VOLUME II

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ISBN 978-85-8015-038-4
Cadernos PDE
2007
VOLUME II
Versão Online
O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS
DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
Produção Didático-Pedagógica
A presença do mito de Narciso na literatura
brasileira e seus reflexos na sociedade
contemporânea.
Professor: Donizeti Aparecido Donha
Orientador : Aécio Flávio de Carvalho
ÍNDICE
1- Mito
2- Mitologia grega
3- O mito de Narciso
4- A presença de Narciso em poemas, canções e
contos
5- A sociedade narcisista
6- Atividades
Quais foram as formas de pensamento que o
homem desenvolveu na tentativa de explicar o
mundo, suas origens e seus fenômenos?
Os mitos milenares continuam presentes no mundo
altamente ocupado pelas mais desenvolvidas
tecnologias?
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Introdução
A escolha do mito de Narciso para o desenvolvimento deste trabalho vincula-se
ao fascínio que esta narrativa carrega e desperta em público das diversas faixas
etárias e pelas diversas interpretações que lhe foram atribuídas pelos mais diversos
períodos históricos da humanidade.
Principalmente a partir do século XX, quando trabalhos da área psicanalítica,
filosófica e crítica literária, enfocam o mito de Narciso, em busca de novas luzes
para explicar a condição do homem e da sociedade moderna.
Desta forma, esta narrativa grega cria condições de aproveitamento da rica
cultura mitológica dentro da escola de primeiro e segundo graus para o incentivo da
leitura e como estofo cultural importante na formação de jovens estudantes.
1- O Mito
O mito constitui-se em uma narrativa sagrada, concebia como verdadeira e fundase na crença de uma ordem sobrenatural. Seus personagens são deuses que
simbolizam fenômenos da natureza ou qualidades e estados humanos.
Fernando Pessoa inicia Ulisses, um de seus poemas mais famosos, com o
seguinte verso:
O mito é o nada que é tudo
com este paradoxo, o poeta sintetiza muitas teorias ou estudos míticos.
Retomando Pessoa, “ o mito é o nada”, isto é, pura invenção da fantasia humana,
criação isenta de conhecimentos científicos, portanto, posto em comparação com
outras atividades humanas baseadas na ciência ou na busca de lucros, o relato
mítico seria reduzido a uma atividade desvalorizada.
Contudo, este nada é tudo. Como compreender este paradoxo?
Cada povo desenvolveu suas lendas, seus mitos, suas histórias heróicas, que
como vimos são invenções que se fundam em indagações concretas pela
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necessidade de explicar o mundo. Acontece que esses mitos, repetidos de geração
em geração, também são apropriados pelos poetas e com o passar do tempo
firmam-se como elementos de cultura da coletividade onde nasceram. Passam a ser,
então, patrimônio e tradição de uma nação. Por isso, o mito é tudo, pois fundamenta
o aspecto heróico, religioso e artístico de um povo, fornecendo lhe energia e base
histórica para sua unidade e desenvolvimento.
Então, o mito, apesar de seus aspectos originalmente imaginários, torna-se parte
concreta e determinante na caracterização da vida de cada comunidade.
2- A Mitologia Grega
A Mitologia Grega por se constituir num apelo ao racional, ainda que na origem
seja fantasia, e por sua importância histórica fundamenta-se como base da
Civilização Ocidental; é sabida a importância da cultura grega geral no mundo
ocidental; por isso é a mais estudada entre as mitologias.
Como nasceu a Mitologia Grega?
Há três mil anos não havia conhecimento científico para explicar os fenômenos
naturais ou históricos. Então, na tentativa de encontrar um significado para estes
fenômenos e eventos políticos ou sociais, os gregos criaram uma série de histórias.
Como buscavam explicações para tudo e enxergavam vida em todos os
elementos que os cercavam, a imaginação coletiva criou uma infinidade de
entidades mitológicas, heróis, deuses, ninfas, titãs e centauros.
Estas histórias foram transmitidas, principalmente, através da literatura oral e
preservaram a memória histórica do povo grego; constituem-se no que
tradicionalmente é chamado de Mitologia Grega.
Equivalência em grego e em latim dos nomes dos principais deuses gregos:
Zeus
(Júpiter) - Senhor do Céu, deus de todos os deuses.
Hera
( Juno) - deusa dos casamentos e da maternidade, esposa de
Zeus.
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Afrodite
(Vênus)– deusa do amor e da beleza
Hades
(Plutão)– deus dos mortos e do subterrâneo
Apolo
(Febo) – deus da luz e das obras de artes.
Ártemis
(Diana|)– deusa da caça
Ares
(Marte)– divindade da guerra
Atena
(Minerva)– deusa da sabedoria
Hermes
(Mercúrio) – deus do comercio e das comunicações
Hefestos
( Vulcano)– divindade do fogo e do trabalho
Urano
(Céu)– deus do céu estrelado
Crono
(Saturno)– deus do tempo
Dionísio
(Baco)- deus do pão, do vinho e do prazer
As Musas – representantes das artes e das ciências, invocadas pelos poetas em
busca de inspiração e sucesso.
Para os gregos, os deuses eram imortais, mas apresentavam características de
seres humanos, tais como: inveja, ciúme, traição e violência. Em muitos mitos, os
deuses se apaixonavam por mortais e geravam filhos com estes. Os filhos de
deuses e mortais eram chamados heróis.
Principais heróis da mitologia grega:
Aquiles
–
filho de Tétis (deusa do mar) e Peleu (rei dos mirmidões)
Hércules
–
filho de Zeus e de Alcmena
Jasão
-
filho de Esão (rei de Lolco) foi educado longe da corte pelo
Centauro Quíron
Perseu
-
Filho de Zeus e Dânae, derrotou a Medusa
Teseu
-
filho de Egeu (rei de Atenas) derrotou o Minotauro
Ulisses
-
filho Laerte (rei de Ítaca)
símbolo da capacidade do homem
para superar as adversidades.
A morada dos deuses
O monte Olimpo, principal montanha da Grécia antiga, era a morada do deuses, de
lá governavam os seres humano, interferindo em seus trabalhos e em suas relações
sociais e políticas.
3- O mito de Narciso
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Entre as entidades míticas gregas situa-se Narciso, mito que recebeu diversas
interpretações durante o transcurso da História, desde neoplatônicos, teólogos,
cristãos, críticos literários e, no século XX, por Freud, o mestre da psicanálise.
É da essência do mito apresentar numerosas variantes da narrativa. O mito de
Narciso também apresenta diversas versões. Vejamos uma delas:
“Contra a vontade, a ninfa Liriope é possuída por Cefiso, deus e rio, e concebe
Narciso. Antes era alegre e despreocupada. Agora triste e preocupada.
Entretanto quando seu filho nasceu, o rosto de Liriope voltou a iluminar- se de
intensa alegria. O menino – que recebeu o nome de Narciso – era belo e gracioso, e
certamente ao crescer, se faria amado de deusas, de ninfas e de mulheres mortais.
Ansiosa para saber se Narciso viveria muitos anos, a jovem procurou o cego
Tirésias, adivinho cuja fama começava então ultrapassar as fronteiras da Boécia.
Sim, ele terá vida longa, respondeu-lhe o cego, desde que não se conheça nunca.
Ninguém entendeu o sentido dessas palavras. E a obscura resposta caiu no mais
completo esquecimento. Até o dia em que Narciso, já adulto, deparou com sua
imagem refletida na calma superfície de uma fonte. Enamorou- se tão perdidamente
de si mesmo que ali ficou, dias e dias, a contemplar- se, deixando- se consumir pela
fome, pela sede, pela solidão.”
O mito de Narciso, como outros mitos gregos, enraizou-se na cultura da
Civilização Ocidental e faz parte tanto do mundo das artes como do mundo das
ciências.
Da sua estrutura são recuperados alguns elementos e interpretações que
aparecem em vários contextos seja na área musical, poética, narrativa ou na
psicanálise, tais como:
a) A incapacidade de amar outra pessoa que não seja ela mesma;
b) A incapacidade de comunicar-se com outrem;
c) O refletir-se no espelho;
d) O auto-retrato;
e) A queda para um nível subumano em razão da incapacidade de amar;
f) A necessidade de reconhecimento pelo olhar de outrem;
g) O sentimento de superioridade e de perfeição;
h) O amor a si próprio;
i) O duplo
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4- A presença de Narciso em canções, poemas e contos
Em virtude do fascínio que a tragédia de Narciso exerceu, não são poucos os
textos em que ecos do mito grego aparecem, apoiando-se ora em um dos seus
aspectos fundamentais ora noutro. A literatura brasileira apresenta muitas obras em
que o tema é evidente.
Na lira 1, do livro Marília de Dirceu, de Tomás Antonio Gonzaga podemos ler:
“ Eu vi o meu semblante numa clara fonte,
Dos anos inda não está cortado
Os Pastores que, habitam este monte
Respeitam o poder do meu cajado.
Com tal destreza toco a sanfoninha
Que inveja até me tem o próprio Alceste
Ao som dela concerto a voz celeste
Nem canto letra que não seja minha,
Graças, Marília bela,
Graças ‘a minha estrela !”
Nesta estrofe em que o pastor Dirceu, convenção árcade, se apresenta a sua
amada, alguns traços lembram facilmente a história de Narciso.
a) o pastor contempla seu reflexo no espelho das águas cristalinas
b) a admiração pela própria imagem
c) a superioridade de sua voz e do seu estro de compositor
d) o olhar do outro por reconhecimento.
Cruz e Sousa, poeta simbolista do final do século XIX, também deixa
transparecer traços narcisistas em seu soneto “ De alma em alma”:
“Tu andas de alma em alma errando, errando
Como de santuário em santuário
És o secreto e místico templário
As almas em silêncio contemplando
(...)
Mas sei que de alma em alma andas perdido
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Atrás de um belo mundo indefinido
De Silêncio, de Amor, de Maravilha.”
Como Narciso contemplou-se no reflexo das águas para se conhecer, o eu-lírico
precisa contemplar as almas na busca de seu auto–conhecimento, assim como
Narciso definhou diante de sua ´própria bela imagem, a personagem do soneto de
Cruz e Sousa perde-se na ânsia de se encontrar no reflexo da perfeição onde
poderia se refletir.
Também Ferreira Gullar aborda o famoso mito grego com o poema
“ Narciso e Narciso”
“ Se Narciso se encontra com Narciso
E um deles finge
Que ao outro admira
(para sentir se admirado)
O outro
Pela mesma razão finge também
E ambos acreditam na mentira.”
Neste trecho o poeta reatualiza o mito em alguns dos seus aspectos
fundamentais. A imagem do encontro de dois Narcisos constitui-se na recriação da
contemplação do reflexo nas águas claras: a admiração (fingida) pela imagem de
seu duplo, a necessidade de ser admirado para existir, a crença na mentira ( a
imagem falsa que um transmitiu ao outro)
Também em letras de canções, autores abordam a narrativa de Narciso.
Caetano Veloso, em “Sampa”, diz:
“ Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto
Chamei de mau gosto o que vi de mau gosto o mau gosto
É que Narciso acha feio o que não é espelho”
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Este trecho recupera Narciso ao abordar a questão do sujeito que somente
reconhece o seu próprio “eu” como parâmetro ou medida de perfeição, e por isso
abandona o diálogo com as diferenças ou nuances, existentes entre as pessoas.
O grupo Ultraje a Rigor entoa a canção:
“ Eu me amo, eu me amo
Eu não posso mais viver sem mim”
Crítica mordaz ao cinismo da civilização moderna que adota o individualismo como
uma das suas leis supremas, fácil observar a relação com Narciso na declaração de
amor a si próprio.
Entre as narrativas, destaca-se o conto “ O espelho”, de Machado de Assis, como
um dos maiores exemplos da presença do mito de Narciso na obra de arte.
Neste conto, Jacobina narra que aos vinte e cinco anos fora promovido a alferes
e ao visitar uma parenta no interior recebera, de todos, tia e escravos, um
tratamento excepcional em virtude de seu cargo e de sua farda. Mas que, alguns
dias depois, em virtude de uma viagem de sua tia e da fuga dos escravos ficará só,
sem ninguém para contemplá-lo, com isso entrou numa séria crise, e só se
recuperava quando a certas horas do dia vestia sua farda e se contemplava em
frente ao enorme espelho devidamente instalado em seu quarto.
Neste conto Machado deixa bem clara a característica de Narciso da necessidade
da aprovação do olhar alheio.
5- A sociedade narcisista
Eu, Etiqueta
( Carlos Drummond de Andrade)
Em minha calça está grudada um nome
que não é meu de batismo ou de cartório,
um nome... estranho.
Meu blusão traz lembrete de bebida
que jamais pus na boca nessa vida.
Em minha camiseta, a marca de cigarro
que não fumo, até hoje não fumei.
Minhas meias falam de produto
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que nunca experimentei
mas são comunicados a meus pés.
Meu tênis é proclama colorido
de alguma coisa não provada
por esse provador de longa idade.
Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,
minha gravata e cinto e escova e pente,
meu copo, minha xícara
minha toalha de banho e sabonete,
meu isso, meu aquilo,
desde a cabeça ao bico dos sapatos,
são mensagens,
letras falantes,
gritos visuais,
ordens de uso, abuso, reincidência,
costume, hábito, premência,
indispensabilidade,
e fazem de mim homem-anúncio itinerante,
escravo da matéria anunciada.
Estou, estou na moda.
É doce estar na moda, ainda que a moda
seja negar a minha identidade,
trocá-la por mil, açambarcando
todas as marcas registradas,
todos os logotipos do mercado.
Com que inocência demito-me de ser
eu que antes era e me sabia
tão diverso dos outros, tão mim - mesmo.
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Corpo. Rio de Janeiro Record, 1984)
O mito de Narciso é um emblema dos valores e atitudes disseminados pela
sociedade contemporânea, tais como, a supervalorização do sucesso, a
necessidade de ser constantemente admirado, a superexposição de corpos,
preocupação em manter a juventude e a beleza, insensibilidade com os problemas
alheios.
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Diante desta necessidade de valorização, a TV e revistas exibem orgulhosos
narcisistas que desfilam curvas atraentes e músculos sarados, as ruas se
transformam em passarelas nas quais passam milhares vestidos sedutoramente de
acordo com a moda. O mercado oferece, a troco de muito dinheiro, perfumes,
maquiagem, dietas e terapias que prometem transformar pessoas comuns em fontes
de atração pessoal.
Tudo isso desemboca em um individualismo que tem como únicas preocupações o
prazer e o bem-estar e, assim, outras possibilidades humanas são devidamente
arquivadas. Sensibilidade, cuidado com o outro, questões filosóficas, religiosas ou
socioeconômicas desaparecem do horizonte.
Assim, um número cada vez maior de pessoas são direcionadas a se importarem
apenas com a aparência física, com o conforto, em preservar o nível de vida,
imersos na cultura do narcisismo.
Embora vitoriosa, a concepção narcisista de sociedade traz para seus seguidores
um componente trágico, incapazes de amar outras pessoas, são apaixonados pela
própria imagem e, ao procurar nos outros a sua própria imagem, convivem com uma
insatisfação perpétua, transformando suas vidas em uma experiência absurda.
6 Atividades:
Ninguém a Outro Ama
“Ninguém a outro ama, senão que ama
O que de si há nele, ou é suposto.”
Ricardo Reis
AS SEM RAZÕES DO AMOR
“Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
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é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.”
Carlos Drummond de Andrade
Acima temos dois fragmentos de poemas, o primeiro de Ricardo Reis, heterônimo
de Fernando Pessoa, poeta modernista português, o segundo, de Carlos Drummond
de Andrade.
a) Qual dos dois fragmentos faz alusão ao narcisismo? Justifique sua resposta
apontando ao menos um traço de narcisismo presente no fragmento que você
apontou.
b) Em qual dos fragmentos o amor é retratado como solidário? Comprove.
c) O título do poema “Ninguém a outro ama” pode ser relacionados a quais
características da sociedade contemporânea?
Poema narcisista
“ (o espelho é minha alma
o espelho é meu guia
o espelho me acalma
o espelho me alicia)
sou narcisista
pretensiosamente narcisista
e quem não for
atire a primeira pedra...
...no espelho.”
(Do livro “Os zumbis também escutam blues e outros poemas”, Textoarte Editora,
1998)
a) Relacione o fragmento do “Poema narcisista” com a lenda de Narciso e procure
identificar os elementos comuns a ambos.
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Referências
ANDRADE, Carlos Drummond, O corpo. São Paulo, Record, 1984.
ASSIS, Machado, Obra Completa, vol. II, São Paulo, Nova Aguilar, 1994
BRANDÃO, Junito de Souza, Mitologia Grega, Petrópolis, Vozes, 1997
FRANCHETTI Paulo e alii, Caetano Veloso –Literatura Comentada, SãoPaulo,
Abril Educação, 1981
GONZAGA, Tomaz Antonio, Marília de Dirceu, São Paulo, ediouro, 1983
LESSA, Orígenes, A cabeça de Medusa e outras lendas gregas, São Paulo,
Tecnoprint, 1982.
GUIMARÃES, Ruth, Dicionário da mitologia grega, São Paulo, Cultrix, 1999
SOUZA, João da Cruz e , Últimos sonetos. Rio de Janeiro, Editora da
UFSC/Fundação Casa de Rui Barbosa/FCC
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