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25 e 26 de setembro de 2014
INFLUÊNCIA DA FRAÇÃO ÁGUA/ÓLEO SOBRE O
PROCESSO DE HIDRÓLISE ENZIMÁTICA DO ÓLEO DE
GIRASSOL ASSISTIDO POR ULTRASSOM
T. O. REINEHR*1, E. RAIZER1, D. MOLINARI1, J. AWADALLAK1, C. R.
RANUCCI1, C. SILVA2 e E. A. SILVA1
1
Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Departamento de Engenharia Química
2
Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Engenharia Química
*Autor correspondente E-mail para contato: [email protected]
RESUMO: O biodiesel é um combustível que pode ser sintetizado por meio de matériasprimas animais e vegetais. A hidroesterificação é uma das rotas utilizadas para sua
produção. Esse processo envolve uma etapa de hidrólise seguida de uma esterificação, e
pode ser catalisado por enzimas (lipases). Esse trabalho avaliou a influência da fração
água/óleo no processo de hidrólise enzimática do óleo de girassol assistido por ultrassom.
Como catalisador foi utilizado 1,7% em relação a quantidade de substrato da enzima
líquida Lecitase Ultra. As frações de água/óleo estudadas foram de 2%, 5% e 10%, na
temperatura de 40 oC. A partir dos resultados experimentais e das simulações do modelo
matemático proposto constatou-se que a enzima Lecitase Ultra pode ser considerada uma
alternativa para o processo de hidrólise enzimática e que o aumento da fração de água
acarretou a diminuição da velocidade da reação devido a diluição da enzima.
PALAVRAS-CHAVE: biodiesel; modelagem matemática; Michaelis-Menten.
ABSTRACT: Biodiesel is a fuel that can be synthesized by animal and vegetal sources.
Hydroesterification is one of the most used methods for its production. This process
involves hydrolysis and esterification reactions, and can be catalyzed by enzymes
(lipases). This study evaluated the influence of water/oil fraction in the enzymatic
hydrolysis of sunflower oil assisted by ultrasound. As catalyst, 1,7% enzyme/substrate of
the liquid enzyme Lecitase Ultra. Studied water/oil fractions were 2%, 5% and 10%, at 40
o
C. From results and proposed mathematical model it was found that the enzyme Lecitase
Ultra can be considered an alternative to the enzymatic hydrolysis process and that the
increase of the water fraction led to a decrease in reaction speed due to enzyme dilution.
KEYWORDS: biodiesel; mathematical modeling; Michaelis-Menten.
1. INTRODUÇÃO
A excessiva dependência por petróleo compromete a sustentabilidade ambiental e a
saúde humana, criando a necessidade de rotas alternativas de energia a partir de fontes
renováveis, como é o caso dos biocombustíveis. Estes possuem características positivas,
como um menor nível de emissão de poluentes atmosféricos causadores do efeito estufa,
podendo também, ser produzidos a partir de recursos agrícolas, fortalecendo a base
agroindustrial brasileira e incrementando a sustentabilidade da matriz energética
25 e 26 de setembro de 2014
nacional, com geração de empregos e benefícios ambientais relevantes, e, assim,
causando uma diminuição na dependência dos derivados de petróleo (ALMEIDA &
KAHN, 2006).
O biodiesel é um biocombustível obtido a partir de fontes renováveis, tais como
óleos e gorduras vegetais e animais, com qualidade de combustível para motores a
diesel. A principal vantagem é a grande diversidade de matérias-primas renováveis no
Brasil, como mamona, soja, dendê, babaçu e o girassol (ALMEIDA & KAHN, 2006;
SILVA, 2005).
O girassol (Helianthus annus) é uma dicotiledônea anual da família
Compositae/Asteraceae, originária do continente Norte Americano. Produz, em média,
400 kg de óleo de excelente qualidade para cada tonelada de grão (CASTRO et al.,
1997). Como uma oleaginosa, sua cultura se potencializa cada vez mais, possuindo
diversas espécies que se adaptaram por todo o território brasileiro devido às suas
particularidades agronômicas, ou seja, sua resistência a fatores abióticos, adaptação,
ciclo reprodutivo, época de semeadura e a crescente demanda do setor industrial e
comercial. Pode ser cultivado na entressafra, após a colheita da cultura de verão. Ao se
aproveitar à adaptabilidade do cultivo de girassol nas diversas regiões brasileiras para a
produção de biodiesel, ameniza-se o déficit energético do país e promove o avanço
tecnológico, a inclusão social e o desenvolvimento sustentável (SILVA, 2005).
A principal rota de obtenção do biodiesel ocorre por meio de uma reação de
transesterificação de acilgliceróis com alcoóis, em presença de catalisadores. Existe
ainda, um outro processo que vem sendo muito estudado, chamado de
hidroesterificação, constituído de uma etapa de hidrólise seguida de uma etapa de
esterificação. No processo de hidrólise, os acilgliceróis presentes no óleo reagem com a
água, liberando ácidos graxos, aumentando a acidez do produto em relação a matériaprima. Após a hidrólise o processo de esterificação com álcoois pode ser realizado com
os ácidos graxos formados, gerando ésteres (biodiesel) e como subproduto a água em
pouca quantidade, que pode ser reutilizada no processo de hidrólise (ARCEO, 2012).
As lipases são enzimas classificadas como glicerol-éster hidrolases. Essas enzimas
apresentam potencial aplicação no setor de óleos e gorduras, catalisando reações de
hidrólise de gordura para a produção de ácidos graxos. O emprego de enzimas
possibilita a utilização de condições mais brandas de reação e maior especificidade,
gerando menos produtos indesejáveis (CASTRO et al., 2004). A enzima líquida
Lecitase Ultra (Fosfolipase A1) é uma lipase comercial que pode ser usada na
modificação de óleos e gorduras devido a sua regiospecifidade postulada para a posição
1,3 em acilgliceróis (YONG et al., 2010).
O uso de ultrassom acelera as reações químicas de substâncias imiscíveis,
substituindo o processo convencional de aquecimento e de agitação vigorosa utilizada
nas reações de hidrólise. Há aumento no rendimento e o tempo de reação é reduzido
(LIMA et al., 2009). Cavalheiro (2013) reporta que a solubilidade entre o óleo e a água
aumenta, gerando maior formação de micelas e, consequentemente, maior atividade
enzimática das lipases devido ao efeito da ativação interfacial necessário das lípases.
Dessa forma os objetivos deste trabalho foram avaliar o efeito da fração água/óleo
na etapa de hidrólise assistida por banho de ultrassom para a produção de ácidos graxos
livres para posterior aplicação na produção de biodiesel e realizar a modelagem
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matemático da cinética de hidrólise na produção de ácidos graxos livres.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
2.1 Materiais
O óleo de girassol Suavit foi utilizado como substrato da hidrólise nesse trabalho.
A enzima líquida comercial Lecitase Ultra, gentilmente cedida por LNF® Latino
Americana, foi utilizada como catalisador enzimático. Álcool Etilico (Chemco®), Éter
etílico (Anidrol®) e NaOH (Synth®), foram utilizados para determinação da acidez.
Como indicador da solução de titulação, foi utilizada uma solução de fenolftaleína
(Synth®). O aparelho de ultrassom (Ultronique® ECO-SONICS Q5.9/37A) foi utilizado
na reação de hidrólise para a mistura dos reagentes. A separação de fases foi realizada
em uma centrífuga (Parsec® CT-0603).
2.2 Métodos
Reações de hidrólise: As reações de hidrólise enzimática do óleo de girassol
assistidas por ultrassom em sistema batelada foram conduzidas com o intuito de coletar
dados para a análise da influência da fração água/óleo na reação de hidrólise e para a
construção de curvas cinéticas. As quantidades de reagentes utilizadas foram fixadas em
10 g de óleo, 1,7 m% de fração enzima/substrato, com frações água/óleo de 2 m%, 5
m% e 10 m%, a uma temperatura de 40 ºC. Erlenmeyers de 50 ml contendo as amostras
foram imersos no aparelho de ultrassom configurado em potência máxima (154 W). Para
cada fração de água/óleo foi preparadas 10 amostras. Cada amostra do sistema foi
coletada em tempos diferentes, de forma destrutiva.
Separação de fases: Ao término de cada tempo de reação, as amostras foram
retiradas do aparelho e aquecidas por 2 minutos em um aparelho de micro-ondas com o
intuito de desativar a enzima e interromper a reação. As amostras foram então
centrifugadas em uma centrífuga a 3 g durante 5 minutos para separar a fase aquosa
contendo a enzima e o glicerol da fase oleosa contendo o produto de interesse.
Quantificação da Acidez: A quantidade de ácidos graxos livres presentes no óleo
de girassol foi determinada por titulação com uma solução de NaOH 0,05 M.
Aproximadamente 1 g de amostra foi diluída em 25 ml de solução isovolumétrica de
álcool etílico e éter etílico com uma gota de fenolftaleína. A solução foi então titulada
sob vigorosa agitação até que houvesse mudança de coloração para rosa, indicando a
neutralização da acidez. A Equação (1) demonstra o cálculo da acidez:
𝐴𝑐𝑖𝑑𝑒𝑧(𝑚%) = 100.
𝑉𝑜𝑙.𝑀𝑁𝑎𝑂𝐻 .𝑃𝑀𝐴𝐺𝐿
𝑚𝑎
(1)
Modelagem das curvas cinéticas: O mecanismo proposto para a reação é
apresentado pelas Equações (2) a (10). Na elaboração do modelo matemático foram
consideradas as seguintes hipóteses:
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
Hipótese do Estado Pseudo-Estacionário (HEPE), a qual considera que os
intermediários da reação reagem tão rápido quanto são formados, ou seja, a
velocidade de formação dos intermediários ativos resultante é nula (FOGLER,
2009); 
Cinética de Michaelis-Menten. O mecanismo proposto para a reação é
apresentado pelas Equações (2) a (10).
E
TAG + H2 O → DAG + AGL
𝐸
𝐷𝐴𝐺 + 𝐻2 𝑂 → 𝑀𝐴𝐺 + 𝐴𝐺𝐿
𝐸
𝑀𝐴𝐺 + 𝐻2 𝑂 → 𝐺𝐿𝐼 + 𝐴𝐺𝐿
(2)
(3)
(4)
Entretanto, as reações (2), (3) e (4) possuem reações intermediárias. A reação (2) é
intermediada pelas reações (5) e (6), a reação (3) é intermediada pelas reações (7) e (8) e
a reação (4), pelas reações (9) e (10), onde [TAG.E], [DAG.E] e [MAG.E] representam os
complexos formados por tri, di e monoacilglicerídeos com a enzima, respectivamente.
𝑘1
→
𝑇𝐴𝐺 + 𝐸 [𝑇𝐴𝐺. 𝐸]
←
(5)
𝑘2
𝑘3
[𝑇𝐴𝐺. 𝐸] + 𝐻2 𝑂 → 𝐷𝐴𝐺 + 𝐴𝐺𝐿 + 𝐸
(6)
𝑘4
→
𝐷𝐴𝐺 + 𝐸 [𝐷𝐴𝐺. 𝐸]
←
(7)
𝑘5
𝑘6
[𝐷𝐴𝐺. 𝐸] + 𝐻2 𝑂 → 𝑀𝐴𝐺 + 𝐴𝐺𝐿 + 𝐸
(8)
𝑘7
→
𝑀𝐴𝐺 + 𝐸 [𝑀𝐴𝐺. 𝐸]
←
(9)
𝑘8
𝑘9
[𝑀𝐴𝐺. 𝐸] + 𝐻2 𝑂 → 𝐺𝐿𝐼 + 𝐴𝐺𝐿 + 𝐸
(10)
Aplicando o balanço molar para cada espécie, obtém-se o modelo da cinética
enzimática para as diversas espécies envolvidas no mecanismo de produção de ácidos
graxos, conforme as equações (5) a (10), onde rTAG, rDAG e rMAG representam as
velocidades molares de reação para cada componente.
1 𝑑𝐶𝑇𝐴𝐺 (𝑡)
𝑤
𝑑𝑡
1 𝑑𝐶𝐷𝐴𝐺 (𝑡)
𝑤
𝑑𝑡
1 𝑑𝐶𝑀𝐴𝐺 (𝑡)
𝑤
𝑑𝑡
= −𝑟𝑇𝐴𝐺 (𝑡)
(11)
= (𝑟𝑇𝐴𝐺 (𝑡) − 𝑟𝐷𝐴𝐺 (𝑡))
(12)
= (𝑟𝐷𝐴𝐺 (𝑡) − 𝑟𝑀𝐴𝐺 (𝑡))
(13)
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1 𝑑𝐶𝐴𝐺𝐿 (𝑡)
𝑤
𝑑𝑡
1 𝑑𝐶𝐺𝐿𝐼 (𝑡)
𝑤
𝑑𝑡
1 𝑑𝐶𝐴𝐺𝐿 (𝑡)
𝑤
𝑑𝑡
= 𝑟𝑇𝐴𝐺 (𝑡) + 𝑟𝐷𝐴𝐺 (𝑡) + 𝑟𝑀𝐴𝐺 (𝑡)
(14)
= 𝑟𝑀𝐴𝐺 (𝑡)
(15)
= −(𝑟𝑇𝐴𝐺 (𝑡) + 𝑟𝐷𝐴𝐺 (𝑡) + 𝑟𝑀𝐴𝐺 (𝑡))
(16)
As taxas de reação rTAG, rDAG e rMAG são representadas pelas Equações (17), (18)
e (19).
𝑟𝑇𝐴𝐺 (𝑡) = −𝑘1. 𝐶𝑇𝐴𝐺 (𝑡). 𝑚𝐸 + 𝑘2. 𝐶[𝑇𝐴𝐺.𝐸] (𝑡)
(17)
𝑟𝐷𝐴𝐺 (𝑡) = −𝑘4. 𝐶𝐷𝐴𝐺 (𝑡). 𝑚𝐸 + 𝑘3. 𝐶[𝑇𝐴𝐺.𝐸] (𝑡). 𝐶𝐻2 𝑂 (𝑡) + 𝑘5. 𝐶[𝐷𝐴𝐺.𝐸] (𝑡)
(18)
𝑟𝑀𝐴𝐺 (𝑡) = −𝑘7. 𝐶𝑀𝐴𝐺 (𝑡). 𝑚𝐸 + 𝑘8. 𝐶[𝑀𝐴𝐺.𝐸] (𝑡) + 𝑘9. 𝐶[𝐷𝐴𝐺.𝐸] (𝑡). 𝐶𝐻2 𝑂 (𝑡)
(19)
Dessa forma, a partir da manipulação matemática, foi possível obter as seguintes
taxas de reação:
𝑟𝑇𝐴𝐺 (𝑡) =
𝑟𝐷𝐴𝐺 (𝑡) =
𝑟𝑀𝐴𝐺 (𝑡) =
−𝑘𝑚𝑏 (𝑡).𝑘𝑚𝑐 (𝑡).𝑉𝑚𝑎𝑥𝑎 .𝐶𝑇𝐴𝐺 (𝑡)
(20)
𝑘𝑚𝑎 (𝑡).𝑘𝑚𝑏 (𝑡).𝑘𝑚𝑐 (𝑡)+𝐶𝑇𝐴𝐺 (𝑡).𝑘𝑚𝑏 (𝑡).𝑘𝑚𝑐 (𝑡)+𝐶𝐷𝐴𝐺 (𝑡).𝑘𝑚𝑎 (𝑡).𝑘𝑚𝑐 (𝑡)+𝐶𝑀𝐴𝐺 (𝑡).𝑘𝑚𝑎 (𝑡).𝑘𝑚𝑏 (𝑡)
−𝑘𝑚𝑎 (𝑡).𝑘𝑚𝑐 (𝑡).𝑉𝑚𝑎𝑥𝑏 .𝐶𝐷𝐴𝐺 (𝑡)
𝑘𝑚𝑎 (𝑡).𝑘𝑚𝑏 (𝑡).𝑘𝑚𝑐 (𝑡)+𝐶𝑇𝐴𝐺 (𝑡).𝑘𝑚𝑏 (𝑡).𝑘𝑚𝑐 (𝑡)+𝐶𝐷𝐴𝐺 (𝑡).𝑘𝑚𝑎 (𝑡).𝑘𝑚𝑐 (𝑡)+𝐶𝑀𝐴𝐺 (𝑡).𝑘𝑚𝑎 (𝑡).𝑘𝑚𝑏 (𝑡)
−𝑘𝑚𝑎 (𝑡).𝑘𝑚𝑏 (𝑡).𝑉𝑚𝑎𝑥𝑐 .𝐶𝑀𝐴𝐺 (𝑡)
𝑘𝑚𝑎 (𝑡).𝑘𝑚𝑏 (𝑡).𝑘𝑚𝑐 (𝑡)+𝐶𝑇𝐴𝐺 (𝑡).𝑘𝑚𝑏 (𝑡).𝑘𝑚𝑐 (𝑡)+𝐶𝐷𝐴𝐺 (𝑡).𝑘𝑚𝑎 (𝑡).𝑘𝑚𝑐 (𝑡)+𝐶𝑀𝐴𝐺 (𝑡).𝑘𝑚𝑎 (𝑡).𝑘𝑚𝑏 (𝑡)
(21)
(22)
Onde os parâmetros de Michaelis-Menten são:
𝑉𝑚𝑎𝑥𝑎 = 𝑘3. 𝐶𝐻2 𝑂 (𝑡). 𝑚𝐸
(23)
𝑉𝑚𝑎𝑥𝑎 = 𝑘6. 𝐶𝐻2 𝑂 (𝑡). 𝑚𝐸
(24)
𝑉𝑚𝑎𝑥𝑎 = 𝑘9. 𝐶𝐻2 𝑂 (𝑡). 𝑚𝐸
(25)
𝑘𝑚𝑎 =
𝑘𝑚𝑏 =
𝑘𝑚𝑐 =
𝑘2+𝑘3.𝐶𝐻2 𝑂 (𝑡)
𝑘1
𝑘5+𝑘6.𝐶𝐻2 𝑂 (𝑡)
𝑘4
𝑘8+𝑘9.𝐶𝐻2 𝑂 (𝑡)
𝑘7
(26)
(27)
(28)
Para as concentrações iniciais foi considerado que o óleo de girassol contém
apenas TAG inicialmente.
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As constantes cinéticas das taxas de reação foram estimadas a partir dos dados
experimentais da cinética da hidrólise enzimática do óleo de girassol (teor de acidez do
óleo) e da minimização da função objetivo representada pela Equação (29). O método de
otimização simplex Dowhill, desenvolvido por Nelder e Mead (1965), foi utilizado na
busca do mínimo da função objetivo.
𝐹𝑂𝐵𝐽 =
𝑁𝐸𝑋𝑃 [𝑖]−𝑁𝐶𝐴𝐿𝐶 [𝑖]
∑𝑛𝑖=1 ( 𝐴𝐺𝐿 𝐸𝑋𝑃 𝐴𝐺𝐿 )
𝑁
[𝑖]
2
(29)
𝐴𝐺𝐿
Para a otimização das constantes cinéticas e simulação do modelo matemático
proposto nas equações (5) a (14) foi utilizada a linguagem computacional Python, com
as bibliotecas NumPy e SciPy.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Tabela 1 e a Figura 1 apresentam os valores experimentais da acidez em função
do tempo.
Tabela 1 – Acidez experimental do óleo de girassol para os diferentes tempos e frações
de água estudados.
Tempo
(h)
2m% H2O
0,00
0,25
0,50
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
7,00
0,09
9,58
12,63
19,14
26,05
29,23
32,66
34,58
36,66
36,87
Acidez (m%)
5m% H2O
10m% H2O
0,09
6,87
9,56
19,55
25,29
26,87
27,65
28,39
28,82
28,96
0,09
7,22
8,50
14,07
19,23
28,14
32,36
36,86
38,13
38,76
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Figura 1 – Concentração experimental do óleo de girassol por grama de substrato em
função do tempo para as diferentes frações de água estudadas.
A cinética enzimática do óleo de girassol foi descrita por meio da simulação do
modelo matemático proposto. Na Figura 2 são apresentados os valores experimentais da
acidez em função do tempo, assim como a simulação realizada pelo modelo. A Figura 3
apresenta uma comparação entre as simulações dos três experimentos cinéticos
realizados.
A partir da Figura 2 é possível verificar que o modelo proposto descreveu
satisfatoriamente os dados experimentais.
A Figura 3 mostra que a velocidade da reação foi fortemente influenciada pela
fração de água, isso pode ser explicado devido ao fato de que a enzima utilizada é
hidrofílica. Com isso, o aumento da quantidade de água do sistema provocou uma
diminuição na concentração de enzima e, consequentemente, reduziu as taxas de reação.
Entretanto, esse efeito é mais sutil nas primeiras 4h de reação. Com relação ao equilíbrio
da reação, as simulações demonstraram corretamente o resultado esperado para o
processo, ou seja, o aumento da concentração de água deslocou o equilíbrio para maior
formação de AGL, nosso produto de interesse.
Entre as frações de água estudadas, 10% foi a que apresentou melhor resultado na
faixa de tempo estudada nesse estudo.
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Figura 2 – Simulações das cinéticas da hidrólise enzimática do óleo de girassol assistido
por banho ultrassônico para diferentes frações de água (40 °C; 10 g de óleo; 1,7 m%
enzima/substrato).
Figura 3 – Simulação com extrapolação do tempo para a cinética da hidrólise enzimática
do óleo de girassol em diferentes frações de água.
25 e 26 de setembro de 2014
4. CONCLUSÕES
No presente trabalho o efeito da fração água/óleo na hidrólise do óleo de girassol
foi analisado. Realizou-se, também, simulações a partir da modelagem das curvas
cinéticas da reação de hidrólise com foco na produção de ácidos graxos livres. Pode ser
concluído que:

A quantidade de água alterou significativamente a velocidade da reação devido a
diluição da enzima utilizada.
A fração água/óleo de 10 m% apresentou o melhor resultado para o presente
estudo.
A Fosfolipase A1 (Lecitase Ultra) é uma alternativa viável para a produção de
ácidos graxos livres.


5. NOMENCLATURA
AGL
Ácido(s) Graxo(s) Livre(s)
Ci
Concentração da espécie i em (mol [kg de substrato]-1)
CALC
Valor calculado
DAG
Diacilglicerol
EXP
Valor experimental
FOBJ
Função Objetivo
GLI
Glicerol
kj
Constante cinética ([g de substrato] [g de enzima]-1 mol-1 h-1)
ma
Massa da amostra de óleo (g)
MAG
Monoacilglicerol
MNaOH
Molaridade da solução de NaOH (mol l-1)
mE
Massa de enzima (g)
n
Número de componentes do conjunto
PMAGL
Peso molecular médio dos AGL presentes no óleo (g mol-1)
ri
Taxa da reação (mol h-1 [g de enzima]-1 [g de substrato]-1);
TAG
Triacilglicerol
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Vol
Volume da solução de NaOH utilizado na titulação (l)
w
Massa de enzima (g)
6. REFERÊNCIAS
ALMEIDA, A. F S.; KAHN, S. Importância dos biocombustíveis para o transporte no brasil. Prog. de
Eng. de Transp. Rio de Janeiro - RJ, COPPE/UFRJ, 2006.
ARCEO, A. A. Produção de biodiesel mediante o processo de Hidroesterificação da biomassa das
microalgas Scenedesmus dimorphus e Nannochloropsis oculata. Tese de Dout. em Quím. Rio de
Janeiro – RJ, UFRJ, 2012.
CASTRO, C.; CASTIGLIONI, V. B. R.; BAILA. A.; LEITE, R. M. V. B.C.; KARAM, D.; MEILO,
H. C.; GUEDES, L. C. A.; FARIAS, J. R. B. A cultura do girassol. Londrina, EMBRAPA, 1997.
CASTRO, H. F. de et al. Modificação de óleos e gorduras por biotransformação. Quim. Nova, v.
27, n. 1, p. 146–156, 2004.
CAVALHEIRO, J. C. Hidrólise de Óleo de Canola Catalisada por Mistura de Lípases Imobilizada.
Instituto de Ciência e Tec. em Alim. Porto Alegre, UFRGS/EA, 2013.
FOGLER, H. S. Elementos de Engenharia das Reações Química. 4. ed. Ann Arbor: Ltc, 2009.
LIMA, L. P.; COSTA, E.; SANTOS, F. F. P.; RODRIGUES, S.; FERNANDES, F. A. N. Produção de
ácidos graxos assistida por ultrassom para a produção de biodiesel. 5º Cong. Bras. de Pesq. E Desenv.
em Petr. e Gás. Fortaleza-CE: ABPG, 2009.
NELDER, J. A.; MEAD. R. A simplex method for function minimization. The Comp. Journal,
v. 7, n. 4, p. 308-313, 1965.
SILVA, C. A. da. Produção de biosiesel a partir de óleo bruto de girassol. II Congr. Bras.
Plantas Ol. Óleos, Gorduras e Biodiesel, p. 853–57, 2005.
YONG, W.; ZHAO, M.; CANÇÃO, K.; WANG, L.; TANG, S.; RILEY, W. W. Partial
hydrolysis of soybean oil by phospholipase (Lecitase Ultra). Food Chem, v. 121, n. 4, p. 10661072, 2010.
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