Antecipando as orientações de como essas crianças serão conduzidas, deve-se reconhecer aos pais que o temperamento da criança é um grande contribuidor para o seu baixo apetite. Assim, a família toma consciência de como melhor conduzir tal dificuldade alimentar. Como ponto primordial do tratamento, busca-se a promoção do apetite da criança, através do aumento da sensação de fome e, em seguida, a satisfação com a refeição e a saciedade. Referências 1. Alarcon PA, Lin LH, Noche M, Hernandez VC, Cinafranca L, Lam W, Comer GM. Effect of oral supplementation on catch-up growth in picky eaters. Clin Pediatr. 2003;42:209-17. 2. Chatoor I. Diagnosis and treatment of feeding disorders in infants, toddlers, and young children. Washington, DC: Zero to Three; 2009. 3. Dubois L, Farmer AP, Girard M, Peterson K. Preschool children’s eating behaviours are related to dietary adequacy and body weight. Eur J Clin Nutr. 2007;61(7):846-55. 4. Farrow CV, Blissett J. Controlling feeding practices: cause or consequence of early child weight? Pediatrics. 2008;121(1):e164-9. 5. Kerzner B. Clinical investigation of feeding difficulties in young children: a practical approach. Clin Pediatr [Onlinefirst], July 15, 2009. 6. Nicholls D, Bryant-Waugh R. Eating disorders of infancy and childhood: definition, symptomatology, epidemiology, and comorbidity. Child Adolesc Psychiatr Clin N Am. 2009;18:17-30. 7. Rossi A, Moreira EA, Rauen MS. Determinantes do comportamento alimentar: uma revisão com enfoque na família. Rev Nutr. 2008;21:739-48. 8. Seaglioni S, Salvioni M, Galimbert C. Influence of parental attitudes in the development of children eating behavior. J Nutr. 2008;99(Suppl 1):S22-5. 9. Vellozo EP, Cintra IP, Fisberg M. Suplementação nutricional da criança. Pediatria Moderna. 2005;61:53-60. 10. Wright CM, Parkinson KN, Shipton D, Drewett RF. How do toddler eating problems relate to their eating behavior, food . preferences, and growth? Pediatrics. 2007;120(4):e1069-75. Abbott Center Central de Relacionamento com o Cliente 0800 703 1050 www.abbottbrasil.com.br Material de distribuição exclusiva para médicos e nutricionistas. MATERIAL PRODUZIDO EM OUT/10. Desenvolvido por AC Farmacêutica | www.acfarmaceutica.com.br Todo o processo de educação (ou reeducação) alimentar é essencial para o sucesso da intervenção. Porém, esse processo não é concluído em curto prazo, tendo em vista que as causas geralmente atuam de longa data e são necessárias mudanças do comportamento da família e da criança. Até o estabelecimento adequado dessas medidas e sua total adesão, o apoio de um suplemento nutricional, com fórmula completa e balanceada, pode estar indicado e ser útil para a manutenção do estado nutricional adequado ou como auxílio para as situações em que já ocorreu seu comprometimento. Em deficiências nutricionais específicas, pode ser necessário o uso de medicamentos com ferro, zinco ou cálcio. Ao mesmo tempo, os suplementos nutricionais completos e balanceados apresentam bons e comprovados resultados por possuírem quantidades adequadas desses nutrientes. 2 1 Resumo do Caso: Crianças fundamentalmente agitadas apresentam, em sua maioria, baixo apetite ou recusa alimentar, em razão de estarem mais interessadas nos estímulos do ambiente do que propriamente na alimentação. Essa característica pode levar à deficiência de macro e micronutrientes e consequente comprometimento nutricional e antropométrico. Cabe ao pediatra identificar esse perfil e conduzi-lo da forma mais adequada. Comentado por: Dr. Hélcio de Sousa Maranhão CRM 2192-RN 10074013 Algumas estratégias são importantes e deverão ser adotadas pela família: • Oferecer 3 refeições ao dia e um lanche à tarde, estabelecendo horários regulares para cada uma delas, com flexibilidade somente em alguns momentos. • Não permitir que a criança “belisque” nos intervalos das refeições, mesmo que não tenha consumido bem a refeição anterior, pois se o fizer ela não terá fome para a próxima. Não deixar que tome sucos nos intervalos, pois isso reduzirá a sensação de fome. Na vigência de sede, oferecer água. • Evitar distrações durante as refeições, como TV, brincadeiras, brinquedos, promessas de recompensas ou de agrados se tiver boa aceitação. A criança deve ser estimulada com palavras positivas, porém não fazê-lo em demasia, demonstrando excessiva preocupação, tristeza ou alegria em função de sua aceitação. A atitude neutra garantirá resultados mais permanentes. • Estabelecer limites razoáveis de comportamentos, inclusive às refeições. Não prolongar demasiadamente o tempo da refeição, mantendo a criança à mesa ou à cadeira por período adequado, sem ultrapassar 30 minutos por refeição, mesmo que não a tenha ingerido por completo. Neste caso, retirar o prato e aguardar o próximo horário. • Os pais ou familiares devem servir de modelo para a criança, através da adoção de hábitos alimentares saudáveis e fazendo, quando possível, refeições à mesa junto com a criança, não permitindo que esta se ausente da mesa ou da cadeira de refeição durante o período considerado razoável para se alimentar. • Na ocorrência de comportamentos negativos durante as refeições, como jogar a comida ao chão ou choro excessivo, suspender a alimentação, a fim de se evitar a persistência desse comportamento. Em situações de maior gravidade, como comportamento agressivo, considerar a interrupção de outras atividades (como as brincadeiras, por exemplo) por curto período, deixando a criança em ambiente seguro, tranquilo e sem estímulos, não com a finalidade de induzi-la a se alimentar, mas sim de quebrar o hábito ou o comportamento indesejável. Baixo apetite em criança fundamentalmente agitada Baixo apetite em criança fundamentalmente agitada Dr. Hélcio de Sousa Maranhão CRM 2192-RN • Professor Associado do Departamento de Pediatria da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) • Mestre e Doutor em Pediatria e Especialista em Gastroenterologia Pediátrica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) • Área de Atuação em Nutrologia Pediátrica – Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) Identificação: AMM, sexo masculino, 4 anos e 6 meses, natural e procedente de Natal – RN. Queixa principal: Pouco interesse na alimentação e diminuição gradativa do apetite a partir do primeiro ano de vida, com perda de peso e sem ganho estatural há 3 meses. História da doença atual: AMM estava bem até 12 meses de idade, quando começou a não aceitar satisfatoriamente a alimentação oferecida pela família, conforme as recomendações do pediatra. A princípio, a cada tentativa de introdução de novos alimentos, a criança manifestava recusa, o que fazia com que os seus cuidadores imediatamente testassem outros alimentos. Com a progreção desse quadro, o cardápio passou a ficar limitado, pois a criança não aceitava a maioria das refeições oferecidas, o que gerava frustração e insistência da família para que ela viesse a comer. A mãe chegou ao consultório bastante angustiada porque seu filho “não comia nada” e ela o considerava desnutrido. Interrogatório sobre os diversos aparelhos: Teve crescimento e desenvolvimento satisfatórios até os 15 meses de vida, com dificuldade de ganhar peso e estatura a partir desse momento. Atualmente, vem com perda ponderal e sem crescer há 3 meses. Nega queixas digestivas, urinárias, respiratórias ou de outros aparelhos. Antecedentes pessoais patológicos: Fez tratamento para anemia ferropriva por 3 meses há 1 ano, porém exames atuais demonstraram manutenção do quadro. Relacionamento familiar e social: É o primeiro e único filho do casal. A mãe (publicitária) cuidou do bebê nos primeiros meses de vida, mas, após a volta ao trabalho, a criança passa o dia com a babá e sob os cuidados da avó. O pai (economista) passa o dia no ambiente de trabalho. A criança tem bom relacionamento com os pais e esses permitem todo e qualquer comportamento que ela venha a tomar, inclusive durante a alimentação. O menino é extremamente agitado e dispensa pouco tempo para qualquer atividade, logo se aborrecendo e querendo outras brincadeiras. Tem interesse por tudo que está a sua volta, apesar de se distrair facilmente. Quando a avó tenta pôr limites em alguma situação, reage com agressividade. Adota a mesma postura na escolinha. É líder das brincadeiras, tem bom relacionamento com os colegas, apesar de já ter recebido reclamações sobre o seu comportamento agitado e um pouco egoísta. Histórico alimentar e alimentação atual: Aleitamento materno exclusivo até os 4 meses, com introdução posterior de fórmula infantil, sucos, frutas e sopas de legumes aos 5 meses, carne aos 7 meses, glúten aos 9 meses. Porém, a aceitação dos alimentos não era satisfatória, principalmente após os 12 meses, fazendo com que a família optasse por manobras como brincadeiras, ligar a TV, distrair a criança. Hoje, nenhuma das medidas surte efeito. Apesar da grande insistência dos adultos, a criança come pouco em cada refeição, consome algumas colheradas, mas logo encerra a alimentação; permanece pouco tempo sentada à mesa ou mesmo na cadeira de refeição. Atualmente, dá preferência a comer junto aos brinquedos ou ao videogame. Mesmo quando na cadeira, joga pedaços de comida ao longe, na tentativa de não ser forçada a comer e dificilmente pede algum alimento. No café da manhã, toma 1 copo de leite com chocolate e meio pão com manteiga. No lanche, 1 copo de suco com 3 a 4 biscoitos recheados ou alguns pedaços de frutas. No almoço, ingere feijão, arroz e carne ou frango, preferencialmente, em pequenas porções, às vezes, com verduras. Tem lanche na escola, mas raramente aceita bem o que lhe é oferecido. À noite, toma sopa de legumes, também em pequena quantidade e outro copo de leite ao dormir. Exame físico: Peso: 13 kg (Escore Z P/I < -2,0DP). Estatura: 98 cm (Escore Z E/I= -2,0DP). Criança sem colaborar com o exame, não permanecendo deitada na mesa, interessada nos brinquedos da sala. Descorada (++/4), eupneica, extremamente ativa, ausculta cardiopulmonar sem alterações, abdome e membros sem anormalidades. Comentários e condutas: Atentando para a história clínica, percebe-se que se trata de um caso de “Baixo Apetite em Criança Fundamentalmente Agitada”. Essas crianças são bem alertas, muito ativas e curiosas, mas raramente demonstram interesse ou prazer na alimentação, pois estão mais estimuladas com o ambiente e com brincadeiras do que com o ato de se alimentar. Dentre os perfis das dificuldades alimentares, este é o que mais frequentemente pode levar a comprometimento nutricional pelo fato de o apetite estar rebaixado para todo e qualquer alimento ou para a maioria deles. Geralmente, são crianças que têm um comportamento mais agitado e tal comportamento se expande à alimentação. Quando isso não é entendido pelos pais, pode levar a consequências importantes sobre a aceitação alimentar e o estado nutricional. O desconhecimento dos pais ou cuidadores em relação ao processo de introdução de novos alimentos os faz não adotar a repetitividade e o treinamento paciente da oferta dos alimentos para que ocorra uma boa aceitação, e culmina na coerção para que a criança se alimente, contribuindo assim para que ela rejeite os alimentos e se forme o ciclo vicioso de recusa-coerção-recusa. Por outro lado, muitas dessas crianças são habituadas a não ter limites de horários, de brincadeiras, de posturas, em consequência de seu comportamento previamente ativo e não controlado pelos pais, que, por muitas vezes, estão ausentes no dia a dia do filho, o que compromete a sua autoridade e o estabelecimento desses limites de forma adequada e educativa. Portanto, a mesma relação que a criança tem com suas atividades lúdicas, recreativas e diárias será extrapolada para o momento das refeições, considerando a alimentação como algo similar. Dessa forma, o comportamento da criança durante as refeições é altamente agitado, não conseguindo permanecer à mesa ou à cadeira, correndo pela casa ou dando preferência à TV, videogames ou outras brincadeiras, inclusive com os alimentos, chegando a arremessá-los ao longe, quando contrariadas. Não consegue fazer uma refeição completa, consome poucos alimentos em uma mesma refeição, visto que está mais ligada ao ambiente e a outros estímulos, assim como não obedece a horários regulares para comer. A família começa a fazer verdadeiros malabarismos para que a criança coma, o que, por sua vez, reforça a cada dia a postura de rejeição à alimentação. É importante lembrar que a criança com tão baixo apetite poderá apresentar a longo prazo distúrbios no seu crescimento e desenvolvimento, devido à ingestão inadequada de macro e micronutrientes, desenvolvendo quadros de desnutrição, comprometimento estatural, baixo desenvolvimento cognitivo e emocional, rendimento escolar, baixas defesas orgânicas, com predisposição a infecções, deficiências de cálcio, zinco, ferro, vitaminas e outros. Da mesma importância é a consequente fragilização da relação mãe/pais/família-filho. Baixo apetite em criança fundamentalmente agitada Dr. Hélcio de Sousa Maranhão CRM 2192-RN • Professor Associado do Departamento de Pediatria da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) • Mestre e Doutor em Pediatria e Especialista em Gastroenterologia Pediátrica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) • Área de Atuação em Nutrologia Pediátrica – Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) Identificação: AMM, sexo masculino, 4 anos e 6 meses, natural e procedente de Natal – RN. Queixa principal: Pouco interesse na alimentação e diminuição gradativa do apetite a partir do primeiro ano de vida, com perda de peso e sem ganho estatural há 3 meses. História da doença atual: AMM estava bem até 12 meses de idade, quando começou a não aceitar satisfatoriamente a alimentação oferecida pela família, conforme as recomendações do pediatra. A princípio, a cada tentativa de introdução de novos alimentos, a criança manifestava recusa, o que fazia com que os seus cuidadores imediatamente testassem outros alimentos. Com a progreção desse quadro, o cardápio passou a ficar limitado, pois a criança não aceitava a maioria das refeições oferecidas, o que gerava frustração e insistência da família para que ela viesse a comer. A mãe chegou ao consultório bastante angustiada porque seu filho “não comia nada” e ela o considerava desnutrido. Interrogatório sobre os diversos aparelhos: Teve crescimento e desenvolvimento satisfatórios até os 15 meses de vida, com dificuldade de ganhar peso e estatura a partir desse momento. Atualmente, vem com perda ponderal e sem crescer há 3 meses. Nega queixas digestivas, urinárias, respiratórias ou de outros aparelhos. Antecedentes pessoais patológicos: Fez tratamento para anemia ferropriva por 3 meses há 1 ano, porém exames atuais demonstraram manutenção do quadro. Relacionamento familiar e social: É o primeiro e único filho do casal. A mãe (publicitária) cuidou do bebê nos primeiros meses de vida, mas, após a volta ao trabalho, a criança passa o dia com a babá e sob os cuidados da avó. O pai (economista) passa o dia no ambiente de trabalho. A criança tem bom relacionamento com os pais e esses permitem todo e qualquer comportamento que ela venha a tomar, inclusive durante a alimentação. O menino é extremamente agitado e dispensa pouco tempo para qualquer atividade, logo se aborrecendo e querendo outras brincadeiras. Tem interesse por tudo que está a sua volta, apesar de se distrair facilmente. Quando a avó tenta pôr limites em alguma situação, reage com agressividade. Adota a mesma postura na escolinha. É líder das brincadeiras, tem bom relacionamento com os colegas, apesar de já ter recebido reclamações sobre o seu comportamento agitado e um pouco egoísta. Histórico alimentar e alimentação atual: Aleitamento materno exclusivo até os 4 meses, com introdução posterior de fórmula infantil, sucos, frutas e sopas de legumes aos 5 meses, carne aos 7 meses, glúten aos 9 meses. Porém, a aceitação dos alimentos não era satisfatória, principalmente após os 12 meses, fazendo com que a família optasse por manobras como brincadeiras, ligar a TV, distrair a criança. Hoje, nenhuma das medidas surte efeito. Apesar da grande insistência dos adultos, a criança come pouco em cada refeição, consome algumas colheradas, mas logo encerra a alimentação; permanece pouco tempo sentada à mesa ou mesmo na cadeira de refeição. Atualmente, dá preferência a comer junto aos brinquedos ou ao videogame. Mesmo quando na cadeira, joga pedaços de comida ao longe, na tentativa de não ser forçada a comer e dificilmente pede algum alimento. No café da manhã, toma 1 copo de leite com chocolate e meio pão com manteiga. No lanche, 1 copo de suco com 3 a 4 biscoitos recheados ou alguns pedaços de frutas. No almoço, ingere feijão, arroz e carne ou frango, preferencialmente, em pequenas porções, às vezes, com verduras. Tem lanche na escola, mas raramente aceita bem o que lhe é oferecido. À noite, toma sopa de legumes, também em pequena quantidade e outro copo de leite ao dormir. Exame físico: Peso: 13 kg (Escore Z P/I < -2,0DP). Estatura: 98 cm (Escore Z E/I= -2,0DP). Criança sem colaborar com o exame, não permanecendo deitada na mesa, interessada nos brinquedos da sala. Descorada (++/4), eupneica, extremamente ativa, ausculta cardiopulmonar sem alterações, abdome e membros sem anormalidades. Comentários e condutas: Atentando para a história clínica, percebe-se que se trata de um caso de “Baixo Apetite em Criança Fundamentalmente Agitada”. Essas crianças são bem alertas, muito ativas e curiosas, mas raramente demonstram interesse ou prazer na alimentação, pois estão mais estimuladas com o ambiente e com brincadeiras do que com o ato de se alimentar. Dentre os perfis das dificuldades alimentares, este é o que mais frequentemente pode levar a comprometimento nutricional pelo fato de o apetite estar rebaixado para todo e qualquer alimento ou para a maioria deles. Geralmente, são crianças que têm um comportamento mais agitado e tal comportamento se expande à alimentação. Quando isso não é entendido pelos pais, pode levar a consequências importantes sobre a aceitação alimentar e o estado nutricional. O desconhecimento dos pais ou cuidadores em relação ao processo de introdução de novos alimentos os faz não adotar a repetitividade e o treinamento paciente da oferta dos alimentos para que ocorra uma boa aceitação, e culmina na coerção para que a criança se alimente, contribuindo assim para que ela rejeite os alimentos e se forme o ciclo vicioso de recusa-coerção-recusa. Por outro lado, muitas dessas crianças são habituadas a não ter limites de horários, de brincadeiras, de posturas, em consequência de seu comportamento previamente ativo e não controlado pelos pais, que, por muitas vezes, estão ausentes no dia a dia do filho, o que compromete a sua autoridade e o estabelecimento desses limites de forma adequada e educativa. Portanto, a mesma relação que a criança tem com suas atividades lúdicas, recreativas e diárias será extrapolada para o momento das refeições, considerando a alimentação como algo similar. Dessa forma, o comportamento da criança durante as refeições é altamente agitado, não conseguindo permanecer à mesa ou à cadeira, correndo pela casa ou dando preferência à TV, videogames ou outras brincadeiras, inclusive com os alimentos, chegando a arremessá-los ao longe, quando contrariadas. Não consegue fazer uma refeição completa, consome poucos alimentos em uma mesma refeição, visto que está mais ligada ao ambiente e a outros estímulos, assim como não obedece a horários regulares para comer. A família começa a fazer verdadeiros malabarismos para que a criança coma, o que, por sua vez, reforça a cada dia a postura de rejeição à alimentação. É importante lembrar que a criança com tão baixo apetite poderá apresentar a longo prazo distúrbios no seu crescimento e desenvolvimento, devido à ingestão inadequada de macro e micronutrientes, desenvolvendo quadros de desnutrição, comprometimento estatural, baixo desenvolvimento cognitivo e emocional, rendimento escolar, baixas defesas orgânicas, com predisposição a infecções, deficiências de cálcio, zinco, ferro, vitaminas e outros. Da mesma importância é a consequente fragilização da relação mãe/pais/família-filho. Antecipando as orientações de como essas crianças serão conduzidas, deve-se reconhecer aos pais que o temperamento da criança é um grande contribuidor para o seu baixo apetite. Assim, a família toma consciência de como melhor conduzir tal dificuldade alimentar. Como ponto primordial do tratamento, busca-se a promoção do apetite da criança, através do aumento da sensação de fome e, em seguida, a satisfação com a refeição e a saciedade. Referências 1. Alarcon PA, Lin LH, Noche M, Hernandez VC, Cinafranca L, Lam W, Comer GM. Effect of oral supplementation on catch-up growth in picky eaters. Clin Pediatr. 2003;42:209-17. 2. Chatoor I. Diagnosis and treatment of feeding disorders in infants, toddlers, and young children. Washington, DC: Zero to Three; 2009. 3. Dubois L, Farmer AP, Girard M, Peterson K. Preschool children’s eating behaviours are related to dietary adequacy and body weight. Eur J Clin Nutr. 2007;61(7):846-55. 4. Farrow CV, Blissett J. Controlling feeding practices: cause or consequence of early child weight? Pediatrics. 2008;121(1):e164-9. 5. Kerzner B. Clinical investigation of feeding difficulties in young children: a practical approach. Clin Pediatr [Onlinefirst], July 15, 2009. 6. Nicholls D, Bryant-Waugh R. Eating disorders of infancy and childhood: definition, symptomatology, epidemiology, and comorbidity. Child Adolesc Psychiatr Clin N Am. 2009;18:17-30. 7. Rossi A, Moreira EA, Rauen MS. Determinantes do comportamento alimentar: uma revisão com enfoque na família. Rev Nutr. 2008;21:739-48. 8. Seaglioni S, Salvioni M, Galimbert C. Influence of parental attitudes in the development of children eating behavior. J Nutr. 2008;99(Suppl 1):S22-5. 9. Vellozo EP, Cintra IP, Fisberg M. Suplementação nutricional da criança. Pediatria Moderna. 2005;61:53-60. 10. Wright CM, Parkinson KN, Shipton D, Drewett RF. How do toddler eating problems relate to their eating behavior, food . preferences, and growth? Pediatrics. 2007;120(4):e1069-75. Abbott Center Central de Relacionamento com o Cliente 0800 703 1050 www.abbottbrasil.com.br Material de distribuição exclusiva para médicos e nutricionistas. MATERIAL PRODUZIDO EM OUT/10. Desenvolvido por AC Farmacêutica | www.acfarmaceutica.com.br Todo o processo de educação (ou reeducação) alimentar é essencial para o sucesso da intervenção. Porém, esse processo não é concluído em curto prazo, tendo em vista que as causas geralmente atuam de longa data e são necessárias mudanças do comportamento da família e da criança. Até o estabelecimento adequado dessas medidas e sua total adesão, o apoio de um suplemento nutricional, com fórmula completa e balanceada, pode estar indicado e ser útil para a manutenção do estado nutricional adequado ou como auxílio para as situações em que já ocorreu seu comprometimento. Em deficiências nutricionais específicas, pode ser necessário o uso de medicamentos com ferro, zinco ou cálcio. Ao mesmo tempo, os suplementos nutricionais completos e balanceados apresentam bons e comprovados resultados por possuírem quantidades adequadas desses nutrientes. 2 1 Resumo do Caso: Crianças fundamentalmente agitadas apresentam, em sua maioria, baixo apetite ou recusa alimentar, em razão de estarem mais interessadas nos estímulos do ambiente do que propriamente na alimentação. Essa característica pode levar à deficiência de macro e micronutrientes e consequente comprometimento nutricional e antropométrico. Cabe ao pediatra identificar esse perfil e conduzi-lo da forma mais adequada. Comentado por: Dr. Hélcio de Sousa Maranhão CRM 2192-RN 10074013 Algumas estratégias são importantes e deverão ser adotadas pela família: • Oferecer 3 refeições ao dia e um lanche à tarde, estabelecendo horários regulares para cada uma delas, com flexibilidade somente em alguns momentos. • Não permitir que a criança “belisque” nos intervalos das refeições, mesmo que não tenha consumido bem a refeição anterior, pois se o fizer ela não terá fome para a próxima. Não deixar que tome sucos nos intervalos, pois isso reduzirá a sensação de fome. Na vigência de sede, oferecer água. • Evitar distrações durante as refeições, como TV, brincadeiras, brinquedos, promessas de recompensas ou de agrados se tiver boa aceitação. A criança deve ser estimulada com palavras positivas, porém não fazê-lo em demasia, demonstrando excessiva preocupação, tristeza ou alegria em função de sua aceitação. A atitude neutra garantirá resultados mais permanentes. • Estabelecer limites razoáveis de comportamentos, inclusive às refeições. Não prolongar demasiadamente o tempo da refeição, mantendo a criança à mesa ou à cadeira por período adequado, sem ultrapassar 30 minutos por refeição, mesmo que não a tenha ingerido por completo. Neste caso, retirar o prato e aguardar o próximo horário. • Os pais ou familiares devem servir de modelo para a criança, através da adoção de hábitos alimentares saudáveis e fazendo, quando possível, refeições à mesa junto com a criança, não permitindo que esta se ausente da mesa ou da cadeira de refeição durante o período considerado razoável para se alimentar. • Na ocorrência de comportamentos negativos durante as refeições, como jogar a comida ao chão ou choro excessivo, suspender a alimentação, a fim de se evitar a persistência desse comportamento. Em situações de maior gravidade, como comportamento agressivo, considerar a interrupção de outras atividades (como as brincadeiras, por exemplo) por curto período, deixando a criança em ambiente seguro, tranquilo e sem estímulos, não com a finalidade de induzi-la a se alimentar, mas sim de quebrar o hábito ou o comportamento indesejável. Baixo apetite em criança fundamentalmente agitada