Apresentação Oral Reavaliando o Conceito de Inconsciente na Psicologia de William James Aldier Félix Honorato¹; Pablo Vinícius Martins Pacheco²; Saulo de Freitas Araujo³ 1. Bolsista de Iniciação Científica BIC/UFJF, Discente do curso de Psicologia da Universidade Federal de Juiz de Fora e Membro do Núcleo de História e Filosofia da Psicologia Wilheln Wundt (NUHFIP) 2. Bolsista de Iniciação Científica PIBIC/CNPq/UFJF, Discente do curso de Psicologia da Universidade Federal de Juiz de Fora e Membro do Núcleo de História e Filosofia da Psicologia Wilhelm Wundt (NUHFIP) 3. Docente do Programa de Pós Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Juiz de fora (UFJF) e Diretor do Núcleo de História e Filosofia da Psicologia Wilhelm Wundt (NUHFIP) Apoio: CNPq e PROPESQ/UFJF Palavras Chave: William James, Inconsciente, História da Psicologia, A necessidade de se fazer apelo à noção de inconsciente para descrever e explicar a vida mental é um das questões mais polêmicas em toda a história da psicologia, porém apenas nas ultimas duas décadas ele retornou ao foco das discussões acadêmicas. Alguns autores afirmam que o responsável pela rejeição do inconsciente na psicologia é William James (1842-1910), uma figura central no contexto do surgimento e desenvolvimento da psicologia científica nos EUA. James, segundo esses autores, teria mantido uma postura negativa com relação ao inconsciente em seu Principles of Psychology, fato que originou uma inibição com relação ao tema em seus sucessores. Mas teria sido de fato esse o seu posicionamento? O objetivo do presente trabalho é analisar através de leituras e comparações textuais se tal afirmação procede e traçar uma elucidação conceitual acerca do tema em sua obra. Encontramos que a suposta rejeição, mencionada na historiografia da psicologia, está presente no sexto capítulo dos Principles of Psychology (1890), no qual James critica duramente a noção de inconsciente. No entanto, analisando mais de perto, é possível observar que, no capitulo oito, o autor reintroduz a noção de estados mentais fora da consciência. Além disso, em obras posteriores – p.ex., The Hidden Self (1890), Varieties of Religious Experience (1902), A Pluralistic Universe (1909) –, James parece aceitar explicitamente a noção de processos psíquicos separados da consciência, localizados em uma região subliminar. Verificamos que leituras desatentas dos textos e um uso inadvertido de diferentes conceitos por parte de James, dentre outros fatores, geraram uma confusão conceitual. Em diversas passagens textuais, James utiliza termos como ‘inconsciente’, ‘subconsciente’ e ‘subliminar’, sem deixar explícito o seu significado e, em vários casos, a que teoria ou teórico está se referindo. Quando usa a expressão ‘subconsciente’, por exemplo, na maioria dos casos o termo se refere à teoria psicopatológica desenvolvida por Pierre Janet. No caso de ‘subliminar’, a referência seria à teoria de Frederic Myers. No que diz respeito ao uso do termo ‘inconsciente’, a situação é mais complicada. James parece usá-la como um termo mais amplo, seja no significado utilizado até então pela tradição da psicologia, seja como sinônimo dos outros termos (subconsciente e subliminar), ou ainda em sentido mais leigo. Outra tese comumente aceita é a de que James havia abandonado seus estudos em psicologia e que teria se dedicado a outros campos. A psicologia seria representada somente até os Principles of Psychology e seus estudos sobre religião seriam perpetuados pelo livro Varieties of Religious Experience. Porém, faltava explicar o intervalo de tempo entre essas publicações. Analisando as publicações entre essas duas obras, percebemos trabalhos que não se encaixavam facilmente em nenhuma das divisões. Sugerimos então a continuidade do projeto psicológico de James. O que ocorre é uma mudança no foco de abordagem no desenvolvimento de suas obras. James passa de uma psicologia com bases biológicas e positivistas para uma “psicologia do extraordinário”; esta visaria ao estudo dos fenômenos tidos como paranormais e que não encontram explicações satisfatórias e/ou não são estudados pela psicologia considerada, na época, científica. A proposta que se inicia e fica evidente já a partir do artigo The Hidden Self é justamente a de trazer para o campo da ciência esses fenômenos que de fato ocorriam, mas eram ignorados pelos cientistas da época. James pretendia ampliar a visão de ciência, libertando-a dos obstáculos do materialismo conservador vigente.