CONDUTA PÓS-OPERATÓRIA EM CELIOTOMIA DE LEOA (Panthera leo) Mario Henrique Alves¹ ², Andreíse Costa Przydzimirski¹, Fábio Aldabó Schuur¹, José Daniel Luzes Fedullo², Paulo Afonso Ramos Ribeiro Filho², Rogério Ribas Lange¹, Simone Domit Guérios¹ Universidade Federal do Paraná¹, Zoológico do Beto Carrero World² Rua dos Funcionário, 1540 - Juvevê, Curitiba – PR, e-mail: [email protected] Palavras chave: cirurgia, felídeos, zoológico Introdução: Uma leoa prenhe de 3 anos, aproximadamente 180kg, apresentou apatia, contração uterina e sangramento vulvar. Foi submetida a contenção química com tiletamina e zolazepam para realização de manobra obstétrica, na palpação vaginal constatou-se um feto insinuado no canal vaginal, porém já estava macerado e morto. Métodos: O animal foi entubado e mantido com isofluorano e remifentanila intravenosa contínua para realização de cesariana, os três filhotes já haviam entrado em óbito, havia líquido livre na cavidade, indicando processo inflamatório, e líquido seropurulento no útero, foi optado por realização de ováriohisterectomia. A analgesia pós operatória foi feita com morfina epidural, o hemograma indicou leucocitose (31.800/mm³), foi instituída a administração de penicilinas e piroxicam. No quinto dia pós-cirúrgico o animal apresentou deiscência de sutura com exposição de alça intestinal, foi novamente anestesiado com tiletamina e zolazepam para lavagem da cavidade abdominal, procedeu-se a lavagem da cavidade com solução salina morna até que o líquido aspirado estivesse translúcido, as suturas foram refeitas utilizando botões para diminuir a tensão dos pontos. Objetivando evitar novas complicações fez-se o uso do psicotrópico decanoato de haloperidol. Um dos efeitos colaterais possíveis do uso deste fármaco são os sintomas extra-piramidais (1), a leoa apresentou tremores musculares nos cinco dias pósaplicação. Considerando o alto risco de peritonite, instituiu-se antibioticoterapia com cefovecina e metronidazol, e as patas do animal foram protegidas com esparadrapo para manter íntegra a linha de sutura. Resultados e Discussão: Depois de 3 semanas a leoa saiu do setor de internamento e voltou para o recinto. Uma das grandes dificuldades no tratamento cirúrgico em animais selvagens, é o período pós-operatório, principalmente nas espécies de grande porte e com impossibilidade de contenção física. Um levantamento anterior feito com 11 grandes felídeos com piometra mostrou complicações pós-operatórias em três animais (2). A cefovecina por sua vez, é uma boa escolha nestes casos, por possuir período de ação prolongado, permitindo assim reduzir o estresse do animal em reaplicações que seriam necessárias com outros antibióticos, já tendo sido relatado sua boa função no tratamento de peritonite em leoa (3). Conclusão: Através desse estudo de caso conclui-se que se faz necessário a adoção de protocolo pós-operatório padrão no sentido de minimizar a possibilidade de complicações. No que diz respeito a grandes carnívoros deve-se considerar a utilização da proteção de esparadrapo, mesmo que essa cause certo desconforto ao animal; e também a utilização de decanoato de haloperidol, ainda que sejam reportados efeitos colaterais. Referências: 1. Morkel., P; (1993) Prevention and management of capture drug accidents. En.,McCkenzie., A.A., (WDSS), The Capture and Care Manual: capture, care, accommodation and transportation of wild african animals. Pretoria, p. 112. 2. Steeil., J.; Schumacher., J.; Seibert., R.; Tobias., K., (2012) Cefovecin (Convenia) for the treatment of septic peritonitis in a female lion (Panthera leo), Journal of Zoo and Wildlife Medicine, vol. 43, (3), 678-681. 3. McCain., S; Ramsay., E.C; Allender., M.C; Souza., C; Schumacher., J., (2009) Pyometra in captive large felids: A review of eleven cases, Journal of Zoo and Wildlife Medicine, vol 40, (1), 147-151.