INDICADORES DE DESEMPENHO DAS EMPRESAS

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INDICADORES DE DESEMPENHO DAS EMPRESAS CATARINENSES
ADERENTES AOS NÍVEIS DE GOVERNANÇA CORPORATIVA PROPOSTA PELA
BOVESPA
Resumo
O trabalho objetivou identificar os possíveis indicadores de avaliação de desempenho que
podem ser extraídos dos demonstrativos financeiros, disponibilizados em sítios eletrônicos,
das empresas catarinenses que aderiram à Governança Corporativa. Caracteriza-se como uma
pesquisa exploratória, de natureza qualitativa e quantitativa, cuja técnica para coleta de dados
foi realizada por meio do instrumento de pesquisa documental. O levantamento bibliográfico
referiu-se a gestão empresarial tendo como foco a governança corporativa, em que se mostrou
a relevância da transparência na divulgação dos demonstrativos contábeis com eqüidade a
seus investidores em potencial. A população e amostra desta pesquisa são de 8 (oito)
companhias. Por meio da análise dos dados verificou-se que os indicadores de desempenho
revelam aos referidos investidores a situação econômico-financeira das empresas, permitindo
avaliá-las com eficácia. Com o resultado obteve-se a constatação que com apenas alguns
índices os investidores em potencial podem fazer uma avaliação das empresas com rapidez e
eficiência. Sendo estes, a liquidez corrente, a composição do endividamento, a rentabilidade
do patrimônio e o fator de insolvência de Kanitz. A seleção destes deu-se pelos motivos: a
liquidez corrente pelo fato de evidenciar a capacidade de pagamento das empresas de curto
prazo; a composição do endividamento por apresentar a qualidade dessa dívida, se de curto ou
longo prazo; a rentabilidade do patrimônio líquido por demonstrar se a empresa está sendo
rentável ou não; e o fator de insolvência de Kanitz por evidenciar se a empresa é solvente ou
não.
Palavras-chave: Governança corporativa. Demonstrativos contábeis. Indicadores de
desempenho.
1 Considerações inicias
A falta de confiança no mercado acionário já vem desde a queda da bolsa de valores
de New York em 1929, que abalou a economia mundial e causou a falência de muitas
empresas americanas, e como conseqüência o desemprego em massa no país. Outros
acontecimentos mais atuais referem-se aos escândalos financeiros envolvendo grandes
organizações, como foram os casos das empresas Enron, WorldCom e Parlamat, as quais
divulgaram informações contábeis maquiadas para atraírem investidores. No entanto, quando
descobertas estas fraudes fez surgir o sentimento de desconfiança no mercado acionário.
No Brasil, as movimentações de privatizações de organizações públicas atraíram
maior número de investidores estrangeiros para o mercado acionário. A partir daí, as empresas
brasileiras começaram a sentir necessidade de adaptarem-se ao mercado internacional, já que
seus investidores passaram a ser mais exigentes.
Nesse contexto, o mercado acionário brasileiro tem buscado cada vez mais o
profissionalismo por meio do aprimoramento de técnicas que garantam confiança e
credibilidade as informações. Diante disto, a Governança Corporativa surge como um
mecanismo que procura transmitir ao investidor maior transparência e probidade nas
informações fornecidas pela empresa investida. Ressalta-se que nos últimos anos, no intuito
de reverter a falta de confiança dos investidores causada pelo atual cenário econômico houve
um crescimento das adesões.
Na tentativa de ter um mercado acionário confiável, a Bovespa – Bolsa de Valores de
São Paulo, lançou uma cartilha com três níveis diferenciados de Governança Corporativa.
Cabe salientar, que a adoção desses segmentos pelas empresas é voluntária, uma vez que não
é exigida pela legislação. Dentre os níveis há o Nível 1, neste as empresas que o aderirem
devem seguir as regras básicas de Governança, como transparência nas informações e
eqüidade. No Nível 2, além das regras seguidas no Nível 1, as mesmas deverão divulgar as
informações contábeis de acordo com as normas internacionais de contabilidade. Outro nível
é o Novo Mercado onde exigisse uma aporte informacional e as companhias que nele queiram
ser inseridas devem ter todo seu capital composto por ações ordinárias, além, é claro, de
cumprir as regras dos Níveis 1 e 2.
As instituições que aderirem às boas práticas de Governança Corporativa devem
disponibilizar informações suficientes para possibilitar uma análise de desempenho eficaz.
Dessa forma, os diversos usuários, sejam eles internos ou externos à organização, terão
condições de analisar a situação econômico-financeira da empresa investida ou que pretendem
investir.
Para atrair cada vez mais investidores, as organizações devem disponibilizar
informações suficientes para que estes possam compreender seu comportamento no mercado.
Entretanto, saber qual o nível apropriado é, de certa maneira, um problema, pois, caso as
forneça de forma demasiada seus concorrentes poderão identificar suas estratégias. Por outro
lado, se as disponibilizar de maneira insuficiente, os investidores em potencial não terão
condições de avaliar a situação econômica e financeira, deixando de investir na mesma.
Nesse contexto, surge a questão de saber se as empresas catarinenses, que aderiram à
Governança Corporativa, estão disponibilizando informações suficientes a seus usuários
externos que possibilitem avaliar seu desempenho com acurácia. Nesse sentido, essa pesquisa
se depara com o seguinte problema: Quais os possíveis indicadores de avaliação de
desempenho podem ser extraídos dos demonstrativos financeiros, disponibilizados em sítios
eletrônicos, das empresas catarinenses que aderiram a Governança Corporativa?
2 Governança corporativa
Devido ao mercado acionário requerer cada vez mais das organizações o fornecimento
de relatórios contábeis com maior qualidade e fidedignidade, a Governança Corporativa surge
como um sistema que procura transmitir ao investidor maior transparência e probidade nas
informações fornecidas pela empresa investida. Deste modo, nos últimos anos vem
ampliando-se sua implantação nas grandes organizações mundiais com o intuito de reverter a
falta de confiança dos investidores causada pelo atual cenário econômico.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa - IBCG (2008), a
governança corporativa é o sistema pelo qual as sociedades são dirigidas e monitoradas,
envolvendo os relacionamentos entre Acionistas/Cotistas, Conselho de Administração,
Diretoria, Auditoria Independente e Conselho Fiscal. As boas práticas de governança
corporativa têm a finalidade de aumentar o valor da organização, facilitar seu acesso ao
capital e contribuir para a sua perenidade.
Nesse sentido, a Governança Corporativa é um sistema de mecanismos que tendem
reduzir os problemas ocasionados pelo conflito de agência nas instituições, visando a
democratização do relacionamento entre os acionistas, auditores independentes, seus
executivos, e conselho fiscal, com a finalidade de otimizar o desempenho da mesma e facilitar
o acesso ao capital.
Os princípios básicos, também chamados de linhas mestras da Governança
Corporativa, de acordo com o IBGC (2008), são: transparência, eqüidade, prestação de contas
(accountability) e responsabilidade corporativa. O código das Melhores Práticas de
Governança Corporativa do IBGC (2008), define cada um destes princípios, o primeiro deles,
a transparência não deve ser vista como uma “obrigação de informar”, mas sim o “desejo de
informar” que a administração deve cultivar, pois permitirá a seus usuários externos uma
melhor avaliação sobre a empresa investida.
A eqüidade é, por sua vez, caracterizada pelo tratamento justo e igualitário entre as
diferentes classes de proprietários, sejam elas do capital ou das demais partes interessadas
(stakeholders), como colaboradores, clientes, fornecedores ou credores. Já a prestação de
contas (accountability), deve ser realizada pelos agentes da Governança Corporativa, sendo
que os mesmo devem prestar contas a quem os elegeu e respondem integralmente por todos os
atos que praticarem no exercício de seus mandatos. (IBGC, 2008).
A responsabilidade corporativa, de acordo com o IBGC (2008), compreende a
responsabilidade social da empresa perante a sociedade. No sentido, de que a organização
deve proporcionar, por exemplo: o estímulo ao desenvolvimento científico por intermédio de
tecnologia; oportunidades de emprego; qualificação e diversidade de força de trabalho;
melhoria da qualidade de vida por meio de ações educativas; entre outros.
Pode-se inferir que a Governança Corporativa é um sistema que auxilia as empresas a
transmitir informações a seus usuários com maior transparência e eqüidade. No Brasil, a
BOVESPA lançou uma cartilha sobre o tema, com foco nas empresas que possuem ações na
bolsa de valores e trouxe níveis diferenciados, como pode ser observado no tópico seguinte.
3 Níveis de governança corporativa conforme a BOVESPA
A Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA) foi responsável pela criação de um dos
principais mecanismos de incentivo à adoção de práticas de boa Governança Corporativa
pelas companhias de capital aberto e à melhoria do acesso de investidores a informações
relevantes para a decisão de investimento. A iniciativa da BOVESPA consistiu na criação, em
2000, do Novo Mercado e dos Níveis Diferenciados de Governança Corporativa (Níveis 1 e
2), segmentos especiais de listagem de empresas que aderem a práticas diferenciadas de
Governança Corporativa criados com o objetivo de proporcionar um ambiente de negociação
que estimule, ao mesmo tempo, o interesse dos investidores e a valorização das companhias
comprometidas com as boas práticas de Governança Corporativa e com maior transparência
no relacionamento com seus investidores. (BOVESPA, 2008).
Ressalta-se que a adesão de uma empresa as práticas diferenciadas é voluntária, sendo
que esta ocorre por meio da assinatura de um contrato entre a companhia, seus controladores,
seus administradores e a BOVESPA. A seguir, serão resumidas as principais exigências a
serem cumpridas por empresas que aderirem a cada um dos segmentos especiais de listagem.
a) Selo nível 1 da BOVESPA - a empresa que aderir ao nível 1, proposto pela BOVESPA,
deverá se comprometer a fornecer ao mercado e a dispersão acionária, informações com
maior qualidade. Atendo-se aos princípios básicos de Governança Corporativa, eqüidade e
transparência nas informações contábeis divulgadas pelas entidades. As empresas que
aderirem a esse segmento poderão divulgar maior volume de informações e com melhor
qualidade, facilitando o acompanhamento do seu desempenho.
b) Selo nível 2 da BOVESPA - A empresa inserida no Nível 2, além de cumprir com as regras
aplicáveis no Nível 1, devem adicionar um conjunto mais amplo de práticas a serem seguidas
em relação aos direitos societários dos acionistas minoritários. Aquelas que aderirem a esse
segmento deverão ampliar os direitos societários dos acionistas minoritários, aumentar a
transparência da organização, divulgar maior volume de informações e com melhor qualidade,
facilitando o acompanhamento do seu desempenho. Sendo que algumas dessas obrigações
deveram ser aprovadas em Assembléia Geral e incluídas no estatuto da entidade.
c) Novo Mercado - a empresa que aderir ao Novo Mercado deverá, além de seguir as regras
do Níveis1 e 2, emitir apenas ações ordinárias eliminando as preferenciais. As que já estão
inseridas a esse segmento oferecem maior transparência nas informações divulgadas,
proporcionando mais segurança aos seus investidores, reduzindo, conseqüentemente, seus
custos com a captação de recursos. Sendo que, do mesmo modo que as empresas que aderirem
ao Nível 2, aquelas que se inserir no Novo Mercado também deveram aprovar algumas dessas
obrigações em Assembléia Geral e incluí-las no seu Estatuto.
A partir do que foi visto infere-se que a adesão dos níveis diferenciados de
Governança Corporativa, propostos pela BOVESPA, é uma forma de atrair mais investidores
para as empresas, pois transparece maior segurança e credibilidade nas informações
divulgadas.
4 Demonstrações contábeis obrigatórias
As demonstrações contábeis consistem num conjunto de demonstrativos, previstos na
legislação, e são elaboradas, por força da lei nº 6.404/76, alterada e revogada pela lei nº
11.638/07, no final do exercício social, geralmente no período de um ano. Mas, vale salientar
que estas podem ser feitas conforme a necessidade de cada empresa para fins gerenciais no
processo decisório. O objetivo básico destes, segundo Reis (2003, p. 43), “é o de fornecer
informações para a correta gestão dos negócios e para a correta avaliação dos resultados
operacionais.” Portanto, os demonstrativos disponibilizam elementos para que os gestores
possam planejar e controlar o patrimônio da empresa e suas atividades sociais. Sendo que
estas também são utilizadas pelos usuários externos, como por exemplo, credores,
investidores em potencial, Fisco, entre outros.
A lei das sociedades por ações nº 6.404/76, alterada e revogada pela lei nº 11.638/07,
em seu artigo nº 176 estabelece que, ao fim de cada exercício social (ano), obrigatoriamente
deve-se elaborar com base na escrituração contábil, as seguintes demonstrações financeiras:
Balanço Patrimonial; Demonstração do Resultado do Exercício; Demonstração dos Fluxos de
Caixa; Demonstração de Lucros e Prejuízos Acumulados; e Demonstração do Valor
Adicionado, para empresas de capital aberto.
a) Balanço Patrimonial – BP - é o demonstrativo principal e obrigatório, que evidencia de
forma resumida e ordenada a situação econômica e financeira da empresa em determinada
data. Segundo Schrickel (1999, p. 52), “é a demonstração estática e sintética dos registros
contábeis que espelham o patrimônio da empresa, pois se refere a determinado dia.” A análise
de balanços possibilita ao analista extrair conclusões sobre o desempenho da mesma no
passado e projetar o seu futuro em potencial.
b) Demonstração do Resultado do Exercício – DRE - destina-se a evidenciar a formação do
resultado do exercício, mediante o confronto das receitas, custos e despesas incorridos em
função das vendas. De acordo com Reis (2003), a Demonstração do Resultado do Exercício é
um elemento contábil que evidencia o resultado das operações sociais da empresa, lucro ou
prejuízo, procurando explorar o resultado operacional líquido do período.
c) Demonstração dos Fluxos de Caixa – DFC - expõe a geração do caixa da empresa e como
foi realizada sua distribuição. Esse demonstrativo deve apresentar, de acordo com a lei
11.638/07, “as alterações ocorridas, durante o exercício, no saldo de caixa e equivalentes de
caixa, segregando-se essas alterações em, no mínimo, 3 (três) fluxos: das operações; dos
financiamentos; e dos investimentos.” Sua principal finalidade é propiciar informações
relevantes aos usuários sobre as movimentações de entradas e saídas de caixa naquele
determinado período.
d) Demonstração de Lucros e Prejuízos Acumulados – DLPA - evidencia as modificações
ocorridas, em determinado período, na conta de Lucros ou Prejuízos Acumulados. Assim, de
acordo com Reis (2003, p. 81), “parte do saldo dessa verba no início do exercício e, por meio
de ajustes, acréscimos e subtrações, chega ao saldo final, ou seja, aquele que aparece no
último Balanço Patrimonial.” Após sua elaboração, pode-se observar de que forma o resultado
do exercício e o saldo acumulado de exercícios anteriores foram distribuídos, e de que
maneira será distribuída, futuramente, a parcela restante.
e) Demonstração do Valor Adicionado – DVA - exibe, de acordo com a lei 11.638/07, o
“valor da riqueza gerada pela companhia, a sua distribuição entre os elementos que
contribuíram para a geração dessa riqueza, tais como empregados, financiadores, acionistas,
governo e outros, bem como a parcela da riqueza não distribuída.” De Luca (1998) destaca
que este é semelhante ao DRE, mas o que os diferencia é o fato que este avalia a parte da
riqueza criada pela empresa que se destina ao proprietário, e a DVA evidencia, além do lucro
dos investidores, a quem pertence o restante da riqueza criada pela mesma.
f) Notas Explicativas - são utilizadas para demonstrar as práticas contábeis adotadas pelas
empresas e eventuais procedimentos que não foram elaborados corretamente com as normas
de contabilidade, dos quais distorcem suas demonstrações. Destaca-se que estas esclarecem as
demonstrações contábeis, uma vez que, trazem informações complementares que não podem
ser compreendidas apenas ao serem observadas.
g) Relatório da Administração - A Lei n.º 6.404/76 em seu artigo 133 obriga a elaboração e a
publicação do Relatório da Administração relatando sobre os negócios sociais e os principais
fatos administrativos do exercício findo. Silva (2007, p. 89) afirma que o “relatório de
administração deve funcionar como uma prestação de contas dos administradores aos
acionistas, e, ao mesmo tempo, deve fornecer uma análise prospectiva.”
Os eventos que devem ser registrados obrigatoriamente no Relatório Administrativo
são estabelecidos pela Lei n.º 6.404/76 como sendo: a aquisição de debêntures de própria
emissão da empresa (art. 55, § 2.º); as disposições sobre a política de reinvestimento de lucros
e distribuição de dividendos constantes de acordo de acionistas (art. 118, § 5.º); e a relação
dos investimentos em sociedades coligadas e controladas e as modificações ocorridas durante
o exercício (art. 243).
5 Análise por meio de índices ou quocientes
A análise por meio de índices ou quocientes é de suma importância para a avaliação da
situação econômica e financeira de uma organização. Pois seu principal objetivo, de acordo
com Matarazzo (2008), é extrair informações das demonstrações contábeis para a tomada de
decisão. Destaca ainda, que quanto maior for a capacidade de conseguir gerá-la com
qualidade e extensão maior será o grau de excelência da análise. Existem vários indicadores
que auxiliam na avaliação eficaz de uma empresa, os principais podem ser observados a
seguir.
5.1 Análise horizontal e vertical
A comparação é a principal característica da análise financeira de uma empresa, pois
permite relacionar valores obtidos em determinado período com aqueles levantados em
períodos anteriores. Esse processo de comparação, indispensável ao conhecimento da situação
de uma empresa, é representado pelas análises vertical e horizontal. Estas contribuem,
segundo Silva (2001), para a interpretação da estrutura e da tendência dos números de uma
empresa, e ainda podem auxiliar na análise dos índices financeiros.
a) Análise horizontal - a principal finalidade da Análise Horizontal (AH), de acordo com
Iudícibus (1998, p. 90), “é apontar o crescimento de itens dos Balanços e das Demonstrações
de Resultados (bem como de outros demonstrativos) através dos períodos, a fim de
caracterizar tendências.”
b) Análise vertical - A análise vertical tem como principal propósito, conforme Silva (2001,
p. 203), “mostrar a participação relativa de cada item de uma demonstração financeira em
relação a determinado referencial. No balanço, por exemplo, é comum determinarmos quanto
por cento representa cada rubrica em relação ao ativo total.” Destaca-se que, este tipo de
análise é importante para avaliar a estrutura e composição de itens e sua evolução no tempo.
5.2 Índices de liquidez
Os índices de liquidez avaliam a capacidade de pagamento de uma empresa tomando
por base prazos distintos: imediato, curto e longo prazo. Silva (2007, p. 308) afirma que os
índices de liquidez
visam fornecer um indicador da capacidade da empresa de pagar suas dividas, a
partir da comparação entre os direitos realizáveis e as exigibilidades. No geral, a
liquidez decorre da capacidade de a empresa ser lucrativa, da administração de seu
ciclo financeiro e de suas decisões estratégicas de investimento e financiamento.
Portanto, resumidamente, os índices de liquidez constituem na análise da capacidade
da empresa de saldar seus compromissos. Sendo que estes são classificados em: Liquidez
Imediata; Liquidez Corrente; Liquidez Seca; e Liquidez Geral.
5.3 Índices de estrutura de capitais
Os indicadores de estrutura evidenciam o quanto a empresa aplicou do seu Capital
Próprio e de Terceiros no permanente. (VASCONCELOS, 2006). Quanto menor for seu
índice melhor, pois mostra que a empresa não está imobilizando seu capital, mas sim que está
investindo ele em outros negócios. Sendo que este índice é divido em: Imobilização do
Capital Próprio e do Capital de Terceiros.
5.4 Índices de rentabilidade
Esse índice representa o quanto a empresa lucrou ao investir em determinado negócio.
Reis (2003, p. 153), afirma que “os índices de rentabilidade medem a capacidade de produzir
lucro de todo o capital investido nos negócios (próprios e de terceiros) [...].” Estes se dividem
em: Margem Operacional Bruta; Margem Operacional Líquida; Margem Líquida; Retorno
sobre o Patrimônio Líquido; Retorno sobre o Ativo.
5.5 Índices de endividamento
Os índices de endividamento de uma empresa indicam o volume de recursos de
terceiros e próprios que estão sendo usados na tentativa de gerar lucros. O objetivo da análise
do endividamento, segundo Vasconcelos (2006, p. 102), “é avaliar os seus reflexos sobre a
gestão financeira da empresa.” Ou seja, geram informações que atendem o processo decisório
referente a composição das dividas da empresa. Representam, de forma geral, as dívidas que a
organização possui e se ela tem condições de saldá-las, independentemente se for de curto ou
longo prazo.
Para Ching, Marques e Prado (2003, p. 108) “os índices de endividamento mostram o
relacionamento entre as fontes de capital da empresa, isto é, a posição do capital próprio,
representado pelo patrimônio líquido, em relação ao capital de terceiros, representado pelos
empréstimos.” Estes indicadores são divididos em: Endividamento Geral; Endividamento do
Patrimônio Líquido; e Solvência Geral.
5.6 Índices de atividade
Os índices de atividade representam, de acordo com Vasconcelos (2006, p. 128), “a
velocidade de renovação de um determinado elemento patrimonial num certo intervalo de
tempo.” Sendo que seus prazos podem ser calculados em dias, semanas ou meses, conforme a
necessidade do analista.
Para Gitman (2004, p. 47), os índices de atividade “medem a velocidade com que as
várias contas são convertidas em vendas ou caixa – entradas ou saídas.” Este indicador
evidencia o prazo médio de rotação de estoques, recebimento das vendas e pagamento das
compras.
5.7 Alavancagem
Nas empresas toda decisão financeira gera uma expectativa de que ela contribuía para
elevar seu resultado operacional e líquido, sendo que seu desempenho é demonstrado pelo
grau de alavancagem. Sua aplicação na avaliação de uma empresa permite segundo Assaf
Neto (2006, p. 132), “que se conheça sua viabilidade econômica, identificando-se claramente
as causas que determinaram eventuais variações nos resultados.” Esta, por sua vez, se divide
em: operacional e financeira.
5.8 Fator de insolvência de Kanitz
Stephen Charles Kanitz desenvolveu um modelo de análise para determinar
previamente, com satisfatória margem de segurança, o grau de insolvência das empresas. Ele
criou um termômetro financeiro baseado na conjugação de alguns indicadores de liquidez,
endividamento e rentabilidade. (BRAGA, 1999). Seu termômetro de insolvência é utilizado
para prever a falência das empresas, e segundo Kassai et al. (2000), foi um dos modelos
pioneiros no Brasil na década de 70. Sendo que, ao divulgar seu modelo, Kanitz não explica
como chegou a fórmula de cálculo, afirmando tratar-se de uma ferramenta estatística.
Atualmente, esse modelo é mais conhecido como Fator de Insolvência de Kanitz.
Esse fator é obtido, de acordo com Braga (1999), a partir das informações das
demonstrações contábeis das empresas, por meio do cálculo de uma fórmula, a saber:
F. Insolvência = 0,05 X1 + 1,65 X2 + 3,55 X3 – 1,06 X4 – 0,33 X5
Onde: X1 = rentabilidade do patrimônio líquido; X2 = liquidez geral; X3 = liquidez seca; X4 = liquidez
corrente; X5 = participação de capital de terceiros.
Após o cálculo da fórmula, obtêm-se um número denominado de Fator de
Insolvência que determina a tendência de uma empresa falir ou não. No termômetro de
Kanitz, evidenciado na Figura 1, é apresentada uma escala que indica três situações, conforme
Braga (1999): Solvente; Penumbra; e Insolvente.
7
6
5
4
3
2
1
0
Solvente
-1
-2
-3
Penumbra
Figura 1: Termômetro de Kanitz
Fonte: Adaptado de Braga (1999).
A empresa que estiver na área de solvência tem menos riscos de falir, sendo que a
probabilidade de insolvência diminui à medida que o fator se eleva. Aquela que se encontrar
na área de penumbra evidência uma situação de risco, portanto esta deve ficar em alerta e
rever sua situação financeira. E a que ficar na área de insolvência representa que tem maiores
chances de falência, e que aumentam conforme o fator diminui. (BRAGA, 1999). Pode-se
inferir que o Fator de Kanitz é um indicador indispensável na avaliação de uma empresa, pois
evidencia a probabilidade da mesma falir. Ressalta-se que eles não substituem a análise
tradicional, devendo ser usado como complementação as conclusões feitas por meio destes
últimos.
5.9 Capital de giro – CDG
O capital de giro constitui o fundamento básico da avaliação do equilíbrio financeiro
de uma empresa. Santos e Barros (2005) conceitua-o como sendo os recursos materiais de
rápida renovação, como estoques de matérias-primas e produtos que formam seu capital
circulante. Ele é representado, no Balanço Patrimonial, pelo ativo circulante, composto pelas
disponibilidades financeiras, contas a receber e estoques.
Representa, de acordo com Assaf Neto (2005, p. 460), “o valor total dos recursos
demandados pela empresa para financiar seu ciclo operacional.” Este por sua vez, é composto
por todas as fases de suas atividades operacionais. Destaca-se como exemplo, uma
organização industrial que inicia na aquisição de matérias-primas, passa pela armazenagem,
produção e venda e desemboca no efetivo recebimento das vendas realizadas. (ASSAF
NETTO, 2006). Pode-se inferir que o capital de giro de uma empresa é imprescindível para
manter seu equilíbrio financeiro. Mas vale salientar que, este somente ocorre quando as
organizações têm conhecimento da sua necessidade de capital de giro.
5.10 Necessidade de capital de giro - NIG
O cálculo da análise da Necessidade de Capital de Giro em uma empresa é essencial,
pois irá avaliá-la do ponto de vista financeiro, ou seja, não somente o caixa, mas também as
estratégias de financiamento, crescimento e lucratividade. Esta, segundo Matarazzo (1998, p.
348), evidencia “o montante de que a empresa necessita tomar para financiar o seu Ativo
Circulante em decorrência das atividades de comprar, produzir e vender.” Portanto, representa
a precisão de recursos que a empresa tem para financiar seu ciclo operacional, após haver
utilizado os recursos gerados pelo próprio ciclo.
A necessidade de recursos de capital de giro de uma empresa é determinada em função
de seus ativos e passivos circulantes operacionais ou de funcionamento, a saber: Ativo
Operacional (aplicações ou usos) – contas a receber, estoques, outros; Passivo Operacional
(fontes) – fornecedores, salários e encargos, impostos. A necessidade líquida de capital de
giro é a diferença entre o ativo operacional e o passivo operacional, ou seja, a diferença entre
aplicações ou investimentos em capital de giro, estoque e financiamento de vendas (contas a
receber) e os passivos ou financiamentos obtidos. (DI AGUSTINI, 1999).
Após a explicação dos principais índices e quocientes, na seqüência, apresenta-se o
Quadro 1, com suas fórmulas e interpretações, facilitando, assim, sua compreensão.
Índice
Fórmula
Liquidez
Geral
Liquidez
Imediata
Liquidez
Corrente
Liquidez
Seca
AC + RLP
PC + ELP
D
PC
AC
PC
AC - Estoques
PC
Imobilização
Capital Próprio
Imobilização
Capital de Terc.
AP
PL
AP
PC + ELP
Margem Operac.
Bruta
Margem Operac.
Líquida
Margem
Líquida
Retorno s/ o
Patrim. Liq.
Retorno s/ o
Ativo
LOB
ROL
LO
ROL
LLE
ROL
LLE
PL
LLE
AT
Endividamento
Geral
Endividamento
Patrim. Liq.
Solvência
Geral
Composição do
Endividamento
PC + ELP
AT
PC + ELP
PL
AT
PC + ELP
PC
PC + ELP
PMRE
PMRV
PMPC
GAO
GAO
CDG
NIG
Estoques
CMV
Duplicatas a Receber
Vendas Brutas
Forcenedores
Compras
Indica
1 - ÍNDICES DE LIQUIDEZ
Qto a empresa possui p/ cada
R$ 1,00 de dívida total
Qto existe em dinheiro p/ cada
R$ 1,00 de dívida de curto prazo
Qto existe a receberno curto prazo p/
cada R$ 1,00 de dívida de curto prazo
O mesmo que "LC", porém com
maior rigor (desconsiderando os estoques)
2 - ÍNDICES DE ESTRUTURA
Qto foi aplicado no permanente p/
cada R$ 1,00 do capital próprio
Qto foi aplicado no permanente p/
cada R$ 1,00 do capital de terceiros
3 - ÍNDICES DE RENTABILIDADE
Demonstra a eficiência do depto
produtivo da empresa (nível de custos)
Qual o lucro p/ cada R$ 100 vendidos, somente
c/ as operações normais da empresa
Indica qto a empresa obtém de lucro,
p/ cada R$ 100 vendidos
Qual o lucro obtido p/ cada R$ 100
de capital próprio investido
Qual o lucro obtido p/ cada R$ 100
de investimento total (taxa de retorno)
4 - ÍNDICES DE ENDIVIDAMENTO
Qto existe de dívidas p/ cada
R$ 1,00 de ativo total
Indica o nível de comprometimento do capital
próprio. Qual a dívida p/ cada R$ 1,00 de patrim.
Qto existe no ativo total p/ cada
R$ 1,00 de dívida (solvência)
Qto existe de dívida total p/ cada R$1,00
de dívida a curto prazo
5 - ÍNDICES DE ATIVIDADE
x360
Qtos dias em média a empresa
leva para vender seus estoques
x360
Qtos dias em média a empresa
leva para receber suas Vendas
x360
Qtos dias em média a empresa
leva para pagar suas contas
6 - ALAVANCAGEM
Perc. Variação. do Lucro
Qual a variação do Lucro Operacional da
Perc. Variação do Volume
empresa com a alteração no volume de atividade
Retorno sobre o Ativo
Qual a capacidade da empresa elevar
Retorno sobre o Patrimônio
seus lucros com recursos de terceiros
7 - CAPITAL DE GIRO
PL + ELP
Qual o valor total dos recursos demandados pela
P + RLP
empresa para financeiar seu ciclo operacional
8 - NECESSIDADE DE INVESTIMENTO EM GIRO
Ativo Cíclico - Passivo Cíclico
Qual a necessidade de capital de giro da
empresa para financiar o ciclo operacional
Quadro 1: Estrutura dos índices econômicos e financeiros
Fonte: Adaptado de Marion (2005)
6 Metodologia
Interpretação
Qto maior melhor
Qto maior melhor
Qto maior melhor
Qto maior melhor
Qto menor melhor
Qto menor melhor
Qto maior melhor
Qto maior melhor
Qto maior melhor
Qto maior melhor
Qto maior melhor
Qto menor melhor
Qto menor melhor
Qto maior melhor
Qto menor melhor
Qto menor melhor
Qto menor melhor
Qto maior melhor
Qto maior melhor
Qto maior melhor
Qto maior melhor
Qto menor melhor
Para atingir o objetivo proposto neste trabalho, descrevem-se os procedimentos
metodológicos que foram adotados para a realização da pesquisa. Gil (1994, p. 43), define
pesquisa como sendo “o processo formal e sistemático de desenvolvimento do método
científico. O objetivo fundamental da pesquisa é descobrir respostas para problemas mediante
o emprego de procedimentos científicos.”
Considerando-se os objetivos elencados para este trabalho, pode-se caracterizá-lo
como uma pesquisa exploratória, pois se abordou um tema pouco difundido e que necessitava
uma maior familiaridade que é a utilização dos índices econômico-financeiros nas empresas
que aderiram a algum nível de Governança Corporativa propostos pela Bovespa.
A tipologia de pesquisa deste estudo quanto aos procedimentos foi de levantamento ou
survey. Seu uso ocorreu, por meio de dados coletados disponibilizados nos sítios eletrônicos
das instituições catarinenses que aderiram a Governança Corporativa. A população deste
estudo compreende as oito empresas catarinenses que aderiram aos níveis de Governança
Corporativa propostos pela BOVESPA (Bolsa de Valores de São Paulo): Sadia S.A.; Cremer
S.A.; Weg S.A.; Tractebel S.A.; Celesc S.A.; Datasul S.A.; Renar S.A.; e Cia Hering S.A.
No que concerne à perspectiva da pesquisa, está caracterizada como sendo de corte
transversal. De acordo com Richardson (1999, p. 148), nesta perspectiva, “os dados são
coletados em um ponto no tempo, com base em uma amostra selecionada para descrever uma
população nesse determinado momento.” A coleta dos dados foi realizada nos meses de abril
e maio de 2008. A obtenção destas informações foi realizada por meio do instrumento de
pesquisa documental, que segundo Silva (2003, p. 61), utiliza-se de “material que ainda não
recebeu tratamento analítico ou que pode ser reelaborado.” Os documentos utilizados na
elaboração desta pesquisa, demonstrações contábeis, foram extraídos dos sítios eletrônicos
das empresas pesquisada.
Quanto à tipologia da pesquisa, no que diz respeito a abordagem do problema,
utilizou-se a mista, ou seja, qualitativa e quantitativa, para a análise e interpretação dos dados
coletados. Neste sentido, segundo a natureza qualitativa desta pesquisa, foram identificadas as
demonstrações contábeis publicadas pelas empresas catarinenses que aderiram a Governança
Corporativa. Por sua vez, a análise quantitativa utilizada neste trabalho deu-se por meio da
tabulação, com técnicas estatísticas de percentagem, dos dados obtidos com as documentações
disponibilizadas nos sítios eletrônicos.
7 Descrição e análise dos dados
Neste tópico evidencia-se, primeiramente, a economia catarinense, destacando os
principais ramos de atividade industrial por região. Na seqüência, são apresentadas as oito
empresas catarinenses que aderiram a algum nível diferenciado de Governança Corporativa
propostos pela BOVESPA, abordando suas características. Por fim, elucida-se a análise das
demonstrações contábeis destas empresas, ressaltando os principais indicadores de
desempenho que auxiliam na sua avaliação econômica-financeira.
7.1 Economia catarinense
O Estado de Santa Catarina situa-se na região Sul do Brasil. Ao norte faz fronteira
com o estado do Paraná, ao sul com o estado do Rio Grande do Sul, a leste com o oceano
atlântico e a oeste com a República Argentina. (FIESC, 2008). Possui um importante parque
industrial, ocupando posição de destaque no Brasil. A indústria de transformação catarinense
é a quarta do país em quantidade de empresas e a quinta em número de trabalhadores. O
segmento alimentar é o maior empregador, seguindo-se o de artigos do vestuário e de
produtos têxteis. (FIESC, 2008).
Diante desta economia diversificada, destacam-se as oito empresas que aderiram aos
níveis diferenciados de Governança Corporativa propostos pela Bovespa, para a elaboração
do estudo. Sendo que, estas serão apresentadas no próximo tópico.
7.2 Caracterização das empresas objeto de estudo
Atualmente existem oito organizações catarinenses que aderiram aos níveis
diferenciados de Governança Corporativa propostos pela BOVESPA. O Quadro 2 relaciona as
empresas pela razão social, o ramo de atividade de cada uma, bem como o nível diferenciado
em que estão no momento.
RAZÃO SOCIAL
RAMO DE ATIVIDADE
SEGMENTO
ENERGIA ELÉTRICA
NÍVEL 2
CIA HERING
TÊXTIL E VESTUÁRIO
NOVO MERCADO
CREMER S.A.
TÊXTIL E VESTUÁRIO
NOVO MERCADO
CENTRAIS ELÉT DE SANTA CATARINA S.A.
COMUNICAÇÃO E
INFORMÁTICA
DATASUL S.A.
RENAR MAÇÃS S.A.
AGRICULTURA
NOVO MERCADO
ALIMENTOS
NÍVEL 1
ENERGIA ELÉTRICA
NOVO MERCADO
MÁQ. EQUIP. VEÍC. E PEÇAS
NOVO MERCADO
SADIA S.A.
TRACTEBEL ENERGIA S.A.
WEG S.A.
NOVO MERCADO
Quadro 2: empresas catarinenses que aderiram à governança corporativa
7.3 Demonstrativos elaborados e publicados pelas empresas pesquisadas
Apresenta-se no Quadro 3 a relação dos demonstrativos elaborados e publicados, nos
sítios eletrônicos das empresas pesquisadas, que serão utilizados para a análise econômicofinanceira das mesmas.
Celesc
Cia Hering
Cremer
Datasul
Renar
Maças
Sadia
Tractebel
Weg
BP
X
X
X
X
X
X
X
X
DRE
X
X
X
X
X
X
X
X
DOAR
X
X
X
X
X
X
X
X
DFC
X
X
X
X
X
X
X
X
DVA
X
X
X
X
X
Notas Explicativas
X
X
X
X
X
X
X
X
Relatório da ADM
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Demonstrativos
DLPA
BV
DMPL
DFC Projetada
EBTIDA
Quadro 3: demonstrativos elaborados e publicados pelas empresas pesquisadas
Cabe salientar que, a análise realizada destes demonstrativos considera apenas as
informações divulgadas nos sítios eletrônicos das empresas objeto de estudo. Portanto, é a
avaliação que os investidores em potencial podem fazer para saber a situação econômicofinanceira das mesmas.
7.4 Síntese dos principais resultados
Após a análise dos indicadores de desempenho das empresas catarinenses aderentes a
algum nível de Governança Corporativa propostos pela Bovespa, percebe-se que
determinados índices destacam-se entre os demais pela sua relevância na análise das
empresas. Portanto, no Quadro 4 são expostos os índices que apresentam maior importância
na avaliação de uma organização.
Indicadores
Celesc S.A.
Cia Hering S.A.
Cremer S.A.
Datasul S.A.
2007
2006
2005
2007
2006
2005
2007
2006
2005
2007
2006
2005
Liquidez Corrente
1,36
1,32
1,47
2,03
1,28
1,00
7,15
2,43
1,89
3,78
6,94
1,32
Composição do Endiv.
0,44
0,41
0,38
0,42
0,28
0,37
0,60
0,34
0,33
0,60
0,68
0,77
Rentabilidade do PL
0,24
0,18
0,20
0,07
0,21
0,97
0,01
0,04
0,01
0,17
0,11
0,52
Fator de Insolv. de Kanitz
4,23
4,05
4,33
5,23
-1,70
-1,92
23,40
5,24
4,57
13,19
25,21
4,91
Indicadores
Renar Maças S.A.
Sadia S.A.
Tractebel S.A.
Weg S.A.
2007
2006
2005
2007
2006
2005
2007
2006
2005
2007
2006
2005
0,94
1,41
1,32
2,05
2,12
1,84
0,85
0,64
0,70
1,76
2,04
1,65
Composição do Endiv.
0,60
0,49
0,63
0,43
0,43
0,56
0,39
0,45
0,40
0,72
0,66
0,73
Rentabilidade do PL
-0,14
0,00
-0,22
0,24
0,15
0,30
0,37
0,35
0,34
0,31
0,32
0,27
Fator de Insolv. de Kanitz
1,69
2,42
2,55
4,26
4,52
4,32
2,35
1,94
2,01
4,87
5,64
4,82
Liquidez Corrente
Foram considerados os indicadores evidenciados no Quadro 4 por facilitarem a
avaliação das empresas pelos investidores em potencial. A seleção destes deu-se por alguns
motivos: a liquidez corrente pelo fato de evidenciar a capacidade de pagamento das empresas
de curto prazo; a composição do endividamento por apresentar a qualidade dessa dívida, se de
curto ou longo prazo; a rentabilidade do patrimônio líquido por demonstrar se a empresa está
sendo rentável ou não; e o fator de insolvência de Kanitz por evidenciar se a empresa é
solvente ou não.
Ao observar o Quadro 4 percebe-se que todas as empresas apresentam índices de
desempenho satisfatórios nos três anos analisados. Porém, a que se destacou, durante os
períodos analisados, foi a Sadia S.A, pois obteve os melhores indicadores. Apresentou
condições de saldar suas dívidas de curto prazo, sendo que a maior parte do seu
endividamento é composto por dívidas de longo prazo. Obteve rentabilidade considerável
sobre o patrimônio e apresentou-se solvente nos três períodos analisados.
8 Considerações finais
Os escândalos financeiros envolvendo grandes organizações fez surgir o sentimento de
desconfiança no mercado acionário mundial. Com o intuito de reverter essa situação, o
mercado acionário brasileiro tem buscado cada vez mais pelo profissionalismo por meio do
aprimoramento de técnicas que garantam confiança e credibilidade as informações.
Diante disto, a Governança Corporativa surge como um mecanismo que procura
transmitir ao investidor maior transparência e eqüidade nas informações fornecidas pela
empresa investida. A adesão deste mecanismo na gestão empresarial exige das organizações,
entre outras particularidades, maior divulgação das informações financeiras atraindo, assim,
mais investidores em potencial. Dentro deste contexto os indicadores de desempenho
auxiliam os investidores em potencial a avaliá-las com maior eficácia e segurança.
Na literatura contábil existem inúmeros indicadores de desempenho utilizados na
avaliação das empresas. Dentre estes, destacam-se os índices de: liquidez corrente, que
demonstra a capacidade de pagamento das organizações a curto prazo; composição do
endividamento, que apresenta a qualidade da dívida, se é de curto ou longo prazo;
rentabilidade do patrimônio líquido, que mostra se a empresa está sendo rentável ou não; e o
fator de insolvência de Kanitz, que demonstra a sua solvência.
No estudo empírico, percebeu-se que as oito empresas analisadas apresentaram índices
satisfatórios, demonstrando uma situação econômico-financeira favorável. Mas, a organização
que obteve melhores indicadores, nos três anos analisados, foi a Sadia S.A., pois apresentou
condições de pagar suas dívidas de curto prazo, sendo que a maior parte do seu
endividamento são obrigações de longo prazo. Além disso, tal instituição obteve retorno sobre
o capital próprio e depara-se com uma condição de solvência nos três períodos analisados.
Diante do contexto, infere-se que a adesão de boas práticas de Governança
Corporativa é o grande diferencial para as empresas de capital aberto, já que transmite aos
investidores em potencial maior credibilidade e transparência nas informações divulgadas. E
que os indicadores de desempenho são indispensáveis para uma análise eficaz da situação
econômico-financeira das organizações, facilitando na tomada de decisão.
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