INDICADORES DE DESEMPENHO DAS EMPRESAS CATARINENSES ADERENTES AOS NÍVEIS DE GOVERNANÇA CORPORATIVA PROPOSTA PELA BOVESPA Resumo O trabalho objetivou identificar os possíveis indicadores de avaliação de desempenho que podem ser extraídos dos demonstrativos financeiros, disponibilizados em sítios eletrônicos, das empresas catarinenses que aderiram à Governança Corporativa. Caracteriza-se como uma pesquisa exploratória, de natureza qualitativa e quantitativa, cuja técnica para coleta de dados foi realizada por meio do instrumento de pesquisa documental. O levantamento bibliográfico referiu-se a gestão empresarial tendo como foco a governança corporativa, em que se mostrou a relevância da transparência na divulgação dos demonstrativos contábeis com eqüidade a seus investidores em potencial. A população e amostra desta pesquisa são de 8 (oito) companhias. Por meio da análise dos dados verificou-se que os indicadores de desempenho revelam aos referidos investidores a situação econômico-financeira das empresas, permitindo avaliá-las com eficácia. Com o resultado obteve-se a constatação que com apenas alguns índices os investidores em potencial podem fazer uma avaliação das empresas com rapidez e eficiência. Sendo estes, a liquidez corrente, a composição do endividamento, a rentabilidade do patrimônio e o fator de insolvência de Kanitz. A seleção destes deu-se pelos motivos: a liquidez corrente pelo fato de evidenciar a capacidade de pagamento das empresas de curto prazo; a composição do endividamento por apresentar a qualidade dessa dívida, se de curto ou longo prazo; a rentabilidade do patrimônio líquido por demonstrar se a empresa está sendo rentável ou não; e o fator de insolvência de Kanitz por evidenciar se a empresa é solvente ou não. Palavras-chave: Governança corporativa. Demonstrativos contábeis. Indicadores de desempenho. 1 Considerações inicias A falta de confiança no mercado acionário já vem desde a queda da bolsa de valores de New York em 1929, que abalou a economia mundial e causou a falência de muitas empresas americanas, e como conseqüência o desemprego em massa no país. Outros acontecimentos mais atuais referem-se aos escândalos financeiros envolvendo grandes organizações, como foram os casos das empresas Enron, WorldCom e Parlamat, as quais divulgaram informações contábeis maquiadas para atraírem investidores. No entanto, quando descobertas estas fraudes fez surgir o sentimento de desconfiança no mercado acionário. No Brasil, as movimentações de privatizações de organizações públicas atraíram maior número de investidores estrangeiros para o mercado acionário. A partir daí, as empresas brasileiras começaram a sentir necessidade de adaptarem-se ao mercado internacional, já que seus investidores passaram a ser mais exigentes. Nesse contexto, o mercado acionário brasileiro tem buscado cada vez mais o profissionalismo por meio do aprimoramento de técnicas que garantam confiança e credibilidade as informações. Diante disto, a Governança Corporativa surge como um mecanismo que procura transmitir ao investidor maior transparência e probidade nas informações fornecidas pela empresa investida. Ressalta-se que nos últimos anos, no intuito de reverter a falta de confiança dos investidores causada pelo atual cenário econômico houve um crescimento das adesões. Na tentativa de ter um mercado acionário confiável, a Bovespa – Bolsa de Valores de São Paulo, lançou uma cartilha com três níveis diferenciados de Governança Corporativa. Cabe salientar, que a adoção desses segmentos pelas empresas é voluntária, uma vez que não é exigida pela legislação. Dentre os níveis há o Nível 1, neste as empresas que o aderirem devem seguir as regras básicas de Governança, como transparência nas informações e eqüidade. No Nível 2, além das regras seguidas no Nível 1, as mesmas deverão divulgar as informações contábeis de acordo com as normas internacionais de contabilidade. Outro nível é o Novo Mercado onde exigisse uma aporte informacional e as companhias que nele queiram ser inseridas devem ter todo seu capital composto por ações ordinárias, além, é claro, de cumprir as regras dos Níveis 1 e 2. As instituições que aderirem às boas práticas de Governança Corporativa devem disponibilizar informações suficientes para possibilitar uma análise de desempenho eficaz. Dessa forma, os diversos usuários, sejam eles internos ou externos à organização, terão condições de analisar a situação econômico-financeira da empresa investida ou que pretendem investir. Para atrair cada vez mais investidores, as organizações devem disponibilizar informações suficientes para que estes possam compreender seu comportamento no mercado. Entretanto, saber qual o nível apropriado é, de certa maneira, um problema, pois, caso as forneça de forma demasiada seus concorrentes poderão identificar suas estratégias. Por outro lado, se as disponibilizar de maneira insuficiente, os investidores em potencial não terão condições de avaliar a situação econômica e financeira, deixando de investir na mesma. Nesse contexto, surge a questão de saber se as empresas catarinenses, que aderiram à Governança Corporativa, estão disponibilizando informações suficientes a seus usuários externos que possibilitem avaliar seu desempenho com acurácia. Nesse sentido, essa pesquisa se depara com o seguinte problema: Quais os possíveis indicadores de avaliação de desempenho podem ser extraídos dos demonstrativos financeiros, disponibilizados em sítios eletrônicos, das empresas catarinenses que aderiram a Governança Corporativa? 2 Governança corporativa Devido ao mercado acionário requerer cada vez mais das organizações o fornecimento de relatórios contábeis com maior qualidade e fidedignidade, a Governança Corporativa surge como um sistema que procura transmitir ao investidor maior transparência e probidade nas informações fornecidas pela empresa investida. Deste modo, nos últimos anos vem ampliando-se sua implantação nas grandes organizações mundiais com o intuito de reverter a falta de confiança dos investidores causada pelo atual cenário econômico. De acordo com o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa - IBCG (2008), a governança corporativa é o sistema pelo qual as sociedades são dirigidas e monitoradas, envolvendo os relacionamentos entre Acionistas/Cotistas, Conselho de Administração, Diretoria, Auditoria Independente e Conselho Fiscal. As boas práticas de governança corporativa têm a finalidade de aumentar o valor da organização, facilitar seu acesso ao capital e contribuir para a sua perenidade. Nesse sentido, a Governança Corporativa é um sistema de mecanismos que tendem reduzir os problemas ocasionados pelo conflito de agência nas instituições, visando a democratização do relacionamento entre os acionistas, auditores independentes, seus executivos, e conselho fiscal, com a finalidade de otimizar o desempenho da mesma e facilitar o acesso ao capital. Os princípios básicos, também chamados de linhas mestras da Governança Corporativa, de acordo com o IBGC (2008), são: transparência, eqüidade, prestação de contas (accountability) e responsabilidade corporativa. O código das Melhores Práticas de Governança Corporativa do IBGC (2008), define cada um destes princípios, o primeiro deles, a transparência não deve ser vista como uma “obrigação de informar”, mas sim o “desejo de informar” que a administração deve cultivar, pois permitirá a seus usuários externos uma melhor avaliação sobre a empresa investida. A eqüidade é, por sua vez, caracterizada pelo tratamento justo e igualitário entre as diferentes classes de proprietários, sejam elas do capital ou das demais partes interessadas (stakeholders), como colaboradores, clientes, fornecedores ou credores. Já a prestação de contas (accountability), deve ser realizada pelos agentes da Governança Corporativa, sendo que os mesmo devem prestar contas a quem os elegeu e respondem integralmente por todos os atos que praticarem no exercício de seus mandatos. (IBGC, 2008). A responsabilidade corporativa, de acordo com o IBGC (2008), compreende a responsabilidade social da empresa perante a sociedade. No sentido, de que a organização deve proporcionar, por exemplo: o estímulo ao desenvolvimento científico por intermédio de tecnologia; oportunidades de emprego; qualificação e diversidade de força de trabalho; melhoria da qualidade de vida por meio de ações educativas; entre outros. Pode-se inferir que a Governança Corporativa é um sistema que auxilia as empresas a transmitir informações a seus usuários com maior transparência e eqüidade. No Brasil, a BOVESPA lançou uma cartilha sobre o tema, com foco nas empresas que possuem ações na bolsa de valores e trouxe níveis diferenciados, como pode ser observado no tópico seguinte. 3 Níveis de governança corporativa conforme a BOVESPA A Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA) foi responsável pela criação de um dos principais mecanismos de incentivo à adoção de práticas de boa Governança Corporativa pelas companhias de capital aberto e à melhoria do acesso de investidores a informações relevantes para a decisão de investimento. A iniciativa da BOVESPA consistiu na criação, em 2000, do Novo Mercado e dos Níveis Diferenciados de Governança Corporativa (Níveis 1 e 2), segmentos especiais de listagem de empresas que aderem a práticas diferenciadas de Governança Corporativa criados com o objetivo de proporcionar um ambiente de negociação que estimule, ao mesmo tempo, o interesse dos investidores e a valorização das companhias comprometidas com as boas práticas de Governança Corporativa e com maior transparência no relacionamento com seus investidores. (BOVESPA, 2008). Ressalta-se que a adesão de uma empresa as práticas diferenciadas é voluntária, sendo que esta ocorre por meio da assinatura de um contrato entre a companhia, seus controladores, seus administradores e a BOVESPA. A seguir, serão resumidas as principais exigências a serem cumpridas por empresas que aderirem a cada um dos segmentos especiais de listagem. a) Selo nível 1 da BOVESPA - a empresa que aderir ao nível 1, proposto pela BOVESPA, deverá se comprometer a fornecer ao mercado e a dispersão acionária, informações com maior qualidade. Atendo-se aos princípios básicos de Governança Corporativa, eqüidade e transparência nas informações contábeis divulgadas pelas entidades. As empresas que aderirem a esse segmento poderão divulgar maior volume de informações e com melhor qualidade, facilitando o acompanhamento do seu desempenho. b) Selo nível 2 da BOVESPA - A empresa inserida no Nível 2, além de cumprir com as regras aplicáveis no Nível 1, devem adicionar um conjunto mais amplo de práticas a serem seguidas em relação aos direitos societários dos acionistas minoritários. Aquelas que aderirem a esse segmento deverão ampliar os direitos societários dos acionistas minoritários, aumentar a transparência da organização, divulgar maior volume de informações e com melhor qualidade, facilitando o acompanhamento do seu desempenho. Sendo que algumas dessas obrigações deveram ser aprovadas em Assembléia Geral e incluídas no estatuto da entidade. c) Novo Mercado - a empresa que aderir ao Novo Mercado deverá, além de seguir as regras do Níveis1 e 2, emitir apenas ações ordinárias eliminando as preferenciais. As que já estão inseridas a esse segmento oferecem maior transparência nas informações divulgadas, proporcionando mais segurança aos seus investidores, reduzindo, conseqüentemente, seus custos com a captação de recursos. Sendo que, do mesmo modo que as empresas que aderirem ao Nível 2, aquelas que se inserir no Novo Mercado também deveram aprovar algumas dessas obrigações em Assembléia Geral e incluí-las no seu Estatuto. A partir do que foi visto infere-se que a adesão dos níveis diferenciados de Governança Corporativa, propostos pela BOVESPA, é uma forma de atrair mais investidores para as empresas, pois transparece maior segurança e credibilidade nas informações divulgadas. 4 Demonstrações contábeis obrigatórias As demonstrações contábeis consistem num conjunto de demonstrativos, previstos na legislação, e são elaboradas, por força da lei nº 6.404/76, alterada e revogada pela lei nº 11.638/07, no final do exercício social, geralmente no período de um ano. Mas, vale salientar que estas podem ser feitas conforme a necessidade de cada empresa para fins gerenciais no processo decisório. O objetivo básico destes, segundo Reis (2003, p. 43), “é o de fornecer informações para a correta gestão dos negócios e para a correta avaliação dos resultados operacionais.” Portanto, os demonstrativos disponibilizam elementos para que os gestores possam planejar e controlar o patrimônio da empresa e suas atividades sociais. Sendo que estas também são utilizadas pelos usuários externos, como por exemplo, credores, investidores em potencial, Fisco, entre outros. A lei das sociedades por ações nº 6.404/76, alterada e revogada pela lei nº 11.638/07, em seu artigo nº 176 estabelece que, ao fim de cada exercício social (ano), obrigatoriamente deve-se elaborar com base na escrituração contábil, as seguintes demonstrações financeiras: Balanço Patrimonial; Demonstração do Resultado do Exercício; Demonstração dos Fluxos de Caixa; Demonstração de Lucros e Prejuízos Acumulados; e Demonstração do Valor Adicionado, para empresas de capital aberto. a) Balanço Patrimonial – BP - é o demonstrativo principal e obrigatório, que evidencia de forma resumida e ordenada a situação econômica e financeira da empresa em determinada data. Segundo Schrickel (1999, p. 52), “é a demonstração estática e sintética dos registros contábeis que espelham o patrimônio da empresa, pois se refere a determinado dia.” A análise de balanços possibilita ao analista extrair conclusões sobre o desempenho da mesma no passado e projetar o seu futuro em potencial. b) Demonstração do Resultado do Exercício – DRE - destina-se a evidenciar a formação do resultado do exercício, mediante o confronto das receitas, custos e despesas incorridos em função das vendas. De acordo com Reis (2003), a Demonstração do Resultado do Exercício é um elemento contábil que evidencia o resultado das operações sociais da empresa, lucro ou prejuízo, procurando explorar o resultado operacional líquido do período. c) Demonstração dos Fluxos de Caixa – DFC - expõe a geração do caixa da empresa e como foi realizada sua distribuição. Esse demonstrativo deve apresentar, de acordo com a lei 11.638/07, “as alterações ocorridas, durante o exercício, no saldo de caixa e equivalentes de caixa, segregando-se essas alterações em, no mínimo, 3 (três) fluxos: das operações; dos financiamentos; e dos investimentos.” Sua principal finalidade é propiciar informações relevantes aos usuários sobre as movimentações de entradas e saídas de caixa naquele determinado período. d) Demonstração de Lucros e Prejuízos Acumulados – DLPA - evidencia as modificações ocorridas, em determinado período, na conta de Lucros ou Prejuízos Acumulados. Assim, de acordo com Reis (2003, p. 81), “parte do saldo dessa verba no início do exercício e, por meio de ajustes, acréscimos e subtrações, chega ao saldo final, ou seja, aquele que aparece no último Balanço Patrimonial.” Após sua elaboração, pode-se observar de que forma o resultado do exercício e o saldo acumulado de exercícios anteriores foram distribuídos, e de que maneira será distribuída, futuramente, a parcela restante. e) Demonstração do Valor Adicionado – DVA - exibe, de acordo com a lei 11.638/07, o “valor da riqueza gerada pela companhia, a sua distribuição entre os elementos que contribuíram para a geração dessa riqueza, tais como empregados, financiadores, acionistas, governo e outros, bem como a parcela da riqueza não distribuída.” De Luca (1998) destaca que este é semelhante ao DRE, mas o que os diferencia é o fato que este avalia a parte da riqueza criada pela empresa que se destina ao proprietário, e a DVA evidencia, além do lucro dos investidores, a quem pertence o restante da riqueza criada pela mesma. f) Notas Explicativas - são utilizadas para demonstrar as práticas contábeis adotadas pelas empresas e eventuais procedimentos que não foram elaborados corretamente com as normas de contabilidade, dos quais distorcem suas demonstrações. Destaca-se que estas esclarecem as demonstrações contábeis, uma vez que, trazem informações complementares que não podem ser compreendidas apenas ao serem observadas. g) Relatório da Administração - A Lei n.º 6.404/76 em seu artigo 133 obriga a elaboração e a publicação do Relatório da Administração relatando sobre os negócios sociais e os principais fatos administrativos do exercício findo. Silva (2007, p. 89) afirma que o “relatório de administração deve funcionar como uma prestação de contas dos administradores aos acionistas, e, ao mesmo tempo, deve fornecer uma análise prospectiva.” Os eventos que devem ser registrados obrigatoriamente no Relatório Administrativo são estabelecidos pela Lei n.º 6.404/76 como sendo: a aquisição de debêntures de própria emissão da empresa (art. 55, § 2.º); as disposições sobre a política de reinvestimento de lucros e distribuição de dividendos constantes de acordo de acionistas (art. 118, § 5.º); e a relação dos investimentos em sociedades coligadas e controladas e as modificações ocorridas durante o exercício (art. 243). 5 Análise por meio de índices ou quocientes A análise por meio de índices ou quocientes é de suma importância para a avaliação da situação econômica e financeira de uma organização. Pois seu principal objetivo, de acordo com Matarazzo (2008), é extrair informações das demonstrações contábeis para a tomada de decisão. Destaca ainda, que quanto maior for a capacidade de conseguir gerá-la com qualidade e extensão maior será o grau de excelência da análise. Existem vários indicadores que auxiliam na avaliação eficaz de uma empresa, os principais podem ser observados a seguir. 5.1 Análise horizontal e vertical A comparação é a principal característica da análise financeira de uma empresa, pois permite relacionar valores obtidos em determinado período com aqueles levantados em períodos anteriores. Esse processo de comparação, indispensável ao conhecimento da situação de uma empresa, é representado pelas análises vertical e horizontal. Estas contribuem, segundo Silva (2001), para a interpretação da estrutura e da tendência dos números de uma empresa, e ainda podem auxiliar na análise dos índices financeiros. a) Análise horizontal - a principal finalidade da Análise Horizontal (AH), de acordo com Iudícibus (1998, p. 90), “é apontar o crescimento de itens dos Balanços e das Demonstrações de Resultados (bem como de outros demonstrativos) através dos períodos, a fim de caracterizar tendências.” b) Análise vertical - A análise vertical tem como principal propósito, conforme Silva (2001, p. 203), “mostrar a participação relativa de cada item de uma demonstração financeira em relação a determinado referencial. No balanço, por exemplo, é comum determinarmos quanto por cento representa cada rubrica em relação ao ativo total.” Destaca-se que, este tipo de análise é importante para avaliar a estrutura e composição de itens e sua evolução no tempo. 5.2 Índices de liquidez Os índices de liquidez avaliam a capacidade de pagamento de uma empresa tomando por base prazos distintos: imediato, curto e longo prazo. Silva (2007, p. 308) afirma que os índices de liquidez visam fornecer um indicador da capacidade da empresa de pagar suas dividas, a partir da comparação entre os direitos realizáveis e as exigibilidades. No geral, a liquidez decorre da capacidade de a empresa ser lucrativa, da administração de seu ciclo financeiro e de suas decisões estratégicas de investimento e financiamento. Portanto, resumidamente, os índices de liquidez constituem na análise da capacidade da empresa de saldar seus compromissos. Sendo que estes são classificados em: Liquidez Imediata; Liquidez Corrente; Liquidez Seca; e Liquidez Geral. 5.3 Índices de estrutura de capitais Os indicadores de estrutura evidenciam o quanto a empresa aplicou do seu Capital Próprio e de Terceiros no permanente. (VASCONCELOS, 2006). Quanto menor for seu índice melhor, pois mostra que a empresa não está imobilizando seu capital, mas sim que está investindo ele em outros negócios. Sendo que este índice é divido em: Imobilização do Capital Próprio e do Capital de Terceiros. 5.4 Índices de rentabilidade Esse índice representa o quanto a empresa lucrou ao investir em determinado negócio. Reis (2003, p. 153), afirma que “os índices de rentabilidade medem a capacidade de produzir lucro de todo o capital investido nos negócios (próprios e de terceiros) [...].” Estes se dividem em: Margem Operacional Bruta; Margem Operacional Líquida; Margem Líquida; Retorno sobre o Patrimônio Líquido; Retorno sobre o Ativo. 5.5 Índices de endividamento Os índices de endividamento de uma empresa indicam o volume de recursos de terceiros e próprios que estão sendo usados na tentativa de gerar lucros. O objetivo da análise do endividamento, segundo Vasconcelos (2006, p. 102), “é avaliar os seus reflexos sobre a gestão financeira da empresa.” Ou seja, geram informações que atendem o processo decisório referente a composição das dividas da empresa. Representam, de forma geral, as dívidas que a organização possui e se ela tem condições de saldá-las, independentemente se for de curto ou longo prazo. Para Ching, Marques e Prado (2003, p. 108) “os índices de endividamento mostram o relacionamento entre as fontes de capital da empresa, isto é, a posição do capital próprio, representado pelo patrimônio líquido, em relação ao capital de terceiros, representado pelos empréstimos.” Estes indicadores são divididos em: Endividamento Geral; Endividamento do Patrimônio Líquido; e Solvência Geral. 5.6 Índices de atividade Os índices de atividade representam, de acordo com Vasconcelos (2006, p. 128), “a velocidade de renovação de um determinado elemento patrimonial num certo intervalo de tempo.” Sendo que seus prazos podem ser calculados em dias, semanas ou meses, conforme a necessidade do analista. Para Gitman (2004, p. 47), os índices de atividade “medem a velocidade com que as várias contas são convertidas em vendas ou caixa – entradas ou saídas.” Este indicador evidencia o prazo médio de rotação de estoques, recebimento das vendas e pagamento das compras. 5.7 Alavancagem Nas empresas toda decisão financeira gera uma expectativa de que ela contribuía para elevar seu resultado operacional e líquido, sendo que seu desempenho é demonstrado pelo grau de alavancagem. Sua aplicação na avaliação de uma empresa permite segundo Assaf Neto (2006, p. 132), “que se conheça sua viabilidade econômica, identificando-se claramente as causas que determinaram eventuais variações nos resultados.” Esta, por sua vez, se divide em: operacional e financeira. 5.8 Fator de insolvência de Kanitz Stephen Charles Kanitz desenvolveu um modelo de análise para determinar previamente, com satisfatória margem de segurança, o grau de insolvência das empresas. Ele criou um termômetro financeiro baseado na conjugação de alguns indicadores de liquidez, endividamento e rentabilidade. (BRAGA, 1999). Seu termômetro de insolvência é utilizado para prever a falência das empresas, e segundo Kassai et al. (2000), foi um dos modelos pioneiros no Brasil na década de 70. Sendo que, ao divulgar seu modelo, Kanitz não explica como chegou a fórmula de cálculo, afirmando tratar-se de uma ferramenta estatística. Atualmente, esse modelo é mais conhecido como Fator de Insolvência de Kanitz. Esse fator é obtido, de acordo com Braga (1999), a partir das informações das demonstrações contábeis das empresas, por meio do cálculo de uma fórmula, a saber: F. Insolvência = 0,05 X1 + 1,65 X2 + 3,55 X3 – 1,06 X4 – 0,33 X5 Onde: X1 = rentabilidade do patrimônio líquido; X2 = liquidez geral; X3 = liquidez seca; X4 = liquidez corrente; X5 = participação de capital de terceiros. Após o cálculo da fórmula, obtêm-se um número denominado de Fator de Insolvência que determina a tendência de uma empresa falir ou não. No termômetro de Kanitz, evidenciado na Figura 1, é apresentada uma escala que indica três situações, conforme Braga (1999): Solvente; Penumbra; e Insolvente. 7 6 5 4 3 2 1 0 Solvente -1 -2 -3 Penumbra Figura 1: Termômetro de Kanitz Fonte: Adaptado de Braga (1999). A empresa que estiver na área de solvência tem menos riscos de falir, sendo que a probabilidade de insolvência diminui à medida que o fator se eleva. Aquela que se encontrar na área de penumbra evidência uma situação de risco, portanto esta deve ficar em alerta e rever sua situação financeira. E a que ficar na área de insolvência representa que tem maiores chances de falência, e que aumentam conforme o fator diminui. (BRAGA, 1999). Pode-se inferir que o Fator de Kanitz é um indicador indispensável na avaliação de uma empresa, pois evidencia a probabilidade da mesma falir. Ressalta-se que eles não substituem a análise tradicional, devendo ser usado como complementação as conclusões feitas por meio destes últimos. 5.9 Capital de giro – CDG O capital de giro constitui o fundamento básico da avaliação do equilíbrio financeiro de uma empresa. Santos e Barros (2005) conceitua-o como sendo os recursos materiais de rápida renovação, como estoques de matérias-primas e produtos que formam seu capital circulante. Ele é representado, no Balanço Patrimonial, pelo ativo circulante, composto pelas disponibilidades financeiras, contas a receber e estoques. Representa, de acordo com Assaf Neto (2005, p. 460), “o valor total dos recursos demandados pela empresa para financiar seu ciclo operacional.” Este por sua vez, é composto por todas as fases de suas atividades operacionais. Destaca-se como exemplo, uma organização industrial que inicia na aquisição de matérias-primas, passa pela armazenagem, produção e venda e desemboca no efetivo recebimento das vendas realizadas. (ASSAF NETTO, 2006). Pode-se inferir que o capital de giro de uma empresa é imprescindível para manter seu equilíbrio financeiro. Mas vale salientar que, este somente ocorre quando as organizações têm conhecimento da sua necessidade de capital de giro. 5.10 Necessidade de capital de giro - NIG O cálculo da análise da Necessidade de Capital de Giro em uma empresa é essencial, pois irá avaliá-la do ponto de vista financeiro, ou seja, não somente o caixa, mas também as estratégias de financiamento, crescimento e lucratividade. Esta, segundo Matarazzo (1998, p. 348), evidencia “o montante de que a empresa necessita tomar para financiar o seu Ativo Circulante em decorrência das atividades de comprar, produzir e vender.” Portanto, representa a precisão de recursos que a empresa tem para financiar seu ciclo operacional, após haver utilizado os recursos gerados pelo próprio ciclo. A necessidade de recursos de capital de giro de uma empresa é determinada em função de seus ativos e passivos circulantes operacionais ou de funcionamento, a saber: Ativo Operacional (aplicações ou usos) – contas a receber, estoques, outros; Passivo Operacional (fontes) – fornecedores, salários e encargos, impostos. A necessidade líquida de capital de giro é a diferença entre o ativo operacional e o passivo operacional, ou seja, a diferença entre aplicações ou investimentos em capital de giro, estoque e financiamento de vendas (contas a receber) e os passivos ou financiamentos obtidos. (DI AGUSTINI, 1999). Após a explicação dos principais índices e quocientes, na seqüência, apresenta-se o Quadro 1, com suas fórmulas e interpretações, facilitando, assim, sua compreensão. Índice Fórmula Liquidez Geral Liquidez Imediata Liquidez Corrente Liquidez Seca AC + RLP PC + ELP D PC AC PC AC - Estoques PC Imobilização Capital Próprio Imobilização Capital de Terc. AP PL AP PC + ELP Margem Operac. Bruta Margem Operac. Líquida Margem Líquida Retorno s/ o Patrim. Liq. Retorno s/ o Ativo LOB ROL LO ROL LLE ROL LLE PL LLE AT Endividamento Geral Endividamento Patrim. Liq. Solvência Geral Composição do Endividamento PC + ELP AT PC + ELP PL AT PC + ELP PC PC + ELP PMRE PMRV PMPC GAO GAO CDG NIG Estoques CMV Duplicatas a Receber Vendas Brutas Forcenedores Compras Indica 1 - ÍNDICES DE LIQUIDEZ Qto a empresa possui p/ cada R$ 1,00 de dívida total Qto existe em dinheiro p/ cada R$ 1,00 de dívida de curto prazo Qto existe a receberno curto prazo p/ cada R$ 1,00 de dívida de curto prazo O mesmo que "LC", porém com maior rigor (desconsiderando os estoques) 2 - ÍNDICES DE ESTRUTURA Qto foi aplicado no permanente p/ cada R$ 1,00 do capital próprio Qto foi aplicado no permanente p/ cada R$ 1,00 do capital de terceiros 3 - ÍNDICES DE RENTABILIDADE Demonstra a eficiência do depto produtivo da empresa (nível de custos) Qual o lucro p/ cada R$ 100 vendidos, somente c/ as operações normais da empresa Indica qto a empresa obtém de lucro, p/ cada R$ 100 vendidos Qual o lucro obtido p/ cada R$ 100 de capital próprio investido Qual o lucro obtido p/ cada R$ 100 de investimento total (taxa de retorno) 4 - ÍNDICES DE ENDIVIDAMENTO Qto existe de dívidas p/ cada R$ 1,00 de ativo total Indica o nível de comprometimento do capital próprio. Qual a dívida p/ cada R$ 1,00 de patrim. Qto existe no ativo total p/ cada R$ 1,00 de dívida (solvência) Qto existe de dívida total p/ cada R$1,00 de dívida a curto prazo 5 - ÍNDICES DE ATIVIDADE x360 Qtos dias em média a empresa leva para vender seus estoques x360 Qtos dias em média a empresa leva para receber suas Vendas x360 Qtos dias em média a empresa leva para pagar suas contas 6 - ALAVANCAGEM Perc. Variação. do Lucro Qual a variação do Lucro Operacional da Perc. Variação do Volume empresa com a alteração no volume de atividade Retorno sobre o Ativo Qual a capacidade da empresa elevar Retorno sobre o Patrimônio seus lucros com recursos de terceiros 7 - CAPITAL DE GIRO PL + ELP Qual o valor total dos recursos demandados pela P + RLP empresa para financeiar seu ciclo operacional 8 - NECESSIDADE DE INVESTIMENTO EM GIRO Ativo Cíclico - Passivo Cíclico Qual a necessidade de capital de giro da empresa para financiar o ciclo operacional Quadro 1: Estrutura dos índices econômicos e financeiros Fonte: Adaptado de Marion (2005) 6 Metodologia Interpretação Qto maior melhor Qto maior melhor Qto maior melhor Qto maior melhor Qto menor melhor Qto menor melhor Qto maior melhor Qto maior melhor Qto maior melhor Qto maior melhor Qto maior melhor Qto menor melhor Qto menor melhor Qto maior melhor Qto menor melhor Qto menor melhor Qto menor melhor Qto maior melhor Qto maior melhor Qto maior melhor Qto maior melhor Qto menor melhor Para atingir o objetivo proposto neste trabalho, descrevem-se os procedimentos metodológicos que foram adotados para a realização da pesquisa. Gil (1994, p. 43), define pesquisa como sendo “o processo formal e sistemático de desenvolvimento do método científico. O objetivo fundamental da pesquisa é descobrir respostas para problemas mediante o emprego de procedimentos científicos.” Considerando-se os objetivos elencados para este trabalho, pode-se caracterizá-lo como uma pesquisa exploratória, pois se abordou um tema pouco difundido e que necessitava uma maior familiaridade que é a utilização dos índices econômico-financeiros nas empresas que aderiram a algum nível de Governança Corporativa propostos pela Bovespa. A tipologia de pesquisa deste estudo quanto aos procedimentos foi de levantamento ou survey. Seu uso ocorreu, por meio de dados coletados disponibilizados nos sítios eletrônicos das instituições catarinenses que aderiram a Governança Corporativa. A população deste estudo compreende as oito empresas catarinenses que aderiram aos níveis de Governança Corporativa propostos pela BOVESPA (Bolsa de Valores de São Paulo): Sadia S.A.; Cremer S.A.; Weg S.A.; Tractebel S.A.; Celesc S.A.; Datasul S.A.; Renar S.A.; e Cia Hering S.A. No que concerne à perspectiva da pesquisa, está caracterizada como sendo de corte transversal. De acordo com Richardson (1999, p. 148), nesta perspectiva, “os dados são coletados em um ponto no tempo, com base em uma amostra selecionada para descrever uma população nesse determinado momento.” A coleta dos dados foi realizada nos meses de abril e maio de 2008. A obtenção destas informações foi realizada por meio do instrumento de pesquisa documental, que segundo Silva (2003, p. 61), utiliza-se de “material que ainda não recebeu tratamento analítico ou que pode ser reelaborado.” Os documentos utilizados na elaboração desta pesquisa, demonstrações contábeis, foram extraídos dos sítios eletrônicos das empresas pesquisada. Quanto à tipologia da pesquisa, no que diz respeito a abordagem do problema, utilizou-se a mista, ou seja, qualitativa e quantitativa, para a análise e interpretação dos dados coletados. Neste sentido, segundo a natureza qualitativa desta pesquisa, foram identificadas as demonstrações contábeis publicadas pelas empresas catarinenses que aderiram a Governança Corporativa. Por sua vez, a análise quantitativa utilizada neste trabalho deu-se por meio da tabulação, com técnicas estatísticas de percentagem, dos dados obtidos com as documentações disponibilizadas nos sítios eletrônicos. 7 Descrição e análise dos dados Neste tópico evidencia-se, primeiramente, a economia catarinense, destacando os principais ramos de atividade industrial por região. Na seqüência, são apresentadas as oito empresas catarinenses que aderiram a algum nível diferenciado de Governança Corporativa propostos pela BOVESPA, abordando suas características. Por fim, elucida-se a análise das demonstrações contábeis destas empresas, ressaltando os principais indicadores de desempenho que auxiliam na sua avaliação econômica-financeira. 7.1 Economia catarinense O Estado de Santa Catarina situa-se na região Sul do Brasil. Ao norte faz fronteira com o estado do Paraná, ao sul com o estado do Rio Grande do Sul, a leste com o oceano atlântico e a oeste com a República Argentina. (FIESC, 2008). Possui um importante parque industrial, ocupando posição de destaque no Brasil. A indústria de transformação catarinense é a quarta do país em quantidade de empresas e a quinta em número de trabalhadores. O segmento alimentar é o maior empregador, seguindo-se o de artigos do vestuário e de produtos têxteis. (FIESC, 2008). Diante desta economia diversificada, destacam-se as oito empresas que aderiram aos níveis diferenciados de Governança Corporativa propostos pela Bovespa, para a elaboração do estudo. Sendo que, estas serão apresentadas no próximo tópico. 7.2 Caracterização das empresas objeto de estudo Atualmente existem oito organizações catarinenses que aderiram aos níveis diferenciados de Governança Corporativa propostos pela BOVESPA. O Quadro 2 relaciona as empresas pela razão social, o ramo de atividade de cada uma, bem como o nível diferenciado em que estão no momento. RAZÃO SOCIAL RAMO DE ATIVIDADE SEGMENTO ENERGIA ELÉTRICA NÍVEL 2 CIA HERING TÊXTIL E VESTUÁRIO NOVO MERCADO CREMER S.A. TÊXTIL E VESTUÁRIO NOVO MERCADO CENTRAIS ELÉT DE SANTA CATARINA S.A. COMUNICAÇÃO E INFORMÁTICA DATASUL S.A. RENAR MAÇÃS S.A. AGRICULTURA NOVO MERCADO ALIMENTOS NÍVEL 1 ENERGIA ELÉTRICA NOVO MERCADO MÁQ. EQUIP. VEÍC. E PEÇAS NOVO MERCADO SADIA S.A. TRACTEBEL ENERGIA S.A. WEG S.A. NOVO MERCADO Quadro 2: empresas catarinenses que aderiram à governança corporativa 7.3 Demonstrativos elaborados e publicados pelas empresas pesquisadas Apresenta-se no Quadro 3 a relação dos demonstrativos elaborados e publicados, nos sítios eletrônicos das empresas pesquisadas, que serão utilizados para a análise econômicofinanceira das mesmas. Celesc Cia Hering Cremer Datasul Renar Maças Sadia Tractebel Weg BP X X X X X X X X DRE X X X X X X X X DOAR X X X X X X X X DFC X X X X X X X X DVA X X X X X Notas Explicativas X X X X X X X X Relatório da ADM X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X Demonstrativos DLPA BV DMPL DFC Projetada EBTIDA Quadro 3: demonstrativos elaborados e publicados pelas empresas pesquisadas Cabe salientar que, a análise realizada destes demonstrativos considera apenas as informações divulgadas nos sítios eletrônicos das empresas objeto de estudo. Portanto, é a avaliação que os investidores em potencial podem fazer para saber a situação econômicofinanceira das mesmas. 7.4 Síntese dos principais resultados Após a análise dos indicadores de desempenho das empresas catarinenses aderentes a algum nível de Governança Corporativa propostos pela Bovespa, percebe-se que determinados índices destacam-se entre os demais pela sua relevância na análise das empresas. Portanto, no Quadro 4 são expostos os índices que apresentam maior importância na avaliação de uma organização. Indicadores Celesc S.A. Cia Hering S.A. Cremer S.A. Datasul S.A. 2007 2006 2005 2007 2006 2005 2007 2006 2005 2007 2006 2005 Liquidez Corrente 1,36 1,32 1,47 2,03 1,28 1,00 7,15 2,43 1,89 3,78 6,94 1,32 Composição do Endiv. 0,44 0,41 0,38 0,42 0,28 0,37 0,60 0,34 0,33 0,60 0,68 0,77 Rentabilidade do PL 0,24 0,18 0,20 0,07 0,21 0,97 0,01 0,04 0,01 0,17 0,11 0,52 Fator de Insolv. de Kanitz 4,23 4,05 4,33 5,23 -1,70 -1,92 23,40 5,24 4,57 13,19 25,21 4,91 Indicadores Renar Maças S.A. Sadia S.A. Tractebel S.A. Weg S.A. 2007 2006 2005 2007 2006 2005 2007 2006 2005 2007 2006 2005 0,94 1,41 1,32 2,05 2,12 1,84 0,85 0,64 0,70 1,76 2,04 1,65 Composição do Endiv. 0,60 0,49 0,63 0,43 0,43 0,56 0,39 0,45 0,40 0,72 0,66 0,73 Rentabilidade do PL -0,14 0,00 -0,22 0,24 0,15 0,30 0,37 0,35 0,34 0,31 0,32 0,27 Fator de Insolv. de Kanitz 1,69 2,42 2,55 4,26 4,52 4,32 2,35 1,94 2,01 4,87 5,64 4,82 Liquidez Corrente Foram considerados os indicadores evidenciados no Quadro 4 por facilitarem a avaliação das empresas pelos investidores em potencial. A seleção destes deu-se por alguns motivos: a liquidez corrente pelo fato de evidenciar a capacidade de pagamento das empresas de curto prazo; a composição do endividamento por apresentar a qualidade dessa dívida, se de curto ou longo prazo; a rentabilidade do patrimônio líquido por demonstrar se a empresa está sendo rentável ou não; e o fator de insolvência de Kanitz por evidenciar se a empresa é solvente ou não. Ao observar o Quadro 4 percebe-se que todas as empresas apresentam índices de desempenho satisfatórios nos três anos analisados. Porém, a que se destacou, durante os períodos analisados, foi a Sadia S.A, pois obteve os melhores indicadores. Apresentou condições de saldar suas dívidas de curto prazo, sendo que a maior parte do seu endividamento é composto por dívidas de longo prazo. Obteve rentabilidade considerável sobre o patrimônio e apresentou-se solvente nos três períodos analisados. 8 Considerações finais Os escândalos financeiros envolvendo grandes organizações fez surgir o sentimento de desconfiança no mercado acionário mundial. Com o intuito de reverter essa situação, o mercado acionário brasileiro tem buscado cada vez mais pelo profissionalismo por meio do aprimoramento de técnicas que garantam confiança e credibilidade as informações. Diante disto, a Governança Corporativa surge como um mecanismo que procura transmitir ao investidor maior transparência e eqüidade nas informações fornecidas pela empresa investida. A adesão deste mecanismo na gestão empresarial exige das organizações, entre outras particularidades, maior divulgação das informações financeiras atraindo, assim, mais investidores em potencial. Dentro deste contexto os indicadores de desempenho auxiliam os investidores em potencial a avaliá-las com maior eficácia e segurança. Na literatura contábil existem inúmeros indicadores de desempenho utilizados na avaliação das empresas. Dentre estes, destacam-se os índices de: liquidez corrente, que demonstra a capacidade de pagamento das organizações a curto prazo; composição do endividamento, que apresenta a qualidade da dívida, se é de curto ou longo prazo; rentabilidade do patrimônio líquido, que mostra se a empresa está sendo rentável ou não; e o fator de insolvência de Kanitz, que demonstra a sua solvência. No estudo empírico, percebeu-se que as oito empresas analisadas apresentaram índices satisfatórios, demonstrando uma situação econômico-financeira favorável. Mas, a organização que obteve melhores indicadores, nos três anos analisados, foi a Sadia S.A., pois apresentou condições de pagar suas dívidas de curto prazo, sendo que a maior parte do seu endividamento são obrigações de longo prazo. Além disso, tal instituição obteve retorno sobre o capital próprio e depara-se com uma condição de solvência nos três períodos analisados. Diante do contexto, infere-se que a adesão de boas práticas de Governança Corporativa é o grande diferencial para as empresas de capital aberto, já que transmite aos investidores em potencial maior credibilidade e transparência nas informações divulgadas. E que os indicadores de desempenho são indispensáveis para uma análise eficaz da situação econômico-financeira das organizações, facilitando na tomada de decisão. Referências ASSAF NETO, Alexandre. 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