, em maior ou menor escala. Por isso os seres humanos, assim como outras espécies, ingerem e excretam ETE diariamente. Se a ingestão é insuficiente, ocorre a deficiência. Em contrapartida, se é excessiva, desenvolve-se a toxicidade. O organismo humano tem um mecanismo que permite regular a absorção de ETE(19). Quando a ingestão é alta, há menor absorção, e o contrário ocorre quando há déficit de ingestão de ETE. • Com a nova evidência publicada por cientistas do Chile, dos Estados Unidos, Irlanda e China, em 2004 a OMS culminou o novo processo de revisão do Guia da Água Potável e concluiu que o nível de 2 mg/l de cobre em água potável (ver tabela 4) não gerava efeitos gastrointestinais. Fixou-se o guia de cobre neste nível e eliminou o valor de caráter provisório. Entre os anos 1996 e 2004, a Organização Mundial da Saúde realizou uma série de estudos científicos, que concluíram no novo processo de revisão do Guia da Água Potável, que o nível de 2 mg/l de cobre em água potável não gerava efeitos gastrointestinais. A OMS declarou esses elementos como essenciais, porque a janela entre deficiência e toxicidade foi mínima em alguns casos, não sendo possível aplicar fatores de segurança nas normas ambientais, que são geralmente dez ou mais vezes, já que isso poderia induzir a deficiência. A figura 13 mostra no eixo horizontal a concentração de cobre e no eixo vertical o número de indivíduos afetados pela deficiência ou toxicidade. Essas curvas são genéricas para todos os elementos essenciais e a curva de deficiência é usualmente distinta em forma e alcance da curva de toxicidade. O cobre, elemento essencial para a vida O ferro (Bodwell, 1988), o zinco, o cobre, o cromo, o iodo, o cobalto, o molibdeno e o selênio foram declarados como oligoelementos essenciais (ETE) pela Organização Mundial da Saúde em 2002 (Environmental Health Criteria, 2002). (19) Se denomina homeostasis 77 Copper Connects Life. ™ Outras espécies também ingerem cobre nos alimentos e na água. As plantas assimilam o metal contido em água do solo por absorção ativa por meio das raízes. “Organismos mais simples de vida aquática podem absorver o cobre e outros metais diretamente da água que os rodeia” (Torres, 2002). Modelos de elementos essenciais Efeitos Faixa aceitável de ingestão oral As tubulações de cobre e seu papel na saúde e no meio ambiente Deficiência Estima-se que cerca de 200 milhões de casas no mundo têm instalações de tubulações de cobre para o abastecimento de água potável da rede pública. Isso compreende uma população estimada de cerca de 700 milhões de pessoas, o que representa aproximadamente 11% da população mundial. Toxicidade Concentração Figura 13. Curva genérica de deficiência, toxicidade e faixa aceitável de ingestão oral para um elemento essencial. Quando a água potável está em contato com a tubulação de cobre, pequenas quantidades deste metal se liberam na água. A quantidade que se acumula na água depende do tempo em que a água está sem circular (estagnação), da sua composição e da temperatura. As águas “agressivas” de cobre geram uma maior liberação de metal, o que pode gerar mau gosto e também efeitos como náusea e vômito, quando a concentração da alcança quatro ou mais miligramas por litro. O Programa Internacional de Segurança Química (IPCS, 1998) indica que os casos de deficiência de cobre são muito mais comuns que os casos de toxicidade. O espaço que existe na figura 13, entre a curva da esquerda (deficiência) e da direita (toxicidade), é a Faixa Aceitável de Ingestão Oral (AROI). Há deficiência quando a ingestão diária é menor que o indicado pela curva da esquerda e há toxidade quando é maior do que a curva da direita. Por isso é que a forma segura de estimar a dose máxima de ingestão deve levar em conta se o elemento é essencial, caso contrário, se o fator de segurança é muito grande, pode ser introduzido na zona de deficiência. O efeito não é tão fácil de avaliar, já que depende da sensibilidade dos consumidores. Se estão em jejum, aumentase o efeito. Se a água está misturada com sucos, café ou outras bebidas o efeito é reduzido. O resultado é transitório, durando de poucos minutos a poucas horas, sendo que os indivíduos afetados voltam à normalidade. Em geral se conhecem os lugares onde a água pode chegar a gerar altas concentrações de cobre na presença de tubulações deste metal. Na próxima seção será discutida a toxidade do cobre. Quanto à deficiência, em homens adultos, a recomendação de ingestão mínima de cobre pela OMS é de 0,81 mg/dia (WHO, 1996), enquanto que a dose máxima segura é de 12 mg/dia. Em mulheres, a dose total é levemente menor, devido seu peso corporal ser menor, em média. A maior parte desta dose é ingerida nos alimento, enquanto que a água potável pode contribuir de 0,05 mg/dia, em caso de água cristalina transportada em tubulação que não seja de cobre, até uma média de 0,4 mg/dia, se há tubulação de cobre instalada em casa. O conteúdo de cobre nos alimentos varia fortemente, sendo maior em carne bovina do que em vegetais e frutas. Os mais altos conteúdos de cobre em alimentos no Chile estão nas amêndoas, nas nozes, no chocolate, no feijão, na lentilha, no amendoim e nos camarões (Olivares, 2003). As maiores patologias causadas pela deficiência de cobre em animais e em humanos são a anemia, a neutropenia, a hipopigmentação de cabelo e pele, as malformações ósseas com fragilidade esquelética e a osteoporose, as anomalias vasculares e os cabelos torcidos (WHO,1996). 78 Copper Connects Life. ™ Há basicamente dois enfoques regulatórios. Um deles é encabeçado pelos Estados Unidos e trata a água agressiva para torná-la menos agressiva e prevenir altas concentrações de ferro, cobre e chumbo, atingindo importantes êxitos desde começo da década de 90. Isso gera um custo alto para os consumidores. O outro enfoque, utilizado pela Alemanha, proíbe o uso do cobre em tubulações de lugares onde a água é agressiva. O problema consiste, nesse caso, em predizer que águas são agressivas, para os quais temos desenvolvido um complexo modelo preditivo(20), que está em uso desde o final da década. Até finais dos anos 90, estimava-se que cerca de 5% do território da Alemanha tinha água agressiva para o cobre. Muitos países, no entanto, não possuem nem um e nem outro enfoque, talvez porque os casos de águas agressivas não sejam abundantes. Isso representa cerca de 0,1% do uso mundial de cobre a cada ano. De acordo com os dados do European Copper Institute, cerca de 90% das águas das casas na Europa são tratadas em estações de esgoto, enquanto que 11% se descarregam em águas superficiais. Os metais, incluindo o cobre, contidos nas águas tratadas, usualmente são utilizados como fertilizantes em solos que carecem de cobre, com o objetivo de elevar a produtividade agrícola. Embora as estatísticas de reclamações dos consumidores por esse motivo não sejam confiáveis, ano após ano há registros de dezenas de casos, quase todos provenientes das mesmas regiões nas quais já haviam registrados casos previamente. Os fabricantes de tubulações têm desenvolvido tecnologias para reduzir a liberação de cobre na água potável, com importantes êxitos nas últimas três décadas. No entanto, não há ainda uma solução definitiva para esse tema. A exposição humana a altos níveis de cobre na água potável não é uma preocupação mundial, como demonstram diversos estudos. Tem sido substancial a efetividade das tubulações de cobre no combate de infecções de preocupação pública tais como Legionella pneumophila (presente nas tubulações, tanques e sistemas de refrigeração), methicillin-resistante Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA), Escherichia coli O157 (E coli O157); Listeria monocytogenes e Verocytotoxigenic Escherichia coli (VTEC O157). O cloro e outros agentes desinfetantes de água potável não são efetivos na eliminação destas bactérias. Os benefícios de usar tubulações de cobre na condução da água são a duração da tubulação, sua confiabilidade, a baixa necessidade de manutenção e a propriedade bactericida, que permite que o uso desse metal evite à propagação de bactérias e vírus que constituem uma séria ameaça à saúde. A concorrência que existe entre as indústrias de plástico e cobre no mercado de tubulações, tem gerado numerosos estudos que sugerem que as tubulações de cobre não são eficazes em determinadas condições. Isso tem dificultado que os organismos regulatórios reconheçam os benefícios de canalizações de cobre como agentes sanitários. Por outro lado, as emissões de cobre a partir das tubulações deste metal terminam nas águas superficiais, nos solos e nos sedimentos, como indica conceitualmente a figura 14. Estima-se que os 200 milhões de casas e edifícios que possuem tubulação de cobre emitem cerca de 15 mil toneladas do metal por ano na água, que vai para estações de tratamento de esgoto. (20) O desenvolvimento desse modelo foi financiado pelo ICA e pela CTA do Chile. 80 Concentração de cobre no meio ambiente Por isso as espécies aquáticas mais sensíveis são estudadas e se repetem em vários lugares do mundo, embora muitas vezes se encontram variações genéticas, ainda que leves, entre as espécies de um lugar e outro. A tabela 5 mostra algumas das regulamentações mais importantes do cobre em águas superficiais, subterrâneas, potáveis, no ar, nos solos e nos sedimentos. Entre todas estas normas, a única verdadeiramente universal é a regra da água potável, que foi discutida na seção sobre as tubulações de cobre. Ela é aplicada praticamente em todo o mundo, salvo nos Estados Unidos e na China, onde a regra poderia ser mais ou menos exigente dependendo das medições realizadas no terreno(21). Até 2008, muitas nações, incluindo todos os países latinoamericanos, não usavam a norma da EPA e a maior parte deles aplicava uma regra baseada no cobre total que existe na água. Demonstra-se, no entanto, que o cobre total(22) não possui relação alguma com a toxicidade deste metal para os organismos aquáticos. Tabela 5 - Algumas normas ambientais para o cobre na água, solo, ar e sedimentos Águas superficiais (µg/L) 3,0 a >100 A toxicidade do cobre para organismos aquáticos depende de organismos e da composição da água. Por isso a norma do cobre se regula mediante o Modelo do Ligante Biótico (BLM) nos Estados Unidos. Águas subterrâneas (µg/L) 2,5 Legislação Federal do Canadá, Soil, Ground Water and Sediment Standars for Use Under Part XV.1 of the Environmental Protection Act, March 9, 2004, http://www.ene.gov.on.ca/envision/gp/4697e.pdf Águas potáveis (mg/L) 2,0 OMS, Guia Nível recomendado pela OMS, 2004. Ar em locais de trabalho (mg/m3) 0,1 Ocupational Safety and Health Administration, OSHA, 2009, Section 6 - VI. Health Effects Discussion and Determination of Final PEL (Permissible exposure level), http://www.osha.gov/pls/oshaweb/owadisp.show_document?p_table=PREAMBLES&p_id=770 Solo A, nível de background (mg/kg peso seco) 50 Guias da Holanda para o cobre no solo, Soils and the Environment, S.Ellis and a. Mellor, Routledge, London, 1995 Solo B, nível para ser investigado (mg/kg peso seco) 100 Guias da Holanda para o cobre no solo, Soils and the Environment, S.Ellis and a. Mellor, Routledge, London, 1995 Solo C, valor para tomar ação (mg/kg peso seco 500 Guias da Holanda para o cobre no solo, Soils and the Environment, S.Ellis and a. Mellor, Routledge, London, 1995 Solos agrícolas (mg/kg peso seco) 56 Legislação Federal do Canadá, Soil, Ground Water and Sediment Standards for Use Under Part XV.1 of the Environmental Protection Act, March 9, 2004, http://www.ene.gov.on.ca/envision/gp/4697e.pdf Todos os outros tipos de solo (mg/kg peso seco) 85 Legislação Federal do Canadá, Soil, Ground Water and Sediment Standards for Use Under Part XV.1 of the Environmental Protection Act, March 9, 2004, http://www.ene.gov.on.ca/envision/gp/4697e.pdf Sedimentos (mg/kg peso seco) 16 Legislação Federal do Canadá, Soil, Ground Water and Sediment Standards for Use Under Part XV.1 of the Environmental Protection Act, March 9, 2004, http://www.ene.gov.on.ca/envision/gp/4697e.pdf Os outros padrões da tabela 5 não são universais, embora os padrões de cobre em águas superficiais utilizado pela Agência Ambiental dos Estados Unidos (EPA) poderiam ser aplicados universalmente, o que provavelmente acontecerá no futuro. Esse é um padrão complexo, baseado no princípio de que apenas uma fração de cobre nas águas superficiais é biodisponível. As normas de proteção dos organismos aquáticos são colocadas como destinadas a proteger 95% das espécies presentes em um determinado local. Mais adiante será analisado em detalhes o Modelo do Ligante Biótico, o que levou ao atual regulamento de vários metais em águas superficiais pela EPA. A mesma prática de cobre total foi aplicada em praticamente todos os países do mundo em 2008, para regulamentação de metais em solo e sedimentos, e por isso o conceito de biodisponibilidade não se aplicava nestes meios também. (21) Nos Estados Unidos mede-se a concentração de cobre nas torneiras das casas, abastecidas por uma determinada empresa de água potável, depois de 6 horas de estagnação da água. Posteriormente listam-se todas as medições de menor a maior concentração. A casa em que a medição foi maior, pode ser superior a 1,2, até 2 mg/L. A norma indica que a casa que está 90% maior não deve exceder 1,3 mg/L. Se exceder esse valor, a empresa de água potável responsável pelo abastecimento deve tomar as medidas para que a água abastecida seja menos agressiva ao cobre, e também a outros metais, como o ferro e o chumbo. (22) Que é igual ao cobre dissolvido mais o cobre em partículas. 81 Copper Connects Life. ™ Isso resultou nos padrões de solo e sedimentos altamente variáveis no mundo, uma vez que dependem da composição dos solos e sedimentos, que é obviamente mutável dependendo da geologia do lugar. Observa-se na tabela 5 que o Canadá aplicava em 2007 um padrão para sedimentos de 16 mg/kg peso seco ao cobre, sendo que a composição média da crosta terrestre em cobre é considerada como 68 mg/kg peso seco. Linha base natural e contribuição antropogênica A linha base de um elemento ou composto químico, em um dos componentes do meio ambiente (por exemplo, no ar ou na água) se refere a uma medida tomada em um momento, geralmente antes da intervenção do lugar, por uma atividade industrial ou outra. Considerando a evidência das geleiras (Suminn Hong, 1996) é possível que não fiquem livres da influência do homem no mundo. Por isso, adota-se como referência lugares que são primitivos e que apresentem pouca evidência de intervenção. As medições realizadas nestes lugares se denominaram linha base ou “background”. O cobre não é regulamentado no ar, salvo em locais de trabalho, em que a exposição pode ser superior às concentrações encontradas no ambiente. O padrão de 0,1 mg/m3 de cobre para o ar foi estabelecido pela OSHA(23) e está baseado em estudos de toxicidade da fumaça de solda elétrica e de oxiacetileno de ácido inoxidável, cádmio, cobre, níquel e cromo. A figura 14 mostra a circulação do cobre antropogênico, ou seja, o cobre emitido no ambiente por atividades humanas. Observa-se que o metal emitido provém de dois tipos de fontes. O primeiro tipo tem origem nas atividades industriais, nas minas de cobre e de outros metais(24), na produção de energia e em outras atividades. O segundo está nos produtos de cobre tais como tubulação, cabos elétricos sem capa, telhas, fertilizantes, pinturas, pastilhas de freio, automóveis e telefones celulares, entre outros. Os fumos de soldagem consistem em óxidos metálicos causados pelo aquecimento do metal no ar. A exposição a esses fumos podem produzir uma variedade de distúrbios, especificamente, “febre de fumo de solda”, manifestação com sintomas de gripe, incluindo tosse, dor muscular e nas articulações, febre e calafrios. O efeito é reversível em um período de um a dois dias. Figura 14. Fluxo de cobre no ambiente (CdM 19) (23) Occupational Safety and Health Administration dos Estados Unidos. (24) As minas de outros metais e materiais também contêm cobre, mas em concentrações menores que os depósitos de cobre. 82 Os estudos mostram que quando o solo se carrega de cobre, retém uma parte do metal, enquanto que o resto acaba em águas subterrâneas, curso de águas superficiais, plantas e animais. O cobre que permanece no solo geralmente não é dissolvido, e por isso não é lavado. começaram a desenvolver um modelo que descreve o destino do cobre e de outros metais no ambiente. Esse modelo se denomina Modelo Unitário do Mundo (Unit World Model, 2008). Normalmente apenas uma fração de metal é biodisponível(25), ou seja, não é absorvido por plantas e pela flora em geral. Assim, a concentração total de cobre e de outros metais no solo não é um bom indicador de toxicidade nem de biodisponibilidade. O solo acumula metal, mas a concentração de cobre residual depende da composição do solo, e se esta composição possibilitar a dissolução de metais, o acúmulo pode ser nulo. Um solo que acumula muito metal pode indicar que este não é solúvel e seguro para as espécies da fauna e da flora. A tabela 5 apresenta concentrações médias de cobre na Europa. É importante estabelecer que essas concentrações não representam todo o continente europeu, mas um número de medições realizadas em diversos lugares. Imediatamente se observa que a concentração de cobre no ar é muito pequena, sendo uma fração de nanograma(28) por metro cúbico. A concentração de cobre no meio ambiente A concentração em águas superficiais(29) é de 3,1 micrograma por litro, ou seja, dez vezes menor que a concentração média de água potável quando não há tubulações de cobre, e cem vezes menor que a concentração de cobre na saída de casas com tubulações de cobre. Esta concentração medida em sedimentos é quase igual à concentração de cobre estimada na crosta terrestre. Se nem todo cobre permanece no solo, onde vai parar o cobre que entra no ambiente? Qual é seu destino final? Certamente não é o ar, já que todo o cobre que está no ar(26) tende a se precipitar em algum momento, seja no solo, no curso da água A concentração de cobre em solos agrícolas medidos é 25% mais alta que em solos naturais, devido aos adubos adicionados para tornar o solo agrícola mais produtivo. E os solos medidos em zonas industriais contêm pouco mais que o dobro de cobre dos solos naturais. O cobre foi medido em solos jusantes das áreas de mineração e se verificou que a concentração desse metal pode superar dez ou mais vezes a concentração de cobre de “áreas naturais”. Isso é devido a resíduos minerais e a zonas que se exploraram no passado, que incorporam o cobre quando entram em contato com a água de chuvas e degelo. Nestes casos, verificou-se que a contribuição do metal ocorre principalmente como cobre insolúvel, que não reage com o meio ambiente (Ginocchio, 2002). ou no oceano. Por outro lado, o cobre permanece na água somente se for solúvel, desde que não reaja com os sedimentos. Muitas das minas de cobre que podem gerar incorporação do metal aos cursos da água têm estações de tratamento nas quais se recupera o cobre que foi incorporado. Esse é o caso das minas de El Teniente (Codelco Chile) e de Los Bronces (propriedade anglo-americana). Ambos os depósitos estão localizados na cordilheira na região central do Chile, onde existe abundância de chuva e degelo durante o ano. Em outros casos, as minas estão localizadas no deserto e sua vulnerabilidade ambiental consiste mais na escassez de água do que no excesso. Demonstra-se que quando os sedimentos contêm sulfato de ferro(27), o cobre solúvel em água se modifica mediante um processo eletroquímico natural com o metal, ficando o ferro como metal solúvel em água, enquanto que o cobre fica “apanhado” como sulfato de cobre no sedimento. Por outro lado, o cobre em partículas tende a sedimentar em longo prazo. Em suma, o destino final do cobre são os sedimentos de curso d’água, assim como os sedimentos marinhos. Pouco depois de 2000, pesquisadores dos Estados Unidos (25) A fração biodisponível deve estar dissolvida, portanto o cobre insolúvel não está disponível. Outra forma de explicar esse fenômeno é que a absorção de metais por parte da flora se dá mediante a água que contém materiais dissolvidos. Sem água não há absorção, e tampouco há a flora. (26) O cobre levantado do solo chega ao ar por ação do vento, da poeira cósmica e outras fontes indicada na figura 2, na página 62. (27) Esse tipo de sedimento é bastante comum no fundo do mar e nos cursos de águas continentais. (28) Um nanograma é um milionésimo de miligrama. Um miligrama é um milésimo de grama. (29) Rios e lagos. 83 Copper Connects Life. ™ Produtos Concentrações de cobre no meio ambiente Ar rural (n/m 3 ) 30 Água superficial (dissolvida) (µg/L) Emissões em 2004 (ton. / ano) < 10 3,1 Água potável que não passou por tubulações de cobre (µg /L) 31 Sedimentos (mg/kg peso seco) 64,1 Construções (externas) Solo agrícola ((mg/kg peso seco) 34,9 Radiadores automotivos 27,4 Fio de contato de trem Solo natural (mg/kg peso seco) 17.520 que distribuem: 1.930 ➔ águas superficiais 15.590 ➔ instalações de esgoto (lodo) ➔ fertilizante Tubulações de água 29 6.888 ➔ água 32 33 235 ➔ água 588 ➔ ar ➔ solo 34 Substâncias químicas para proteção de plantas 35 8.719 ➔ solo Tabela 5. Concentrações de cobre no meio ambiente na Europa, medidas por encomenda do European Copper Institute (2004). Alimentos para animais 3.007 ➔ solo Fonte: European Copper Institute (CdM19). Pastilhas de freios Solo industrial (mg/kg peso seco) 49 - 72,5 36 2.285 ➔ ar ➔ solo 37 Conservantes de madeira Emissões a partir de produtos de cobre Pinturas A tabela 6 mostra uma estimativa das emissões de produtos de cobre, realizada a partir das informações obtidas pelo European Copper Institute em 2004, para a Europa e pela Agência Ambiental dos Estados Unidos em 1984. Os valores europeus do ECI, assim como os valores da USEPA, são extrapolados para o mundo. Total de emissões a partir de produtos (toneladas) Percentual de emissões a partir de produtos de cobre quanto ao uso de cobre em 2004 no mundo 38 101 ➔ ar – água – solo 487 ➔ ar – água – solo 39.830 0,24 Tabela 6. Emissões geradas a partir de produtos de cobre e destino mais provável dessas emissões. Cerca de 90% das emissões de cobre das águas de uso doméstico são tratadas em estações de tratamento de esgotos, precipitando os metais no iodo, e posteriormente são vendidas como fertilizantes para solos. Assim, os cerca de 10% restante vão diretamente ao meio ambiente. Fonte Estimativas do Centro de Minería, PUC, Santiago, Chile, 2009 (CdM20) Se essa emissão for comparada com o total de cobre em uso no mundo, que foi cerca de 210 milhões de toneladas no final do século XX (ver tabela 2), as emissões a partir de produtos são 0,02% ao ano. Como referência, o total de cobre emitido pelos seres humanos no mundo, tanto na urina como nas fezes, são da ordem de 4 mil toneladas anuais (CdM21), considerando que cada pessoa ingere e excreta 1,5 e 2,0 mg/dia de cobre. Deve-se estimar que as emissões de cobre geradas por animais, pássaros e outros seres vivos excedem largamente aquela dos seres humanos. Como indica a tabela 6, as emissões de produtos de cobre têm representado 0,24% sobre a utilização total de cobre no ano 2004. O Modelo de Ligante Biótico O Modelo de Ligante Biótico indica que os metais dissolvidos em água tendem a se associar com outros compostos químicos, denominados ligantes químicos. Essa associação ocorre rapidamente quando o metal ingressa na água. Uma vez que o metal está associado, deixa de estar livre para “se associar” com os órgãos respiratórios das espécies aquáticas(39). Esses órgãos, denominados brânquias nos peixes, constituem o ligante biótico (Paul Paquin, 2002). 30) Holgate S., Samet J, Koren H., Maynard R., Air Pollution and Health, Academic Press, 1999, NY, USA. (31) Lagos et al., 1999. (32) Refere-se a telhas e outros tipos de superfícies em edifícios e construções. (33) A emissão do radiador ocorre devido a água que entra em contato com o cobre no interior do radiador. (34) Esses são os conectores expostos que proporcionam eletricidade aos trens. (35) Geralmente se trata de sulfato de cobre adicionado a solos para suprir a deficiência natural do solo, aumentando sua produtividade agrícola. (36) O sulfato de cobre é fornecido em alimentos para animais, especialmente suíno. (37) As pastilhas são os artefatos que pressionam o disco do automóvel para que este freie, gerando poeira de cobre, que é emitida ao ar, mas posteriormente precipitada, chegando a cursos da água e ao solo. (38) Substâncias químicas que contêm cobre e que permitem uma maior preservação da madeira. (39) Esses órgãos cumprem funções similares as renais em mamíferos. 84 O conceito desse modelo surgiu na segunda metade da década de 90, junto a um grupo de cientistas nos Estados Unidos, impulsionados fortemente pela International Copper Association (ICA), particularmente por seu diretor-científico, dr. Christopher Lee. Naquela época não se esperava que essa teoria fosse a norma regulatória da EPA para o cobre e muitos outros metais, o que veio a acontecer somente dez anos depois. O BLM é o resultado dos avanços na química, na fisiologia e na toxicologia e compreende um amplo grupo de pessoas que contribuíram para desenvolver esse modelo. A teoria que tornou possível a expansão do BLM era conhecida desde décadas anteriores, embora a fisiologia dos organismos aquáticos progrediu em décadas recentes, assim como os instrumentos para medir concentrações de metal em níveis de parte por bilhão ou trilhão. A figura 15 indica, como exemplo, que o Figura 15. As interações entre os metais, outros compostos da água e o ligante biótioco. metal M se associa ou se “liga” com o carbono (Figura obtida na International Copper Association) orgânico dissolvido (DOC), com os íons hidróxidos (OH), carbonato (CO3) e com o cloreto (Cl). O cobre liberado é bastante baixo em relação ao O cádmio e o zinco, íons bivalentes, perturbam o metabolismo cobre dissolvido que entrou em solução. É este cobre do cálcio, também bivalente. O chumbo e o mercúrio, íons livre, chamado de íons metálicos livres, que pode entrar bivalentes, atravessam as brânquias e atuam toxicamente em contato com a brânquia ou o ligante biótico, gerando sobre a fisiologia dos peixes. Por isso o cobre é menos tóxico danos tóxicos. O cálcio e o sódio livres competem com para espécies aquáticas em águas que contêm cálcio, sódio, metais livres para se associar com o ligante biótico, mas carbono orgânico dissolvido, carbonato, cloruro, hidróxidos ao contrário dos metais, estes íons contribuem para dar vida e outros ânions. A capacidade do cobre para se associar ao ligante. com outros compostos químicos na água está fortemente determinada pelo pH ou acidez e também pela temperatura. A toxicidade(40) de metais para organismos aquáticos em água é definida como a concentração crítica de íons metálicos Não é surpreendente descobrir que quando o cobre dissolvido livres na superfície do ligante biótico. Trata-se de toxicidade em água com estas características (por exemplo, de 30 ou aguda, porque a exposição ocorre durante curtos períodos 40 µg/L), o cobre que contribui com a toxicidade é apenas de de exposição (CdM22). 1 a 5%. O cobre livre é chamado de cobre biodisponível, enquanto o resto do cobre é “capturado”. A evidência mostra que esta toxicidade em peixes de água doce produz danos morfológicos às brânquias, levando à No caso de um ligante orgânico ou inorgânico com metal asfixia e a um aumento da absorção e perda de íons, como o entrar em contato com a brânquia de um organismo aquático, cálcio e o sódio nos organismos. O cobre e a prata atuam o que é “visto” não é o metal, mas seu envoltório, ou seja, como metais monovalentes nas brânquias, e, portanto, afetam o composto orgânico ou inorgânico, que não é tóxico. A figura o transporte do sódio monovalente de e para a espécie. 16 mostra a distribuição do cobre na água. (40) Nesse caso, a toxicidade significa a mortalidade do organismo aquático. 85 Copper Connects Life. ™ O BLM se aplica às águas superficiais e subterrâneas, mas se desenvolve um BLM marinho e de estuários, já que o princípio de associação e toxicidade dos metais é o mesmo. A diferença entre ter o BLM e não tê-lo é que com esse modelo as regras de metais com relação a organismos aquáticos podem ser universais, enquanto que sem o modelo é necessário medir a toxicidade para cada espécie em cada lugar, cada vez que há uma questão em relação à ação dos metais. Cobre dissolvido Cutotal = Cuparticulado+ Culigantes inorgânicos + Cu ligantes orgânicos+ Culivre Figura 16. Relação entre concentração de cobre total e fração dissolvida e em partículas. O T-BLM O T-BLM é o modelo de ligante biótico terrestre, que se encontra em desenvolvimento. A toxicidade do solo para plantas e outros organismos terrestres ocorre por meio da água. Se não houvesse água no solo, os metais depositados seriam inofensivos, a menos que fossem ingeridos por um animal ou por humanos. O T-BLM é consideravelmente mais complexo que o BLM para organismos aquáticos, uma vez que incorpora a composição dos solos, que é extremamente variável, dependendo da geologia e da geoquímica. O cobre particulado é aquele que não passa por um filtro com abertura de 0,45 mícrons(41) de diâmetro, enquanto que o metal dissolvido é o que passa por esse filtro. O metal livre é a parte do metal dissolvida, mas não basta medir o metal dissolvido para conhecer a sua toxicidade para os organismos aquáticos. Chama a atenção que o padrão de cobre na água potável seja 2 mg/l e que em alguns casos o padrão de cobre para organismos aquáticos seja mil vezes menor. Por que o cobre é tão mais tóxico para os organismos aquáticos do que para os seres humanos? O conhecimento dos tipos de solos existentes no mundo, assim como a compreensão de suas propriedades químicas e físicas, foi necessário para a elaboração do T-BLM. Os metais encontrados no solo devem ser transferidos para o meio aquoso, onde se comportariam igual ao descrito para a água. A resposta é conceitualmente simples: porque o mecanismo é diferente. A toxicidade do cobre na água potável está relacionada com o efeito que ocorre no estômago, enquanto o efeito dos íons livres na água entra em contato com os órgãos respiratórios dos organismos aquáticos, que é muito mais sensível que o estômago. A toxicidade por ingestão de metais dos organismos aquáticos também é muito menor que em seus organismos respiratórios. Embora as raízes das plantas tenham funções distintas das brânquias, elas constituiriam a superfície de contato em que a toxicidade de metais seria mais importante. Existe uma variedade de mecanismos de transferência do solo à água, o que depende não somente da composição do solo e da água, mas da velocidade de transferência. Em suma, a existência do BLM permite estimar a toxicidade de vários metais para organismos aquáticos, em particular do cobre, conhecendo somente o pH, a temperatura, e as concentrações de cálcio, magnésio, carbonato, hidróxido, cloruro e matéria orgânica dissolvida. O cálculo que se realiza primeiro, de natureza termodinâmica, estima a quantidade de cobre livre na água. Posteriormente, há uma base de dados com a toxicidade do cobre e outros metais para diversos organismos aquáticos. Enquanto na água as reações químicas são geralmente velozes, atingindo um rápido equilíbrio, as reações de migração, difusão, dessorção e outros mecanismos de transferência dos metais na água são muito mais lentos. Dependendo do tipo de solo e da água que estiver presente, o metal pode ficar preso no solo por tempo indeterminado, enquanto que em outras ocasiões, o metal pode ser transferido para água. É possível que o T-BLM adquira no futuro, após o desenvolvimento científico, um papel tão significativo como o BLM aquático. O que é feito é identificar o organismo que está presente e buscar na tabela sua toxidade(42) para o cobre. Se essa concentração, calculada por um computador, é maior que a concentração de cobre medido no corpo de água (rio, lago, etc), então a espécie está protegida. Se a concentração medida é maior que a calculada pelo BLM, então há toxicidade para essa espécie. (41) Um mícron é um milionésimo de metro (42) Obtém-se uma concentração de cobre que representa a concentração letal 50 (e também outras concentrações letais), o que significa que com essa concentração de cobre, 50% destes organismos morrem em um período determinado. 86 Referências: • Bodwell CE & Erdan JW Jr eds. (1988) Nutrient interactions. Institute of Food Technologists (IFT) Basic Symposium Series. New York, Marcel Dekker, 379 pp. • Bryson B., A short history of nearly everything, Transworld Publishers Black Swan, Great Britain, 2004. • Codelco Chile, 2007, Memoria Annual, Santiago, Chile. • Coleman et al (1973), Antimicrob. Agents Chemother 4:259-62. • Copeland, Brian R. and Taylor, M. 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A cooperação em pesquisa entre os pesquisadores da ciência dos materiais, metalurgia e processamento de materiais, engenheiros de projeto e aplicação, fabricantes e o governo pode gerar a energia e ímpeto necessários para conduzir o cobre e suas indústrias nessas direções. Quando a indústria olhar para o futuro, o êxito deste Guia de Inovação poderá ser medido tanto pelo número e alcance dos projetos de I&D realizados em cooperação, como pelos seus benefícios somados. Entre os benefícios complementares, igualmente importantes, estará a melhoria na percepção do cobre como um material tecnicamente avançado, ecológico e conectado com a vida. Este Guia de Inovação foi desenvolvido por meio do conhecimento coletivo dos produtores de cobre e fabricantes, das indústrias que utilizam o metal, das universidades, dos laboratórios governamentais, dos empresários e dos tecnólogos independentes, com a expectativa que de a indústria use esse conhecimento para guiar seu futuro. O cobre tem um notável recorde ininterrupto como parte integral da vida e da civilização humana. É um metal que ajudou a impulsionar a Revolução Industrial, tem sido insubstituível no avanço das tecnologias de informação e comunicação, tem ajudado a proporcionar água potável limpa e inócua para milhares de famílias e tem contribuído com a redução de infecções microbianas. As propriedades fundamentais do cobre têm permitido satisfazer as necessidades da sociedade ao longo da história, e são essas as características que a indústria deve continuar investigando com a finalidade de descobrir novas maneiras em que o cobre possa motivar a inovação. Introdução À medida que a indústria continua avançando, deve trabalhar junto com seus parceiros para analisar as formas em que as vantagens intrínsecas do cobre podem ajudar o progresso da sociedade no futuro. Em alguns casos, o êxito virá por meio do desenvolvimento de novos materiais (ligas e compostos) e em formas melhores e mais rentáveis para produzir e processar estes materiais. As indústrias de conectores elétricos e de arranjos (packaging) eletrônicos são dois exemplos, entre muitos, em que esse enfoque é utilizado de forma rotineira. A indústria de cobre continua um processo que se iniciou há vários anos: traçar diretrizes para um crescimento sustentável e responsável na utilização do cobre nas décadas futuras. O primeiro esforço da indústria foi o Guia de Inovação Tecnológica do Cobre (Copper Technology Roadmap, 2004), voltado para mineração e extração, que enfocou a forma como aquelas tecnologias mudaram (ou poderiam induzir mudanças) e como elas interagem com uma variedade de forças condutoras, sejam elas tecnológicas, sociais, econômicas, políticas e industriais. Existem também situações que incentivam a melhoria da maneira na qual o cobre é utilizado ou fabricado. O sucesso no desenvolvimento de um processo de fundição (die casting) de cobre a menores custos, patrocinado pela International Copper Association (ICA), é um bom exemplo de I&D em cooperação na indústria de cobre (anexo A). O desenvolvimento do Guia de Inovação “primário” foi guiado pela AMIRA International, associação de pesquisa mineira da indústria. Embora seja cedo para identificar alguns “eventos eureka” específicos, as publicações técnicas relatam melhorias contínuas em áreas como sistemas de controle, utilização da água, robótica e automação, local de exploração e processamento – todos identificados como prioridades de investigação na publicação do ano de 2004. Por último, há desenvolvimentos que são necessários para neutralizar um substituto em potencial, para combater a troca de materiais alternativos. No entanto, esses problemas podem ser superados pela inovação que utiliza adequadamente os muitos atributos do cobre. O campo visual da indústria tem expandido. O Guia de Inovação Tecnológica de Aplicações do Cobre tem a intenção de ir além das minas, fábricas, fundições e refinarias dos fabricantes, processadores e em disciplinas específicas e industriais, bem como aplicações específicas (figura 1.1). O objetivo aqui é identificar as áreas nas quais a investigação e o desenvolvimento tecnológico levarão, a um elevado grau de probabilidade, a um impacto significativo no valor do cobre em mercados em elaboração e emergentes. Vantagens intrínsecas do cobre Nenhum outro metal, sozinho ou em forma de ligas, oferece de maneira tão efetiva a quantidade e amplitude de propriedades úteis como o cobre. As mais importantes são as altas condutividades térmica e elétrica, a resistência 91 Copper Connects Life. ™ à corrosão, a eficácia antimicrobiana, a facilidade de fabricação, a versatilidade de formar ligas e sua aparência estética agradável. Tendências e desafios no uso do cobre Descrevemos as tendências que afetam o uso do cobre, junto com algumas das propriedades relevantes para esses temas. O anexo D fornece informações sobre as tendências gerais do uso do cobre. O progresso tecnológico das próximas décadas dependerá fortemente dos materiais avançados: metais, ligas, compostos e de outras estruturas, muitas das quais podem conter cobre. Esses materiais não somente terão que funcionar bem, como também podem ter um impacto positivo, ou ao menos sem influências negativas, em áreas como a saúde, eficiência energética, sustentabilidade e padrão de vida. O cobre e os materiais baseados em cobre cumprem plenamente com esses critérios. O anexo C traz informações sobre as propriedades úteis do cobre e anexo C sobre o papel do cobre na satisfação das necessidades da sociedade. • Redução dos custos de processamento – Para serem competitivos, os fabricantes devem continuar reduzindo seus custos de fabricação e manter a alta qualidade de seus produtos. O cobre é rotineiramente processado por métodos comuns de fabricação e está disponível em várias formas e ligas que permitem uma produção eficiente. O cobre é adaptável também a técnicas de processamento de conformação tipo “net shape” e é possível semifabricar alguns produtos de cobre usando a etapa de eletrodeposição, utilizada na produção de cátodos de cobre. A indústria de cobre deve continuar elevando o nível de sofisticação na fabricação e nas tecnologias de processamento de materiais que permitam fabricar produtos confiáveis, de alta qualidade, de maneira eficiente a baixo custo. Do cátodo ao produto acabado: engenharia de projeto e desenvolvimento de produtos/processos Os cátodos de cobre e o cobre reciclado são os materiais básicos para iniciar as aplicações “corrente abaixo”. As companhias de cobre semimanufaturado processam esses materiais, muitas vezes com elementos para ligas, para produzir uma forma intermediária com propriedades adequadas para a fabricação e produtos acabados. Estes materiais de cobre com valor agregado são usados para fabricar com precisão o produto acabado. Os especialistas em empresas de materiais de cobre semimanufaturados, os engenheiros e seus clientes interagem com o projeto de engenharia e os processos de desenvolvimento para assegurar que a composição e a pureza das ligas de cobre obtenham a funcionalidade e desempenho desejados na aplicação final. • Maximização do valor agregado no uso do cobre – Os fabricantes geralmente buscam utilizar a menor quantidade de material compatível com a ótima funcionalidade. Melhorias nas análises, métodos de projeto e simulações de processo permitem que os materiais sejam usados somente onde são necessários. Nas aplicações de cobre que existem no mercado, há a possibilidade de se usar menos metal, mantendo ou melhorando o desempenho do produto. Além disso, o valor do cobre pode ser melhorado por meio da utilização de outros materiais em forma conjunta e do processo de seleção, no qual a indústria de cobre fornece suporte técnico e novas ligas específicas da indústria em geral. Por exemplo, o número crescente de aplicações elétricas requer novas ligas porque outras propriedades, tais como a força mecânica, são necessárias em combinação com a condutividade. O mesmo conceito é útil para as aplicações em aquicultura, na qual é preciso uma grande força mecânica em combinação com resistência a corrosão e as incrustrações. A indústria de cobre, utilizando seus próprios representantes e os 29 centros de cobre distribuídos ao redor do mundo, oferece aos usuários um alto nível de apoio para auxiliá-los na escolha da solução mais eficaz em termos de materiais de cobre. O capítulo 2.1 fornece detalhes adicionais sobre os temas-chave, oportunidades e diretrizes recomendadas para o cobre que respaldam no futuro a colaboração técnica com os engenheiros de processos e produtos. • Aumento da pressão competitiva de outros materiais – Os metais, compostos, polímeros, sistemas multicamadas e outros materiais alternativos têm desafiado muito os mercados tradicionais do cobre. Ainda assim o cobre, com sua combinação única de propriedades úteis, 92 Figura 1.1 Cadeia de valores da indústria de cobre frequentemente oferece potenciais melhorias sistêmicas e/ou econômicas que não se obtêm com outros materiais. Neste caso, o desafio dos engenheiros é fazer um uso mais eficiente de um material inerentemente melhor. Embora a influência dos altos custos do cobre não pode ser negada, o cobre historicamente tem encontrado aplicações nas quais é o único adequado, eliminando com sucesso este sensível tema – custos – na decisão de compra. Guia de Inovação – Produtores “Primários” • Mudança nos regulamentos, códigos e normas – As questões de eficiência energética e sustentabilidade foram rapidamente colocadas nas agendas das políticas de negócios e dos governos. Cada dia mais cresce a percepção de que o cobre é eficiente nas aplicações energéticas, é infinitamente reciclável e biologicamente essencial. Como resultado, o metal tem mantido sua posição com sucesso. Guia de Inovação – Produtores “Secundários” • Garantia do desempenho dos produtos elaborados com cobre – A simulação computacional está sendo cada dia mais aplicada para predizer e validar o desempenho do cobre em novas aplicações. Poucos sistemas metálicos são tão bem compreendidos (ou tão intensamente) como a família do cobre e suas ligas. A grande maioria das publicações técnicas sobre o cobre está disponível on-line gratuitamente e é apoiada por mais de duas dezenas de organizações regionais e nacionais de desenvolvimento do cobre. • Aumento no uso de materiais complementares elaborados - O cobre raramente é aplicado sozinho. É usado mais frequentemente em combinação com outros materiais elaborados para projetar um sistema sob medida para as propriedades finais, de acordo com as necessidades de uma aplicação específica. Os materiais complementares podem, por exemplo, proporcionar capas mais finas de isolamento elétrico, proteção contra a manipulação brusca e corrosão e muitas outras qualidades desejáveis. Produtos acabados • Projeto para recuperação e reutilização – Projetos que promovam a reciclagem preservarão o valor do cobre, uma vez que beneficiarão o meio ambiente. O cobre está entre os metais que mais é reciclado eficientemente no comércio global. É 100% reciclável sem nenhuma perda em seu desempenho; 34% da demanda global de cobre é satisfeita com cobre reciclado. Quando o custo do ciclo de vida total é analisado, sua maior eficiência energética e de reciclagem fazem do cobre uma alternativa atrativa em aplicações relacionadas à energia. 93 Copper Connects Life. ™ razoável (em torno de cinco anos), contado a partir do início do projeto. Cumprir esse critério não é inerentemente difícil, mas exige que as atividades sejam criteriosamente escolhidas, cuidadosamente planejadas, bem organizadas e rigorosamente geridas. • As atividades prioritárias devem reforçar a percepção positiva do cobre no meio ambiente e na sociedade, quando for importante. O cobre é essencial para a saúde, seu uso promove eficiência energética e reciclagem, sendo quase insuperável entre todos os materiais elaborados. Prioridades do Guia de Inovação A incerteza nos mercados, os regulamentos, os avanços tecnológicos e concorrência exigem que a indústria do cobre mantenha uma carteira de pesquisa sólida, que possa responder de forme eficaz a uma variedade de possíveis cenários futuros. É difícil prever a importância de cada mercado ao longo do tempo. O que parece importante hoje em dia pode mudar com as transformações de temas fundamentais que afetam o uso do cobre. À medida que a indústria desenvolva as oportunidades contidas neste Guia de Inovação, ele deve ser revisado, avaliado e ajustado ao mix de projetos que conduzirão ao êxito no futuro. O Guia de Inovação, em combinação com outras iniciativas, orienta programas de I&D em conjunto e pré-competitivos, que beneficiem a indústria do cobre e a sociedade. A indústria favorece esse enfoque de cooperação, ao invés de concorrência, uma vez que os custos são distribuídos entre as partes que esperam obter benefícios e uma vasta gama de conhecimentos disponíveis aos participantes dos projetos. Os seguintes critérios gerais de seleção de atividades prioritárias foram estabelecidos pelas associações da indústria de cobre, os produtores de bens semimanufaturados e manufaturados e os fabricantes de produtos acabados: Classificação das oportunidades priorizadas As oportunidades priorizadas descritas no Guia de Inovação estão agrupadas em três grandes classificações: Aplicações transversais, aplicações existentes/em elaboração e aplicações emergentes. As aplicações transversais apoiam o projeto de engenharia e o desenvolvimento de produtos/processos para avançar com um ou mais usos do cobre. O objetivo é melhorar os processos de produção intermediários para atingir o valor máximo do produto final. Por exemplo, o aperfeiçoamento do modelo semissólido das ligas de cobre melhora a habilidade do fabricante para produzir componentes de alta resistência e de formas complexas, a menores custos e com menor impacto. • As atividades prioritárias devem resultar em um impacto positivo e significativo na utilização do cobre e os resultados dos esforços de I&D devem mostrar inovação ou melhorias substanciais nas tecnologias respectivas ou mercados setoriais. Por exemplo, embora o mercado de distribuição de água (tubo de canalização e etc) represente uma significativa aplicação de cobre, correspondendo a 13% do consumo, hoje em dia não é considerada uma área prioritária para I&D. Isso ocorre porque há um crescente uso de materiais alternativos, e as condições do mercado sugerem que a inovação tecnológica não é a chave para sustentar o uso de cobre na aplicação de distribuição de água. Contudo, o I&D na área da energia é importante e necessário, sendo que o cobre é um metal estrategicamente importante, com um grande potencial de crescimento em sistemas de energias renováveis e em propulsão automotriz. As aplicações existentes / em elaboração mantêm ou expandem os usos atuais do cobre em grande escala. Elas são caracterizadas por pressão do custo, concorrência entre materiais e restrições de projeto (por exemplo, miniaturização), que podem influenciar o uso do cobre nessas aplicações. O objetivo é aumentar a participação do mercado por meio do desenvolvimento de novos produtos de cobre ou produtos melhorados, reforçando a posição do cobre. Um exemplo útil deste enfoque é o desenvolvimento dos dispositivos de transferência de calor melhorada à base no cobre. • As atividades prioritárias devem ter uma alta probabilidade de aplicação comercial dentro de um período de tempo 95 Copper Connects Life. ™ As aplicações emergentes abrem mercados totalmente novos para o cobre e ampliam seu uso. O enfoque aqui está na aplicação criativa das propriedades do cobre para resolver novos problemas tecnológicos. Um exemplo nesta categoria é a exploração da eficácia antimicrobiana do cobre para superfícies de contato. Há uma quantidade considerável de pesquisas nesta área, embora ainda existam alguns aspectos fundamentais pendentes, como trabalho em Figura 2.1. Prioridades de pesquisa ao longo da cadeia de valor. transferência de tecnologia, bem como o desenvolvimento /promoção de mercado. A seguir detalhes adicionais sobre as aplicações listadas na figura 2.1. Os resumos são gerais, incluem poucos exemplos específicos, com o propósito de promover uma discussão entre os potenciais colaboradores de novas ideias para a inovação do cobre. Cátodos acabados Guia de Inovação Tecnológica do Cobre – Uso Primário (2004). Guia de Inovação Tecnológica do Cobre (2007) Propriedades fundamentais do cobre • Condutividade eletrônica • Condutividade térmica • Formabilidade • Resistência à corrosão • Efeito antimicrobiano • Cor / aparência estética • Habilidade de liga Aplicações existentes / em elaboração Aplicações emergentes Transmissão de ernergia elétrica Transmissão de dados / sinais Fiação automotiva Propulsão elétrica Desenvolvimento de produtos e processos Projeto de engenharia Energia renovável Componentes de sistema e produtos acabados elaborados / manufaturados Sistemas de motores Tendências e desafios • Redução de custos de processamento • Maximização do valor agregado do uso do cobre • Aumento de pressão competitiva de outros materiais. • Mudança nos regulamentos, códigos e normas Interconexão eletrônica Utilização térmica eletrônica Troca de calor em aparelhos eletrônicos Aquicultura • Assegurar comportamento dos produtos elaborados com cobre • Aumento do uso de materiais complementares elaborados. • Projeto para recuperação e reutilização Superfícies higiênicas (antimicrobianas) Potencial para aplicações futuras Uso de componentes e produtos acabados Sucata de Cobre (material secundário) Gestão no final da vida Sucata de Cobre (limpo) Necessidade da sociedade a longo prazo • Melhor saúde humana • Maior eficiência energética • Sustentabilidade ambiental • Melhores padrões de vida 96 Oportunidades transversais: Projeto de engenharia e desenvolvimento de produtos/processos. A inovação nas técnicas de processamento de materiais é necessária para incorporar materiais avançados em produto, tais como conectores de cobre flexíveis de alta resistência, materiais compostos para trocadores de calor e superfícies de contato antimicrobianas sem os efeitos do “envelhecimento” (tarnishing). A seleção dos materiais e dos processos para um dado componente depende de sua complexidade e funcionalidade desejadas, a qualidade do produto, as especificações de desempenho e o nível de custos projetados. Tanto as propriedades físicas quanto as mecânicas desempenham um papel importante na seleção de uma liga adequada e seus subsequentes passos de processamento tais como a impressão, o desenho e a soldagem, entre outros. Cada dia mais os usuários exigem suporte técnico para obter o máximo valor do cobre. Os clientes esperam o suporte técnico para tomar decisões sobre assuntos como a melhoria do uso de materiais complexos multicomponentes para superar obstáculos específicos ou para obter informação necessária de uma determinada aplicação. Enquanto a indústria do cobre oferece aos clientes um alto nível de suporte para auxiliá-los na escolha da solução do material de cobre mais eficaz, as atividades adicionais são necessárias para apoiar a cooperação técnica com relação às aplicações emergentes e em elaboração para o cobre. A pesquisa no processamento, manufatura e fabricação de materiais está se integrando cada vez mais com a pesquisa sobre o projeto de engenharia dos componentes e estruturas. Uma maior sofisticação no projeto de engenharia, fabricação e tecnologias de processamento de materiais é necessária para originar produtos confiáveis, de alta qualidade e de uma maneira eficiente e rentável. 97 Copper Connects Life. ™ Tendências, problemas, motivadores • • • • • Maior sofisticação e requisitos de desempenho dos componentes do cobre Maior miniaturização, complexidade e densidade dos componentes. Pressão constante para reduzir custos e utilizar menos materiais Maiores níveis de compostos versus monomateriais necessários para satisfazer as necessidades de aplicação. Aumento das expectativas do nível de serviço e suporte às companhias de semifabricação. Oportunidades e diretrizes recomendadas Compostos (ligas) • Desenvolver ligas com excelentes propriedades de fabricação, que não contenham elementos perigosos. • Desenvolver ligas resistentes – oxidação e perda de brilho – especialmente aquelas que mantêm propriedades antimicrobianas. • Desenvolver ligas de alta resistência utilizando elementos benignos. • Projetar ligas para otimizar os processos de aplicações específicas, tais como moldados semissólidos. Microestruturas • Esclarecer a dinâmica de mecanismos microestruturais complexos para os quais os materiais avançados de cobre se deformam, degradam e quebram. • Melhorar a detecção e caracterização dos defeitos obtidos no processamento, manufatura e fabricação para rastrear a evolução dos defeitos em novas aplicações de serviços. • Determinar os dados necessários para a simulação, o desenho de ligas e a melhoria da fabricação. Forma • Melhorar os modelos de solidificação para simulação de moldes de formas com as técnicas de conformação (Near Net Shape Casting). • Atualizar os dados de trituração, para incluir novos materiais como ferramentas de corte (por exemplo diamantes, revestimentos com características similares ao diamante, cerâmicas). • Promover a aplicação de processos inovadores de moldes (por exemplo formação por gás quente, processamento de semissólidos, moldados a pressão). Superfícies • Melhorar o entendimento das interfaces para um melhor manuseamento e controle das interfaces que separam diversos componentes de substâncias complexas. • Desenvolver novos revestimentos autorregenerativos que permitam a liberação controlada de íons de cobre. Métodos de união • Estudar as interfaces do cobre - materiais diferentes para prever a durabilidade das estruturas compostas. • Investigar novas tecnologias para uniões. • Estabelecer uma rede de aplicação de técnicas avançadas de uniões (como feixe de elétrons, CuproBraze®, laser, etc.) para dar apoio aos fabricantes. Aplicação Reciclagem • Colaborar com organizações multimetais, organizações específicas de cobre e organizações de outros materiais específicos para melhorar a aplicação dos compostos de cobre. • Melhorar métodos de previsão e garantir a durabilidade da vida de serviço, incluindo a combinação dos projetos de engenharia integrados para atender aos requisitos de desempenho e de modelagem de etapas de fabricação e processamento necessários para as aplicações dos materiais de cobre. • Melhorar o projeto do produto para recuperação do cobre. • Fornecer informação sobre o custo do ciclo de vida do produto em relação ao cobre e às especificações dos materiais. • Informar os fabricantes sobre as melhores práticas para os processos de fabricação com cobre. 98 Oportunidades existentes/em elaboração: Transmissão de energia elétrica há oportunidades para o cobre nos cabos protegidos à prova d’água para serem utilizados no fundo do mar e aqueles que sobem à superfície, uma vez que oferecem uma melhor resistência à fadiga, comparados aos cabos tradicionais revestidos de chumbo. A maior parte do mercado de cobre (cabos e arames elétricos) compreende produtos de alta amperagem, usados nos sistemas interconectados de transmissão e de distribuição de energia elétrica, assim como em grandes instalações industriais. A crescente demanda por esses produtos ocorre devido à expansão das infraestruturas de energia. O cobre também é usado como regulador térmico e elétrico em dispositivos supercondutores, uma tecnologia que só recentemente está emergindo como uma fonte importante de novas aplicações para o cobre. Nas economias em desenvolvimento, a capacidade limitada das redes existentes exigirá expansões e melhorias nas infraestruturas de distribuição. A construção de redes extensas para instalações de distribuição de serviço ou para instalações geradoras localizadas em regiões remotas, tais como as eólicas e solares, causa uma demanda ainda maior de cabos para a distribuição de energia. Existe ainda um interesse crescente na transmissão subterrânea e nos cabos de distribuição para obter um serviço seguro e sem interrupção e o desejo de evitar maior custo de manutenção e operação nas linhas de cabo aéreas. O mercado de cabos submarinos de energia elétrica de alta voltagem está se expandindo para atender a aplicações como a de plataformas oceânicas de produção de petróleo/gás, parques eólicos em alto mar e redes elétricas. As exigências incluem cabos com maior voltagem (>275 kV) e uma maior capacidade as de transmissão de energia elétrica. Além dos condutores elétricos, Tendências, problemas, motivadores • Interesse na confiabilidade dos cabos submarinos, juntamente com a crescente demanda de transmissão de energia elétrica oceânica (especialmente as tecnologias de geração oceânica). • Infraestrutura em rápida expansão. • Crescente saturação nas infraestruturas existentes em economias em crescimento. • Ampliação e liberação dos mercados de geração e distribuição de energia elétrica em economias maduras. Oportunidades e diretrizes recomendadas Alta voltagem Média voltagem • Substituir o revestimento de chumbo por um revestimento resistente à fadiga e impermeável à dinâmica de cabos submarinos (por exemplo plataforma marítima) e estáticos (por exemplo o fundo do mar). • Revisar a avaliação econômica de compostos de cobre de alta resistência e alta condutividade, como alternativas para núcleos tradicionais em cabos de transmissão aéreos. • Desenvolver sistemas de isolamento mais flexíveis e finos. Baixa voltagem • Desenvolver sistemas de isolamento mais finos. Componentes do sistema de transmissão e distribuição • Desenvolver enrolamentos de transformadores com embalagens de maior densidade. Outras aplicações • Desenvolver materiais supercondutores rentáveis contendo cobre. 99 Copper Connects Life. ™ Oportunidades existentes/em elaboração: Transmissão de dados/sinais. Os cabos e conectores de cobre são usados em mais de 80% dos equipamentos de interconexão e transportes de sinal nos centros de dados. Sabe-se que as instalações em computadores pessoais, industriais e comerciais continuaram demandando uma maior capacidade de banda larga para as interconexões. Em muitos casos, o cobre compete com sucesso com a fibra ótica. Por exemplo, para uma rede de menos de 100 m de comprimento, os cabos de cobre com larguras de banda de até 10 Gbps estão disponíveis em uma fração de custo das fibras óticas e provaram ainda ser vantajosos até 100 Gbps. O uso de cobre ao invés de fibra evita a necessidade de dispositivos de acoplamento ótico/eletrônicos, reduzindo tanto o custo como a complexidade. No entanto, o custo das instalações de fibras continua diminuindo e a realidade deste mercado demanda um desenvolvimento contínuo em melhoria dos sistemas com cabos de cobre, com a finalidade de se manter competitivo. Além de oferecer uma largura de banda adequada, os novos cabos de cobre devem reduzir o consumo de energia e ainda devem ser mais simples que os sistemas existentes com relação à instalação à conectividade. Uma das principais propriedades do cobre é sua capacidade de transmitir energia e dados simultaneamente, proporcionando uma fonte confiável de energia que permite a utilização de dispositivos em rede, tais como os telefones de protocolo de Internet, nos quais os pontos de acesso sem fio e os conectores de rede podem operar sem adaptadores de potência, cabos ou tomadas de correntes AC separadamente. Tendências, problemas, motivadores • • • • • Aumentos dos requisitos de desempenho Contínua concorrência entre materiais, especialmente com base nos custos. Aumento da confiabilidade. Melhorar a eficiência elétrica, por exemplo, reduzindo o consumo de energia. Aumentar a simplicidade nos cabeamentos. Oportunidades e diretrizes recomendadas Interfaces do cobre de alta velocidade • Desenvolver métodos para superar a degradação do sinal além dos 100 metros, de preferência nos dispositivos terminais de baixo custo. • Promover o desenvolvimento de padrões da indústria aplicando os benefícios de interfaces do cobre. Energia para dispositivos remotos da rede • Desenvolver a capacidade de transmitir maior energia (por exemplo, 30 W) com a transmissão de dados por meio de cabos de comunicação. • Promover o desenvolvimento de padrões da indústria incorporando maior capacidade de transmissão de energia. • Ampliar a disponibilidade dos produtos que aproveitam a energia disponível por meio de cabos de dados. Menor consumo de energia • Desenvolver técnicas de sinais de baixa potência para reduzir o consumo energético das redes/centrais de dados. 100 3,4 Kg ou 12% para um sedan de luxo com motor de 2.0 litros ao substituir o chicote do painel de instrumentos e o chicote do piso, com os cabos de cobre recentemente desenvolvidos de 0.006 mm2. Oportunidades existentes/em elaboração: Fiação automotiva Os automóveis utilizam cada vez mais dispositivos eletrônicos para seu funcionamento, conforto, segurança e equipamentos acessórios de entretenimento. A fiação de energia e conectividade continuará influenciando o uso do cobre na indústria automotiva, especialmente em relação aos cabeamentos e conectores. A sobrecapacidade persiste na indústria automotiva de capital intensivo fazendo com que as montadoras enfrentem uma pressão contínua para reduzir seus custos. A confiabilidade continuará sendo um tema para resguardar a segurança dos passageiros. A faixa de temperatura sob o capô é de -40°C a 200°C e é esperado que a temperatura máxima de projeto aumente em torno de 20°C. Além disso, a tendência contínua para o controle de computadores e microprocessadores pressionará a demanda por sensores confiáveis e econômicos, o que representa um mercado fértil e cada dia mais atraente para o bronze e outras ligas de cobre. As limitações de espaço estão impulsionando os fabricantes de automóveis a reduzir o tamanho tanto dos chicotes como dos conectores. Essa tendência de miniaturização implica em uma maior exigência nas propriedades mecânicas dos materiais condutores e conectores, principalmente uma resistência maior nos condutores, e uma melhor resistência de relaxamento de tensões nas ligas de cobre, usadas nos conectores. Até o momento, o cabo mais fino de cobre para cabeamento automotivo é de 0.13 mm2 (corte transversal). Os cabeamentos automotivos podem ser atenuados em Tendências, problemas, motivadores • • • • • • A resistência inerente do cobre à corrosão, sua conformabilidade, sua estabilidade térmica, sua reciclabilidade e compatibilidade com muitos processos de fabricação existentes proporcionam muitas oportunidades para que a importância do cobre cresça e continue sendo viável no setor de fiação automotiva. Miniaturização. Aumento do número de funções elétricas / eletrônicas. Aumento da necessidade por qualidade, custo e estabilidade de fornecimento. Aumento das temperaturas sob o capô. Comunicações com maior largura de banda. Aumento das preocupações ambientais (por exemplo, resíduos de equipamentos elétricos e eletrônicos, e restrições no uso de certas substâncias perigosas, tais como chumbo, mercúrio e cádmio) Oportunidades e diretrizes recomendadas Cabeamento / interconexão Ligas para conectores com melhores propriedades e temperaturas elevadas Terminais e barras condutoras Métodos de união • Desenvolver cabos compactos de cobre para dados / sinais de menor custo que os produtos atuais. • Desenvolver arames finos e flexíveis com maior resistência à tensão para transmissão de dados de curto alcance e / ou baixa potência. • Integração de técnicas de transferência de calor baseadas em cabeamento. • Melhorar a resistência a temperaturas elevadas. • Aumentar a resistência ao relaxamento de tensões. • Melhorar a resistência à oxidação. • Desenvolver terminais pequenos com melhor resistência, resistência ao calor e a ao relaxamento por tensões. • Desenvolver os relés e as barras condutoras com uma melhor condutividade elétrica. • Melhorar a maleabilidade de flexão de mini e micros terminais. • Desenvolver técnicas aperfeiçoadas para unir o cobre a materiais diferentes. 101 Copper Connects Life. ™ Oportunidades existentes/em elaboração: Sistemas impulsionados por motor. como resultado melhorias na eficiência de energia do motor e redução de custo. A utilização de motores de velocidade variável, contendo rotores de cobre, sempre resulta em um ganho significativo em termos de eficiência em condições de carga parcial. Os sistemas impulsionados por motores elétricos energizam aplicações de poucos watts em equipamentos pessoais até motores de 1000+ kW que impulsionam grandes processos de fabricação. Esses motores são responsáveis por cerca de 40% do consumo global de eletricidade, tornando-o importante para melhorar a eficiência. No entanto, enquanto os rotores de cobre fundidos para motores CMR já são um produto estabelecido, uma redução nos custos de produção permitiria uma aplicação mais ampla. A utilização de motores com rotores de cobre em aplicações que requerem uma alta relação torção-peso, magnetização permanente, água de refrigeração e de alta frequência está crescendo. Os designers buscam o aumento da densidade da embalagem do enrolamento do estator, que causa 60% das perdas de eletricidade nos motores de indução AC. A tecnologia de motores de velocidade variável depende do cobre para os componentes do sistema e da gestão térmica dos componentes eletrônicos. Uma redução de 7% no consumo de eletricidade é possível se a EU-27 aplicar a melhor tecnologia disponível em sistemas impulsionados por motores. O Departamento de Energia dos Estados Unidos estima que os motores industriais consumam 23% da geração de energia elétrica e que o uso de eletricidade poderia ser reduzido entre 11 e 18% (62 – 104 bilhões de kWh/ano) se as instalações industriais aproveitassem todas as medidas de eficiência disponíveis. Os motores estão atualmente submetidos a regulamentações mais severas, elevando custos de energia e com uma maior aceitação das considerações do custo do ciclo de vida. O uso do cobre fundido para as barras condutoras e anéis terminais tem Tendências, problemas, motivadores • Normas e regulamentações mais rígidas de eficiência energética. • Alta nos custos da energia. • Aumentar a conscientização sobre o custo de operação durante o ciclo de vida, de modo a substituir o custo inicial como o ativador primário na decisão de compra. • A maior utilização de motores de velocidade variável aumenta a eficiência do sistema ativado por motor. • Redução de custos de produção de motores CMR. • Redução do peso do tamanho de motores em aplicações militares e na aviação. Oportunidades e diretrizes recomendadas Eficiência / desempenho do motor • • • • Desenhar motores CMR monofásicos, econômicos e com processos de produção de baixo custo. Desenvolver normas e métodos de prova para motores superpremium eficientes. Melhorar os projetos específicos de motores e das formas de barras condutoras que utilizam cobre. Quantificar o efeito do rotor de cobre na força de torque (início, falha, bloqueio do rotor), especialmente em motores de alta potência. • Desenvolver motores com melhor eficiência energética para os componentes de equipamentos de ar condicionado de operação contínua. Gestão térmica em transmissores e motores de velocidade variável • Aperfeiçoar a tecnologia no gerenciamento térmico dos semicondutores de alta potência utilizados em motores com velocidade variável. • Desenvolver refrigeradores compactos para grandes sistemas de arrefecimento de ar que utilizem motores de velocidade variável. • Desenvolver refrigeradores ultracompactos e melhorar as tecnologias de gerenciamento térmico para motores pequenos. • Explorar tecnologias de refrigeração interna de rotores. Eficiência na fabricação • Reduzir o custo de produção para os motores CMR moldados. • Aumentar a vida dos moldes de fundição na produção de motores CMR. Por exemplo, custo-efetividade, embutidos em moldes, revestimentos para criar barreiras térmicas ou materiais de moldes de alta resistência a temperaturas elevadas, para fundição que tenham propriedades térmicas ou termoelásticas propícias para minimizar a tensão induzida termicamente. • Desenvolver um método de baixo custo para obter uma maior densidade de empacotamento (>80%) nos enrolamentos do estator. 102 Oportunidades existentes/em elaboração: Interconexão eletrônica. Comuns em todos os equipamentos eletrônicos transistorizados, os leadframes distribuem os sinais elétricos e a energia entre chips de circuitos integrados (IC) e circuitos externos, transferem o calor dos chips aos dissipadores de calor e mantêm chips dentro do material encapsulado. As conexões são feitas por um fio de solda entre o chip e o leadframe. Os leadframes, as tomadas, as tiras de conexão, os conectores separáveis e outras formas de conectores são amplamente usados em equipamentos eletrônicos. As taxas anuais de crescimento para esses aparelhos atualmente variam entre 15 e 20%, devido ao aumento global na produção de produtos eletrônicos. Tendências, problemas, motivadores • • • • Atualmente os leadframes representam mais de 60% do mercado de embalagem de semicondutores para as ligas de cobre. Esta indústria enfrenta continuamente as exigências de maior desempenho para apoiar produtos nos mercados de memória com entradas/saídas (I/O) de alta frequência, cuja demanda corresponde ao mercado de computação de alto desempenho, peso leve, embalagem resistente, utilizado nos equipamentos portáteis e da indústria automotiva. O processo de miniaturização requer uma integração mais densa de materiais diferentes para o reforço mecânico e um melhor desempenho. As indústrias de conectores e leadframes, por serem inovadoras, devem ser consideradas parceiras viáveis para desenvolver programas conjuntos. Maior miniaturização. Redução de custos de processamento. Aumento das competências entre materiais. Aumento das restrições regulatórias de certos elementos de ligas, tais como cádmio, chumbo, etc. Oportunidades e diretrizes recomendadas Miniaturização Ambiente térmico Tratamento de calor • Desenvolver conectores miniaturas de banda larga para >10 Gbps, com baixa emissão de radiação e interferência. • Melhorar a integração de circuitos de refrigeração de escala micro / nano dentro dos leadframes • Desenvolver tecnologias para a gestão de refrigeradores ultracompactos. • Definir o comportamento elétrico das regiões de superfície e subsuperfície de cobre e ligas de cobre. • Melhorar a adesão do composto moldado e a condutividade térmica para melhorar o desempenho térmico e a confiabilidade. • Desenvolver tecnologias de produção para os difusores de calor e produtos de transferência de calor à base de cobre, usando técnicas e materiais para inibir ou aumentar o fluxo de calor na direção desejada. • Desenvolver processos de solidificação preferencialmente térmicos (exemplo, material de dopagem, introdução de sementes, áreas de crescimento direcional assistidas por refrigeradores). União • Avaliar e desenvolver partículas de solda e tecnologias de fusão (exemplo: CuproBraze®). • Expandir o conhecimento do comportamento mecânico quando se reduz a quantidade de cobre ou ligas de cobre em pequenos sistemas. • Estudar as interfaces de cobre para materiais diferentes para prever a durabilidade de uma estrutura composta. Reciclagem • Melhorar os métodos para recuperar materiais valiosos de componentes e cartões ao final da vida útil. • Melhorar o conhecimento dos temas sobre contaminação quando materiais com cobre integrado são reciclados. 103 Copper Connects Life. ™ O cobre pode melhorar no gerenciamento térmico dos sistemas eletrônicos em todos os níveis, incluindo o chip (ruptura dielétrica, envelhecimento do transportador de calor, eletromigração), embalagem (fissuração da matriz, popcorning na solda) e cartão (fadiga de juntas soldadas, laminação do cartão). Os dissipadores de calor construídos com compostos de cobre com mudança de fases podem ajudar a controlar o calor em sistemas operacionais cíclicos, absorvendo e dissipando o calor da fonte. Devido ao fato do cobre ser o material de transferência de calor eleito em muitas aplicações, tais como sistemas de refrigeração por convecção de ar forçada de computadores e sistemas de resfriamento com líquidos, a indústria deve permanecer vigilante para manter a posição competitiva do cobre. Oportunidades existentes/em elaboração: Gestão térmica eletrônica. A gestão térmica trata os problemas gerados pela dissipação de calor e a tensão térmica induzida nos dispositivos microeletrônicos e optoeletrônicos. É a chave para melhorar o desempenho, especialmente em sistemas eletrônicos compactos, semicondutores de energia em equipamentos de velocidade variável, equipamentos aeroespaciais, sistemas de laser de alta potência e eletrônica automotiva. As tecnologias de resfriamento necessitam gerenciar dispositivos com fluxos de calor de até 1000 W/cm2, e possivelmente mais altos. Os dissipadores de calor de cobre e os tubos dissipadores de calor são amplamente utilizados na eletrônica para eliminar o calor dos componentes até o exterior, eficientemente. Os circuitos térmicos flexíveis feitos de compostos de cobre conduzem a eletricidade, proporcionando um excelente gerenciamento térmico para aplicações, tais como as interfaces de circuito e os cabeamentos. Tendências, problemas, motivadores • Elevando a energia e frequência, aumenta-se o fluxo de calor. • Elevando o uso de mecanismos optoeletrônicos, aumenta-se o fluxo de calor. • Aumentar o uso de materiais diferentes, com diferentes comportamentos. Oportunidades e diretrizes recomendadas Semicondutores de energia em variações de velocidade, aplicações aeroespaciais, sistemas laser de alto poder e eletrônica automotiva. Gestão térmica • Desenvolver compostos de alta condutividade baseados em cobre. • Desenvolver sistemas de compostos de cobre passivos para gestão térmica, baseados em materiais com mudança de fase. • Melhorar os sistemas de produção de placas de cobre para refrigeração. • Desenvolver técnicas de produção para difusores de calor baseados em cobre e produtos de transmissão de calor, usando técnicas e matérias que inibam ou aumentem o fluxo de calor nas direções desejadas. Sistemas eletrônicos compactos • Criar superfícies isotérmicas com sistemas mais rápidos e mais eficientes para remover, dispersar e transferir o calor. • Desenvolver materiais e compostos de alta condutividade e dispersão térmica. Conexão de cobre Aparelhos de transferência de calor de ültima geração • Desenvolver conexões de alta condutividade térmica nos dissipadores de calor de cobre em substratos cerâmicos e dispositivos embalados. • Desenvolver métodos para produzir as ligações sem a necessidade de aquecer os aparelhos. • Desenvolver processos a microescala de mecanização, adaptação e encaixe, para influenciar o uso de materiais à base de cobre em trocadores de calor de fluidos. • Projetar dispositivos de transferência de calor de última geração a microescala usando fluídos de uma fase (exemplo refrigeradores, aquecedores) ou fluidos de duas fases (exemplo evaporadores, condensadores, tubulação de calor, termosifão). • Desenvolver tecnologias de refrigeração integradas em chips. • Explorar tecnologias de onda do momento e ondas térmicas para aumentar o desempenho térmico de sistemas de aletas a microescala sobre 500 W/m2k. 104 As tecnologias que utilizam tubos de cobre de menor diâmetro (< 5 mm de diâmetro) e tubos planos oferecem importantes vantagens, entre elas a redução de tamanho, a redução de carga refrigerante e o menor custo. Os desafios técnicos incluem a elaboração de tubos planos, multiporto de bronze ou cobre, capazes de suportar uma pressão de trabalho de 38.6 bar (560 psi) e uma pressão de ruptura três vezes maior que a pressão de trabalho. Obter soluções rentáveis implica I&D em união de materiais, fabricação de metais, projeto de engenharia, transferência de calor aplicada e desenvolvimento / aplicação de ligas. O R410A e outros hidrofluorcarbonos são os atuais refrigeradores preferidos utilizados em transferência de calor de aparelhos elétricos. Os sistemas que usam o R410A funcionam com uma pressão que é aproximadamente 60% maior que sistemas similares que usam o R22, o qual apresenta implicações de projeto e oportunidades para o cobre. Em longo prazo, o dióxido de carbono pode se converter na alternativa preferida. No entanto, o contínuo interesse mundial em refrigeradores de hidrocarbonetos, como o butano e o propano, significa que o cobre deve continuar considerando o uso de refrigeradores ecológicos em evolução. Também existe interesse em outras tecnologias, como a refrigeração magnetocalórica, que pode influenciar na intensidade do uso de cobre neste tipo de sistema no futuro. Oportunidades existentes/em elaboração: Trocadores de calor de aparelhos elétricos. Os atuais trocadores de calor dos sistemas de ar condicionado residenciais são fabricados com tubos de cobre redondos, que vão de 5 a 16 mm de diâmetro. Devido ao alto custo dos materiais e o desejo de se obter mais eficiência, os fabricantes estão substituindo os tubos de cobre redondos por tubos de diâmetros menores, tubos de diferentes geometrias e/ou tubo de diferentes materiais. Tendências técnicas similares e de mercado aplicam-se a sistemas de refrigeração e sistema de comercialização de alimentos. Tendências, problemas, motivadores • • • • Aumento da demanda por sistemas de ar condicionado mais eficientes e compactos. Intensificação da concorrência entre os materiais. Redução dos custos de fabricação. Mudança em refrigeradores para reduzir a diminuição da camada de ozônio. Oportunidades e diretrizes recomendadas Fluidos ecológicos de última geração Trocadores de calor menores e eficientes Eficiência energética • Melhorar os projetos de troca de calor de cobre para as próximas gerações, os uso de fluidos ecológicos de última geração e os possíveis refrigeradores futuros, incluindo as nanopartículas. • Desenvolver evaporadores superfinos para reduzir o espaço a ser ocupado em uma sala e perdas desnecessárias no sistema de aquecimento e ventilação para uso doméstico, sistemas de ar condicionado (HVAC) e aplicações em refrigeração. • Desenvolver ferramentas de projeto e tecnologia de produção para os trocadores de calor de ar condicionado com tubos redondos de 5 mm ou menos de diâmetro. • Desenvolver métodos para fabricar tubos multicanal planos e redondos e trocadores de calor (evaporadores e condensadores). • Desenvolver métodos para alcançar a montagem e soldagem de trocadores de calor, feitos inteiramente de cobre, em produção em grande escala. • Melhorar a condutividade térmica da interface tubo e aleta ao se expandir mecanicamente 5 mm e nas condições de utilização de tubos de cobre com as aletas de alumíno. • • • • Explorar o uso de nanopartículas de cobre nos refrigeradores para melhorar a troca de calor. Melhorar a condensação e evaporação do refrigerador dentro de tubos redondos e multiportos. Desenvolver aletas de cobre de alto rendimento na transferência de calor em tubos finos. Desenvolver sistemas que distribuam o calor ou o frio, sem aplicar energia para circular em fluido. 105 Copper Connects Life. ™ Novas oportunidades: Propulsão elétrica Os veículos com células de combustível necessitam de uma área de transferência de calor muito maior que os veículos tradicionais com combustíveis fósseis. Por exemplo, alguns protótipos de veículos a células de combustíveis necessitam de três trocadores de calor, em comparação com um único trocador nos veículos tradicionais. Para resolver as limitações de espaço, os dispositivos de transferência térmica devem ser preferencialmente ultracompactos. Os setores ferroviários, marítimos, de construção pesada e automotivos são importantes mercados que empregam a tecnologia de propulsão elétrica, na qual o cobre é um componente integral. Os sistemas de propulsão elétrica no setor automotivo estão experimentando um desenvolvimento substancial, afastando-se de sistemas baseados em motores elétricos relativamente simples e aproximando para um de desenho mais compacto e eficiente. Um fabricante dos EUA recentemente introduziu motores AC de indução utilizando o rotor de cobre (CMR), como motores de tração em caminhões militares e comerciais. Sabe-se que alguns fabricantes de automóveis favorecem os motores AC de indução para veículos de passageiros, e para essas aplicações a introdução da tecnologia CMR produziria um importante ganho no uso do cobre. Oportunidades adicionais incluem os componentes de cobre para alta capacidade de corrente elétrica e gerenciamento térmico nos componentes eletrônicos, assim como a infraestrutura para suportar o carregamento de veículos elétricos. Desenvolvimentos promissores estão em curso com os sistemas de propulsão utilizando supercondutores, incluindo a construção de grandes motores marítimos de propulsão, que são intensivos em cobre. Os designers de veículos buscam motores menores, mais baratos e mais eficientes. A taxa típica de bobinas de cobre nos estatores de máquinas elétricas é em torno de 50 a 60%. Para acelerar a transição dos sistemas de transmissão elétrica automotiva para novos componentes intensivos em cobre, deve-se aumentar a taxa de bobinado acima de 80%, com a finalidade de reduzir o tamanho e o peso dos componentes. Para carregar uma bateria de 35 kWh em 10 minutos são necessários 250 kW. Uma estação de carga elétrica para quatro automóveis necessitaria 1 MW. A carga rápida elimina a necessidade de armazenamento de energia em grande escala e é muito mais atraente para os consumidores que preferem carregar os automóveis em casa ou quando estacionados. A excelente condutividade térmica do cobre pode oferecer soluções de transferência térmica que melhoram a capacidade de refrigeração/arrefecimento das estações de cargas rápidas. Tendências, problemas, motivadores • Crescente aceitação dos veículos elétricos. • Crescente interesse nos grandes motores supercondutores de propulsão marinhos. • Constante melhoria na tecnologia das baterias. Oportunidades e diretrizes recomendadas • • • • • • • • Desenvolver novas topologias de motores com maior densidade elétrica. Desenvolver a produção em grande escala de transmissão eletromagnética para eliminar a caixa de velocidades. Desenvolver tecnologia de motores de indução de alta velocidade, de alta e baixa voltagem. Explorar o papel desempenhado pelo cobre nos conceitos avançados de baterias. Aumentar a taxa de bobina superior de cobre nas ranhuras das lâminas do estator para superar os 80%. Explorar a necessidade de componentes de cobre na infraestrutura de carregamento. Continuar o desenvolvimento de bicicletas a propulsão elétrica e de outros dispositivos de transporte pessoal. Desenvolver a propulsão elétrica para aviões. 106 Novas oportunidades: Energia renovável O cobre desempenha um papel importante nos sistemas de energia limpa, especialmente nos geradores, componentes elétricos, fios, controles e equipamentos de proteção utilizados nas indústrias de energia (eólica, marítima, de biocombustíveis, das ondas, geotérmica e térmica solar). Os sistemas solares fotovoltaicos necessitam de cobre para a transmissão de correntes, de conexões com a terra e diversos componentes do sistema. Os sistemas baseados em energia oceânica podem se beneficiar da resistência das ligas de cobre à corrosão e às incrustações biológicas. Os novos sistemas necessitarão ser ainda mais eficientes e produzir um menor impacto ao meio ambiente. O desenvolvimento do uso do cobre nesta área pode exigir uma estreita cooperação técnica entre os tecnólogos que desenvolvem os sistemas de energias renováveis e a indústria do cobre, de modo a assegurar que sejam selecionados os materiais de cobre mais apropriados, as formas e as técnicas de processamento mais adequadas para as aplicações específicas. O cobre é um importante “metal energético”, com notáveis propriedades térmicas e elétricas que são fundamentais nos sistemas de energia renovável. Tendências, problemas, motivadores • Interesse nacional na melhoria da segurança / confiabilidade da energia. • Evitar a volatilidade do mercado e os problemas de oferta relacionados com os combustíveis fósseis. Oportunidades e diretrizes recomendadas • Sistemas avançados de grande escala ou sistema de distribuição para: - Energia térmica solar - Geração de energia eólica - Energia elétrica das ondas do oceano - Energia solar fotovoltaica • Desenvolver dispositivos de armazenamento de energia térmica compacta e baseada em mudança de fases dos materiais que contêm cobre. • Desenvolver novas topologias em geradores de alta densidade de energia e eficiência em baixa velocidade rotacional de operação. 107 Copper Connects Life. ™ Novas oportunidades: Aquicultura na Escócia e nos Estados Unidos. As recentes melhorias nas ligas de cobre e no design permitem que as gaiolas adotem a forma de redes tecidas de arame, com vida útil superior a quatro anos. As redes também admitem 50% mais peixes por jaula, uma taxa de crescimento dos peixes de 10 a 15% mais rápido e o aumento dos lucros para os proprietários das fazendas. A aquicultura é uma indústria global multimilionária. Existe a preocupação com a poluição (incrustações) nas redes para peixes por organismos marinhos aderidos, a propagação de doenças infecciosas, o ataque de predadores, a contaminação por resíduos dos peixes e possíveis ameaças à saúde humana devido a antibióticos fornecidos aos peixes nas granjas de piscicultura. A combinação das propriedades anti-incrustante, antibacterianas e a resistência mecânica das ligas de cobre resolve esses problemas. A propriedade anti-incrustante do cobre e de suas ligas permite que a água limpa e oxigenada flua através de redes ou gaiolas de peixes, eliminando os resíduos e, assim, mantendo um ambiente saudável. Além disso, o cobre pode atenuar a propagação de doenças infecciosas, eliminando o ambiente que se cria em torno das incrustações (ou seja, películas de algas e diversos braquiópodes aderidos), ou ambiente no qual os agentes patógenos possam prosperar, portanto pode reduzir ou eliminar a necessidade de antibióticos. A resistência mecânica e a flexibilidade de uma estrutura de liga de cobre também impediriam o ataque de predadores ou a fuga dos peixes. Ao contrário das redes feitas de materiais sintéticos, as estruturas de liga de cobre são completamente recicláveis ao final de sua vida útil. Da década de 1960 até a de 1980, a indústria de cobre desenvolveu diversas gaiolas de cobre para a aquicultura. Essas gaiolas eram rígidas e difíceis de reproduzir a escala para uma produção de grande volume. No entanto, demonstraram o conceito em gaiolas para peixes de tamanho semicomercial instaladas em fazendas comerciais de salmão Tendências, problemas, motivadores • • • • Expansão global da aquicultura. Redução das perdas de peixes devido aos parasitas, aos predadores, às infecções e à manipulação. Distanciamento das áreas costeiras protegidas para zonas mais expostas a condições marinhas severas. Redução do uso de antibióticos. Oportunidades e diretrizes recomendadas Design da gaiola Desenvolvimento de ligas • • • • • Melhorar o diâmetro do arame e o design da malha para diversas espécies de peixes. Projetar gaiolas e sistemas de flutuação para aplicações costeiras e de alto mar. Pesquisar sistemas submersos e estruturas flutuantes que possam submergir de acordo com as necessidades. Reduzir o peso da gaiola ao tempo que se estende sua vida útil. Reconsiderar as gaiolas de metal de menor custo. • Desenvolver ligas com melhor resistência à corrosão causada por atrito, evitando a perda de material. • Desenvolver / pesquisar as ligas que possam satisfazer as necessidades de desempenho anti-incrustantes com liberação de íons de cobre. 108 • Destroem 99% das bactérias resistentes em duas horas; • Previnem a reinfestação por 24 horas ou mais; • Reduzem continuamente o apressamento de bactérias. Assim, a instalação de ligas de cobre nas “superfícies de contato” nos hospitais, nas escolas, nos sistemas de transporte público e nos edifícios públicos deveria reduzir a transmissão de doenças e ao mesmo tempo gerar um novo e importante mercado para o cobre e suas ligas. Promover o uso do cobre nas indústrias de saúde e manipulação de alimentos exige a cooperação entre a indústria de cobre e os possíveis usuários, para garantir uma adequada seleção de ligas e produtos. Em uma aplicação relacionada, sabe-se que as superfícies ricas em cobre podem impedir o crescimento de fungos nos sistemas de ar condicionado, melhorando a qualidade do ar e mantendo as superfícies de troca de calor e condensação funcionando em sua máxima eficiência. Vários ensaios em superfícies à base de cobre foram feitos esperando-se a aprovação por parte do governo dos Estados Unidos para a promoção de cobre como um material bioestático. As normas internacionais exigem que os dispositivos médicos cumpram com os regulamentos pertinentes e passem nos testes relacionados à sua aplicação. As ligas de cobre, incluindo alguns compostos resistentes à opacidade (tarnishing), vêm superando com êxito as pesquisas na Alemanha e planejando testes de ligas de cobre para portas e grades de cama. Novas oportunidades: Superfícies higiênicas Segundo muitos estudos, as superfícies (não em cobre) das maçanetas de portas, grades das camas e pranchetas metálicas nos hospitais estão infestadas com altas concentrações de microrganismos, incluindo perigosos patógenos. Uma pesquisa apoiada pela ICA, que incluiu milhares de testes estritamente controlados em amostras metálicas de cobre em condições de laboratório, confirmou que as superfícies com teor de cobre maior ou igual a 65%: Tendências, problemas, motivadores • • • • • Aumento da resistência das bactérias a múltiplas drogas. Aumento de número de viagens, o que aumenta a velocidade e magnitude da transmissão de doenças. Aumento das taxas de infecção nos hospitais e comunidades. Envelhecimento da população, o que implica menor resistência às doenças. Necessidade de transferência de dados do laboratório à clínica. Oportunidades e diretrizes recomendadas • • • • Desenvolver e promover produtos sanitários de cobre e ligas de cobre. Desenvolver ou determinar os materiais / métodos ideais de limpeza para superfícies de ligas de cobre. Melhorar a resistência ao envelhecimento para manter seu apelo estético, sem comprometer as propriedades antimicrobianas. Em última instância, desenvolver produtos de cobre e de ligas de cobre “inoxidáveis” com propriedades antimicrobianas permanentes. • Promover a transferência de tecnologia para os potenciais produtores de materiais sanitários com cobre. • Promover o uso das aletas e coletores de gotejo de cobre nos sistemas de calefação, ventilação e ar condicionado (HVAC) em edifícios, veículos e transporte público. 109 Copper Connects Life. ™ Novas oportunidades: Futuras aplicações potenciais Além das áreas de oportunidade apresentadas nesse documento, a indústria de cobre busca outros projetos aplicados para promover novas aplicações para o cobre, identificar os avanços necessários e descrever uma abordagem técnica crível para sua realização com sucesso. A indústria, atuando por meio da Associação Internacional de Cobre e sua rede de organizações nacionais/regionais que promovem o seu uso, financia a pesquisa competitiva que conduz à criação de novas e importantes aplicações deste metal. Os pesquisadores no mundo acadêmico ou na indústria que estão trabalhando em qualquer pesquisa básica ou aplicada em relação ao cobre, e cujo trabalho coincida com os interesses da indústria de cobre, são encorajados a manter contato com a ICA. As propostas podem abordar problemas técnicos encontrados no desenvolvimento de um produto específico ou simplesmente realizar uma investigação exploratória. Propostas de pesquisas interdisciplinares ou que incluam parceiros da indústria são bem-vindas e a ICA está sempre disposta a avaliar o seu financiamento. Tendências, problemas, motivadores • • • • • • “Fertilização cruzada” de ideias e criatividade em conjunto. Digitalização, comunicação e computação dominantes. Simulação e modelagem dos fenômenos metalúrgicos. Compreensão científica mais profunda dos sistemas vivos. Maior preocupação pelas consequências sobre o meio ambiente. Propagação global do modelo de investimento de capital de risco. Oportunidades e diretrizes recomendadas Exemplos atuais de pesquisa sobre aplicações • Desenvolver tecnologia para controlar o tamanho o limite das partículas em formação de ligas de cobre, que possuam ao mesmo tempo alta resistência à deformação e alta ductilidade. • As zeólitas com cobre têm o potencial de ser uma solução econômica para a dessulfurização do combustível para o transporte. As atuais tecnologias de dessulfurização são caras, quando usadas para remover traços de enxofre dos combustíveis para o transporte. Sabe-se que os sais de cobre, como cloreto de cobre, mostram uma forte afinidade com a remoção (absorção) de compostos contendo enxofre. • A espuma de cobre combinada com um material que pode mudar de fase no intervalo de temperatura de aplicação tem um potencial de melhorar significativamente a eficiência energética dos edifícios. Um produto compacto para a construção de edifícios que armazene e libere energia térmica pode proporcionar uma temperatura interior uniforme com reduzido gasto de energia. 110 Figura A.1. Comparação de um rotor tradicional (esquerda) com um rotor de cobre (direita) Inovação na Indústria do Cobre Um estudo de caso sobre os rotores de cobre para motores Em meados da década de 1990 houve um grande interesse no desenvolvimento dos motores AC de indução mais eficientes, mais leves e menores para uso na indústria e nos setores governamentais. A aprovação da Lei de Política Energética de 1992 nos Estado Unidos e uma região similar na Europa refletiram uma crescente conscientização da importância da eficiência dos motores no campo da conservação de energia. A indústria respondeu com motores mais eficientes mediante um aumento da quantidade de cobre no bobinado dos estatores, o que reduz a resistência ou perdas I2R. Perseguindo a oportunidade Depois de décadas de graduais melhorias na eficiência dos motores, ficam as possibilidades técnicas para alcançar a eficiência significativamente superior a um custo razoável. O rotor de cobre fundido à pressão parece ser a melhor alternativa com potencial para reduzir as perdas totais entre 10% e 20%, em comparação com os rotores convencionais. Os rotores de cobre poderiam ter menor volume de metal e assim serem mais leves e operarem com maior eficiência e menor temperatura, aumentando a vida do motor. Apesar destas vantagens, os métodos de fundição de cobre existentes não eram econômicos para produções em grande escala. Os fabricantes de motores exigiram que o rotor de cobre fundido pudesse ser produzido em equipamentos comerciais existentes. Reconhecendo que o rotor de cobre é essencial para aumentar ainda mais a eficiência dos motores e obter economia de custo e aplicações de energia impulsionadas pelos motores, a International Copper Association (ICA) começou a financiar um projeto de I&D para criar um prático rotor de cobre para motores, adequado para produção em massa. Liderados pela Copper Development Association (CDA) dos Estados Unidos, um consórcio de fabricantes de motores, fundições e representantes dos governos, iniciraram (e financiaram cooperativamente) o programa Die-Cast Copper Motor Rotor Program (Programa de Fundição de Rotores de Cobre em Motores). 113 Copper Connects Life. ™ Desafios (Índia) estão sendo realizandos outros trabalhos no processo de fundição à pressão. Esse trabalho conta com o apoio da ICA e com cofinanciamento do Fundo Comum para os Produtos Básicos das Nações Unidas. A transferência de tecnologia está sendo conduzida por diversas organizações relacionadas com o cobre e pelo Programa de Tecnologias com Base no Cobre, apoiado pelo governo dos Estados Unidos. Os pesquisadores enfrentaram o duplo desafio de reduzir os custos de processamento e garantir um adequado rendimento do rotor de cobre. Durante o processo de moldagem, os aços convencionais são suscetíveis à quebra (craqueamento térmico) quando as temperaturas oscilam de maneira repetitiva, de algumas centenas de graus até o ponto de fusão do cobre (em torno de 2000°F; 1100°C). A vida útil dos moldes diminui drasticamente em comparação com o uso dos metais tradicionais, que se fundem a menor temperatura e induzem os moldes a uma fadiga e tensão térmica significantemente menores. Figua A.2. Aproximação de um dos muitos novos projetos potenciais de soluções de rotor de barra. Soluções A equipe liderada pela CDA determinou que poderia reduzir a quebra e prolongar a vida útil do molde, fazendo duas coisas: substituir partes críticas do molde de aço por uma superliga à base de níquel, dúctil e resistente ao calor, e pré-aquecer o molde a aproximadamente 600°C (1100ºF). Essas ações tornaram o processo de fundição de cobre economicamente viável. O formato das barras e ranhuras do rotor foi modificado para melhorar ainda mais as características de desempenho do motor. A alta condutividade do cobre permite que o projetista do rotor utilizando o "efeito de pele" (tendência do fluxo de corrente alternada para se reunir na superfície externa dos condutores) melhore o torque de partida e operação do rotor. A melhoria dessas barras continua, mas a equipe já passou suas descobertas iniciais aos membros do setor industrial para serem aplicadas imediatamente, podendo tornar os desevolvimentos posteriores mais independentes. Resultados Em 2006, um importante fabricante internacional de motores havia adotado a nova tecnologia de rotores de cobre fundidos à pressão e lançou no mercado uma linha de motores extraordinariamente eficientes. Depois de um ano, os motores foram amplamente aceitos para comercialização nos Estados Unidos. Atualmente, os motores são até dois pontos percentuais mais eficientes do que aqueles que cumprem as normas NEMA Premium™, e, portanto, oferecem custos substancialmente menores em seu ciclo de vida. Conclusão O Programa de Rotores de Cobre Fundidos à Pressão (Die-Cast) incorpora os princípios e objetivos do Guia de Inovação Tecnológica de Aplicações de Cobre. Dada a necessidade tecnológica bem definida, a indústria tem organizado um consórcio para financiar e implementar projetos que produzam soluções inovadoras para benefício de toda a sociedade. A pesquisa em andamento é dirigida, entre outros parâmetros, a melhorar os projetos do rotor para aproveitar plenamente as propriedades dos rotores de cobre para motores. No Centro de Desenvolvimento de Tecnologias Não-Ferrosas em Hyderabad 114 • Conformabilidade – Esta característica pode reduzir o tempo de instalação e o custo de mão-de-obra, particularmente nos encanamentos. Os tubos e acessórios são fáceis de unir com soldas e as conexões à pressão reduzem o tempo de instalação. O cobre e suas ligas são ubíquos nos componentes elétricos e eletrônicos, incluindo os interruptores, molas que levam eletricidade, conectores e leadframes. Os produtos de cobre forjados (quente ou frio) são aplicados quando necessitam de fiabilidade e boa maquinabilidade. A diversidade de ligas de cobre fundido também é abundante, particularmente quando combinada a necessidade de resistência à corrosão com uma boa condutividade térmica ou elétrica. Propriedades fundamentais do Cobre • Resistência à corrosão – Os metais de cobre podem resistir ao ataque de vários ambientes corrosivos, tornando-os ideais para o uso em aplicações nas indútrias de dessalinização, produtoras de energia, petróleo e gás em alto mar. Na presença de umidade e de diversos componentes atmosféricos (naturais e artificiais), o cobre finalmente muda para uma pátina protetora e agradável que conserva sua funcionalidade durante séculos. • Efeito antimicrobiano – Há uma crescente preocupação com as infecções contraídas em hospitais e com origem na indústria alimentícia. As propriedades bactericida, fungicida e antiviral do cobre, de seus compostos e ligas são conhecidas há séculos. O cobre e suas ligas em superfícies demonstram ser um importante fator para impedir a transmissão de doenças nas áreas de saúde e nos sistemas de tratamento do ar. Puro ou em ligas, em centenas de compostos destinados a satisfazer necessidades específicas, os metais com base de cobre proporcionam propriedades ideais para inúmeros produtos. • Aparência estética/cor - O cobre é utilizado cada vez mais por seu aspecto esteticamente agradável e o amplo leque oferecido por suas ligas. À medida que o uso do cobre se extende às superfícies sanitárias, a “aparência” do cobre ganha aceitação por parte dos consumidores como um metal “saudável”. • Condutividade elétrica – O cobre tem uma excepcional capacidade para transportar a corrente elétrica, melhor do que qualquer outro condutor, não supercondutor, exceto a prata. A fiação de cobre dos edifícios tem uma taxa de condutividade superior a 100% da norma internacional dos cabos reconhecidos (International Annealed Copper Standard (IACS)), o máximo aceito há um século. A excelente condutividade elétrica do cobre significa que os motores com novos rotores de cobre podem ser menores e funcionar a menor temperatura que os motores tradicionais. • Facilidade de união – A importância industrial do cobre cresce pela facilidade com que se liga com com outros metais. O resultado é uma extensa família de mais de 400 materiais em uso hoje em dia. Esse esforço está longe de ser esgotado. • Condutividade térmica – O cobre conduz calor até oito vezes mais que outros metais. Devido sua alta resistência inerente à corrosão, sua fácil formabilidade e a condutividade térmica, o cobre é um metal ideal para os trocadores de calor de todos os tipos, incluindo os sistemas solares de aquecimento de água. Uma vez que o aquecimento da água (tanto com o uso de eletricidade como o de gás) é um dos maiores gastos de energia para qualquer edifício ou casa, o cobre pode reduzir de maneira significativa os custos de energia. 115 Copper Connects Life. ™ O cobre pode ser laminado frio em folhas finas, que apesar de sua alta resistência aparente (ligas endurecidas ou rolos de tratamento térmico) podem ser facilmente transformadas em componentes conectores, simplesmente dobrando-as. A combinação única de força e conformidade faz do cobre (e suas ligas) um metal ideal para o uso em ações repetitivas, que se submetem a tensão dos componentes, como por exemplo, os conectores elétricos, molas e interruptores elétricos. O Cobre e a Sociedade Necessidades da sociedade em longo prazo Enquanto o cobre desfruta de largo uso histórico, há uma grande parte da população que ainda não tem acesso à eletricidade ou à água potável. Além disso, as preocupações da sociedade pela melhoria da saúde pública, pelo aumento da eficiência energética, pela sustentabilidade do meio ambiente e por melhores níveis de vida têm promovido o desenvolvimento de sistemas de energia menos contamináveis, a aquicultura marinha, a eletrônica portátil e ilimitadas formas de comunicação. Reconhecendo o profundo afeto que a tecnologia tem em quase todos os aspectos da vida, a indústria de cobre planeja continuar participando do avanço da tecnologia e explorar outros usos. Ao mesmo tempo, devem-se adotar medidas para fomentar uma maior integração entre a inovação tecnológica e algumas considerações mais amplas pelos temas sociais, econômicos e ambientais. O cobre é essencial para os organismos vivos e tem um papel fundamental na tecnologia. Desde os sistemas de irrigação dos antigos reis do Egito até invenções revolucionárias como o telefone celular, o cobre tem contribuído para o desenvolvimento da sociedade. • Melhorar a saúde - O cobre é necessário para o normal funcionamento das plantas, dos animais, dos seres humanos e inclusive dos microorganismos. Está incorporado em diversas proteínas que realizam funções metabólicas específicas. Sua necessidade dietética diária tem sido recomendada por uma série de organismos em todo o mundo. Alguns dos usos do cobre vêm de sua capacidade de controlar o crescimento dos organismos. Por exemplo, foi provado que o cobre é um efetivo agente anti-patógeno e antisséptico nos enxágues bucais e pastas de dentes. As superfícies de contato feitas com o metal podem ajudar na prevenção de doenças, mediante o controle de crescimento de patógenos perigosos. O metal é praticamente o único utilizado na transmissão de eletricidade e de dados, contribuindo com a evolução para a era das telecomunicações. Talvez na história da humanidade mesmo levando em conta o ritmo acelerado do progresso contemporâneo - nunca uma nova invenção tenha sido comercializada com tanta rapidez como foi o telefone. Introduzido em 1930, o fio de cobre para telefones foi utilizado no lugar do ferro para enviar pequenos sinais de voz, de alta frequência, a mais de 50 milhas sem perder o sinal ao longo da linha. As características de um fio forte, homogêneo e de alta condutividade favoreceram, sem dúvida, o uso do cobre nas telecomunicações. • Melhorar a eficiência energética - A energia desperdiçada eleva os custos para os consumidores e pode ter impactos ambientais negativos. A melhoria na eficiência da energia elétrica é útil para assegurar melhor qualidade de vida. A conversão de equipamentos energeticamente eficientes, especialmente motores premium e superpremium com rotores de cobre (CMR), assim como um bobinado de cobre em transformadores de alta eficiência, ajuda a reduzir custos e atenuar a emissão. Combinada com sua força, resistência à corrosão e durabilidade, a beleza natural do cobre tem inspirado inúmeros arquitetos e designers a integrar o metal tanto em superfícies externas como internas dos edifícios. O cobre tem coberto e protegido alguns dos mais importantes edifícios da antiguidade, como também centenas de universidades, instituições financeiras, edifícios governamentais e lugares sagrados. 117 Copper Connects Life. ™ • Sustentabilidade do meio ambiente - A reciclagem tem sido utilizada há muito tempo para reduzir os resíduos e para conservar recursos valiosos. O cobre é 100% reciclável, sem perda de rendimento. Não se consome no sentido de “acabar”. Ele é utilizado, reciclado e reutilizado (figura C.1). O cobre tem a maior tradição na reciclagem que qualquer outro material conhecido pela civilização. Estima-se que 80% de todo o cobre extraído das minas durante os últimos 10 mil anos se encontra em uso. O cobre recuperado por meio de reciclagem também requer uma energia 75 a 92% inferior a quantidade necessária para converter o mineral de cobre a metal. • Maior nível de vida - A proporção da população mundial que vive nas cidades com mais de 10 milhões de habitantes está continuamente aumentando. Este crescimento, sobretudo quando se concentra em grupos que requerem enormes infraestruturas elétricas, aumenta a necessidade de materiais e energia, que deve ser satisfeita de uma maneira econômica e respeitosa ao meio ambiente. A população que envelhece atualmente é grande e aumenta a demanda por tecnologias que ajudem a corrigir a visão, audição, motricidade e outras deficiências, o que permite aos idosos seguir vivendo comodamente como membros ativos da sociedade. Atingir níveis de vida mais altos em meio a um “boom” populacional requer materiais e produtos que possam ajudar no desenvolvimento sustentável e uma melhor qualidade de vida para todos. Figura C.1. Reciclagem de cobre: refinação, fabricação, recuperação e reutilização. 118 Figura D.1. Cobre e tendências da população mundial 6.5 300 280 260 6.0 Uso de cobre per capita População mundial 5.5 5.0 220 200 4.5 180 4.0 População (102 ) O Cobre hoje em dia 1950=100 240 160 3.5 140 3.0 120 100 2.5 50 52 54 56 58 60 62 64 66 68 70 72 74 76 78 80 82 84 86 88 90 92 94 96 98 00 02 04 06 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 20 20 20 20 Figura D.2. Mercados finais para o cobre – 2006. Nos últimos 50 anos, o uso per capita de cobre duplicou, refletindo o papel do cobre no desenvolvimento da tecnologia, na expansão da atividade econômica e no aumento dos níveis de vida (figura D.1). O cobre contribui para muitos sistemas técnicos em regiões desenvolvidas, como a construção, a energia, as comunicações e o transporte. Nas regiões menos desenvolvidas, o cobre apoia a construção de importantes blocos necessários para elevar os padrões de vida, levando eletricidade, água potável e transporte eficiente para alimentar a crescente economia. Outros 3% Produtos de consumo 8% Arquitetura 2% Distribuição de água 13% Componentes mecânicos 6% Trocador de calor automotivo <1% Trocador de calor para construção <1% Em 2006 a demanda mundial de cobre refinado e reciclado foi de 22 milhões de toneladas, com aproximadamente um terço dessa quantia suprida por cobre reciclado a partir da sucata de cobre. Trocador de calor para aparelhos 8% Gestão térmica eletrônica 1% A necessidade de cobre está principalmente na transmissão de energia elétrica, na transmissão de dados/sinais e nos sistemas impulsionados por motores na indústria. O fio de cobre recém-refinado é utilizado devido às exigentes especificações de rendimento e segurança. As tubulações e acessórios industriais (por exemplo, distribuição de água) constituem um dos mais importantes usos do cobre, depois dos cabos. A figura D.2 ilustra os mercados finais de cobre e seus percentuais relativos ao total do uso de cobre. Interconexão eletrônica 2% Propulsão elétrica, automotriz e marinha 9% Sistemas impulsionados por motores 12% Cabeamento automotiva 5% Transmissão de dados / sinais 5% Transmissão de energia elétrica 26% 119 Copper Connects Life. ™ Por exemplo, os componente para fusíveis do tipo blowouts de 150A e 200A utilizados nos equipamentos para a mineração de carvão foram produzidas pela conversão de barras de cobre em pó de cobre, economizando aproximadamente 25% dos custo de produção. Tendências e desafios que influenciam o uso do Cobre • Maximizar o valor agregado da utilização de cobre – os designers de produtos finais tendem a buscar maior economia (ou seja, a quantidade mínima) de material para uma funcionalidade adequada, evitando o excesso de engenharia e mantendo uma aceitável vida útil de produto. O desejo dos processadores de cobre em agregar valor (e lucros) pode ser satisfeito com o cumprimento das exigências do usuário final mediante o aumento do teor de engenharia de produtos, por exemplo, o tamanho reduzido, a utilização de ligas especiais e perfis, etc. Os produtos de cobre de engenharia são materiais de alto valor agregado que normalmente têm melhor rendimento que o cobre puro ou produtos elaborados por métodos de fabricação convencionais. Esses produtos são mais rápidos, apresentam intervalos de temperatura mais amplos, são multifuncionais ou têm menor custo por ciclo de vida. De acordo com os planos da indústria do cobre para os próximos cinco anos, deve-se considerar como o uso do cobre mudará em resposta às tendências, às condições econômicas e aos diferentes impulsionadores de mercado, assim como aos obstáculos que esses fatores podem provocar. Embora seja obviamente impossível prever o futuro, pode-se ter uma ideia das prováveis vias de desenvolvimento e prioridades considerando-se as forças tecnológicas, econômicas e sociais que comumente influenciam as indústrias de cobre. A capacidade do cobre de bom funcionamento, inclusive quando se utiliza em espessuras e pesos reduzidos, é uma característica que produz valor agregado. Por exemplo, nos tubos de cobre utilizados para água potável, a espessura da parede pode ser reduzida de 1 mm a 0,3 mm sem destruir sua funcionalidade. Em coletores térmicos solares, a redução da espessura da lâmina de cobre de 0,2 mm a 0,12 mm diminui o uso de cobre e o custo dos produtos, permitindo que o cobre mantenha 60% de participação nos produtos no mercado que aumenta a um ritmo de 30% por ano na Europa. Em aplicações automotivas, a conformabilidade do cobre e a alta condutividade dão ao metal uma posição favorável para reduzir o tamanho dos circuitos, conectores e cabeamentos. • Redução dos custos de processamento – Durante as duas últimas décadas, as indústrias automotivas e de metais primários têm sido obrigadas a reduzir o custo de fabricação, sem reduzir a qualidade. A indústria dos semicondutores na atualidade está muito preocupada em diminuir os custos, e o aumento drástico da demanda de bens na China e Índia tem aumentado os custos de muitas matérias-primas, incluindo o cobre. • Aumento da pressão competitiva de outros materiais – A natureza mutante da pressão concorrencial obriga as empresas a competir simultaneamente em vários aspectos de desempenho. Há cerca de quinze anos, o aço foi considerado como um material antigo, pesado e de duvidosa uniformidade e os fabricantes de automóveis ameaçaram fabricar as principais peças com plástico. Depois de anos de esforço constante pela melhoria de qualidade, o aço continua superando os materiais da concorrência. O alumínio e outros materiais têm histórias similares de êxito. O cobre, com suas características únicas, deve oferecer melhorias que não se pode atingir com outros materiais, diminuindo assim o efeito de sensibilidade ao custo na decisão de compra. Nas aplicações em que o cobre é o mais adequado para um uso específico, o risco de substituição é demasiadamente alto, sendo que os fabricantes começaram a responder aos altos custos do cobre buscando processos de fabricação e montagem mais eficientes para diminuir os custos. Os períodos prolongados de altos custos finalmente conduzirão à redução da quantidade de cobre a ser usado e, em última instância, a substituição deste por materiais alternativos. A capacidade do cobre para ser fabricado como um metal forjado ou em pó (P/M) tem permitido importante redução nos custos em uma grande variedade de aplicações eletrônicas. 121 Copper Connects Life. ™ • Mudanças de regulamentos, códigos e normas – Devido principalmente ao aumento dos custos de energia e as preocupações políticas sobre a futura segurança de fornecimento, a eficiência energética tem aumentado rapidamente na agenda política da União Europeia. As indústrias estão dando cada vez mais atenção para o valor da eficiência energética e seus efeitos sobre a economia do ciclo de vida. Um bom exemplo é que as exigências das instituições com normas mais rígidas em eficiência de motores e o mercado para motores eficientes premium e superpremium aumentaram em ritmo acelerado. Os motores CMR de alta eficiência, eficiência premium e sobretudo superpremium, utilizam mais de 20% de cobre nos enrolamentos dos estatores e nos motores, também nas barras condutoras, em comparação com os antigos motores de “eficiência-padrão”. físicas e mecânicas, melhora-se também o desempenho do cobre nas aplicações avançadas. • O uso crescente de materiais complementares – Os materiais que podem mudar as características de funcionamento de cobre podem se agregar à superfície ou se incorporar no cobre. O cobre é utilizado mais frequentemente em combinação com outros materiais e as propriedades do sistema de materiais resultantes se ajustam às necessidades de uma aplicação específica. Os materiais complementares aplicados às superfícies de cobre podem proporcionar capas mais finas de isolamento elétrico, proteção contra a manipulação, proteção contra a corrosão ou muitas outras qualidades desejáveis. A demanda por materiais com maior resistência/peso tem aumentado o interesse pelos materiais compostos, nos quais se agrega um material de reforço dentro de outro material, com a finalidade de aumentar a resistência e a durabilidade e, em alguns casos, reduzir seu peso. O cobre não é em si um material com alta relação força/peso e não é frequentemente utilizado nos casos em que essa propriedade é singularmente especificada. No entanto, as formulações tais como materiais compostos, em que o cobre é reforçado com fibras de carboneto de silício, têm alta condutividade térmica e resistência a temperaturas elevadas. Outras possibilidades com base nesse exemplo devem ser procuradas. Outros regulamentos que afetaram a indústria de cobre envolvem os solos, as águas, os resíduos e os sedimentos. Na Ásia, o aumento na industrialização, o desenvolvimento na infraestrutura e as construções residenciais e comerciais impulsionam os governos a apoiar os avanços científicos para compreender o comportamento dos metais e a toxicidade nos solos, nas águas e nos sedimentos. Nos anos seguintes, também foram revisados regulamentos similares no Chile e na América do Norte. Nos Estados Unidos aumenta a preocupação pela carga de cobre nas águas e no solo derivadas de fontes como a arquitetura, guarnições de freios de automóveis, fertilizantes, pintura e irrigação, entre outras. Em vários casos importantes (por exemplo, as regiões de Connecticut e a Baía de São Francisco) essas fontes têm sido atenuadas pela aplicação correta da ciência do meio ambiente. • Design para a recuperação e reutilização – O cobre e suas ligas são 100% recicláveis e o cobre secundário é um importante material industrial. Rotineiramente, o cobre é extraído de automóveis, componentes eletrônicos e dos edifícios no final de sua vida útil. É importante para os engenheiros considerar de que forma os produtos serão desmontados e o cobre recuperado. Durante os processos de fabricação, nem todo o cobre se converte em produtos úteis e esse material excedente precisa ser recuperado e reciclado. É benéfico que esse material de sucata permaneça sem contaminação, para facilitar sua reutilização. • Assegurar o desempeno dos produtos que contenham cobre – Cada vez mais se utiliza a simulação computacional para predizer e validar o desempenho do cobre nas novas aplicações. A miniaturização e a integração de materiais impulsionaram investigações adicionais nas propriedades mecânicas dos sistemas pequenos, no comportamento das regiões superficiais e subsuperficiais do cobre e suas ligas, nos fenômenos que afetam a interface do cobre com outros materiais e no impacto de uma maior integração de diferentes materiais na reciclagem. O desenvolvimento e a utilização de novas ligas, combinado com restrições de design mais estritas, requerem que as propriedades dessas ligas (e outros materiais convencionais) sejam conhecidas ou previsíveis com uma maior certeza. Ao melhorar o controle das propriedades térmicas, elétricas, 122 A ICA apresenta três estratégias para a introdução do Guia de Inovação de Aplicação do Cobre: • Atividades de divulgação e desenvolvimento de alianças: envolvem as pessoas e as organizações relevantes para inspirar novas ideias sobre as oportunidades de aplicações futuras para o cobre e as atividades de I&D necessárias. • Fóruns de introdução do Guia de Inovação: proporcionarão cenários para promover uma tempestade de ideias sobre áreas de oportunidades específicas e compartilhar as conclusões entre as redes criadas Implementação do Guia de Inovação Tecnológica • Supervisão do Guia de Inovação e coordenação de projetos: envolve gerenciar as interações entre as diversas organizações que participam no uso do Guia de Inovação. Historicamente a ICA tem um papel de coordenação de desenvolvimento e adoção de I&D para as principais aplicações de cobre e continuará assumindo esse papel. A ICA também liderará esforços para assegurar o financiamento de terceiros, incluindo os governos, as organizações não governamentais e organizações industriais. A figura 3.1 descreve os principais passos de instauração, que têm tem por objetivo desencadear o diálogo sobre o cobre e posteriormente instalar e gerenciar projetos de aplicações de cobre. Serão necessárias uma forte liderança e perseverança para garantir que as oportunidades não sejam perdidas. Também é importante alcançar o sucesso precoce a fim de manter o estímulo gerado pelo Guia de Inovação e convencer as empresas de que o modelo de parceria tecnológica pode funcionar. O Guia de Inovação Tecnológica de aplicação de cobre continuará evoluindo à medida que a indústria reagir às tendências sociais, às pressões de competência e às evoluções tecnológicas relacionadas, assim como às oportunidades imprevistas. Embora não abranja todos os meios tecnológicos para o futuro, esse guia de inovação foca no que seus colaboradores estão convencidos serem as necessidades prioritárias para a indústria de cobre e seus usuários. Difusão e desenvolvimentos de alianças Como tal, destina-se a orientar o planejamento e a adoção de programas de conjuntos de I&D que envolvam os produtores de cobre, indústrias que utilizam o cobre, universidades, laboratórios governamentais, empresários e tecnólogos independentes. As associações em projetos conjuntos aproveitam os recursos e as capacidades existentes entre semifabricantes de cobre, produtores de componentes, fabricantes de sistemas e de equipamentos originais (OEM), organizações governamentais, universidades, produtores e outras partes interessadas. A combinação das experiências e as perspectivas de todas as facetas dos mercados relacionados com o cobre garantirão que suas necessidades se satisfaçam. Além disso, a informação e a divisão de custos minimizam a duplicação dos esforços de desenvolvimento de tecnologia e maximizam o uso de recursos para alcançar soluções de forma eficiente. Embora os papéis das empresas e organizações na aplicação deste guia não foram determinados ainda, eles vão tomando forma à medida que o Guia de Inovação for difundido e revisado por todos participantes. Muitas das organizações que participaram na criação deste guia investem anualmente importantes recursos no desenvolvimento de produtos inovadores, novas ligas de cobre e avançadas tecnologias de processos. Seus registros de investimentos em tecnologia são, e continuarão sendo, uma das principais fontes de seu próprio êxito futuro no mercado. Ao trabalhar no desenvolvimento deste Guia de Inovação, a indústria deu seu primeiro passo na transformação tecnológica de negócios. Mas a aplicação de mudanças é o passo mais difícil e complexo na obtenção dos resultados desejados. Sem uma ideia clara de como instaurar este guia, ele se transformará em outro relatório para as bibliotecas. 123 Copper Connects Life. ™ As atividades de divulgação são igualmente importantes, já que elas mantêm os grupos da indústria informados e atualizados com relação à tecnologia e às estratégias eficazes para aumentar o valor dos produtos, utilizando as vantagens inerentes do cobre. Os fóruns on-line da Web, artigos de revistas, informes publicitários, conferências informativas e atualizações de notícias de forma regular podem aumentar a conscientização global sobre os últimos desenvolvimentos das inovações de cobre. Figura 3.1. Estimulando assuntos sobre o cobre – Unir pessoas e redes dentro dos domínios chaves e estimular a reflexão sobre as tecnologias relacionadas com o cobre. Redes de ciência dos materiais, metalurgia e processamento de materiais. Redes de engenharia em design e aplicações relevantes para o cobre Fontes de financiamento interessadas em tecnologias relacionadas com o cobre Estímulo da ICA na ISO Foros de implementação dos planos de trabalho. Divulgação e desenvolvimento de associações. Supervisão e coordenação de projetos. 124 Um fórum sobre a implementação do Guia de Inovação pode proporcionar os meios para obter novas ideias para acelerar o progresso dos projetos mais sensíveis em curto prazo. Se for determinado que uma oportunidade específica do Guia de Inovação não está sendo tratado por meio dos esforços em desenvolvimento, os líderes da indústria de cobre, incluindo a ICA, devem agir para organizar atividades que reúnam toda a gama de especialidades necessárias para pensar de forma criativa sobre as possíveis respostas. Esse investimento pode ser direcionado para a pesquisa aplicada, a comercialização de tecnologia, a integração de produtos, as experiências de campo, a formação/promoção ou qualquer outro meio ou método que fomente uma oportunidade em particular. De acordo com sua missão, a ICA pode desempenhar esse papel, proporcionando a necessária supervisão e colaboração para iniciar e dotar de recursos os projetos e atividades. A missão da ICA é promover o cobre como o material de escolha para os mercados atuais e as novas aplicações, devido seus atributos superiores em relação ao desempenho técnico, o seu valor estético, sua sustentabilidade e a maneira pela qual é essencial para a vida, assim como suas contribuições para um melhor padrão de vida. Antes de dar início a novos projetos, a indústria de cobre deve definir claramente os resultados esperados, os recursos e as capacidades exigidas e a forma como os resultados contribuirão para a realização de uma conquista particular. Cada um desses fatores será integrado às exigências para as propostas de projetos inovadores, provenientes das universidades, das empresas privadas, dos laboratórios governamentais, dos pesquisadores ou da comunidade técnica. A missão da ICA: Promover o cobre como o material preferido para os mercados atuais e novas aplicações, devido seus atributos superiores em relação ao Supervisão do Guia de Inovação e coordenação de projetos desempenho técnico, o valor estético, a sustentabilidade e O Guia de Inovação do Cobre incentiva as organizações e indivíduos a participar da maneira que melhor aproveitem as diferentes capacidades, habilidades e recursos para desenvolver as oportunidades descritas neste documento. Isso dá às empresas e às organizações a flexibilidade para realizar projetos que correspondam aos seus interesses particulares. No entanto, sem uma estrutura unificada será difícil identificar, organizar, financiar e acompanhar as diversas atividades e seus benefícios associados. a essenciabilidade para a vida, assim como suas contribuições para um melhor padrão de vida. Referências: 1. Smolders, Jan A. Foreword to Civilization and Copper; The Codelco Collection by Leibbrandt, Alexander, p. 3. Translation by the International Copper Association, Ltd. (ICA). Santiago, Chile: Codelco, 2001. 2. “Furukawa Electric Develops Lighter Auto Wiring Harness for 2010-2012 Cars.” Japan Metal News. 10 October, 2007, http://www.japanmetalbulletin.com/top_bn/nm071010.html 3. International Copper Study Group. “Focus on Copper: Consumption per Capita.” Accessed December 12, 2007, http://www.icsg.org/Factbook/copper_world/intensity.htm. 4. Lea, Tony. E-mail message to author. 21 May 2007. 5. AMIRA International Ltd. Copper Technology Roadmap Summary. 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Macul 5540, Macul, Santiago Tel.: 978-1468 www.inta.cl Ph.D. Universidade de Sydney, NSW, Austrália Médica-cirurgiã, Universidade do Chile, Pediatra-gastroenteoróloga Professora Titular, Universidade do Chile Pesquisadora do Instituto de Nutrição e Tecnologia de Alimentos (INTA) Universidade do Chile Email: [email protected] Procobre Brasil Antonio Maschietto, Jr. - Diretor-executivo Av. Brigadeiro Faria Lima 2128 - 2 andar - conjunto 203 CEP 01451-903 - Jardim Paulistano - Sao Paulo - SP - Brasil Tel.: (55-11) 3816-6383 - Fax: (55-11) 3816-6383 Email: [email protected] www.procobre.org/br Manuel Olivares Grohnert Médico-cirurgião, Pediatra, Hematólogo-oncólogo infantil Professor Titular, Universidade do Chile Pesquisador do Instituto de Nutrição e Tecnologia de Alimentos (INTA) Universidade do Chile Email: [email protected] Procobre Chile Daniel de la Vega Wilson – Diretor-executivo Vitacura 2909 of. 303 Las Condes, Santiago, Chile Tel.: 56 (2) 335 3488 - Fax: 56 (2) 335 3264 x111 Email: [email protected] www.procobre.org Fernando Pizarro Tecnólogo-médico, Laboratorio clínico Professor Titular, Universidade do Chile Chefe do Laboratório de Micronutrientes do Instituto de Nutrição e Tecnologia de Alimentos (INTA), Universidade do Chile Email: [email protected] Procobre México Efrén Franco Villaseñor – Diretor-executivo Av. Sor Juana Inés de la Cruz 14 Oficina 305 - 54000 Tlalnepantla Estado de México, México Tel.: (52-55) 1665-6330 - Fax: (52-55) 1665-6562 Email: [email protected] www.procobre.org Guillermo Figueroa Gronemeyer Procobre Perú Gustavo Lagos Miguel de la Puente Quesada – Diretor-executivo Calle Francisco Graña 665-671, Magdalena del Mar, Lima 17, Perú Tel.: (51-1) 261-4067 - Fax: (51-1) 460-1616 Email: [email protected] www.procobre.org Engenheiro de Minas, Universidade do Chile Ph.D. em Eletroquímica, Universidade de Leeds, Inglaterra Pós-graduado em Processamento de Minerais, Universidade de Leeds, Inglaterra Mestre em Engenharia de Minas da Pontifícia Universidade Católica do Chile Diretor do Centro de Mineração da Pontifícia Universidade Católica do Chile Email: [email protected] Tecnólogo-médico, Microbiólogo Professor Associado, Universidade do Chile Chefe do Laboratório de Microbiologia e Probióticos do Instituto de Nutrição e Tecnologia de Alimentos (INTA), Universidade do Chile Email: [email protected] Editor Hernán Sierralta Worstman Diretor de Comunicação para a América Latina Email: [email protected] 126 COBRE Saúde, Meio Ambiente e Novas Tecnologias