DESENVOLVIMENTO INICIAL DO TAXI BRANCO (Sclerolobium

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64º Congresso Nacional de Botânica
Belo Horizonte, 10-15 de Novembro de 2013
DESENVOLVIMENTO INICIAL DO TAXI BRANCO (Sclerolobium
paniculatum VOGEL.) CULTIVADO SOB ALAGAMENTO.
3.
Alessandra C. Conceição¹*, Moacyr B. Dias Filho², Jéssyca V. da S. Pinho
,3
¹ Universidade Federal Rural da Amazônia/Museu Paraense Emílio Goeldi; ²Embrapa Amazônia Oriental;
*[email protected]
Introdução
Na Amazônia os solos podem permanecer saturados ou
inundados por períodos que variam de alguns dias a
meses, como resultados das inundações sazonais
decorrentes da elevação do nível das águas durante o
período de cheia dos rios, ou de elevadas precipitações
pluviais. O excesso de água no solo provoca mudanças
anatômicas, morfológicas e fisiológicas nas plantas. Estão
incluídas como principais mudanças clorose foliar,
abscisão das folhas, flores e frutos, fechamento
estomático, decréscimos na taxa fotossintética, redução
do comprimento das raízes [1], formação de aerênquimas
e raízes adventícias, podem ser consideradas como
características de plantas tolerantes ao alagamento.
Sclerolobium paniculatum Vogel é uma espécie florestal
nativa da região Amazônica, pertence à sub-família
Caesalpinioideae das leguminosas. Há a recomendação
do taxi-branco em uma lista de espécies florestais nativas
para plantio em áreas submetidas a alagamento. Diante
disso, o objetivo deste trabalho foi cultivar plântulas de
taxi-branco em condições de alagamento do solo, com o
intuito de verificar se esta condição promove adaptações
morfofisiológicas que possam subsidiar projetos para
recompor ambientes submetidos a alagamentos
periódicos.
Metodologia
O experimento foi conduzido em viveiro de produção de
mudas do Laboratório de Ecofisiologia Vegetal da
Embrapa Amazônia Oriental, em Belém do Pará. As
plântulas foram distribuídas em dois tratamentos:
ambiente alagado, simulado por meio da colocação dos
sacos com as mudas em recipientes plásticos, sem dreno,
e tratamento controle, onde as plantas foram mantidas em
sacos plásticos, com dreno, com regas frequentes. O
delineamento experimental foi inteiramente casualizado
com 32 unidades experimentais, quatro avaliações,
totalizando 42 dias de tratamento. Os dados foram
submetidos à análise de variância e teste de Tukey.
Foram mensurados, altura da planta, desenvolvimento
das raízes e foram observadas o surgimento de
caraterísticas adaptativas.
Resultados e Discussão
O crescimento em altura de mudas de taxi-branco, e a
massa de raízes foram inibidos sob condições de
alagamento do solo (figura 1. A; B). Para Pelacani [2] o
alagamento do solo provoca queda da taxa fotossintética
e essa queda diminui a produção e translocação de
fotoassimilados para as áreas de intenso consumo, como
as raízes e as regiões de crescimento da parte aérea. E
esse efeito ocorre em parte pela diminuição da
condutância estomática devido ao fechamento estomático
em plantas não tolerantes. Foi observado o surgimento de
raízes adventícias sob alagamento do solo (figura 1. C).
Para Santiago e Paoli [3] as raízes adventícias
funcionalmente substituem as raízes ocasionalmente
mortas durante o alagamento, favorecendo maior disponi-
bilidade de oxigênio. Essa formação é regulada por
hormônios como auxina e etileno, aumentando a
capacidade de absorção de água e nutrientes [4].
A
B
C
Figura. Efeitos do alagamento e drenagem do solo em
mudas de taxi-branco após 42 dias experimentais,
mostrando o efeito na altura da planta (A), raízes (B) e o
aparecimento de raízes adventícias (C).
Conclusões
As mudas de taxi-branco sofreram alterações no
desenvolvimento
inicial
quando
submetidas
ao
alagamento do solo, afetando o crescimento inicial. No
entanto, apresentaram
raízes
adventícias como
característica
adaptativa,
porém,
apenas
esta
característica, não permite inferir que o taxi-branco seja
uma espécie tolerante a ambientes alagados, sendo
necessário maior tempo experimental.
Agradecimentos
Os autores agradecem à Embrapa Amazônia Oriental,
pela realização das atividades, e ao Programa
REUNI/CAPES, pela concessão de bolsa de estudos à
primeira autora.
Referências Bibliográficas
[1] Medri, C.; Pimenta, J.A. Ruas, E.A.; Souza, L. A.; Medri, P. S.;
Sayhun, S.; Bianchinni, E.; Medri, M. E. 2012. O alagamento do
solo afeta a sobrevivência, o crescimento e o metabolismo de
Aegiphila sellowiana Cham. (Lamiaceae)? Semina, 33: 123-134.
[2] Pelacani, C. R.; Oliveira, L. E. M. & Cruz, J. L. 1998. Resposta
de espécies florestais à baixa disponibilidade de oxigênio. II.
Alterações na produção e distribuição de matéria seca. Pesquisa
Agropecuária Brasileira, 33: 1-7.
[3] Santiago E. F & Paoli, A. A.S. 2007. Respostas morfológicas
em Guibourtia hymenifolia (Moric.) J. Leonard (Fabaceae) e
Genipa americana L. (Rubiaceae), submetidas ao estresse por
deficiência nutricional e alagamento do substrato. Revista Brasil.
Bot., 30: 131-140.
[4] Povh, J.A.; Rubin Filho, C. J.; Mourão, K. S. M. & Pinto, D. D.
2005. Respostas morfológicas e anatômicas de plantas jovens de
Chorisia speciosa A. St.-Hil. (Bombacaceae) sob condições de
alagamento. Acta Sci. Biol. Sci., 27: 195-202.
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